Escala C - SSRS
Escala C - SSRS
Ribeirão Preto
2019
MARA ROCHA CRISÓSTOMO GUIMARÃES
Ribeirão Preto
2019
Autorizo a reprodução e a divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
BANCA EXAMINADORA
Ao meu amado marido Tiago pela companhia preenchedora nestes oito anos no estado de
São Paulo, por me apresentar à maravilhosa e inesquecível cidade de Ribeirão Peto, pelo
incentivo a cursar a Pós-Graduação e por todo o apoio e a compreensão.
Ao meu orientador Prof. Dr. João Paulo Machado de Sousa pelos ensinamentos, pelo
acolhimento, pela incrível compreensão e pelo bom humor sempre presente.
Ao Prof. Dr. João Abrão pelos ensinamentos e pelo suporte em toda a administração do
óxido nitroso e por estar sempre pronto a auxiliar no que preciso fosse.
Ao Prof. Dr. Jaime Hallak pelo acolhimento na Universidade de São Paulo de Ribeirão
Preto e pela oportunidade de realizar a Pós-Graduação neste ambiente científico.
À técnica do Laboratório de Psicofarmacologia Sandra Bernardo pela fundamental ajuda
para a conclusão desta pesquisa, por colaborar com o cegamento e pela companhia tão agradável
nesta caminhada.
À secretária do Laboratório Solange Cisneiros por todo o pronto auxílio na organização e
na logística das sessões da pesquisa.
Aos amigos da Pós-Graduação Juliana Mayumi e Roberto Mascarenhas pela amizade e
pelo apoio para a realização desta pesquisa. Às minhas queridas amigas Elen e Cristiana pela
amizade durante a Residência em Psiquiatria e pelo apoio para concluir a Pós-Graduação.
Aos voluntários da pesquisa pela dedicada participação no desenvolvimento da Ciência.
À admirável e inesquecível psicanalista Denise Lopes Rosado Antônio por me auxiliar a
atravessar esta caminhada.
Ao meu núcleo familiar que tanto amo: meus carinhosos pais, João e Sílvia Crisóstomo,
que sempre me incentivaram à dedicação aos estudos; e meus irmãos Marúsia, Marília e Márcio
pela união, por todo o carinho e todo o apoio. Morar distante durante estes anos clareou cada vez
mais a importância de vocês em minha vida.
À nova extensão da minha família, meus sogros Neuci e Eli Guimarães pelo apoio, pelo
carinho e pelas orações; meus cunhados Davi, Tarcísio, Jonnathann e Manoela pela amizade e
pelo apoio; meus sobrinhos Enzo, Ísis e Marina por alegrarem minha vida.
Aos apoios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Translacional em Medicina (INCT-CNPq).
RESUMO
Introdução: o transtorno depressivo maior (TDM) tem grande impacto global e prevalência
anual de 4,7%. A taxa de remissão com os antidepressivos baseados na modulação
monoaminérgica é baixa, tornando necessária a busca por novos alvos farmacológicos. Além
da eficácia da ação antidepressiva do antagonista do receptor de glutamato N-metil-D-
aspartato (NMDAR), ketamina, existem crescentes evidências pré-clínicas e clínicas
relacionando o TDM a uma desregulação do sistema glutamatérgico. O óxido nitroso (N2O) é
um anestésico inalatório antagonista do NMDAR de fácil administração ambulatorial.
Objetivo: avaliar o efeito da associação de N2O ao tratamento antidepressivo em pacientes
com TDM. Métodos: conduzimos um ensaio duplo-cego, controlado por placebo,
randomizado e paralelo de junho de 2016 a junho de 2018 no Laboratório de
Psicofarmacologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). Os sujeitos foram recrutados nos ambulatórios
do HCFMRP-USP, referenciados por profissionais de clínicas privadas ou buscaram
espontaneamente a equipe do estudo através de telefone/e-mail divulgados. Foram incluídos
23 sujeitos com TDM, de 18 a 65 anos, em tratamento com antidepressivo sem ajuste de dose
por pelo menos quatro semanas, com pontuação > 17 na Escala para Avaliação de Depressão
de Hamilton de 17 itens (HAM-D17). Os critérios de exclusão foram presença de transtorno
bipolar, transtornos psicóticos, transtorno do uso de substâncias, hipomania/mania induzida
por antidepressivo, sintomas psicóticos, ideação suicida grave, condições clínicas relevantes,
gravidez, amamentação, contraindicação ao uso de N2O e dificuldade de respirar pelo nariz.
Os sujeitos foram randomizados para receber N2O 50% ou placebo (oxigênio 100%) durante
60 minutos duas vezes por semana, quatro semanas seguidas. Em cada sessão, antes e após a
inalação do gás, foram aplicadas a HAM-D17, o Inventário de Depressão de Beck II (BDI-II),
a Escala de Avaliação do Risco de Suicídio de Columbia (C-SSRS) e a Escala de Avaliação
de Mania de Young (YMRS). A principal medida de desfecho foi a mudança na pontuação da
HAM-D17 ao final do estudo. Resultados: doze sujeitos receberam N2O (37,17 ± 13,59 anos;
sexo feminino: 83%) e onze receberam placebo (37,18 ± 12,77 anos; sexo feminino: 82%).
Dois sujeitos, ambos do grupo placebo, não concluíram o estudo. Os sintomas depressivos
melhoraram significativamente no grupo N2O em comparação ao placebo (de 22,58 ± 3,82
para 5,92 ± 4,08 e de 22,44 ± 3,54 para 12,89 ± 5,39 na HAM-D17). Quase 92% dos sujeitos
no grupo N2O preencheram critérios de resposta terapêutica (redução na HAM-D17 ≥ 50%) e
75% atingiram remissão (HAM-D17 < 7), contra 44,4% e 11,1% no grupo placebo. A
administração de N2O foi brevemente interrompida em quatro sujeitos e encerrada
antecipadamente em três sujeitos devido principalmente a náuseas, vômitos e cefaleia. Estes
eventos melhoraram logo após a suspensão da inalação e não ocorreram eventos adversos
graves. Conclusão: os dados sugerem que o N2O 50% possui efeitos antidepressivos quando
associado ao tratamento antidepressivo atual. As possibilidades terapêuticas do N2O devem
ser investigadas em ensaios com amostras maiores e avaliação de seguimento prolongado.
Introduction: major depressive disorder (MDD) is one of the leading causes of disability
worldwide, with a 12-month prevalence of 4.7%. Remission rates with current antidepressants
based on monoaminergic modulation are small, which has triggered the search for new
pharmacological targets. In addition to the antidepressant action of ketamine, an N-methyl-D-
aspartate glutamate receptor (NMDAR) antagonist, increasing preclinical and clinical
evidence implicate the glutamatergic system in MDD. Nitrous oxide (N2O) is an inhalational
anesthetic that antagonizes the NMDAR and is easy to administer on an outpatient basis.
Objective: to evaluate the effects of N2O augmentation of antidepressant treatment in MDD
patients. Methods: a double-blind, placebo-controlled, randomized, parallel trial was
conducted from June 2016 to June 2018 at the Psychopharmacology Laboratory of the
Ribeirão Preto Medical School University Hospital of the University of São Paulo
(HCFMRP-USP). Subjects were recruited at the outpatient clinics of the university hospital,
referenced by private professionals or spontaneously sought the research team through the
announced telephone/e-mail address. Twenty-three subjects with MDD aged between 18 and
65 years, on antidepressant treatment without dose adjustments for at least four weeks and
who scored > 17 on the 17-item Hamilton Depression Rating Scale (HAM-D17) were
included. The exclusion criteria were: bipolar disorder, psychotic disorders, substance use
disorder, hypomania/mania induced by antidepressants, psychotic symptoms, severe suicidal
ideation, relevant clinical conditions, pregnancy, breastfeeding, contraindication to the use of
N2O and difficulties in nasal breathing. Subjects were randomized to receive either 50% N2O
or placebo (100% oxygen) for 60 minutes twice a week over four weeks in a row. HAM-D17,
Beck Depression Inventory-II (BDI-II), Columbia-Suicide Severity Rating Scale (C-SSRS)
and Young Mania Rating Scale (YMRS) were applied before and after gas inhalation in each
session. The primary outcome was changes in HAM-D17 scores from baseline to the end of
the trial. Results: 12 subjects received N2O (37.17 ± 13.59 years; 83% female) and 11
received placebo (37.18 ± 12.77 years; 82% female). Two subjects, both from the placebo
group, did not complete the study. Depressive symptoms improved significantly in the N2O
group compared to placebo (N2O: from 22.58 ± 3.83 to 5.92 ± 4.08; placebo: from 22.44 ±
3.54 to 12.89 ± 5.39). Almost 92% of subjects in the N2O group fulfilled response criteria
(reduction ≥ 50% in the HAM-D) and 75% achieved remission (HAM-D < 7), compared to
44.4% and 11.1% in the placebo group. N2O was briefly discontinued in four subjects and
suspended in three subjects mostly due to nausea, vomiting, and headache. All events
improved shortly after cessation of N2O inhalation and no serious adverse events occurred.
