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Polícia Militar Do Estado de São Paulo - PMSP: Oficial PM

O documento apresenta um currículo abrangente para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, abordando disciplinas como História, Filosofia, Sociologia, Geografia, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Espanhola e Matemática. Cada disciplina é dividida em tópicos que cobrem desde a Antiguidade até o mundo contemporâneo, incluindo aspectos sociais, políticos e culturais do Brasil e do mundo. O conteúdo é estruturado para fornecer uma base sólida de conhecimento para os candidatos da PM.

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O documento apresenta um currículo abrangente para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, abordando disciplinas como História, Filosofia, Sociologia, Geografia, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Espanhola e Matemática. Cada disciplina é dividida em tópicos que cobrem desde a Antiguidade até o mundo contemporâneo, incluindo aspectos sociais, políticos e culturais do Brasil e do mundo. O conteúdo é estruturado para fornecer uma base sólida de conhecimento para os candidatos da PM.

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Polícia Militar do Estado

de São Paulo - PMSP


Oficial PM

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


História
1. MUNDO MODERNO.
1.1 A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.
1.2. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia.
1.3. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e
Despotismo.
1.4. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano
................................................................................................................................................................................................................................. 01
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.
2.1. A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de independência das Colônias Latino-
Americanas; o ideal europeu de unificação nacional.
2.2. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da hegemonia europeia.
2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS.
2.4. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários.
2.5. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a estrutura de espoliação da
América Latina.
2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico
e tecnológico do século XX.
2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas ................................................................................................................... 02
3. BRASIL COLÔNIA.
3.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração
do pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização.
3.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites.
3.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a interiorização da colonização; a
mineração e a economia colonial.
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas.
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação ....................................................................... 20
4. BRASIL IMPÉRIO.
4.1. A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do Brasil; o reconhecimento
internacional.
4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do
Segundo Reinado; a política externa e os conflitos latino-americanos do século XIX.
4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econômicas, a imigração, a
abolição da escravidão, as questões religiosa e militar.
4.5. As manifestações culturais; as ciências, as artes e a literatura no período imperial ............................................ 30
5. BRASIL REPÚBLICA.
5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891.
5.2. A Primeira República (1889-1930) e sua evolução político administrativa; as dissidências oligárquicas e a
Revolução de 1930; a vida econômica e os movimentos sociais no campo e nas cidades.
5.3. A Segunda República e sua trajetória político institucional; do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a
curta experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988.
5.4. As transformações socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida republicana; o café e o processo de
industrialização; as crises e as lutas operárias; o processo de internacionalização da economia brasileira e o
endividamento externo.
5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e científico do Brasil no século XX.
5.6. A globalização e as questões ambientais .................................................................................................................................... 37
6. ANTIGUIDADE.
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas.
6.2. As cidades-estados da Grécia.
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do Império Romano do Ocidente.
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus.
6.5. O legado cultural dos gregos e dos romanos ............................................................................................................................ 51
7. MUNDO MEDIEVAL.
7.1. Formação e desenvolvimento do sistema feudal.
7.2. A organização política feudal; os reinos cristãos da Península Ibérica.
7.3. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo.
7.4. A Civilização Muçulmana.
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval. 7.6. A Civilização Bizantina .............................................................................. 63

Filosofia
1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA:
1.1. História da Filosofia: instrumentos de pesquisa.
1.2. Introdução à Filosofia da Ciência.
1.3. Introdução à Filosofia da Cultura.
1.4. Introdução à Filosofia da Arte.
1.5. O intelecto: empirismo e criticismo.
1.6. Democracia e justiça.
1.7. Os direitos humanos.
2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:
2.1. O eu racional: introdução ao sujeito ético.
2.2. Introdução à bioética.
2.3. A técnica.
3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA:
3.1. O homem como um ser da natureza.
3.2. A concepção platônica da desigualdade.
3.3. A desigualdade segundo Rousseau ...................................................................................................................................... 01/08

Sociologia
1. O CANDIDATO NA SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA.
1.1. Como pensar diferentes realidades.
1.2. O homem como ser social.
2. O QUE PERMITE AO CANDIDATO VIVER EM SOCIEDADE?
2.1. A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho.
2.2. Relações e interações sociais.
2.3. Socialização.
3. O QUE NOS UNE COMO HUMANOS? O QUE NOS DIFERENCIA?
3.1. O que nos diferencia como humanos.
3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura.
3.3. Características da cultura.
3.4. A humanidade na diferença.
4. O QUE NOS DESIGUALA COMO HUMANOS?
4.1. Etnias.
4.2. Classes sociais.
4.3. Gênero.
4.4. Geração.
5. DE ONDE VEM A DIVERSIDADE SOCIAL BRASILEIRA?
5.1. A população brasileira: diversidade nacional e regional.
5.2. O estrangeiro do ponto de vista sociológico.
5.3. A formação da diversidade:
5.3.1. Migração, emigração e imigração.
5.3.2. Aculturação e assimilação.
6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASILEIRA?
6.1. O trabalho como mediação.
6.2. Divisão social do trabalho:
6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho.
6.2.2. Divisão manufatureira do trabalho.
6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho.
6.4. Transformações no mundo do trabalho.
6.5. Emprego e desemprego na atualidade.
7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL.
7.1. Violências simbólicas, físicas e psicológicas.
7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola.
7.3. Razões para a violência. ...................................................................................................................................................................... 01
8. O QUE É CIDADANIA?
8.1. O significado de ser cidadão ontem e hoje.
8.2. Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos.
8.3. A Constituição Brasileira e a Constituição Paulista.
8.4. A expansão da cidadania para grupos especiais:
8.4.1. Crianças e adolescentes, idosos e mulheres.
9. QUAL É A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO?
9.1. Estado e governo.
9.2. Sistemas de governo.
9.3. Organização dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
10. O QUE É NÃO-CIDADANIA?
10.1. Desumanização e coisificação do outro.
10.2. Reprodução da violência e da desigualdade social ............................................................................................................. 32

Geografia
1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA.
1.1. Os mecanismos da natureza.
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem.
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo.
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente .................................................... 01
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL.
2.1. Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capital.
2.1.1. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades.
2.1.2. As transformações na relação cidade-campo.
2.2. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica.
2.3. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço.
2.4. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento
demográfico.
2.5. A divisão internacional e territorial do trabalho.
2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da URSS. A nova ordem econômica mundial ...................... 01
3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO.
3.1. A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza.
3.2. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital.
3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade de vida.
3.2.2. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais.
3.2.3. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho.
3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais.
3.4. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado.................................................. 61
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Língua Portuguesa
1. NORMA ORTOGRÁFICA..................................................................................................................................................................... . 01
2. MORFOSSINTAXE.
2.1. Classes de palavras.
2.2. Processos de derivação.
2.3. Processos de flexão verbal e nominal..................................................................... ................................................................... 05
2.4. Concordância nominal e verbal ...................................................................................................................................................... 23
2.5. Regência nominal e verbal ................................................................................................................................................................ 24
2.6. Coordenação e subordinação ........................................................................................................................................................... 21
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS............................................................................................................................................................... 10
4. CRASE .............................................................................................................................................................................................................. 04
5. PONTUAÇÃO ................................................................................................................................................................................................ 25
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO ...................................................................................................................................... 33
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL. 7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência ................................................................................ 33
8. FIGURAS DE LINGUAGEM ..................................................................................................................................................................... 29
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS .......................................................................................................................................................... 27
10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens até a atualidade ........................................................................................ 41
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX) ................................... 48

Língua Inglesa
1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.
2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases
do texto.
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua
função essencial no texto.
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por
meio de substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão.
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros,
sempre em função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto.
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que
são utilizados.......................................................................................................................................................................................01/58

Língua Espanhola
1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.
2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases
do texto.
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua
função essencial no texto.
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por
meio de substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão.
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros,
sempre em função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto.
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que
são utilizados ......................................................................................................................................................................................01/14

Matemática
1. CONJUNTOS NUMÉRICOS.
1.1. Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo
múltiplo comum, decomposição em fatores primos.
1.2. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e propriedades, ordem, valor absoluto,
desigualdades.
1.3. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica e trigonométrica, raízes da unidade.
1.4. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite de uma sequência,
soma da série geométrica, representação decimal de um número real.
1.5. Grandezas direta e inversamente proporcionais.
1.6. Porcentagem; juros simples e compostos.............................................................................................................................. 01
2. POLINÔMIOS.
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades fundamentais.
2.2. Operações com polinômios, divisão de um polimônio por um binômio da forma x-a, divisão de um
polinômio por outro polinômio de grau menor ou igual.......................................................................................................... 57
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS.
3.1. Equações algébricas: definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema
Fundamental da Álgebra.
3.2. Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas
......................................................................................................................................................................................................................... ...60
4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE.
4.1. Princípio fundamental de contagem.
4.2. Arranjos, permutações e combinações simples.
4.3. Binômio de Newton.
4.4. Eventos. Conjunto universo. Conceituação de probabilidade.
4.5. Eventos mutuamente exclusivos. Probabilidade da união e da intersecção de dois ou mais eventos.
4.6. Probabilidade condicional. Eventos independentes ......................................................................................................... 62
5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA
5.1. Representação gráfica (barras, segmentos, setores, histogramas).
5.2. Medidas de tendência central (média, mediana e moda)................................................................................................ 51
6. MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES.
6.1. Matrizes: operações, matriz inversa.
6.2. Sistemas lineares. Matriz associada a um sistema. Resolução e discussão de um sistema linear.
6.3. Determinante de uma matriz quadrada: propriedades e aplicações, regras de Cramer.................................... 66
7. GEOMETRIA ANALÍTICA.
7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no plano. Distância entre dois pontos.
7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Intersecção de retas, retas
paralelas e perpendiculares. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma reta. Área de um triângulo.
7.3. Equação da circunferência; tangentes a uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência.
7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas ............................................................................................................. 71
8. FUNÇÕES.
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa.
8.2. Função e função quadrática.
8.3. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos.
8.4. Equações e inequações: lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas .......................................................... 36
9. TRIGONOMETRIA.
9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos.
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3.
9.3. Resolução de triângulos retângulos.
9.4. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos.
9.5. Funções trigonométricas: periodicidade, gráficos, simetrias.
9.6. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de somas de funções
trigonométricas em produtos.
9.7. Equações e inequações trigonométricas................................................................................................................................ . 81
10. GEOMETRIA PLANA.
10.1. Figuras geométricas simples: reta, semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos planos, circunferência
e círculo.
10.2. Congruência de figuras planas.
10.3. Semelhança de triângulos.
10.4. Relações métricas nos triângulos, polígonos regulares e círculos.
10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e sector circular.................................................................................................. .... 21
11. GEOMETRIA ESPACIAL.
11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e perpendicularismo.
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos. Poliedros: poliedros regulares.
11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos. Cálculo de áreas e volumes.
11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e volumes............................................................................................................ 88

Noções de Administração Pública


1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo II – Dos Direitos
Sociais; ...................................................................................................................................................................................1
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção II – Dos Servidores
Públicos; Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ..........................................5
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. 2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado ............................. 10
2.2. Título II – Da Organização e Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo............................................................................................................................................................................. 11
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais:
artigos 111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores
Públicos do Estado: Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II –
Dos Servidores Públicos Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III
– Da Polícia Militar. ........................................................................................................................................................... 13
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da
Educação: artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança,
do Adolescente, do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência. .................................................................... 16
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: Artigos 284 a 291. ............................................................... 19
3. LEI Nº 10.261/68 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado. ......................................................... 19
4. LEI Nº 10.177/98 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual. ...... 40
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893/01 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar – RDPM. ............. 48
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080/08 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários para os
servidores das classes que especifica. 6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar. 6.2. Capítulo II – Do Plano Geral
de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do Ingresso; Seção III – Do Estágio
Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens Pecuniárias; Seção VII – Da
Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição. 6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos
54 a 56. ................................................................................................................................................................................ 60
7. LEI FEDERAL Nº 12.527/11 – Lei de Acesso à Informação; ................................................................................. 64
8. DECRETO nº 58.052/12 – Regulamenta a Lei nº 12.527/11, que regula o acesso a informações, e dá
providências correlatas. ................................................................................................................................................... 70

Noções Básicas de Informática


MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência,
manipulação de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de
aplicativos MS-Office 2010. ...............................................................................................................................................1
MSWord 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos,
fontes, colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de
páginas, legendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ..................................... 14
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos,
elaboração de tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos
predefinidos, controle de quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de
dados. .................................................................................................................................................................................. 21
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias,
cabeçalhos e rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de
páginas, botões de ação, animação e transição entre slides. .................................................................................... 30
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. ........... 37
Internet: Navegação na Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas. ...................... 39
A apostila OPÇÃO não está vinculada a empresa organizadora do concurso público a que se destina,
assim como sua aquisição não garante a inscrição do candidato ou mesmo o seu ingresso na carreira
pública.

O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e esquematizada, porém,
isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios que
ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor preparação.

Atualizações legislativas, que não tenham sido colocadas à disposição até a data da elaboração da
apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou nos sites
governamentais.

Informamos que não são de nossa responsabilidade as alterações e retificações nos editais dos
concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa, tendo em vista
que nossas apostilas são elaboradas de acordo com o edital inicial. Porém, quando isso ocorrer, inserimos
em nosso site, www.apostilasopcao.com.br, no link “erratas”, a matéria retificada, e disponibilizamos
gratuitamente o conteúdo na versão digital para nossos clientes.

Caso haja dúvidas quanto ao conteúdo desta apostila, o adquirente deve acessar o site
www.apostilasopcao.com.br, e enviar sua dúvida, que será respondida o mais breve possível, assim como
para consultar alterações legislativas e possíveis erratas.

Também ficam à disposição do adquirente o telefone (11) 2856-6066, dentro do horário comercial, para
eventuais consultas.

Eventuais reclamações deverão ser encaminhadas por escrito, respeitando os prazos instituídos no
Código de Defesa do Consumidor.

É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código
Penal.

Apostilas Opção, a opção certa para a sua realização.


HISTÓRIA
APOSTILAS OPÇÃO
direção do infante dom Henrique, irmão do rei dom João I. O infante reúne
no promontório de Sagres, no Algarve, os maiores especialistas em nave-
gação, cartografia, astronomia, geografia e construção naval. Forma,
História assim, o mais completo e inovador centro de estudos náuticos da época.
Tecnologia marítima portuguesa – Os especialistas de Sagres aper-
feiçoam instrumentos de navegação, como a bússola, o astrolábio, o
quadrante, a balestilha e o sextante. Desenvolvem a cartografia moderna
e são os primeiros a calcular com precisão a circunferência da Terra em
léguas, numa época em que poucos acreditavam que o planeta fosse
1. MUNDO MODERNO. 1.1 A Renascença: a redondo.
Reforma e a Contrarreforma. 1.2. A expan- Caravela latina – Em Sagres nasce a caravela latina: robusta para
são marítimo-comercial e o processo de poder enfrentar mar alto e tempo ruim, pequena para explorar litorais
colonização da América, África e Ásia. 1.3. recortados e ágil para navegar com ventos contrários. Com essa embar-
Formação e evolução das monarquias naci- cação exclusiva dos portugueses, os navegadores do reino enfrentam os
onais; as revoluções burguesas do século perigos e surpresas do "mar Oceano", exploram o litoral da África e encon-
XVII; Iluminismo e Despotismo. 1.4. A polí- tram o caminho marítimo para o Oriente.
tica econômica mercantilista; a crise do
sistema colonial e a independência no
continente americano. Expansão marítima portuguesa
A tomada de Ceuta, no norte da África, em 1415, marca o início da
expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um século,
No século XV a nova burguesia europeia e parcelas da nobreza bus- Portugal domina as rotas comerciais do Atlântico sul, da África e da Ásia.
cam na expansão comercial uma saída para a crise econômica do conti- Sua presença é tão marcante nesses mercados que, do século XVI ao
nente. Procuram novos mercados produtores e consumidores, já que o XVIII, o português é usado nos portos como língua franca – aquela que
comércio entre Europa e Oriente feito através do Mediterrâneo é insufici- permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades.
ente para gerar as riquezas necessárias para solucionar a crise europeia. Financiamento das viagens – A expansão ultramarina envolve so-
Tentam superar o controle exercido por Veneza e Gênova sobre os produ- mas milionárias. Para financiá-la, a Coroa portuguesa aumenta impostos,
tos das Índias, nome genérico que inclui todo o Oriente. recorre a empréstimos junto a grandes comerciantes e banqueiros, inclu-
Novas rotas comerciais – Os objetivos da nova burguesia comercial sive italianos, e aos recursos acumulados pela Ordem de Cristo, herdeira
europeia são alcançar a África, com suas cobiçadas fontes de ouro e da antiga Ordem dos Templários.
prata, e as Índias, terra das especiarias, sedas e pedrarias. O empreendi- Templários – Braço armado da Igreja, a Ordem dos Templários enri-
mento é dispendioso e arriscado. Significa sair do mar Mediterrâneo e quece com os saques realizados no Oriente Médio durante as cruzadas,
enfrentar o desconhecido "mar Oceano", ou "mar Tenebroso", como o nos séculos XII e XIII. Com hierarquia própria, homens armados e muito
Atlântico é chamado na época. Entre todos os povos que se organizam dinheiro, transforma-se em um poder paralelo dentro da Igreja. Dissolvida
para a aventura, os portugueses saem na frente, seguidos por espanhóis, pelo papa, os integrantes da ordem são perseguidos por toda a Europa.
ingleses, franceses e holandeses. Portugal acolhe os templários e suas fortunas durante o reinado de dom
Diniz, de 1279 a 1325. Eles fundam a Ordem de Cristo. Dom Henrique,
membro da ordem e administrador de seus recursos, usa essa riqueza
Pioneirismo de Portugal para financiar o projeto ultramarino.
Um conjunto de fatores favoráveis explica a dianteira dos portugueses Conquista da costa africana – Entre 1421 e 1434 os lusitanos che-
na expansão marítima do século XV. Os mais importantes são a precoce gam aos arquipélagos da Madeira e dos Açores e avançam para além do
centralização política do reino, posição geográfica, rápida formação de cabo Bojador. Em 1436 atingem o Rio Douro e começam a conquista da
uma burguesia comercial e, o mais significativo, uma dinastia que aposta Guiné. Ali se apropriam da Mina, centro aurífero explorado pelos reinos
na expansão comercial. nativos em associação aos comerciantes mouros, a maior fonte de ouro
Centralização política de Portugal – O surgimento de Portugal como de toda a história de Portugal. Em 1441 os portugueses chegam ao cabo
nação independente está vinculado às lutas travadas na península Ibérica Branco. Em 1444 atingem a ilha de Arguim, onde instalam a primeira
pela expulsão dos muçulmanos. Antecipando-se aos demais países feitoria em território africano, e iniciam a comercialização de escravos,
europeus, Portugal já é uma nação centralizada politicamente em torno de marfim e ouro. Entre 1445 e 1461 descobrem Cabo Verde, navegam pelos
um único monarca no século XII. O primeiro rei de Portugal, Afonso I, rios Senegal e Gâmbia e avançam até Serra Leoa. De 1470 a 1475 explo-
assume o trono pelas armas em 1139. Ele inaugura a dinastia dos Borgo- ram a costa de Serra Leoa até o cabo Santa Catarina. Em 1482 chegam a
nha, reconhecida pelo papa em 1179. São Jorge da Mina e avançam até o rio Zaire, o trecho mais difícil da costa
Vocação comercial e marítima – Na porta de saída do Mediterrâneo ocidental africana. Cinco anos mais tarde, em 1487, Bartolomeu Dias
para o Atlântico, os portos de Portugal são pontos de passagem obrigató- atinge o cabo das Tormentas, no extremo sul do continente – que passa a
ria para as embarcações que percorrem a rota entre as cidades italianas e ser chamado de cabo da Boa Esperança –, e atinge o Índico. Conquista,
os mercados do norte da Europa. Cedo surgem ricos comerciantes e assim, o trecho mais difícil do caminho para as Índias.
armadores, e os marinheiros portugueses conhecem todos os portos da Cristóvão Colombo em Sagres – Na época em que os portugueses
Europa e do norte da África. atingem a foz do rio Zaire, Cristóvão Colombo trabalha para Portugal e
A dinastia de Avis – Na época das grandes navegações e descobri- integra a equipe de pilotos de Sagres. Ali elabora seus cálculos – errados
mentos, reina em Portugal a Casa de Avis, dinastia fundada por dom João – sobre a circunferência da Terra em léguas: imagina as Índias muito mais
I, o Mestre de Avis, em 1385, após uma crise sucessória no reino. Ele próximas da Europa. Em 1483 oferece ao rei de Portugal dom João II seu
conquista a Coroa pelas armas, apoiado pela pequena nobreza, campo- projeto de alcançar as Índias pelo ocidente. Como os portugueses já têm
neses, comerciantes, armadores e ricos representantes dos ofícios urba- seus próprios planos – chegar às Índias contornando a África –, rejeitam a
nos. Todos têm um interesse em comum: a expansão comercial e maríti- proposta de Colombo, mais tarde bancada pela Espanha. Fonte – Barsa
ma.
Expansão Marítima
História Por Algosobre
Escola de Sagres A crise de crescimento do século XV
A busca de uma nova rota para o Oriente exige o aperfeiçoamento No início da Idade Moderna, surgiu um descompasso na economia
das técnicas de navegação até então conhecidas. Portugal faz isso sob a europeia, entre a capacidade de produção e consumo na zona rural e na

História 1
APOSTILAS OPÇÃO
zona urbana. A produção agrícola no campo estava limitada pelo regime da Terra começou a ser posta em dúvida. Seria a Terra realmente um
de trabalho servil. O resultado disso era uma produtividade baixa e, con- disco chato e plano, cujos limites eram precipícios sem fim? Uma nova
sequentemente, a falta de alimentos para abastecer os núcleos urbanos. hipótese sobre a forma de nosso planeta começou a surgir: o planeta teria
Já a produção artesanal nas cidades era alta e não encontrava consumi- a forma de uma esfera.
dores na zona rural, devido ao baixo poder aquisitivo dos trabalhadores
rurais e ao caráter auto-suficiente da produção feudal. Nessa nova concepção, se alguém partisse de um ponto qualquer da
Terra e navegasse sempre na mesma direção, voltaria ao ponto de parti-
Além disso, o comércio internacional europeu, baseado na compra de da. O desejo de desbravar os oceanos, descobrir novos mundos e fazer
produtos orientais (especiarias, objetos raros, pedras preciosas), tendia a fortuna animava tanto os navegantes, que eles chegavam a se esquecer
se estagnar, pois os nobres, empobrecidos pela crise do feudalismo, cada do medo que tinham do desconhecido. Dois Estados se destacaram na
vez compravam menos essas mercadorias. Os tesouros acumulados pela conquista dos mares: Portugal e Espanha."
nobreza durante as Cruzadas escoavam para o Oriente, em pagamento
das especiarias. O resultado disso foi a escassez de metais preciosos na Consequências dos grandes descobrimentos.
Europa, o que criava mais dificuldades ainda para o desenvolvimento do
A expansão marítima europeia iniciou uma fase de crescente interde-
comércio.
pendência mundial, em proveito das nações colonizadoras, que domina-
A solução para esses problemas estava na exploração de novos mer- ram o mundo política, econômica e culturalmente até 1914. Tal hegemonia
cados, capazes de fornecer alimentos e metais preciosos a baixo custo e, foi total na América, cuja população indígena, dizimada na maior parte, só
ao mesmo tempo, aptos para consumir os produtos artesanais fabricados sobreviveu na medida em que pôde adaptar-se às novas condições de
nas cidades europeias. Mas onde encontrar esses novos mercados? vida impostas pelos conquistadores. A África negra foi devastada demo-
O comércio com o Oriente estava indicando o caminho. Os mercados gráfica e culturalmente pelo tráfico negreiro, que forneceu milhões de
da Índia, da China e do Japão eram controlados pelos mercadores árabes escravos ao Novo Mundo. A partir do século XVIII e sobretudo no XIX, a
e seus produtos chegavam à Europa ocidental através do mar Mediterrâ- Ásia oriental (exceto o Japão) e a Oceania ficaram submetidas aos inte-
neo, controlado por Veneza, Gênova e outras cidades italianas. O grande resses políticos e econômicos do Ocidente. O Atlântico e o Pacífico pre-
número de intermediários nesse longo trajeto encarecia muito as mercado- dominaram desde então no comércio mundial.
rias. Mas se fosse descoberta uma nova rota marítima que ligasse a
Na Europa, o afluxo do ouro e da prata da América, do século XVI ao
Europa diretamente aos mercados do Oriente, o preço das especiarias se
XVIII, superou em muito o do ouro africano do século XV e influenciou
reduziria e as camadas da população europeia com poder aquisitivo mais
poderosamente as transformações econômicas, sociais e políticas, das
baixo poderiam vir a consumi-las.
quais a burguesia foi a principal beneficiária. Os produtos tropicais originá-
No século XV, a burguesia europeia, apoiada por monarquias nacio- rios do Novo Mundo (algodão e fumo) ou nele introduzidos (açúcar) torna-
nais fortes e capazes de reunir grandes recursos, começou a lançar suas ram-se fonte de riqueza para minorias de colonos europeus e suas res-
embarcações nos oceanos ainda desconhecidos — Atlântico, Indico e pectivas metrópoles, generalizando-se seu consumo na Europa e mesmo
Pacífico - em busca de novos caminhos para o Oriente. Nessa aventura em outros continentes, a exemplo do fumo na África e na Ásia. Plantas
marítima, os governos europeus dominaram a costa da África, atingiram o alimentícias americanas como a batata e o milho melhoraram a dieta
Oriente e descobriram um mundo até então desconhecido: a América. popular europeia. Generalizou-se o consumo de especiarias, os produtos
Com a descoberta de novas rotas comerciais, a burguesia europeia de luxo orientais difundiram-se e geraram imitações (porcelana). E a
encontrou outros mercados fornecedores de alimentos, de metais precio- geografia, as ciências biológicas, a história e a etnografia enriqueceram-se
sos e de especiarias a baixo custo. Isso permitiu a ampliação do mercado enormemente.
consumidor, pois as pessoas de poder aquisitivo mais baixo puderam
adquirir as mercadorias, agora vendidas a preços menores.
A expansão comercial e marítima dos tempos modernos foi, portanto,
uma consequência da crise de crescimento da economia europeia.
Outras condições à expansão marítima europeia
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO. 2.1. A Revo-
A expansão marítima só foi possível graças à centralização do poder lução Francesa; o período napoleônico; os
nas mãos dos reis. Um comerciante rico, uma grande cidade ou mesmo movimentos de independência das Colô-
uma associação de mercadores muito ricos não tinham condições de nias Latino-Americanas; o ideal europeu de
reunir o capital necessário para esse grande empreendimento. Apenas o unificação nacional. 2.2. A Revolução Indus-
rei era capaz de captar recursos de toda a nação para financiar as viagens trial; a expansão e o universo capitalista; o
ultramarinas. apogeu da hegemonia europeia. 2.3. A cor-
rida imperialista; a Primeira Guerra Mun-
dial; a Revolução Russa de 1917 e a forma-
ção da URSS. 2.4. O período Entre Guerras;
as democracias liberais e os regimes totali-
tários. 2.5. A Segunda Guerra Mundial; a
descolonização afro-asiática; a Guerra Fria;
a estrutura de espoliação da América Lati-
na. 2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos
do Terceiro Mundo; as grandes linhas do
desenvolvimento científico e tecnológico
do século XX. 2.7. O petróleo, o Oriente
Médio e as lutas religiosas.

Projeto de navios do período da Expansão


Eram enormes as dificuldades que tinham de ser superadas para na- Primeira Guerra
vegar pelos oceanos. As embarcações tinham de ser melhoradas e as
técnicas de navegação precisavam ser aprimoradas. No século XV, inven- A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande
tou-se a caravela. A bússola e o astrolábio passaram a ser empregados Guerra antes de 1939, Guerra das Guerras ou ainda como a Última
como instrumentos de orientação no mar, e a cartografia passou por Guerra Feudal) foi um conflito mundial ocorrido entre Agosto de 1914 a
grandes progressos. Ao mesmo tempo, a antiga concepção sobre a forma 11 de Novembro de 1918.

História 2
APOSTILAS OPÇÃO
A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Causas
Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando,
1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, herdeiro do trono Austro-Húngaro, e sua esposa foram assassinados pelo
Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano), e causou o colapso sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista
de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da armado Mão Negra, que lutava pela unificação dos territórios que
Europa e do Médio Oriente. continham sérvios.

No início da guerra (1914) a Itália era aliada dos Impérios Centrais na O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram
Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha caráter defensivo origem à guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas.
(e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido Historiadores e políticos têm discutido essa questão por quase um século
preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão
italiano afirmou não sentir vinculado à aliança e que, portanto, listadas abaixo:
permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-
Bretanha e da França a fizeram firmar em 26 de abril de 1915 um pacto
secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a A Cláusula de Culpa
Itália se empenharia a entrar em guerra em um mês em troca de algumas As primeiras explicações para os motivos da I Guerra Mundial, muito
conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol, usadas na década de 20, tinham como versão a ênfase oficial tida na
Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Cláusula de Culpa de Guerra, ou Artigo 231 do Tratado de Versalhes e
Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Tratado de St.Germain, que acusava tanto a Alemanha quanto o Império
Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão Austro-Húngaro pela responsabilidade da guerra. A explicação para tal
das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na não era completamente infundada; era um fato que o Império Austro-
África a Líbia, a Somália e a Eritréia). O não-cumprimento das promessas Húngaro, apoiado por Berlim, tinha atacado a Sérvia em 29 de julho e que
feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na a Alemanha tinha invadido a Bélgica em 3 de agosto[1]. Sendo assim, a
Segunda Guerra Mundial. Alemanha e o Império Austro-Húngaro tinham sido os primeiros a atacar, o
que teria levado à guerra. A Alemanha foi considerada culpada e teve que
Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da pagar as reparações pela guerra e todos os custos futuros, além de
Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam da pensões para todos os veteranos da Tríplice Entente, num valor total
guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, estimado em trinta bilhões de dólares. O valor foi sendo renegociado por
entram militarmente no conflito. toda a década de 20, até ser extinto em 1931.

Introdução Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John


Maynard Keynes, não aceitam a Cláusula de Culpa que a França tanto
Muitos dos combates na Primeira Guerra Mundial ocorreram nas apoiou. Desde 1960 a idéia de que a Alemanha foi a responsável pela
frentes ocidentais, em trincheiras e fortificações (separadas pelas "Terras guerra foi revivida por acadêmicos como Fritz Fischer, Imanuel Geiss,
de Ninguém", que era o espaço entre cada trincheira, onde vários Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen, e V.R. Berghahn.
cadáveres ficavam a espera do recolhimento) do Mar do Norte até a
Suíça. As batalhas se davam em invasões dinâmicas, em confrontos no
mar, e pela primeira vez na história, no ar. Corrida Armamentista

O saldo foi de mais de nove milhões de mortos, dos quais 5% eram


civis. Na Segunda Guerra Mundial, este número aumentou em 60%.

O conflito rompeu definitivamente com a antiga ordem mundial criada


após as Guerras Napoleônicas, marcando a derrubada do absolutismo
monárquico na Europa.

Três impérios europeus foram destruídos e conseqüentemente


desmembrados: Alemão, o Austro-Húngaro e o Russo. Nos Bálcãs e no
Médio Oriente o mesmo ocorreu com o Império Turco-Otomano. Dinastias
imperiais européias como as das famílias Habsburgos, Romanov e
Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder
tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os quatro anos de
guerra.
O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda do
sistema czariano, servindo de catalisador para a Revolução Russa que HMS Dreadnought, símbolo da corrida armamentista.
inspirou outras em países tão diferentes como China e Cuba, e que serviu
também como base para a Guerra Fria. No Médio Oriente o Império
Turco-Otomano foi substituído pela República da Turquia e muitos A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906
territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas. Na pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra.
Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Letônia, Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-
Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que
da Áustria, Hungria e Polônia foram redefinidos. Pouco tempo depois da ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de
guerra, em 1923, os fascistas tomaram o poder na Itália. A derrota da que o controle do mar era vital a uma nação.
Alemanha na guerra e o fracasso em resolver assuntos pendentes no
período pós-guerra, alguns dos quais haviam sido causas da Primeira O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um
Guerra, acabaram criando condições para a ascensão do Nazismo "auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar", enquanto David
quatorze anos depois e para a Segunda Guerra Mundial em 1939, vinte Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para
anos depois. a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade
História 3
APOSTILAS OPÇÃO
britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida Nacionalismo, Romantismo e a "Nova Era"
armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em
direção a guerra.
Este período, entre 1885 e 1914 ficou conhecido como a Paz Armada
O poder naval das grandes nações em 1914
Nação Tripulação Maiores navios Tonelagem
Rússia 54,000 4 328,000
França 68,000 10 731,000
Grã-Bretanha 209,000 29 2,205,000
Total 331,000 43 3,264,000
Alemanha 79,000 17 1,019,000
Austro-Húngaro 16,000 3 249,000
Total 95,000 20 1,268,000
Fonte: Ferguson 1999 p 85

Militarismo e Autocracia
Recrutamento de britânicos para a guerra, a exemplo da onda nacionalista
que varria o continente.

Os líderes civis das nações européias estavam na época enfrentando


uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há
anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos,
apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos
esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e
a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações
pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. Já a
aristocracia exercia também forte influência pela guerra, acreditando que
ela poderia consolidar novamente seu poder doméstico. A maioria dos
beligerantes pressentiam uma rápida vitória com conseqüências gloriosas.
O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de
1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.

A Culminação da História Européia


A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve
como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento
O Kaiser, propaganda militar humorística francesa. separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa
russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos
econômicos de um porto em águas quentes[7]. O desenrolar da Guerra dos
O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações européias.
americanos culpam o militarismo pela guerra. A tese é que a aristocracia e Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleônicas quanto a Guerra dos
a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Itália e Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande
o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da
desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia. Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano
Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação Schlieffen. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e
de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política
tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia francesa, dando origem ao chamado revanchismo. Após a Liga dos Três
czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Impérios ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a
Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma
admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas preocupação para o exército alemão.
políticos da Inglaterra e França.
Brasil e a Grande Guerra
Imperialismo Econômico No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro "Paraná", que navegava
Lênin era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por
no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas idéias um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompe relações
ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi
A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo
econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um Brasileiro confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros,
conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo". Tal como uma indenização de guerra.
argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no
crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os
panfletos de Lênin de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional "Macau", um dos
Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da
várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra. costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão
popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declara

História 4
APOSTILAS OPÇÃO
guerra à aliança germânica. incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a
Começou então uma intensa agitação nacionalista, comícios louvam a guerra eclodisse, foi-se mandando um ultimato a Sérvia que continha
"gloriosa atitude brasileira de apoiar os Aliados". Monteiro Lobato critica várias requisições, entre elas a que agentes austríacos fariam parte das
esse nacionalismo, pois, de acordo com ele, isso estava desviando a investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo atentado. O governo
atenção do país em relação a seus problemas internos. sérvio aceitou todos os termos do ultimato, com exceção da participação
de agentes austríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação de
A participação militar do Brasil no solo europeu foi pequena, sua soberania.
resumindo-se a algumas ações de pilotos da força aérea (na época a
Força Aérea Brasileira ainda não havia sido criada, mas havia a aviação Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho,
do Exército e da Marinha) treinados na Europa, e apoio médico, além do o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com o
fornecimento de alimentos e matérias-primas. A Marinha recebeu a país e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o
incumbência de patrulhar o Atlântico, evitando a ação dos submarinos bombardeio à Belgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, a
inimigos. Rússia, que sempre tinha sido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de
locomoção a suas tropas. Os alemães, que tinham garantido o apoio ao
Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra mandaram um
Portugal na Grande Guerra ultimato ao governo russo para parar a mobilização de tropas dentro de 12
horas, no dia 31. No primeira dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem
qualquer reação russa. A Alemanha então declarou guerra a ela. Em 2 de
Agosto a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão
à Bélgica e do Plano Schlieffen (que previa a invasão da França e da
Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, dessa vez à Bélgica,
requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como
tal pedido foi recusado, foi-se declarado guerra à Bélgica.
Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra a França, e no dia
seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-
Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir
fez com que o Império Britânico saísse de sua posição neutra e
declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

O Início dos Confrontos


Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no
continente africano e no Oceano Pacífico, nas colônias e territórios das
nações européias. Em Agosto de 1914 um combinado da França e do
Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo.
Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemães baseadas na Namíbia
atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de
Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da Alemanha; em 11 de
Monumento aos mortos da Primeira Guerra Mundial em Coimbra, Portugal
Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na
ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Britânia), que fazia
Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o parte da chamada Nova Guinéa Alemã. O Japão invadiu as colônias
que estava de acordo com as orientações da República ainda micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na
recentemente instaurada. península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice
Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas
guerra com o envio de tropas para a defesa das colônias africanas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.
ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de Na Europa, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma
guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada
Moçambique. exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão Austro-Húngara a
Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido
Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu diferente. Os líderes do Austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha
pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha,
na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra de porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria
Portugal em relação à Alemanha e aos seus aliados, a 9 de Março de de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na
1916 (apesar dos combates em África desde 1914). Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir
suas tropas. Mais da metade das tropas foram combater os russos na
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e
Português, seguiam para a guerra na Europa, em direção à Flandres. conquistar a Sérvia.
Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil
homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, A Batalha Sérvia
além de custos econômicos e sociais gravemente superiores à capacidade O exército sérvio lutou em uma batalha defensiva para conter os
nacional. Os objetivos que levaram os responsáveis políticos portugueses invasores austro-húngaros. Os sérvios ocuparam posições defensivas no
a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-
não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se- húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército da
ia até à queda do regime democrático em 1926. Tríplice Aliança. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na
Declaração de guerra do Império Alemão em 1914 guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não
foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado
Após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas
Junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir que batalhavam contra a Rússia.
tomar um curso de ação. Essa espera foi devida ao fato de que grande
parte do efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impossibilitava a Alemanha na Bélgica e França
ação militar naquele período. Em 23 de Julho, graças ao apoio Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou
História 5
APOSTILAS OPÇÃO
resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que
continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica tinha no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães
provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados
Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo
comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os uso de tal artifício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais
portos de Antwerp e Ostend eram importantes demais para cair nas mãos miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de
de uma potência continental hostil ao país[9]. Para tanto, enviou um guerra.
exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.
Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Numa nota curiosa, temos que no início da Guerra, chegado a
Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto, 1914). A Rússia, porém, atacou primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos
a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e
estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a cumprimentarem-se. Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no
Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas
Tannenberg (17 de Agosto a 2 de Setembro, 1914). O deslocamento razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos
imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro
contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os
conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.
Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar
em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da
França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e A alimentação era sobretudo à base de carne e vegetais enlatados e
britânicos. biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.

Fim da Guerra Crimes de Guerra


A partir de 1917 a situação começou a alterar-se, quer com a entrada A limpeza étnica da população armênica durante os anos finais do
em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, Império Turco-Otomano é amplamente considerada como um genocídio.
quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte- Com a guerra em curso, os turcos acusaram toda a população armênica,
americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão cristãos em sua maioria, de serem aliados da Rússia, utilizando-se disso
da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um como pretexto para lidar com toda a minoria considerando-a inimiga do
lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no império. É difícil definir o número exato de mortos do período, sendo
desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e estimado por diversas fontes para quase um milhão de pessoas mortas
levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda em campos de concentração, excluindo-se as que morreram por outros
algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo motivos. Desde o evento os governos turcos têm sistematicamente
bolchevista, chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, negado as acusações de genocídio, argumentando que os armênicos
assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente morreram por uma guerra estar em curso ou que sua matança foi
para evitar a derrocada. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 justificada pelo apoio dado aos inimigos do país.
de Novembro de 1918. Às 11h do 11º dia do 11 mês.
A Guerra das Trincheiras Tecnologia

Tanque de guerra britânico capturado pelos Alemães durante a Primeira


Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século


XX com táticas do século XIX.

Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das


trincheiras, onde milhares de soldados por vezes morriam só para ganhar
um metro de terra. Muitas das batalhas mais sangrentas da história
ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluiam
Ypres, Vimy Ridge, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A
artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

Nas trincheiras: Infantaria com máscaras de gás, Ypres, 1917 Neste conflito estiveram envolvidos cerca de 65 milhões de soldados
e destacaram-se algumas figuras militares, como o estratégia da Batalha
Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de
de Marne, o general francês Joffre, o general Ferdinand Foch, também da
fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a
mesma nacionalidade, que veio a assumir o controle das forças aliadas, o
guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante
História 6
APOSTILAS OPÇÃO
general alemão Von Klück, que esteve às portas de Paris, general do sindicalismo. Dentro da ideologia fascista, o estado era supremo. Nas
britânico John French, comandante do Corpo Expedicionário Britânico e o palavras do próprio Mussolini, "Tudo para o estado, nada contra o estado,
comandante otomano Kemal Ataturk, vencedor na Batalha de Gallipoli nada fora do estado."
contra a Inglaterra e o ANZAC (Austrália e Nova Zelândia).
Nas eleições realizadas no mesmo ano em que se constituiu o
A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela movimento fascista, este obteve uma votação pouco expressiva. Depois,
primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido porém, que o escritor e aviador Gabriele D'Annunzio, partidário de
tornados ilegais após a Convenção Hague de 1907. Mussolini, tomou a cidade de Fiume (posteriormente Rijeka), que era
disputada pela Itália e pela Iugoslávia, e com o fracasso da ocupação de
fábricas pelos socialistas, o fascismo começou a adquirir importância e
Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante converteu-se numa espécie de "reação armada" contra as forças de
a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia esquerda.
principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha depois se
expandido para ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças. Foram
desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelos alemães e As ações do movimento, bem organizadas, criaram confusão dentro
pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado Zeppelins para do Partido Socialista e dos sindicatos, primeiro no vale do Pó e depois nas
bombardeamento aéreo. cidades do norte do país. Após eleger 35 deputados nas eleições de 1921
e abandonar no mesmo ano as convicções republicanas no congresso de
Roma, à frente de um partido que já contava com 300.000 filiados,
O NAZI-FASCISMO E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Mussolini planejou a marcha para Roma, realizada em outubro de 1922. O
rei Victorio Emanuelle III, que não quis proclamar o estado de sítio, cedeu
a Mussolini e encarregou-o de formar novo governo.
Nazismo.
Movimento político e doutrina de caráter fascista, surgidos na
Alemanha após a primeira guerra mundial, sob a liderança de Adolf Hitler. Mussolini desligou-se, progressivamente, de todas as forças
O termo é uma abreviatura de Nationalsozialismus, doutrina do Partido moderadas que o apoiaram no início. O Duce (caudilho), como era
Trabalhista Nacional-Socialista Alemão. chamado, institucionalizou seus esquadrões armados e modificou o
sistema eleitoral, o que permitiu ao Partido Nacional Fascista conseguir a
maioria parlamentar nas eleições de 1923. O assassínio em 1924 do
Fascismo deputado socialista Giacomo Matteotti provocou a retirada da oposição do
A crise das democracias liberais, a implantação do socialismo após a Parlamento. Com isso, Mussolini converteu-se em senhor absoluto do
revolução russa e os ressentimentos nacionalistas diante dos países que poder. Declarou ilegais todos os partidos e converteu o rei em figura
levaram a melhor na divisão do mundo após a primeira guerra mundial decorativa.
provocaram, nas décadas de 1920 e 1930, o aparecimento de movimentos
e regimes fascistas na Itália, Alemanha, Espanha, Portugal e outros
Mussolini governou a Itália com plenos poderes até sua deposição e
países.
morte, em 1943. Durante esse longo período ocorreram diversos fatos
políticos que marcaram a história contemporânea, como a conquista da
Em sentido amplo, o termo fascismo aplica-se aos regimes políticos Etiópia pela Itália, o pacto entre Roma e Berlim (o Eixo), a guerra civil na
de caráter autoritário e corporativista, contrários tanto aos regimes de Espanha (1936-39) e, finalmente, a segunda guerra mundial, durante a
democracia liberal quanto aos de inspiração socialista. Nesse sentido o qual foi derrubado o regime fascista italiano.
termo fascismo abrange também o nacional-socialismo (nazismo) alemão,
o nacional-sindicalismo espanhol e outros movimentos, com
Tanto em sua versão original, a italiana, como na alemã (do nacional-
peculiaridades próprias. Em acepção mais estrita, o fascismo foi o sistema
socialismo), o fascismo aparece, histórica e sociologicamente, como uma
político-social implantado em 1922 na Itália por Benito Mussolini e
conseqüência das seqüelas da primeira guerra mundial, quando aqueles
derrubado em 1943, com a derrota do país pelos exércitos aliados, no final
países sofreram duras perdas e humilhações. Por isso, o fascismo foi
da segunda guerra mundial.
qualificado, muitas vezes, como um "nacionalismo de vencidos".
Apresentando-se sempre como antimarxista e antiliberal, o fascismo
A palavra fascio, "feixe" em italiano, alude ao emblema do Partido repudia a democracia burguesa, a ditadura do proletariado, a luta de
Fascista, tomado de empréstimo ao símbolo do poder dos antigos litores classes e o materialismo histórico. Do liberalismo, denuncia o poder da
romanos, insígnia que representa um feixe de varas em torno de um oligarquia capitalista, que considera disfarçado por um sistema apenas
machado. Com o feixe, que representava a força, os culpados eram aparentemente democrático.
açoitados; com o machado, símbolo da justiça, eram decapitados.
Os fascistas, em troca, enaltecem o poder absoluto do estado, numa
Fascismo italiano. O fundador do fascismo, Benito Mussolini, iniciou concepção autoritária que encontra antecedentes em Maquiavel, Thomas
sua atividade política na ala mais radical do Partido Socialista Italiano. Hobbes e Nietzsche. O estado é personalizado na figura do caudilho, ou
Suas opiniões belicistas em relação à primeira guerra mundial valeram-lhe chefe político, que "tem sempre razão". Mussolini escreveu, em 1924, que
a expulsão do partido. Nos anos seguintes, suas posições se opuseram os fascistas tinham o mérito de repudiar todas as teorias políticas
cada vez mais às do socialismo. Em 1919 Mussolini criou o grupo tradicionais: "Somos aristocratas e democratas, revolucionários e
chamado i fasci di combattimento (grupos de combate) e os esquadrões reacionários, proletários e antiproletários, pacifistas e antipacifistas. Basta-
de ação, com um contingente de filiados que não passava de quarenta nos apenas um ponto de referência: a nação."
pessoas.
A essa indefinição ideológica junta-se um componente irracional,
De início, o conteúdo ideológico do movimento fascista não era bem baseado nos laços de sangue, na família e no solo pátrio, que se
definido: combinavam-se nele componentes pragmáticos, sindicais, manifesta pela exaltação da ação direta e pela guerra, tida como
nacionalistas e imperialistas, mas sobressaía uma clara oposição ao instrumento normal da ação política. O partido identifica-se com o
socialismo e ao bolchevismo. Mussolini contava, também, com a governo. No caso concreto da Itália, o Parlamento foi substituído, em
exacerbação do sentimento nacionalista, provocado pela "vitória mutilada" 1939, pela Câmara dos Fascistas e das Corporações, e a militância
na primeira guerra mundial, seus efeitos negativos na situação econômica enquadrou-se dentro da Milícia Voluntária para a Segurança Nacional. A
da Itália e a preocupação da classe média com o avanço do socialismo e doutrinação efetuava-se desde os primeiros anos de vida, em

História 7
APOSTILAS OPÇÃO
organizações paramilitares e nas instituições de ensino, com exaltação também foi implantado, no período entre as duas guerras mundiais, em
dos valores políticos e patrióticos. vários países europeus, de maneira mais ou menos explícita de acordo
com o caso, e deu origem a movimentos semelhantes, como os liderados
pelo general Francisco Franco na Espanha, inspirado no nacional-
No fascismo italiano, os sindicatos de classe foram substituídos por sindicalismo de José Antonio Primo de Rivera, pelo chanceler Engelbert
um sistema corporativo, dirigido por membros do partido. A Carta del Dollfuss, na Áustria, pelo de Antonio de Oliveira Salazar em Portugal e o
Lavoro (Carta do Trabalho), promulgada em 1927, expressava o desejo de do governo do marechal Philippe Pétain, na França ocupada pela
subordinar os interesses de trabalhadores e patrões ao progresso Alemanha. Outros movimentos fascistas foram o da Guarda de Ferro na
econômico da nação. Romênia e os dos grupos de Léon Degrelle na Bélgica e de Sir Oswald
Mosley na Inglaterra.
Nacional-socialismo alemão. Adolf Hitler foi o principal criador de
outro dos grandes movimentos fascistas europeus. Filho de trabalhadores Fora da Europa, o fascismo enquanto movimento político
como Mussolini, Hitler combateu na primeira guerra mundial e, em 1919, desenvolveu-se de maneira embrionária. Mas pode haver equívocos
ligou-se ao recém-criado Partido Trabalhista Alemão. Um ano depois, a significativos, ao se apreciarem manifestações tipicamente fascistas como
organização se transformava no Partido Trabalhista Nacional-Socialista o integralismo de Plínio Salgado no Brasil, as frustradas tentativas de
Alemão e, em 1921, Hitler passou a chefiá-lo. Após o fracassado golpe de Laureano Gomez na Colômbia e outros movimentos de menor importância
estado de Munique em 1923, o líder nacional-socialista foi preso e na América Latina, e tendências diversas como as do peronismo e seu
começou a escrever o livro Mein Kampf (Minha luta). Mais tarde regime na Argentina ou o varguismo e o Estado Novo no Brasil. Embora
reorganizou o partido e a ideologia nacional-socialista espalhou-se por possa haver similaridades na forma, as raízes estruturais dos dois
todo o país. fenômenos se apresentam diferentes, bem como o caráter das
transformações que esses regimes realizaram, quando comparadas com
Organizações como as SA (Sturmabteilung, "Divisão de Assalto" ou as do fascismo. O populismo, em tais contextos, sobressai como
"camisas-pardas"), as SS (Schutzstaffel, "Escalão Protetor" ou "camisas- fenômeno específico.
negras"), a Gestapo (Geheime Staatspolizei, "Polícia Secreta do Estado")
e a Hitler Jugend ("Juventude Hitlerista") encarregaram-se de Assim, apenas o regime militar japonês da década de 1930 pode, com
desestabilizar a situação política do país mediante atos de violência e as devidas peculiaridades, ser considerado fascista fora dos limites
terrorismo, dirigidos principalmente contra socialistas e comunistas. Nas geográficos da Europa - sobretudo quanto a suas funções e realizações
eleições de julho de 1932, os nazistas obtiveram sua primeira vitória no plano econômico. Ainda está por desenvolver-se uma teoria geral dos
eleitoral. Em janeiro do ano seguinte, Hitler era convidado a formar o regimes autoritários que permita englobar fenômenos tão diversos como o
governo. fascismo, o populismo e outros modelos de poder autoritário de direita ou
esquerda. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
O Terceiro Reich foi um sistema político autoritário, em que toda
oposição foi esmagada pelo aparelho policial. O regime impulsionou a Segunda Guerra Mundial
independência econômica e a expansão externa, e finalmente provocou a
eclosão da segunda guerra mundial. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às
Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais vítimas em toda
Carente de base doutrinária, o nazismo justificava sua atividade a história da Humanidade. As principais potências aliadas eram a China, a
contra-revolucionária e antiliberal com a interpretação das mais diversas França, a Grã-Bretanha, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil
teorias, como o idealismo e o nacionalismo alemães do século XIX se integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua
(Johann Gottlieb Fichte, G. W. F. Hegel e outros), a geopolítica de Karl vez, perfaziam as forças do Eixo. Muitos outros países participaram na
Ernst Haushofer, o racismo de Joseph-Arthur Gobineau e Houston Stewart guerra, quer porque se juntaram a um dos lados, quer porque foram
Chamberlain e a filosofia de Nietzsche. A crença na superioridade da raça invadidos, ou por haver participado de conflitos laterais. Em algumas
alemã, definida como ariana, funcionou como força motriz para o nacional- nações (como a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial
socialismo, da mesma forma que a idéia do Império Romano influiu provocou confrontos internos entre partidários de lados distintos.
decisivamente no fascismo italiano.