Conclusion: augmentation of the pharmacological treatment of MDD with 50% N2O may
have antidepressant properties. These results should be replicated in trials with larger samples
and longer follow-up periods.
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14
Assim como a ketamina, o anestésico inalatório N2O também atua como antagonista
do NMDAR. O N2O é um gás incolor, com odor levemente adocicado, que possui
propriedades anestésicas, analgésicas e ansiolíticas. Em 1800, Humphry Davy relatou os
efeitos subjetivos de bem-estar causados pelo N2O e também seu efeito analgésico. Até 1840,
o N2O foi utilizado de forma recreativa, quando Horace Wells deu início ao seu uso como
20
anestésico. Apenas nos últimos 30 anos estudos passaram a elucidar seus mecanismos de ação
e, atualmente, sabe-se que o N2O possui um amplo espectro de alvos, modulando múltiplos
sistemas; como opioides, GABA, serotonina e glutamato (Stoeling; Hillier, 2006).
A propriedade analgésica potente do N2O ocorre através do estímulo à liberação de
peptídeos opioides endógenos no mesencéfalo, com subsequente ativação de vias inibitórias
descendentes gabaérgicas e noradrenérgicas que modulam a nocicepção (Fujinaga; Maze,
2002). Além disso, o N2O exerce também efeito agonista direto e parcial sobre os receptores
opioides mu, kappa e delta. Como mecanismo subjacente à propriedade ansiolítica, o N2O
ativa os receptores GABAA no local de ligação dos benzodiazepínicos, mimetizando efeitos
ansiolíticos destes fármacos (Emmanouil; Quock, 2007). Além da ativação dos receptores
GABAA, efeitos sobre o sistema neurotransmissor serotoninérgico também podem contribuir
para a propriedade ansiolítica do N2O. O N2O aumenta a atividade serotoninérgica no
hipotálamo e reduz no córtex cerebral, conforme demonstrado em estudo realizado em ratos.
Os autores sugerem que a redução da atividade serotoninérgica no córtex cerebral seja
decorrente de efeito inibitório causado pelo N2O sobre os autorreceptores de serotonina 5-
HT1A pré-sinápticos, os quais medeiam a liberação de serotonina (Emmanouil et al., 2006).
Quanto aà propriedade anestésica, o principal mecanismo de ação é a inibição da
neurotransmissão excitatória glutamatérgica através do antagonismo não-competitivo do
NMDAR (Emmanouil; Quock, 2007). Este mecanismo foi inicialmente demonstrado em
estudo das ações do N2O em neurônios do hipocampo de ratos, no qual o N2O mimetizou
efeitos característicos de fármacos antagonistas dos NMDAR como a fenciclidina e o MK-
801; o N2O inibiu a corrente iônica dos NMDAR com correlação dose-resposta diante das
concentrações de 20%, 40% e 80%, e inibiu também a neurodegeneração excitotóxica
mediada por estes receptores (Jevtović-Todorović et al., 1998). Em seguida, um outro estudo
demonstrou a ação do N2O como antagonista do NMDAR em receptores pós-sinápticos em
células do hipocampo (Mennerick et al; 1998). De forma consistente com estes estudos, a
exposição crônica ao N2O causou upregulation dos NMDAR no córtex cerebral de ratos
(Sommer; Romano; Jevtovic-Todorovic, 2005). Posteriormente, Ranft et al. (2007)
demonstraram a ação antagonista do N2O sobre os NMDAR pré-sinápticos e pós-sinápticos
na região basolateral da amígdala, e, consequentemente a atenuação proeminente da
neurotransmissão excitatória causada por estes receptores.
Devido às características farmacocinéticas do N2O, seus efeitos se iniciam
rapidamente, entre 3 e 5 minutos após o início da administração, e têm curta duração,
21
tornando possível reverter em pouco tempo uma condição de hipersedação. Estas
características permitem um uso ambulatorial seguro em concentrações de até 70% (Clark;
Brunik, 2015). O N2O possui elevada pressão parcial, permitindo um rápido equilíbrio da
concentração alvéolo-capilar do gás, e baixa solubilidade sanguínea e tissular, facilitando o
alcance do sistema nervoso central. 99% do N2O é eliminado pelo pulmão, uma vez que ele
não é metabolizado pelo fígado e é pouco absorvido pelo organismo, propriedades que
determinam uma rápida depuração (Becker; Rosenberg, 2008; Stoeling; Hillier, 2006),
O N2O é um anestésico seguro e livre de reações adversas graves quando utilizado
dentro das concentrações terapêuticas recomendadas (Hennequin et al., 2012; Sun et al.,
2015). Dentre os efeitos adversos mais comuns do N2O estão a cefaleia, a letargia e a náusea.
O fenômeno de hipóxia por difusão, que consiste na redução da saturação periférica de
oxigênio após descontinuação do N2O, é apontado como possível causa destes efeitos (Clark;
Brunik, 2015). No entanto, a principal ressalva concerne à interferência no metabolismo da
homocisteína, através da inativação da cobalamina (vitamina B12) pelo N2O. A vitamina B12
participa como coenzima da metionina sintase na transformação de homocisteína em
metionina, que, por sua vez, é necessária para a síntese de DNA. O prejuízo na produção de
DNA causa desmielinização e supressão da medula óssea, podendo resultar em anemia
megaloblástica, leucopenia, mielopatia, prejuízos de memória e alterações de comportamento
(Sanders; Weimann; Maze, 2008). Estes efeitos adversos têm sido relatados em indivíduos
que fazem uso abusivo do gás (van Amsterdam; Nabben; van den Brink, 2015), assim como
em pacientes com vitamina B12 abaixo do limite inferior submetidos à indução anestésica,
como, por exemplo, em vegetarianos estritos, indivíduos com gastrite atrófica ou com doença
celíaca (Pema; Horak; Wyatt, 1998; Sethi et al, 2006).
Enquanto anestésico, O N2O continua sendo utilizado em combinação com outros
agentes para indução e manutenção de anestesia geral. Além disso, o N2O tem sido usado em
concentrações de até 70% diluído em 30 % de oxigênio em procedimentos odontológicos para
fins analgésicos e ansiolíticos sem causar sedação profunda (Stoelting; Hillier, 2006; Becker;
Rosenberg, 2008; Sun et al., 2015). O N2O tem aplicação prática para o alívio do desconforto
e da dor em diferentes procedimentos médicos, tais como sigmoidoscopia (Harding; Gibson,
2000), colonoscopia (Aboumarzouk et al., 2011), procedimentos oftalmológicos (Cook et al.,
2002) e biópsias (Masood et al., 2002; Meskine et al., 2011). É utilizado também para alívio
da dor no trabalho de parto (Likis et al., 2014) e para analgesia auto-administrada em
pacientes com câncer terminal (Parlow et al., 2005). Há estudos com N2O como alternativa ao
22
uso de benzodiazepínicos para alívio dos sintomas de abstinência de álcool e de cocaína
(Gillman; Lichtigfeld, 2004; Gillman; Lichtigfeld; Harker, 2006). Além do uso médico, uma
vez que o N2O provoca sensações de bem-estar (Dohrn et al., 1993), ele vem sendo usado
também como droga de abuso, porém não parece resultar em dependência (van Amsterdam;
Nabben; van den Brink, 2015).
Em 2015, Nagele et al. publicaram um estudo empírico que avaliou o possível efeito
antidepressivo do N2O em 20 pacientes com TDM resistente ao tratamento em um ensaio
cruzado controlado por placebo (nitrogênio 50%). Foi realizada aplicação única de N2O 50%
durante 60 minutos, e os desfechos foram avaliados 2 horas e 24 horas após a inalação. O
N2O melhorou os sintomas depressivos e foi superior ao placebo (redução de 4,8 pontos em 2
horas e de 5,5 pontos em 24 horas na HAM-D de 21 itens), apresentando 20% de resposta
versus 5% no grupo placebo. Três pacientes não completaram os 60 minutos de inalação
devido a desconforto emocional, regurgitação, claustrofobia e vômitos, porém não foram
relatados eventos graves. Este estudo corrobora a hipótese de que o N2O pode ter efeito
antidepressivo de rápida ação.
Tomados em conjunto, os dados apresentados sugerem que o sistema glutamatérgico
esteja envolvido na neurobiologia da depressão, tanto através do NMDAR quanto de outros
alvos deste sistema, e que fármacos moduladores deste receptor possam surtir efeitos
terapêuticos. A partir da constatação de que o N2O tem ação antagônica sobre o NMDAR,
levantamos a hipótese de que ele poderia aumentar o efeito do antidepressivo quando
associado ao tratamento farmacológico habitual.
23
2. OBJETIVOS
3.1. SUJEITOS
Para rastrear o risco de suicídio, assim como melhora na ideação suicida com o uso de
N2O, utilizamos a C-SSRS (Posner et al., 2009, 2011); ANEXO C) em sua versão traduzida
para o português pelo grupo que a desenvolveu. Esta escala possui diferentes versões que
avaliam sintomas em períodos distintos, dependendo das características do estudo ou da
necessidade clínica. No presente estudo, utilizamos no início da primeira sessão a versão
26
denominada “base de partida/versão de triagem”, a qual avalia o pior período de ideação
suicida durante a vida e, também, no último mês. Nas medidas posteriores, utilizamos a
versão modificada para uso em avaliação seriada, que rastreia os sintomas desde a última
avaliação.
A C-SSRS é aplicada pelo clínico a partir de entrevista semiestruturada e é dividida
em quatro subescalas: a) gravidade da ideação suicida (escala ordinal de 5 pontos); b)
intensidade de ideação (escala ordinal de 5 pontos); c) comportamento suicida [escala
nominal com resposta binária (sim/não)]; d) letalidade de tentativas efetivas.
As versões em português e o material necessário para o treinamento de sua aplicação
foram gentilmente cedidos pela autora da escala para uso na pesquisa.
3.2.4. Escala de Avaliação de Mania de Young (Young Mania Rating Scale – YMRS)
A YMRS (Young et al., 1978) traduzida e adaptada para o português (Vilela et al.,
2005; ANEXO D) foi utilizada para avaliar o surgimento de sintomas maniatiformes como
efeito adverso ao uso do N2O. A YMRS é uma escala palicada pelo avaliador através
observação direta e de entrevista não-estruturada. Esta escala contém 11 itens e a pontuação
varia de 0 a 62. Uma pontuação menor ou igual a 12 indica ausência de episódio de mania.
3.3. DROGAS
3.4. PROCEDIMENTO
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP)
(CAAE 46352015.5.0000.5440) e consistiu de um ensaio duplo-cego, controlado por placebo,
com alocação aleatória dos voluntários em dois grupos paralelos.
Os voluntários foram triados pela pesquisadora, que é psiquiatra, em entrevista
presencial. Para os voluntários que manifestaram interesse através de telefone ou de e-mail,
realizamos uma pré-triagem (APÊNDICE A) com perguntas que avaliavam alguns dos
critérios de inclusão e de exclusão, a saber: diagnóstico de depressão feito por psiquiatra,
idade, uso de antidepressivos, dose do antidepressivo mantida há mais de 4 semanas,
28
comorbidades clínicas e psiquiátricas, gravidez, amamentação, necessidae de reposição de
vitamina B12 e dificuldade de respirar pelo nariz. Desta forma, identificamos os sujeitos aptos
a participar da entrevista presencial. Na triagem, os voluntários foram informados e
esclarecidos quanto às características e implicações da pesquisa e foram solicitados a ler e
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE; APÊNDICE B; elaborado
conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre Pesquisa Envolvendo
Seres Humanos do Ministério da Saúde). Posteriormente, foi feita anamnese detalhada
(história clínica, exame físico e exame psíquico, incluindo a aplicação da HAM-D17).
Para os voluntários que preencheram os critérios de inclusão, solicitamos exames
complementares, incluindo a dosagem de vitamina B12 sérica, hemograma completo, função
renal (ureia e creatinina), função hepática (TGO,TGP, bilirrubinas, albumina, TP) e função
tireoidiana (TSH e T4 livre). Todos os sujeitos que apresentaram níveis de vitamina B12
abaixo do valor mínimo de referência foram excluídos devido ao possível efeito do N2O de
inativar esta vitamina. A anamnese criteriosa e os exames complementares auxiliaram na
identificação de voluntários com esta e com outras contraindicações ao uso do N2O ou que
apresentavam condições clínicas relevantes para exclusão. Os sujeitos incluídos foram
instruídos a continuar seu tratamento farmacológico com a mesma dosagem durante todo o
estudo, assim como, quando fosse o caso, a manter o tratamento psicoterápico estável.
Os sujeitos incluídos foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos e
emparelhados quanto à idade, ao sexo e à gravidade de sintomas. Os integrantes do grupo 1
receberam N2O 50% nas oito sessões da pesquisa, enquanto os integrantes do grupo 2
receberam oxigênio 100% nas oito sessões. A randomização foi gerada pelo anestesista da
equipe a partir do website Randomization.com.
As sessões de administração do gás foram realizadas individualmente entre agosto de
2016 e junho de 2018 no Laboratório de Psicofarmacologia do HCFMRP-USP sob supervisão
do médico anestesista e docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Prof.
Dr. João Abrão).
Para a segurança dos sujeitos, todos foram instruídos a não ingerir alimentos ou
líquidos, exceto água, duas horas antes de cada sessão e todos tiveram os parâmetros
fisiológicos (frequência cardíaca, saturação periférica de oxigênio e pressão arterial)
monitorizados de forma não-invasiva continuamente durante o período de inalação e por 15
minutos adicionais. Ainda como medida de segurança, os sujeitos do sexo feminino em idade
reprodutiva fizeram teste urinário de gravidez na primeira sessão antes do experimento.
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Os instrumentos de avaliação (HAM-D17, BDI-II, C-SSRS e YMRS) foram aplicados
no início (pré-inalação) e no final (pós-inalação) de cada sessão, totalizando 16 avaliações ao
longo da pesquisa. Todos foram aplicados pela pesquisadora principal, exceto o BDI-II, que é
um inventário de auto-avaliação. Além das medidas destas escalas padronizadas, os efeitos
adversos relatados pelos sujeitos após a inalação do gás em cada sessão, assim como os
observados através da avaliação clínica da pesquisadora, foram registrados. A HAM-D17 e o
BDI-II foram desenvolvidos para avaliar os sintomas em um período de uma semana e de
quinze dias, respectivamente. Portanto, é necessária uma adaptação ao usar estas escalas para
avaliar mudanças nos sintomas em períodos mais curtos em estudos como este. Com o intuito
de contornar esta questão, padronizamos com todos os sujeitos o procedimento de manter as
mesmas pontuações nos quesitos relacionados ao sono, ao apetite e ao peso na BDI-II quando
aplicadas dentro da mesma sessão, isto é, antes e após a inalação. O mesmo foi feito com a
pontuação pré e pós-inalação da HAM17.
Após a aplicação das escalas pré-inalação, o sujeito era disposto em poltrona deitada a
45 graus, a monitorização dos parâmetros fisiológicos era instalada e a máscara nasal era,
então, posicionada e fixada através de elástico passado pela cabeça para evitar qualquer
vazamento de gás. O sujeito era orientado a inspirar somente pelo nariz e a falar o mínimo
possível para não que não houvesse troca gasosa através da boca. Então, era iniciada a
administração de oxigênio 100% durante cinco minutos, período em que era estabelecido o
volume de ar adequado ao sujeito e, quando necessário, feito ajuste na posição da máscara.
Neste momento, o sujeito era informado de que o ar que ele inalaria nos próximos 60 minutos
após este período inicial poderia ou não conter a droga ativa da pesquisa. Em seguida, era
administrado N2O 50% ou oxigênio 100% durante 60 minutos. Para evitar os possíveis efeitos
adversos do N2O de letargia e náusea e para auxiliar na rápida recuperação dos sujeitos,
seguimos a recomendação de prover oxigênio 100% durante cinco minutos logo após o uso de
N2O (Clark; Brunick, 2015). Portanto, os 60 minutos de inalação do N2O 50 % ou de oxigênio
100% eram seguidos de mais cinco minutos de oxigênio 100%, e, então, a máscara era
retirada. O sujeito permanecia sob observação da pesquisadora durante todo o período de
inalação. Após encerrada esta etapa, as escalas de avaliação eram aplicadas novamente. Os
sujeitos retornavam para casa após o término de cada sessão, as quais tiveram duração de
aproximadamente três horas.