O líder alemão de origem austríaca Adolf Hitler, Führer do Terceiro


Como a Alemanha estava dividida em vários estados, os nacional- Reich, pretendia criar uma "nova ordem" na Europa, baseada nos
socialistas propuseram a criação de um novo império, o Terceiro Reich, princípios nazistas da suposta superioridade alemã, na exclusão — e
que viria inaugurar um milênio de ordem e grandeza mundial, sob a supostamente eliminação física incluída — de algumas minorias étnicas e
hegemonia germânica. Dentro dessa exaltação da raça e da nação, os religiosas, como os judeus e os ciganos, bem como deficientes físicos e
judeus passaram a ser apontados como a maior ameaça para a pureza do homossexuais; na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na
sangue alemão - e, portanto, deviam ser aniquilados. Assim como o Duce perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas.
italiano, o Führer encarnava os valores do estado alemão, e suas decisões
eram incontestáveis.
Tanto a Itália como o Japão entraram na guerra para satisfazer os
seus propósitos expansionistas. As nações aliadas (como a França, a Grã-
Além da ditadura política, com sua seqüência de perseguições, Bretanha e os Estados Unidos da América) opuseram-se a estes desejos
eliminação da liberdade de participação e de expressão política ou do Eixo. Estas nações, juntamente com a União Soviética, após a invasão
cultural, além da institucionalização da tortura e do terror, o fascismo, em desta pela Alemanha, constituíram a base do grupo dos Aliados.
muitos países, valeu-se do racismo, promovendo-o e incentivando-o.
Criaram-se os campos de concentração, responsáveis pela liquidação
física de mais de seis milhões de judeus e ainda maior número de eslavos. Causas da guerra
Mesmo na Itália, onde o anti-semitismo não assumiu as proporções A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" -
monstruosas que tomou na Alemanha, essa discriminação foi usada como transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos,
arma política. pois o Tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte sentimento
nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições
Outros regimes fascistas. O fascismo como sistema político-social, de se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão. Além disso, a política
características gerais definidas nos casos da Itália e da Alemanha, de apaziguamento, adotada por alguns líderes políticos do período entre
guerras e que se caracterizou por concessões para evitar um confronto,
História 8
APOSTILAS OPÇÃO
não conseguiu garantir a paz internacional. Sua atuação assemelhou-se à História com o nome de Noite das Facas Longas. Quase todos os lideres
da Liga das Nações: um órgão frágil, sem reconhecimento e peso, que das SA, a começar por seu chefe, o Capitão Ernst Röhm, foram passados
deveria cuidar da paz mundial, mas que fracassou totalmente. Assim, pelas armas, juntamente com alguns políticos oposicionistas e o General
consolidaram-se os regimes totalitários, que visavam sobretudo a von Schleicher (Kurt, 1882-1934), que era o maior opositor a Hitler no seio
conquistas territoriais, processo que desencadeou a Segunda Guerra da Reichswehr. Tal decisão provocou a morte de algumas centenas de
Mundial. pessoas, muitas das quais eram fiéis do Partido, desde longa data.

A reação turca Com essas execuções, o Führer atingiu um duplo objetivo: extinguiu
O Tratado de Sèvres foi o primeiro a ter seus termos os gérmens da rebelião entre os SA, desde então reduzidos a um papel
fundamentalmente alterados. Suas cláusulas haviam consagrado a perda, meramente decorativo, e deu aos generais uma sangrenta garantia de que
pela Turquia, não apenas da Palestina, Síria, Líbano e Mesopotâmia, mas pretendia conservá-los na direção da Reichswehr. O expurgo fora levado a
também praticamente de todos os territórios turcos na Europa (com cabo pelas SS, tropas de elite do Partido, ligadas a Hitler por um
exceção de Constantinopla) e da região de Esmirna, ambas entregues à juramento especial. Esse corpo de homens selecionados, formando uma
Grécia. Além disso, os estreitos de Bósforo e dos Dardanelos seriam verdadeira guarda do regime, iniciou naquele dia a ascensão que iria levá-
neutralizados e sua travessia permitida, em quaisquer circunstâncias, a lo, sob a chefia de Heinrich Himmler, ao controle total da vida alemã, em
todos os navios estrangeiros, mercantes ou de guerra. Finalmente, as nome de Hitler. Em 1945, quase um milhão de homens tinha envergado o
tradicionais capitulações, que lhes davam numerosos privilégios, uniforme negro com a insígnia da caveira, partindo de um núcleo que em
sobretudo comerciais, e que subtraíam seus súditos à jurisdição das 1929 contava com apenas 280 elementos.
autoridades otomanas.
A Noite das Facas Longas fez a Reichswehr cerrar fileiras em torno
Os termos subscritos em Sèvres suscitaram uma grande comoção de Hitler, que, reforçado por tal sustentáculo, pode então se dedicar a
nacionalista na Turquia. Irrompeu a guerra e os gregos foram varridos da seus planos longamente acalentados.
Anatólia e dos territórios turcos na Europa, sendo forçados a uma paz que
as grandes potencias, inquietas com o despertar da Turquia, se A primeira tentativa expansionista do III Reich fracassou. Desde sua
apressaram a aconselhar. Pelo Tratado de Lausanne, firmado em 24 de ascensão ao poder, Hitler vinha incentivando o desenvolvimento de um
Julho de 1923, os turcos recuperaram suas fronteiras de 1914 na Europa partido nazista austríaco, como base para uma posterior anexação da
e também a região de Esmirna. Os estreitos voltaram a ser de plena Áustria à Alemanha. Nessa época, os austríacos estavam sob o governo
soberania otomana, o que reduziu as facilidades para a passagem de ditatorial do chanceler católico Engelbert Dollfuss, inquebrantável defensor
barcos estrangeiros através deles e as capitulações foram abolidas. Como da independência de seu país. Em 27 de Julho de 1934, Dollfuss foi
conseqüência do sopro renovador que agitava o antigo Império Otomano, assassinado em Viena, por um grupo de nazistas sublevados. Mussolini,
o Sultão Mehmed VI (1861-1926) foi deposto em 1922 e, no ano seguinte, temendo que os alemães ocupassem a Áustria, enviou tropas para a
uma assembléia aclamou presidente o Paxá Mustafa Kemal (mais tarde fronteira, enquanto a Europa era sacudida por um frêmito de indignação
conhecido como Kemal Atatürk, (1881-1938), o construtor da Turquia contra a Alemanha. Hitler, porém, recuou, negando qualquer conivência
moderna. com os conspiradores austríacos. Dollfuss foi sucedido por von
Schuschnigg (Kurt Edler, n. 1897), que continuou a política conservadora
Desta forma, o Tratado de Lausanne, forjado pela vitória militar de um e nacionalista de seu antecessor.
país derrotado em 1918, apontava o caminho às nações que
pretendessem uma revisão das imposições que haviam sofrido. Reincorporação do Sarre e criação de uma "Luftwaffe"
Em 13 de janeiro de 1935, o nazismo obteve seu primeiro sucesso
Hitler na rota da Expansão internacional. O Sarre era um antigo território alemão que tivera suas
Logo após o abandono da Sociedade das Nações (que já se ressentia jazidas exploradas pelos franceses, durante 15 anos, como parte das
da ausência dos Estados Unidos, URSS e Brasil) pelo Japão, foi a vez da reparações de guerra estabelecidas pelo Tratado de Versalhes. Agora, um
Alemanha retirar-se. Anunciando a saída da representação germânica, plebiscito junto à população decidia, por maioria esmagadora, a
Hitler declarou que o não desarmamento das outras nações obrigava a reincorporação do Sarre ao Reich. Logo em seguida, em março, Hitler
Alemanha àquela forma de protesto. Embora na realidade ele abalava a Europa com duas declarações retumbantes: No dia 9, anunciou
simplesmente desejasse furtar-se às peias que a Sociedade das Nações a criação da Luftwaffe (Força Aérea) e, no dia 16, o restabelecimento do
poderia opor à sua política militarista, o Führer teve o cuidado de reiterar serviço militar obrigatório, elevando imediatamente os efetivos de
os propósitos pacifistas de seu governo. Aliás, nos anos seguintes, Hitler Wehrmacht (Força de Defesa, novo nome das forças armadas alemãs), de
proclamaria suas intenções conciliatórias em várias oportunidades, como 100.000 para 500.000 homens. Ambas as declarações foram feitas em
meio de acobertar objetivos expansionistas. sábados, para que seu impacto internacional fosse amortecido pelos
feriados dos fins-de-semana.

O nazismo fortalecia-se rapidamente na Alemanha. Hitler precisava


do apoio de Reichswehr para realizar o rearmamento alemão, mas a As potências, alarmadas com o rearmamento germânico, decidiram,
maioria dos generais mantivera-se até então numa atitude de expectativa na Conferência de Stresa (abril de 1935), formar uma frente anti-alemã,
em relação ao novo governo. A pretensão das tropas SA, manifestada por condenando o repúdio unilateral de qualquer tratado de fronteiras na
seus chefes em múltiplas ocasiões, de se transformarem em exército Europa e garantindo a independência da Áustria. Observe-se, porém, que
nacional, horrorizava os militares profissionais, educados na Escola von a declaração de Stresa, subscrita pela Grã-Bretanha, França e Itália, não
Seeckt. Parecia-lhes um absurdo entregar aquela pequena, mas proibia a alteração de fronteiras fora da Europa, não impedindo a
eficientíssima máquina, que era Reichswehr, nas mãos dos turbulentos Mussolini a conquista da Etiópia ...
"camisas pardas", acostumados apenas a combates de rua. Hitler
inclinava-se a dar razão aos generais, o que vinha contra os interesses Em represália às decisões de Stresa, Hitler denunciou, em 21 de maio
dos SA mais radicais. Em alguns círculos da milícia nazista, já se falava de 1935, todas as cláusulas militares do Tratado de Versalhes.
na necessidade de uma segunda revolução que restituísse ao Partido o Manifestando, como sempre, seus objetivos pacíficos, o Führer restituía à
ímpeto inicial. Alemanha a liberdade de ação no campo dos armamentos.

As execuções sumárias levadas a cabo na noite de 29 para 30 de


Junho de 1934, realizadas por ordem expressa do Führer, passaram à

História 9
APOSTILAS OPÇÃO
Segunda Guerra Sino-japonesa

Soldados chineses fracamente armados, em marcha.

Em 1936, o governo japonês assinou com a Alemanha o Pacto Anti-


Komintern (anticomunista) com o objetivo de combater o comunismo
soviético, URSS a principal liderança comunista da Europa e Ásia. Devido
a cultura militarista do Japão, um país de poucos recursos, eles
planejaram conquistar todos os territórios da Ásia, o que incluía, a Coréia,
a China e as ilhas do Pacífico. Porém o Tratado de Versalhes impedia as
ambições japonesas, o que eles consideravam uma traição por parte das
O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da potências vencedoras da 1ª Guerra, pois o Japão ficou do lado delas,
marinha de guerra germânica, iniciou negociações secretas com os então eles se aliaram a Alemanha, cuja política expansionista ia ao
alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18 de junho de 1935, a encontro das ambições japonesas de conquistas territoriais.
Europa soube, estarrecida, que Londres permitia aos nazistas a
construção de uma frota de alto-mar, equivalente a 1/3 da marinha
britânica, com uma proporção ainda maior de submarinos. Tal acordo A Guerra Sino-Japonesa pode ser dividida em dois períodos:
equiparava a força naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris
uma profunda irritação contra os ingleses, que haviam agido em função de Primeiro Período 1937-1941
seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma
Alemanha cada vez mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os A guerra sino-japonesa divide-se em dois grandes períodos: o
franceses procuraram então se aproximar da Itália, como um meio de primeiro deles, denominado de período crítico, teve seu início em julho de
barrar o caminho à Alemanha. O principal propugnador dessa nova 1937 quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as
orientação política da França foi o Primeiro-Ministro francês Pierre Laval. províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shanxi, Chamar e Suyan)
com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do "Memorial
Tanaka". Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam mais ao
Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o sul Cantão, uns anos depois Hong Kong (que era colônia inglesa) e partes
que vinha servir seus planos imperialistas. O fascismo consolidara-se de Macau, nomeadamente Lapa, Dom João e Montanha. Os invasores
internamente, e a população italiana atingira um nível de prosperidade tiveram seu caminho facilitado por encontrarem pela frente uma China
material até então jamais alcançado. Fiume fora definitivamente politicamente desorganizada, onde a rivalidade militar entre nacionalistas
incorporada à Itália, mediante a concordância iugoslava. Satisfaziam-se e comunistas havia sido suspensa a contra gosto, vendo-se ainda
assim as reivindicações nacionalistas italianas. subdividida em várias "autoridades locais", que se mostraram relutantes
em oferecer-lhes uma resistência efetiva e coerente.
Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a Mesmo assim Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung assinam um acordo
estimularem constantemente o povo, conservando-o sempre excitado, a em 22 de setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu
fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que a projeto de um governo revolucionário e passavam a designar sua área de
população italiana se habituasse à rotina, diminuindo o apoio ruidoso que domínio como Governo Autônomo da Região Fronteiriça, enquanto o
lhe prestava e que afagava sua volúpia de poder. Devido a seu Exército Vermelho mudou seu nome para ser o Exército Revolucionário
temperamento, era um líder que precisava de grandes gestos e de atos Nacional, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek
igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações
houvesse feito uma administração de incontestável valor na Itália, isso não anticomunistas.
lhe bastava. Sua concepção histórica impelia-o a imitar Júlio César,
fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade, fruto do
tríplice rótulo de administrador, estadista e conquistador. desenvolvimento industrial do país. A ofensiva-relâmpago deles
rapidamente ocupou Pequim em 8 de agosto de 1937, em seguida
Cronologia da Segunda Guerra Mundial capitularam Tientsin e Shangai. Depois de quebrarem a encarniçada
resistência das tropas chinesas, que lhes resistiram por três meses numa
O início da guerra batalha nas ruas de Shangai, os japoneses marcharam para dentro do
Não existe um consenso sobre a data precisa em que o conflito foi continente e, logo depois, em 13 de dezembro de 1937 entram em
iniciado, mas duas datas são marcantes: a invasão da China pelo Japão, Nanquim.
em 1937, e a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939.

História 10
APOSTILAS OPÇÃO
Invasão de Nanquim França. Os alemães visavam contornar as poderosas fortificações
Nanquim, era a antiga capital imperial, e também ex-sede do governo francesas da Linha Maginot, construídas anos antes na fronteira da
nacionalista de Chiang Kai-shek. Os soldados japoneses sob o comando França com a Alemanha. Com os britânicos e franceses julgando que se
do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 a repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à
invasão de Nanquim". Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os combinação de ofensivas de pára-quedistas com rápidas manobras de
nipônicos controlam amplas margens do Mar da China, ocupando uma blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria
boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio motorizada (a chamada "guerra-relâmpago" - Blitzkrieg, em alemão), os
ocidental. Apesar das simpatias americanas e britânicas inclinarem-se alemães derrotaram sem grande dificuldade as forças franco-britânicas,
para os chineses, devido à rivalidade colonial que tinham com os destacadas para a defesa da França. Nesta fase, ocorre a famosa retirada
nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada podem fazer de prático para das forças aliadas para a Inglaterra por Dunquerque. O Marechal Pétain
ajudá-los. assumiu então a chefia do governo em França, que ficou conhecido como
o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a
colaborar com os alemães.
Este período de seguidos triunfos japoneses chegou ao seu clímax
com a invasão de outras partes da Ásia pelo Exército e pela Marinha
Imperial (Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia), seguida da A guerra na África e Afrika Korps
desastrosa decisão do Micado de estender a guerra aos Estados Unidos.

O surpreendente ataque japonês à base naval americana de Pearl


Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a
espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando
como conseqüência disso as atividades bélicas no fronte da China.

Segundo período da guerra sino-japonesa - 1941-1945


No segundo período, que vai de dezembro de 1941 até agosto de
1945, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses,
enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas
escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang O 39º Grupo de Panzerjäger avança pelo deserto.
Kai-shek após sete meses de infrutífera resistência, ordenara a adoção da
política de "vender espaço para ganhar tempo", que implicava na renúncia A Setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs,
de enormes extensões territoriais chinesas. Ao mesmo tempo em que as tropas italianas destacadas na Líbia sob o comando do Marechal
recuavam, as tropas nacionalistas dedicaram-se à tática da destruição Graziani, uma vez livres da ameaça das forças francesas estacionadas na
sistemática da infra-estrutura rural e urbana das regiões que fatalmente Tunísia iniciaram uma série de ofensivas contra o Egito, então colônia da
seriam ocupadas pelos invasores, tal como a explosão de diques do Rio Grã-Bretanha, com vista a dominar o canal de Suez e depois atingir as
Amarelo, que provocou a inundação de milhares de quilômetros reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico.
quadrados de terras aráveis, arrasando e arruinando por muitos anos as
propriedades camponesas, mas que somente atrasou o japoneses em três
meses, ou o incêndio precipitado de Changsha, a capital de Hunan (fruto Os efetivos ingleses destacados no norte da África e que compunham
do pânico das tropas chinesas em debandada). o então designado XIII Corpo de Exército, comandado pelo General
Wavell, após alguns reveses iniciais realizaram uma espetacular contra-
ofensiva contra as forças italianas que, apesar de sua superioridade
Início da guerra na Europa numérica foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos
O plano de expansão do governo envolvia uma série de etapas. Em os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos
1938, com o apoio de parte da população austríaca, o governo nazista a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos
anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss.Em seguida, prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões.
reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os
Sudetas (região montanhosa da Checoslováquia). Como esta não estava
disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma Como a situação que surgia na África era crítica para as forças do
conferência internacional em Munique. Na conferência de Munique, em Eixo, Adolf Hitler e o Oberkommando der Wehrmacht (OKW) decidiram
setembro de 1938, ingleses e franceses, seguindo a política de enviar tropas alemãs a fim de não permitir a completa desagregação das
apaziguamento, cederam à vontade de Hitler, concordando com a forças italianas. Cria-se dessa forma em Janeiro de 1941 o Afrika Korps
anexação dos Sudetos. (Corpo Expedicionário Alemão na África), cujo comando foi passado ao
então Leutenantgeneral (Tenente-General) Erwin Rommel, que
A 1 de Setembro de 1939, o exército alemão lançou uma forte posteriormente se tornaria uma figura legendária sob a alcunha de "A
ofensiva de surpresa contra a Polônia, com o principal objetivo de Raposa do Deserto". Foram enviadas a África duas divisões alemãs em
reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o auxílio aos Italianos, a 5a. Divisão Ligeira e a 15a. Divisão Panzer. Os
objetivo secundário de expandir o território alemão. As tropas alemãs Alemães, sob o hábil comando de Rommel, conseguiram reverter a
conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês. A União iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora
Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha contra as forças britânicas enfraquecidas (muitos efetivos britânicos
nazi e ocupou a parte oriental da Polônia. A Grã-Bretanha e a França, haviam sido desviados para a campanha da Grécia, então sob pressão do
responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não Eixo) empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de
entrando, porém, imediatamente em combate. A Itália, nesta fase, batalhas memoráveis como El Agheila, El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk
declarou-se "país neutro". e Marsa Matruh os alemães e italianos são detidos por falta de
combustível e provisões na linha fortificada de El Alamein, uma vez que o
A guerra relâmpago Mediterrâneo encontrava-se sob domínio da marinha britânica.
Finalmente, a Outubro de 1942, após 4 meses de preparação os
A 10 de Maio de 1940, o exército alemão lançou uma ofensiva,
Britânicos contra-atacaram na Segunda Batalha de El Alamein, sob o
também de surpresa, contra os Países Baixos, dando início a Batalha da
comando do General Montgomery. Rechaçadas pelas bem supridas forças
História 11
APOSTILAS OPÇÃO
britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo de volta à território da Rússia propriamente dita. Aqui o avanço das tropas alemãs foi
Líbia de forma a encurtar suas linhas de suprimento e ocupar posições interrompido pela primeira vez, dada a forte resistência oposta pelas
defensivas mais favoráveis. Entretanto, dias depois, a 8 de Novembro, as tropas soviéticas, porém a cidade foi conquistada a 16 de julho.
forças do Eixo recebem a notícia de que estão sendo cercadas pelo oeste
por forças norte-americanas do 1o. Exército Aliado que haviam
desembarcado em Marrocos através da Operação Tocha. Pelo leste, o 8o. O exército sul prosseguiu mais vagarosamente do que os outros dois,
Exército Britânico continua o seu avanço, empurrando as forças ítalo- sendo forçado a combater no terreno dos pântanos Pripet, o que reduzia a
alemãs para a Tunísia. Finalmente, cercado pelos exércitos americano e velocidade dos avanços. Apesar disso, conseguiu empurrar o grupo sul do
britânico e sem a guia de seu audacioso comandante, pois Rommel havia exército vermelho até a cidade de Kiev, onde seu avanço foi interrompido.
sido hospitalizado na Alemanha, o "Afrika Korps" e o restante do Aproveitando-se do fato de que o exército central havia avançado muito
contingente italiano na África do Norte, totalizando mais de 250 mil mais adiante, os alemães deslocaram boa parte desse segundo grupo de
homens e reduzidos à inatividade pela falta de suprimentos e de apoio exércitos para o sul, conseguindo assim envolver um enorme grupo de
aéreo, se rendem aos aliados na Tunísia em maio de 1943, dando fim à divisões no que ficou conhecido como o bolsão de Kiev. O resultado foi a
guerra na África. captura de 700 mil soldados soviéticos, o que resultou praticamente na
destruição do grupo sul do exército vermelho. A luta pela captura da
capital da Ucrânia prosseguiu até 26 de setembro.
A invasão da URSS
Em 22 de Junho de 1941, os exércitos do eixo lançaram-se à Após esta operação, o grupo sul do exército lançou-se à captura da
conquista do território soviético, com a chamada Operação Barbarossa. península da Criméia. Esta operação seria concluída a 30 de outubro, com
Os exércitos do eixo contavam com 180 divisões, entre tropas alemãs, o cerco da cidade de Sebastopol que, no entanto, só foi capturada em
italianas, húngaras, romenas e finlandesas, num total de mais de três Julho de 1942. A cidade de Odessa, sitiada por tropas romenas desde os
milhões e meio de soldados. A estes se opunham 320 divisões soviéticas, primeiros dias da guerra, só foi tomada em setembro. Após capturar o
num total de mais de seis milhões de homens; porém apenas 160 destas território da Criméia, os alemães voltaram-se para o Cáucaso, chegando a
divisões estavam situadas na região de fronteira com a Alemanha Nazi. tomar Rostov a 21 de novembro. Entretanto, a cidade foi retomada pelos
Grande parte das tropas soviéticas estavam estacionadas na região leste soviéticos poucos dias depois, a 27 de novembro.
do país, na fronteira com a China ocupada, antecipando a possibilidade de
mais um ataque japonês contra a União Soviética, conforme acontecera
em março de 1939. As tropas do exército central uniram-se a várias unidades do grupo
norte e iniciaram a operação que tinha por objetivo envolver a cidade de
Moscou, a 30 de setembro de 1941. Inicialmente as tropas do eixo
A ofensiva era amplamente esperada, pois a invasão da União prosseguiram com velocidade, capturando Bryansk, Orel e Vyazma, numa
Soviética fazia parte do discurso nazista desde o surgimento do partido, batalha em que foram cercados e capturados 650.000 homens, no que
tendo sido fortemente pregada por Adolf Hitler em seu livro "Mein Kampf" seria o último grande envolvimento em 1941. As tropas alemãs
e estado presente em diversos de seus pronunciamentos políticos continuaram avançando até capturarem a cidade de Tula, a 165
anteriores até mesmo ao início da guerra. Relatórios de serviços secretos quilômetros da capital russa, que passou a sofrer bombardeamentos
davam conta da iminência da invasão, partindo não somente da aéreos. Entretanto, o avanço do exército alemão foi barrado, e as pinças
espionagem soviética mas também de informações obtidas pelos ingleses norte e sul do ataque não puderam se encontrar, fechando o cerco.
e norte-americanos. A mobilização de grande número de tropas alemãs Apesar das gigantescas perdas que o exército vermelho havia sofrido, os
para a região de fronteira também foi percebida. Os soviéticos já vinham soviéticos conseguiram formar novas divisões de conscritos, trazendo
tomando medidas contra a invasão desde a década de 30, aumentando também para a frente oeste tropas anteriormente localizadas na região
exponencialmente o contingente de seu exército. leste do país, repondo suas perdas e conseguindo dar combate aos
alemães.
Apesar de tudo isto, a invasão começa a 22 de junho de 1941 veio
como uma surpresa, pois não se esperava que a Alemanha atacasse a No dia 6 de dezembro, em pleno inverno, começou a contra-ofensiva
URSS antes que a Inglaterra se retirasse da guerra, conforme se previa. O dos russos, chefiada pelo general Georgy Zhukov. Utilizando
resultado disto foi uma enorme vantagem tática para as tropas alemãs nos equipamentos novos como os tanques T-34 e os morteiros foguetes
primeiros dias da guerra, o que permitiu o envolvimento de grande número Katyusha, o exército vermelho conseguiu retomar uma quantidade
de divisões do exército vermelho e a destruição de grande parte dos significativa de território, afastando definitivamente a ameaça que pairava
aviões soviéticos ainda nas suas bases, antes mesmo que conseguissem sobre sua capital.
levantar vôo.

Em 1942, o exército alemão já não se encontrava em condições de


As tropas do eixo foram divididas em três grupos de exércitos: norte, tentar uma nova ofensiva contra Moscou, que também seria
central e sul. O grupo norte atravessou os países bálticos (Lituânia, demasiadamente previsível. A Wehrmacht voltou-se então contra a região
Letônia e Estônia) e marchou contra Leningrado , que foi atacada ao do Cáucaso, de grande importância econômica e militar devido a seus
mesmo tempo pelos finlandeses, mais ao norte. A cidade foi recursos petrolíferos (reservas de petróleo soviéticas no Mar Cáspio),
completamente cercada a 8 de setembro de 1941; a partir de então só foi industriais e agrícolas. Além disso, a conquista da região permitiria
possível abastecê-la pela rota que atravessava o lago Ladoga, bloquear o rio Volga. A operação de captura do Cáucaso foi chamada de
constantemente vigiada pelos aviões alemães. O resultado foi uma grave operação Azul e teve início em 28 de junho de 1942. No final do mês de
crise de fome, que segundo as estimativas teria vitimado por volta de um julho os alemães já haviam avançado até a linha do rio Don e começaram
milhão de civis. A partir de 20 de novembro de 1941, foi possível os preparativos para o envolvimento da cidade de Stalingrado, defendida
estabelecer uma rota segura para Leningrado através do lago congelado, pelas tropas do General Chuikov. A cidade sofreu pesados
devido à recaptura do eixo ferroviário na cidade de Tikhvin, o que permitiu bombardeamentos aéreos.
a evacuação de civis, melhorando a situação da cidade. O cerco de
Leningrado só foi completamente levantado em Janeiro de 1944.
No fim de Agosto, a cidade foi cercada ao norte e no 1.º de setembro
as comunicações ao sul também foram interrompidas. A partir de então,
O exército central foi o que progrediu mais rapidamente, tendo as tropas que combatiam na cidade só puderam ser abastecidas através
conquistado completamente a cidade de Minsk a 29 de junho de 1941, do rio Volga, constantemente bombardeado pelos alemães. A batalha pela
operação que resultou na captura de 420 mil soldados do exército cidade durou três meses, conhecendo avanços e recuos de ambas as
vermelho. A ofensiva prosseguiu com o grupo central marchando através partes, com lutas sangrentas pela conquista de simples casas, prédios ou
da Bielorússia até atingir a cidade de Smolensk, penetrando finalmente no fábricas. O tipo de terreno resultante das ruínas da cidade arrasada
História 12
APOSTILAS OPÇÃO
favorecia o combate de infantaria, impedindo a utilização eficiente de Exército Vermelho frente à Wehrmacht. Apesar de imensas perdas
tanques. Milhares de civis aprisionados no interior da cidade foram humanas e matérias, a URSS foi a única nação da guerra a ser invadida
vitimados, principalmente em conseqüência dos bombardeamentos. Em territorialmente pela Werhmacht (então o maior, melhor treinado, mais
novembro, os alemães haviam alcançado a margem do rio Volga, bem equipado, e mais eficiente exército do mundo, cujos vários feitos em
impedindo o abastecimento das tropas soviéticas. eficiência e versatilidade em campo permanecem inigualados até hoje) a
ser capaz de se reorganizar, e, sem rendição ou acordos
colaboracionistas (como o do “Governo de Vichy”, na França), resistir,
Em novembro de 1942, os soviéticos iniciaram seu contra-ataque, combater, e efetivamente rechaçar as forças alemãs para fora de seu
batizado de Operação Urano, que tinha o objetivo de envolver as divisões território sem tropas externas atuando em seu território (como na
alemãs em Stalingrado. Em 19 de novembro, as tropas do general Vatutin, recuperação da França, por exemplo, precisou da ajuda maciça de tropas
que formavam a pinça norte do ataque, irromperam contra o flanco dos americanas e britânicas), e, mais importante, seguir um curso de vitórias
exércitos do Eixo, enquanto ao sul as tropas de Rokossovsky faziam o até a capital da Alemanha - terminando, na prática, a guerra: poucos dias
mesmo. Os alemães foram cercados pelo Exército Vermelho e as depois do suicídio de Hitler na Berlim já completamente ocupada pelo
tentativas de abastecê-los através de uma ponta aérea não tiveram Exército Vermelho, as forças alemãs assinaram sua rendição
sucesso. Uma tentativa de romper o cerco foi feita pelas tropas do General incondicional.
Manstein, numa operação chamada de Tempestade de Inverno, porém as
tropas cercadas no interior da cidade já estavam sem abastecimento há
um bom tempo e não tiveram condições de colaborar com as demais A reconquista da Europa
tropas alemãs. Os soviéticos continuavam seu contra-ataque (agora a
Operação Saturno), ameaçando envolver os exércitos de Manstein, que foi
forçado a abandonar sua tentativa de salvamento e retirar-se. A 2 de
fevereiro de 1943, os alemães remanescentes na cidade rendem-se. Mais
de 800 mil soldados do eixo, entre alemães, húngaros, romenos e
italianos, além de dois milhões de soviéticos, morreram nas operações
que envolveram Stalingrado e todo o restante do 6º Exército alemão,
comandado pelo Generalfieldmarschall (Marechal-de-Campo) Friedrich
Von Paulus, que obedeceu até o fim as ordens de Hitler de não romper o
cerco, sendo feito prisioneiro junto com o seu exército. A batalha de
Stalingrado dura cinco meses. Dos trezentos mil soldados alemães
encurralados no cerco, noventa mil morrem de frio e fome e mais de cem
mil são mortos nas três semanas anteriores à rendição. Devido às
rigorosas dificuldades do inverno nesse ano, que dificultava a subsistência
até da população local, um grande número dos soldados alemães, sem
proteção contra o frio nos campos de prisioneiros, não sobreviveu, sendo
que poucos retornaram a sua terra natal após a guerra. Após a tomada de
Stalingrado, as tropas soviéticas continuaram avançando e em fevereiro
de 1943 retomaram Kursk, Kharkov e Rostov, retomando completamente
Desembarque na costa da Normandia
a região do Cáucaso. A 20 de fevereiro, os alemães retomaram Kharkov,
formando uma saliência no front soviético em Kursk, o que teria
importantes conseqüências nos meses seguintes. A partir de 1943, os exércitos aliados foram recuperando território
passo a passo. Os soviéticos obrigaram os alemães a retroceder e os
norte-americanos ocuparam parte da Itália.
Os generais alemães e o próprio Hitler, após a queda de Stalingrado,
tinham noção que esse quadro de desestabilização geral estava
ocorrendo, e começaram a planejar medidas para reduzir seus efeitos. A 6 Junho de 1944, no chamado Dia D (D-Day), os Aliados efetuaram
Muitos oficiais preferiam esperar uma ofensiva soviética e contra-atacar – um desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que
a “ação de retaguarda” proposta por Manstein – buscando paralisar os participaram o Exército Britânico (lutando nas praias de Gold e Sword), o
russos com contra-ataques locais; outros militares defendiam que uma Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense
ofensiva deveria ser desfechada o quanto antes para incapacitar os (lutando em Juno). Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas,
soviéticos e depois esperar pelos ataques dos aliados ocidentais. Essa pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército
tática acabou sendo a escolhida por Hitler, resultando na “Operação Americano para os esconder, e torná-los um fator surpresa) afundaram. Já
Cidadela”, cognome do ataque contra a cidade de Kursk, onde estavam o Exército britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus
concentradas grandes forças russas que deveriam ser cercadas e tanques blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir
destruídas. Foi uma operação perdida desde o início para os alemães, minas) conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. A
pois os soviéticos tinham superioridade em artilharia, tanques, homens e Wehrmacht, não conseguiu responder ao ataque devidamente, pois o
aviões, o que talvez não fizesse tanta diferença se também não tivessem comandante da área (à época, General Erwin Rommel) não estava
as informações sobre os planos de ataque alemães – obtidas através da presente, pois seu carro havia sido bombardeado durante uma viagem à
rede de espiões comunistas “Orquestra Vermelha” na Alemanha – e Alemanha e, encontrava-se internado num hospital da Luftwaffe.
contassem com defesas em profundidade largamente preparadas na
região. A culminância dessa malfadada operação foi a Batalha de Kursk,
em julho de 1943, onde os alemães sofreram uma grande derrota e foram A juntar a este fato, a Wehrmacht era naquela zona principalmente
recuando até saírem da URSS e as forças soviéticas avançando em constituída por homens recrutados à força, em países invadidos pelos
direção à Alemanha. alemães. Especula-se também que, à hora da invasão, Hitler estaria a
dormir, e nenhum dos seus subalternos se atreveu a acordá-lo, ou a dar
ordem para que as divisões blindadas estacionadas no interior se
Embora o significado das batalhas entre Alemanha e URSS tenha dirigissem para a costa, a fim de deter a invasão. Outro fator que também
sido enormemente relativizado no mundo capitalista pós-guerra, por conta atrasou a movimentação das divisões blindadas para a zona costeira foi a
de questões ideológicas próprias da Guerra Fria (quando não era mais sabotagem, principalmente dos caminhos de ferro, por parte da resistência
conveniente ressaltar qualidades positivas do antigo aliado soviético...), o francesa. Na madrugada do dia 6, antes do desembarque, pára-quedistas
chamado fronte oriental foi onde aconteceram as mais ferozes batalhas, haviam já saltado atrás das linhas alemãs, embora de forma
com as maiores perdas civis e militares da história, e mostrou desorganizada, tendo por isso a maioria destes falhado os locais de
excepcionais tenacidade e capacidade de reorganização e aprendizado do aterragem. O objetivo destes pára-quedistas era neutralizar as peças de

História 13
APOSTILAS OPÇÃO
artilharia alemãs colocadas no interior, que naturalmente iriam a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em bases diferentes
bombardear as tropas aliadas assim que estas chegassem às praias. das da Liga das Nações. Definiu-se, ademais, a partilha mundial, deixando
à União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, incorporando os
territórios alemães a leste e definindo a participação da URSS na rendição
Após o desembarque na Normandia, seguiu-se a operação Market do Japão, com a divisão da Coréia em áreas de influência soviética e
Garden em Setembro de 1944, que tinha como um dos objetivos libertar norte-americana. Assim, lançavam-se as bases para a Guerra Fria.
os Países Baixos. Esta operação foi superior à Overlord no que respeita
ao número de soldados envolvidos (apenas pára-quedistas), mas resultou
num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os Entretanto, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegou ao
americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objetivo dos território alemão. Previamente, havia já sido estabelecido o avanço dos
Aliados era conquistar uma série de pontes nos Países Baixos, o que lhes dois exércitos, ficando a tomada de Berlim a cargo do Exército Vermelho.
permitiria atravessar o rio Reno. Esta decisão, tomada pelas esferas militares, foi encarada com apreensão
pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e
violações (estupro), que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em
A derrota do Eixo grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados
Apesar da evidente superioridade militar aliada, as tropas alemãs alemães na União Soviética (o país com o maior número de baixas civis e
resistiram durante meses, até que, em Dezembro de 1944, Hitler ordenou militares de toda a guerra, cerca de 20 milhões). A 30 de Abril de 1945,
uma contra-ofensiva na Bélgica, nas Ardenas. Os exércitos aliados, Adolf Hitler suicidou-se, quando as tropas soviéticas estavam a
desgastados devido a problemas logísticos, sustiveram com grande exatamente dois quarteirões de seu bunker.
dificuldade o avanço das tropas alemãs. Várias unidades aliadas foram
cercadas pelo avanço alemão, privando estes soldados de receberem
mantimentos e outros equipamentos, pelo que tiveram de sobreviver a um A 7 de Maio, o seu sucessor, o almirante Dönitz, assinou a
inverno rigoroso sem roupa adequada e com poucas munições. Eram capitulação alemã. A 14 de Agosto de 1945, o general Tojo do Japão
frequentes as incursões de soldados alemães, disfarçados de soldados rendeu-se incondicionalmente.
americanos, em áreas controladas pelos aliados para causar sérios
transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudanças A guerra no Pacífico
de placas, implantações de minas, emboscadas. Estes soldados alemães,
os primeiros comandos, estavam sob o comando do Oberst (Coronel) Otto
Skorzeny, que já libertara Mussolini, entretanto aprisionado em Itália.
Finalmente, a ofensiva alemã acabou por fracassar, e o custo em termos
militares acabou por fragilizar a posterior defesa do território alemão. Na
Itália, foi tomada a abertura ao Reno, com participação de forças
francesas, americanas e a Força Expedicionária Brasileira, fato que
facilitou o avanço aliado pelo sul.

Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências firmaram


acordos sobre seu encerramento, além de definirem partilhas,
inaugurando novos confrontos com potencial de desencadear uma
hecatombe nuclear. O primeiro dos acordos foi a Conferência de Teerã, no
Irã, em 1943.

Pilotos kamikaze japoneses levaram a cabo corajosas missões suicidas contra os


navios de guerra inimigos - em especial à armada dos Estados Unidos - inspirados
pelas idéias do xintoísmo nacional. Estas missões suicidas levadas a cabo eram
muito eficazes.

Por volta de 1940, o Japão, tinha já ocupado vários territórios no


Pacífico, e tentava agora aumentar a sua influência no Sudoeste Asiático
e no Pacífico.

Em Junho de 1941, o Japão, invade a Indochina. O governo dos


Estados Unidos da América, indignado, impõe sanções econômicas ao
Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa
atacou Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em
apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os
navios ancorados no porto, cinco navios de guerra e outros 15 foram
afundados ou destruídos.
Uma rua de Berlin destruída durante a Segunda Guerra Mundial.

No dia seguinte os EUA declaram guerra ao Japão, dando início à


Em Janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Josef
guerra do Pacífico.
Stalin reúnem-se novamente em Ialta, Ucrânia, já sabendo da
inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa
pós-guerra. Nesta conferência, fica decidido que todos os países Pearl Harbor
libertados deveriam realizar eleições livres e democráticas - o que não se O ataque aeronaval do Japão contra a base americana de Pearl
veio a verificar, nos países controlados pelo Exército Vermelho - e que a Harbor, no Havaí, deu início às hostilidades na região do Pacífico e
Alemanha teria de compensar os países que invadiu. Discutiu-se também precipitou a entrada dos Estados Unidos na segunda guerra mundial.

História 14
APOSTILAS OPÇÃO
O sucesso dos japoneses, devia-se à utilização de um pequeno
número de tropas, mas altamente treinadas e protegidas por uma força
aérea. Todos os seus conflitos durante a Campanha do Sul foram
combatidas por algumas divisões apenas, praticamente sem tanques ou
armas sofisticadas.

O fim da guerra

Pearl Harbor é o nome da base militar americana, localizada no


Havaí, atacada em 7 de dezembro de 1941 pelas forças japonesas
comandadas pelo almirante Isoroku Yamamoto. Participaram do ataque
360 aviões, dois cruzadores pesados, seis porta-aviões e 11
contratorpedeiros. Os japoneses puseram a pique cinco couraçados e dois
contratorpedeiros e destruíram 140 caças-bombardeiros. Três couraçados,
nove outras belonaves e oitenta aviões de combate foram seriamente
atingidos. Os Estados Unidos perderam ainda 2.330 homens e outros
1.145 ficaram feridos.

O objetivo dos japoneses não era desembarcar no Havaí, mas colocar


fora de combate os couraçados americanos. Devido à falta de um
planejamento estratégico, os atacantes não destruíram as instalações do
porto nem os sistemas de abastecimento de combustíveis e de
Nuvem em formato de cogumelo resultado da explosão nuclear sobre
eletricidade. Também escaparam à destruição três porta-aviões da frota
Nagasaki em 9 de agosto de 1945, que subiu 18 km
do Pacífico que não estavam em Pearl Harbor naquele dia. Os oficiais
japoneses acreditavam que, após o ataque, a Marinha dos Estados
Unidos seria obrigada a concentrar suas forças na costa americana, ante Já em 1944 a guerra na Ásia começava a progredir devagar, já não
a impossibilidade de conter a ofensiva do Japão no Pacífico. mantendo o ritmo inicial da guerra. Em Março de 1944, as forças
japonesas ocuparam a Birmânia e deram início a um ataque contra a
Índia, mas acabaram por ser derrotadas em Impanhal. No Norte da China,
as forças japonesas, começaram a enfrentar as forças comunistas de Mao
Zedong. A Guerra Sino-Japonesa, que mobilizava mais de um milhão de
homens, gastava mais recursos que a Campanha do Sul. Em 1944, depois
de lançada a última ofensiva em Ichi Go, o Império japonês, tomou grande
parte do Sul da China Central, estabelecendo uma ligação terrestre com a
Indochina.

A quando a vitória japonesa na China, as forças Aliadas do Pacífico


haviam chegado perto do arquipélago nipônico. Em 1945, a captura das
ilhas de Iwo Jima (em Fevereiro) e Okinawa (em Abril), pelos Aliados,
trouxeram o Japão para dentro do alcance de ataques aéreos e navais,
começando assim os bombardeamentos a fábricas e instalações militares
na ilha principal. Esses bombardeamentos, executados por bombardeiros
norte-americanos B-29 entre Março e Junho, acabaram por destruir 58
cidades japonesas, matando mais de 393 000 civis.
Kamikaze

Em inícios de Agosto o Imperador Hirohito, verificando as elevadas


Uma comissão da Suprema Corte de Justiça de Washington
perdas nos últimos conflitos, autorizou que o embaixador japonês na
responsabilizou pelo desastre o general Walter Short, comandante das
União Soviética contatasse Estaline para apresentar uma rendição do
forças de terra no Havaí, e o contra-almirante Husband Kimmel,
Japão. Estaline recebeu a mensagem algumas horas antes da conferência
comandante da frota do Pacífico. Investigações posteriores
dos Aliados na Alemanha, apresentando assim a rendição japonesa a
demonstraram, porém, que era deficiente a cooperação entre o alto
Harry Truman. Os Aliados pediam ao Japão uma rendição incondicional,
comando, na capital, e as forças no Pacífico. ©Encyclopaedia Britannica
contudo o Japão decidiu não responder devido aos termos de rendição
do Brasil Publicações Ltda.
dos Aliados não especificarem o futuro do Imperador — visto como um
deus para o povo japonês — tal como o sistema imperial. Harry Truman,
Apenas duas horas após o ataque que deu início oficial à guerra do após a sua chegada à conferência, recebeu uma mensagem que indicava
Pacífico, o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de que o teste da bomba atómica "Trinity" tinha sido bem sucedido; decidido
vários territórios da Ásia e do Pacífico. Em Abril de 1942, o Japão, tinha já a ganhar a guerra utilizando o projecto Manhattan deu indicações a
conquistado esses vastos territórios; controlando Hong Kong, a Malásia, Estaline para ignorar a mensagem japonesa e Estaline também com a
Singapura — a qual a Grã-Bretanha abandonou a 15 de Fevereiro de idéia de ganhar territórios no Pacífico, ilhas conquistadas pelo Japão,
1942, a Indonésia, as Filipinas, a Birmânia e outras ilhas no Pacífico. concordou com Truman.
História 15
APOSTILAS OPÇÃO
A 6 de Agosto, a bomba atômica "Little Boy", foi lançada sobre de 1942, submarinos supostamente alemães iniciaram o torpedeamento
Hiroshima do B-29 "Enola Gay", pelo "esquadrão Atômico", contudo esta de embarcações brasileiras no oceano Atlântico. Em apenas cinco dias,
bomba não teve o efeito esperado, não tendo qualquer reação no seis navios foram a pique.
Imperador Hirohito e do Gabinete de Guerra japonês. Muito do povo
japonês desconhecia ainda o ataque a Hiroshima, pois as estações de
rádio e jornais não relataram nada sobre o ataque, apenas sobre um novo Durante 239 dias, entre Setembro de 1944 e Maio de 1945, 25445
tipo de bomba desenvolvido. soldados e oficiais brasileiros combateram na Itália. Tais confrontos
resultaram em 456 mortos e 2722 feridos. A Força Expedicionária
Brasileira (FEB) capturou 14779 soldados inimigos, oitenta canhões, 1500
viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em oito batalhas.

A participação do Brasil na guerra contribuiu para o fim do regime do


Estado Novo, como foi denunciado pelo Manifesto dos Mineiros de 1943.

Diplomata japonês assina a rendição a bordo do couraçado USS Missouri.

A 8 de Agosto de 1945 a União Soviética declarou guerra ao Japão,


como tinha concordado na conferência, e lançou uma invasão (Operação
Tempestade de Agosto, August Storm) em grande escala à Manchúria,
que se encontrava ocupada pelo Japão — tal invasão é reconhecida pelos Monumento aos Pracinhas, Rio de Janeiro, Brasil.
japoneses como o que teve mais efeito para o fim da guerra.
Em troca do apoio brasileiro, Roosevelt financiou a construção de
Truman decidiu não esperar por uma resposta do Japão, ordenando uma gigantesca siderúrgica, a CSN (Compania Siderúrgica Nacional),
assim o lançamento de uma segunda bomba atômica, a "Fat Man" que foi para incentivar a economia brasileira e fornecer aço à frente aliada (porém
lançada pelo B-29 "Bock's Car" sobre Nagasaki a 9 de Agosto. o término da siderúrgica só aconteceu em 1946). Além disso, foi instalada
uma base militar no município de Parnamirim, vizinho a capital Natal, no
estado do Rio Grande do Norte, encarregada de treinamento militar e
A 14 de Agosto o Japão rende-se incondicionalmente, após aquelas produção de armamentos. Essa base, de tão importante que foi para o
cidades terem sido atingidas pelos engenhos nucleares, que causaram sucesso no desembarque na Normândia, foi apelidada na época de
cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado "Trampolim da Vitória", devido ao grande "salto" que ela proporcionou
de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. As para a frente aliada.
chefias militares norte-americanas justificaram esta ação afirmando que
uma invasão do Japão teria custos elevados em termos de vidas de
soldados americanos. Por mais que a atuação do Brasil tenha sido relativamente pequena,
foi considerável o auxílio da FEB, da produção de aço e do "trampolim da
vitória", que foram de grande importância no resultado geral.
O Japão assinou a rendição a bordo do USS Missouri, na baía de
Tóquio, no dia 15 de Agosto, sendo celebrada a vitória nesse dia,
conhecido como Dia V-J. Portugal na Guerra
Durante a Segunda Grande Guerra, Portugal era governado sobre
uma ditadura de direita, designada por Estado Novo e chefiado por
Brasil na Guerra Salazar. Oficialmente Portugal declarou em 1939 a neutralidade, apesar
da Aliança Luso-Britânica de 1373, sendo mantido o estado de
neutralidade até ao final das hostilidades.