Para manter o cegamento da pesquisadora, dois colaboradores pertencentes à equipe
do Laboratório de Psicofarmacologia (um psiquiatra e pesquisador e uma técnica de
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laboratório) tiveram acesso à ordem de randomização e ficaram responsáveis por selecionar
os parâmetros do equipamento para N2O 50% ou oxigênio 100%, de acordo com o grupo ao
qual o sujeito pertencia, enquanto a pesquisadora principal ausentava-se da sala. Este
procedimento era feito no início e no final do período de 60 minutos de inalação. Outras
medidas tomadas para fortalecer o cegamento foram: manter o mostrador digital do
equipamento de N2O/oxigênio coberto por um pano escuro e mascarar o leve odor adocicado
do N2O com o uso de máscaras nasais aromatizadas.
A análise estatística dos resultados foi feita através do programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0.
As características clínicas e demográficas foram comparadas através de análise não-
paramétrica para os dados categoriais (teste do χ2) e paramétrica para os dados com
distribuição normal (teste t para amostras independentes).
Para a avaliação dos efeitos da adição do N2O ou do placebo ao tratamento
antidepressivo, foi realizada análise de variância de medidas repetidas das pontuações na
HAM-D17 com os fatores tempo, droga (N2O versus placebo) e interação tempo x droga. Nos
casos em que a interação entre os dois fatores foi significativa, foi aplicado o teste t para
amostras independentes em cada ponto de avaliação. As pontuações na HAM17, foram
analisadas também para cada grupo separadamente através de análise de variância de medidas
repetidas e de teste t pareado das avaliações pré-inalação e pós-inalação de cada sessão. As
mesmas análises foram feitas para as ontuações da BDI-II e da YMRS.
Para avaliar o tamanho de efeito das diferenças encontradas, utilizamos o cálculo do η
quadrado parcial (η2p) e classificamos os valores de acordo com a tabela apresentada por
Maroco (2007). Segundo esta tabela, η2p > 0,5 corresponde a tamanho de efeito muito
elevado; de 0,26 a 0,5, tamanho de efeito elevado; de 0,06 a 0,25, tamanho de efeito médio; e
≤ 0,05, tamanho de efeito pequeno. As mesmas análises foram realizadas para os dados do
BDI-II e da YMRS.
Para a análise da subescala de gravidade de ideação suicida da C-SSRS, por ser uma
escala ordinal, utilizamos o teste não-paramétrico U de Mann-Whitney para detectar
diferenças entre as pontuações dos dois grupos para cada ponto de avaliação ao longo do
estudo.
31
Como análise adicional, calculamos a taxa de remissão e a taxa de resposta terapêutica
ao final do ensaio em cada grupo. Comparamos as taxas dos dois grupos através do teste
exato de Fisher. Para a avaliação das taxas com base na pontuação da HAM-D17, remissão foi
definida como pontuação < 7 e resposta terapêutica como redução ≥ 50% em relação à
pontuação inicial (Blacker, 2000). Para o BDI-II, remissão foi definida como pontuação ≤ 13
e resposta terapêutica como redução ≥ 50% em relação à pontuação inicial (Gomes-Oliveira
et al., 2012).
32
4. RESULTADOS
Um total de 201 indivíduos foi triado, dos quais 23 foram incluídos na amostra final.
Destes, 11 sujeitos foram alocados aleatoriamente para o grupo placebo e 12 para o grupo
N2O. Dois sujeitos do grupo placebo não completaram as oito sessões previstas, sendo ambos
do sexo feminino. Um sujeito abandonou a pesquisa após a primeira sessão, alegando piora
nos sintomas. O outro sujeito foi excluído pelos pesquisadores após a quinta sessão devido à
baixa adesão ao protocolo devido à dificuldade de ausentar-se de casa. Os procedimentos de
triagem, inclusão e exclusão de sujeitos são descritos na Figura 1.
81 triados em entrevista
16 HAM-D < 18
1 sem antidepressivo
3 ajuste recente de dose
4 Tr. por Uso de Substâncias
1 Tr. Conversivo grave
1 Tr. de Personalidade grave
1 sem episódio depressivo
1 deficiência de B12
4 outra condição clínica relevante
26 recusaram
9 completaram as 8 sessões
1 abandonou após a 1a. sessão
a
1 foi excluída após a 5 . sessão por
baixa adesão ao protocolo 12 completaram as 8 sessões
33
As características demográficas e clínicas de base foram calculadas com base na
amostra de 23 sujeitos que iniciaram o estudo. Para a análise das medidas de desfecho ao final
do ensaio clínico, foram considerados os 21 sujeitos que completaram as oito sessões. A
exclusão destes sujeitos não afetou o pareamento dos grupos.
Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos quanto à idade,
ao sexo e à gravidade dos sintomas medidos nas pontuações da HAM-D17 e do BDI-II. As
características demográficas e clínicas dos sujeitos estão apresentadas na Tabela 1.
4.2. HAM-D17
34
A análise de medidas repetidas dos dados da HAM-D17 para cada grupo demonstrou
redução significativa da pontuação ao longo do tempo em ambos os grupos, com tamanho de
efeito muito elevado no grupo N2O e elevado no grupo placebo (N2O: F5, 165 = 15,33; p <
0,001; η2p = 0,58 e placebo: F15, 120 = 5,15; p < 0,001; η2p = 0,39). A redução da pontuação no
grupo N2O foi maior que a redução no grupo placebo (de 22,58 ± 3,82 para 5,92 ± 4,08 e de
22,44 ± 3,54 para 12,89 ± 5,39, respectivamente). A análise dos dados de ambos os grupos
envolvendo os fatores tempo (sessão), droga (N2O versus placebo) e interação tempo x droga
demonstrou efeito de interação tempo x droga significativo, com tamanho de efeito médio
(F15, 285 = 2,26; p = 0,005; η2p = 0,11).
Após a análise de medidas repetidas evidenciar diferenças estatisticamente
significativas, realizamos testes t de amostras independentes para cada uma das 16 avaliações
ao longo do ensaio, os quais evidenciaram diferenças significativas a partir da avaliação pós-
inalação da quarta sessão, embora a mesma tenha desaparecido nas sessões 5 e 6 até
reaparecer nas duas sessões finais, conforme mostra o Gráfico 1.
24
N2O
22
Placebo
20
18
16
14
HAM-D17
12
10 ***
8
6 *
**
4 ****
2
0
Sessões
Distribuição temporal das médias das pontuações na versão de 17 itens da Escala para Avaliação
de Depressão de Hamilton (HAM-D17) para cada ponto de avaliação do ensaio clínico. HAM-
D17; N2O: óxido nitroso; pré: avaliação pré-inalação; pós: avaliação pós-inalação. Comparações
com diferenças estatisticamente significativas entre os grupos: *4 pós: t20 = 2,38; p = 0,027. **7
pós: t19 = 2,94; p = 0,008. ***8 pré: t19 = 2,14; p = 0,046. ****8 pós: t19 = 3,38; p = 0,003.
35
Na análise das medidas pré-inalação e pós-inalação para avaliar o efeito dentro de
cada sessão através de testes t pareados, houve redução significativa nas pontuações em todas
as sessões e em ambos os grupos, exceto na sexta sessão do grupo placebo (Tabela 2).
Entretanto, considerando-se as médias dos grupos, apenas o grupo N2O atingiu a faixa de
remissão, o que ocorreu na avaliação pós-inalação da sétima sessão, repetindo-se na avaliação
pós-inalação da oitava sessão. Da mesma forma, somente o grupo N2O alcançou médias
dentro da faixa de resposta terapêutica em relação à avaliação inicial, o que ocorreu pela
primeira vez na avaliação pós-inalação da terceira sessão, repetiu-se na avaliação pós-inalação
da quarta sessão e se manteve a partir da sexta sessão.
Placebo N 2O
a a
Sessão Pré Pós t p Pré Pós t p
1 22,64 ±1,14 14,36 ±1,27 6,61 0,000 22,58 ± 1,1 12,08 ± 1,27 11,35 0,000
2 17,1± 1,46 14,8 ±1,45 2,72 0,023 18,42 ± 1,68 12,33 ± 2,08 3,8 0,003
3 14,7 ± 1,3 11,7 ± 1,27 2,71 0,024 15,42 ± 2,47 9,75 ± 1,7 3,86 0,003
4 16,3 ± 1,47 12,2 ± 1,65 3,37 0,008 13,92 ± 2,04 7,33 ± 1,26 5,14 0,000
5 16,9 ± 2,1 14,1 ± 2,26 2,69 0,025 12,92 ± 2,02 8,83 ± 1,59 3,95 0,002
6 13,22 ± 1,88 11,44 ± 1,86 2,29 0,052 11,75 ± 2,52 9,0 ± 2,26 3,12 0,010
7 15,11 ± 1,76 12,67 ± 1,76 2,44 0,041 11,25 ± 2,71 6,58 ± 1,22 2,6 0,025
8 15,22 ± 1,99 12,89 ± 1,8 2,89 0,021 9,08 ± 2,0 5,92 ± 1,18 3,47 0,005
Comparações entre as médias das pontuações pré-inalação e pós-inalação na versão de 17 itens da Escala
para Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D17) em cada sessão para cada grupo. Os dados estão
a
representados em média ± erro padrão da média (EPM). significância bilateral; N2O: óxido nitroso; pré:
avaliação pré-inalação; pós: avaliação pós-inalação.
Com relação às taxas de resposta e remissão ao final da oitava sessão, 75% (9 de 12)
dos sujeitos preencheu critérios de remissão (HAM-D17 < 7) no grupo N2O contra 11,1% (1
de 9) no grupo placebo, com uma diferença entre as proporções de 0,64 (p = 0,008; teste
exato de Fisher). A taxa de resposta (redução ≥ 50% na HAM-D17) foi de 91,7% (11 de 12) no
grupo N2O versus 44,4% (4 de 9) no grupo placebo, com uma diferença entre as proporções
de 0,47 (p = 0,046; teste exato de Fisher).
4.3. BDI-II
A análise de medidas repetidas mostrou redução significativa da pontuação final no
36
BDI-II com tamanho de efeito elevado em ambos os grupos (N2O: F15, 165 = 8,15; p < 0,001;
η2p = 0,43 e placebo: F15, 120 = 6,03; p < 0,001; η2p = 0,43). Porém, embora a redução tenha
sido maior no grupo N2O (N2O: de 37,25 ± 9,76 para 13,75 ± 12,04 e placebo: de 36,33 ±
4,92 para 16,33 ± 9,22), não houve efeito de interação tempo x droga (F15, 285 = 1,12; p = 0,34;
η2p = 0,06).
Ao final da oitava sessão, 66,7% dos sujeitos (8 de 12) atingiu critérios de remissão
(BDI-II ≤ 13) no grupo N2O versus 33,3% (3 de 9) no grupo placebo, com uma diferença
entre as proporções sem significância estatística de 0,33 (p = 0,2; teste exato de Fisher). A
taxa de resposta terapêutica (redução ≥ 50% no BDI-II) no grupo N2O foi de 66,7% (8 de 12
sujeitos) contra 55,6% (5 de 9 sujeitos) no grupo placebo, com uma diferença entre as
proporções sem significância estatística de 0,11 (p = 0,67; teste exato de Fisher).
4.4. C-SSRS
Comportamento suicida - - -
N = número de sujeitos com avaliação da Escala de Avaliação do Risco de Suicídio de Columbia (C-
SSRS) ao final da pesquisa; n = número de sujeitos na categoria. % = 100*n/N. Categoria inicial refere-se
à avaliação pré-inalação da primeira sessão. Ideação suicida inclui qualquer uma das cinco categorias da
subescala de gravidade da C-SSRS (1 = deseja estar morto, 2 = pensamentos suicidas ativos não
específicos, 3 = ideação suicida com métodos, mas sem intenção de agir, 4 = intenção suicida sem plano
especifico e 5 = intenção suicida com plano). Cada sujeito é contado em apenas uma célula. Sujeitos com
ideação suicida e comportamento suicida estariam incluídos na categoria comportamento suicida. N2O:
óxido nitroso.
4.5. YMRS
12
N2O
Placebo
10
8
YMRS
Sessões
Distribuição temporal das médias das pontuações na Escala de Avaliação de
Mania de Young (YMRS) para cada ponto de avaliação do ensaio. N2O: óxido
nitroso.
Placebo N 2O
Sujeitos Sessões Sujeitos Sessões
(n = 11) (N = 78) (n = 12) (N = 96)
Sonolência 5 9 8 28
Náusea 3 9 7 26
Parestesia - - 5 24
Cefaleia 6 22 4 9
Vômito - - 3 9
Inquietação - - 2 6
Lentificação psicomotora - - 2 16
Hipersensibilidade auditiva - - 2 5
Desconforto emocional - - 2 3
Risos - - 2 2
Regurgitação - - 1 1
Confusão - - 1 4
Dificuldade de permanecer 3 6 1 1
com a máscara/ “sensação de
sufocamento”/ “falta de ar”
Os dados da quantidade de sujeitos (n) que apresentaram os eventos adversos e da
quantidade de sessões (N) em que os eventos ocorreram estão representados em números
absolutos. N2O: óxido nitroso.
40
5. DISCUSSÃO
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Williams NR, Heifets BD, Blasey C, Sudheimer K, Pannu J, Pankow H, et al. Attenuation of
antidepressant effects of ketamine by opioid receptor antagonism. Am J Psychiatry.
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Young RC, Biggs JT, Ziegler VE, Meyer DA. A rating scale for mania: reliability, validity
and sensitivity. Br J Psychiatry. 1978;133:429–35.
Zacny JP, Sparacino G, Hoffmann P, Martin R, Lichtor JL. The subjective, behavioral and
cognitive effects of subanesthetic concentrations of isoflurane and nitrous oxide in healthy
54
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Zarate CA, Machado-Vieira R. Potential pathways involved in the rapid antidepressant effects
of nitrous oxide. Biol Psychiatry. 2015;78:2–4. doi:10.1016/j.biopsych.2015.04.007.
55
APÊNDICE A
Pré-triagem para Estudo “Efeitos da adição de óxido nitroso ao tratamento com inibidores seletivos de
recaptação de serotonina no transtorno depressivo maior”.
Nossa pesquisa tem como objetivo avaliar se o gás óxido nitroso tem efeito nos sintomas depressivos
quando associado aos antidepressivos atuais.
PRIMEIRO DIA: é uma ENTREVISTA para conclusão da triagem, solicitar exame de sangue e
esclarecer alguma dúvida que você ainda tenha sobre a pesquisa. Apenas se você preencher todos os critérios
necessários para participação no estudo, você fará as 8 SESSÕES do estudo.
8 SESSÕES: são realizadas individualmente com cada voluntário DUAS VEZES POR SEMANA em
DIAS FIXOS (por exemplo, às segundas e sextas), durante 4 SEMANAS SEGUIDAS. Cada sessão dura de 2 a
3 HORAS.
Os voluntários são divididos em DOIS GRUPOS através de “sorteio” feito por programa de
computador:
-GRUPO II: receberá gás que NÃO contém medicação (PLACEBO, que é oxigênio 100%) nas 8
sessões.
Nem o voluntário nem a pesquisadora saberão qual gás está sendo dado, até que todos os voluntários
finalizem o estudo.
Em cada sessão, o voluntário recebe através de uma MÁSCARA NO NARIZ gás contendo OU O
ÓXIDO NITROSO 50% OU O PLACEBO durante 60 MINUTOS. Antes e depois de receber o gás, o
voluntário RESPONDE QUESTIONÁRIOS sobre sintomas psiquiátricos. NÃO É NECESSÁRIO
INTERNAÇÃO.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: após a conclusão das sessões, todos os voluntários continuarão com
o seguimento psiquiátrico que já faziam antes.
Como nosso estudo envolve vários critérios, fazemos uma pré-triagem através do e-mail para
acelerar o processo.
Caso se interesse em participar após ter lido as informações, por favor, responda os critérios
abaixo:
5- Você está tomando os mesmos medicamentos nas mesmas doses há mais de 4 semanas seguidas
diariamente?
8- Se você é mulher, sabe se esta grávida (será feito teste de gravidez de urina no dia do teste em caso
de positivo a voluntária será excluída do estudo)? Ou então, está amamentando?
11- Você tem alguma doença pulmonar devido ao cigarro (doença pulmonar obstrutiva crônica -
DPOC)?
12- Você tem necessidade de fazer reposição de vitamina B12 ou de ácido fólico?
13- Você tem alguma doença clínica conhecida? Se sim, quais doenças?
Nome do paciente:_____________________________________________
x____________________________________________________________
Assinatura do paciente
Nome do pesquisador:___________________________________________
x___________________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
61
ANEXO A
Introdução
Gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre a última semana. Como você tem se sentido
desde a última (dia da semana)? Se paciente ambulatorial: você tem trabalhado? Se não:
especifique por que não?
0 ( ) Ausente.
1 ( ) Sentimentos relatados somente se perguntados.
2 ( ) Sentimentos relatados espontaneamente, com palavras.