O Estado Português, em Março de 1939, assina um Tratado de


Amizade e Não Agressão com a Espanha nacionalista, representada pela
Junta de Burgos e pelo Nuevo Estado dirigido por Franco, recusando o
convite do embaixador italiano, em Abril do mesmo ano, para aderir ao
Pacto Anti-Komintern, aliança da Alemanha, Itália e Japão contra a
ameaça comunista.

Em Agosto de 1939, a Grã-Bretanha assina um acordo de cooperação


militar com Portugal, aceitando apoiar diretamente o esforço de
Soldados brasileiros após a batalha de Monte Castelo di Vibio, Itália no dia rearmamento e modernização das forças armadas portuguesas. Todavia,
(ou pouco depois de) 22 de Fevereiro de 1945. o acordo só começará a ser cumprido a partir de Setembro de 1943.

Embora estivesse sendo comandado por um regime ditatorial O embaixador Aristides de Sousa Mendes em França (1939-1940)
simpático ao modelo fascista (o Estado novo getulista), o Brasil acabou ajudou dezenas de milhares de refugiados, nomeadamente judeus a fugir
participando da Guerra, junto aos Aliados. O motivo foi que em Fevereiro via Lisboa, para os Estados Unidos, emitindo vistos à revelia do Governo
História 16
APOSTILAS OPÇÃO
de Salazar. Após a queda da França em Julho de 1940, foi detido em Muitos dos prisioneiros de guerra alemães e italianos foram trabalhar
Lisboa, e proibido de exercer Advocacia, nunca foi perdoado por Salazar. na reconstrução da Grã-Bretanha e da França. Cerca de 100 mil
Em 1966, Israel dá-lhe o título de "Justo entre as nações". Após a prisioneiros foram enviados para a Grã-Bretanha e cerca de 700 mil para a
revolução de Abril foi-lhe atribuída a título póstumo a Ordem da Liberdade França. Além disso, os milhares de soldados presos pelos soviéticos
em 1987, e a Cruz de Mérito em 1998. continuaram em cativeiro, diferentemente dos prisioneiros pelos aliados,
que foram libertados entre 1945 e 1948.
No dia 29 de Junho de 1940, Espanha e Portugal assinam um No início dos anos 50, alguns prisioneiros alemães foram libertados
protocolo adicional ao Tratado de Amizade e Não Agressão. pelos russos, mas somente em 1955, após a visita de Konrad Adenauer à
URSS é que os restantes prisioneiros ainda vivos foram libertados e
Em 1941, o Japão invade Timor-Leste, e ocupa as ilhas de Lapa, São retornaram a sua terra natal após até 14 anos de cativeiro.
João e Montanha pertencentes à República da China e divide a
administração com o Governo Português de Macau. Macau chegaria a ser Perdas humanas. O Holocausto
bombardeado pelos aliados (Estados Unidos da América). As ilhas
voltariam após o fim da guerra à soberania chinesa.

Com o virar da guerra, Portugal assina um Acordo Luso-Britânico, em


Agosto de 1943, concedendo à Grã-Bretanha, a base das Lajes nos
Açores, e em 1944 aos Estados Unidos até actualmente.

Comercialmente, Portugal exportava produtos para os países em


conflito, como açúcar, tabaco, e tungstênio. O tungstênio cujo preço subiu
em flecha desde o início das exportações, sendo que para a Alemanha, a
exportação foi interrompida em 1944 por imposição dos Aliados. Até ao
final da guerra as exportações para a Alemanha foram pagas com ouro
canalizado via Suiça.
Campo de concentração de Buchenwald. Fotografia tirada no dia da
Com o final da guerra, o governo de Salazar decretou luto oficial de libertação do campo pelas tropas aliadas em Abril de 1945.
três dias pela morte de Hitler aquando da sua morte, em 1945.
Avalia-se em 50 ou 60 milhões o número de pessoas que morreram
em consequência da guerra. As perdas foram superiores na Europa
Tecnologias Oriental: estimam-se 17 milhões de mortes civis e 12 milhões de mortes
A tecnologia bélica evoluiu rapidamente durante a Segunda Guerra militares para a União Soviética, 6 a 7 milhões para a Polônia
Mundial e foi crucial para determinar o rumo da guerra. Algumas das (primariamente civis), enquanto que na França o número rondaria os 600
principais tecnologias foram usadas pela primeira vez, como as bomba 000.
nucleares, radar, fuzil mais rápido, mísseis balísticos, e processadores
analógicos de dados (computadores primitivos). Enormes avanços foram O Holocausto comandado pelas autoridades nazis, como parte da
feitos em aeronaves, navios, submarinos e tanques. Muitos dos modelos "solução final" para o "problema judeu", levaria ao genocídio de cerca de
usados no início da guerra se tornaram obsoletos quando a guerra seis milhões de judeus nos campos de concentração, para além de outras
acabou. Um novo tipo de navio foi adicionado aos avanços: navio de pessoas consideradas indesejáveis, como membros da etnia cigana,
desembarque anfíbio (usado no Dia D). eslavos, homossexuais, portadores de deficiência, Testemunhas de Jeová
Consequências da Segunda Guerra Mundial e dissidentes políticos. Milhares de judeus eram usados como cobaias em
diversas experiências, o que acarretou a propagação de doenças como
tifo e tuberculose. Após a guerra cresceram as pressões sobre a Grã-
Materiais Bretanha para o estabelecimento de um estado judaico na Palestina; a
Os Aliados determinaram pagamentos de guerra às nações fundação do estado de Israel em 1948 resolveria a questão dos judeus
derrotadas para a reconstrução e indenização dos países vencedores, sobreviventes na Europa, já que parte considerável deles migrou para o
assinado no Tratado de Paz de Paris. A Hungria, Finlândia e Romênia foi novo estado.
ordenado o pagamento de 300 milhões de dólares (valor baseado no valor
do dólar em 1938) para a União Soviética. A Itália foi obrigada a pagar o Territoriais
correspondente a 360 milhões de dólares de indenizações cobrado pela As transformações territoriais provocadas pela Segunda Guerra
Grécia, Iugoslávia e União Soviética. começaram a ser delineadas pouco antes do fim desta. A Conferência de
Ialta (4-12 de Fevereiro de 1945) teria como resultado a partilha entre os
Estados Unidos e a União Soviética de zonas de influência na Europa.
No fim da guerra, cerca de 70% da infra-estrutura européia estava Alguns meses depois a Conferência de Potsdam, realizada já com a
destruída. Os países membros do Eixo tiveram que indenizar os países derrota da Alemanha, consagra a divisão deste país em quatro zonas
Aliados em mais de 2 bilhões de dólares. administradas pelas potências vencedoras. No lado Oriental, ficaria a
administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a
Com a derrota do Eixo, a Alemanha teve todos os recursos administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e
financeiros e materiais transferidos para os Estados Unidos e a União Inglaterra, tendo estas duas últimas desistido da incumbência.
Soviética, além de ter todas as indústrias desmanteladas para evitar um
novo rearmamento como forma de vingança. A Itália perderia todas as suas colônias; a Ístria acabaria por ser
integrada na Jugoslávia, tendo também sofrido pequenas alterações
fronteiriças a favor da França.
Prisioneiros de guerra
Com a derrota e posterior separação da Alemanha, cerca de 3 mil O território da nação polaca desloca-se para oeste, integrando
civis alemães viraram prisioneiros de guerra tendo que trabalhar em províncias alemãs (Pomerânia, Brandemburgo, Silésia), colocando a sua
campos de trabalhos forçados no Gulag, na Rússia. Apenas em 1950, os fronteira ocidental até aos cursos do Oder e do Neisse. A URSS progrediu
civis puderam ter a sua liberdade e voltar para a Alemanha. igualmente para oeste, graças principalmente à reversão das perdas

História 17
APOSTILAS OPÇÃO
territoriais sofridas pelo Pacto de Brest-Litovsk: houve a criação da Introdução
República Socialista Soviética da Bielorússia (numa área de maioria étnica A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os
bielorussa, mas que havia sido concedida à Polônia), e também a Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política,
ampliação da Ucrânia, que também havia perdido território, duas décadas econômica e militar no mundo.
antes, para a Polônia.
A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na econo-
O Japão teve que abandonar, de acordo com o estabelecido no mia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta
acordo de paz de 1951 com os Estados Unidos, a Manchúria e a Coréia, de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia
além dos territórios que havia conquistado durante o conflito. Nos anos 70, a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado,
os Estados Unidos devolvem Okinawa ao Japão. sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da
década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em
Políticas outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconte-


ceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar decla-
rado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes
dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um
conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente,
da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos
em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.

Paz Armada
Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a exis-
tência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida
armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e
nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas
potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimi-
Instalações da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. A go. Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era
fundação da ONU foi uma das consequências da guerra. defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organi-
zação do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era
No plano das relações internacionais, o fracasso da Sociedade das liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros,
Nações em evitar a guerra levaria à criação de uma nova instituição, a principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comanda-
Organização das Nações Unidas. Fundada em Junho de 1945, apresentou do pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.
como objetivos assegurar a paz e a cooperação internacional. Uma das Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália,
razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações foi a igualdade Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holan-
entre países pequenos e grandes, que bloqueava o processo de tomada da, Dinamarca, Áustria e Grécia.
de decisões. A ONU vai distinguir na sua organização interna cinco
grandes países, tidos como detentores de maiores responsabilidades, e os Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, Chi-
restantes; estes cinco países possuem assento permanente no Conselho na, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Albânia,
de Segurança, principal órgão da ONU, onde possuem direito de veto. Os Tchecoslováquia e Polônia.
outros membros do Conselho de Segurança são seis países eleitos
rotativamente. Corrida Espacial
EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere
As principais potências imperialistas (França e Inglaterra) saíram da
aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos signifi-
Guerra completamente arrasadas, tornado insustentável a manutenção de
cativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as
seus vastos territórios coloniais. Foi durante essa época que iniciou-se o
potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema
movimento de descolonização afro-asiática.
mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um
cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em
A Segunda Guerra Mundial provocou igualmente o fim da hegemonia
1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do ho-
mundial da Europa e a ascensão de duas superpotências, os Estados
mem a lua, com a missão espacial norte-americana.
Unidos da América e a União Soviética, que seriam os protagonistas da
cena internacional durante o período conhecido como a Guerra Fria.
Caça às Bruxas
A GUERRA FRIA Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em seu
território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propa-
gandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha
valorizando o "american way of life". Vários cidadãos americanos foram
presos ou marginalizados por defenderem idéias próximas ao socialismo.
O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy,
perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos
países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com
tudo que havia de ruim no planeta.
Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus inte-
grantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não
seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por
exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e
espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem
norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB
Construção do Muro de Berlim faziam os serviços secretos soviéticos.

História 18
APOSTILAS OPÇÃO
"Cortina de Ferro" dial do Comércio (OMC), que visa promover e regular o comércio entre as
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de nações. Os países membros se comprometem a derrubar tarifas alfande-
ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da gárias, no mais importante passo para a abertura dos mercados.
Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética
e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Revolução tecnológica – O processo de integração acentua-se a partir
Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A dos anos 1990, a etapa da revolução tecnológica, especialmente no setor
cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra de telecomunicações. As trocas de informações (dados, voz e imagens)
: URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da década de 1940 é levantado tornam-se quase instantâneas, encurtando distâncias e agilizando negó-
Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes : uma capitalista e cios. Entre 1950 e 2000, o volume total das transações comerciais salta de
outra socialista. É a vergonhosa "cortina de ferro". 61 bilhões de dólares para 6,4 trilhões de dólares.

Plano Marshall e COMECON O fim abrupto da antiga União Soviética e do chamado bloco socialis-
As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economi- ta, no início da década de 1990, acentua o processo de globalização,
camente os países membros. No final da década de 1940, os EUA coloca- agregando subitamente a economia desses países à esfera capitalista.
ram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principal- Menos traumática, porém tão ou mais impactante, é a abertura gradual e
mente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas organizada do gigantesco mercado chinês, promovida desde o fim da
afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela década de 1970 pelas reformas econômicas então comandadas por Deng
URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países Xiaoping. Essa estratégia culmina em 2001 com o ingresso da China na
socialistas. Organização Mundial de Comércio (OMC).

Envolvimentos Indiretos Um capítulo importante da globalização é a criação dos blocos


Guerra da Coréia: Entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco econômicos regionais, em especial a UE, que, a partir de 1992, elimina
de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista barreiras à circulação de mercadorias, capitais e mão-de-obra entre os
ocorrida na China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialis- países membros. E, no dia 1º- de janeiro de 2002, coloca em circulação o
ta em todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio euro, integrando monetariamente 12 nações do continente. Paralelamente,
militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois são criados, a partir dos anos 1990, o Acordo de Livre Comércio da Amé-
anos e termina, em 1953, com a divisão da Coréia no paralelo 38. A rica do Norte (Nafta) – composto de EUA, Canadá e México –, a Associa-
Coréia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, ção das Nações do Sudeste Asiático (Asean), o Mercado Comum do Sul
enquanto a Coréia do Sul manteve o sistema capitalista. (Mercosul) e a União Africana (UA).

Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou Blocos econômicos – Os blocos comerciais funcionam como uma ten-
com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte- tativa das nações de exercer maior controle e capacidade de barganha
americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em sobre a globalização. Segundo dados da OMC em 2003, 84% dos fluxos
enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas flores- comerciais estão concentrados no Nafta, com exceção do México, na UE
tas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram e na Ásia. O restante do comércio é distribuído entre a América Latina, a
nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o África, o Oriente Médio e a Europa Oriental. Para aumentar a participação
território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser nos fluxos de comércio mundiais, os países desses continentes possuem
socialista. duas saídas: formar os próprios blocos, a partir dos quais negociam aces-
so ao mercado das demais nações, ou ingressar nos blocos liderados
Fim da Guerra Fria pelos países desenvolvidos.
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas
soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década Explosão de investimentos – Com a expansão do comércio ocorre
de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunifi- uma notável intensificação do fluxo de capitais entre os países.
cadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União
Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país Os grandes grupos empresariais ampliam suas operações, estabele-
e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudan- cendo filiais em quase todos os continentes. Para custear essa expansão,
ças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de buscam recursos no mercado financeiro, que se torna uma instância
embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos onipresente no novo cenário global. Sob o impacto da ideologia neoliberal
poucos, iria sendo implantado nos países socialistas. e sua teoria do Estado Mínimo – que defende a redução da participação
Fonte - http://www.suapesquisa.com/guerrafria/ do Estado na economia –, preconizadas por organismos globais, como o
FMI, dezenas de países privatizam empresas estatais, desobrigando-se
GLOBALIZAÇÃO E AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS de atividades como a geração de energia, a distribuição de água e o
tratamento de esgoto, a coleta de lixo e as telecomunicações. E reduzem,
Expansão do comércio, Revolução tecnológica, Blocos econômicos, especialmente no caso das nações em desenvolvimento, subsídios e
Explosão de investimentos, Novo modelo produtivo, Desigualdades. gastos sociais.
O que explica essa reação em cadeia é a crescente interdependência Novo modelo produtivo – A mundialização modifica profundamente o
dos países, decorrente do atual processo de globalização. Os primeiros funcionamento das empresas. Por causa das fusões, das aquisições e das
passos significativos rumo a uma economia global remontam aos séculos redefinições do processo produtivo e, em alguns setores que exigem
XV e XVI, com a expansão ultramarina européia. maior emprego de mão-de-obra, em virtude da migração das unidades
O processo acentua-se nos séculos XVIII e XIX, com a Revolução In- fabris para os países em desenvolvimento, grandes conglomerados redu-
dustrial. Mas a interdependência econômica dos países só é de fato zem substancialmente o quadro de funcionários. Ao mesmo tempo, a
percebida em 1929, quando ocorre a quebra da Bolsa de Nova York. A informatização e a automação das companhias, o emprego intensivo das
depressão econômica norte-americana propaga-se pelo mundo, gerando telecomunicações, a agilização dos transportes, a descentralização e a
queda nos negócios e desemprego em escala planetária. terceirização de várias atividades levam a produtividade humana às altu-
Expansão do comércio – Tendo como pano de fundo o novo cenário ras.
montado após a II Guerra Mundial (1939-1945), em 1947 é assinado o
Acordo Geral de Tarifas de Comércio (Gatt), dois anos após a reunião de Entretanto, o crescimento das empresas globais não provoca o de-
Bretton Woods, quando são criados o Banco Mundial e o FMI. O Gatt senvolvimento das várias economias nacionais.
previa a liberalização do comércio mundial, a partir da redução das barrei-
ras tarifárias e não-tarifárias. No entanto, faltavam mecanismos para coibir Desigualdades – A globalização é uma tendência intrínseca do capita-
as práticas protecionistas. Então, em 1995, é criada a Organização Mun- lismo. As principais críticas que lhe são feitas se referem ao fato de ela

História 19
APOSTILAS OPÇÃO
privilegiar uma minoria em detrimento da imensa maioria. Segundo os mais, na grande produção açucareira, e esta, para ser lucrativa, exigia um
críticos, a globalização, tal como vem ocorrendo, acentua as desigualda- grande contingente de trabalhadores escravos. Como no Brasil havia
des entre ricos e pobres no interior dos países e entre nações ricas e grande possibilidade de utilizar o indígena como mão-de-obra, e os senho-
pobres em escala global. res de engenho não dispunham de recursos suficientes para importar
africanos, a melhor opção era mesmo usá-la.
Em 1990, a renda média dos 20% mais ricos do mundo é 60 vezes
maior que a dos 20% mais pobres. Em 1999, ela passa a ser 74 vezes Assim, a Coroa portuguesa, apesar de ter começado a criar em 1570,
maior. Outro indicador: os 10% mais ricos dos EUA recebem, sozinhos, o uma legislação para proibir a escravização indígena, deixou suficientes
equivalente aos 47% mais pobres do planeta. brechas na lei para não extingui-la de vez, o que afetaria a produção
açucareira e, conseqüentemente, reduziria seus lucros.
Segundo dados do Banco Mundial, de uma população global estima-
da em 5,9 bilhões de indivíduos em 1998, 2,8 bilhões, classificados como O período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da escravidão indígena
pobres, vivem com menos de 2 dólares por dia. Desses, 1,2 bilhão, consi- nos engenhos brasileiros, especialmente naqueles localizados em Per-
derados miseráveis, vivem com menos de 1 dólar por dia. nambuco e na Bahia. Nessas capitanias os colonos conseguiam escravos
índios roubando-os de tribos que os tinham aprisionado em suas guerras
e, também, atacando as próprias tribos aliadas. Essas incursões às tribos,
conhecidas como "saltos", foram consideradas ilegais, tanto pelos jesuítas
como pela Coroa. Mas o interesse econômico falou mais alto e, dessa
3. BRASIL COLÔNIA. 3.1. A expansão marí- forma, fazia-se vista grossa às investidas.
tima portuguesa e o descobrimento do
Brasil; o reconhecimento geográfico e a
exploração do pau-brasil; a ameaça externa
e os primórdios da colonização. 3.2. A or-
ganização político-administrativa; a expan-
são territorial; os tratados de limites. 3.3. A
agricultura de exportação como solução; a
presença holandesa; a interiorização da
colonização; a mineração e a economia
colonial. 3.4. A sociedade colonial; os indí-
genas e a reação à conquista; as lutas dos
negros; os movimentos nativistas. 3.5. A
arte e a literatura da fase colonial; a ação
missionária e a educação.

A ESCRAVIDÃO INDÍGENA NO BRASIL


De modo a inserir o índio no processo de colonização os portugueses
recorreram a três métodos. O primeiro consistia na escravização pura e
simples, na base da força, empregada normalmente pelos colonos. O
outro criava um campesinato indígena por meio da aculturação e destriba- O regime de trabalho nos canaviais era árduo. Os jesuítas pressiona-
lização, praticadas primeiramente pelos jesuítas, e depois pelas demais ram a Coroa e conseguiram que os senhores dessem folga aos índios aos
ordens religiosas. O terceiro buscava a integração gradual do índio como domingos, com o objetivo de que assistissem à missa. Mas, esgotados
trabalhador assalariado, medida adotada tanto por leigos como pelos pelo ritmo de trabalho, eles preferiam descansar ou ir caçar e pescar,
religiosos. Durante todo o século XVI e início do XVII os portugueses como forma de suplementar sua alimentação. Muitos senhores não aten-
aplicaram simultaneamente esses métodos. Naquele momento considera- deram a essa determinação régia e os índios continuaram trabalhando aos
vam a mão-de-obra indígena indispensável aos negócios açucareiros. domingos e dias santos. Tentando resolver essa situação, os jesuítas
intensificaram as ações contra a escravidão, promovendo intenso progra-
ma de catequização nos pequenos povoados e aldeias da região.
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/esc_indigena.html

O TRABALHO ESCRAVO NA HISTÓRIA DO BRASIL


Os castigos corporais são comuns, permitidos por lei e com a
permissão da Igreja. As Ordenações Filipinas sancionam a morte e
mutilação dos negros como também o açoite. Segundo um regimento de
1633 o castigo é realizado por etapas: depois de bem açoitado, o senhor
mandará picar o escravo com navalha ou faca que corte bem e dar-lhe
com sal, sumo de limão e urina e o meterá alguns dias na corrente, e
sendo fêmea, será açoitada à guisa de baioneta dentro de casa com o
mesmo açoite.

Outros castigos também são utilizados: retalhamento dos fundilhos


com faca e cauterização das fendas com cera quente; chicote em tripas de
couro duro; a palmatória, uma argola de madeira parecida com uma mão
para golpear as mãos dos escravos; o pelourinho, onde se dá o açoite: o
escravo fica com as mãos presas ao alto e recebe lombadas de acordo
com a infração cometida

A Coroa portuguesa ficava dividida. Considerando os indígenas como História do Brasil / pg. 34
súditos, era legal e moralmente inaceitável escravizá-los. Mas a realidade Luiz Koshiba e Denise Manzi F. Pereira
ditava-lhe essa necessidade. O valor da Colônia centrava-se, cada vez Ed. Atual

História 20
APOSTILAS OPÇÃO
Por que a economia colonial e imperial baseou-se no trabalho A SOCIEDADE AÇUCAREIRA
escravo? A sociedade brasileira dos séculos XVI e XVII estava dividida em dois
O latifúndio monocultor no Brasil exigia uma mão-de-obra grupos principais: senhores e escravos.
permanente. O engenho era um mundo mais ou menos fechado, onde a vida das
pessoas estava submetida às ordens e autoridade do senhor de engenho.
Era inviável a utilização de portugueses assalariados, já que a Os senhores de engenho eram portugueses ricos que se dedicavam
intenção não era vir para trabalhar, e sim para se enriquecer no Brasil. à produção e ao comércio do açúcar. Sua autoridade não se limitava
apenas à propriedade açucareira, estendia-se por toda a região vizinha,
O sistema capitalista nascente não tinha como pagar salários para vilas e povoados, através de sua participação nas câmaras municipais.
milhares de trabalhadores, além do que, a população portuguesa que não
chegava aos 3 milhões, era considerada reduzida para oferecer Os escravos trabalhavam nas plantações, na moenda, nas fornalhas
assalariados em grande quantidade. e nas caldeiras. Era comum os escravos perderem a mão ou o braço na
moenda. Em muitos engenhos, próximos à moenda havia um pé-de-cabra
Quem foi utilizado como escravo nos períodos colonial e e uma machadinha para amputar o membro dos escravos acidentados.
imperial?
Embora o índio tenha sido um elemento importante para formação da Entre esses dois grupos opostos, havia uma camada intermediária de
colônia, o negro logo o suplantou, sendo sua mão-de-obra considerada a pessoas que serviam aos interesses dos senhores. Como: alguns poucos
principal base, sobre a qual se desenvolveu a sociedade colonial trabalhadores assalariados (feitores, mestres de açúcar, purgadores etc.);
brasileira. os agregados (moradores do engenho que prestavam serviços em troca
de proteção e auxílio); padres; alguns funcionários do rei; alguns raros
Na fase inicial da lavoura canavieira ainda predominava o trabalho profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros).
escravo indígena. Parece-nos então que argumentos tão amplamente
utilizados, como inaptidão do índio brasileiro ao trabalho agrícola e sua São características dessa sociedade:
indolência caem por terra. O patriarcalismo: o senhor do engenho era o patriarca (chefe), que
concentrava em suas mãos o poder econômico, político e ideológico (isto
A História verdadeira mostra que a reação do nativo foi tão marcante, é, da formação das idéias dominantes).
que tornou-se uma ameaça perigosa para certas capitanias como Espírito
Santo e Maranhão. Além da luta armada, os indígenas reagiram de outras O ruralismo: o campo era o centro dinâmico dessa sociedade.
maneiras, ocorrendo fugas, alcoolismo e homicídios como forma de
reação à violência estabelecida pelo escravismo colonial. Todas essas A estratificação social: era uma sociedade dividida em camadas
formas de reação dificultavam a organização da economia colonial, bem definidas, sendo muito raro alguém conseguir ascender na posição
podendo assim, comprometer os interesses mercantilistas da metrópole, social. Não havia a possibilidade do escravo chegar à condição de senhor
voltados para acumulação de capital. Destaca-se também, a posição dos ou do senhor descer à posição de escravos.
jesuítas, que voltados para catequese do índio, opunham-se à sua http://br.geocities.com/historiamais/sociedadeacucareira.htm
escravidão.
A SOCIEDADE MINERADORA
Apesar de todos esses obstáculos, o indígena é amplamente Desta estrutura social diferenciada faziam parte os setores mais ricos
escravizado, permanecendo como mão-de-obra básica na economia da população - chamados "grandes" da sociedade - mineradores, fazen-
extrativista do Norte do Brasil, mesmo após o término do período colonial. deiros, comerciantes e altos funcionários, encarregados da administração
das Minas e indicados diretamente pela Metrópole.
Por que então que o índio cede lugar para o negro como escravo
no Brasil? Compunham o contingente médio, em atividades profissionais diver-
A maior utilização do negro como mão-de-obra escrava básica na sas, os donos de vendas, mascates, artesãos (como alfaiates, carpintei-
economia colonial, deve-se principalmente ao tráfico negreiro, atividade ros, sapateiros) e tropeiros. E ainda pequenos roceiros que, em terrenos
altamente rentável, tornando-se uma das principais fontes de acumulação reduzidos, entregavam-se à agricultura de subsistência. Plantavam roças
de capitais para metrópole. de milho, feijão, mandioca, algumas hortaliças e árvores frutíferas. Tam-
bém faziam parte deste grupo os faiscadores - indivíduos nômades que
Exatamente o contrário ocorria com a escravidão indígena, já que os mineravam por conta própria. Deslocavam-se conforme o esgotamento
lucros com o comércio dos nativos não chegava até a metrópole. dos veios de ouro. No final do século XVIII, esta camada social foi acres-
cida de elementos ligados aos núcleos de criação de gado leiteiro, dando
Torna-se claro assim, o ponto de vista defendido pelo historiador início à produção do queijo de Minas.
Fernando Novais, de que "o tráfico explica a escravidão", e não o
contrário.

Para os portugueses, o tráfico negreiro não era novidade, pois desde


meados do século XV , o comércio de escravos era regular em Portugal,
sendo que durante o reinado de D. João II o tráfico negreiro foi
institucionalizado com a ação direta do Estado português, que cobrava
taxas e limitava a participação de particulares.

Quanto à procedência étnica do negro, destacaram-se dois grupos


importantes: os bantos, capturados na África equatorial e tropical
provenientes do Congo, Guiné e Angola, e os sudaneses, vindos da
África ocidental, Sudão e norte da Guiné.

Interessante observarmos que entre os elementos deste segundo


grupo, destacavam-se muitos negros islamizados, responsáveis
posteriormente por uma rebelião de escravos ocorrida na Bahia em 1835,
conhecida como a Revolta dos Malês.
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=4

História 21
APOSTILAS OPÇÃO
Incluíam-se também nessa camada intermediária os padres secula- gritava continuamente: "Estamos fugindo...mas por que estamos fugindo?
res. Na Colônia, poucos membros do clero ocupavam altos cargos como, Por quê?"]
por exemplo, o de bispo. Este morava na única cidade da capitania: Mari-
ana. No dia 29 de novembro de 1807, a família real, acompanhada de um
imenso séquito de fidalgos, de altos funcionários, e da tropa que havia
Por outro lado, crescia na capitania real o número de indivíduos sujei- disponível na capital, embarca atropeladamente para o Brasil. No dia
tos às ocupações incertas. Vivendo na pobreza, na promiscuidade e seguinte, o general Junot entrava em Lisboa, ainda em tempo de aprisio-
muitas vezes no crime, não tinham posição definida na sociedade minera- nar alguns navios do comboio real, mais retardatários na partida, e que
dora. Esta camada causava constante inquietação aos governantes. Ela não tiveram oportunidade de escapar. A viagem foi cheia de peripécias,
era geralmente composta por homens livres: alguns brancos, mestiços ou devidas ao pavor que se apoderou dos fugitivos. Por último, ainda, fortes
escravos que haviam conseguido alforria. temporais dispersaram a frota, sendo parte dela obrigada a aportar na
Bahia, onde a corte desembarcou. a 24 de janeiro de 1808. Quatro dias
O Estado, percebendo a necessidade de agir junto a essa população depois, o príncipe regente publicava um decreto franqueando os portos do
incapaz de prover seu próprio sustento, associou a repressão à "utilidade". Brasil ao comércio de todas as nações amigas [como só havia duas
O encargo que eventualmente representava transformava-se, através do potências hegemônicas, a França e a Inglaterra, e como Portugal se
castigo, em trabalhos diversos e, conseqüentemente, em "utilidade". achava em beligerância com a primeira, na prática, os portos foram aber-
tos somente à Inglaterra, por exigência desta, que estava interessada em
Esta população, entendida como de "vadios", recrutada à força ou em instalar uma base no mar da Prata]. Apesar dos esforços dos baianos para
troca de alimento, foi utilizada em tarefas que não podiam ser executadas que ali se fixasse a sede do governo, o príncipe prosseguiu para o Rio de
pelos escravos, necessários ao trabalho da empresa mineradora. Era Janeiro, onde chegou a 7 de março de 1808.
freqüente a ocupação destes que eram vistos como desclassificados
sociais na construção de obras públicas como presídios, Casa da Câmara, Era, então, o vice-rei do Brasil, Marcos de Noronha e Brito, o conde
entre outras. Também compuseram corpos de guarda e de polícia privada de Arcos [que nove anos depois participou da repressão à Revolução
dos "Grandes" da sociedade mineradora, ou ainda empregavam-se como Pernambucana]. Incentivada por ele, toda a população foi às ruas para
capitães-do-mato. Em outras situações, como na disputa pela posse da receber festivamente a corte, num entusiasmo indescritível que durou
Colônia do Sacramento, participaram dos grupos militares que guardavam vários dias. Reviveram, naquele momento, as esperanças dos brasileiros,
as fronteiras do Sul. que sonhavam com a emancipação, como se os sucessos que se passa-
vam já fossem alguma coisa mais que um prenúncio de independência. O
Os escravos, ali como de resto em toda a Colônia, representavam a príncipe regente organizou logo seu ministério. Enorme tarefa se impunha
força de trabalho sobre a qual repousava a vida econômica da real capita- aos auxiliares do príncipe. Organizar toda a administração nos seus
nia das Minas Gerais. Vivendo mal-alimentados, sujeitos a castigos e atos diversos ramos: criar e prover tribunais, secretarias e repartições anexas,
violentos, constituíam a parcela mais numerosa da população daquela arquivos, escolas; fundar a imprensa, estabelecer fábricas e uma infinida-
região. de de outros serviços. Isso tudo não era obra para apenas uma geração,
muito menos para os homens chamados ao governo, dentre os quais, a
Isto gerava uma constante preocupação para as autoridades já que, única cabeça pensante era a de Rodrigo Coutinho, Conde de Linhares
apesar da repressão cruel, não eram raras as tentativas de levantes [Linhares, diplomata e estadista, vinha de Portugal com um apreciável
escravos e a formação de quilombos, como o do Ambrósio e o Quilombo "curriculum" e no Brasil, entre outras coisas, deu início à construção de
Grande. A destruição de ambos, em 1746 e 1759 respectivamente, não uma Siderúrgica, criou a intendência da polícia, foi chanceler e Ministro da
impediu que ocorressem outras fugas e a formação de novos quilombos. Guerra, morrendo quatro anos depois de sua chegada ao Brasil].
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/sociedade_mineradora.
html No dia 1º de maio de 1808, o novo governo dirigia um manifesto às
nações da Europa, explicando os motivos que levaram Portugal a declarar
ATRAVESSANDO O ATLÂNTICO: A FAMÍLIA REAL NO BRASIL guerra à França, "erguendo a voz no seio do novo império que vinha criar
(1808-1822) na América." E, como ato de hostilidade e desforço, foi expedido um corpo
Acontecimentos extraordinários davam-se na Europa, nos primeiros do exército contra a Guiana Francesa [na divisa do rio Oiapoque], sob o
anos do século XIX, decorrentes da catástrofe que, em 1789, abalara os comando do coronel Manuel Marques, apoiado por uma flotilha comanda-
fundamentos do novo regime e abrira nova ordem política de todo o oci- da pelo capitão James Jeo, com quinhentos homens de desembarque. Em
dente do antigo mundo Filho genuíno da Revolução, em tudo o que esta fins de 1808, essas forças chegavam ao rio Oiapoque e, em 12 de janeiro
possuía de grande e nefasto, com as mais poderosas qualidades de de 1809, ao cabo de pouco mais de um mês de vigorosa resistência, o
homem de guerra e de homem político, servido pelo prestígio invencível governador da possessão francesa capitulava, retirando-se para a Europa.
do seu gênio, glorificado por uma fé absoluta no destino, tornara-se Napo- Só em 1817, em virtude da Convenção de Paris, a Guiana era restituída à
leão Bonaparte o senhor da Europa. O único povo que afrontava o seu França.
poderio era o inglês, abrigado na sua condição insular [de ilha], inacessí-
vel às avalanches formidáveis que ditavam a lei no continente. Novas lutas no sul
A paz de 1801, entre as cortes de Lisboa e Madri, não durara mais
Contra essa única nação insubmissa, ideou o imperador o famoso que a do Tratado de Santo Ildefonso, assinado em 1777. Não obstante o
bloqueio continental, decretado em Berlim em 1806, e imposto a toda a novo pacto, o governo português, muito solícito, foi cuidando de guarnecer
Europa marítima. Portugal ainda quis contemporizar entre a França e a as fronteiras do sul, convencido de que não poderia tranqüilizar-se ante o
Inglaterra, mas Bonaparte não trepidou ante as indecisões do governo espírito irriquieto e as pretensões de posse daquela parte, insinuadas
português: Em acordo com a Espanha [já invadida e sob o governo de seu pelos colonos espanhóis. O Rio Grande do Sul, com a afluência de imi-
irmão, José Bonaparte], não trepidou ante as indecisões, o governo portu- grantes, progrediu rapidamente e, em 1807, já formava uma capitania
guês e decretou a extinção da monarquia, determinando a imediata inva- geral. Por outro lado, os excepcionais acontecimentos que ocorriam na
são do reino por uma coluna do exército imperial, sob as ordens do gene- Europa continuavam a repercutir na América. Assim que souberam da
ral Junot. O governo de Lisboa pensou ainda em remediar o desastre, deposição da dinastia reinante na Espanha, levantaram-se os colonos do
começando a cumprir algumas das determinações do decreto de Berlim, rio da Prata, como os de outras possessões espanholas, uns reconhecen-
mas teve logo notícias de que os franceses marchavam aceleradamente do a Junta de Sevilha, constituída em nome do rei deposto, Fernando VII;
sobre Portugal, a caminho de Lisboa. Em tão apertada conjuntura, o único outros preferindo a independência imediata das colônias.
expediente possível foi a fuga da família real, sob a iminência de ser
apanhada pelo exército invasor. [Narra um historiador que, no meio de O governador provisório da Província Oriental do Uruguai, general
todo o pavor e insânia, a única pessoa consciente era a rainha D. Maria Élio [sic], manifestando-se contra a atitude hostil dos independentes
Louca (D. Maria 1ª, a mesma que mandou enforcar Tiradentes), a qual radicais de Buenos Aires, e pondo fim a todas as hesitações, declarou-se

História 22
APOSTILAS OPÇÃO
realista intransigente, pelo que a Regência da Espanha o investiu do Vejamos por que: com a vinda da família real, emigraram para o Bra-
governo de todo o vice-reinado da Prata. Os independentes declararam sil, em quantidade, portugueses arruinados com a invasão da península.
guerra a Élio e este, com uma esquadrilha, vai bloquear a capital argenti- Legiões de serventuários, de letrados, de militares, de favoritos e protegi-
na. Do Brasil, o governo do príncipe regente [D. João] intervém e conse- dos de toda a ordem, enchiam as repartições e, para acomodar todo esse
gue um acordo entre o general Élio e a Junta de Buenos Aires. Os realis- mundo de inúteis, a corte ia multiplicando as sinecuras [emprego sem
tas de Élio levantam, pois, o bloqueio e os republicanos independentes trabalho], sem dissimular que os cargos criados se destinavam aos reinóis
saem da Província Oriental. Mas havia também nesta província um forte e não aos nativos. Com semelhante atitude, a corte fazia sua escolha,
partido infenso à realeza, chefiado por José Gervásio Artigas. Este caudi- pois, enquanto os filhos da terra eram excluídos dos empregos públicos e
lho [chefe, ditador, o mesmo que "coronel" no nordeste] sitia Montevideu e tratados, ainda, como colonos, ou como raça inferior ou conquistada,
Élio pede auxílio ao governo do Rio de Janeiro. Diogo de Sousa, que crescia nos nativos a consciência de que o sonho da pátria futura era
governava o Rio Grande do Sul, invade a Banda Oriental. Nesta emergên- incompatível com aquele estado de coisas, já que o próprio governo,
cia, a mediação do ministro inglês Strangford resultou em um novo acordo mergulhado naquele mar de irregularidades, se mostrava alheio aos
entre Élio e Buenos Aires e, em 1812, retirou-se o exército português de destinos da população não privilegiada.
ocupação.
Em todo o país, pois, iam ficando dois partidos em oposição e, como
As agressões contínuas com que os caudilhos do Prata, principalmen- era de se esperar, em pouco, a discórdia se alastrou até mesmo no exérci-
te Artigas, inquietavam o Rio Grande, fizeram com que o príncipe regente to, entre oficiais brasileiros e portugueses. Em algumas capitanias não
decidisse mandar o general Lecor, com forças de terra e de mar, apode- faltavam propagandistas francamente liberais e até republicanos, já es-
rar-se de toda a província do Uruguai. Por sua vez, os republicanos argen- quecidos dos castigos aplicados por ocasião da conjuração mineira. Em
tinos invadem a dita província, onde se travam repetidos combates, com diversos pontos do país, começaram a aparecer aqui, como em toda a
vantagens para os portugueses. Com efeito, Lecor apodera-se de Monte- América, a disputa entre o espírito jovem da renovação, contra o velho
videu e, em seguida, de quase toda a província. O destemido Artigas, despotismo da metrópole, que tanto havia pesado sobre as populações.
porém, não esmorecera e, dentro em pouco, reforçadas as suas legiões,
tomava a ofensiva contra os invasores, até que, em 22 de janeiro de 1820, Aos brasileiros, não passava despercebido o cuidado com que a corte
na batalha de Taquarembó, foram esmagadas as forças do temeroso procurava isolar o Brasil do incêndio geral de que era tomada toda a
caudilho, sendo este obrigado a se refugiar em Assunção do Paraguai América Latina após a invasão napoleônica à Espanha, isolamento difícil,
[onde permaneceu até a sua morte, em 1850]. pois era um, entre os muitos estímulos que impeliram os patriotas a tramar
contra a anomalia das condições em que se encontravam, oprimidos por
A vitória das armas portuguesas tinha como consequência imediata a aqueles mesmos que lhes haviam anunciado os esplendores de uma nova
vantagem desde há muito sonhada pela monarquia, qual seja, a incorpo- era. Foi Pernambuco a capitania onde a situação dos ânimos primeiro se
ração da Banda Oriental ao Brasil, em 31 de julho de 1821, sob o nome de concretizou em protesto formal. Havia alí sociedades secretas, das quais
Província Cisplatina. Esta anexação durou muito pouco, pois a aversão participavam militares brasileiros, quase todos republicanos, fortemente
entre portugueses e espanhóis permaneceu profunda e irreconciliável e o instigados por Domingos José Martins e outros entusiastas da indepen-
ato de força em nada contribuiu para uma aproximação entre as duas dência.
alas. Os republicanos orientais só esperavam ocasião propícia para re-
conquistar a soberania perdida. Quatro anos depois, em abril de 1825, O Governador da capitania, Miranda Montenegro, teve motivos para ir
trinta e dois patriotas, tendo à frente o heróico Juan Antonio Lavalleja se impressionando com os boatos e as denúncias que lhe levavam e
[militar e político] levantam, em Soriano o seu grito da independência. A chegou, mesmo, a receber ordens do Rio para estar vigilante e reprimir
esse punhado de bravos, imediatamente se juntam outros, e logo depois, quaisquer veleidades do exaltados, cuidando, em particular, da audácia
as forças de José Frutuoso Rivera [militar e político "colorado" teve forte desafrontada dos militares. Todavia, o desastrado governador, em vez de
influência na vida do país que veio a se formar, do qual foi o primeiro acalmar os ânimos com sábias medidas, cometeu a leviandade de fazer
presidente]. lavrar uma ordem do dia lembrando às tropas os seus deveres de fidelida-
de ao Rei e de amor à paz pública. Tudo isso, sem dissimular sua simpatia
O governo de Buenos Aires corre em socorro dos separatistas do para o partido dos portugueses. Como era de se esperar, com essa ordem
Uruguai e as forças imperiais do príncipe regente começam a sofrer do dia, agravou-se e muito a situação no Recife e o Governador, acuado,
derrotas. A subsequente vitória de Sarandi anima os argentinos a procla- viu-se na necessidade de assumir uma atitude mais radical, diante da qual
mar a incorporação da Banda Oriental às Províncias Unidas do Prata. A a explosão se tornou inevitável.
essa altura, pois, o governo do Rio de Janeiro, viu-se obrigado a declarar
guerra aos argentinos, seguindo-se as peripécias dessa luta quase fratri- Revolução pernambucana de 1817
cida, até que a batalha de Ituzaingo. Porém, os desastres sofridos no É preciso reconhecer que, mesmo entre os brasileiros, havia duas
estuário do Prata pela esquadra imperial, impuseram a celebração da paz. correntes diferentes de opinião, embora ambas tinham como finalidade a
A independência da república do Uruguai foi reconhecida pelos signatários emancipação política. Uma parte desejava a independência como um fim
do tratado e, a 24 de abril de 1829 e o exército imperial evacuava Monte- em si; a outra, mais radical, pretendia que essa separação se fizesse com
videu. Essas lutas, herança da injustificável política de D.João 6º, geraram a abolição da monarquia e a proclamação de uma república. Os primeiros
entre brasileiros e platinos uma certa animosidade que só o tempo deveria não queriam se desiludir das esperanças que a vinda da corte havia
extinguir. suscitado, ao passo que os republicanos não perdiam o ensejo de aprovei-
tar todos os erros e abusos do governo para demonstrar como a realeza
A raiz de nossos males se divorciava, cada vez mais, dos interesses do povo brasileiro. Em
O entusiasmo dos brasileiros pela presença da família real foi logo ar- Pernambuco, aquela infeliz ordem do dia inspirada pelo Governador vinha
refecendo. Inegavelmente, trasladação da corte para o Rio de Janeiro ao mesmo instante em que o príncipe regente assumia o trono de Portu-
importava alguns proveitos à antiga colônia, principalmente na ordem gal, com o nome de D.João 6º, devido ao falecimento da raínha D. Maria
material. Bastaria recordar que datam daquela época muitas das grandes 1ª, ocorrido em 1816 e, desse fato, os radicais procuravam tirar partido
instituições e dos melhores serviços que são hoje citados como indicativos para aumentar a antipatia existente entre brasileiros e portugueses.
da nossa vitalidade de povo. A cidade do Rio de Janeiro, particularmente,
desenvolveu-se e prosperou mais no período de 1808 a 1820 do que Em princípios de 1817, a situação naquela Capitania se tornou tão
durante o regime a que estivera sujeita até então. Na esfera moral, entre- complicada que o Governador não pôde mais recuar da atitude que havia
tanto, a situação geral do país ia, em breve, acusando com maior intensi- assumido e, de acordo com os chefes da ala portuguesa, mandou prender
dade os sintomas dos grandes males da colônia, principalmente naquilo tanto alguns paisanos exaltados como os oficiais brasileiros que haviam
que lhe era mais característico, ou seja, a rivalidade entre portugueses e se comprometido pelas suas idéias contrárias ao governo. Com esta
brasileiros, revelada desde o segundo século de domínio, mas que agora, medida, explodiu a revolta que já era iminente, e que foi agravada pela
com a presença da corte, parecia mais profunda e violenta. prepotência das autoridades em relação aos brasileiros. Para efetuar

História 23
APOSTILAS OPÇÃO
algumas das prisões ordenadas, o brigadeiro Barbosa de Castro reuniu a A notícia da revolução do Porto produziu em quase todas as cidades
oficialidade sob o seu comando e começou a insultar a oficialidade sob do Brasil uma verdadeira insurreição. A corte perdia, agora, o seu grande
seu comando, da presença de seus subordinados, taxando-os de traido- apoio, pois que os portugueses, seja civís ou militares, foram os primeiros
res. Inflamado por esse desacato, o capitão Barros Lima desembainha a a aderir ao movimento liberal que se operava na mãe-pátria. No Pará e na
espada e arremete contra o general, matando-o quase que imediatamen- Bahia, foram depostos os Governadores, e constituídas Juntas provisó-
te. rias, exemplo depois imitado em outras províncias. o governo de D.João
6º sentiu-se, por algum tempo, muito perplexo. Fez voltar ocultamente
Aquela trágica cena foi o sinal de levante. O Governador quis reagir, para Portugal o procônsul Beresford, na esperança de que este consegui-
mandando prender os criminosos, mas o movimento cresceu com espan- ria sufocar a revolução. A junta de Lisboa, porém, proibiu o desembarque
tosa rapidez. A parte brasileira da guarnição, que até agora havia se do marechal. D. João 6º, atribulado no meio dos acontecimentos, e cheio
mantido longe da conspiração, juntou- se aos oficiais revoltosos e o povo, de terror ante o que se passava em torno da própria corte, resolve enviar
ignorando as conseqüências, confraternizou-se com a tropa. O imprudente para Portugal o príncipe D. Pedro, incumbido de estabelecer as reformas
Governador, responsável indireto por aquele desfecho, reuniu, então, reclamadas.
algumas forças que ainda se mantinham fiéis a ele e refugiou-se na forta-
leza de Brum, ação que resultou inútil, pois na noite de 7 de março de Mas essa medida não satisfez ao espírito liberal e o povo do Rio de
1817 era obrigado se render. Em seguida, seguiu para o Rio de Janeiro Janeiro, principalmente os portugueses, com o apoio ostensivo das tropas,
onde, ao chegar, foi preso incomunicável numa praça de guerra. Os insurge-se, proclamando, desde já, a Constituição que as cortes convoca-
revolucionários organizaram, imediatamente, uma Junta de Governo, das viessem a votar. O rei capitula mas, ao invés de aparecer, manda o
auxiliada por um Conselho de Notáveis. Teotônio Jorge, Domingos Martins filho, D. Pedro apresentar ao povo, reunido com os militares no largo do
e o padre João Ribeiro tornaram-se os chefes da revolução. Rócio, um decreto demitindo ministros e outros funcionários que haviam
se tornado antipáticos. No mesmo documento, reconhecia a Junta de
Uma vez que se tornaram senhores de Pernambuco, trataram de pro- Lisboa e prometia jurar e cumprir a Constituição que fosse decretada. D.
pagar o movimento, expedindo emissários para diversas capitanias. Para Pedro, apesar de aclamado com o maior entusiasmo, não convenceu, e o
o norte, logo a Paraíba e o Rio Grande aderiram, enquanto que, para o povo pede a presença do próprio Rei. É de se imaginar o estado de D.
sul, a adesão recebida foi a de Alagoas. Nas outras capitanias as coisas João, de cujo espírito torturado não saía nunca a lembrança de Luiz 16
não correram tão bem. No Ceará, o padre Alencar era preso; na Bahia, o [executado na França, junto com Maria Antonieta]. Não tendo como se
padre Roma [José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima] foi mais infeliz, pois, esquivar, acede aos reclamos do povo e apresenta-se na praça pública,
depois de preso e submetido a um julgamento sumário, recebeu a pena de trêmulo e esmorecido de susto, indo depois até o paço da cidade, onde foi
morte sendo fuzilado em 29 de março de 1817. O Governador da Bahia, solenemente jurada uma Constituição que ainda nem existia.
conde dos Arcos [aquele mesmo que era vice-rei quando a corte chegou
ao Rio, em 1809] operou energicamente contra a insurreição, fazendo cair Por toda a parte, a notícia de tais sucessos era recebida com alvoroço
sobre Pernambuco forças de terra e mar. As forças de terra, sob o co- geral mas, mesmo assim, não havia sinais de confraternização entre
mando do marechal Cogominho, chegaram vitoriosas a Pernambuco, cuja brasileiros e portugueses, pois estes últimos consideravam Portugal como
capital já se achava bloqueada por uma esquadrilha, cortando a rota de sua verdadeira pátria, e o Brasil como simples colônia. Em algumas pro-
fuga. Em breve, Recife capitula e as últimas legiões republicanas fogem víncias, como na de Pernambuco, os Governadores chegaram a excluir os
para o interior da capitania. brasileiros do movimento de adesão à obra dos constitucionalistas. Ao
mesmo tempo, as cortes reunidas desde os primeiros instantes, começa-
Domingos Teotônio Jorge ainda tenta recompor suas forças debanda- ram a manifestar as prevenções que os próprios liberais da península
das, mas já era impossível, pois a revolução estava completamente perdi- tinham contra o Brasil e uma das primeiras medidas tomadas é a que
da. Começaram, então, as perseguições, a impiedade que comoveram a reclama a imediata volta de toda a família real para Lisboa.
própria alma de muitos dos algozes. Os revolucionários fugitivos foram
capturados e submetidos à justiça de comissões militares, seguindo-se No Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, não passavam desperce-
outro julgamento na alçada civil, que se mostrou ainda mais inclemente. bidas essas manobras e a aspiração de independência crescia com aque-
Em várias partes, ergueu-se o patíbulo e as execuções horrorizaram a tal la insuflação dos ânimos que as vitórias liberais iam fazendo e que o
ponto as populações que os próprios executores de tais excessos estre- antagonismo, cada vez maior, das correntes, ia tornando mais impossível
meceram de espanto, e apelaram para a piedade do Rei. Em 6 de feverei- conter. Foi por aquela época que nasceu o panfletismo político e, depois,
ro de 1818 D.João 6º é coroado e concede anistia geral a todos aqueles a imprensa, amparados um e outra pelos clubes e sociedades secretas,
que ainda não haviam sido executados. que tão importante papel tiveram nos acontecimentos. Grande número de
homens notáveis se puseram a serviço da causa patriótica. Sentia-se que
Revolução liberal em Portugal a colisão estava declarada abertamente entre Lisboa e Rio de Janeiro.
Para tornar mais grave e embaraçosa a já complicada situação das
política interna e o estado de ânimos, em 1820, ocorrem em Portugal E a corte volta a Portugal
acontecimentos extraordinários que vem repercutir em todas as províncias D. João VI parecia propenso a não se deixar de todo a mercê do par-
do Brasil. Desde muito, os portugueses da península se mostravam des- tido português, mas a sua fraqueza de ânimo teve de ceder ante a insis-
contentes com a permanência da corte no Rio de Janeiro, situação que se tência de seus conselheiros e, por um decreto publicado a 7 de março de
tornava mais insuportável porque a corte os submetia a uma ditadura 1821, o rei deu conhecimento ao povo de que a corte voltaria a Portugal,
militar chefiada pelo marechal Beresford, tido como intratável e violento. ficando no Brasil, como regente, o príncipe D. Pedro, até que se normali-
Em agosto de 1820 estoura uma revolução no Porto [região do rio Douro, zasse a situação política do reino. Este decreto encheu de entusiasmo o
terra do Infante D. Henrique, e a cidade mais importante de Portugal, partido português mas descontentou um tanto os brasileiros, embora o Rei
depois de Lisboa], onde imediatamente se organiza um governo provisório procurasse conciliar os espíritos com duas medidas de bom conselho: a
que conquista logo a adesão geral, tanto do povo como do exército. Em entrega do governo ao filho, que era simpático ao povo e a convocação
Lisboa, é deposta a regência e instituída uma Junta, em nome do Rei. imediata de eleições dos representantes do Brasil nas cortes de Lisboa.
Essa Junta decreta e, a 15 de setembro de 1820 faz jurar uma Constitui- Todavia, os fatos que se vão dar a seguir, mostram que a situação se
ção provisória para o reino, bem como convoca as cortes, o que não se tornava cada vez mais tensa e que o Rei, ao retirar-se para a Europa,
fazia desde 1698 [até então, a monarquia era absoluta, por "direito divino" sentia estar deixando aqui o futuro soberano do Brasil.
e a última palavra era a do Rei, que ninguém ousava contestar; a partir
deste momento, o Rei tem de jurar obediência à Constituição e repartir o Os nacionalistas radicais pretendiam, ainda, impedir a partida da corte
poder com o parlamento; é uma das diferenças entre o absolutismo e o e agitavam o ânimo público, intrigando e fazendo correr boatos alarman-
liberalismo com o qual, doravante, D. João 6º vai ter que conviver]. tes. No dia 20 de abril de 1821 reuniram-se, na Praça do Comércio, os
eleitores da paróquia. Foi esta, até aquela data, a assembléia mais notável
celebrada na colônia. Logo depois de haverem desempenhado as suas

História 24
APOSTILAS OPÇÃO
funções legais, caíram os eleitores numa completa anarquia e começaram discórdia por toda parte. Na Bahia, na Cisplatina, em São Paulo, em
a decretar medidas, como se formassem uma corporação deliberava, ou Minas, em Pernambuco, e em outras províncias, os fatos que sobrevinham
se houvessem constituído em convenção. Reclamaram, como medida de davam a medida das dificuldades com que tem de arcar o partido naciona-
cautela, que se jurasse, provisoriamente, a Constituição espanhola de lista.
1812; ordenaram ao governo o desembarque dos cofres da nação, que se
dizia estarem a bordo da esquadra real; e foram até fazer imposições às No Rio de Janeiro, a agitação crescia como um incêndio, principal-
forças da guarnição. mente depois da eleição de deputados às cortes de Lisboa. Quando os
brasileiros viram sair das urnas aquela plêiade de patriotas, todos apósto-
Apavorado com essa atitude da assembléia, D. João 6º chegou a los da causa liberal, com nomes como os de Antônio Carlos [irmão de
concordar com tais reclamos: promulgou sem demora a Constituição José Bonifácio], padre Feijó, Campos Vergueiro e tantos outros, conven-
espanhola, como lei provisória, e explicou que os cofres públicos não se ceram-se de que a voz da nova pátria iria, então, soar, nos paços de
achavam a bordo. Sentindo-se forte, a assembléia foi-se tornando cada Lisboa. E não se enganaram. Os representantes do Brasil fizeram logo
vez mais insubordinada e tumultuária. Por fim, o próprio povo invadiu o sentir, perante as cortes, as queixas e agravos dos e, com heróica altivez,
recinto das sessões e, no meio de imensa balbúrdia, a voz dos tribunos chegaram a clamar pela independência no mesmo recinto das sessões.
arrogantes se erguia ameaçadora, propondo e exigindo as medidas mais
disparatadas e subversivas. A assembléia de eleitores passava, portanto, Mas o partido português ia arrogante e afrontava o próprio príncipe
a assumir proporções de motim. A ala portuguesa, à qual se atribuía a regente. Assim que correu, no Rio de Janeiro, a notícia de que haviam
responsabilidade daqueles tumultos, exasperou-se extraordinariamente e sido votadas as bases da Constituição em Lisboa, a guarnição portuguesa
conseguiu levantar as tropas auxiliares contra os excessos que o governo impôs a D. Pedro o juramento imediato do projeto adotado, além de outras
do Rei não tratava de coibir. medidas, com as quais o príncipe teve de concordar, para não agravar
ainda mais os ânimos. O despotismo da metrópole, teve, porém, o efeito
Pela madrugada do dia 21, apresentou-se em frente ao edifício da de vencer-lhe as hesitações. Depois de uma série de leis e ordens, cada
Praça do Comércio o marechal Caula, seguido de um regimento da divi- qual mais caprichosa e provocante, chegam ao Rio os dois famosos
são portuguesa, e intimou ao presidente e demais membros da assem- decretos de setembro: um, suprimindo os tribunais que D. João criara; o
bléia que se retirassem, suspendendo a sessão. Para a maioria dos outro, chamando o príncipe para a Europa, sob qualquer fútil pretexto, e
eleitores, não foi necessário repetir a intimação, mas alguns mais exalta- determinando que, para toda a administração da província se formasse
dos, com o apoio do povo, quiseram resistir e a força, então, interveio, uma Junta, dependente de Lisboa, como se fizera nas outras províncias.
carregando sobre os recalcitrantes. Segundo o testemunho de alguns,
nem se deu ordem prévia de dispersar. A força chegou de surpresa e, Estes decretos tiveram o efeito de um desafio formal atirado aos bra-
primeiro, deu uma descarga de mosquetaria contra o edifício, depois sileiros. Os chefes do partido nacionalista lançaram- se abertamente na
houve assalto a baioneta, fazendo debandar, atropeladamente, a multidão. resistência às ordens da metrópole. Trataram, antes de tudo, de impedir a
Três mortos e vinte e tantos feridos, foi o que resultou daquela violência, partida do príncipe. Fizeram vir representações populares de outras pro-
com a qual, enquanto os brasileiros se deixavam abater por um instante, víncias importantes, pedindo a D. Pedro que não partisse, e que tomasse
já o partido português exultava, como se houvesse conquistado uma a si a defesa dos brasileiros. A 29 de dezembro de 1821, por intermédio
vitória. do senado da câmara, foi dirigida ao Regente uma patriótica mensagem,
assinada em poucas horas por cerca de oito mil cidadãos. No dia 9 de
No dia 22, D. João VI, entregue inteiramente à facção dominante, pu- janeiro de 1822, a corporação, seguida de enorme massa popular, enca-
blicou um decreto anulando o anterior em que adotara a Constituição minhou-se ao paço da cidade, onde foi solenemente recebida pelo prínci-
espanhola. Em seguida, nomeou o príncipe D. Pedro seu locotenente no pe. José Clemente Pereira, presidente do senado, depois de ler um dis-
Brasil, com o título de Regente.Por fim, no dia 23, publicou um manifesto curso enérgico e patriótico, fez a entrega das representações dirigidas ao
aos brasileiros, recomendando-lhes fidelidade ao príncipe; em seguida, Regente. D. Pedro, muito comovido, depois de hesitar um instante, deu a
outro, em que se despedia desta terra com palavras de gratidão e de resposta que se tornou legendária: "Como é para o bem de todos e a
saudade. No dia 24, com séquito numeroso, a família real embarcava, felicidade geral da nação, diga ao povo que eu fico".
transportando-se para bordo da galeota D. João VI, ainda hoje conservada
como relíquia histórica. [NOTA: o portador da mensagem, José Clemente Pereira, político e
magistrado, teve papel relevante na nossa história. Quando a família real
Com a saída da corte, os portugueses ainda residentes no Brasil co- e a corte fugiram para o Brasil, José Clemente e José Bonifácio ficaram
meçaram a esmorecer. Poucos espíritos deixariam de ter, naquele mo- em Portugal, lutando com os patriotas portugueses para a expulsão das
mento, uma visão clara da diretriz que os acontecimentos iam tomando. tropas napoleônicas. Após a proclamação da nossa Independência, e
organizado o governo, foi ministro do Império e, como tal, criou o Supremo
A regência de D. Pedro Tribunal de Justiça. Participou, também, da elaboração do Código Criminal
Com a retirada da família real, a situação dos negócios internos as- (1827) e Código Civil (1850).]
sumiu um caráter de acuidade tal que é para se admirar que D. Pedro http://www.pitoresco.com.br/historia/rocha08.htm
tivesse resistido aos embaraços que surgiram, de todos os lados, contra a
sua obra. Usamos a expressão contra a sua obra porque o príncipe, desde
muito, havia concebido o plano que vai executar, e, desde a posse de D. IMPÉRIO
João 6º vinha organizando sua área de influência. As más condições Premido entre as imposições de Napoleão I, que exigia o fechamento
econômicas e o estado dos ânimos em todo o país eram os maiores dos portos portugueses aos navios ingleses e a prisão dos súditos britâni-
obstáculos que o assoberbavam. Tais obstáculos, de várias naturezas, cos, e as do Reino Unido, que ameaçava ocupar o Brasil caso fossem
eram ainda multiplicados pelos destemperos do partido português, agora acatadas tais exigências, na primeira década do século XIX D. João VI
amparado pelos manejos das cortes de Lisboa, empenhadas, mais do que decidiu, em comum acordo com o governo inglês, transferir temporaria-
nunca, em restaurar a antiga ordem de coisas na colônia. mente a sede da monarquia portuguesa para o Brasil. Esse fato, singular
na história colonial americana, deu características muito peculiares ao
As cortes, deliberadamente, começaram a hostilizar as tendências li- processo de emancipação do Brasil em relação ao movimento de liberta-
berais que vinham lavrando no Brasil e a opor-se, com certas medidas ção dos países da América espanhola. A presença real no Brasil contribu-
odiosas, à política de D. Pedro. Não trepidaram em decretar até a separa- iu por um lado para consolidar a unidade nacional; e por outro, para que
ção de todas as províncias, tornando- as órgãos autônomos, devendo se completasse a separação de Portugal sem o desmembramento do
obediência diretamente ao governo de Lisboa, o que reduziu o príncipe patrimônio territorial brasileiro, que permaneceu intacto com a fundação do
regente à condição de simples governador de província. Em todas as império, em 1822, e com a elevação da antiga colônia à categoria de
antigas capitanias, a situação já era complicada e a política das Juntas reino.
governativas que, em todas elas foram organizadas, aumentava ainda a

História 25
APOSTILAS OPÇÃO
A mudança para o Brasil não era de resto uma questão nova. Ao lon- res, bispos e outras autoridades. Imediatamente D. João tratou de instalar
go de três séculos, essa hipótese já fora aventada, tendo em vista os a alta administração: nomeou os titulares dos Ministérios do Reino, da
constantes atritos com a Espanha. Sempre que se avizinhava o perigo de Marinha e Ultramar, da Guerra e Estrangeiros, criou o Real Erário, depois
uma guerra e da perda da autonomia portuguesa, a coroa considerava a transformado em Ministério da Fazenda, e os conselhos de Estado, Militar
alternativa de transferir-se para sua principal colônia, ficando assim longe e da Justiça, a Intendência Geral da Polícia, a Casa da Suplicação, o
dos azares da política européia. Além disso, com a transferência da sede Desembargo do Paço, a Mesa da Consciência e Ordens, o Conselho da
do governo para o Brasil, a ameaça como que mudava de mão: imperador Fazenda, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, o
em um vasto território, o soberano português teria maiores condições de Juízo dos Privilégios, as chancelarias, as superintendências e outras
ameaçar o império colonial espanhol e encher de inquietação as potências repartições de menor importância. Ficava assim montado o aparelho
européias. governamental e ao mesmo tempo criavam-se empregos para o grande
número de fidalgos que acompanharam a comitiva real na fuga para o
Inicialmente pensou-se em uma solução intermediária: D. João, prín- Brasil.
cipe regente desde a interdição da mãe, D. Maria I, em 1792, ficaria em
Portugal, e enviaria para o Brasil o príncipe herdeiro D. Pedro, em compa- Estrutura do governo imperial. Ao lado dessa vasta e em muitos casos
nhia das infantas, com o título de Condestável do Brasil. Esse projeto desnecessária rede burocrática, fundaram-se também estabelecimentos
entretanto não foi do agrado de D. João, que não queria abrir mão da verdadeiramente importantes para a formação de uma elite civil e militar,
coroa, herdada por morte do irmão mais velho e pela doença da mãe. A como a Escola de Marinha, a Escola de Artilharia e Fortificações, a fábrica
solução acabou sendo imposta pelos acontecimentos: diante das vacila- de pólvora, o hospital do exército, o arquivo militar, o Jardim Botânico, a
ções de D. João, Napoleão assinou com a Espanha, em 1807, o Tratado Biblioteca Pública, a Academia de Belas- Artes, o Banco do Brasil (que
de Fontainebleau, que dividia Portugal em dois reinos -- o da Lusitânia e o estabeleceu a circulação fiduciária no Brasil), a Escola Médico-Cirúrgica
dos Algarves. O rei da Espanha, Carlos IV investia-se assim do título de da Bahia e a Imprensa Régia -- cujas máquinas tinham vindo em uma das
protetor da Lusitânia e imperador das duas Américas, sob o domínio luso- naus da comitiva, e que inaugurou a primeira tipografia brasileira, já que
espanhol. as tentativas anteriores haviam sido destruídas à força, "para não propa-
gar idéias que poderiam ser contrárias aos interesses do estado".
Diante da alternativa de enfrentar a França ou atrelar-se ao Reino
Unido, D. João preferiu a segunda hipótese, que lhe dava a esperança de Em setembro do mesmo ano começou a ser impressa a Gazeta do
salvar, ainda que na aparência, a soberania real, e manter a integridade Rio de Janeiro, mera relação semanal de atos oficiais e anúncios. A
da colônia sul-americana. Além de combater mais diretamente as ambi- verdadeira imprensa brasileira nascera um pouco antes, com o Correio
ções napoleônicas em relação ao Brasil, a coroa portuguesa abrigava-se Brasiliense, de Hipólito José da Costa, impresso em Londres, e que foi a
em um refúgio inexpugnável, com apoio do Reino Unido. De fato, tão logo primeira grande trincheira contra o obscurantismo em Portugal e no Brasil.
a família real embarcou para o Brasil, o marechal inglês William Carr
Beresford ficou em Portugal, como Lord Protector, com poderes de sobe- Para se ter uma idéia dos prejuízos que tal vezo obscurantista produ-
rano, e com a ajuda dos patriotas portugueses, enfrentou e expulsou os ziu no Brasil e o quanto impôs um descompasso em relação a outras
invasores franceses, comandados pelo general Jean Andoche Junot. partes do continente, basta ver que na América inglesa a primeira univer-
Enquanto isso, o governo português instalou-se no Brasil, e não tardou em sidade, a de Harvard, foi fundada em 1636, pelos puritanos ingleses, para
vingar-se de franceses e espanhóis pelas humilhações impostas pelo "estimular o ensino e perpetuá-lo para a posteridade". As primeiras univer-
Tratado de Fontainebleau: ocupou Caiena, na Guiana Francesa, em 1809, sidades da América espanhola -- Lima, México, e Santo Domingo -- foram
e Montevidéu, em 1810. criadas no século XVI, segundo a ordem real de Carlos V, "para que os
nossos vassalos, súditos e naturais tenham Universidades e Estudos
Chegada de D. João. A família real era composta pela rainha D. Maria Gerais em que sejam instruídos e titulados em todas as ciências e facul-
I, o príncipe-regente D. João, sua esposa, D. Carlota Joaquina, o príncipe dades... para desterrar as trevas da ignorância". Da mesma forma, na
herdeiro D. Pedro, que acabava de completar nove anos de idade, o América espanhola, os primeiros jornais datam do século anterior.
príncipe D. Miguel, com apenas cinco, as cinco princesas filhas do casal,
as princesas irmãs da rainha e o infante espanhol D. Pedro Carlos, irmão O atraso cultural da colônia ao tempo da chegada da família real en-
menor de D. Carlota Joaquina. A 22 de janeiro de 1808, o príncipe-regente contra seu equivalente no atraso material. Assim, por exemplo, a indústria
aportava na Bahia, de onde, como primeiro ato, assinou a carta-régia de de tecidos, que começara a se desenvolver com êxito na região sudeste,
28 de janeiro de 1808, conhecida como Abertura dos portos às nações foi estrangulada por decisão da rainha D. Maria I, que em 1785 declarou
amigas. Estipulava o documento, em suas duas cláusulas, que as alfân- extintas e abolidas todas as fábricas de têxteis na colônia. Esse decreto foi
degas poderiam receber "todos e quaisquer gêneros, fazendas e merca- revogado por D. João em 1808, a par com outras medidas tendentes ao
dorias transportadas em navios das potências que se conservam em paz e desenvolvimento da indústria e do comércio. Ainda na Bahia, o príncipe-
harmonia com a minha coroa, ou em navios dos meus vassalos"; e que regente já decretara a incorporação da primeira companhia de seguros,
não só os vassalos, mas os sobreditos estrangeiros poderiam exportar autorizara a instalação de uma fábrica de vidro, cultura de trigo e fábricas
para os portos que quisessem todos os gêneros e produções coloniais, à de moagem, uma fábrica de pólvora e uma fundição de artilharia.
exceção do pau-brasil e de outros notoriamente estancados, "a benefício
do comércio e da agricultura." As primeiras providências do príncipe-regente, ao cabo de tantos
anos de abandono, foram recebidas como sinal de redenção. Estabelecida
Embora tendo aportado na Bahia, o príncipe-regente, por questões de a corte no Rio de Janeiro, começaram a afluir os governadores de Minas
segurança, decidiu fixar-se no Rio de Janeiro, cidade dotada de maior Gerais e São Paulo, em busca de medidas de amparo e proteção para
número de fortificações e onde ficaria menos exposto ao perigo francês. suas capitanias, agora transformadas em províncias. A cidade, que à
Mas não foi pacífica essa decisão. Era evidente a superioridade econômi- época contava com apenas 75 logradouros -- 46 ruas, 19 campos ou
ca da Bahia, onde floresciam prósperos engenhos de açúcar, lavouras de largos, seis becos e quatro travessas -- não tinha condições de abrigar a
algodão, arroz, fumo e cacau, e uma promissora pesca da baleia. Assim, comitiva de 15.000 pessoas que acompanharam a família real. As melho-
D. João teve de resistir aos apelos dos comerciantes baianos, que se res casas foram confiscadas, com a sigla PR (Príncipe Regente) inscrita
propunham até mesmo construir um palácio para abrigar condignamente a nas portas, e que o povo logo interpretou ironicamente como "ponha-se na
família real. rua". É claro que as arbitrariedades cometidas pelos fidalgos provocaram
rusgas e dissensões com os portugueses da terra -- apelidados respecti-
O desembarque da família real no Rio de Janeiro, em 8 de março, foi vamente de "pés-de-chumbo" e "pés-de-cabra", em alusão aos calçados
realizado com pompa nunca vista. A cidade, que contava à época com (portugueses) e aos descalços (brasileiros).
apenas cinqüenta mil habitantes, engalanou-se como pôde, sob as ordens
do vice-rei, o conde dos Arcos. As festas duraram nove dias. De todas as Hegemonia do Centro-Sul. Até o estabelecimento da família real, o
capitanias e até dos pontos mais afastados do interior, vieram governado- único fator de unidade que vinha mantendo os laços frouxos da nacionali-

História 26
APOSTILAS OPÇÃO
dade, apenas esboçada, era o regime servil. Num aglomerado inorgânico, conjuração mineira, já que o termo "inconfidência" sugere traição, e esse
quase caótico, do Amazonas ao Prata, a escravidão era o único traço era exatamente o ponto de vista do colonizador. Organizado em 1789, na
comum, respeitado e uniforme, de caráter institucional, capaz de assegu- localidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, então sede da capitania das
rar a integração das chamadas capitanias, na verdade um conjunto de Minas Gerais, o movimento visava a independência do Brasil. Os princi-
regiões isoladas umas das outras, separadas às vezes por distâncias pais conspiradores foram Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes,
intransponíveis. único condenado à morte, menos por ser considerado chefe da conjuração
que pela atitude de altiva dignidade com que enfrentou a prisão, os inter-
Quer na Bahia, quer no Rio de Janeiro, o vice-rei jamais pôde exercer rogatórios e o julgamento, sem jamais delatar os companheiros ou eximir-
em plenitude e extensão a sua autoridade. Os baxás, como eram conheci- se de culpa; os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvaren-
dos os governantes e capitães-generais, eram os senhores todo- ga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, este último autor de um belo livro
poderosos, que mandavam e desmandavam despoticamente até onde de poemas, Marília de Dirceu; os padres Carlos Correia de Toledo e Melo,
alcançassem suas respectivas jurisdições. A justiça era a mais incipiente e José da Silva e Oliveira Rolim, Luís Vieira da Silva, José Lopes de Oliveira
deficiente que se pode supor: apenas uma relação de segunda instância e Manuel Rodrigues da Costa; e José Álvares Maciel, filho do capitão-mor
na Bahia e outra no Rio de Janeiro para todo o vasto território da colônia, de Vila Rica. Os revolucionários não tinham opinião unânime em todos os
e ainda assim dependentes de Lisboa. Os processos arrastavam-se com pontos: uns queriam a república, outros um governo monárquico; uns
tal lentidão que muitas vezes era preferível sofrer uma injustiça e confor- defendiam a imediata abolição da escravatura, outros achavam melhor
mar-se com ela do que aguardar a reparação do dano, quase sempre adiá-la. Em comum, queriam a criação de indústrias e universidades e a
decepcionante, ao final de uma inútil e dispendiosa campanha. dinamização da pesquisa e lavra mineral. A bandeira do novo sistema,
toda branca, teria como dístico um verso do poeta latino Virgílio: Libertas
quae sera tamen (Liberdade, ainda que tardia).
D. João, ainda como príncipe-regente, procurou amenizar essa situa-
ção. A Casa da Suplicação, instituída em 1808, substituiu o Supremo
Tribunal de Lisboa e instituiu mais duas relações: uma em São Luís do Na disputa com Buenos Aires pela posse das terras, o Brasil não pô-
Maranhão, em 1813, e outra em Recife, em 1821. Mesmo assim, a admi- de contar com a ajuda inglesa, a essa altura pragmaticamente convencida
nistração de D. João teria muitos atritos com a classe dos aristocratas, de que, não podendo impor pelas armas a sujeição das províncias espa-
altivos, orgulhosos, rixentos e intrigantes. Não aceitavam o serviço militar, nholas à coroa britânica, mais valia incentivá-las à revolução contra a
recusavam-se a pagar impostos e mostravam-se ciumentos dos benefícios Espanha e ao estabelecimento de governos independentes, com os quais
que engrandeciam o Rio de Janeiro e toda a área fluminense. a Inglaterra poderia ter relações muito mais proveitosas. A questão com-
plicou-se mais ainda com a rebelião de José Gervasio Artigas, que levan-
tou a bandeira da autonomia uruguaia. E chegou a um ponto insustentável
A situação de inferioridade em que se encontrava Portugal, na prática com a guerra entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, que colocava
como vassalo do Reino Unido, permitiu a entrada em profusão de firmas para o Brasil uma opção das mais difíceis. D. João decidiu aguardar as
inglesas, ansiosas por tirar partido das tão apregoadas riquezas brasilei- decisões do Congresso de Viena, para iniciar a contra-ofensiva no Prata.
ras, mesmo numa época em que já se haviam esgotado as minas de ouro
e diamantes. Em agosto de 1808 já havia no Rio de Janeiro cerca de 200
estabelecimentos comerciais ingleses. No entanto, muitas das cláusulas Santa Aliança. O pacto da Santa Aliança foi um acordo firmado entre
leoninas dos tratados de 1810, que Portugal fora obrigado a assinar com a várias potências européias para a defesa do absolutismo e do colonialis-
coroa inglesa não passaram de letra morta. Os portugueses, por inércia ou mo. Na prática, o acordo tratava de suprimir a liberdade de imprensa e de
por astúcia, como no caso da abolição gradual do tráfico negreiro, resisti- discussão, a liberdade religiosa, civil ou política ou qualquer outro entrave
am ao seu cumprimento. Mesmo assim os ingleses gozaram de uma ao restabelecimento dos princípios monárquicos, para sempre abalados
situação extremamente privilegiada, como os direitos de extraterritorialida- pela revolução francesa. No que tange ao Novo Mundo, a idéia, expressa
de e as tarifas preferenciais muito baixas. pela Santa Aliança no Congresso de Verona, em 1822, era a recoloniza-
ção dos países americanos que já se haviam emancipado.

Com o final da guerra européia e a assinatura do reconhecimento de


paz em Paris, em 1813, o príncipe-regente assinou um novo decreto que D. João ratificara o tratado, ao tempo em que se criara no Rio da Pra-
abria os portos brasileiros a todas as nações amigas, sem exceção. Re- ta um estado revolucionário, nas vésperas do Congresso de Tucumán,
presentantes diplomáticos da França, Holanda, Dinamarca, Áustria, Prús- que proclamou a independência das Províncias Unidas, em 9 de julho de
sia, Estados Unidos, Espanha e Rússia vieram para o Brasil, com novos 1816, enquanto Artigas prosseguia em sua luta pela independência uru-
interesses e propostas. A chegada dos comerciantes franceses foi recebi- guaia. Em claro desafio à Santa Aliança, D. João enviou, sob o comando
da com regozijo pela população. Reatadas as relações com a França e do general Carlos Frederico Lecor, uma tropa de elite, vinda de Lisboa,
devolvida a Guiana, a influência francesa competiu com a inglesa e logo a para que obrigasse a Banda Oriental, incorporada desde julho de 1821
superou em muitos sentidos, não apenas nas idéias, como nos costumes, com o nome de Província Cisplatina, a jurar a constituição do império. Era
na culinária, na moda e no viver citadino. Esses imigrantes, entre os quais uma forma de evitar entregar a D. Carlota Joaquina a regência das colô-
se encontram padeiros, confeiteiros, ourives, modistas, alfaiates, marce- nias espanholas, na qualidade de irmã de Fernando VII e, portanto, repre-
neiros, serralheiros e pintores, impulsionaram a vida urbana do Rio de sentante da família real da Espanha deposta por Napoleão.
Janeiro e transformaram a fisionomia da cidade.
Essa campanha se desdobrava em duas frentes cada vez mais difí-
Preocupações de D. João VI. Duas questões de especial relevância ceis -- a luta armada, pela resistência heróica dos patriotas uruguaios; e
marcaram o período joanino: uma de âmbito interno foi a influência das as negociações diplomáticas, pela oposição clara ou velada das potências
idéias liberais e a proliferação das sociedades maçônicas, que formavam européias contra as pretensões expansionistas. Além disso, D. João teve
uma vasta corrente subterrânea, sustentada e estimulada em grande parte de enfrentar grave perturbação no Nordeste: a revolução de 1817, em
por agentes franceses, republicanos vermelhos ou saudosistas do bona- Pernambuco e na Paraíba, em protesto contra a hegemonia do sul e pela
partismo, de qualquer modo claramente hostis às monarquias tradicionais; autonomia.
na frente externa, a questão do Prata, colocada pela insistência de D.
João de retomar a Colônia do Sacramento e com ela a Banda Oriental, Sufocando com requintes de crueldade esse movimento, D. João sen-
para dessa forma fixar a fronteira meridional brasileira na margem esquer- tiu-se forte para buscar uma aliança com a Áustria e o apoio do chanceler
da do estuário. austríaco Klemens Wenzel Nepomuk Lothar, príncipe de Metternich,
idealizador da Santa Aliança e campeão dos princípios conservadores,
No plano interno, o episódio de maior relevância no período joanino para manter-se no Brasil enquanto procurava consolidar o domínio do
foi a inconfidência mineira, que alguns historiadores preferem chamar Prata. Fazia assim, através de seu emissário à corte austríaca, uma

História 27
APOSTILAS OPÇÃO
profissão de fé conservadora; mas ao mesmo tempo, em carta a Thomas cionava literalmente que o objetivo era dar ao Brasil "as bases sobre que
Jefferson, presidente dos Estados Unidos, confessava-se partidário dos se deva erigir a sua independência". No dia 1º de agosto do mesmo ano,
"seguros princípios liberais, tanto religiosos como políticos, que ambos na qualidade de "regente deste vasto império" e considerando o estado de
professamos" e fiel "à mais perfeita união e amizade... entre as nações coação em que se encontrava, proibiu o desembarque de tropas portu-
que habitam esse novo mundo". Pretendia o rei, ao que parece, obter o guesas e mandou combater as que ousassem desembarcar sem a sua
apoio das potências européias a sua permanência no Brasil e a sua políti- licença.
ca expansionista, e ao mesmo tempo garantir a neutralidade da nova e
forte nação americana, que despontava como a rival democrática do
absolutismo europeu. A figura mais notável do espírito brasileiro nesse período foi José Bo-
nifácio, o chamado Patriarca da Independência. Sua obra política grandi-
osa foi a articulação entre o governo do príncipe no Rio de Janeiro e os
A missão junto à Áustria foi coroada de êxito. D. João não somente governos das províncias para sustentar a idéia da unidade nacional.
conseguiu o apoio de Metternich contra a Grã-Bretanha e a Espanha na
questão da ocupação do Prata, como ainda ajustou o casamento de D.
Pedro com D. Carolina Josefa Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e filha Ao desligar-se do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, criado
de Francisco I. D. Leopoldina chegou ao Brasil em novembro de 1817, e em 1815, o Brasil deveria ter conservado o título de reino. Assim é que em
só então o rei concordou em festejar oficialmente sua aclamação, embora São Paulo, após o grito do Ipiranga, D. Pedro foi aclamado rei do Brasil. A
a rainha D. Maria já houvesse falecido há quase dois anos, em março de idéia de império, entretanto, condizia mais com o ambiente liberal, ainda
1816. Prestigiado pela casa da Áustria, sustentáculo da Santa Aliança e impregnado do fenômeno napoleônico, do que a expressão legitimista de
anteparo valioso a sua política de resistência contra as pretensões espa- reino. Assim, D. Pedro foi aclamado imperador constitucional e defensor
nholas, e liberto da opressiva predominância britânica, D. João podia perpétuo do Brasil em 12 de outubro de 1822. A 3 de maio de 1823 insta-
finalmente realizar seus desejos de continuar em seus domínios america- lou-se a Assembléia Constituinte. No entanto, a ausência de um projeto
nos e manter a integridade territorial brasileira, com a integração da Banda constitucional claro e as delongas provocadas pela discussão e votação
Oriental e a supressão do movimento sedicioso de Pernambuco. de leis ordinárias contribuíram para o desgaste da Assembléia. José
Bonifácio e seus irmãos entraram em franca oposição ao imperador.
Diante das dificuldades crescentes e da impaciência do exército, o impe-
Primeiro reinado rador dissolveu a Assembléia e nomeou um Conselho de Estado, que
No ato da aclamação, em 6 de fevereiro de 1818, D. João estava no rapidamente elaborou um projeto de constituição e o remeteu para exame
apogeu de seu reinado, mas mesmo assim a situação continuava tensa e a todas as câmaras municipais. Com base nas manifestações dos municí-
as frentes de luta abertas. As prisões brasileiras guardavam centenas de pios, em 25 de março de 1824, o imperador pôs em vigor a constituição e
patriotas; no sul, prosseguia a encarniçada resistência de Artigas; e em foram realizadas as eleições para o Parlamento. A primeira sessão insta-
Portugal, os súditos reclamavam a reintegração européia do monarca. Em lou-se em 1826 e daí até 1889, funcionou regularmente o poder legislativo
1820, a vitória da revolução liberal no Porto procurara viabilizar a implan- no Império do Brasil.
tação do capitalismo em Portugal, o que significava um programa de
recolonização do Brasil. As condições reais de ambas as sociedades Guerra da independência. As províncias do Norte foram sendo incor-
demonstravam a inviabilidade de duas constituições, que respeitassem as poradas ao império. Em algumas, como Bahia, Maranhão e Piauí, as
características das formações sociais portuguesa e brasileira, e portanto a tropas portuguesas remanescentes tentaram opor-se ao imperador. Na
manutenção do reino. D. João e seus conselheiros percebiam prudente- Bahia, o general português Inácio Luís Madeira de Melo não reconheceu o
mente a inviabilidade do propósito recolonizador e a potencial ruptura do governo chefiado por D. Pedro. Os patriotas baianos, reunidos a reforços
Brasil com a monarquia portuguesa. vindos de Pernambuco, e sob comando do general francês Pierre Labatut,
cercaram as tropas do general Madeira, que embora superiores em força
A aprovação do projeto constitucional em Lisboa, sem a presença de não conseguiram romper o cerco. Fracassaram também ao tentar a re-
representantes brasileiros, a subordinação das capitanias à metrópole, e conquista da ilha de Itaparica, quando enfrentaram uma força naval co-
não ao Rio de Janeiro, a adesão do Grão-Pará, Bahia e da guarnição do mandada por Rodrigo Antônio de Lamare. A ela vieram juntar-se reforços
Rio de Janeiro às manobras das cortes e o juramento constitucional enviados de terra e uma esquadra formada às pressas, sob o comando do
imposto a D. João VI definiram claramente as contradições entre Brasil e oficial britânico Lord Thomas John Cochrane.
Portugal. Com o retorno de D. João a Portugal e a nomeação de D. Pedro
como regente do reino do Brasil encerra-se essa fase, à qual se segue a Com um grupo de oficiais estrangeiros, Cochrane organizou as bases
tentativa de manter a unidade luso-brasileira. de uma Marinha de Guerra do Brasil, indispensável à proteção das capi-
tais do Norte, todas marítimas. As lutas prosseguiram no Ceará, Piauí e
Independência. Caso vigorasse o regime instituído pela constituição Maranhão, todas sangrentas, mas a vitória dos patriotas acabou por se
feita em Lisboa, o Brasil não teria mais um governo próprio, nem tribunais impor em todas elas. No Pará, uma força naval enviada por Cochrane
superiores. A administração centralizada e unificada em Lisboa absorveria conseguiu dominar a situação. E na Província Cisplatina (Uruguai), onde
todas as regalias conquistadas desde a chegada do rei. O dilema apresen- as tropas se dividiram, os soldados leais a D. Pedro também venceram e
tado aos brasileiros não foi simplesmente o da união ou separação de obtiveram o reconhecimento de Montevidéu.
Portugal. Essa união foi desejada e defendida até o último momento pelas
figuras mais representativas do Brasil, como o próprio José Bonifácio de O principal negociador de D. Pedro I na obtenção do reconhecimento
Andrada e Silva. E só foi abandonada quando ficou claro que seu preço da independência por Portugal, em 1825, foi Felisberto Caldeira Brant,
era a inferiorização e a desarticulação do reino do Brasil. marquês de Barbacena. Um ano antes, os Estados Unidos e o México já
haviam reconhecido o Império do Brasil, seguidos pela Inglaterra, França,
Só havia uma fórmula para manter a unidade das províncias brasilei- Áustria e outras potências européias, além da Santa Sé.
ras e ao mesmo tempo enfrentar as forças metropolitanas: a monarquia
brasileira, tendo como chefe da nova nação o próprio príncipe regente. Até Resistência nativista. Mesmo assim, a unificação do país encontrou
mesmo os mais extremados republicanos perceberam que a permanência outras resistências. Em Pernambuco, os que haviam participado da revo-
de D. Pedro era a garantia da manutenção da unidade nacional. O próprio lução de 1817 não se conformavam com a prerrogativa que tinha o impe-
herdeiro do trono conduziu o movimento, do qual o grito do Ipiranga, a 7 rador de escolher livremente o presidente da província. O movimento
de setembro de 1822, foi apenas o mais teatral de uma série de atos que alastrou-se pelas províncias vizinhas e culminou com a proclamação da
tornaram realidade a independência do Brasil. Já antes o príncipe convo- Confederação do Equador. A reação do governo imperial foi fulminante: o
cara um conselho de procuradores da Província; no decreto de 3 de junho presidente da Confederação, Manuel de Carvalho Pais de Andrade, fugiu
de 1822, em que convocou uma Assembléia Constituinte, D. Pedro men- para a Inglaterra e outros líderes do movimento, entre eles o carmelita frei
História 28
APOSTILAS OPÇÃO
Caneca, foram presos e executados. Finalmente em 1826 os pernambu- renunciar. O poder passou às mãos de Pedro de Araújo Lima, depois
canos aceitaram o regime e Pais de Andrade foi escolhido senador e marquês de Olinda, que só o deixou diante do movimento da maioridade.
depois presidente da província.
Segundo reinado
A repressão aos confederados de 1824 deslocou a luta oposicionista A contar da abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831, até a
para o âmbito parlamentar. A partir de 1826, quando foi instalada a primei- proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, o segundo reina-
ra assembléia geral, os problemas sociais se aguçaram, ao mesmo tempo do compreende um período de 58 anos, nele incluída a regência; ou de 49
em que o governo perdia apoio político. O Senado, vitalício, congregava anos, se contado a partir da maioridade. De qualquer maneira, foi o mais
os representantes do conservadorismo e até alguns saudosistas do abso- longo período da história política do Brasil, e contou com um interregno de
lutismo; mas a Câmara dos Deputados, eletiva e temporária, era menos quase quarenta anos de paz interna, o que propiciou a implantação de
maleável às pressões do monarca, e constituía uma oposição de certo medidas importantes, como o protecionismo alfandegário, que veio acabar
peso específico. com as dificuldades cambiais impostas pelos tratados desvantajosos com
países estrangeiros, assinados para facilitar o estabelecimento de rela-
A oposição parlamentar contava ainda com o apoio da imprensa, so- ções diplomáticas; a criação da presidência do Conselho de Ministros,
bretudo da Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, que advogava os primeira experiência de parlamentarismo brasileiro; a extinção do tráfico
princípios e práticas liberais, com grande coerência ideológica e objetivi- de escravos, que prenunciou a abolição; a inauguração de novos meios de
dade de pensamento. Por outro lado, a crise era alimentada pela instabili- transporte e comunicação (ferrovias e telégrafo); a maior racionalização da
dade econômico-financeira -- provocada pela evasão de capital, pela imigração; e o desenvolvimento das letras, artes e ciências.
queda de preço dos produtos de exportação, pelo déficit no balanço de
pagamentos, pelos empréstimos externos e pelas indenizações decorren- A ansiedade por um governo estável e suprapartidário, aliada a um
tes do reconhecimento da soberania brasileira. hábil movimento político dos liberais, levou à antecipação da maioridade
do imperador, em 23 de julho de 1840. Mas os liberais logo tiveram de
Abdicação. D. Pedro I tentou enfrentar o desgaste político através de ceder novamente o poder aos conservadores, que prosseguiram em sua
certa tolerância, evitando a dissolução da Câmara, a intervenção nas ação centralizadora. A dissolução da Câmara, eleita sob governo liberal,
províncias e a coação à liberdade de imprensa. Vendo abalado seu prestí- provocou reações armadas em Minas Gerais e São Paulo, logo sufocadas
gio pelo mau êxito da guerra Cisplatina e pela atenção demasiada que pela ação enérgica do barão (futuro duque) de Caxias. Em 1844, os
dispensava à questão sucessória do trono lusitano; e vendo crescer dia a liberais voltaram ao poder e governaram até 1848, quando os conservado-
dia a oposição parlamentar, D. Pedro I entrou na fase final de seu curto e res retomaram as rédeas do governo, que teve de enfrentar, em Pernam-
tumultuado governo. Ante o movimento crescente de insatisfação, mudou buco, a revolução praieira.
o gabinete e entregou o governo a um homem que gozava então de
grande prestígio, o marquês de Barbacena. Este conseguiu que o impera- A ascensão de D. Pedro II ao poder coincide com as sérias questões
dor afastasse da corte alguns de seus auxiliares diretos mais visados do Prata e a guerra contra Rosas, na Confederação Argentina, e Oribe, no
pelas críticas da oposição, entre os quais o secretário particular, Francisco Uruguai. O ministério, presidido pelo marquês do Paraná, solucionou as
Gomes da Silva, o Chalaça. Algum tempo depois, porém, uma série de questões diplomáticas e firmou o prestígio do Brasil no exterior. A criação
intrigas afastaram do governo o marquês de Barbacena. das estradas de ferro e do telégrafo, a fundação de bancos, a multiplica-
ção de indústrias e as grandes exportações de café, trouxeram grande
O ano de 1830 parecia um ano fatídico. A queda do rei da França, desenvolvimento econômico ao país. De 1864 a 1870, o imperador teve
Carlos X, partidário da reação, repercutiu fundamente no país, e abalou ainda de sustentar duas guerras, a primeira contra o governo uruguaio de
ainda mais a posição do imperador. Em uma excursão a Minas Gerais, D. Aguirre e a segunda contra Solano López, no Paraguai.
Pedro I sentiu o declínio de seu prestígio. Um grupo de parlamentares
dirigiu-se em manifesto ao imperador, pedindo urgentes providências. D. No âmbito interno, o imperador foi obrigado a enfrentar as divergên-
Pedro atendeu-os e reformou o gabinete, mas desgostoso com os minis- cias políticas provocadas pelo movimento abolicionista e pela criação, em
tros, substituiu-os por outros, dóceis a sua vontade, o que provocou uma 1870, do Partido Republicano. Somam-se a essas frentes dois impasses
reação popular, com a adesão de toda a tropa do Rio de Janeiro. Cansado de maior relevância: a questão religiosa, provocada pela recusa dos
de lutar, a 7 de abril de 1831 D. Pedro abdicou em favor do filho, D. Pedro bispos D. Antônio de Macedo Costa e D. Frei Vital de aceitar ingerências
II, então com cinco anos. do governo, por influência da maçonaria, na nomeação de diretores de
ordens terceiras e irmandades; e a questão militar, na verdade uma série
Regência. O governo passou imediatamente às mãos de uma regên- de atritos provocados pela ânsia por maior autonomia dos militares, como
cia provisória, composta do brigadeiro Francisco de Lima e Silva, do o protesto contra a censura a oficiais que debatiam pela imprensa ques-
marquês de Caravelas e do senador Nicolau de Campos Vergueiro. A tões internas da classe, e que teve o apoio do marechal Deodoro da
assembléia a substituiu por uma regência trina, escolhida de acordo com a Fonseca, seu maior líder.
constituição, na qual figuraram o brigadeiro Lima e Silva, o marquês de
Monte Alegre e João Bráulio Muniz. Entre as duas tendências extremas, a A propaganda republicana avolumava-se a olhos vistos. Na Escola
dos republicanos e federalistas e a dos restauradores, apelidados de Militar, o professor de maior prestígio, tenente-coronel Benjamin Constant,
"caramurus", impôs-se a corrente dos moderados, sob a liderança do pregava livremente a república e o positivismo. Em São Paulo, um Con-
jornalista Evaristo da Veiga. Em 1834 a constituição foi reformada por gresso Republicano, em 1873, chegou a aprovar um projeto de constitui-
meio de um ato adicional, que representou uma conciliação das tendên- ção. O desgaste do regime monárquico era cada vez maior. O agravamen-
cias mais extremadas. A regência trina tornou-se una, e os conselhos to da questão militar durante o gabinete Ouro Preto ensejou uma aliança
provinciais, controlados pelo Parlamento, passaram a Assembléias, com entre os líderes militares e os chefes republicanos de várias correntes. Em
poderes mais amplos, o que atendia às demandas de descentralização. 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o
governo, com o título de chefe do governo provisório, e um ministério
A eleição popular, determinada pelo ato adicional, levou ao poder co- composto de republicanos históricos e liberais que aderiram à república. O
mo regente único o padre Diogo Antônio Feijó, que já se revelara um novo governo apressou-se em enviar uma mensagem ao imperador,
enérgico defensor da ordem como ministro da Justiça. Sob a regência de solicitando que se retirasse do país. Sereno e altivo, D. Pedro II embarcou
Feijó definiram-se as duas correntes políticas que inspiraram os dois com a família no dia 17 de novembro, depois de recusar a ajuda financeira
grandes partidos do império -- liberais e conservadores. Esses últimos, oferecida pelo governo provisório e recomendar aos seus antigos minis-
liderados por Bernardo Pereira de Vasconcelos, com maioria parlamentar, tros que continuassem a servir ao Brasil. ©Encyclopaedia Britannica do
tornaram a situação insustentável para a regência e obrigaram Feijó a Brasil Publicações Ltda.
História 29
APOSTILAS OPÇÃO
plantado uma fortaleza na Costa do Ouro (Gana). No século XVI teve
início a conquista de Angola. De todos esses locais vieram escravos para
o Brasil.
4. BRASIL IMPÉRIO. 4.1. A crise do antigo
sistema colonial e o processo de emancipa- O monopólio do comércio de escravos era exercido pelas feitorias es-
ção política do Brasil; o reconhecimento tabelecidas nas ilhas desertas da Madeira e Cabo Verde. Os negreiros
internacional. 4.2. O processo político no iam buscar os escravos nos "rios de Guiné", uma extensa região cortada
por rios e canais navegáveis, muito maior que a atual Guiné-Bissau. Na
Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais;
ilha de Bissau e no rio Cacheu ficavam os entrepostos, cercados de
a abdicação de D. Pedro I. 4.3. O centralis-
paliçadas e guarnecidos com artilharia, a cargo de "lançados", brancos e
mo político e os conflitos sociais do Período
mulatos que se incumbiam de reunir os escravos e mercadorias em locais
Regencial; a evolução político-
onde as embarcações portuguesas pudessem recolhê-los. Os negros das
administrativa do Segundo Reinado; a
tribos fulas e mandingas, vindos da Guiné Portuguesa, foram desembar-
política externa e os conflitos latino-
cados em todo o Nordeste para trabalhar nas lavouras canavieiras e nas
americanos do século XIX. 4.4. A sociedade fábricas de açúcar. Posteriormente, com a fundação de Belém, no Pará,
brasileira da fase imperial, o surto do café, representantes daquelas tribos foram trabalhar em várias regiões da
as transformações econômicas, a imigra- Amazônia. Eram transportados por uma companhia privilegiada, a Ca-
ção, a abolição da escravidão, as questões cheu.
religiosa e militar. 4.5. As manifestações
culturais; as ciências, as artes e a literatura Esses negros, chamados genericamente "peças de Guiné", logo fo-
no período imperial. ram absorvidos pela população brasileira. Os fulas tinham como singulari-
dade a cor opaca, tendendo para o pálido e, em pouco tempo, essa carac-
Ciclo do café. Na primeira metade do século XVIII começou a cultura terística tornou-se um qualificativo comum para todo o negro com a mes-
do café, trazido de Caiena, na Guiana Francesa, pelo militar e sertanista ma compleição. As expressões fulo, negro fulo, negrinha fula, passaram,
Francisco de Melo Palheta, que iniciou uma plantação em Belém. De lá, mais tarde, por extensão, a aplicar-se à ausência momentânea de cor nas
muitas mudas foram levadas para o Rio de Janeiro, depois para Resende faces das pessoas, indistintamente negros ou brancos. Daí a expressão
e norte de São Paulo, onde encontraram condições de solo e clima mais perpetuada até os dias atuais: "fulo de raiva". Os mandingas, que à época
favoráveis que o norte do país. O café veio suplementar a queda de dois da escravidão viviam um processo de islamização, uma vez que provi-
outros produtos agrícolas -- o açúcar e o algodão --, que sofriam sucessi- nham de terras atingidas por aquela cultura, não haviam deixado de lado
vas baixas frente à concorrência no mercado internacional. Além disso, suas antigas crenças e com elas aportaram no Brasil. Esses negros deram
enquadrava-se perfeitamente nas mesmas bases econômicas e técnicas à língua portuguesa, com suas designações tribais, novos sinônimos para
das outras culturas: utilização ampla da terra, fator de produção abundan- encantações e artes mágicas.
te; não exigência de grandes investimentos de capital; possibilidade de ser
implantada com pouco equipamento. A mão-de-obra ociosa das minas A partir de 1576, com a fundação de Luanda, abriu-se nova fonte de
refluiu para essa nova riqueza, que em 1820 atingiu uma produção de cem escravos. Os negros de Angola passaram a concorrer com os da Guiné
mil toneladas, superior à da Arábia. Seria, entretanto, no império, que o em todos os portos principais de escravos: Rio de Janeiro, Bahia, Recife e
café ocuparia o centro da economia e substituiria o açúcar como principal São Luís. Em 1641 os holandeses já dominavam Pernambuco e para lá
produto de exportação. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações trouxeram de Angola contingentes de negros que eram vendidos também
Ltda. aos senhores do Ceará e Alagoas. Povos negros de língua banto chega-
ram ao Brasil quase ininterruptamente, até o fim do tráfico em 1850:
ESCRAVIDÃO NO BRASIL muxicongos, benguelas, rebolos e caçanjes de Angola. Do Congo, vieram
A mão-de-obra africana ajustava-se à agricultura e ao regime de tra- os cambindas.
balho servil, sem os intransponíveis obstáculos culturais do escravo ame-
ríndio, inapto ao trabalho contínuo. Sua introdução no Brasil, na verdade, Com base ou escala em Luanda, os tumbeiros - navios negreiros, em
foi uma extensão da corrente escravocrata existente em Portugal. Inicial- geral de pequeno porte - contornavam a região meridional do continente
mente, o sistema comercial que vigorava no tráfico de escravos não se para alcançar Moçambique, de onde traziam negros macuas e anjicos
inclinou ao fornecimento dessa mão-de-obra aos colonos estabelecidos no para serem vendidos no Brasil. Os tumbeiros faziam o tráfico para o Brasil
Brasil. A preferência dos comerciantes escravagistas era para o rico em condições tão precárias que grande parte da carga - entre trinta e
mercado de Castela, com reexportação para as áreas de mineração da quarenta por cento - morria durante a viagem.
América e para a promissora agricultura nas Antilhas.
No século XVIII iniciou-se o tráfico com a Costa da Mina, litoral seten-
Desde 1539 os colonos estabelecidos no Brasil reclamavam da falta trional do golfo da Guiné. Os portugueses já haviam tentado estabelecer-
de mão-de-obra para o cultivo da cana-de-açúcar e o incremento dos se na região desde 1482 e levantado ali o castelo de São Jorge da Mina,
engenhos, rogando ao rei licença para adquirir escravos. Em 1542, o de onde se originou o nome. O forte caíra em poder dos holandeses ao
donatário de Pernambuco solicitou autorização para adquirir escravos na tempo em que dominavam o Nordeste brasileiro. Embora uma provisão
Guiné, por conta própria, alegando que a produção açucareira não poderia real de 1644 tenha permitido a navios matriculados na Bahia e no Recife o
arcar com o soldo de empregados. Somente em 1559, quando a indústria comércio na Costa da Mina, este só teria confirmação real em 1699.
já estava com suas bases assentadas, a coroa decidiu permitir o ingresso Foram então autorizadas a realizar o resgate de escravos naquela área 24
de escravos negros no Brasil: cada senhor podia trazer 120 escravos do embarcações. Estavam registradas no porto da Bahia e cada uma levava
Congo. Com essa permissão, começou o tráfico negreiro oficial no Brasil, tabaco, açúcar e aguardente suficientes para a compra de 500 negros.
que somou-se a aquisições isoladas existentes em São Vicente e na
Bahia. O tráfico encaminhou para o Brasil negros das mais variadas tribos,
como fântis e achantis, txis e gás, estes das vizinhanças do castelo da
Negros e mulatos, uns ainda escravos, outros já alforriados, acompa- Mina; euês e fons, conhecidos no Brasil por jejes; iorubas, no Brasil cha-
nharam Tomé de Sousa na edificação da cidade de Salvador, em 1549. mados de nagôs; tapas, hauçás, canures, fulas, mandingas e grunces.
Esses grupos foram os precursores de milhões de negros africanos que, Destinavam-se às minas, onde eram vendidos a bom preço. As condições
por dois séculos e meio, foram trazidos para o Brasil. de transporte eram as melhores de todo o período do tráfico. Ao contrário
do que ocorria com os tumbeiros vindos de Angola, os que vinham da
Na época do descobrimento, Portugal já estava de posse dos arquipé- Costa da Mina tinham perdas insignificantes. Dada a suposição de que se
lagos da Madeira e de Cabo Verde, do litoral da Guiné, das ilhas São originavam de áreas onde havia mineração, os negros da Costa da Mina
Tomé e Príncipe, da embocadura do Zaire e de Moçambique, e havia custavam mais caro que os trazidos de Angola.