3 ( ) Comunica os sentimentos não com palavras, isto é, com a expressão facial; a postura, a
voz e a tendência ao choro.
4 ( ) O paciente comunica quase exclusivamente esses sentimentos, tanto em seu relato verbal
como na comunicação não-verbal.
Se pontuou de 1-4, pergunte: há quanto tempo você tem se sentido dessa maneira?
2 - Você tem se sentido especialmente autocrítico nesta última semana, sentindo que fez
coisas erradas ou decepcionou outras pessoas?
SE SIM: Quais foram esses pensamentos?
Você tem se sentido culpado em relação a coisas que fez ou não fez?
Você tem pensado que, de alguma forma, você é responsável pela sua depressão?
Você sente que está sendo punido ficando doente?
62
SENTIMENTOS DE CULPA
0 ( ) Ausente.
1 ( ) Auto-recriminação, acha que decepcionou outras pessoas.
2 ( ) Idéias de culpa ou ruminações de erros ou ações pecaminosas (más) no passado.
3 ( ) Paciente acha que a doença atual é uma punição (castigo). Delírio de culpa.
4 ( ) Ouve vozes que o acusam ou denunciam e/ou tem alucinações visuais ameaçadoras.
3 - Nesta última semana, você teve pensamentos de que não vale a pena, viver ou que você
estaria melhor morto? Ou pensamentos de se machucar ou até de se matar?
SE SIM: O que você tem pensado sobre isso? Você já se machucou?
SUICÍDIO
0 ( ) Ausente.
1 ( ) Acha que não vale a pena viver.
2 ( ) Deseja estar morto ou pensa em um.
3 ( ) Idéias ou atitudes suicidas.
4 ( ) Tentativas de suicídio.
INSÔNIA INICIAL
INSÔNIA INTERMEDIÁRIA
0 ( ) Sem dificuldade.
1 ( ) Queixa-se de agitação e perturbação durante a noite.
2 ( ) Acorda durante a noite - qualquer saída da cama (exceto por motivos de necessidade
fisiológica).
63
INSÔNIA TARDIA
0 ( ) Sem dificuldade.
1 ( ) Acorda durante a madrugada, mas volta a dormir.
2 ( ) Não consegue voltar a dormir se levantar da cama durante a noite.
7 - Como você tem passado seu tempo na última semana (quando não está no trabalho)? Você
se sente interessado em fazer (essas atividades) ou você tem de se forçar?
Você parou de fazer atividades que costumava fazer? SE SIM: Por quê?
Há alguma coisa que você aguarda ansiosamente?
(no seguimento): Seu interesse voltou ao normal?
TRABALHO E ATIVIDADES
0 ( ) Sem dificuldades.
1 ( ) Pensamentos e sentimentos de incapacidade, fadiga ou fraqueza, relacionado a
atividades, trabalho ou passatempos.
2 ( ) Perda de interesse em atividades, passatempos ou trabalho, quer relatado diretamente
pelo paciente, quer indiretamente por desatenção, indecisão ou vacilação (sente que precisa se
esforçar para o trabalho ou atividades).
3 ( ) Diminuição no tempo gasto em atividades ou queda de produtividade. No hospital, o
paciente se ocupa por menos de três horas por dia em atividades (trabalho hospitalar ou
passatempos), com exceção das tarefas rotineiras da enfermaria.
4 ( ) Parou de trabalhar devido à doença atual. No hospital, sem atividades, com exceção das
tarefas rotineiras da enfermaria, ou se não consegue realizá-las sem ajuda.
AGITAÇÃO
0 ( ) Nenhuma.
1 ( ) Inquietação.
2 ( ) Mexe as mãos, cabelos, etc.
3 ( ) Movimenta-se bastante, não consegue permanecer sentado durante a entrevista.
4 ( ) Retorce as mãos rói as unhas, puxa os cabelos, morde os lábios.
ANSIEDADE PSÍQUICA
0 ( ) Sem dificuldade.
1 ( ) Tensão e irritabilidade subjetivas.
2 ( ) Preocupa-se com trivialidades.
3 ( ) Atitude apreensiva aparente no rosto ou na fala.
4 ( ) Paciente expressa medo sem ser perguntado.
ANSIEDADE-SOMÁTICA
Concomitantes fisiológicos da ansiedade, como: .
( ) GI: boca seca, flatulência, indigestão, diarréias, cólicas, eructações.
( ) CV: palpitação, cefaléias.
( ) Respiratórios: hiperventilação, suspiros.
( ) Ter de urinar freqüentemente.
( ) Sudorese.
0 ( ) Ausente.
1 ( ) Duvidosos ou trivial: sintomas menores, relatados quando questionados.
2 ( ) Leve: paciente descreve espontaneamente os sintomas, que não são acentuados ou
incapacitantes.
3 ( ) Moderada: mais que 2 sintomas e com maior freqüência. São acompanhados de estresse
65
subjetivo e prejudicam o funcionamento normal.
4 ( ) Grave: numerosos sintomas, persistentes e incapacitantes na maior parte do tempo, ou
ataques de pânico quase diariamente.
12 - Como tem estado seu apetite nesta última semana? (Como se compara ao seu apetite
habitual?) Você tem tido de se forçar a comer?
As outras pessoas têm de insistir para você comer?
0 ( ) Nenhum.
1 ( ) Perda de apetite, mas come sem necessidade de insistência.
2 ( ) Dificuldade para comer se não insistirem.
13 - Como tem estado sua "energia" nesta última semana? Você se sente cansado o tempo
todo?
Nesta última semana, você teve dor nas costas, dor de cabeça ou dor muscular?
Nesta última semana, você tem sentido um peso nos membros, nas costas ou na cabeça?
0 ( ) Nenhum.
1 ( ) Peso em membros, costas ou cabeça; dor nas costas, cabeça ou muscular. Perda de
energia e fatigabilidade.
2 ( ) Qualquer sintoma bem caracterizado e nítido.
14 - Como tem estado seu interesse por sexo nesta semana? (não estou lhe perguntando sobre
seu desempenho sexual, mas sobre seu interesse por sexo, isto é, o quanto você tem pensado
nisso?)
Houve alguma mudança em seu interesse por sexo (relação à época em que você não estava
deprimido)?
Isso é algo em que você tem pensado muito? Se não: isso é pouco habitual para você?
0 ( ) Ausentes.
1 ( ) Leves ou infreqüentes: perda de libido, desempenho sexual prejudicado.
2 ( ) Óbvio e graves: perda completa do interesse sexual.
15 - Na última semana, quanto seus pensamentos têm focalizado na sua saúde física ou no
funcionamento de seu corpo (comparado ao seu pensamento habitual)
Você se queixa muito de sintomas físicos?
66
Você tem-se deparado com situações em que pede ajuda para fazer coisas que poderia fazer
sozinho?
SE SIM: Como o que, por exemplo? Com que freqüência isso tem ocorrido?
HIPOCONDRIA
0 ( ) Ausente.
1 ( ) Auto-observação aumentada (com relação ao Corpo).
2 ( ) Preocupação com a saúde.
3 ( ) Queixas freqüentes, pedidos de ajuda, etc.
4 ( ) Delírios hipocondríacos.
16 - Você perdeu algum peso desde que essa (DEPRESSÃO) começou? SE SIM: Quanto? SE
INCERTO: Você acha que suas roupas estão mais folgadas?
NO SEGUIMENTO: Você voltou a ganhar peso?
0 ( ) Sem Perda de peso ou perda de peso NÃO causada pela doença atual.
1 ( ) Perda de peso provavelmente causada pela doença atual. Perda de menos de meio quilo .
2 ( ) Perda de peso definitivamente causada pela doença atual. Perda de meio quilo ou mais.
TOTAL:
DATA:
NÚMERO
67
ANEXO B
Versão de 14/01/2009
Posner, K.; Brent, D.; Lucas, C.; Gould, M.; Stanley, B.; Brown, G.; Fisher,
P.; Zelazny, J.; Burke, A.; Oquendo, M.; Mann, J.
Aviso:
Esta escala se destina a ser utilizada por indivíduos que receberam treinamento em sua
administração. As perguntas contidas na Escala de Avaliação do Risco de Suicídio de
Columbia são sugestões de investigação. Acima de tudo, a determinação da presença de
ideação ou comportamento suicida depende do julgamento do indivíduo que administra a
escala.
As definições dos eventos com comportamento suicida desta escala são baseadas nas
definições utilizadas em The Columbia Suicide History Form, desenvolvido por John Mann,
MD e Maria Oquendo, MD, Conte Center for the Neuroscience of Mental Disorders
(CCNMD), New York State Psychiatric Institute, 1051 Riverside Drive, New York, NY, 10032.