História 30
APOSTILAS OPÇÃO
que o dinheiro angariado por todos servisse sucessivamente à libertação
Em pouco tempo esses negros constituíram uma elite da massa es- de cada um de seus membros.
crava, especialmente do ponto de vista religioso. Tapas, nagôs, hauçás e
malês (muçulmanos), comandaram os negros da Bahia em sucessivas No que se refere à legislação o negro foi beneficiado pela Lei do Ven-
insurreições entre 1806 e 1835. Xangôs, candomblés, macumbas, todos tre Livre, de 1871 e pela dos sexagenários, em 1885. Alguns negros foram
os cultos negros do Brasil, obedecem, em linhas gerais, ao modelo de alforriados por prestarem serviços especiais, como os soldados de Henri-
culto oferecido por nagôs e jejes. No início dos trabalhos de mineração que Dias, os praças do batalhão de Libertos da guerra da independência
foram muito procurados, mas por volta de 1750 apenas mil deles eram na Bahia e os escravos que serviram às tropas brasileiras na guerra do
adquiridos anualmente em Minas Gerais, à medida que a exploração do Paraguai. No final do império, negros de "filiação desconhecida" obtiveram
ouro e dos diamantes passava das mãos dos particulares para o governo a liberdade com base na legislação que determinava que "o brasileiro só é
da metrópole. Concentrados em maior número na Bahia, passaram a ser escravo se nascido de ventre escravo".
vendidos para serviços domésticos urbanos no Rio de Janeiro, Recife e
Maranhão. Contudo, a grande maioria dos escravos não gozou de condições tão
propícias. No campo, o negro foi a mão-de-obra nos canaviais e nas roças
A ocupação do território brasileiro alterou substancialmente a disposi- de tabaco do Brasil colônia, e nos cafezais e algodoais à época do impé-
ção do elemento escravo no país. No início os portos de desembarque rio. O negro do campo esteve sempre, mais do que qualquer outro, à
também eram os centros de distribuição de escravos: o de São Luís disposição do senhor. Era este quem fornecia suas vestimentas, alimenta-
abastecia a Amazônia; o de Pernambuco, em Recife, abastecia as cidades ção, moradia e controlava até mesmo suas relações sexuais. Enquanto o
do Nordeste; o da Bahia servia também a Minas Gerais; o do Rio de tráfico negreiro não despertou indignação e revolta e mesmo sanções
Janeiro, também a parte de Minas Gerais e São Paulo. A partir dessas internacionais, o negro escravo foi alvo dos castigos mais atrozes e avil-
localidades o escravo era vendido para outras praças do interior, como tantes que um ser humano podia enfrentar: tronco, açoite, viramundo,
Goiás e Rio Grande do Sul. As sucessivas mudanças no quadro econômi- cepo, libambo, peia, gonilha são denominações das brutalidades terríveis
co do país, do açúcar para o ouro, do ouro para o café, impuseram inten- a que foi submetido, isso quando a agressão não era maior, como ponta-
so, demorado e variado contato lingüístico, religioso e sexual entre os pés no ventre de escravas gestantes, olhos vazados e dentes quebrados a
negros das mais diversas nações africanas. martelo. O trabalho de sol a sol (cerca de 14 horas por dia) transformava o
negro de campo num verdadeiro trapo humano. Como reação, os negros
Quando a exploração do açúcar, decadente e em ruína, chegou prati- tentaram organizar-se em quilombos, promover levantes ou abandonar em
camente à bancarrota, iniciou-se o ciclo do ouro. Os trabalhadores, ocio- massa as fazendas, e quase sempre foram reprimidos a ferro e fogo.
sos nas regiões do litoral, foram transferidos para as minas, que absorvi-
am grandes contingentes de mão-de-obra e forçaram a intensificação do O negro de ofício (também chamado "de partes" ou "oficial") coexistia
comércio com Angola e Costa da Mina. Em breve, a exploração do ouro e com o negro de campo, mas ocupava um lugar ligeiramente superior na
também a de diamantes, que era feita por iniciativa particular, passou a escala social. Originou-se do trabalho em moendas e caldeiras, nas fábri-
controle direto do governo da metrópole, inicialmente com os contratos, e cas de açúcar do século XVI. Mais tarde surgiram negros ferreiros, marce-
em seguida com a Real Extração. O negro, que já estava parcialmente neiros, pedreiros, seleiros, canoeiros e barbeiros e mulheres costureiras.
desviado para a agricultura e a pecuária, passou então a ser utilizado na Na primeira metade do século XIX já havia, no Rio de Janeiro, bons pro-
cultura do café e, durante a guerra civil americana, do algodão. Em con- fissionais negros, serralheiros, ourives, sapateiros, alfaiates capazes de
seqüência, adotou a língua portuguesa, a religião cristã, os costumes cortar casacas e chapeleiras que competiam com as francesas. Esses
nacionais e se destribalizou por completo. negros serviam ao senhor, a seus vizinhos, e às vezes a toda a comuni-
dade. No litoral, em 1837, um escravo qualquer custava 400$000 (quatro-
Durante o período da escravidão distinguiam-se três tipos de negros: centos mil-réis), mas o preço de um "oficial" oscilava entre 600$000,
o novo ou boçal, recém-chegado da África e sem conhecimento dos 800$000 e um conto de réis.
costumes do país; o ladino, africano, mas já com experiência da socieda-
de brasileira, e o crioulo, nascido e criado no Brasil. Todos foram compeli- O negro doméstico trabalhava como pajem, moço de recados, capan-
dos a ajustar-se às novas condições de vida. Inicialmente, a Igreja Católi- ga e criado quando homem. Babá, cozinheira, mucama, doceira, quando
ca apenas batizava o novo antes que ele seguisse para seu destino, mas mulher. Eles se traduziam nas "crias da casa", nos "afilhados" e nos
durante algum tempo, nas cidades, tentou orientar para a religião cristã, "homens de confiança". Todos, entretanto, serviam à ostentação do se-
primeiro os ladinos, em seguida os crioulos e os mulatos, favorecendo a nhor como símbolo de poder e riqueza. Alguns aprendiam a ler, outros
criação de irmandades. reuniam pecúlio suficiente para uma vida menos submissa. Esse tipo de
negro existiu em maior número nas regiões açucareiras do Nordeste, nas
O governo central recrutou negros e pardos para formações militares minas do final do século XVIII e, no Rio de Janeiro, nos últimos anos de
subalternas, as ordenanças, chamadas posteriormente de henriques, em escravidão.
homenagem a Henrique Dias, chefe de uma delas, que se distinguiu na Com o tempo, os excedentes do negro doméstico deram lugar a dois
guerra contra os holandeses. Mas o trabalho produtivo - em suas várias novos tipos: o negro de aluguel e o negro de ganho. O primeiro era prepa-
acepções - foi o fator de assimilação mais constante, que impôs a língua, rado pelo senhor para servir a outrem e lhe trazer ganhos; o segundo
a alimentação, os hábitos de trabalho e repouso, as relações familiares, a pagava ao senhor certa soma diária, em troca de liberdade de ação. O
etiqueta e a disciplina. Esse fenômeno produziu de um lado negros forros negro de aluguel passou a ter colocação em atividades de tipo industrial,
(alforriados) e libertos e, por outro, três tipos de trabalhadores, o negro do nas fábricas de tecidos, mas também no trabalho em metais, madeira,
campo, o negro do ofício e o negro doméstico. edificações e tudo o que o mercado exigisse no momento. No Rio de
Janeiro e São Paulo, os negros foram absorvidos pelo serviço doméstico
O negro conquistou a liberdade de maneira precária, constantemente para os estrangeiros e burgueses da cidade. Quando a Lei Áurea foi
ameaçada pela polícia e pelo arbítrio dos brancos. O negro forro era assinada, em 13 de maio de 1888, beneficiou apenas 750.000 escravos,
libertado diretamente por seu senhor, em geral em testamento. O negro menos de um décimo da população negra existente no Brasil.
liberto, comprava a liberdade ou a obtinha em virtude da lei, de promessa
do governo ou por prestar serviços especiais. A alforria contemplava O negro, ao longo de sua história no país, influenciou sensivelmente
preferencialmente os velhos e os doentes, e se em muitos casos era os costumes brasileiros. Histórias do Quibungo deleitaram e aterrorizaram
concedida por reconhecimento ou bondade, também serviu à conveniên- crianças; os cultos de origem africana, com orientação jeje-nagô, floresce-
cia de senhores, que desse modo se eximiam de alimentar e vestir um ram nos centros principais e conquistaram adeptos em todas as classes
negro não mais produtivo. O próprio escravo podia obter sua alforria, caso sociais; a capoeira, que antes servira à defesa da liberdade do negro,
tivesse juntado uma soma igual àquela por que fora adquirido, e propu- passou a ser vista como uma forma brasileira de arte marcial; o batuque
sesse a transação ao senhor. Juntas de alforria, mais ou menos associa- de Angola saiu dos terreiros das fazendas e invadiu as cidades sob a
das às irmandades do Rosário e de São Benedito, agiam no sentido de forma de lundu, baiano, coco, samba e variações; a cozinha brasileira tem

História 31
APOSTILAS OPÇÃO
muitos pratos de origem africana: vatapá, caruru, arroz de cuxá. A feijoada Desde o início do século XIX, a GrãBretanha vinha pressionando o
teve origem na cozinha dos escravos. Os cortejos do rei do Congo servi- Brasil, e a opinião pública contra a escravidão havia crescido no mun-
ram de modelo aos maracatus e afoxés e aos desfiles das escolas de do inteiro. Os escravistas brasileiros e o governo, que afinal os repre-
samba. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. sentava, haviam adotado a tática do silêncio para proteger os seus in-
teresses. O problema da escravidão, em suma, não era discutido pu-
SENADOR VERGUEIRO blicamente em parte alguma do Brasil. Muito menos no Parlamento. E
Embora português de nascimento, o senador Vergueiro destacou-se isso era coerente, pois os próprios senhores de escravos sabiam que
pelas atividades políticas em favor da independência do Brasil e, princi- sua posição era insustentável. Porém, não moviam uma palha Pará
palmente, pela luta contra o regime escravista. Introduziu, em grande encaminhar a solução. Fizeram de conta que o problema simplesmen-
número, imigrantes europeus no país, destinados a substituir o braço te inexistia.
escravo.
Havia uma explicação para isso. O governo imperial, em seu profundo
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro nasceu em Bragança, Portugal, conservadorismo, inquietava-se com a possibilidade de agitação incontro-
em 20 de dezembro de 1778. Após formar-se em direito pela Universidade lável caso a questão escravista fosse abertamente colocada.
de Coimbra, transferiu-se para o Brasil, que se tornaria sua pátria adotiva.
Radicou-se em São Paulo, onde montou, com os irmãos Arouche, a Com certeza, essa política do avestruz adotada pelo governo
primeira banca de advocacia da cidade, então com vinte mil habitantes. era confortável para os escravistas, mas o inconveniente da situa-
Senhor da sesmaria de Piracicaba, até o final da década de 1810 cultivou ção estava no fato de que o Brasil como um todo não ficou parado.
e ampliou suas fazendas paralelamente à vida pública. Mais tarde, aban- Na verdade, desde a extinção do tráfico em 1850, muitas coisas fo-
donou a advocacia pelo cultivo do café. ram mudando no Brasil. Em seu imobilismo, o governo preferiu ig-
norar as transformações.
Em 1821, como representante da lavoura, Vergueiro integrou a junta
governativa de São Paulo. Partidário da independência brasileira, foi eleito Por volta de 1860 a questão escravista já havia sido colocada publi-
deputado às cortes de Lisboa, tendo lá chegado em 1822. Esteve entre os camente, o que fora uma grande novidade. A eclosão da Guerra do Para-
deputados que se recusaram a assinar a constituição ali elaborada. De guai interrompeu os debates que estavam começando a ganhar espaço no
volta ao Brasil, desembarcou no Rio de Janeiro com a independência já próprio Parlamento. Eles retornaram com intensidade imediatamente
proclamada, e elegeu-se para a Assembléia Constituinte, dissolvida em depois da vitória brasileira em 1870.
1823. Após um período de prisão com outros deputados, aceitou a nova
carta como fato consumado, "em razão das circunstâncias". Eleito para a O panorama em 1870, em síntese, era o seguinte: 62% dos escravos
Câmara dos Deputados, integrou-a até 1828, quando foi nomeado sena- do Brasil estavam concentrados em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e
dor por Minas Gerais. Rio Grande do Sul. Dos 1 540 000 escravos, 955 109 encontravam-se
nessas províncias. No norte e nordeste, em razão de sua decadência
Vergueiro teve participação de destaque nos acontecimentos que pre- econômica, o peso da escravidão havia diminuído. Portanto, os escravis-
cederam a abdicação de Pedro I. Embora grande proprietário de terras, e tas estavam concentrados no sudeste e no sul do país, onde, por sua vez,
por isso necessitado de braços para suas lavouras, jamais aceitou o situava-se o pólo dinâmico da nossa economia. Contudo, uma economia
regime escravista. Como membro da regência trina provisória, instituída forte, mas desmoralizada pela escravidão não podia se apresentar como
em 1831 pela Assembléia Legislativa, fez libertar todos os escravos que esperança e promessa para um país.
trabalhavam no serviço público e apoiou projeto do marquês de Barbace-
na que declarava livres os escravos entrados no país a partir de então. Em No plano internacional as coisas eram ainda mais complicadas. A
1832 assumiu a pasta do Império, que acumulou interinamente com a da Guerra de Secessão (1861-1865) nos Estados Unidos havia mostrado que
Fazenda. o escravismo não tinha futuro. Desde a eclosão da Revolução Industrial na
Foi diretor da Faculdade de Direito de São Paulo entre 1837 e 1842 e Inglaterra, no século XVIII, o trabalho livre foi ganhando espaço e, no final
tomou parte ativa no movimento da Maioridade. Em 1840, custeou a do século XIX, apenas o Brasil, em companhia de países como Cuba e
imigração de oitenta portugueses, para trabalharem como assalariados em Costa Rica, insistia em manter um sistema social condenado e vergonho-
suas fazendas. Dois anos depois, aderiu à revolução liberal de São Paulo so.
e, ao malograr o movimento, foi preso juntamente com Feijó e outros
líderes. Publicou a seguir veemente defesa de sua conduta política. A lei do Ventre Livre (1871). Foi nesse ambiente que o ministério
chefiado pelo visconde do Rio Branco apresentou o projeto da lei do
A revolução de 1842 dificultou a ampliação do programa de imigração, Ventre Livre em maio de 1871 para a Câmara dos Deputados. Depois de
mas, ainda assim, o senador introduziu no país, em poucos anos, cerca de modificada e adaptada aos interesses escravistas, a lei que declarava
três mil colonos europeus, que se vincularam à lavoura em regime de livres os filhos de escravos foi finalmente aprovada em 1871, por 65 votos
parceria. De modo geral, no entanto, suas iniciativas nessesentido foram a favor e 45 contra. A maioria dos deputados de Minas, São Paulo e Rio
malsucedidas, quase sempre por inadaptação dos colonos, na maioria de Janeiro votou contra, acompanhados pelos deputados do Espírito
trabalhadores urbanos nos países de origem. Alguns, como os suíços, Santo e do Rio Grande do Sul. Os representantes das províncias do norte
rebelaram-se contra as condições encontradas no Brasil, e a Prússia e nordeste votaram maciçamente a favor.
chegou a proibir o embarque de colonos para o Brasil.
Essa lei que apenas jogava para o futuro a solução do problema foi,
Em 1847, o senador Vergueiro ocupou a pasta da Justiça. Freqüentou entretanto, considerada pelo governo e pelos escravistas como solução
assiduamente as sessões do Senado até sua morte, no Rio de Janeiro, definitiva. Não era essa a opinião dos abolicionistas brasileiros. Em 1880,
em 17 de setembro de 1859. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publi- o debate retornou com maior vigor.
cações Ltda.
As agitações abolicionistas. No Rio de Janeiro, no ano de 1880, os
A QUESTÃO ESCRAVISTA abolicionistas fundaram duas sociedades a fim de organizar a sua luta: a
http://www.culturabrasil.org/decliniodoimperio.htm Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Emanci-
A crise final da escravidão. A partir de 1870, com o fim da Guerra pacionista. Publicações diversas começaram a circular, pregando a aboli-
do Paraguai, antigos problemas e contradições que não haviam sido re- ção. Outras sociedades, no mesmo molde que as da capital, foram organi-
solvidos voltaram à tona com toda a intensidade. Ao mesmo tempo, a zadas em várias províncias.
incapacidade do Império em resolvê-los tornava se cada dia mais patente.
A luta abolicionista se ampliou e criou condições para a organização
A questão central era naturalmente o escravismo. Em 1870, fazia da Confederação Abolicionista (1883), que unificou o movimento no plano
vinte anos que o tráfico havia sido extinto, mas a escravidão resistia. nacional.

História 32
APOSTILAS OPÇÃO
Naturalmente, a abolição da escravatura não foi obra exclusiva dos Essa solução baseou-se na imigração de europeus - cerca de 177
abolicionistas que, em sua maioria, eram moradores das cidades. Como famílias de 1847 a 1857 - que se comprometeram a cultivar certo número
demonstram as fugas e rebeliões ao longo de toda a história do Brasil, os de cafeeiros, colher e beneficiar o produto, repartindo o dinheiro da venda
escravos não permaneceram passivos. A possibilidade de um levante com o fazendeiro.
escravo de grandes proporções foi considerada e atemorizou os escravis-
tas, enfraquecendo a sua resistência ao movimento. Os resultados práticos não foram animadores e a experiência fracas-
sou. As frustrações dos colonos foram enormes, pois a dívida contraída
Os cafeicultores paulistas foram particularmente atingidos pelo movi- pelo preço da passagem, paga pelo fazendeiro, mais o juro de 6% ao ano,
mento de fuga dos escravos promovido e apoiado pelos caifases, organi- além das despesas de alimentação financiadas pelo fazendeiro, nunca
zados por Antônio Bento, que foi juiz de paz e juiz municipal e nos cargos podia ser saldada. Analisando melhor, verifica-se que, na verdade, Ver-
que ocupou defendeu sempre os escravos contra a opressão senhorial. gueiro havia implantado o antiqüíssimo sistema da escravidão por dívidas.
Diante de problemas insuperáveis e sentindo-se enganados, os colonos
Na década de 1880, o poder escravista foi seriamente abalado e o se revoltaram em Ibicaba, em 1857. Essa revolta repercutiu na Europa e
Império, atingido em seus alicerces. levou alguns governos a proibir a imigração para o Brasil.

A lei Saraiva-Cotegipe ou lei dos Sexagenários (1885). A camada O comércio interno de escravos. Todavia, a solução mais comum
dominante escravista viu-se, então, forçada a novas concessões, que depois da extinção do tráfico negreiro foi a compra de escravos do norte
tinham por objetivo frear o movimento abolicionista. A lei Saraiva-Cotegipe pelos fazendeiros do sul. A decadência econômica do norte, aliada ao alto
de 1885, ao estabelecer a liberdade aos escravos com mais de 60 anos, preço que o escravo atingiu, facilitou esse comércio, apesar dos protestos
teve exatamente esse propósito.Tratava-se de uma lei de alcance insigni- e tentativas dos deputados nortistas no sentido de proibi-lo.
ficante diante das exigências cada vez mais radicais de abolição imediata
da escravatura. A transferência dos escravos de uma região para outra trouxe dupla
conseqüência: agravou a situação econômica do norte e não resolveu as
Assim, fora do Parlamento o desespero tomou conta dos escravistas, necessidades de mão-de-obra do sul.
pois os escravos abandonavam as fazendas sob estímulo e proteção de
organizações abolicionistas. Para impedir as fugas, os escravistas chega- Assim, o fim do tráfico negreiro condenou a escravidão, que tinha con-
ram a convocar o próprio exército, que, entretanto, se recusou, sob a tra ela a militância de dois fatores, tornando sua abolição irreversível: no
alegação de que "o exército não é capitão-do-mato" e por julgar a missão norte, o amadurecimento da consciência abolicionista; no sul, o desenvol-
indigna dos altos propósitos para que fora instituído. vimento da corrente imigratória européia, com o objetivo de engajá-la no
trabalho livre.
A lei Áurea (1888). Finalmente, a 13 de maio de 1888, a princesa
Isabel, que na ausência de D. Pedro II assumira a regência, promulgou a Abolicionismo e imigração. A cultura cafeeira ocupou, sucessiva-
lei Áurea, declarando extinta a escravidão no Brasil. mente, o vale do Paraíba, o Oeste paulista velho, com centro em Campi-
nas, e o Oeste paulista novo, com centro em Ribeirão Preto. Até recente-
A TRANSIÇÃO DA ESCRAVIDÃO AO TRABALHO LIVRE NA CA- mente, os historiadores consideravam os cafeicultores do Oeste paulista
FEICULTURA mais modernos e adeptos do trabalho livre, em contraste com os do vale
do Paraíba, retrógrados e escravistas. Pesquisas atualizadas, entretanto,
O problema da mão-de-obra na economia cafeeira. O desenvolvi- mostraram que os cafeicultores de ambas as regiões eram igualmente
mento da economia cafeeira, fator essencial para a estabilidade do Impé- escravistas e defensores da escravidão.
rio, desde o inicio estava comprometido com a escravidão. À medida que
o café foi se tornando o centro da economia imperial e sua cultura se Pressionados pela opinião pública brasileira e internacional, os cafei-
expandiu, o tráfico negreiro se intensificou. cultores formaram um único bloco de resistência contra a abolição. Contu-
do, os do Oeste paulista, cujos cafezais eram mais produtivos e recentes,
Porém, essa intensificação ocorreu num clima internacional desfavo- encontravam-se em melhores condições para arcar com os custos da
rável à escravidão: o desenvolvimento do capitalismo industrial e a conse- abolição. E foi sob a pressão abolicionista e a ameaça de desorganização
qüente generalização do trabalho assalariado tornaram a escravidão das suas fazendas motivada pelas fugas dos escravos que os cafeiculto-
repulsiva à nova consciência. res paulistas finalmente lançaram mão da imigração.

Desde a abolição do tráfico em 1850, a questão da substituição do A originalidade da solução paulista foi a de ter buscado a mão-de-
escravo pelo trabalhador livre passou a ser seriamente considerada por obra necessária na Europa e não na China ou na Índia. Porém, como já
alguns cafeicultores. vimos anteriormente, as primeiras tentativas - colônias de parceria - fra-
cassaram.
Ocorre que a cafeicultura estava, naquele momento, expandindo-se
no Oeste paulista. E foi essa circunstância histórica que possibilitou aos A imigração européia, como solução definitiva, só se tornou realidade
fazendeiros paulistas lançarem mão da imigração européia, transformando quando o próprio governo da província de São Paulo assumiu o encargo
a cafeicultura numa economia capitalista. de subvencioná-la, desonerando os fazendeiros. A primeira lei nesse
sentido apareceu em 1871. Pouco mais de dez anos depois, a imigração
A cafeicultura do vale do Paraíba, mais antiga e totalmente modelada tornou-se maciça!
pela escravidão, apresentava maiores dificuldades em substituir seus
escravos por trabalhadores livres. A do Oeste paulista, ao contrário, A lei de Terras (1850) e o colonato. Em 1850, no mesmo ano em
encontrava.-se em plena formação. Por esse motivo, foi em São Paulo e que era abolido o tráfico negreiro, foi estabelecida a lei de Terras, que
não em outra região que a substituição do escravo pelo trabalhador livre regulava a forma de aquisição fundiária. Durante o período colonial, essa
se deu mais rapidamente, imprimindo ao setor o caráter de empreendi- aquisição se fazia mediante a concessão de sesmarias, que foi suspensa
mento capitalista. com a independência. A nova lei estipulava que a terra pública só poderia
ser adquirida mediante a compra.
As colônias de parceria. Na realidade, desde 1840 buscava-se no
Brasil uma solução alternativa à mão-de-obra escrava. O pioneiro nesse Com essa lei, os grandes proprietários procuraram dificultar o acesso
sentido foi Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, que, em sua fazenda de a terra para as pessoas de poucos recursos. O objetivo dessa lei, portan-
Ibicaba, no município paulista de Limeira, adotou uma solução que se to, era clara: se a terra fosse facilmente adquirida por qualquer pessoa,
denominou colônia de parceria. mesmo as de poucos recursos, os fazendeiros ficariam sem mão-de-obra,
pois, em seus cálculos, com a extinção do tráfico, o fim da escravidão era

História 33
APOSTILAS OPÇÃO
uma questão de tempo. Com a lei de Terras, os fazendeiros garantiriam os Chamou-se cabanagem a rebelião que, marcada por enorme
seus privilégios de proprietários. violência, irrompeu na província do Grão-Pará (Pará e Amazonas atuais)
Os imigrantes, geralmente pobres, chegaram ao Brasil na vigência logo após a abdicação de D. Pedro I e mobilizou as camadas mais pobres
dessa lei e foram trabalhar nos cafezais. O regime de trabalho era o da população contra o poder central e as elites, sobretudo os portugueses.
colonato. O primeiro levante ocorreu em 2 de junho de 1831, liderado pelo cônego
João Batista Gonçalves Campos, conhecido como Benze-Cacetes. Após
Segundo esse regime, cada família de imigrantes - agora colonos - um período de trégua, ressurgiu com maior violência, poucos anos depois.
recebia um pagamento proporcional aos pés de café entregues para Na fazenda do Acará, de propriedade de Félix Antônio Clemente Malcher,
serem cuidados por ela. Com a colheita, os colonos recebiam uma espé- organizou-se uma revolução para destituir o então presidente Bernardo de
cie de gratificação de acordo com a quantidade de café colhida. Souza Lobo. Malcher assumiu o governo em janeiro de 1835 e nomeou
comandante de armas o tenente Francisco Pedro Vinagre, mandando
O aspecto mais importante do regime de colonato era a permissão executar o presidente, juntamente com o comandante de armas, coronel
dada aos colonos de cultivarem produtos de subsistência nos intervalos Joaquim José da Silva Santiago, e o capitão-de-fragata Guilherme James
dos cafezais, dos quais tinham o direito de dispor livremente, inclusive Inglis.
para vender o excedente. Essa prática, contudo, só era permitida nos
cafezais novos, de terras férteis. Nos velhos, era geralmente proibida ou Em breve, porém, deposto pelos "vinagristas" insatisfeitos, Malcher foi
era destinado um lote separado para a cultura de subsistência, o que não morto e arrastado pelas ruas de Belém. Meses depois, Vinagre foi também
atraía o colono, já que isso duplicava o seu trabalho ao ter que ir de um derrubado por outro chefe cabano, Manuel Jorge Rodrigues. Pondo-se à
local para outro. frente dos revoltosos, Eduardo Francisco Nogueira, o Angelim, de 23
anos, conseguiu tomar o poder das mãos de Rodrigues. Este refugiou-se
Portanto, o regime de colonato caracterizava-se pelo pagamento fixo na ilha de Tatuoca, onde foi encontrá-lo, em março de 1836, o brigadeiro
no trato do cafezal, um pagamento variável, conforme a colheita e a Soares de Andréia, depois barão de Caçapava, nomeado comandante de
produção direta de alimentos. Por essa razão, não se deve confundir o armas e presidente da província pela Regência. Iniciou-se então o
colonato com o trabalho assalariado, tipicamente capitalista. bloqueio de Belém. Em fins de abril o bispo D. Romualdo de Souza
Coelho interveio e negociou o armistício, com a condição de ser dada a
A expansão cafeeira. Se o regime de colonato despertava o interes- anistia, voltando Angelim a sua fazenda do Canagipó, com o que não
se e a preferência do imigrante, ele era também muito vantajoso para os concordou Andréia.
fazendeiros.
Só a 10 de maio Angelim deixou Belém, confiando o dinheiro do
De fato, os fazendeiros encontraram um meio excepcional para ex- tesouro público ao bispo. A 17 do mesmo mês, Andréia ocupou Belém,
pandir a cafeicultura, com o mínimo de dispêndio. Devido à existência de mas a luta prosseguiu no interior, onde os legalistas enfrentaram
terras devolutas, ainda virgens, em boa quantidade, o seu preço era guerrilhas mesmo depois da prisão de Vinagre e Angelim em outubro. Na
relativamente baixo para as posses dos grandes fazendeiros, que as comarca do rio Negro, atual estado do Amazonas, foi heróica a resistência
adquiriam com facilidade. Para o seu desmatamento, contratavam traba- do cabano Ambrósio Alves Baraorá. O último chefe cabano, Gonçalves
lhadores brasileiros - os "camaradas" -, aos quais pagavam por empreita. Jorge Magalhães, rendeu-se em 25 de março de 1840. ©Encyclopaedia
Em seguida, os colonos eram aí introduzidos para formar o cafezal, que, Britannica do Brasil Publicações Ltda.
ao fim de quatro anos, já dava as primeiras colheitas. Como os colonos
produziam os seus próprios meios de subsistência, a despesa, para o A LUTA PELA LIBERDADE: A RESISTÊNCIA ESCRAVA E AS LEIS
fazendeiro, era ínfima. EMANCIPACIONISTAS

Com o tempo, surgiram os "empreiteiros do café", que passaram a ABOLIÇÃO


empresariar a formação do cafezal nessa mesma base. A abolição da escravatura no Brasil, que alterou de imediato a estrutu-
ra de produção agrícola e, a longo prazo, as fórmulas sociais e étnicas
Desse modo, os cafeicultores paulistas tornaram-se tanto produtores pelas quais se compôs a população do país, não foi um simples gesto
de café quanto produtores de fazendas de café. E, à medida que se magnânimo do poder imperial imbuído de princípios humanitários. Lenta-
multiplicavam as fazendas de café, as terras iam se valorizando, tornando- mente preparada por sucessivos avanços ao longo do século XIX, a
se cada vez mais inacessíveis às pessoas de baixa renda. Ao mesmo abolição decorreu, isto sim, da inevitável conjunção de dois fatores de
tempo, quanto mais fazendas eram criadas, mais trabalhadores eram peso: as pressões externas da política inglesa, que de há muito se opunha
necessários, o que, enfim, estimulava ainda mais a imigração. Como ao tráfico escravista, e as pressões internas de um grande movimento
resultado importante do pra cesso, a entrada maciça de imigrantes favore- popular, o abolicionismo, cujas origens remontam aos quilombos e às
ceu a constituição do mercado de trabalho, sem o qual não há capitalismo. revoltas de africanos iniciadas ainda no período colonial.
Em conseqüência, no regime de colonato “não era o fazendeiro quem Do ponto de vista estritamente legal, a abolição concretizou-se em 13
pagava ao trabalha dor pela formação do cafezal. Era o trabalhador quem de maio de 1888, um domingo, quando a princesa Isabel, então regente
pagava com cafezal ao fazendeiro o direito de usar as mesmas terras na do império, sancionou a lei no 3.353, que concedeu liberdade imediata a
produção de alimentos durante a fase da formação”. Foi assim que os todos os escravos existentes no Brasil e se tornou conhecida como a Lei
fazendeiros multiplicaram a sua riqueza e, como pretendiam, mantiveram Áurea. Resultante de projeto lido pelo ministro da Agricultura, Rodrigo
um exército de homens despossuídos, aptos para trabalharem sob suas Silva, em nome da princesa regente e do imperador D. Pedro II, na sessão
ordens. da Câmara dos Deputados do dia 8 de maio de 1888, a lei da abolição não
previa nenhuma compensação para os proprietários de escravos e era de
Para terminar, uma observação: a solução imigrantista, cujo êxito foi uma concisão exemplar. Constava de apenas dois artigos e estava assim
testemunhado pelos cafeicultores, esteve restrita à província de São redigida: "Art. 1o. É declarada extinta a escravidão no Brasil. Art. 2º.
Paulo. Em outras regiões, incluindo a cafeicultura de Minas e Rio de Revogam-se as disposições em contrário."
Janeiro, a transição para o trabalho assalariado teve por base trabalhado-
res locais, brasileiros. Deve ficar claro, portanto, que o modelo paulista de Primeiros abolicionistas. Na segunda década do século XIX, havia no
transição para o trabalho livre não pode ser generalizado para todo o Brasil cerca de 1.200.000 escravos negros, contra apenas três milhões de
Brasil. habitantes livres e brancos. A agricultura de exportação, totalmente de-
pendente da mão-de-obra escrava, resistia a mudanças nesse quadro,
CABANAGEM opondo-se não só à libertação dos cativos como também ao fim do tráfico.
No auge de sua revolta, os cabanos proclamaram a república, em Toda a estrutura escravocrata da economia brasileira foi contestada
agosto de 1835, e declararam o Pará separado do império do Brasil. porém no exterior, desde o século XVIII, por não ser compatível com
História 34
APOSTILAS OPÇÃO
novas concepções internacionais sobre o trabalho, já então em vigor. co de Araújo chegou até a propor a criação de um fundo de emancipação,
destinado à concessão de alforrias de caráter compulsório, tendo em vista
O mais antigo abolicionista do Brasil, segundo as Efemérides do ba- os motivos de saúde, comportamento e serviços prestados.
rão do Rio Branco, foi o padre português, residente na Bahia, Manuel A guerra do Paraguai tornou inadiáveis algumas dessas medidas. No
Ribeiro da Rocha, que em seu Etíope resgatado (1757) se antecipou às recrutamento de tropas, o Exército e a Marinha tiveram de apelar para o
idéias abolicionistas propostas pelos ingleses Thomas Clarkson (1786) e concurso dos negros, que deixaram de ser simples máquinas agrícolas
William Wilberforce (1788). para se transformarem em "voluntários da pátria". O processo se acelera.
Dois decretos assinados por Zacarias de Góis e Vasconcelos refletiram
O combativo jornalista Hipólito José da Costa, radicado em Londres com clareza a precipitação dos acontecimentos. O primeiro, de 6 de
desde que conseguira evadir-se dos cárceres da Inquisição (fora preso por novembro de 1866, concedia liberdade gratuita aos escravos designados
ser maçom), atacou o problema da escravatura no instante mesmo em para o serviço do Exército; o outro, de 28 de março de 1868, mandava
que a família real portuguesa, para escapar da invasão napoleônica, se proceder à matrícula geral dos escravos. Esse último, em especial, abriu
refugiou no Brasil. Já em 1809, ele escreveu em seu Correio Braziliense: espaço para numerosas demandas interpostas por advogados que foram
"Se o governo do Brasil remediar este mal, os filantropos lhe perdoarão grandes abolicionistas, como Saldanha Marinho, no Rio de Janeiro, e Luís
todos os mais." Gama, em São Paulo.
A ofensiva forense foi intensa. Em 1871, por exemplo, o jovem advo-
A geração da independência -- Hipólito José da Costa, José Bonifácio, gado José Joaquim Peçanha Póvoas propôs 1.604 ações contra senhores
Caldeira Brant e o próprio imperador D. Pedro I -- era adversa à escravi- que obrigavam escravas à prática da prostituição, obtendo 729 alforrias.
dão, mas temia que o país se desorganizasse se a cessação do tráfico de As etapas seguintes do movimento antiescravista foram marcadas pe-
africanos não fosse precedida, em prazo razoável, pela reorganização do la Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871, permanentemente
trabalho. fraudada, e a Lei dos Sexagenários, de 28 de setembro de 1885. De
acordo com a primeira, a partir dela os filhos de mãe escrava seriam
Extinção do tráfico. Depois da independência, o tráfico continuou, co- livres; pela segunda, os maiores de sessenta anos ganhariam alforria.
mo se o Brasil ignorasse o Congresso de Viena (1815) e o tratado de Aos poucos, o abolicionismo ganhava impulso no país. No Ceará, os
1817, que fixou medidas de repressão ao comércio de escravos a serem jangadeiros que faziam o transporte de outros portos nordestinos para
executadas em conjunto por autoridades britânicas e portuguesas. Fortaleza negaram-se a levar escravos. Em 1844 a própria província do
Ceará aboliu a escravatura em seu território, gesto seguido no mesmo ano
A Inglaterra, que então dominava os mares e a metade do montante pela província do Amazonas e por três municípios da província do Rio
do comércio mundial, não desistiu porém de suas pressões. Em conse- Grande do Sul.
qüência disso, o Brasil foi forçado a firmar o tratado de 3 de novembro de Quando da aprovação das leis do Ventre Livre e dos Sexagenários,
1826, que marcou um prazo de três anos para a completa extinção do achava-se no poder o Partido Conservador, ao qual competia, quase
tráfico. Em cumprimento a esse tratado, foi promulgada a lei de 7 de sempre, aplicar as reformas propostas pelo Partido Liberal. A questão
novembro de 1831, que libertava os escravos desembarcados no Brasil. servil não constava, entretanto, do programa de nenhum dos partidos.
Tal lei nunca seria aplicada e o tráfico, com a complacência do governo, Houve conservadores, como Andrade Figueira, que nunca mudaram sua
prosseguiu a todo vapor. intransigente posição contra os avanços emancipacionistas. Muitos libe-
rais, por sua vez, discordaram do ponto de vista expresso por Rui Barbosa
A partir de 1845, com a chamada Aberdeen bill, o tráfico recrudesceu, no famoso Parecer sobre a reforma do elemento servil (1884).
porque os fazendeiros do setor agro-exportador (Nordeste e Sudeste), De fato, o abolicionismo foi um movimento à margem dos partidos po-
temendo o fim da importação de escravos, resolveram fazer estoques. A líticos, que sensibilizou as parcelas mais esclarecidas da população e
Aberdeen bill passou então a sujeitar aos tribunais britânicos os navios forneceu temas polêmicos a numerosos poetas, como Fagundes Varela e
brasileiros que operavam no tráfico. Em abril de 1850, cruzadores ingleses Castro Alves. Em sua fase decisiva, a campanha que culminou no 13 de
chegaram a apreender navios contrabandistas até dentro de águas territo- maio foi impulsionada por entidades civis, como a Sociedade Brasileira
riais e portos brasileiros. Logo depois, em 14 de outubro, o ministro da contra a Escravidão, de André Rebouças, e a Confederação Abolicionista,
Justiça, Eusébio de Queirós, assinou a lei que pôs fim ao tráfico clandesti- de João Clapp, ambas no Rio de Janeiro, ou por organizações secretas e
no de africanos para o Brasil. até subversivas, como o Clube do Cupim, de José Mariano, no Recife, e
os Caifases, de Antônio Bento, em São Paulo.
Com a extinção do tráfico, o capital investido no comércio negreiro No papel de relevo que coube à imprensa, destacaram-se os grandes
desviou-se para outras atividades. Surgiram então os bancos emissores, jornais do Rio de Janeiro: a Gazeta de Notícias, de Ferreira de Araújo; O
as companhias de imigração e colonização, as empresas de estradas de País, de Quintino Bocaiúva, notadamente pela seção que nele mantinha
ferro. Seria a hora de acabar de vez com a escravidão, não fosse a reação Joaquim Serra; a Gazeta da Tarde, de Ferreira de Meneses e José do
dos fazendeiros, que se encastelaram na defesa de seus interesses Patrocínio; e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini.
ameaçados. Sob esse clima, não teve maior repercussão o projeto do Advogados, jornalistas, estudantes, escritores e funcionários constituí-
deputado Pedro Pereira da Silva Guimarães (1850 e 1852), que concedia ram a vanguarda do movimento abolicionista. A ela se integraram os
liberdade aos nascituros. oficiais do Exército, após memorável reunião do Clube Militar em outubro
O movimento ganha força. Na verdade, só um decênio após a Lei Eu- de 1887, que dirigiram à princesa regente um apelo para que os soldados
sébio de Queirós o movimento emancipacionista adquiriu novo alento, não fossem obrigados à "captura de pobres negros que fogem à escravi-
graças sobretudo à ação do Instituto dos Advogados. Foram abolicionistas dão".
todos os presidentes do Instituto, parlamentares ou não, como Carvalho A abolição decorreu, portanto, de um movimento de opinião que se
Moreira, Silveira da Mota, Urbano Pessoa, Perdigão Malheiros e, mais sobrepôs aos partidos e aos próprios grupos monárquicos, nos quais
adiante, Nabuco de Araújo e Saldanha Marinho. prevalecia quase sempre a vontade da classe mais rica e poderosa, a dos
Em 1863, os Estados Unidos decretaram a libertação de seus escra- senhores de escravos. Em suma, a abolição foi feita pelo povo. Por aque-
vos. Três anos depois, D. Pedro II encaminhou a seus ministros um apelo les que pertenciam ao "partido dos que não tinham nada a perder", se-
que recebera, no mesmo sentido, da Junta Francesa de Emancipação. O gundo a frase cáustica do parlamentar liberal Martinho Campos, que se
Conselho de Estado iniciou em seguida o estudo do problema, com base intitulava, cheio de orgulho, um "escravocrata da gema". ©Encyclopaedia
em cinco projetos elaborados por Pimenta Bueno (depois visconde e Britannica do Brasil Publicações Ltda.
marquês de São Vicente).
Ao serem debatidos os projetos de Pimenta Bueno, o conselheiro Na- QUILOMBO
buco de Araújo lembrou uma série de medidas que alterariam por comple- Palmares, o mais célebre dos quilombos, teve seu último chefe, Zum-
to as relações ainda vigentes entre senhores e escravos: a liberdade dos bi, consagrado como personagem mítico da cultura negra brasileira.
nascituros, a garantia do pecúlio, a supressão dos castigos corporais e a Quilombo é o nome que se dá à aldeia onde se concentravam escra-
alforria invito domino, ou seja, mesmo contra a vontade do senhor. Nabu- vos fugidos da exploração e dos maus-tratos sofridos nas fazendas, minas

História 35
APOSTILAS OPÇÃO
e casas de família do Brasil colonial. Os maiores quilombos eram forma- Aguirre e a segunda contra Solano López, no Paraguai.
dos por pequenas aldeias, os mocambos. Seus habitantes -- quilombolas - No âmbito interno, o imperador foi obrigado a enfrentar as divergên-
- tendiam a organizar-se política e economicamente como as tribos ou cias políticas provocadas pelo movimento abolicionista e pela criação, em
nações africanas de origem, o que era dificultado por conviverem num 1870, do Partido Republicano. Somam-se a essas frentes dois impasses
mesmo quilombo negros de diversas origens, mestiços e até índios das de maior relevância: a questão religiosa, provocada pela recusa dos
redondezas. De modo geral, as terras eram comunais e cada indivíduo ou bispos D. Antônio de Macedo Costa e D. Frei Vital de aceitar ingerências
família cultivava uma pequena parcela. Também era praticada a escravi- do governo, por influência da maçonaria, na nomeação de diretores de
dão, que já existia em regiões da África. ordens terceiras e irmandades; e a questão militar, na verdade uma série
Os quilombolas faziam incursões noturnas às fazendas, para buscar de atritos provocados pela ânsia por maior autonomia dos militares, como
mulheres e encorajar novos companheiros a segui-los. Essa situação o protesto contra a censura a oficiais que debatiam pela imprensa ques-
servia de justificativa para as expedições punitivas que, inicialmente, tões internas da classe, e que teve o apoio do marechal Deodoro da
pretendiam capturar os fugitivos. Mais tarde, a prosperidade alcançada por Fonseca, seu maior líder.
alguns quilombos despertou a cobiça dos sertanistas e bandeirantes. A propaganda republicana avolumava-se a olhos vistos. Na Escola
Embora não tivessem forças armadas organizadas, raros foram os qui- Militar, o professor de maior prestígio, tenente-coronel Benjamin Constant,
lombos que caíram sem resistência. pregava livremente a república e o positivismo. Em São Paulo, um Con-
Palmares, fundado no início do século XVII, chegou a dominar todas gresso Republicano, em 1873, chegou a aprovar um projeto de constitui-
as matas entre o cabo de Santo Agostinho e o rio São Francisco. Sob a ção. O desgaste do regime monárquico era cada vez maior. O agravamen-
liderança de Ganga Zumba e, na fase final do quilombo, de seu sobrinho to da questão militar durante o gabinete Ouro Preto ensejou uma aliança
Zumbi, os quilombolas de Palmares resistiram aos ataques dos que visa- entre os líderes militares e os chefes republicanos de várias correntes. Em
vam a exterminá-los. A expedição do bandeirante paulista Domingos 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o
Jorge Velho, em 1692, foi derrotada pelas forças de Zumbi. O bandeirante governo, com o título de chefe do governo provisório, e um ministério
comandou uma nova expedição com mais de três mil homens, que, em composto de republicanos históricos e liberais que aderiram à república. O
1695, cercou e dizimou o quilombo, destruído após ter resistido durante novo governo apressou-se em enviar uma mensagem ao imperador,
sua existência a 17 expedições punitivas. solicitando que se retirasse do país. Sereno e altivo, D. Pedro II embarcou
Houve quilombos em todo o território brasileiro. Destacaram-se, du- com a família no dia 17 de novembro, depois de recusar a ajuda financeira
rante o período colonial, os da serra dos Parecis; os do rio Trombetas, no oferecida pelo governo provisório e recomendar aos seus antigos minis-
Pará; o de Turiaçu, no Maranhão; o de Carlota, em Mato Grosso; e o do tros que continuassem a servir ao Brasil. ©Encyclopaedia Britannica do
rio das Mortes, em Minas Gerais. Nos últimos anos do século XX, existiam Brasil Publicações Ltda.
no Brasil cerca de 400 comunidades negras, das quais cem eram rema-
nescentes de quilombos. Entre elas, algumas subsistem em estado de A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
isolamento, como as 19 comunidades da bacia do rio Trombetas, no Pará; Introdução
a do rio das Rãs, na Bahia; a de Mocambo, em Sergipe; e a de Cafundó, No final da década de 1880, a monarquia brasileira estava numa
em São Paulo. O artigo 68 das Disposições Transitórias da constituição de situação de crise, pois representava uma forma de governo que não
1988 garantiu a posse da terra aos descendentes dos fundadores dos correspondia mais às mudanças sociais em processo. Fazia-se
quilombos. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. necessário a implantação de uma nova forma de governo que fosse
capaz de fazer o país progredir e avançar nas questões políticas,
A QUEDA DO TRONO: AS QUESTÕES RELIGIOSAS, MILITAR E A econômicas e sociais.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Crise da Monarquia
A crise do sistema monárquico brasileiro pode ser explicada através
A contar da abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831, até a de algumas questões:
proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, o segundo reina- • Interferência de D.Pedro II nos assuntos religiosos, provocando
do compreende um período de 58 anos, nele incluída a regência; ou de 49 um descontentamento na Igreja Católica;
anos, se contado a partir da maioridade. De qualquer maneira, foi o mais • Críticas feitas por integrantes do Exército Brasileiro, que não
longo período da história política do Brasil, e contou com um interregno de aprovavam a corrupção existente na corte. Além disso, os
quase quarenta anos de paz interna, o que propiciou a implantação de militares estavam descontentes com a proibição, imposta pela
medidas importantes, como o protecionismo alfandegário, que veio acabar Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam se
com as dificuldades cambiais impostas pelos tratados desvantajosos com manifestar na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro
países estrangeiros, assinados para facilitar o estabelecimento de rela- da Guerra;
ções diplomáticas; a criação da presidência do Conselho de Ministros, • A classe média (funcionário públicos, profissionais liberais,
primeira experiência de parlamentarismo brasileiro; a extinção do tráfico jornalistas, estudantes, artistas, comerciantes) estava crescendo
de escravos, que prenunciou a abolição; a inauguração de novos meios de nos grandes centros urbanos e desejava mais liberdade e maior
transporte e comunicação (ferrovias e telégrafo); a maior racionalização da participação nos assuntos políticos do país. Identificada com os
imigração; e o desenvolvimento das letras, artes e ciências. ideais republicanos, esta classe social passou a apoiar o fim do
A ansiedade por um governo estável e suprapartidário, aliada a um império;
hábil movimento político dos liberais, levou à antecipação da maioridade • Falta de apoio dos proprietários rurais, principalmente dos
do imperador, em 23 de julho de 1840. Mas os liberais logo tiveram de cafeicultores do Oeste Paulista, que desejavam obter maior
ceder novamente o poder aos conservadores, que prosseguiram em sua poder político, já que tinham grande poder econômico;
ação centralizadora. A dissolução da Câmara, eleita sob governo liberal, Diante das pressões citadas, da falta de apoio popular e das
provocou reações armadas em Minas Gerais e São Paulo, logo sufocadas constantes críticas que partiam de vários setores sociais, o imperador e
pela ação enérgica do barão (futuro duque) de Caxias. Em 1844, os seu governo encontravam-se enfraquecidos e frágeis. Doente, D.Pedro
liberais voltaram ao poder e governaram até 1848, quando os conservado- II estava cada vez mais afastado das decisões políticas do país.
res retomaram as rédeas do governo, que teve de enfrentar, em Pernam- Enquanto isso, o movimento republicano ganhava força no Brasil.
buco, a revolução praieira.
A ascensão de D. Pedro II ao poder coincide com as sérias questões A Proclamação da República
do Prata e a guerra contra Rosas, na Confederação Argentina, e Oribe, no No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca,
Uruguai. O ministério, presidido pelo marquês do Paraná, solucionou as com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu
questões diplomáticas e firmou o prestígio do Brasil no exterior. A criação presidente. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto
das estradas de ferro e do telégrafo, a fundação de bancos, a multiplica- proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.
ção de indústrias e as grandes exportações de café, trouxeram grande Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de
desenvolvimento econômico ao país. De 1864 a 1870, o imperador teve novembro, D.Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha
ainda de sustentar duas guerras, a primeira contra o governo uruguaio de
História 36
APOSTILAS OPÇÃO
início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca pregava doutrinas subversivas, prejudicando a religião e o estado. Tenta-
assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. A partir de ram, então, internar o beato num hospício no Rio de Janeiro, não o conse-
então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo guindo por falta de vaga. Surgiu então a primeira "cidade santa", o arraial
através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da do Bom Jesus, hoje Crisópolis.
democracia no Brasil.
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/proclamacaodarepublica.htm Início da rebelião. Um incidente, em 1893, marcou a primeira rebelião
de Antônio Conselheiro e seus seguidores. O governo central autorizou os
municípios a realizarem a cobrança de impostos no interior, provocando
uma revolta em Bom Jesus que culminou com a desafixação dos editais e
sua queima em público. Antônio Conselheiro retira-se então para o norte,
acompanhado de cerca de duzentos fiéis. Perseguidos por força policial,
5. BRASIL REPÚBLICA. 5.1. A crise do siste- foram alcançados em Massete, onde venceram o combate que se seguiu.
ma monárquico imperial e a solução repu- A fuga prosseguiu até se fixarem numa fazenda de gado abandonada, à
blicana; a Constituição de 1891. 5.2. A Pri- margem do rio Vasa-Barris, onde desenvolveram o povoado de Belo
meira República (1889-1930) e sua evolu- Monte ou Canudos.
ção político administrativa; as dissidências
oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida Os fazendeiros da região logo se alarmaram, devido aos constantes
econômica e os movimentos sociais no assaltos a fazendas, vilas e cidades. Em maio de 1895, um missionário
campo e nas cidades. 5.3. A Segunda Repú- capuchinho entrou no arraial, tentando dissuadir os sertanejos de suas
blica e sua trajetória político institucional; convicções, mas foi recebido com hostilidade e logo expulso.
do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a Em Canudos acentuaram-se as tendências messiânicas do movimen-
curta experiência parlamentarista; as to. A esperança dos sertanejos de melhorar sua condição paupérrima
Constituições de 1946, 1967 e 1988. 5.4. As traduziu-se na fundação de uma comunidade com posse comum da terra,
transformações socioeconômicas ao longo dos rebanhos e dos produtos do trabalho coletivo; apenas os bens móveis
dos cem anos de vida republicana; o café e e residências constituíam propriedade pessoal. Os conselheiristas acredi-
o processo de industrialização; as crises e tavam estar na lei de Deus, ao passo que o regime republicano, que
as lutas operárias; o processo de internaci- instituíra o casamento civil, era visto como a "lei do cão". Foram por isso
onalização da economia brasileira e o endi- acusados de pretenderem restaurar a monarquia; mas esta era, para eles,
vidamento externo. 5.5. Aspectos do desen- uma entidade mística e utópica que, tal como a república que o Conselhei-
volvimento cultural e científico do Brasil no ro atacava em suas pregações, não possuía conteúdo político real.
século XX. 5.6. A globalização e as questões
ambientais. Campanha militar. A primeira reação oficial do governo da Bahia deu-
se em outubro de 1896, quando as autoridades de Juazeiro apelaram para
o governo do estado em busca de uma solução. Em novembro, uma força
de cem praças, sob o comando do tenente Manuel da Silva Pires Ferreira,
dirigiu-se para Canudos. Os sertanejos, vindo ao encontro dos atacantes,
Canudos surpreenderam a tropa em Uauá, em 21 de novembro, obrigando-a a se
O sangrento episódio de Canudos, um dos mais importantes movi- retirar com vários mortos. Enquanto aguardavam uma nova investida do
mentos messiânicos brasileiros do século XIX, inspirou numerosos livros, governo, os jagunços fortificavam os acessos ao arraial.
entre eles Os sertões, de Euclides da Cunha (1902), clássico da literatura
brasileira. Comandada pelo major Febrônio de Brito, em janeiro de 1897, depois
A campanha de Canudos, em 1896 e 1897, consistiu em quatro expe- de atravessar a serra de Cambaio, a segunda expedição contra Canudos
dições militares, as três primeiras derrotadas, que tentavam submeter a foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos jagunços, que
"cidade santa" construída por Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio se abasteciam com as armas abandonadas ou tomadas à tropa. Os serta-
Conselheiro, líder religioso dos sertões. O arraial situava-se no município nejos mostravam grande coragem e habilidade militar, enquanto Antônio
de Monte Santo, no nordeste da Bahia, à margem do rio Vasa-Barris. Conselheiro ocupava-se da esfera civil e religiosa.
O Conselheiro. O líder do movimento messiânico que arrastou deze-
nas de milhares de pessoas, Antônio Conselheiro, nasceu em Quixeramo- No Rio de Janeiro, o governo, alarmado, preparou então a primeira
bim CE, em 13 de março de 1830. Foi comerciante na cidade natal, caixei- expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira
ro em Sobral, escrivão em Campo Grande, solicitador em Ipu e mestre- César. Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas
escola no Crato. Abandonado pela mulher, dedicou-se a percorrer como pela guerra de guerrilhas na travessia das serras, a força, que inicialmente
pregador fanático os sertões do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia. se compunha de 1.300 homens, assaltou o arraial. Moreira César foi
mortalmente ferido e assumiu o comando o coronel Pedro Nunes Batista
Em 1874, apareceu na Bahia seguido dos primeiros fiéis, e foi preso Ferreira Tamarindo. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder. Entre
na vila de Itapicuru-de-Cima por suspeita de homicídio e mandado de volta os chefes militares sertanejos destacaram-se Pajeú, Pedrão, que depois
ao Ceará. Evidenciado o erro, regressou à Bahia. Já era então "o anacore- comandou os fanáticos na travessia de Cocorobó, Joaquim Macambira e
ta sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa, face João Abade, braço direito de Antônio Conselheiro, que comandou os
escaveirada, olhar fulgurante", que Euclides da Cunha descreveria. Vivia jagunços em Uauá.
de esmolas. Vestia um camisolão de brim azul, chapéu de abas largas
derrubadas e sandálias; apoiava-se num bordão e tinha às costas um No Rio de Janeiro, a repercussão da derrota foi enorme, principalmen-
surrão de couro, com dois livros religiosos e material para escrever. te porque se atribuía ao Conselheiro a intenção de restaurar a monarquia.
Jornais monarquistas foram empastelados e Gentil José de Castro, geren-
De 1877 a 1887 cruzou os sertões e chegou até à Vila de Conde, no te de dois deles, assassinado. Providenciou então o governo a quarta e
litoral baiano. Em todos os lugares empenhava-se, com seus seguidores, última expedição, comandada pelo general Artur Oscar de Andrade Gui-
em construir e restaurar capelas, igrejas e cemitérios. Em 1882, o bispo da marães, composta de duas colunas, comandadas pelos generais João da
Bahia dirigiu circular a todos os párocos, proibindo os fiéis de assistirem Silva Barbosa e Cláudio do Amaral Savaget, ambas com mais de quatro
às prédicas de Antônio Conselheiro. Quatro anos depois, deu-se uma mil soldados. No decorrer da luta, o próprio ministro da Guerra, marechal
nova reação, agora do delegado de Itapicuru, que enviou ao chefe de Carlos Machado Bittencourt, seguiu para o sertão baiano e se instalou em
polícia da Bahia um ofício, relatando conflitos entre o grupo de Antônio Monte Santo, base das operações.
Conselheiro e o vigário de Inhambupe. Em 1887, o arcebispo, com o apoio
do presidente da província, voltou a acusar Conselheiro, alegando que O primeiro combate verificou-se em Cocorobó, em 25 de junho, com a

História 37
APOSTILAS OPÇÃO
coluna Savaget. No dia 27, depois de sofrerem perdas consideráveis, os ras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor
atacantes chegaram a Canudos. Após várias batalhas, a tropa conseguiu agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do
dominar os jagunços, apertando o cerco sobre o arraial. Depois da morte café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria,
de Conselheiro em combate, em 22 de setembro, muitos jagunços aban- que estava em expansão neste período.
donaram a luta, enquanto um último reduto resistia na praça central do
povoado. Em 5 de outubro de 1897, morreram os quatro derradeiros Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o
defensores. O cadáver de Antônio Conselheiro foi exumado e sua cabeça crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro,
decepada a faca. No dia 6, o arraial foi arrasado e incendiado. ©En- acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões
cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos
e tiveram seus problemas sociais agravados.
República Velha, República da Espada, Presidência civil, Política dos
governadores, Café-com-leite, Divisões, Aliança Liberal, coronelismo, Política dos Governadores
Revolução de 30. Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta polí-
tica visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de
favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava
os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes
políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a
época do governo.

O coronelismo
A figura do "coronel" era muito comum durante os anos iniciais da
República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era
um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a
eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, onde o
coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo de violência para que os
eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por
ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados
por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O
Marechal Deodoro da Fonseca coronel também utilizava outros "recursos" para conseguir seus objetivos
políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores,
1) Introdução fraudes eleitorais e violência.
O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Ve-
lha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das O Convênio de Taubaté
elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para bene-
país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área ficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café
social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e esto-
do território brasileiro. cava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram
liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de
A República da Espada ( 1889 a 1894 ) exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da Repúbli-
ca, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o A crise da República Velha e o Golpe de 1930
Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a po-
do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice- lítica do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM.
presidente : Floriano Peixoto. O militar Floriano, em seu governo, intensifi- Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís
cou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia. indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o
café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e
A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Republicana ) do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidên-
Após o início da República havia a necessidade da elaboração de cia o gaúcho Getúlio Vargas.
uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia.
A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apre- Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando
sentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais.
agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares
cidadãos ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha
fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto. e início da Era Vargas.

República das Oligarquias CORONELISMO


O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presi- Símbolo de autoritarismo e impunidade, as práticas do coronelismo,
dentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes do caudilhismo e do caciquismo aviltaram, do império às últimas décadas
partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Minei- do século XX, a cena política brasileira.
ro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no
poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do Coronelismo é o termo criado para designar certos hábitos políticos e
país. sociais próprios do meio rural brasileiro, onde os grandes proprietários
rurais, ditos coronéis, exerciam absoluto domínio sobre as pessoas que
Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que viviam em suas terras ou delas dependiam para sobreviver. O fenômeno
beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de tem raízes profundas na tradição patriarcal brasileira e no arcaísmo da
café do oeste paulista. estrutura agrária do país.

Política do Café-com-Leite História. O título de coronel remonta à criação da Guarda Nacional,


A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Ge- em 1831, pelo governo imperial, em substituição às milícias e ordenanças,
rais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por com a finalidade de defender a constituição e a integridade do império.
isso, dominavam o cenário político da república. Saídos das elites minei- Como seus quadros eram nomeados pelo governo central ou pelos presi-

História 38
APOSTILAS OPÇÃO
dentes de província, o tráfico de influências e a corrupção política logo seu poder e o tornava temido.
dominaram o sistema. A patente de coronel tornou-se equivalente a um
título nobiliárquico, concedida de preferência aos senhores de terras, que Embora o coronelismo, o caudilhismo e o caciquismo -- sobretudo es-
assim adquiriam autoridade para impor a ordem sobre o povo e os escra- te último fenômeno -- tenham sobrevivido até o final do século XX em
vos. Sem vigilância direta, perdido nas distâncias e defendido por um áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos, já não apresentavam
partido nos excessos que cometesse, o coronel personificou a invasão a mesma força e poder, corroídos por novas variáveis que se impuseram à
particular da autoridade pública, favorecido pelo sistema que o nomeava e realidade eleitoral brasileira. Uma delas foi a recomposição demográfica
sustentava. da sociedade, com crescente diminuição da população rural e aumento
dos contingentes urbanos. Tal mudança se acompanhou de uma modifi-
Ao lado do coronel detentor de patente surgiu a figura do coronel sem cação na visão de mundo do trabalhador rural migrante que, embora
cargo, qualificado pelo prestígio e pela capacidade de mobilização eleito- vivendo miseravelmente na cidade grande, passou a dispor de certa
ral. Os dependentes submetiam-se ao senhor da terra pela persuasão e autonomia e ficou livre da pressão direta de seus antigos patrões.
pela proteção que caracterizavam a relação de "compadrio"; em caso de
resistência, eram expulsos da fazenda, perseguidos e até assassinados Outra variável importante foi o alastramento dos meios de comunica-
impunemente. Essa foi, durante muitas décadas, a configuração das ção, principalmente a televisão, por sua natureza hegemônica e seu poder
relações políticas brasileiras nas áreas rurais. Nos pequenos núcleos de penetração e convencimento, reforçado pela utilização da imagem em
urbanos surgiram lideranças mais modestas, personificadas por comerci- cores e a formação de redes nacionais. A disseminação de formas urba-
antes, médicos, padres ou advogados, todos presos à concepção comum nas de comportamento afetou profundamente as massas populares interi-
do voto cativo. oranas, destruiu mitos e tradições e, de algum modo, reduziu a ingenuida-
de e a submissão que caracterizavam a atitude do homem do campo,
A república, ao deslocar o comando político para a unidade federada habituado por séculos de dominação a obedecer servilmente aos seus
e transformar o governo central -- depois de Campos Sales até a revolu- senhores. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
ção de 1930 -- numa coligação de poderes estaduais, favoreceu o pleno
florescimento do coronelismo. Os chefes estaduais tornaram-se coronéis LAMPIÃO
de coronéis, pois os chefes de municípios, em troca dos votos de seus Lampião tornou-se um mito para muitos sertanejos, para quem o can-
próprios currais eleitorais, recebiam apoio para gerir os negócios locais e gaço representava uma alternativa de ascensão social. O cangaceiro
autonomia para nomear protegidos. alardeava a obtenção rápida de riquezas, impossível de serem consegui-
das com o trabalho honesto no cabo da enxada.
Opor-se ao governo do estado, exceto no caso de municípios mais ri-
cos, implicava sérias privações para o chefe municipal e seus seguidores. Virgulino Ferreira da Silva, dito Lampião, nasceu em Vila Bela, atual
A vitória eleitoral do coronel de oposição foi sempre fato raro, pois a Serra Talhada PE, em 1900. Caçula de um sitiante vitimado pelo mando-
máquina do governo na política, no fisco, na justiça e na administração nismo político, Virgulino e dois irmãos, Antônio e Livino, ingressaram no
trabalhava contra ele. Se eleito, precisava de recursos que dificilmente bando de Sinhô Pereira, para vingar o pai. Virgulino tinha apenas 18 anos,
viriam sem concessões de sua parte. Além disso, o governo podia seduzir mas logo tornou-se chefe. O grupo de Lampião tornou-se conhecido por
os chefes da oposição, sempre que se mostrassem mais eficazes que sua extrema crueldade e até 1927 agiu no interior da Paraíba e Pernam-
seus correligionários na arregimentação de votos. buco, aterrorizando cidades e fazendas. Mais tarde, agiu em todo o sertão
da Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.
Declínio do coronelismo. O crescimento da população rural e das pe- Lampião, que chegou a ter sob seu comando cerca de 200 bandoleiros,
quenas cidades, as migrações, a abertura de estradas e a penetração dos tornou-se uma figura lendária. Antes, apenas Antônio Silvino, preso em
meios de comunicação de massa nos pontos mais remotos do território 1914 e indultado em 1937, conseguira manter-se no cangaço por 18 anos.
nacional tornaram o eleitor menos submisso e mais exigente para conce-
der seu voto. Surgiram novos líderes, que podiam dirigir-se diretamente ao Lampião também serviu de instrumento aos "coronéis" (chefes políti-
povo, cada vez mais concentrado nas cidades. A decadência do corone- cos locais), o que lhe facilitou o domínio. Metralhado pela polícia, em
lismo, forma de organização político-social ajustada à tradicional socieda- 1938, no seu esconderijo de Angicos, em Sergipe, ele e a companheira
de rural brasileira, foi-se processando em compasso com a transformação Maria Bonita tiveram as cabeças decepadas e levadas como troféu para
da sociedade. O êxodo rural e o desmesurado crescimento das cidades Salvador, onde ficaram expostas durante trinta anos no Instituto Nina
pelos aglomerados urbanos marginais esvaziou o poder eleitoral dos Rodrigues, na Bahia. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
coronéis. A permanência de um regime de propriedade rural arcaico, no Ltda.
entanto, com seu subproduto de pobreza e dependência, favorece a
manutenção das práticas políticas autoritárias e da instituição do "voto de CANGAÇO
cabresto". No sertão do Nordeste brasileiro, as violentas disputas entre famílias
poderosas e a falta de perspectivas de ascensão social numa região de
Caudilhismo. Formas análogas de exercício de poder pessoal e dis- grande miséria levaram ao surgimento de bandos armados, gerando o
cricionário surgiram e se mantiveram ao lado do coronelismo, ou em sua fenômeno do cangaço.
substituição. Uma delas foi o caudilhismo, que se define pelo agrupamento
de uma sociedade, ou de parte representativa desta, em torno da figura de Cangaço é a denominação dada ao tipo de luta armada ocorrida no
um chefe. Enquanto o coronel se impunha pela força e pelo medo, o sertão brasileiro, do fim do século XVIII à primeira metade do século XX.
caudilho impunha-se principalmente pelo carisma e por um apelo de tipo Cangaceiro era o homem que se dedicava a essa atividade, trazendo
salvacionista. Embora se manifestasse na esfera política, podia envolver sempre atravessada nos ombros sua espingarda, como um boi debaixo da
relações de tipo militar, ou paramilitar, para impor o nome do caudilho pela canga. Já no começo do século XIX, o cangaceiro trazia a tiracolo ou
força. Tal como o coronelismo, é um fenômeno típico do meio rural, ou dos dependurada no cinturão toda sorte de armas suplementares, como
pequenos agrupamentos urbanos do interior, que vigorou até meados do longos punhais que batiam na coxa e cartucheiras de pele ou de couro,
século XX não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. praticamente a mesma indumentária de Lampião, cem anos mais tarde.

Caciquismo. Fenômeno semelhante ao coronelismo e ao caudilhismo, Existiram três tipos de cangaço na história do sertão: o defensivo, de
o caciquismo difere apenas na forma menos agressiva. O cacique era o ação esporádica na guarda de propriedades rurais, em virtude de amea-
chefe político local, às vezes deputado estadual, federal ou senador, com ças de índios, disputa de terras e rixas de famílias; o político, expressão
domínio sobre amplos currais eleitorais. Seu traço principal era a política do poder dos grandes fazendeiros; e o independente, com características
clientelista, de concessão de favores e cargos públicos, também chamada de banditismo.
"política de mão-no-ombro". O cacique desfrutava de domínio sobre seu
eleitorado e também sobre o processo eleitoral local, o que multiplicava No primeiro caso, após realizarem sua missão de caçar índios no ser-

História 39
APOSTILAS OPÇÃO
tão do Cariri e em outras regiões, a soldo dos fazendeiros, os cangaceiros
se dissolviam e voltavam a trabalhar como vaqueiros ou lavradores. As
rixas entre famílias e as vinganças pessoais mobilizavam constantemente
os bandos armados. Parentes, agregados e moradores ligados ao chefe
do clã por parentesco, compadrio ou reciprocidade de serviços compu-
nham os exércitos particulares.

O cangaço político resultou, muitas vezes, das rivalidades entre as


oligarquias locais, e se institucionalizou como instrumento dessas oligar-
quias, empenhadas na disputa para consolidar seu poder. Mas no final do
século XIX surgiram bandos independentes que não se subordinavam a
nenhum chefe local, tendo sua origem no problema do monopólio da terra.
Esse tipo de cangaço já existira no passado, em função das secas, mas
não conseguira perdurar, eliminado pelos potentados locais, assim que se
restabeleciam as condições normais de vida.

O primeiro dos grandes bandos independentes foi o de Antônio Silvino


(1875), pernambucano que, desde jovem, na última década do século XIX,
se dedicara ao cangaço a serviço da família Aires. A partir de 1906, afas-
tou-se das lutas políticas e dos conflitos entre famílias, passando a lutar
pela dominação armada de áreas do sertão. Atuou em Pernambuco, Biografia: Getúlio Dornelles Vargas (19/4/1882 - 24/8/1954) foi o pre-
Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, espancando, assassinando, co- sidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois mandatos. De
brando tributos e saqueando. Ferido em 1914, durante combate, foi preso origem gaúcha (nasceu na cidade de São Borja), Vargas foi presidente do
e condenado a trinta anos de prisão em Recife, sendo indultado em 1937. Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Entre 1937 e 1945
instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo.
Virgulino Ferreira, o Lampião, o mais famoso de todos os cangacei-
ros, assumiu a chefia de seu bando em 1922. Por causa da organização e Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolu-
disciplina que impunha seus cabras, raramente era derrotado, além do ção de 1930, que derrubou o governo de Washington Luís. Seus quinze
fato de aparecer perante a população sertaneja como um instrumento de anos de governo seguintes, caracterizaram-se pelo nacionalismo e popu-
justiça social, procurando, dessa forma, justificar seus crimes, que atingi- lismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Fecha o
am pobres e ricos indistintamente. Morreu em combate em 1938. Outros Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar
cangaceiros famosos foram Jesuíno Brilhante (1844-1879), cearense, com poderes ditatoriais. Sua forma de governo passa a ser centralizado-
morto em luta com a polícia; Lucas da Feira, baiano, enforcado em 1849; ra e controladora. Criou o DIP ( Departamento de Imprensa e Propaganda
José Gomes Cabeleira, pernambucano, e Zé do Vale, piauiense, igual- ) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo.
mente enforcados nas últimas décadas do século XIX. Perseguiu opositores políticos, principalmente partidários do comunismo.
Enviou Olga Benário , esposa do líder comunista Luis Carlos Prestes, para
Os três tipos de cangaço muitas vezes coexistiram. O defensivo e o o governo nazista.
político ocorreram por todo o país e sobrevivem, a bem dizer, até os dias
atuais. O independente, porém, tem localização certa no tempo, pois Realizações : criou a Justiça do Trabalho (1939), instituiu o salário
surgindo em fins do século XIX, praticamente desapareceu em 1939, com mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por
a morte de Corisco, o Diabo Louro, o mais famoso chefe de bando depois CLT. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira
de Lampião. profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas.
GV investiu muito na área de infra-estrutura, criando a Companhia Si-
A extinção desse fenômeno social foi conseqüência sobretudo da mu- derúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do
dança das condições sociais no país, das perspectivas de uma vida me- Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o IBGE ( Instituto brasileiro
lhor que se abriam para as massas nordestinas com a migração para o de Geografia e estatística). Saiu do governo em 1945, após um golpe
Sul, e das maiores facilidades de comunicação, entre outros fatores. Mais militar.
de dez anos antes da morte de Corisco já os nordestinos começavam a O Segundo Mandato
migrar para as fazendas paulistas de café, em longas viagens a pé; de Em 1950, Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas.
1930 em diante, a industrialização no Sul, a abertura de novas frentes Neste governo continuou com uma política nacionalista. Criou a campanha
agrícolas, como a do norte do Paraná, e a interrupção da imigração es- do " Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás.
trangeira tornaram mais intensa a demanda de braços do Nordeste, tra- O suicídio de Vargas
zendo, como conseqüência, uma intensa migração para o Rio de Janeiro e Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um
São Paulo. tiro no peito. Deixou uma carta testamento com uma frase que entrou para
a história : "Deixo a vida para entrar na História." Até hoje o suicídio de
Extensa é a bibliografia sobre o cangaço, de estudos sociológicos à Vargas gera polêmicas. O que sabemos é que seus últimos dias de go-
reportagem documental. Na literatura, destacam-se o romance O Cabelei- verno foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e
ra (1876) de Franklin Távora, e as obras de José Lins do Rego, Jorge dos militares. A situação econômica do país não era positiva o que gerava
Amado, Raquel de Queiroz e Guimarães Rosa, este último autor de Gran- muito descontentamento entre a população.
de sertão, veredas, considerado o maior romance já escrito sobre os
cangaceiros. No cinema, sobressaíram O cangaceiro (1953) de Lima Conclusão
Barreto e Deus e o diabo na terra do sol (1964) de Gláuber Rocha. ©En- Embora tenha sido um ditador e governado com medidas controlado-
cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. ras e populistas, Vargas foi um presidente marcado pelo investimento no
Brasil. Além de criar obras de infra-estrutura e desenvolver o parque
Getúlio Vargas e a Era Vargas industrial brasileiro, tomou medidas favoráveis aos trabalhadores. Foi na
Vida de Getúlio Vargas, Revolução de 1930, Estado Novo, Era Var- área do trabalho que deixou sua marca registrada. Sua política econômica
gas, História do Brasil República, nacionalismo, desenvolvimento econô- gerou empregos no Brasil e suas medidas na área do trabalho favorece-
mico, "o petróleo é nosso", direitos trabalhistas, industrialização, história ram os trabalhadores brasileiros.
do desenvolvimento industrial brasileiro, suicídio de Vargas
GETÚLIO VARGAS
A mais expressiva figura política da república brasileira, primeiro dita-

História 40
APOSTILAS OPÇÃO
dor do país e mais tarde presidente eleito pelo voto popular e universal, ção constitucionalista em São Paulo, em 1932, que contou com a partici-
Getúlio Vargas conduziu processos de reformas que puseram o Brasil pação de muitos políticos que atuaram no movimento de 1930, como
agrário e semicolonial no caminho do desenvolvimento industrial, lançou Borges de Medeiros, João Neves da Fontoura, Lindolfo Collor, Maurício
as bases de uma legislação trabalhista e inaugurou o populismo e a Cardoso e Batista Luzardo. Vargas saiu vitorioso do conflito, mas precisou
intervenção do estado na economia. fazer concessões aos rebeldes derrotados. Dentre elas, a maior foi a
convocação de eleições para uma assembléia constituinte, que em 1934
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja RS, em 19 de abril de promulgou uma nova constituição, de caráter liberal e eclético, que apro-
1883. Estudou as primeiras letras com um mestre-escola na cidade natal. vou a eleição indireta do presidente pela própria constituinte. Em 17 de
Depois da revolução federalista (1893-1894), o pai, chefe castilhista, fê-lo julho do mesmo ano, Vargas foi eleito presidente da república por quatro
continuar os estudos em Ouro Preto MG, onde já se encontravam dois anos.
irmãos mais velhos, Viriato e Protásio, cursando a Escola de Minas. Um
incidente entre estudantes gaúchos e paulistas, de que resultou a morte Com a posse de Getúlio, inaugurou-se um período de permanente cri-
de um jovem de São Paulo, levou-os de volta a São Borja. Em 1898, com se política e institucional, marcado pelo conflito entre as forças tradicio-
o propósito de facilitar seu ingresso na escola militar, Getúlio assentou nais, representadas pelo Congresso, e o poder executivo. O cenário se
praça como soldado raso no 6º batalhão de infantaria em São Borja e foi agravava com a pressão crescente exercida por movimentos de conteúdo
promovido um ano depois a sargento. Matriculou-se em 1900 na Escola nitidamente ideológico, como a Ação Integralista Brasileira, de direita, e a
Preparatória e de Tática de Rio Pardo RS, da qual logo se desligou em Aliança Nacional Libertadora, de caráter esquerdista e posta na ilegalida-
solidariedade a colegas expulsos. Concluiu o serviço militar em Porto de por Vargas em 1935. Nesse período, Vargas criou a previdência social
Alegre. e os institutos de aposentadorias e pensões.

Em 1903, em conseqüência da questão do Acre e da ameaça de Estado Novo. Com eleições diretas marcadas para 1938, Getúlio Var-
guerra entre Brasil e Bolívia, apresentou-se como voluntário e foi para gas alegou a existência de um plano comunista para desencadear a
Corumbá. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis, Getúlio voltou ao guerra civil e pediu poderes excepcionais ao Congresso. Armado com
estado natal e matriculou-se na faculdade de direito de Porto Alegre, em eles, dissolveu a Câmara e o Senado, fez prender e exilar os principais
1904. Ajudou a fundar o Bloco Acadêmico Castilhista, que propagava as líderes da oposição, revogou a constituição de 1934, suspendeu as elei-
idéias de Júlio de Castilhos. Em 1907, participou do lançamento do jornal ções e instaurou no país o Estado Novo. Sob a ditadura, Vargas reprimiu
O Debate, do qual se tornou secretário de redação. No mesmo ano, toda a atividade política, adotou medidas econômicas nacionalizantes,
diplomou-se e foi nomeado para o cargo de segundo promotor público no como a criação do Conselho Nacional do Petróleo e da Companhia Side-
tribunal de Porto Alegre. Regressou logo depois a São Borja, onde come- rúrgica Nacional, além do início da construção do complexo siderúrgico de
çou a exercer a advocacia. Volta Redonda e criou as bases para a formação de um corpo burocrático
profissional, com a instalação do Departamento Administrativo do Serviço
Iniciação política. Eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul em Público (DASP).
1909, Getúlio reelegeu-se em 1913, mas rompeu com Borges de Medeiros
e renunciou ao mandato. Retornou a São Borja, onde voltou a atuar como Na política externa, valeu-se da divisão de forças no plano internacio-
advogado. Reconciliou-se com Borges de Medeiros em 1917, elegeu-se nal para tirar o melhor proveito político e econômico. Com a segunda
novamente deputado estadual e tornou-se líder da maioria. Cinco anos guerra mundial, no entanto, essa posição se tornou insustentável. O
depois, elegeu-se deputado federal. Foi autor da lei de proteção ao teatro, afundamento de 37 navios brasileiros no Atlântico e a pressão da opinião
que levou seu nome, e participou ativamente da reforma constitucional do pública levaram o presidente a declarar guerra à Alemanha, em 1942. A
governo Artur Bernardes, que fortaleceu o poder executivo. participação do Brasil no conflito, ao lado dos aliados, acelerou o processo
de redemocratização do país. Em abril de 1945, decretou-se a anistia
Presidente da comissão de finanças da Câmara de Deputados, assu- ampla para centenas de presos políticos, entre eles o chefe comunista
miu o Ministério da Fazenda em 1926, a convite de Washington Luís, e Luís Carlos Prestes. Um mês depois, Vargas marcou as eleições para 2
formulou um plano de estabilização monetária, que previa a criação do de dezembro. Apesar do movimento "queremista", que lutava pela conti-
cruzeiro. Em 1928, deixou a pasta para candidatar-se pelo Partido Repu- nuação de Vargas no poder, o presidente foi deposto em outubro de 1945
blicano do Rio Grande do Sul à presidência do estado. Eleito, formou um por um golpe militar e retornou a São Borja.
governo de coalizão com todas as forças políticas.
Nas eleições de 2 de dezembro, Getúlio elegeu-se senador pelo Rio
Revolução de 1930. Em 1929, intensificaram-se as articulações para Grande do Sul e por São Paulo e deputado federal pelo Distrito Federal e
a sucessão de Washington Luís, que procurava impor o nome do paulista mais seis estados, mas manteve-se em São Borja, em exílio voluntário.
Júlio Prestes. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba organizaram a Promulgada a nova constituição em 1946, Vargas ocupou sua cadeira no
Aliança Liberal e lançaram a chapa Getúlio Vargas e João Pessoa para a Senado. Em 1950, candidatou-se à presidência pelo Partido Trabalhista
presidência. As eleições de 1º de março de 1930 deram a vitória a Júlio Brasileiro (PTB). Seu principal adversário foi o brigadeiro Eduardo Gomes,
Prestes, mas houve denúncias generalizadas de fraude. Nos estados em que concorria pela União Democrática Nacional (UDN). Eleito em outubro,
que a Aliança saiu vitoriosa, os eleitos para o Congresso não tiveram seus Vargas tomou posse em janeiro de 1951.
mandatos reconhecidos. O clima tenso da política nacional agravou-se
com o assassinato de João Pessoa, em 26 de julho; em 3 de outubro, com Presidência e crise. Getúlio Vargas organizou um ministério no qual
o apoio do movimento tenentista, a revolução foi deflagrada no Rio Gran- todas as forças políticas estavam representadas, inclusive a UDN. Mas a
de do Sul. No dia 24 do mesmo mês, Washington Luís foi deposto, e em 3 oposição, desde os primeiros dias, moveu uma campanha permanente
de novembro uma junta de governo transmitiu o poder a Getúlio, chefe contra o governo. Vargas, que não encontrava apoio para seu programa
civil da rebelião. reformista, voltou-se para os trabalhadores que, após anos de política
paternalista dos sindicatos, alimentada pelo próprio Getúlio, não estavam
Como chefe do governo provisório, Vargas suspendeu a constituição suficientemente organizados. Defendia uma política nacionalista, como a
de 1891, fechou o Congresso Nacional e reduziu de 15 para 11 o número que orientaria a criação da Petrobrás, em 1954, mas foi obrigado a fazer
de juízes do Supremo Tribunal Federal. Nomeou interventores para os algumas concessões nesse terreno.
estados e, na composição do governo central, procurou contentar as
diversas forças políticas que o apoiavam. Criou os Ministérios do Traba- A nomeação de João Goulart para o Ministério do Trabalho, em 1953,
lho, da Indústria e Comércio e da Educação e Saúde. Promulgou uma causou desconfianças nos círculos militares, políticos e empresariais.
nova lei sindical e anunciou um programa de 17 pontos, que incluía as Acusava-se o novo ministro de pretender elevar o salário-mínimo em cem
principais promessas da Aliança Liberal. por cento. Em fevereiro de 1954, foi entregue ao ministro da Guerra um
manifesto assinado por 48 coronéis e 39 tenentes-coronéis, que exprimia
O principal movimento de oposição a Getúlio no período foi a revolu- o descontentamento das forças armadas. Para controlar a situação, Getú-

História 41
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lio nomeou Zenóbio da Costa para o Ministério da Guerra e demitiu João pelo integralismo. Vargas inicialmente tentou o apoio dos integralistas,
Goulart. mas logo Plínio Salgado rompeu com o governo. Uma tentativa de golpe
trouxe o pretexto para eliminar o segundo inimigo: em maio de 1938, o
Para retomar a ofensiva, anunciou, em 1º de maio, um aumento de tenente Severo Fournier e mais 45 integralistas assaltaram o palácio
cem por cento para o salário-mínimo e pediu aos trabalhadores que se Guanabara. O putsch fracassou, desencadeando uma repressão severa e
organizassem em defesa do governo. Em represália, a oposição denunci- fulminante, que praticamente varreu o integralismo do cenário político
ou o aumento salarial como inflacionário e demagógico e apresentou ao brasileiro.
Congresso um pedido de impeachment do presidente. Na madrugada de 5
de agosto, o jornalista Carlos Lacerda, que fazia oposição aberta ao Político carismático, Getúlio aproveitou a dispersão dos dois blocos
governo, foi ferido num atentado a tiros no Rio de Janeiro. O major-aviador inimigos e a indefinição das restantes forças sociais para firmar-se no
Rubens Vaz, que o acompanhava, morreu. poder, com seu estilo pessoal de ditador. Desde 1930, nenhuma classe
assumira o poder. As novas classes urbanas emergentes -- operários,
Iniciou-se uma crise política sem precedentes. A Aeronáutica promo- funcionários públicos, profissionais liberais -- não tinham ainda suficiente
veu uma caçada ao criminoso, que, encontrado, revelou suas ligações consciência de classe para organizar-se; a alta burguesia, em pleno
com a guarda pessoal do presidente. Getúlio dissolveu a guarda e deter- processo de diferenciação desde a falência do modelo agrário-exportador,
minou a abertura do Catete às investigações policiais. Gregório Fortunato preferiu deixar nas mãos da ditadura a condução do processo -- até por-
e outros membros da guarda palaciana foram presos e descobriram-se que Vargas revelou-se um hábil contemporizador, capaz de manipular
várias irregularidades. O presidente declarou que, sem seu conhecimento, com sucesso agitações e movimentos sociais.
corria sob o palácio "um mar de lama".
Por meio dos seus interventores, em cada estado, e pelo rígido con-
A pressão sobre o governo cresceu. Os militares exigiam a renúncia trole da máquina estatal, através do Departamento Administrativo do
do presidente, que, na noite de 23 para 24 de agosto, reuniu o ministério e Serviço Público (DASP) e de outros organismos centralizadores, como o
concordou em se licenciar até que todas as responsabilidades pelo assas- Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), ou desestimuladores de
sinato do major Vaz fossem apuradas. O Exército, no entanto, não aceitou quaisquer veleidades contestatórias, como o Tribunal de Segurança
o afastamento temporário. Diante do impasse, Getúlio suicidou-se, com Nacional, Vargas conseguiu a hipertrofia total do executivo. Pôde assim
um tiro no coração, no palácio do Catete, no Rio de Janeiro RJ, em 24 de realizar seus planos no campo trabalhista, com o que assegurou o apoio
agosto de 1954, deixando uma carta-testamento de natureza fundamen- da massa: criou a Justiça do Trabalho, vinculou a organização sindical ao
talmente política. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. Ministério do Trabalho, por intermédio do imposto sindical, instituiu o
salário mínimo e criou uma legislação trabalhista capaz de ajustar a mão-
SEGUNDA REPÚBLICA (1930-1937) de-obra egressa do meio rural às condições do trabalho urbano. Propiciou
Em 9 de julho de 1932 irrompeu um movimento armado em São Pau- assim, mediante o rígido controle sindical e a neutralização política do
lo, logo sufocado. A reconstitucionalização do país pôde assim processar- proletariado nascente, a expansão dos empreendimentos capitalistas,
se sem maiores sobressaltos. Nova lei eleitoral estabeleceu o voto femini- numa economia em franco processo de industrialização.
no, o voto secreto, a representação proporcional dos partidos, a justiça
eleitoral e a representação classista, eleita pelos sindicatos. Em 15 de No elenco de medidas governamentais estado-novistas atinentes ao
novembro de 1933 reuniram-se 250 deputados eleitos pelo povo e cin- favorecimento do processo de industrialização, o passo mais significativo
qüenta pelas representações de classe, para elaborar a nova constituição foi a busca da auto-suficiência no setor do aço. Em 1940, num hábil jogo
republicana, promulgada somente em julho de 1934. Por voto indireto com as rivalidades americanas e alemãs, o governo conseguiu do Import
Getúlio Vargas foi eleito presidente da república. and Export Bank um financiamento no valor de 45 milhões de dólares para
a instalação de uma siderúrgica de capital integralmente nacional e priori-
O período, que ficou conhecido como segunda república, ou Repúbli- tariamente público. Instalada no município de Volta Redonda RJ, a Com-
ca Nova, iniciou-se por um crescente movimento de polarização entre panhia Siderúrgica Nacional (CSN) entrou em operação em 1946. Com ela
correntes extremistas, tal como sucedia na Europa: direitistas e esquerdis- o governo criou uma das bases imprescindíveis à formação de uma infra-
tas, tendo em seus pólos extremos a Ação Integralista Brasileira, organi- estrutura capaz de acolher o desenvolvimento do ainda incipiente parque
zação ultradireitista dirigida por Plínio Salgado; e os comunistas, agrega- industrial brasileiro.
dos na Aliança Nacional Libertadora, sob a presidência de honra de Luís
Carlos Prestes, chefe do comunismo no Brasil. Em 1935, explodiu uma A participação do Brasil, ao lado dos aliados, na segunda guerra
revolução comunista em Natal RN e Recife PE, acompanhada pelo Regi- mundial, deixou clara a necessidade da volta ao regime democrático e
mento de Infantaria da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Prontamente representativo. Vargas ainda tentou, através do movimento chamado
dominada, a chamada intentona comunista fortaleceu a extrema-direita. "queremismo" criar bases na esquerda para permanecer no poder. Mas os
próprios militares, que antes o apoiavam, pressionaram também para a
Estado Novo (1937-1945) abertura do regime. Foram marcadas as eleições para 2 de dezembro de
Getúlio Vargas já se munira de documentos legais discricionários para 1945 e formaram-se os partidos: a oposição ao Estado Novo concentrou-
lidar com o crescimento da Ação Integralista e da Aliança Nacional Liber- se na União Democrática Nacional (UDN) e lançou a candidatura do
tadora. O levante comunista de 1935 deu-lhe o pretexto para livrar-se de brigadeiro Eduardo Gomes; os situacionistas criaram o Partido Social
um dos problemas: todas as bancadas apoiaram o estado de sítio, conce- Democrático (PSD) e apresentaram como candidato o ministro da Guerra,
dido até fins de 1936, quando foi substituído por um instrumento ainda general Eurico Gaspar Dutra. Vargas e seus seguidores mais diretos
mais forte, o estado de guerra. Sufocado o movimento comunista, Getúlio alinharam-se no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
voltou-se ao combate dos grupos oligárquicos, liderados por São Paulo.
Na manhã de 10 de novembro de 1937 tropas do Exército cercaram o Entretanto, novas tentativas continuístas, entre elas a nomeação do
Congresso, enquanto cópias de uma nova constituição eram distribuídas à irmão do presidente, Benjamim Vargas, para chefiar a poderosa polícia do
imprensa. À noite, Vargas dirigiu-se pelo rádio a toda a nação, para justifi- Distrito Federal, provocaram uma intervenção militar, e Vargas teve de
car a instituição do novo regime, necessariamente forte "para reajustar o deixar o poder, em 29 de outubro de 1945. A direção do país foi entregue
organismo político às necessidades econômicas do país e assegurar a ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares, e as
unidade da pátria". Estava instituído o chamado Estado Novo, cuja base eleições, realizadas em dezembro, deram a vitória a Dutra, por ampla
jurídica compreendia dois documentos: a constituição, apelidada de "pola- margem. Findara assim o Estado Novo, e o país era completamente outro,
ca", por suas semelhanças com a constituição fascista da Polônia, e a com novos grupos sociais urbanos -- burguesia industrial, classes médias,
consolidação das leis do trabalho, inspirada na Carta del lavoro, do fas- proletariado -- infra-estrutura econômica, mercado de trabalho regulamen-
cismo italiano. tado e espaço econômico unificado, tudo propício a manter o processo de
industrialização que já se firmara.
As semelhanças com o fascismo não significaram simpatia ideológica