(Oquendo M. A., Halberstam B. & Mann J. J., Risk factors for suicidal behavior: utility and
limitations of research instruments. In M.B. First [Ed.] Standardized Evaluation in Clinical
Practice, págs. 103 -130, 2003.)
Para a reprodução do C-SSRS entre em contato com Kelly Posner, Ph.D., New York State
Psychiatric Institute, 1051 Riverside Drive, New York, New York, 10032; contato para
pedidos e treinamento [email protected]
3. Ideação suicida ativa com algum método (sem plano) sem intenção de agir
O/A paciente confirma pensamentos de suicídio e já pensou em pelo menos um método durante o período de Sim Não Sim Não
avaliação. Isto difere de um plano específico com elaboração de detalhes de hora, lugar ou método (p .ex.,
pensou no método de se matar, porém sem um plano específico). Inclui pessoas que diriam, "Eu pensei em
tomar uma overdose de remédio, mas nunca fiz um plano específico de quando, onde ou como eu a
realizaria…..e eu nunca levaria isso adiante".
Você tem pensado em como poderia fazer isso?
4. Ideação suicida ativa com alguma intenção de agir, sem plano específico
Pensamentos suicidas ativos de se matar e o/a paciente relata ter alguma intenção de pôr esses pensamentos Sim Não Sim Não
em prática, ao invés de "Eu tenho os pensamentos, mas eu, com certeza, não os levarei adiante".
Você teve esses pensamentos e teve alguma intenção de colocá-los em prática?
INTENSIDADE DA IDEAÇÃO
As seguintes características devem ser avaliadas levando em consideração o tipo de ideação
mais intenso (i.e. os itens 1 a 5 da seção anterior, sendo 1 o menos intenso e 5 o mais
intenso). Pergunte o momento em que ele / ela estava se sentindo com maior tendência
suicida. Mais Mais
Durante a vida - Ideação mais intensa:__________ intensa intensa
Tipo n° (1-5) Descrição da ideação
Últimos X meses - Ideação mais intensa:___________
Tipo n° (1-5) Descrição da ideação
Frequência
____ ____
Quantas vezes você teve esses pensamentos?
(1) Menos de uma (2) Uma vez por (3) 2-5 vezes (4) Todos os dias ou (5) Muitas vezes por
vez por semana semana por semana quase todos os dias dia
Duração
Quando você tem esses pensamentos, quanto tempo eles duram?
(1) Passageiros - alguns segundos ou minutos (4) 4-8 horas / a maior parte do dia ____ ____
(2) Menos de 1 hora / algum tempo (5) Mais de 8 horas / persistentes ou contínuos
(3) 1-4 horas / muito tempo
Controlabilidade
Você pôde / pode parar de pensar em se matar ou de querer morrer se você quisesse /
quiser?
(1) É capaz de controlar os pensamentos facilmente (4) Pode controlar os pensamentos com muita ____ ____
(2) Pode controlar os pensamentos com pouca dificuldade
dificuldade (5) É incapaz de controlar os pensamentos
(3) Pode controlar os pensamentos com alguma (0) Não tenta controlar os pensamentos
dificuldade
71
Razões para não cometer suicídio
Há coisas - algo ou alguém (p. ex., família, religião, dor da morte) - que o/a impediram
de querer morrer ou de colocar em ação sua ideia de cometer suicídio?
(1) Essas razões, com certeza, o/a impediram de (4) Essas razões, provavelmente, não o/a impediram ____ ____
cometer suicídio (5) Essas razões, com certeza, não o/a impediram
(2) Essas razões, provavelmente, o/a impediram (0) Não se aplica ao seu caso
(3) Não tem certeza de que essas razões o/a impediram
Razões para ideação
Que tipos de razão você teve para pensar em querer morrer ou se matar? Foi para acabar
com o sofrimento ou pôr fim à maneira como você estava se sentindo (em outras
palavras, você não conseguia continuar a viver com esse sofrimento ou como você estava
se sentindo) ou foi para chamar a atenção, se vingar ou provocar a reação de outras
pessoas? Ou ambos?
(1) Com certeza para chamar a atenção, se vingar (4) Sobretudo para acabar com o sofrimento (você ____ ____
ou provocar a reação de outras pessoas. não conseguia continuar a viver com esse
(2) Sobretudo para chamar a atenção, se vingar ou sofrimento ou como você estava se sentindo).
provocar a reação de outras pessoas. (5) Com certeza para acabar com o sofrimento (você
(3) Tanto para chamar a atenção, se vingar ou não conseguia continuar a viver com esse
provocar a reação de outras pessoas como para sofrimento ou como você estava se sentindo).
acabar com o sofrimento. (0) Não se aplica ao seu caso
COMPORTAMENTO SUICIDA
Durante Últimos
(Marque um "X" em todos os itens que se aplicam, caso sejam eventos distintos. É a vida __ anos
necessário perguntar sobre todos os tipos de comportamento suicida.)
Tentativa efetiva: Sim Não Sim Não
Um ato potencialmente autolesivo cometido com ao menos algum desejo de morrer, como resultado da ação.
O comportamento foi, em parte, pensado como um método para se matar. A intenção não precisa ser de
100%. Se existe qualquer intenção / desejo de morrer associado ao ato, este pode ser considerado como
uma tentativa de suicídio efetiva. Não é necessário haver qualquer lesão ou ferimento, apenas um
potencial para lesionar ou ferir. Se a pessoa puxa o gatilho com a arma na boca, mas a arma está quebrada, e
então não resulta em lesões, este ato é considerado como uma tentativa.
Inferindo intenção: Mesmo que a pessoa negue a intenção / o desejo de morrer, esta deve ser inferida
clinicamente a partir do comportamento ou das circunstâncias. Por exemplo, a única intenção que se pode inferir
de um ato altamente letal que, obviamente, não é um acidente, é a intenção de suicídio (p.ex., tiro na cabeça,
pular da janela de um andar alto). Também se deve inferir intenção de morrer, se alguém nega esta intenção, mas
pensa que o que fez poderia ser letal. N° total de N° total de
Você cometeu uma tentativa de suicídio? tentativas tentativas
Você fez alguma coisa para se ferir? efetivas efetivas
Você fez alguma coisa perigosa que poderia ter matado você?
______ ______
O que você fez?
Você____ como uma maneira de pôr fim à sua vida?
Você queria morrer (nem que fosse só um pouquinho) quando você____?
Você estava tentando pôr um fim à sua vida quando você____?
Ou Você pensou que era possível ter morrido com____?
Ou você fez isso unicamente por outras razões / sem QUALQUER intenção de se matar
(como para aliviar o estresse, sentir-se melhor, ganhar simpatia ou para fazer qualquer
outra coisa acontecer)? (Comportamento autolesivo sem intenção suicida)
Caso sim, descreva: Sim Não Sim Não
O/A paciente se engajou em um comportamento autolesivo não suicida?
Tentativa interrompida: Sim Não Sim Não
Quando a pessoa é impedida (por uma circunstância externa) de iniciar o ato potencialmente autolesivo (se
não fosse por isso, uma tentativa efetiva teria ocorrido). Overdose: A pessoa tem pílulas na mão, mas é
impedida de ingeri-las. Uma vez que ela tenha ingerido qualquer quantidade de pílulas, o ato se torna uma
tentativa e não uma tentativa interrompida. Tiro: a pessoa tem uma arma apontada para si, a arma é retirada
por outra pessoa ou de alguma forma ela é impedida de puxar o gatilho. Uma vez que ela puxar o gatilho, N° total de N° total de
mesmo que a arma não dispare é considerado como uma tentativa. Pular: A pessoa está pronta para pular, é tentativas tentativas
agarrada e retirada da beirada. Enforcamento: A pessoa tem um laço em torno do pescoço, mas ainda não interrompid interrompidas
começou a se enforcar - é impedida de fazer isso.
as
Houve alguma vez em que começou a fazer alguma coisa para pôr fim à sua vida, mas ______
alguém ou alguma coisa o/a impediu antes que você realmente fizesse algo? ______
Caso sim, descreva:
Appendix
Instruções
A entrevista de avaliação para preenchimento da EAM é, a priori, não estruturada. As perguntas descritas aqui
são APENAS um roteiro para que, na avaliação do paciente maníaco, nenhum dos itens da EAM deixe de ser
avaliado. Portanto, o avaliador tem liberdade de realizar outras perguntas que julgar necessárias para avaliação
de um determinado item, ou então, omitir outras, se o paciente (ou a observação direta) já tiverem oferecido
informações sobre o item a que elas se referem.