História 42
APOSTILAS OPÇÃO
Período populista (1945-1964) criou a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e
Governo Dutra. Durante o governo Dutra perdurou a união nacional promoveu a interiorização, através de uma rede de estradas e da mudan-
do PSD com a UDN, surgida da necessidade de derrubar Vargas, e que ça da capital para Brasília. Nessa época, o centro de gravidade da eco-
propiciou a conciliação de interesses entre os amplos setores industriais nomia já se localizava no setor industrial. Iniciou-se a fase de implantação
urbanos. Entre o final da década de 1940 e o início da seguinte, tomou das indústrias de bens de consumo duráveis e de bens de produção.
corpo o processo de industrialização que se iniciara no Estado Novo. No Instalaram-se as indústrias automobilística, de eletrodomésticos, de cons-
campo político, uma nova ideologia empolgou amplos setores da classe trução naval, de mecânica pesada, de cimento, de papel e de celulose.
média, militares, estudantes, profissionais liberais, operários: o naciona-
lismo, cuja expressão mais significativa foi a campanha pelo petróleo, da No início da década de 1960, o modelo populista-desenvolvimentista,
qual surgiram a lei do monopólio estatal da prospecção e do refino e a que conseguira manter-se em clima de euforia e com poucos atritos
criação da Petrobrás, em outubro de 1953. internos, começou a dar mostras de esgotamento. O endividamento
externo e a intensificação inflacionária começaram a alimentar uma crise
Nas eleições de 1950, os candidatos à sucessão de Dutra, apresen- profunda. A alta burguesia estava disposta a aceitar uma paralisação
tados pela UDN (Eduardo Gomes) e PSD (Cristiano Machado) não conse- momentânea do desenvolvimento, em troca de uma política de austerida-
guiram impedir a eleição do candidato do PTB, Getúlio Vargas, que no de e estabilização, preocupada com a orgia de gastos públicos decorrente
entanto teve de compor um governo de fisionomia conservadora, com a da dispendiosa construção de Brasília, a nova capital federal, empreendi-
participação de elementos dos dois partidos de oposição. O movimento mento sobre o qual acumulavam-se as denúncias de corrupção.
sindical já se organizara, e foi um dos apoios de Vargas, por meio do
controle do Ministério do Trabalho e de conchavos com o governo, numa O político que assumiu a posição de defensor dessa política foi Jânio
relação chamada de "peleguismo" -- de pelego, pele de carneiro colocada Quadros, que soube combinar habilmente a demagogia populista com a
entre a sela e a garupa do cavalo, em alusão ao papel de intermediário mística de austeridade e honestidade. Jânio já se mostrara um político
entre o governo e as forças sindicais. competente, em uma meteórica trajetória política que, iniciada em Mato
Grosso, culminara com o governo de São Paulo. Como o voto era desvin-
Segundo governo Vargas. Em que pese o apoio dos nacionalistas à culado, Jânio estimulou a ligação de seu nome ao do vice-presidente João
defesa do petróleo e à tendência estatizante de seu governo, Vargas Goulart, candidato à reeleição na chapa situacionista encabeçada pelo
começou a detectar sinais claros da insatisfação de setores estratégicos marechal Teixeira Lott. A chamada "chapa Jan-Jan" (Jânio-Jango, apelido
de opinião, sobretudo dos representantes do capital estrangeiro e da de João Goulart) tinha o apoio tanto da situação como das forças janistas,
burguesia nacional. Não obstante, também a classe média dava mostras por meio de acordos de bastidores. Na eleição de 1960, Jânio foi eleito por
de impaciência, como ficou claro pela eleição de Jânio Quadros para a grande maioria de votos e Goulart reeleito.
prefeitura de São Paulo, sem apoio dos grandes partidos. Getúlio proce-
deu a uma mudança ministerial: convocou, para a pasta da Fazenda, Governo Jânio Quadros. A fórmula adotada por Jânio foi combinar
Osvaldo Aranha, que atenuou a política cambial e tomou medidas de uma política interna conservadora, deflacionista e antipopular, com uma
estabilização econômica; e para a do Trabalho, um jovem político gaúcho, política externa de rompantes independentes, para atrair a simpatia da
até então desconhecido, João Goulart, que iniciou alianças com o movi- esquerda. Muito mais retórica que efetiva, essa política, que se notabilizou
mento operário, em substituição à política populista de Vargas. por ataques à China nacionalista e pela condecoração do líder da revolu-
ção cubana Ernesto "Che" Guevara, acabou por atrair a desconfiança da
Em 1954, o governo propôs a elevação em cem por cento do salário burguesia e a ira dos militares. O aumento das tarifas públicas, a amplia-
mínimo, o que representava um ganho real para o trabalhador. Os milita- ção da carga horária da burocracia estatal e a preocupação demagógica
res pressionaram, e Vargas teve de recuar e substituir Goulart no Ministé- com questões insignificantes, como a proibição das brigas de galo e de
rio do Trabalho. Mas durante a comemoração do dia do trabalho, a 1º de transmissões de televisão que mostrassem moças de biquíni, acabaram
maio, Vargas promulgou o novo salário nas bases propostas, o que atraiu por desgastar o apoio que ainda recebia da opinião pública.
a ira da oposição udenista, representante dos interesses da burguesia
industrial. A UDN, que até então mantivera uma política oposicionista de
No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda, então governador do
caráter moralizante, passou a acusar Vargas de pretender implantar no
estado da Guanabara, acusou o presidente de intenções golpistas. A
país uma "república sindicalista" nos moldes do peronismo argentino. O
acusação culminava uma campanha que Lacerda iniciara praticamente
jornalista Carlos Lacerda assumiu a liderança nos ataques cada vez mais
logo após a posse de Jânio, a quem apoiara na eleição. Sempre postulan-
virulentos ao governo. Vargas respondeu com a criação da Eletrobrás, em
te à presidência da república, Lacerda retomava assim a bandeira oposici-
abril de 1954 -- mais uma medida estatizante, contrária aos interesses da
onista e buscava angariar a confiança dos militares. Jânio aproveitou a
aliança entre o capital estrangeiro e a burguesia brasileira.
acusação de golpismo para tentar uma manobra, menos de sete meses
Em 5 de agosto de 1954 ocorreu no Rio de Janeiro um atentado con-
após sua posse: a renúncia, na esperança de voltar fortalecido ao governo
tra Carlos Lacerda, no qual morreu o major Rubens Vaz, da Aeronáutica, e
com o apoio das massas. A manobra falhou, pois o Congresso aceitou
do qual foi acusado o chefe da guarda pessoal do presidente, Gregório
imediatamente a renúncia e não houve nenhuma manifestação popular de
Fortunato. As investigações foram conduzidas pela Aeronáutica, na base
apoio ao presidente demissionário, que saiu acusando vagamente "forças
aérea do Galeão, à revelia do governo. As pressões militares se avoluma-
terríveis" de tramarem contra seu governo.
ram, a par com os ataques cada vez mais candentes dos parlamentares
udenistas e dos grandes jornais. Exigia-se a renúncia de Vargas.
Com a renúncia de Jânio, deveria assumir o vice-presidente, João
Goulart, que se encontrava em Cingapura, de volta de uma viagem à
Na madrugada de 24 de agosto de 1954, o presidente suicidou-se
República Popular da China. Todavia, os setores militares e a alta burgue-
com um tiro no peito, e deixou uma carta-testamento em que acusava os
sia, já alarmados com as aventuras esquerdistas de Jânio, não aceitaram
trustes estrangeiros de fomentarem uma campanha contra seu governo. A
a transmissão do cargo. Os três ministros militares declararam que o
reação popular espontânea foi explosiva e amedrontou os setores de
retorno de Goulart constituía uma "absoluta inconveniência", mas a Câma-
direita. O populismo renasceu na figura do candidato do PSD, Juscelino
ra dos Deputados firmou posição de cumprir a regra constitucional. Três
Kubitschek de Oliveira, que substituiu Café Filho, vice-presidente de
governadores, de Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul, pronuncia-
Vargas, que ocupara o governo na fase de transição. Como vice de Jusce-
ram-se a favor da legalidade. Ante a iminência de uma guerra civil, che-
lino, elegeu-se João Goulart, herdeiro político presuntivo de Vargas, que
gou-se a uma medida de conciliação: a adoção do parlamentarismo, por
carreara o apoio do PTB.
emenda constitucional a ser referendada em plebiscito ao final do manda-
to. A posse de Goulart deu-se assim em uma presidência despojada da
Governo Juscelino Kubitschek. O qüinqüênio de Kubitschek voltou-se
maioria dos seus poderes. Goulart foi empossado no dia 7 de setembro de
para o desenvolvimento econômico e a política de industrialização. Ex-
1961, cabendo a Tancredo Neves a chefia do governo, como primeiro-
pandiu-se a infra-estrutura de rodovias, ferrovias e portos, energia elétrica,
ministro.
armazéns e silos. A fim de atenuar as disparidades regionais, Juscelino

História 43
APOSTILAS OPÇÃO
e nas questões administrativas e políticas de governo.
Governo João Goulart. Em pouco mais de um ano, sucederam-se três
primeiros-ministros -- Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Antecedentes. Para compreender a abrangência, causas, conseqüên-
Lima -- de atuação quase insignificante. Com apoio nas bases populares e cias e pressupostos ideológicos do movimento militar de 1964, é necessá-
sindicalistas, Goulart conseguiu antecipar o plebiscito para janeiro de 1963 rio situá-lo nas condições nacionais e internacionais do momento histórico
e reverteu facilmente o sistema para o presidencialismo. Goulart passou em que ocorreu.
então a manobrar para manter o apoio das bases populares e sindicais e
ao mesmo tempo atrair as simpatias do centro político. Para isso, lançou o Situação interna. O fim da ditadura Vargas revelou as profundas con-
plano trienal de desenvolvimento econômico e social, em que defendia tradições políticas, sociais e econômicas do país e mostrou a necessidade
conjuntamente as reformas de base, agrárias e urbanas, medidas antiin- premente de amplas reformas estruturais que contemplassem segmentos
flacionárias clássicas e investimentos estrangeiros. O resultado foi exata- da população que viviam em total desamparo. O predomínio político de
mente o oposto. O plano foi atacado tanto pela esquerda quanto pelos oligarquias regionais chocava-se com a atuação das forças nacionalistas e
conservadores, todos preocupados mais com as implicações políticas que progressistas. Um setor agrário retrógrado, dependente das políticas
com os resultados práticos. O governo, atordoado pelas críticas de todos protecionistas do governo e apegado a atividades agrícolas tradicionais e
os lados e fustigado pelos problemas econômicos que se avolumavam, relações trabalhistas que se aproximavam da servidão medieval, convivia
optou pelo apoio das esquerdas. mal com a industrialização modernizadora e a massa operária urbana que
se afirmava como força política.
Estas estavam constituídas pelo sistema sindical legal e paralegal,
agrupadas no Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), no movimento Disparidades imensas separavam a população em segmentos bem
estudantil e em pequenos blocos de matizes variados, desde as Ligas definidos: uma burguesia rica e relativamente pouco numerosa, uma
Camponesas, fundadas pelo deputado Francisco Julião em Pernambuco, classe média emergente e conservadora e vastos contingentes populacio-
até pequenos grupos de ativistas, vinculados a setores chegados ao nais em estado de grande pobreza. Essas disparidades tinham também
presidente. No lado oposto, crescia o movimento conspiratório dentro das uma dimensão geográfica: as regiões Sul e Sudeste apresentavam altos
forças armadas, com o apoio dos setores mais ativos do empresariado índices de crescimento econômico e industrialização acelerada; Norte,
industrial e rural, todos alarmados com as medidas que o governo tentava Nordeste e Centro-Oeste, de predominância agrícola, caracterizavam-se
implantar: reforma agrária, limitação de remessa de lucros para o exterior, pelo fraco desempenho da economia.
sindicalização rural; e com as manobras políticas que solicitava ao Con-
gresso, como a intervenção política no estado da Guanabara, para desar- Os indicativos sociais do país mostravam um quadro alarmante: altas
ticular a conspiração golpista liderada por Lacerda, e o estado de sítio. taxas de analfabetismo, incidência elevada de doenças provenientes de
desnutrição, deficiências graves nas áreas de saúde e saneamento bási-
A classe média, que aguardava ansiosa a marcha dos acontecimen- co, índices altos de mortalidade infantil e materna e precariedade da infra-
tos, começou a temer, embora ainda sem tomar declaradamente partido. estrutura de transportes, comunicações e armazenamento de grãos.
Contudo, o comício realizado por Goulart no dia 13 de março de 1964,
diante da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janei- A política econômica dominante era a chamada "substituição de im-
ro, precipitou os acontecimentos. portações", em que a atividade industrial se encontrava fortemente prote-
gida para a formação de um parque fabril atuante, diversificado e capaz de
As lideranças militares e empresariais e os setores mais representati- promover a acumulação de capital nacional, vinculado ou associado ao
vos da classe média uniram-se contra o governo, irritados menos pelas capital internacional.
reformas do que pelos ataques dirigidos pelo deputado Leonel Brizola
contra o Congresso. Em Belo Horizonte e São Paulo iniciaram-se grandes Na década de 1950 intensificou-se o conflito político entre as forças
passeatas, promovidas por entidades da classe média, com apoio dos tradicionalistas, os grupos nacionalistas e modernizadores, o movimento
militares e empresários. Eram as "marchas da família com Deus pela operário e a juventude estudantil que se politizava. A divisão ideológica se
liberdade", que pediam a deposição do governo e o fim da maré montante exarcebou. Comunistas e esquerdistas apoiavam os movimentos progres-
subversiva e da corrupção administrativa. O estopim para o golpe foi o sistas, mas exigiam um aprofundamento das reformas que os industriais
motim dos marinheiros, no Rio de Janeiro, em 25 de março, que provocou não desejavam. As forças conservadoras defendiam um modelo político e
a renúncia do ministro da Marinha. Em 31 de março, à noite, o movimento econômico vinculado aos interesses do capital internacional.
militar eclodiu em Belo Horizonte e espalhou-se rapidamente por todo o
Brasil, praticamente sem reação da esquerda. Alguns políticos e líderes A ascensão do reformistas João Goulart à presidência da república e
esquerdistas foram presos, a maioria fugiu em debandada, e Goulart seu prestígio, confirmado em plebiscito e pelo aumento da bancada par-
exilou-se no Uruguai. lamentar que o apoiava, agravaram a crise e mostraram aos adversários
das reformas a necessidade de ação enérgica e urgente, que admitia a
MOVIMENTO MILITAR DE 1964 ruptura da normalidade democrática como alternativa para a derrota nas
Mais da metade dos países do mundo, no início da década de 1970, urnas.
tinha governos saídos de processos de ruptura da normalidade constituci-
onal. No Brasil, que fez parte desse conjunto, a ação do regime militar Situação internacional. As décadas de 1950 e 1960 marcaram o auge
sobre as instituições sociais, a representatividade democrática e as rela- da guerra fria entre os blocos soviético e americano. A América Latina,
ções econômicas e trabalhistas contribuiu notavelmente para sua degene- região de predomínio exclusivo dos Estados Unidos desde a elaboração
rescência. da doutrina Monroe no século XIX, não podia ficar neutra. A vitória da
revolução cubana, a definição de Fidel Castro pelo socialismo e a crise
Movimento militar de 1964 é a designação genérica da intervenção dos mísseis soviéticos em Cuba intensificaram os esforços anticomunis-
das forças armadas no sistema político-institucional brasileiro que resultou tas na região. O assassinato de John Kennedy em 1963 reforçou os
no rompimento da normalidade constitucional, com a derrubada do presi- conservadores em política externa e ampliou sua atuação no quadro
dente João Goulart, e na tomada do poder pelos militares. O movimento interno brasileiro. No começo de março de 1964, a imprensa americana
teve três fases: a preparação, em que grupos civis e militares envolvidos divulgou a base da nova política para a América Latina: os Estados Unidos
conspiraram; a ação militar, com o deslocamento de tropas prontas para "não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes
um possível conflito armado; e a instauração do regime militar, no qual democráticos". No último dia do mesmo mês o movimento militar foi defla-
cinco generais se sucederam no poder pelo período de 21 anos. grado no Brasil.

O movimento marcou o abandono, pelo segmento militar brasileiro, de Preparação do movimento. As forças políticas nacionais das mais va-
sua tradicional posição de respeito às normas constitucionais e determi- riadas tendências estavam profundamente divididas entre si. Os progres-
nou sua intervenção direta no ordenamento jurídico e econômico da nação sistas divergiam em relação às reformas de base: reforma agrária, sindica-

História 44
APOSTILAS OPÇÃO
lização rural, limitação de remessa de lucros ao exterior, distribuição de nova constituição foi outorgada e diversas vezes emendada, e o governo
renda e nacionalização de empresas. A esquerda radical considerou-as recorreu ainda a atos jurídicos de exceção. O Congresso, muitas vezes
insuficientes e os moderados temeram sua amplitude. Para os conserva- fechado, perdeu autonomia e transformou-se em órgão avalizador das
dores, o programa era ameaça grave aos interesses do capital nacional e decisões do executivo.
internacional. Ao contrário da esquerda, a direita percebeu a necessidade
de união de seus diversos segmentos para combatê-lo e impedir sua Na economia, os governos militares adotaram o planejamento centra-
implantação. lizado, que transformou o estado em tutor da atividade produtiva e incre-
mentou a formação de uma tecnoburocracia com amplos poderes de
A conspiração contra o governo contou com a participação coordena- intervenção. Usaram o endividamento externo para seu programa de
da de setores militares e civis. Entre os militares, destacou-se o chamado diversificação de produção de bens e serviços, modernização dos produ-
"grupo da Sorbonne", como era conhecida a Escola Superior de Guerra tos industriais, ampliação da infra-estrutura de transportes e comunica-
(ESG). Com a atuação decisiva do general Golbery do Couto e Silva, o ções, proteção a setores industriais emergentes e incentivo às exporta-
grupo elaborou a doutrina da "segurança nacional e desenvolvimento", ções. Mecanismos institucionais de correção monetária transformaram a
que mais tarde forneceria os fundamentos teóricos para os instrumentos inflação crescente em fonte de financiamento do estado. Acelerou-se o
jurídicos do regime militar. processo de estatização da economia e o estado tornou-se parceiro da
iniciativa privada em numerosos empreendimentos. Com a crise da eco-
As figuras públicas, entidades e organizações civis envolvidas no mo- nomia mundial da década de 1970, adotou-se uma política recessiva que
vimento foram numerosas. Destacaram-se os setores conservadores da agravou a concentração de renda e aumentou a miséria dos setores
Igreja Católica; a Ação Democrática Parlamentar (ADP), de parlamentares desvalidos da população.
de diversos partidos, como o Partido Social Democrático (PSD) e a União
Democrática Nacional (UDN); líderes políticos como os governadores Além das seqüelas econômicas do regime, o enxovalhamento da lei e
Carlos Lacerda, do extinto estado da Guanabara, José de Magalhães a corrupção de parlamentares contribuiu, no plano ideológico, para o
Pinto, de Minas Gerais e Ademar de Barros, de São Paulo; organizações descrédito da população na justiça e nas instituições. A repressão ao
de classe, como o Conselho Superior das Classes Produtoras (Conclap); e movimento estudantil, o afastamento compulsório de professores dissiden-
entidades como o Instituto de pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o tes e a concessão indiscriminada de credenciais e universidades despre-
Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), organizadas pro empre- paradas teve conseqüências funestas para a educação e para a formação
sários nacionais e estrangeiros que formularam um projeto político e de profissionais. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
econômico nacional de caráter capitalista. Também apoiaram o movimen-
to organizações direitistas para militares, como o Movimento Anticomunis- REGIME MILITAR (1964-1985)
ta (MAC), e associações como a Campanha da Mulher pela Democracia Num período de 21 anos, desde a deposição de Goulart, em 1964, até
(CAMDE) e Tradição Família e Propriedade (TFP). 1985, sucederam-se no poder cinco governos militares, todos empossa-
dos sem eleição popular. Para dar um mínimo de aparência de legalidade,
A coordenação geral da mobilização coube ao IPES, que elaborou os "candidatos" submetiam-se à aprovação do Congresso, num jogo de
sua ação ideológica, política e militar. Com o uso da maciça propaganda resultados prévia e seguramente conhecidos. No entanto, ao tratar de
anticomunista, convenceu amplos segmentos da opinião pública que o evitar a ruptura completa com os fundamentos constitucionais da demo-
governo pretendia instaurar no país uma ditadura "anarco-comunista" ou cracia representativa, os militares mantiveram a periodicidade dos manda-
uma "república sindicalista". A classe média reagiu à "ameaça comunista" tos e a exigência de um mínimo de legitimidade, por meio das eleições
com manifestações de rua, como as marchas da família com Deus pela indiretas para a presidência e vice-presidência da república e, posterior-
liberdade, que em São Paulo reuniu centenas de milhares de pessoas. mente, para os governos estaduais e principais prefeituras. Mantiveram as
casas legislativas e os calendários eleitorais, embora sujeitos a manipula-
O governo tinha base de apoio precárias nos sindicatos de trabalha- ções e restrições, e o alistamento eleitoral, que entre 1960 e meados da
dores urbanos, como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), e década de 1990 registrou um aumento superior a 500%.
rurais, como as Ligas Camponesas; nos segmentos nacionalistas das
forças armadas e associações de seus oficiais subalternos; na Frente Governo Castelo Branco. O primeiro presidente do governo militar foi
Parlamentar Nacionalista (FPN), formada por representantes de diversos o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, que governou até 1967,
partidos; e em governadores como Miguel Arraes, de Pernambuco. Lide- num regime de absoluta austeridade. O sistema partidário foi reorganizado
ranças populistas, como o deputado federal Leonel Brizola, radicalizaram em dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), governista, e o
o discurso reformista e mostraram-se mais preocupados com a disputa Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. Nada mais artifici-
pela presidência. Grupos organizados, como a União Nacional dos Estu- al que esse esquema político, na verdade necessário apenas para coo-
dantes (UNE), deram apoio condicional ao governo e exigiram mudanças nestar o regime militar. O governo exercia-se na prática por meio dos atos
estruturais mais profundas. institucionais, que foram sendo editados de acordo com as necessidades
Deflagração do movimento. A radicalização das posições nos primei- do momento: o nº 1 suspendeu parcialmente a constituição de 1946 e
ros três meses de 1964 levou à movimentação de tropas, que se iniciou facultou a cassação de mandatos parlamentares e a suspensão de direitos
em Minas Gerais, no dia 31 de março, sob o comando do general Olímpio políticos; o nº 2 renovou esses poderes e extinguiu os partidos políticos do
Mourão Filho. As tropas não encontraram oposição e os comandos milita- passado; o nº 3, de 5 de fevereiro de 1966, determinou a eleição indireta
res regionais aderiram aos rebeldes. João Goulart foi derrubado no dia 1º do presidente e vice-presidente da república. Em janeiro de 1967 o Con-
de abril; no dia 2, os Estados Unidos reconheceram o novo governo gresso aprovou uma constituição previamente preparada pelo executivo e
brasileiro. não submetida a discussão.

Poder militar. Os militares, que detiveram o poder político até 1985, Apesar do apoio militar maciço e de muitas das lideranças civis, Cas-
puseram em prática as teses doutrinárias e o modelo econômico de de- telo Branco indispôs-se com três governadores que haviam conspirado a
senvolvimento industrial e de modernização da infra-estrutura de serviços favor do golpe militar, na esperança de chegar à presidência, e que se
elaborados basicamente pela ESG e pelo IPES. viram frustrados com a prorrogação do seu mandato, de 31 de janeiro de
1966 para 15 de março de 1967. Foram eles o governador do estado da
No campo político, o regime caracterizou-se pelo autoritarismo. Houve Guanabara, Carlos Lacerda, que teve os direitos políticos cassados, o
cassação dos mandatos e de direitos políticos, censura aos meios de governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, e o governador de
comunicação e repressão policial e militar. Opositores e grupos profissio- São Paulo, Ademar de Barros, que além dos direitos políticos suspensos,
nais, como os jornalistas, foram perseguidos. Métodos de intimidação, teve o mandato cassado.
como a tortura e o seqüestro de suspeitos, foram adotados. Nesse setor,
desempenhou papel essencial o Serviço Nacional de Informação (SNI), Outro fator de irritação foi a decisão de realizar, com base na nova lei
criado pelo general Golbery a partir dos dados do arquivo do IPES. Uma eleitoral, eleição direta para governador em dez estados, dentre os quais a

História 45
APOSTILAS OPÇÃO
Guanabara, onde venceu Francisco Negrão de Lima, e Minas Gerais, que
elegeu Israel Pinheiro, ambos candidatos de oposição. O presidente No campo político, o governo Médici caracterizou-se por um combate
Castelo Branco empreendeu também, por meio do seu ministro do Plane- cerrado aos movimentos de resistência armada ao regime, que criaram
jamento, Roberto Campos, a renovação do sistema tributário. Algumas focos de guerrilha e promoveram assaltos a bancos e seqüestros de
conquistas dos trabalhadores oriundas do período Vargas, como a estabi- embaixadores. Entre 1969 e 1971 foram seqüestrados e trocados por
lidade do trabalhador, foram alteradas, por serem consideradas paternalis- presos políticos os embaixadores dos Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
tas e antieconômicas. A resposta do governo foi uma escalada da repressão, com uso da tortura
como método usual de interrogatório. Em maio de 1972, o sistema de
Governo Costa e Silva. O general Artur da Costa e Silva assumiu o arbítrio foi reforçado com o estabelecimento de eleições indiretas para
governo em 15 de março de 1967, mas teve de deixá-lo em 31 de agosto governadores e vice-governadores dos estados.
de 1969, acometido de grave doença. Em seu curto governo, Costa e
Silva tratou de consolidar a ordem constitucional, dando cumprimento à Governo Geisel. Com o general Ernesto Geisel, que governou de
carta de 1967, outorgada no momento de sua posse. Seu ministro da 1974 a 1979, foram tomadas as primeiras medidas de suavização do
Fazenda, Antônio Delfim Neto, executou uma política de dinamização da regime, entre elas a revogação do ato institucional nº 5. Pela primeira vez,
economia, com concessão de créditos e melhoria geral dos níveis salari- no período militar, a oposição se fez ouvir, ao lançar como "anticandidato"
ais. Em seu governo foi adotado também o plano nacional de comunica- o presidente do MDB, deputado Ulisses Guimarães. Empossado em plena
ções, base da modernização do sistema brasileiro de comunicações. No crise mundial do petróleo, Geisel, que fora superintendente da refinaria
campo dos transportes, intensificou-se a opção pelas rodovias, embora Presidente Bernardes, membro do Conselho Nacional de Petróleo e
tenham-se iniciado alguns estudos com vistas ao aproveitamento das vias presidente da Petrobrás, iniciou imediatamente a exploração da platafor-
fluviais. Foram também iniciados os estudos para a construção da ponte ma submarina, que a médio e longo prazo mostrou excelentes resultados.
Rio-Niterói. Instituiu também os "contratos de risco", que permitiram a associação com
empresas estrangeiras, dotadas de capital e know-how, para explorar
Com Costa e Silva, o Exército passou a controlar mais diretamente o petróleo.
aparelho de estado, que sofrera no governo anterior um processo de
modernização burocrática e centralização administrativa. Ante as pressões O aumento da receita em divisas, com as exportações de café e soja
oposicionistas, o início da resistência armada, a reativação do movimento e o sucesso dos manufaturados brasileiros no exterior, aliviaram os pro-
estudantil e o surgimento de greves (numa mobilização das forças popula- blemas econômicos do país no governo Geisel. Contudo, já não era mais
res que durou todo o ano de 1968), agiu novamente a oposição interna ao possível sustentar a mística de crescimento acelerado. Na frente política,
regime, o que resultou na crise militar de dezembro daquele ano, quando o sucesso do MDB nas eleições de 1974, que elegeu 16 senadores e 160
o Congresso recusou o pedido de licença, feito pelo governo, para proces- deputados federais, de um total de 364, e obteve maioria nas assembléias
sar o deputado Márcio Moreira Alves (MDB-RJ), que, em discurso, conci- legislativas de cinco estados, entre eles São Paulo e Rio de Janeiro, levou
tara o país a não participar das comemorações pela independência, o que o governo a um certo retrocesso na prometida abertura política. Foi institu-
foi interpretado como um ataque às forças armadas. ído o mandato presidencial de seis anos e a nomeação de um terço do
Senado -- os chamados senadores "biônicos" -- pelo mesmo colégio
Seguiu-se a promulgação, em 13 de dezembro de 1968, do ato insti- eleitoral encarregado de escolher os governadores. Mas foram revogadas
tucional nº 5, que pôs em recesso o Congresso e todas as assembléias as penas de morte e banimento, eliminada a censura prévia à imprensa e
legislativas estaduais e renovou por período indefinido os poderes de extinta a todo-poderosa Comissão Geral de Investigações (CGI), que
exceção do presidente (autorização para governar por decreto e, de novo, podia confiscar bens após processo sumário. O principal formulador das
para cassar mandatos e suspender direitos políticos). Com o Congresso políticas do governo Geisel foi o general Golbery do Couto e Silva, chefe
em recesso, Costa e Silva encomendou ao vice-presidente Pedro Aleixo a do gabinete civil. Com essa abertura, denominada pelo próprio Geisel de
elaboração de uma emenda que permitisse reabrir o Congresso e voltar à "lenta, segura e gradual", foi possível encaminhar a sucessão.
normalidade.
Governo Figueiredo. O último presidente militar foi o general João Ba-
Entretanto, antes que pudesse assiná-la, o presidente foi vítima de tista Figueiredo, eleito tranqüilamente contra a chapa que, apresentada
uma trombose cerebral e teve de ser afastado do governo. Imediatamente pelo MDB, tinha como candidato o general Euler Bentes. Na posse, o novo
os ministros militares comunicaram a Pedro Aleixo que não lhe entregari- presidente jurou "fazer deste país uma democracia", e realmente continu-
am o governo. Foi então constituída uma junta militar, formada pelos ou o processo de abertura política e redemocratização. Seu primeiro ato
ministros do Exército, general Aurélio de Lira Tavares, da Marinha, Augus- foi a anistia política, que permitiu a volta ao país de alguns exilados de
to Hamann Rademaker Grünewald, e da Aeronáutica, Márcio de Sousa e peso, como Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes e Miguel Arraes. Veio
Melo. A junta, em seu curto mandato, outorgou a emenda constitucional nº depois a reforma partidária, que encerrou o bipartidarismo vigente. A
1, na verdade um outro texto, que acentuou ainda mais o caráter ditatorial Arena transformou-se em Partido Democrático Social (PDS) e o MDB,
do regime: foi eliminada a soberania do júri e decretada a pena de morte obrigado a mudar de sigla, optou por Partido do Movimento Democrático
em tempos de paz, nos casos de "guerra psicológica adversa, revolucio- Brasileiro (PMDB). A sigla do PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, foi dada
nária ou subversiva". Pela emenda constitucional, o ato institucional nº 5 à deputada Ivete Vargas, sob protesto de Brizola, que fundou então o
foi incorporado à constituição. Em 30 de outubro de 1969, a junta militar Partido Democrático Trabalhista (PDT). Tancredo Neves e Magalhães
passou o poder ao general Emílio Garrastazu Médici, então comandante Pinto criaram o Partido Popular (PP). E Luís Inácio Lula da Silva, líder
do Terceiro Exército, e que fora selecionado pelo alto comando do Exérci- sindical dos metalúrgicos do ABC paulista, fundou o Partido dos Trabalha-
to e referendado pelo Congresso, especialmente reunido para esse fim. dores (PT). O principal interlocutor e arquiteto da abertura no governo
Figueiredo foi seu ministro da Justiça, Petrônio Portela.
Governo Médici. O governo do general Emílio Garrastazu Médici no-
tabilizou-se por obras de grande porte, como as rodovias Transamazônica, Figueiredo teve de suportar o inconformismo dos extremos: a extre-
Perimetral Norte e Santarém-Cuiabá, assim como a ponte Rio-Niterói, e ma-direita provocou vários atentados terroristas, o mais grave dos quais
concluiu um acordo para a construção da hidrelétrica de Itaipu e os pólos ocorreu em 1981, no Riocentro, centro de exposições no Rio de Janeiro,
petroquímicos da Bahia e São Paulo. Foram os tempos do chamado onde se realizava um show comemorativo do dia do Trabalho. No atenta-
"milagre brasileiro", comandado pelo ministro da Fazenda, Antônio Delfim do morreu um sargento e saiu ferido um capitão, que, segundo a versão
Neto, quando o país alcançou taxas de crescimento superiores a dez por oficial, estavam em missão de informações. O inquérito instaurado, como
cento, e taxas inflacionárias de pouco mais de 14% ao ano. Somente com era previsto, nada apurou, e o general Golbery pediu demissão em sinal
o passar dos anos se revelariam os custos do milagre: a inflação reprimida de protesto.
voltou a passos largos e os empréstimos externos, que haviam financiado
o crescimento, implicaram taxas de juros elevadíssimas e a quase inadim- A esquerda procurou pressionar o projeto de anistia, a fim de que os
plência do país. militares acusados de tortura e morte continuassem passíveis de processo

História 46
APOSTILAS OPÇÃO
e punição. Estabeleceu-se, entretanto, um consenso político, aceito pela Depois de 1964 ainda dava para fazer umas passeatazinhas e desafi-
opinião pública, segundo o qual a anistia deveria abranger a todos indistin- ar o regime. Depois do AI-5 (dezembro de 1968) o regime tinha fechado
tamente, de vez que os excessos haviam sido cometidos em ambas as de vez. Passeata era dissolvida a tiros de fuzil. Em cada redação de jornal
frentes. De setembro a novembro de 1981, Figueiredo teve de submeter- havia um imbecil da polícia federal para fazer a censura, Não poderia sair
se a uma cirurgia cardíaca nos Estados Unidos, e foi substituído tempora- nenhuma notícia que desagradasse ao governo. Uma simples reportagem
riamente pelo vice-presidente Aureliano Chaves, primeiro civil a ocupar a esportiva sobre o time do Internacional de Porto Alegre, com sua camisa
presidência da república desde 1964. vermelha, poderia ser encarada como “propaganda da Internacional
Comunista”. Além da censura, o jornal não podia dizer que tinha sofrido a
No pleito de novembro de 1982 Franco Montoro, Leonel Brizola e censura (isso, claro, também era censurado). O jeito foi botar receitas de
Tancredo Neves, todos de oposição, foram eleitos governadores, respecti- bolo nos vazios deixados pelas partes retiradas pela polícia. As pessoas
vamente, de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O governo Figuei- estavam lendo uma página sobre política nacional e, de repente, vinha
redo assimilou a derrota e garantiu a posse dos eleitos. Todavia, sofreu aquela absurda receita para fazer uma torta de abacaxi. Os espertos
grande desgaste com a denúncia de escândalos financeiros, como os sacavam logo que era um protesto. Os mais ingênuos (por conivência ou
casos Capemi, Coroa-Brastel e Delfin, que representaram grandes prejuí- conveniência, chegavam a mandar cartas para as redações dos jornais,
zos aos cofres públicos, devido aos financiamentos sem garantias e a pois as receitas, por vezes, eram irracionais: “cinco quilos de açúcar, 100
omissões de fiscalização. Além disso, o temperamento explosivo do g de farinha de trigo, dois quilos de sal, vinte tabletes de fermento, uma
presidente criou vários incidentes, que se somaram para desgastar sua colher de chá de suco de laranja...” Não há receita que dê certo assim,
imagem, embora ele conduzisse com energia e coerência o processo de hehehe. Claro que existem ainda hoje ingênuos ainda mais imbecis, que
abertura. declaram coisas como: “naquele tempo o governo era muito melhor do
que hoje. Bastava abrir os jornais, eles só tinham elogios para o governo.
Ao encerrar-se o governo Figueiredo, e com ele o período de 21 anos Aliás, também tinham receitas de bolo muito boas.”
de regime militar, o país encontrava-se em situação econômica e financei-
ra das mais graves. A dívida externa alcançara tetos astronômicos, por Ninguém podia falar mal do governo. Reclamação na fila do ônibus
força dos juros exorbitantes. Emissões sucessivas destinadas a cobrir os era uma linha até à cadeia. Estudantes e professores que conversassem
déficits do Tesouro aumentaram assustadoramente a dívida interna. Em sobre política poderiam ser expulsos da escola ou da faculdade, devido ao
março de 1985, a taxa de inflação chegou a 234% anuais. No entanto, há decreto-lei nº 477 (1969), Imagine o clima dentro da sala de aula. Se o
pontos a creditar aos governos militares, como a redinamização da eco- professor contasse aos alunos o que você está lendo neste livro, corria o
nomia, que alcançou altos níveis de crescimento, a modernização do país, sério risco de não poder voltar mais à sala de aula. Ou mesmo para a sua
principalmente na área dos transportes e comunicações, o incremento das própria casa...
exportações, e a política energética, sobretudo a criação do Proálcool e o
aumento dos investimentos na prospecção petrolífera, como resposta à CAMPANHA DAS DIRETAS
crise mundial de petróleo de 1973. Os resultados negativos foram a ex- Nome por que ficou conhecido o movimento político e popular, desen-
cessiva concentração de renda, o aumento vertiginoso da dívida externa, cadeado no Brasil em 1984. Teve o objetivo de forçar o governo a adotar o
o decréscimo substancial do nível do salário real, o excessivo estatismo, a voto direto para a escolha do sucessor do presidente João Figueiredo mas
censura absoluta aos meios de comunicação e a falta de representativida- fracassou, apesar de ter mobilizado a participação de milhões de pessoas
de do governo. A tecnoburocracia, encastelada em Brasília, dirigiu a em comícios e passeatas em todo o país.
economia do país sem nenhuma consulta aos setores envolvidos, muitas
vezes com resultados desastrosos. GUERRILHA DO ARAGUAIA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
No campo da política externa, o Brasil havia adotado, a partir do go-
verno Geisel, uma atitude mais crítica em relação às potências ocidentais.
A política do "pragmatismo responsável", posta em vigor pelo chanceler A Guerrilha do Araguaia é como se costuma chamar um conjunto de
Antônio Francisco Azeredo da Silveira, significou na prática uma revisão operações militares ocorridas durante a década de 1970 promovidas por
do alinhamento automático e uma aproximação com os países do Terceiro grupos contrários ao Regime militar em vigor no Brasil. Proclamados como
Mundo. Em 1975 foram estabelecidas relações diplomáticas com a China, revolucionários, eram considerados terroristas pelo poder instituído, ainda
rompidas em 1964, e o Brasil votou na ONU a favor de uma resolução que assim sendo considerados por alguns brasileiros.
condenava o sionismo como forma de racismo e discriminação racial,
contra o voto das potências ocidentais. O movimento foi organizado pelo Partido Comunista do Brasil
(PCdoB), na ilegalidade, entre 1966 e 1974. Por meio de uma guerra
No governo Figueiredo, a política externa foi entregue ao chanceler popular prolongada, os integrantes do PCdoB pretendiam implantar o
Ramiro Saraiva Guerreiro, que continuou a defender o princípio da não- comunismo no Brasil, iniciando o movimento pelo campo, à semelhança
intervenção e da autodeterminação dos povos. Durante a guerra das do que já ocorrera na China (1949) e em Cuba (1959).
Malvinas, em 1982, o Brasil, que voltara a harmonizar suas relações com O palco de operações se deu onde os estados de Goiás, Pará e
a Argentina, abaladas desde o projeto da hidrelétrica de Itaipu, manteve o Maranhão faziam fronteira. O nome foi dado à operação por se localizar às
apoio às pretensões argentinas de soberania sobre as ilhas. O restabele- margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo e Marabá
cimento da liberdade de imprensa e dos direitos políticos, a anistia e no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o
outras medidas de abertura política melhoraram sensivelmente a imagem norte do Estado de Tocantins, também denominada como Bico do
externa do país. Papagaio).
Estima-se que participaram em torno de setenta a oitenta guerrilheiros
A OPOSIÇÃO PARTE PARA A LUTA ARMADA sendo que, destes, a maior parte se dirigiu àquela região em torno de
O que significa viver sob uma ditadura militar? É exagerado achar que 1970. Entre eles, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José
a toda hora tem tanque na rua, soldados desfilando dentro das faculdades. Genoíno, que foi detido pelo Exército em 1972.
Aparentemente não muda muita coisa, porque você vai às compras, ao
dentista, à praia e ao cinema, namora e casa, vê televisão. A não ser o Preparação do Exército
fato de que seu vizinho é oficial do Exército e você sabe que por isso ele Na época as Forças Armadas iniciaram um estudo para efetuar as
manda aqui no prédio (e isso pode ser até bom para a vizinhança), o resto operações antiguerrilha. Estas foram envolvidas de um planejamento
parece bem normal. Mas, se você tiver um pingo de consciência, descon- executado em sigilo e que durou em torno de dois anos. Segundo os
fia que as coisas não vão bem. Existe um cheirinho de esquisitice: as militares, não era interessante a eclosão de outros movimentos
pessoas falam baixo, há uma nuvem de mistério cobrindo o país, o estô- semelhantes em outras regiões do Brasil, pois isto ocasionaria uma
mago fica pesado demais. eclosão de violência na região rural, o que poderia vir a gerar uma
desestabilização do poder instituído.

História 47
APOSTILAS OPÇÃO
assistencialismo. Quando podiam, ajudavam os moradores com medicina,
Censura odontologia, ajudavam nas escolas, davam aulas, ensinavam a população
Na época em que Emílio Garrastazu Médici era presidente do Brasil, como organizar e realizar mutirões. Agindo da forma descrita, aos poucos
as operações militares foram executadas de maneira sigilosa e era o grupo foi ganhando respeito e admiração da população local.
proibida a divulgação da existência de um movimento guerrilheiro no
interior do país. Portanto, devido à censura, nunca foi autorizada a O desenvolvimento das operações
publicação de detalhes sobre a guerrilha e sempre se afirmou que os O Exército brasileiro descobriu a localização do núcleo guerrilheiro em
documentos da operação haviam sido destruídos. No entanto, durante as 1971 e fez três investidas contra os rebeldes. As operações de guerrilha
polêmicas ocasionadas no governo Lula em relação à abertura de iniciaram-se efetivamente em 1972, tendo oferecido resistência até Março
arquivos do período militar, foi descoberto que boa parte dos materiais foi de 1974.
preservada (ver seção Documentos que restaram).
Em Janeiro de 1975 as operações foram consideradas oficialmente
Ernesto Geisel, após assumir o comando da ditadura, também não encerradas com a morte ou detenção da maioria dos guerrilheiros.
autorizou a divulgação da existência de tal guerrilha, ficando desta forma a
população brasileira alheia ao conhecimento dessa movimentação. Por Em 1976 ocorreu a chamada Chacina da Lapa quando foram
isso, a única menção feita por Geisel a respeito da existência de um executados os últimos dirigentes históricos do PCB. João Amazonas, na
movimento guerrilheiro no interior do Brasil se deu em 1975. ocasião, se encontrava na Albânia.

Mobilização A questão do Araguaia (guerrilha)


Para combater setenta guerrilheiros do PCdoB, houve a mobilização Em 1971, ocorreu uma manifestação concreta de ação militar no
de cinco mil soldados brasileiros, além do auxílio de militares norte- Brasil, onde o exercito brasileiro, sofreu a sua maior prova, na região de
americanos (estima-se em centenas) que atuariam na elaboração de Xambioá, norte do antigo estado do Goiás, (hoje Tocantins) formou-se um
planos estratégicos de dominação e consolidação de território. Os quadrante de ação operacional, seguido de encasamento de 3 divisões
soldados brasileiros que participaram das operações desconheciam a sua clássicas de combate pôr quadrantes menores, ou seja a formação de 3
missão e foram comandados pelo general Antônio Bandeira. batalhões de 21 soldados de 3 pelotões de 7 soldados, totalizando 63
componentes. O líder de cada grupo de 7 soldados, desconhecia as
Teatro de operações, comandantes militares e líderes guerrilheiros ordens do comandante do batalhão de 21, que desconhecia a formação e
Para preparar o teatro de operações, o comandante auxiliado por identificação dos demais batalhões, assim a pirâmide de autoridade
máquinas e equipamentos norte-americanos mandou construir uma seguia uma linha de formação utilizada na guerra da Argélia, perdida pêlos
rodovia com cerca de trinta quilômetros de extensão. Segundo os militares franceses e pela legião estrangeira. A formação dos lideres principais era
ela era necessária para que fosse executado o deslocamento de tropas. A de 3 grau (médicos engenheiros) sendo desconhecida ate hoje pela
área dominada pelos guerrilheiros abrangia em torno de sete mil inteligência do exercito, contudo os mesmos tratavam a ocupação,
quilômetros quadrados, indo da cidade de Xambioá, até no sul do Pará valendo-se da linha de Ernesto Guevara, ou seja conquistando a
nas proximidades de Marabá. população com atitudes desprezadas pêlos governos estaduais. — A
população pobre local passou a ser atendida pôr médicos dentistas e era
O general Olavo Viana Moog exerceu o comando tático das instruída de como construir casas abrigos, plantar e outras questões
operações e o general Hugo Abreu também comandou ações para pôr fim também desprezadas pêlos governos e classe dominante da área,
ao movimento. naturalmente outro componente vinha junto a esse atendimento singular,
as idéias e algum materialismo dialético, na forma de teses de fazer o
Do lado da guerrilha, os principais comandantes foram Maurício outro lado pensar para que no momento certo, pudessem lutar ao lado da
Grabois e João Amazonas, que eram oriundos do PCB e que tinham sido guerrilha, conformando uma forca de ataque e ocupação popular seguindo
presos na década de 1930 durante a imposição do Estado Novo. a linha de Gaj Bronstein (Leon Trotski). — Após 1 ano de atuação os grupos
Identidades e atividades preparatórias da guerrilha lá estacionados, já possuíam condições de articulação da população em
Por uma questão de segurança do grupo, os guerrilheiros não tinham curto período com mobilização para defesas, baseadas nas táticas
identificações. Seus nomes nunca eram revelados, usando desta forma empregadas pôr Ho Chi Min no Vietnã e em Cuba, pôr Fidel Castro. O
nomes e identificações falsas. Sabe-se porém, que muitos eram trabalho da inteligência do exercito foi relativamente bem executado,
estudantes e profissionais liberais que haviam participado de porem faltariam os efetivos operacionais necessários a repreensão, e ai
manifestações (passeatas) contra o regime na década de 1960. Sabe-se começaram os problemas no pais. O chefe da agencia do SNI na época
por relatos dos poucos que sobreviveram que muitos tinham sido Gal. João Batista Figueiredo determinou o imediato fechamento da área e
torturados e presos anteriormente pelo regime por não concordar com inicio das operações militares. Porem o que encontrou foram homens e
uma ditadura comandando o Brasil. mulheres (63 guerrilheiros) bem equipados e bem treinados taticamente,
Um dado importante é que a grande maioria dos guerrilheiros, em que resistiram pôr quase 14 meses aos ataques das tropas do exercito
torno de 70%, eram oriundos da classe média, que tinham profissões brasileiro. O exercito brasileiro nos combates da guerrilha do Araguaia
liberais como médicos, dentistas, advogados e engenheiros. Havia sofreram baixas de ordem moral, pois a orientação da guerrilha seguia
também bancários e comerciários. moldes trotkistas, ou seja não matar o soldado que o combate, pois esse
será seu aliado contra o opressor principal amanha.
Sabe-se que menos de 20% eram camponeses, e que estes eram
recrutados na região do Araguaia. A quantidade de operários que Porem em 1973 entra em cena um assessor militar do mais alto
participavam do movimento guerrilheiro mal chegava aos 10% do total. Em gabarito, nessas questões, o Coronel H.da Fonseca do Exército
média, a idade predominante era em torno de trinta anos. Português, veterano da Guerra do Ultramar Português que veio formar o
primeiro batalhão de infantaria de selva, utilizando-se dos métodos de
Na medida em que iam chegando à região, adquiriam a confiança dos disciplina da legião estrangeira e alguns métodos alemães. — Em 1974
moradores agindo como agricultores, farmacêuticos, curandeiros, com ataques combinados, forca aérea, infantaria e pára-quedistas a
pequenos comerciantes, donos de pequenas vendas de beira de estrada, primeira grande ofensiva apresentou sucesso do lado do exercito
além de outros tipos de ocupações comuns no interior do Brasil. Nunca brasileiro, sendo os detalhes informação classificada. Todavia sabe-se
conversavam entre si, e nunca moravam próximos uns dos outros. que a ofensiva valeu-se de aproximadamente 18.000 soldados nas mais
Integravam-se às comunidades onde agiam, participando de todos os variadas forças armadas, aeronáutica, exercito e policias militares
eventos, sendo desta maneira absorvidos por estas. Não atuavam e não estaduais. A guerrilha cessou. As manifestações regionais ocorridas no
influiam nas políticas locais, não se envolviam em discussãoes políticas pais a partir do confronto armado, no Araguaia passaram a exigir dos
para evitar o despertar de desconfianças. Suas atividades principais se governantes, uma condição ainda mais acentuada de controle, tendo as
baseavam no ensino do trabalho comunitário, voluntariado e Policias Militares Estaduais, desempenhado esses papeis.

História 48
APOSTILAS OPÇÃO
As baixas A Ação Judicial
Pelo lado do Exército, estima-se que pereceram dezesseis soldados. Um processo foi instaurado contra a União, em 1982, por vinte e dois
O balanço oficial à época, indicava sete guerrilheiros mortos. Em 2004, o parentes de vítimas, que por meio dele pediram à Justiça que o Exército
Ministério da Justiça brasileiro contabilizava sessenta e um brasileiro apresentasse documentos para que pudessem obter atestados
desaparecidos. de óbito.