As perguntas em parênteses devem ser feitas somente para complementar informações, podendo ser omitidas se
o avaliador as julgar desnecessárias para a avaliação do item em questão.
O entrevistador deve julgar as condições do paciente no momento da entrevista, a partir do seu relato, mas
privilegiando a observação direta.
Antes de iniciar a entrevista, deve-se observar no prontuário do paciente dados referentes ao seu nome, idade,
endereço de moradia, data e hora de entrada no serviço, bem como dados referentes a suas condições sócio-
culturais. Além disso, considerar relatos referentes a insônia, comportamento agressivo, agitação, irritabilidade e
comportamento sexual inadequado nas últimas 48 h. Essas informações são importantes para avaliação de itens
como conteúdo do pensamento (neste caso sempre considerar a condição sócio- cultural do paciente),
irritabilidade, atividade psicomotora e interesse sexual, quando o paciente nega alterações. Nesses casos,
confrontar gentilmente o paciente e observar suas respostas. Lembrar-se, contudo, que SEMPRE deve ser
privilegiada a resposta do paciente e a observação direta.
A escala deve ser pontuada somente após o término da entrevista, e não no decorrer dela. Não é necessário que o
paciente tenha todos os itens descritos numa determinada chave de gradação, mas apenas um, o que basta para
que esta chave seja marcada. Considerar a alteração que permeia a maior parte da entrevista.
Entrevista
Itens e perguntas-guia
Qual o seu nome completo? E sua idade? Onde você mora? Com quem você mora? Está trabalhando
atualmente? (Já trabalhou anteriormente? Em quê?)
11. Insight
Quanto tempo faz que você está aqui? Conte-me por que motivo você foi internado. Quando isso começou? O
que aconteceu depois? O seu comportamento [jeito de agir ou de ser] tem sido diferente ultimamente? (Como?)
74
(Você está doente? Quais são os sintomas da sua doença? Tem algum problema na cabeça? Você precisa de
tratamento? Precisa tomar remédios?) [Confrontar se necessário]
04. Sono
Ultimamente, você tem sentido dificuldade para dormir? Quantas horas à noite você tem dormido? Quantas
horas você normalmente costuma dormir? (Quantas horas a menos você tem dormido?) Ultimamente, você
precisa de menos horas de sono para se sentir descansado e bem-disposto? [Confrontar se necessário]
05. Irritabilidade
Nos últimos dias você está impaciente ou irritável com as outras pessoas? (As pessoas tem deixado você
nervoso?) Você está tão irritado [ou nervoso] que começa a brigar com as pessoas ou a gritar com elas?
(Conseguiu manter o controle? Tolerou as provocações? Chegou a agredir alguém ou a quebrar objetos?)
[OBSERVAR e confrontar se necessário]
Ultimamente, você tem se sentido mais disposto ou animado que o habitual? Você está se sentindo com muita
energia? Sente-se inquieto ou agitado? Você sente vontade de fazer várias coisas ao mesmo tempo?
[OBSERVAR e confrontar se necessário]
Você tem pensado muito em sexo? Tem tido algum tipo de comportamento sexual que não era habitual antes, ou
que tem causado problemas com as outras pessoas? (Você tem estado muito “paquerador”? Alguém reclamou de
algo que você tenha feito, neste sentido? Alguém reclamou do seu comportamento sexual?) [OBSERVAR e
confrontar se necessário]
06. Fala
Ultimamente, você está mais falante que o normal? As pessoas falam que você está muito falante ou mais falante
que o habitual? (As pessoas têm dificuldade de entender ou interromper você? As pessoas têm dificuldades em
conversar com você?) [OBSERVAR]
Ultimamente, você tem tido pensamentos diferentes ou estranhos, ou idéias ou planos que antes não passavam
pela sua cabeça? Quais seus planos para o futuro? (O que você tem vontade de fazer?) Nos últimos dias você tem
se sentido com algum talento ou habilidade que a maioria das pessoas não tem? (Como você sabe disso?) Você
acha que as pessoas têm inveja de você? Você acredita que tem alguma coisa importante para fazer no mundo?
Você se considera famoso? Você tem alguma relação especial com alguém importante ou famoso? Você tem a
impressão de que as outras pessoas estão falando ou rindo de você? (De que forma você percebe isso?) Você
acha que tem alguém com más intenções contra você ou se esforçando para lhe causar problemas? (Quem? Por
quê? Como você sabe disso?)
Você acredita que alguém ou alguma coisa fora de você esteja controlando seus pensamentos ou suas ações
contra sua vontade? Você tem a impressão de que o rádio ou a televisão mandam mensagens para você? Você
75
sente que alguma coisa incomum está acontecendo ou para acontecer? Você sente que tem alguma coisa
incomum acontecendo no seu corpo ou cabeça?
Ultimamente, como você se sente? Como tem estado o seu humor (alegre, triste, irritável?) (Se deprimido: Você
acredita que pode melhorar?) Como este sentimento tem afetado o seu dia-a-dia? (Você está mais alegre
[confiante ou otimista] que o habitual? Ultimamente, você está tão bem ou alegre, que as outras pessoas acham
que você não está no seu normal? Você está tão alegre que isto lhe trouxe problemas?) [OBSERVAR]
Encerramento: Estas eram as perguntas que eu precisava fazer. Tem alguma que você acha importante dizer, que
eu não perguntei, ou alguma coisa que gostaria de perguntar?
Obs.: Os itens 07, 09 e 10 da EAM são preenchidos exclusivamente a partir da observação direta.
Este item compreende uma sensação difusa e (0) Ausência de elevação do humor ou afeto
prolongada, subjetiva- mente experimentada e (1) Humor ou afeto discreta ou possivelmente
relatada pelo indivíduo, caracterizada por sensação de aumentados, quando questionado
bem-estar, alegria, otimismo, confiança e ânimo. (2) Relato subjetivo de elevação clara do humor;
Pode haver um afeto expansivo, ou seja, uma mostra-se otimista, auto-confiante, alegre; afeto
expressão dos sentimentos exagerada ou sem limites, apropriado ao conteúdo do pensamento
associada a intensa relação com sentimentos de (3) Afeto elevado ou inapropriado ao conteúdo do
grandeza (euforia). O humor pode ou não ser pensamento; jocoso
congruente ao conteúdo do pensamento. (4) Eufórico; risos inadequados, cantando
(X) Não avaliado
Este item compreende idéias e/ou impulsos (0) Normal; sem aumento
persistentes relacionados a questões sexuais, (1) Discreta ou possivelmente aumentado
incluindo a capacidade do paciente em controlá- (2) Descreve aumento subjetivo, quando
76
los. O interesse sexual pode restringir-se a questionado
pensamentos e desejos não concretizados, em geral (3) Conteúdo sexual espontâneo; discurso centrado
verbalizados apenas após solicitação, podendo chegar em questões sexuais; auto-relato de hipersexualidade
até a um comportamento sexual frenético e (4) Relato confirmado ou observação direta de
desenfreado, sem qualquer controle ou crítica quanto comportamento explicitamente sexualizado, pelo
a riscos e normas morais. entrevistador ou outras pessoas
(X) Não avaliado
04. Sono
Este item inclui a redução ou falta da capacidade de (0) Não relata diminuição do sono
dormir, e/ou a redução ou falta de necessidade de (1) Dorme menos que a quantidade normal, cerca de
dormir, para sentir-se bem-disposto e ativo. 1 hora a menos do que o seu habitual
(2) Dorme menos que a quantidade normal, mais que
1 hora a menos do que o seu habitual
(3) Relata diminuição da necessidade de sono
(4) Nega necessidade de sono
(X) Não avaliado
05. Irritabilidade
08. Conteúdo
Este item refere-se ao grau de consciência e (0) Insight presente: espontaneamente refere estar
compreensão do paciente quanto ao fato de estar doente e concorda com a necessidade de tratamento
doente. Varia de um entendimento adequado (afetivo (1) Insight duvidoso: com argumentação, admite
e intelectual) quanto à presença da doença, passando
possível doença e necessidade de tratamento
por concordância apenas frente à argumentação,
chegando a uma negação total de sua enfermidade, (2) Insight prejudicado: espontaneamente admite
referindo estar em seu comportamento normal e não alteração comportamental, mas não a relaciona com a
necessitando de qualquer tratamento. doença, ou discorda da necessidade de tratamento.
(3) Insight ausente: com argumentação, admite de
forma vaga alteração comportamental, mas não a
relaciona com a doença e discorda da necessidade de
tratamento
(4) Insight ausente: nega a doença, qualquer alteração
comportamental e necessidade de tratamento
(X) Não avaliado