Segundo testemunhos, a maioria dos guerrilheiros capturados foi Em 22 de Julho de 2003, o Diário da Justiça publicou a decisão da
torturada antes de ser executada, e os seus corpos ocultados, numa juíza Solange Salgado, da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, ordenando
espécie de operação limpeza promovida pelos militares a partir de 1975. a quebra de sigilo das informações militares sobre a Guerrilha do
Araguaia, dando um prazo de 120 dias à União para que fosse informado
A operação limpeza onde se encontram sepultados os restos mortais dos familiares dos
Sabe-se que, após 1975, foi realizada na região uma espécie de autores do processo, assim como rigorosa investigação no âmbito das
operação limpeza, que durou até meados de 1978, com a finalidade de Forças Armadas brasileiras.
eliminar focos de militantes remanescentes na região. Os militares, para
evitar a disseminação do movimento e mantê-lo encerrado em limites Em 27 de Agosto de 2003, a Advocacia-Geral da União apelou da
específicos, se utilizaram das chamadas táticas de combate à guerra sentença que determinou de abertura dos arquivos, embora reconhecesse
revolucionária. Um dos métodos utilizados era o espalhamento de o direito dos autores de tentar localizar os restos mortais de seus
cartazes em diversos pontos das cidades, tais como bancos, aeroportos, familiares desaparecidos. Baseado em argumentos puramente
terminais rodoviários etc. Os cartazes eram formados com retratos de processuais, especialmente questionando o curto prazo imposto na
opositores do regime procurados e com mensagens que incitavam a sentença para a apresentação de resultados, o recurso da AGU foi
população a delatá-los. Normalmente, os cartazes possuíam fotografias severamente criticado por organizações de defesa dos direitos humanos,
dos procurados que eram integrantes dos grupos de ação armada. familiares dos desaparecidos e por integrantes da Comissão Especial de
Mortos e Desaparecidos.
Médici mandou editar uma série de decretos secretos cuja finalidade
era o combate aos guerrilheiros sob a evocação da segurança nacional. Pressionado e sensibilizado, o governo Lula criou em 3 de Outubro de
Os textos de tais decretos, porém, jamais foram conhecidos. 2003 uma comissão interministerial para localizar restos mortais. Esta
comissão solicitou os documentos, sendo informada de que os mesmos
Osvaldão não existiam.
Entre os muitos nomes envolvidos na Guerrilha do Araguaia
destaca-se o de Osvaldo Orlando da Costa, um militante do PCdoB, que Atualmente, o processo se encontra no Superior Tribunal de Justiça,
chegou à região em 1966 com a missão de organizar a guerrilha rural. em fase de recurso especial, não tendo sido cumprida até hoje a decisão
da juíza de primeiro grau.
Nascido em Abril de 1938 na cidade de Passa Quatro, em Minas
Gerais, de família humilde, descendente de escravos, era um indivíduo de Documentos que restaram
grande estatura, de pouca fala, embora bastante culto e prestativo. A Revista ISTOÉ, em sua edição número 1830 (3 de Novembro de
Graduou-se com destaque como Engenheiro de Minas pela Universidade 2004), contraria o ponto comum nas versões dos ex-combatentes da
de Praga, na então Tchecoslováquia, onde havia ganho uma bolsa de guerrilha, dos que a perseguiram e do governo. Segundo eles, nenhum
estudos. Quando residente no Rio de Janeiro, foi campeão de boxe, na documento da guerrilha teria sobrevivido. No entanto, são publicados, com
categoria Pesos-pesados, pelo clube Botafogo de Futebol e Regatas. exclusividade, trechos de documentos que comprovam a guerrilha. Fichas
de guerrilheiros e listas de nomes dos envolvidos, dentre outros materiais,
Em 4 de Fevereiro de 1974, quando se evadia de soldados que o vieram a público, trazendo à tona um assunto de que advogados das
perseguiam, embrenhado nas matas próximas às margens do Rio vítimas torturadas e pesquisadores do período já possuíam amplo
Araguaia, resolveu parar para descansar sem que tivesse percebido que conhecimento, apesar de nunca terem provas. Boa parte dos arquivos da
havia militares nas proximidades. Enquanto cochilava, foi visto pela equipe ditadura militar sobreviveu, bem mais do que o admitido pelo Governo.
de observação de um pequeno grupo de reconhecimento. Afirma-se que Tantos que, passados mais alguns meses, possibilitaram a publicação do
um dos soldados atirou contra o guerrilheiro, matando-o. Em seguida, o livro Operação Araguaia: os Arquivos Secretos da Guerrilha.
corpo foi arrastado pela mata e içado de cabeça para baixo por uma corda
presa a um helicóptero. NORMALIZAÇÃO INSTITUCIONAL
Governo Sarney. No final de 1983 iniciou-se o movimento pelas elei-
Dizem alguns, que para ter certeza de que o morto estaria realmente ções diretas para presidente da república, conhecido como campanha das
morto, ao chegar em grande altura, teria sido solto e arremessado ao solo, "diretas já". No decorrer de 1984 a campanha mobilizou milhões de pes-
sendo em seguida apanhado, amarrado novamente à aeronave e levado soas, em gigantescos comícios e passeatas em todo o Brasil. Mesmo
para ser exibido aos camponeses como um troféu. assim, a emenda constitucional nesse sentido, apresentada pelo deputado
Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, não foi aprovada por falta de
Algumas lendas correntes na região afirmam que Osvaldão se quórum. No dia da votação, o governo decretou o estado de emergência
transformava em borboleta, cachorro ou pernilongo, sendo muito temido no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás, inclusive Goiânia, e
pelos soldados devido à sua grande força muscular e estatura. impediu a pressão dos manifestantes. Em junho de 1984, o senador José
Sarney renunciou à presidência do PDS e formou a Frente Liberal, que
Afirma-se ainda que, ao ser içado ainda estaria vivo e que, nessa apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência. Em agosto, a
condição, sacando uma faca de uma de suas botas, cortou a corda que o Frente Liberal e o PMDB uniram-se e Sarney foi escolhido como candidato
prendia, iniciando uma arriscada subida em direção ao helicóptero que o a vice-presidente. Avolumaram-se as adesões à Frente, que depois trans-
transportava. Ao ser percebido tentando alcançar a aeronave, foi atingido formou-se em Partido da Frente Liberal (PFL). No final do ano, o Colégio
por disparos de Fuzil FAL M-1964, calibre 7,62 mm, provindos dos Eleitoral -- composto pelos membros do Congresso Nacional e por repre-
soldados embarcados no helicóptero. sentantes das assembléias legislativas estaduais -- elegeu a chapa Tan-
credo Neves-José Sarney, contra Paulo Maluf.
Para demonstrar aos camponeses que Osvaldão estaria realmente
morto, o seu corpo foi arremessado novamente ao solo e exibido por todas O presidente eleito empreendeu uma viagem a vários países e ao vol-
as aldeias e povoações da região. Em seguida, foi decapitado tendo o seu tar dedicou-se à organização do seu governo. Entretanto, na véspera da
corpo sido enterrado separado da cabeça, o que, para os trabalhadores data marcada para sua posse, Tancredo foi internado num hospital de
rurais, devido às suas crenças, era uma imagem muito forte. Brasília, para uma cirurgia. Em seu lugar, tomou posse, interinamente, o
vice José Sarney. Depois de prolongada agonia, Tancredo veio a falecer

História 49
APOSTILAS OPÇÃO
em São Paulo, em 21 de abril de 1985, e um sentimento geral de frustra- O processo avolumou-se rapidamente, e logo multidões saíram em
ção tomou conta do país. Todas as expectativas concentraram-se então passeatas pelas ruas para exigir o impeachment. Em 29 de setembro, ao
em implementar o plano de governo por ele anunciado. Em linhas gerais, fim de uma tensa Comissão Parlamentar de Inquérito iniciada em junho, a
o seu plano condenava qualquer atitude revanchista, pregava a união Câmara dos Deputados autorizou o Senado Federal a processar o presi-
nacional, a normalização institucional em moldes democráticos e a reto- dente por crime de responsabilidade; em 2 de outubro, Collor foi afastado
mada do desenvolvimento. e o vice-presidente Itamar Franco assumiu interinamente a presidência.
Em 29 de dezembro, pouco depois de iniciado seu julgamento pelo Sena-
Sarney sabiamente escolheu uma posição de modéstia, que atraiu a do, Collor renunciou e Itamar foi confirmado em definitivo no cargo.
simpatia popular. Manteve os ministros escolhidos por Tancredo e encam-
pou suas idéias básicas de formar um pacto nacional para a redemocrati- Governo Itamar Franco. Itamar tornou-se presidente num dos momen-
zação do país, no período de governo civil que se iniciava, e que ficou tos mais graves da história brasileira. Além da crise política que colocou à
conhecido como Nova República. Em julho de 1985 o Congresso aprovou prova a estabilidade das instituições, o país enfrentava também grandes
proposta do presidente no sentido de convocar uma Assembléia Nacional dificuldades na área econômica, com recessão, desemprego e crescente
Constituinte, a ser formada pelos parlamentares que seriam eleitos em inflação. Logo que assumiu, ainda interino, Itamar nomeou novo ministério
novembro de 1986. O sistema partidário ampliou-se e passou a abrigar (de caráter multipartidário, para tentar garantir apoio do Congresso) e
várias legendas novas, até mesmo de partidos de esquerda, antes na baixou medida provisória destinada a reverter a centralização administrati-
clandestinidade. Em novembro de 1985 foram realizadas eleições para as va estabelecida pelo governo Collor: superministérios como os da Econo-
capitais dos estados e para os municípios considerados áreas de segu- mia, Fazenda e Planejamento e o da Infra-estrutura foram desmembrados.
rança nacional. Embora vencedor em 16 das 23 capitais, entre elas Belo O novo mandatário também tomou iniciativas destinadas a moralizar a
Horizonte, o PMDB perdeu em centros importantes como São Paulo, Rio administração pública, tais como a criação do Centro Federal de Inteligên-
de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza. cia (CFI).

O governo, assediado pelas crescentes taxas de inflação, substituiu o Em outubro e novembro de 1992 realizaram-se em todo o país elei-
ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pelo empresário Dílson Funaro. ções municipais; os partidos de esquerda foram os mais beneficiados. Em
Em fevereiro de 1986 foi lançado o Programa de Estabilização Econômica, 21 de abril de 1993 os eleitores retornaram às urnas para decidir sobre o
que ficou conhecido como "Plano Cruzado", em alusão à nova moeda sistema e a forma de governo, como previra a constituição de 1988:
criada, o cruzado. Os preços foram congelados e os salários fixados pela venceu a república presidencialista. O ano de 1993 foi marcado ainda por
média dos últimos seis meses. Foi extinta a correção monetária e criado o denúncias de corrupção e banditismo na Comissão de Orçamento do
seguro-desemprego. O governo recebeu amplo apoio popular, sobretudo Congresso Nacional, envolvendo aproximadamente duas dezenas de
na fiscalização dos preços. No entanto, a especulação, a cobrança de ágio parlamentares. O fato levou à criação de uma Comissão Parlamentar de
e as remarcações de preços acabaram por desgastar o plano, reformulado Inquérito que teve como presidente o senador Jarbas Passarinho e como
várias vezes. relator o deputado Roberto Magalhães.

Empossada a Assembléia Nacional Constituinte, Sarney mobilizou-se Ansioso por mostrar resultados no combate à inflação, Itamar acabou
para assegurar o sistema presidencialista e garantir o mandato de cinco batendo o recorde de nomear quatro ministros da Fazenda (Gustavo
anos, que os constituintes queriam reduzir para quatro. As manobras de Krause, Paulo Haddad, Eliseu Resende e Fernando Henrique Cardoso)
bastidores, noticiadas pela imprensa, com trocas de favores por votos, em sete meses. Fernando Henrique, sociólogo e senador, que antes
desgastaram a imagem presidencial, agravada pelo aumento da inflação, ocupava a pasta das Relações Exteriores, começou por mudar a moeda
que voltou aos patamares do início do governo. Em 5 de outubro de 1988 de cruzeiro para cruzeiro real, com o corte de três zeros. Em seguida, o
foi promulgada a nova constituição, que trouxe um notável avanço no ministro e sua equipe elaboraram um plano de combate gradativo à infla-
campo dos direitos sociais e trabalhistas: qualificou como crimes inafian- ção que previa o emprego de uma unidade monetária provisória (a Unida-
çáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a de Real de Valor, urv) em antecipação ao lançamento de uma moeda
ordem constitucional; determinou a eleição direta do presidente, governa- forte, o real. No final de abril de 1994, Cardoso deixou o Ministério da
dores e prefeitos dos municípios com mais de 200.000 habitantes em dois Fazenda para concorrer à presidência da república nas eleições de outu-
turnos, no caso de nenhum candidato obter maioria absoluta no primeiro; bro.
e ampliou os poderes do Congresso.
Governo Fernando Henrique Cardoso. Lançado o real em 1º de julho
No final de 1989, o governo Sarney atingiu um desgaste impressio- e com a estabilidade econômica que se seguiu, a popularidade de Fer-
nante. A inflação chegou a cinqüenta por cento ao mês e foi trazida de nando Henrique Cardoso, o que lhe permitiu derrotar Luís Inácio Lula da
volta a correção monetária. Nesse clima de insatisfação e de temor de um Silva logo no primeiro turno da eleição, com 54,30% dos votos válidos
processo hiperinflacionário, foi realizada a primeira eleição presidencial contra 27,97%. No Congresso, a coalizão de Cardoso assegurou 36% das
direta em 29 anos. Apresentaram-se 21 candidatos, entre eles Aureliano cadeiras da Câmara e 41% das do Senado. Enquanto isso, o governo
Chaves, Leonel Brizola, Paulo Maluf e Ulisses Guimarães. Mas o segundo tomava uma série de medidas para proteger a nova moeda, como a
turno foi decidido entre os pólos extremos: Luís Inácio Lula da Silva, do restrição ao crédito (para coibir excesso de consumo) e liberalização das
PT, e o jovem ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Melo, do importações (para evitar desabastecimento e estimular a concorrência).
Partido de Reconstrução Nacional (PRN). Collor elegeu-se com uma
diferença superior a quatro milhões de votos. Empossado em 1º de janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso
mobilizou sua base de apoio para aprovar várias reformas constitucionais.
Governo Collor. Tão logo assumiu o governo, em 15 de março de A estabilidade monetária ajudou o governo a quebrar o monopólio da
1990, Collor baixou o mais drástico pacote econômico da história do país, Petrobrás na exploração de petróleo e privatizar diversas estatais, incluin-
que bloqueou cerca de dois terços do dinheiro circulante. A inflação, após do a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás. Também foi aprovado o fim
súbita queda, voltou a subir. A ministra da Economia, Zélia Cardoso de da estabilidade dos servidores públicos e alteraram-se as regras para
Melo, foi substituída por Marcílio Marques Moreira. Para os Ministérios da concessão de aposentadorias.
Justiça e da Saúde, foram convidados, respectivamente, Célio Borja e
Adib Jatene. Com esses nomes, de excelente reputação moral e compe- Em 1997, o governo fez aprovar a emenda constitucional que autori-
tência profissional, Collor tentou reaver credibilidade para seu governo. zava a reeleição do presidente da república, governadores e prefeitos. O
Nesse momento começaram as denúncias de corrupção em vários minis- último ano do governo Fernando Henrique foi o mais difícil, devido ao
térios, que culminaram com as acusações, feitas pelo próprio irmão do aumento do desemprego e a uma forte perda de divisas, em decorrência
presidente, Pedro Collor de Melo, de um gigantesco esquema de corrup- da crise financeira mundial. Isso obrigou o governo a anunciar um acordo
ção, capitaneado por Paulo César Cavalcanti Farias, tesoureiro da cam- com o fmi que levaria a um duro conjunto de medidas econômicas. Contu-
panha presidencial de Collor. do, o presidente conseguiu se reeleger no primeiro turno do pleito presi-

História 50
APOSTILAS OPÇÃO
dencial, em 15 de outubro de 1998, derrotando novamente Luís Inácio 2006, sendo reeleito no segundo turno disputado contra Geraldo Alckmin,
Lula da Silva com 53,06% dos votos válidos contra 31,71% do candidato do mesmo PSDB.
do pt. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
-o0o-

O primeiro presidente civil eleito desde o golpe militar de 1964 foi 6. ANTIGUIDADE. 6.1. Os povos do Oriente
Tancredo Neves. Ele não chegou a assumir, sendo operado no dia 14 de Próximo e suas organizações políticas. 6.2.
março de 1985 e contraindo infecção hospitalar. No dia da posse, 15 de As cidades-estados da Grécia. 6.3. Forma-
março de 1985, assume então José Sarney de modo interino, e após 21 ção, desenvolvimento e declínio do Império
de abril, data do falecimento de Tancredo Neves, como presidente em Romano do Ocidente. 6.4. A vida socioeco-
caráter pleno. nômica e religiosa dos mesopotâmicos,
egípcios, fenícios e hebreus. 6.5. O legado
Em 1° de março de 1986, Sarney e sua equipe econômica cultural dos gregos e dos romanos.
comandada por Dílson Funaro, ministro da Fazenda, lançam o "Plano
Cruzado", conjunto de medidas para conter a inflação, entre as quais o
congelamento de preços e a criação de uma nova moeda, o cruzado ANTIGUIDADE ORIENTAL
(Cz$), valendo 1000 cruzeiros (Cr$) (moeda da época). Sarney apelou Mesopotâmia
para a população que deu amplo apoio ao plano, inclusive com as Berço de algumas das mais ricas civilizações humanas, a Mesopotâ-
pessoas se declarando "fiscais do Sarney" e denunciando violações ao mia viu surgir os primeiros impérios, as primeiras cidades da antiguidade e
congelamento de preços. O PMDB vence as eleições estaduais de 1986 algumas importantes invenções do homem, como a escrita e a legislação.
na maioria dos estados, porém após as eleições, em 21 de novembro de A Mesopotâmia (em grego, região entre rios) está situada na região
1986, o governo decreta o "Plano Cruzado 2", com os preços sendo delimitada pelos rios Tigre e Eufrates, no sudoeste da Ásia. Embora seus
liberados. Isto ocasionou um descontentamento do povo para com o limites variassem em diferentes períodos de sua história, de modo geral a
governo, pois o plano cruzado foi visto por muitos como uma simples Mesopotâmia abrangia, na antiguidade, o território do atual Iraque, ficando
estratégia política para vencer as eleições. A inflação volta a subir, a crise ao norte a cordilheira dos Taurus, que a separa da Armênia, ao sul o golfo
se alastra e em 20 de janeiro de 1987 o governo decreta moratória, Pérsico, a oeste a Assíria e a leste a Síria. O limite entre as regiões norte,
deixando de pagar a dívida externa. montanhosa, e a sul, plana, era a zona de Bagdá, onde mais se aproxi-
mam os rios Tigre e Eufrates. Os romanos as denominaram, respectiva-
Em 29 de abril de 1987, o governo substitui Funaro por Luis Carlos mente, Mesopotâmia e Babilônia.
Bresser Pereira, que com a inflação em alta, lança o "Plano Bresser", com Muitos grupos étnicos tentaram fixar-se na região, e esses movimen-
novo congelamento de preços, em junho de 1987 e acabando com a tos migratórios acabaram por fazer surgir importantes civilizações, como a
moratória. A inflação volta a subir e em 6 de janeiro de 1988, Bresser é dos assírios, que ocuparam a área montanhosa, e a dos sumérios e
substituído por Maílson da Nóbrega. Em 15 de janeiro de 1989 Maílson babilônios, instalados nas planícies do sul. A essência da cultura suméria
lança o "plano verão", com o lançamento de uma nova moeda, o cruzado se manteve mesmo após a desintegração do estado sumério e por isso
novo (Ncz$) valendo então 1000 cruzados. pode-se, apesar da grande diversidade dos grupos étnicos, falar de uma
civilização mesopotâmica.
Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição direta para A Bíblia, o relato de Heródoto e os textos do sacerdote babilônio Be-
Presidente da República desde 1964. Seu governo perdurou até 1992, rossos, estes datados de aproximadamente 300 a.C. eram, até o fim do
quando renunciou devido a processo de "impeachment" movido contra ele. século XIX, as únicas fontes de informação sobre a história da Mesopotâ-
O processo de afastamento ocorreu em decorrência de uma série de mia. As escavações iniciadas em meados do mesmo século, no território
denúncias envolvendo o Presidente Collor em esquemas de corrupção, do Iraque, e a decifração dos caracteres cuneiformes permitiram avaliar o
que seriam comandados pelo seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo papel desempenhado pela Mesopotâmia na criação de sociedades urba-
César Farias, conhecido por PC. A queda de Collor será resultado de uma nas mais evoluídas.
imensa Revolução Democrática, protagonizada pela juventude e pelo A escrita cuneiforme foi empregada na Babilônia até o século I a.C. e
movimento estudantil, no movimento conhecido como "Fora Collor". O o idioma, como língua erudita, até o primeiro século da era cristã. Com a
vice-presidente, Itamar Franco, assume em seu lugar. decifração dessa escrita, foi possível descobrir a literatura da região, cujos
épicos tiveram como um dos principais temas a sensação de instabilidade
No governo de Itamar Franco é criado o Plano Real, articulado por provocada pelo difícil controle dos rios Tigre e Eufrates. A escrita cunei-
seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. O governo Itamar forme sobreviveu também ao domínio helenístico. A influência do grego
contou com a presença de vários senadores como ministros. Historiadores era significativa, mas tudo indica que o aramaico se tornou a língua popu-
chegam a classificar este fenômeno como uma espécie de um lar, em especial nos centros urbanos da época.
"parlamentarismo branco". Fernando Henrique articulou a base partidária Resenha histórica. Os primeiros imigrantes chegaram à Mesopotâmia
de apoio para a sua eleição. Embora tenha tido o apoio do então no quarto milênio a.C. Fixaram-se no sul e ali criaram o que teria sido,
presidente Itamar, um rompimento entre os dois ocorreu durante o segundo a tradição suméria, seu primeiro núcleo urbano, Eridu. O povoa-
primeiro mandato de Fernando Henrique. mento tornou-se mais intenso no milênio seguinte, com um novo movi-
mento migratório, procedente do leste. Ao mesmo tempo, no norte, grupos
Fernando Henrique Cardoso foi eleito em 1994 e reeleito em 1998. de origem semítica formavam uma nova cultura, que assumiria gradativa-
Cumpriu dois mandatos e transmitiu, democraticamente, a faixa mente papel preponderante na região. As escavações comprovaram não
presidencial ao seu sucessor em 1° de janeiro de 2003. O ex-presidente haver nesse período uma separação estrita entre as duas regiões, na
Itamar Franco foi eleito, pelo PMDB, governador do estado de Minas medida em que nomes semitas são encontrados entre os sumérios. A
Gerais, nas eleições de 1998 e não se candidatou à reeleição, embora o Mesopotâmia era, de todo modo, povoada por dois povos de origens
candidato por ele apoiado, o deputado Aécio Neves, tenha sido eleito no distintas, o que explica as denominações de terra de Sumer (sul) e Acad
primeiro turno. (norte).
As primeiras tentativas de organização de aldeias agrícolas na área
O presidente Fernando Henrique tentou manter a base aliada de de Acad foram registradas em sítios arqueológicos como Hassuna, Jarmo
partidos para as eleições presidenciais de 2002, o que não foi possível. A e Samarra. Do ponto de vista cultural, os grupos que habitavam a área no
aliança PSDB-PMDB-PFL-PTB perdeu os dois últimos partidos. O chamado período Obeid I eram atrasados em relação aos povos do sul,
segundo apoiou Ciro Gomes e o PFL não lançou candidatos à presidência mas alguns centros, como Nínive, já se assemelhavam mais a cidades do
da República. Lula e José Serra disputaram o segundo turno em 2002. O que a aldeias.
candidato Luis Inácio Lula da Silva, do PT, foi eleito presidente do Brasil Os habitantes do norte expandiram-se para o sul, no século XXIV
com aproximadamente 61% dos votos válidos. Lula repetiria o feito em a.C., e fundaram um reino unificado sob o governo de Sargão, criador de

História 51
APOSTILAS OPÇÃO
uma dinastia semítica, cuja capital era a cidade de Acad. Os invasores Domínio árabe. Sob o governo de Heráclio, por volta de 640, Roma já
não possuíam cultura própria, motivo pelo qual absorveram a cultura e as perdera todas as cidades do norte para os muçulmanos. Nos séculos VII e
técnicas de guerra do sul. Assim, a transferência do centro do poder VIII, a história da Mesopotâmia se caracterizou por uma série de transfor-
político, de início instalado na cidade de Acad, para Nínive ou Babilônia, mações culturais e sociais, pela fundação de grandes cidades, mas tam-
não teve influência na evolução cultural da região. bém por intrigas, violências e desordens.
Com a terceira dinastia de Ur, cujos domínios incluíam a Assíria, pra- Durante o predomínio muçulmano, teve início um período de tolerân-
ticamente completou-se a unificação da Mesopotâmia. O norte preservava cia religiosa e o idioma árabe passou a predominar sobre o siríaco. Dispu-
apenas seu idioma semita, escrito, porém, em caracteres cuneiformes tas entre as facções muçulmanas dos abássidas e dos omíadas voltaram,
sumérios. Por volta de 2000 a.C., invasores elamitas e amorritas derruba- porém, a ameaçar a estabilidade da região. Os omíadas abandonaram
ram essa terceira dinastia de Ur. Após um período de destruições, o sul Damasco e instalaram-se em Harran, enquanto os abássidas se fixaram
voltou a prosperar, enquanto, no norte, Assur tornou-se independente e na no Iraque e passaram a governar o Islã. Com a derrota de Hussein em
Babilônia surgiu uma dinastia local, amorrita, apoiada pelos semitas Kerbela, no Iraque, no ano 680, o sul permaneceu xiita e o norte se tornou
acadianos. sunita, numa divisão do islamismo que se consolidaria ao longo do tempo.
Babilônios e assírios. O mais poderoso soberano da Babilônia foi Ha- Centro vital do Islã, a região passou a beneficiar-se de um significativo
murabi, responsável por uma nova unificação da Mesopotâmia. Seu afluxo de bens e manteve sua estrutura socioeconômica, com base na
império se estendeu do golfo Pérsico até o norte de Nínive, e das monta- agricultura, que foi pouco afetada pelos conflitos.
nhas elamitas até a Síria. A região logo voltaria a ser dividida, entretanto, A história da Mesopotâmia é marcada, nessa fase, por grandes trans-
entre o sul e o norte, depois que os reis cassitas derrubaram a dinastia de formações. Surgem importantes cidades e a fundação de um califado com
Hamurabi. Os cassitas mantiveram a cultura e as tradições babilônicas, a capital em Bagdá marcou o início de um período de grande progresso. O
mas transformaram o reino com uma ampla reestruturação administrativa poder político passou a partir de então a ser exercido por dinastias locais,
e a adoção do sistema feudal. A dinastia cassita governou até cerca de embora em nome do califa.
1430 a.C., e seu domínio foi marcado por uma significativa produção A região entrou em declínio na segunda metade do século IX, quando
literária. Algumas das obras do período configuraram um padrão para os escravos africanos deram início à guerra de Zanj, que durou de 869 a
épocas posteriores, até mesmo para a redação da epopeia de Gilgamesh. 883. Contribuíram para o enfraquecimento do poder político a organização
Após o período da dinastia cassita, a Babilônia perdeu sua influência dos imigrantes turcos -- que haviam sido trazidos como escravos e poste-
política, ao mesmo tempo em que o poderio dos assírios cresceu conside- riormente empregados como soldados mercenários --, as pretensões do
ravelmente. Nesse período, invasores indo-europeus criaram diversos Egito quanto à soberania da região de Jazirah e uma restauração da
estados na região, entre os quais o reino de Mitani. No século XII a.C., o influência bizantina na dinastia macedônica. Ao agravamento da crise, em
poderio assírio chegou ao apogeu sob o reinado de Tukulti-Ninurta I. A consequência das incursões dos turcos e dos cruzados, seguiu-se a vitória
Assíria dominava então toda a região localizada a leste do Eufrates. Os de Saladino sobre os cristãos, com o estabelecimento da supremacia
sucessores do soberano não conseguiram manter o território, cuja desin- egípcia no norte da Mesopotâmia.
tegração política foi motivada também pela chegada à região de diversas Mongóis, turcos e persas. A prosperidade do sul da Mesopotâmia se
tribos de arameus, que aí fundaram vários reinos independentes. manteve até o reinado do califa Nisir, que governou entre 1180 e 1242.
Nos séculos seguintes, os reinos arameus começaram a ser incorpo- Com grandes ambições políticas, o soberano contratou mercenários
rados ao império da Assíria, a que a Mesopotâmia voltou a ficar subordi- mongóis, mas a decisão se mostraria fatal para a sua dinastia: em 1258,
nada. Nesse período, a ascensão de uma das tribos dos arameus, os as hordas mongóis de Hulagu assassinaram o último califa, saquearam
caldeus, contribuiu de maneira significativa para a queda do poderio da Bagdá e destruíram todo o Iraque, inclusive o extraordinário sistema de
Assíria e para o estabelecimento, no sul da região, do reino neobabilônico irrigação da baixa Mesopotâmia. No ano seguinte, o norte também foi
de Nabopolassar. Esse soberano firmou com Ciaxares, da Média, uma atacado e a Mesopotâmia teve assim arrasada toda a sua estrutura eco-
aliança que dividiu a Mesopotâmia entre medos e babilônicos, situação nômica e social. A região foi dessa forma reduzida a uma das mais pobres
que se manteve até 539 a.C., quando a região foi transformada numa províncias do império de Hulagu, abalado por conflitos internos e pela
satrapia do império persa durante o reinado de Ciro. No período, registrou- inépcia dos governantes enviados pelos mongóis, incapazes de reconstru-
se um florescimento cultural, em que a literatura, a religião e as tradições ir suas cidades e de manter o controle sobre a região.
sumérias e babilônicas eram preservadas nas escolas dos templos. A Mesopotâmia foi dominada por dinastias de origem turca, entre
1410 e 1508, e depois caiu em poder do imperador persa Ismail, fundador
Em 331 a.C., a vitória de Alexandre o Grande sobre Dario III marcou o da nova dinastia dos safávidas, que tomou Bagdá naquele último ano e,
início da colonização macedônica. A Babilônia tornou-se então importante depois, Mossul. O domínio de 1Ismail não durou mais do que 26 anos: sob
centro cultural, verdadeiro ponto de encontro entre as culturas grega e a liderança do sultão Suleiman I, os otomanos acabaram por dominar
oriental. Com a morte de Alexandre, instalou-se uma dinastia selêucida Bagdá, em 1534. O sultão soube conquistar a lealdade das populações
que governou por pouco mais de um século. Por volta de 140 a.C., a fronteiriças e não encontrou resistência em seu ataque decisivo à capital.
Mesopotâmia foi incorporada ao império parta. O Iraque moderno. As hostilidades entre turcos e persas prossegui-
Domínio romano. No ano 115 da era cristã, o imperador romano Tra- ram até o século XIX. Na época, os conflitos entre as diversas tribos
jano submeteu a região até Singara. Sob o domínio de Roma, foi gradativa árabes nômades da região constituíram outro obstáculo a uma eventual
a difusão do cristianismo, por intermédio dos cristãos da Síria, que funda- unificação política. No início do século XX, com a política adotada por
ram o bispado de Edessa. Esse bispado converteu-se depois à heresia Midhat Paxá, esses problemas começaram a ser solucionados. Entre
nestorianista, cujos integrantes se congregaram em Nísibis, em meio a outras medidas, Paxá promoveu uma reestruturação administrativa e
uma complicada situação religiosa, na qual as decisões do Concílio de estimulou a sedentarização das tribos nômades, com a venda de terras
Calcedônia contra o monofisismo acabaram por provocar a divisão dos aos xeques, o que reduziu a influência dos grupos que continuaram erran-
cristãos em três grupos: nestorianos, jacobitas e melquitas. tes.
A partir do século III, a luta de Roma dirigiu-se contra as pretensões É crescente a partir desse período a influência na região da política
sassânidas na Mesopotâmia. Em meio à desordem política generalizada, colonialista do Reino Unido, que desde 1807 instalara seus cônsules com
a Mesopotâmia converteu-se, por dez anos, em porção do reino de Palmi- amplos poderes em Bagdá. Teve início então um significativo processo de
ra, até a expedição do imperador Aureliano. A luta contra os persas, modernização com o desenvolvimento das comunicações, após a implan-
porém, prosseguiu até o ano 298, quando Diocleciano submeteu a Meso- tação da navegação a vapor e do telégrafo e da construção de linhas
potâmia, até o Tigre, ao poder de Roma. Todavia, a luta continuou e, em ferroviárias. A reconstrução dos canais de irrigação foi outro importante
363, os romanos conseguiram uma trégua, mas tiveram que ceder Singara fator de progresso na área. A hostilidade aos turcos continuou a dar
e Nísibis. margem à expansão do nacionalismo árabe, contida em parte pelos
Depois de recuperar suas antigas fronteiras, perdidas durante o avan- conflitos entre facções e pela situação socioeconômica do país.
ço de Khosro I, por volta de 530, a Mesopotâmia bizantina foi obrigada a Egito
enfrentar o agravamento do conflito com os persas, com a perda de diver- Como assinalou o historiador grego Heródoto, no século V a.C., "O
sas cidades e o exílio de grande número de cristãos. Egito é uma dádiva do Nilo." Desde os primeiros momentos de sua histó-

História 52
APOSTILAS OPÇÃO
ria, os egípcios criaram uma sociedade baseada no aproveitamento das descoberta do túmulo de Tutankhamen levantou inúmeras controvérsias,
águas do Nilo para a agricultura, mediante a construção de obras hidráuli- que levaram o governo do Egito a adotar medidas restritivas à saída de
cas capazes de regular sua vazão anual. No plano institucional, configura- achados arqueológicos do país. Tal medida, ao desencorajar os museus
ram um rígido e hierárquico sistema político que se manteve, com peque- estrangeiros, que não se dispunham a financiar projetos de que não se
nas mudanças, durante cerca de três mil anos. beneficiassem diretamente, fez com que os estudos se transferissem do
Arqueologia. Ao compararem as tradições do Egito com sua própria plano da escavação para o do registro. Cabe salientar nessa área, as
civilização, os gregos observaram que o passado tinha um grande papel reproduções publicadas pelo Museu Metropolitano de Arte, de Nova York,
no presente daquela cultura, enquanto a cultura grega era ainda nova e e os volumes editados pelo Instituto Oriental da Universidade de Chicago.
inexperiente. Ao conhecerem a terra dos faraós, os viajantes gregos Desenvolveram-se então preciosos estudos de gabinete, como o dicioná-
ficaram maravilhados com as grandes cidades e seus templos. O Periege- rio de língua egípcia antiga, de Adolf Erman e H. Rank, e o trabalho de
sis (Viagem ao redor do mundo), escrito por Hecateu de Mileto, perdeu-se. Kurt Sethe, todos alemães. Merecem citações ainda os trabalhos dos
Heródoto, que também escreveu sobre o país após uma viagem de alguns ingleses Sir Wallis Budge, F. L. Griffith e Alan Henderson Gardiner, e dos
meses, fundamentou grande parte de sua narrativa em informações franceses H. Gauthier e G. Lefebvre.
errôneas de pessoas incultas. Melhores fontes foram utilizadas pelo
sacerdote Mâneto, quando por volta de 240 a.C., escreveu as Aigyptiaka
(Egípcias), obra em que relaciona as trinta dinastias do Egito faraônico.
Foram os romanos que começaram a colecionar antiguidades egíp-
cias. Estátuas de faraós e esfinges enfeitavam palácios dos imperadores
romanos e diversos obeliscos foram transportados de Karnak (Tebas) e
Heliópolis e posteriormente reerguidos em Roma e Constantinopla. Entre
as obras dos últimos escritores clássicos destaca-se a descrição do Egito
feita por Estrabão no Livro 17 de sua Geografia, que contém detalhes da
topografia do delta. Plínio o Velho, em sua História natural, e Ptolomeu,
em seu tratado geográfico, descreveram o Egito. Plutarco estudou a
mitologia e Horapolon tentou decifrar os hieróglifos. Templo de Isis (Egito)
A religião egípcia desapareceu com a difusão do cristianismo e o cop- Origens. Os muitos estudos de egiptologia revelaram que o povo
ta substituiu a escrita antiga. Mas a tradição da "sabedoria do Egito" egípcio antigo resultou da fusão de vários grupos de origem africana e
atravessou a Idade Média e despertou interesse durante o Renascimento. asiática, e permitiram distinguir três tipos principais: um semítico dolicocé-
Inícios da moderna egiptologia. A visita de Napoleão ao Egito, em falo, de estatura mediana; outro semítico-líbio, braquicéfalo, de nariz
1798, a descoberta da pedra de Rosetta e a decifração dos hieróglifos, recurvado; e um terceiro, mediterrâneo, braquicéfalo, de nariz reto e curto.
pelo inglês Thomas Young e pelo francês Jean-François Champollion, Da mistura desses grupos resultou um povo de lavradores, no vale do
proporcionaram material para estudos mais profundos sobre o passado do Nilo, que absorveu progressivamente os estrangeiros invasores.
país, como os de John Gardner Wilkinson e Samuel Birch. Karl Richard Até o século XIX, as únicas fontes utilizáveis sobre as dinastias do
Lepsius deu a conhecer ao mundo uma grande coleção de desenhos e Egito eram os relatos dos autores clássicos, de épocas posteriores aos
cópias de inscrições. No mundo todo, diversos museus receberam nume- acontecimentos por eles descritos. Somente em 1821, com a decifração
rosas doações de antiguidades feitas por viajantes. Entre os estudiosos da escrita hieroglífica, por Champollion, é que se pôde proceder à leitura
que mais se destacaram em meados do século XIX estão C. W. Goodwin, de inscrições, que iluminaram mais de três mil anos da história da huma-
Heinrich Karl Brugsch, Emmanuel de Rougé e Joseph Chabas. nidade.
Em 1858, o governo egípcio implantou uma nova política de conser- O período histórico da civilização egípcia começou por volta de 4000
vação de suas antiguidades, e nomeou Auguste-Edouard Mariette para a.C. Os primitivos clãs haviam sido transformados em províncias ou
esse trabalho. O governo fundou um museu em Bulaq, no Cairo, que mais nomos, e seus chefes elevados à dignidade real. Mais tarde foram agru-
tarde se tornaria o Museu Egípcio. As escavações empreendidas por pados em dois grandes reinos: um ao norte, cujo primeiro rei-deus foi
Mariette, nas décadas de 1860 e 1870, principalmente em Gizé e Saqqa- Horus, e outro ao sul, que teve Set como primeiro rei-deus. Por volta do
ra, forneceram material suficiente para suprir o museu com esculturas e ano 3300 a.C., segundo a tradição, o reino do sul venceu o do norte.
antiguidades. Após a morte de Mariette, em 1881, o governo concedeu Quando as dinastias humanas sucederam às dinastias divinas, Menés,
aos museus e instituições culturais o direito de escavações no país, com a personagem lendário e apontado como unificador do Egito, se tornou o
condição de que a metade dos achados passasse a integrar o acervo do primeiro faraó. A capital era, segundo alguns autores, Mênfis, e segundo
museu de Bulaq. outros, Tinis, nas proximidades de Abidos. Menés é identificado como
Escavações no século XX. Métodos revolucionários desenvolvidos por Narmeza (Narmer), representado, num relevo de Hieracômpolis, com as
William Matthew Flinders Petrie permitiram uma mudança de atitude em duas coroas dos reinos unificados.
relação às novas descobertas: o antigo sistema de somente descobrir Dinastias. As escavações realizadas em Abidos, Saqqara e localida-
monumentos e preservá-los foi substituído por escavações sistemáticas, des próximas trouxeram informações sobre as primeiras dinastias, deno-
com o objetivo de examinar e registrar cada objeto, ainda que insignifican- minadas tinitas por terem a capital em Tinis. Neste período houve um
te ou fragmentado, e analisar as camadas de terra em que se encontra- aumento da prosperidade econômica do país, incrementado pelas expedi-
vam. Esse método possibilitou levantar dados sobre a história dos lugares ções à costa do mar Vermelho e às minas de cobre e turquesa do Sinai.
e de seus habitantes e também sobre a arte que desenvolviam, seus Com a III dinastia, iniciada em 2650 a.C., a capital foi trasladada para
conhecimentos e sua vida cotidiana. Mênfis e os faraós iniciaram a construção das pirâmides, grandes túmulos
A descoberta do túmulo de Tutankhamen, em 1922, aumentou o inte- reais. Inicia-se então o chamado Antigo Império, que vai até a VIII dinastia.
resse pela egiptologia. O esvaziamento desse túmulo exigiu um trabalho Erguem-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV
de dez anos. Seus descobridores, Lord Carvarnon e Howard Carter, dinastia, e a esfinge de Gizé. A arte egípcia já se apresentava com todas
solicitaram a ajuda de diversos especialistas para a extração e preserva- as suas características, nessa época de maior esplendor da civilização
ção dos diversos tesouros que continha. O resultado foi que uma grande egípcia. O território se estendeu até a segunda catarata do Nilo, e realiza-
quantidade de joias, armas, móveis e relicários transformaram o acervo do ram-se expedições à Núbia e à Líbia. Aumentou o comércio marítimo no
Museu Egípcio do Cairo em um dos mais valiosos do mundo. Mediterrâneo oriental e se iniciou a exploração das minas de cobre do
As primeiras décadas do século XX registraram diversas expedições Sinai, das pedreiras de Assuã e do deserto núbio.
financiadas pelos governos da França, Alemanha, Estados Unidos, Itália e A VI dinastia realizou expedições à península do Sinai e sob Pepi II
Polônia, e por museus e instituições científicas. Petrie, Henry Edouard multiplicaram-se as imunidades concedidas aos nobres. Os chefes dos
Naville, Francis Llewellyn Griffith, A. M. Blackman, Percy Edward Newber- nomos se tornaram mais independentes e desapareceu o poder centrali-
ry e T. E. Peet são alguns estudiosos britânicos que trabalharam no Egito; zador do faraó. Após longa fase de lutas internas, que marcaram o fim do
também merecem destaque as escavações dos cientistas americanos Antigo Império, o Egito entrou em decadência. No século XXII a.C., os
George Reisner, em Gizé e na Núbia, e de H. E. Winlock, em Tebas. A príncipes de Tebas afirmaram sua independência e fundaram a XI dinas-

História 53
APOSTILAS OPÇÃO
tia, dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império, que durou de 1938 a Marco Antônio, mas diante da derrota frente às esquadras romanas, e do
c. 1600 a.C., com capital em Tebas. assassinato, ordenado por Otávio, do jovem Ptolomeu César, filho que
Restaurou-se e consolidou-se o poder real. Sobressaíram na XII di- tivera com César, suicidou-se em 30 a.C. O Egito foi então transformado
nastia, também tebana, Amenemés I, Sesóstris I e Amenemés III, que em província romana. Soberanos de direito divino e culto imperial, os
colonizaram a Núbia e o Sudão, intensificaram o comércio e as relações lágidas restauraram os templos, honraram a classe sacerdotal e entrega-
diplomáticas e fizeram respeitar as fronteiras egípcias. O segundo período ram a administração aos gregos. Alexandria, cidade grega por suas ori-
intermediário, que abrange da XIII à XVII dinastia, entre c. 1630 e 1540 gens, comércio e cultura, foi o centro intelectual e comercial do mundo
a.C., é de história obscura. Por falta de fontes é impossível analisar o helenístico.
conjunto de causas determinantes da decadência do estado tebano. Sob a Período romano-bizantino. Em 30 a.C., iniciou-se o período romano-
XIV dinastia ocorreu a invasão dos hicsos. Os monarcas da XVII dinastia bizantino. A minoria romana conservou a organização da época helenísti-
abriram luta contra eles e ferimentos encontrados na múmia de Seqenenre ca, com base nos nomos (províncias). O camponês era esmagado por
parecem indicar sua morte em combate. altos impostos e requisições. A indústria e o comércio, que deixaram de
Ahmés ou Ahmose I assumiu o comando, expulsou definitivamente os ser monopólio estatal, ganharam impulso e atingiram as mais distantes
hicsos e fundou a XVIII dinastia. Iniciou-se então o mais brilhante período regiões. A passagem dos romanos foi marcada ainda pela construção de
da história egípcia, o chamado Novo Império, entre 1539 e 1075 a.C., que estradas, templos, teatros, cisternas, obras de irrigação e cidades. Uma
abrange também a XIX, a XX e a XXI dinastias. Como grandes conquista- destas foi Antinópolis, construída por Adriano.
dores, sobressaíram Tutmés I e III, da XVIII dinastia, Ramsés II (XIX No final do século II da era cristã generalizaram-se os ataques nôma-
dinastia), Ramsés III (XX dinastia) e Iknaton, Akenaton ou Amenhotep IV des às fronteiras (Líbia, Etiópia, Palmira) e as perseguições ligadas à
(XVIII dinastia), por sua reforma religiosa. expansão do cristianismo. Após Constantino, começam as disputas religi-
Após cerca de trinta anos de paz interna, o Egito, rico e forte, pôde osas. Em 451 a adesão da igreja alexandrina ao monofisismo levou à
entregar-se às novas tendências imperialistas. Tornou-se um estado formação de uma igreja copta, distinta da grega, e dessa forma o que era
essencialmente militar e por 200 anos dominou o mundo então conhecido. tido como heresia, por força das perseguições imperiais, transformou-se
Alargaram-se as fronteiras do país, da Núbia até o Eufrates. Os príncipes na religião nacional egípcia.
da Síria, Palestina, Fenícia, Arábia e Etiópia pagaram-lhe tributos. O Com a divisão do Império Romano verificou-se uma progressiva subs-
tratado firmado em 1278 a.C. com Hattusilis III terminou com a secular tituição de Alexandria por Constantinopla em importância cultural e eco-
guerra com os hititas. O luxo e o poder econômico refletiram-se nas gran- nômica. No século VI o declínio econômico era generalizado em todos os
des construções desse período. Com Ramsés XI findou o Novo Império. setores. E no início do século VII os árabes foram recebidos como autênti-
Rebentaram guerras civis e o Egito entrou em decadência, perdeu territó- cos libertadores.
rios e sofreu invasões. Período medieval. Época árabe. No ano 640, com a conquista do Egi-
Por volta de 722-715 a.C., uma dinastia etiópica, com capital em Na- to pelos árabes, começou a era medieval, que durou até 1798. O período
pata, restaurou parcialmente a unidade nacional. Em 667 a.C., Assaradão árabe caracterizou-se por lutas internas e constante troca de emires. A
invadiu o Egito e ocupou Mênfis. Em 664 a.C., Assurbanipal tomou e difusão do árabe e do islamismo transformou a invasão muçulmana na
saqueou Tebas. Os egípcios, comandados pelos chefes do delta, reagiram mais importante de todas as que o Egito sofreu. De sua história restou o
e em 660 a.C., Psamético I, fundador da XXVI dinastia, expulsou os copta, designação apenas religiosa. A princípio o Egito foi transformado
assírios. O Egito voltou a conhecer nova fase de esplendor, chamada de em uma província do califado dos omíadas, de Damasco, que transferiram
renascimento saítico, devido ao nome de sua capital, Saís. Em 605 a.C., a capital para al-Fustat, construída nas imediações da fortaleza da Babilô-
Necau II tentou conquistar a Síria, mas foi derrotado por Nabucodonosor. nia, erguida pelos romanos, no lugar hoje ocupado pela cidade velha do
Em seu governo concluiu-se o canal de ligação entre o Mediterrâneo e o Cairo. Os omíadas conservaram o sistema administrativo egípcio e seus
mar Vermelho e, sob seus auspícios, marinheiros fenícios contornaram a funcionários, mas o governo era exercido por um emir, auxiliado por um
África. amil, ou diretor de finanças. O processo de islamização reacelerou com os
Em 525 a.C., o último soberano nacional egípcio, Psamético III, foi abássidas, de Bagdá, cujo poder, no entanto, enfraqueceu ao longo do
derrotado e morto por Cambises, rei dos persas, em Pelusa. O Egito foi século IX.
incorporado ao império persa como uma de suas províncias (satrapia). A Época independente. Este período corresponde a quatro dinastias,
partir de então, até Artaxerxes II, reinou a XXVII dinastia persa. A organi- entre 868 e 1517: os tulúnidas, os ikhchiditas, os fatímidas e os aiúbidas.
zação social e religiosa foi mantida e registrou-se certo desenvolvimento Compreende ainda um domínio por parte dos mamelucos.
econômico. A libertação do Egito se deu em 404 a.C. Com Armiteu, único A dinastia dos tulúnidas dominou de 868 a 905 e foi fundada pelo ofi-
faraó da XXVIII dinastia, a aristocracia militar do delta subiu ao poder. As cial turco Ahmad ibn Tulun, que proclamou a independência do país em
instituições e a cultura revigoraram-se sob as XXIX e XXX dinastias. relação a Bagdá. Os ikhchiditas governaram independentemente entre
Depois de saquear o país, Artaxerxes III restaurou a soberania persa, em 939 e 968, depois de um breve retorno a Bagdá. Entretanto, um novo
343 a.C. O segundo período da dominação persa terminou em 332 a.C., poder militar agressivo, oriundo da Tunísia, se apoderou do Egito, sob a
quando Alexandre o Grande da Macedônia, vitorioso, entrou no Egito, família dos fatímidas, que se consideravam descendentes do califa Ali e
após derrotar Dario III. de Fátima, filha de Maomé. Adeptos da doutrina xiita, governaram entre
Período macedônio ou ptolomaico. Nesse período, que vai até o ano 969 e 1171. Uma nova capital foi fundada, al-Qahira (Cairo) em 988, e o
30 a.C., Alexandre foi recebido como libertador e fez-se reconhecer como Egito, organizado como califado, passou a usufruir de notável desenvolvi-
"filho de Amon", sucessor dos faraós, prometendo respeitar as instituições mento econômico e cultural. Foi fundada a mesquita e a universidade de
e restaurar a paz, a ordem e a economia. Lançou as fundações da cidade al-Azhar, em 970, e o tesouro dos califas passou a incluir a mais valiosa
de Alexandria. Com sua morte em 323 a.C., o controle do Egito passou a biblioteca do mundo muçulmano da época.
um de seus generais, Ptolomeu, que a partir de 305 a.C. iniciou a dinastia As disputas internas possibilitaram a intervenção do sultão de Da-
dos lágidas. Dentre seus herdeiros destacaram-se, inicialmente, Ptolomeu masco, Nur-al-Din, por intermédio do general Shirgu e de seu sobrinho
Filadelfo, cujo reinado durou de 285 a 246 a.C. e se notabilizou pela Saladino (Sala al-Din Yusuf ibn Ayyub). Este, feito vizir em 1169, procla-
expansão comercial, a construção de cidades, e a criação de um museu e mou-se sultão do Egito logo após a morte do califa, dando início à dinastia
da biblioteca de Alexandria; sucedeu-lhe Ptolomeu Evérgetes, que reinou dos aiúbidas, que reinaram de 1171 a 1250, e destacaram-se como gran-
de 246 a 222 a.C. e impulsionou as letras e a arquitetura; e finalmente des administradores. Reconstituíram um grande estado, da Tripolitânia à
Ptolomeu Epífano, coroado em 196 a.C., que foi homenageado com a Mesopotâmia, dedicaram-se à agricultura de irrigação, ao comércio, às
redação do decreto da pedra de Rosetta, em 204 a.C. obras militares, à construção de escolas, hospitais e mesquitas. Lutaram
Atacado por reinos helenísticos, o Egito colocou-se sob proteção ro- contra os cruzados na Palestina, porém lutas internas minaram o poder. A
mana, com submissão cada vez maior. Seguiram-se vários e cruéis reina- crescente influência de oficiais mamelucos (conjunto de diferentes etnias,
dos dos lágidas, até Ptolomeu Auletes que, com apoio romano, permane- tais como turcos, mongóis, curdos etc.), tornou-se preponderante.
ceu no poder até 51 a.C., quando foi expulso pelos egípcios. Sua filha Uma milícia de mamelucos bahri, isto é, "do rio", tomou o poder em
Cleópatra VII desfez-se, sucessivamente, de dois irmãos e apoiou-se no 1250 sob o comando de Izz al-Din Ayback. Os sultões mamelucos impera-
imperador romano Júlio César. Com a morte deste, em 44 a.C., ligou-se a ram no Egito até 1517. Embora o período fosse de paz e prosperidade

História 54
APOSTILAS OPÇÃO
econômica, ocorreram tremendas perseguições a judeus e cristãos. Com e, depois de longo assédio, submeteu Tiro em 573 a.C. A Pérsia substituiu
os mamelucos, cessou qualquer sucessão hereditária e o sultão passou a a Babilônia em 539 a.C. como poder hegemônico. A partir de então, Sídon
ser eleito pelos emires, o que caracterizou uma verdadeira oligarquia passou a ter supremacia sobre as outras cidades fenícias e colaborou com
feudal-militar. o império persa contra os gregos, seus principais inimigos na disputa do
Fenícia controle comercial do Mediterrâneo. Os persas incluíram a Fenícia em sua
Os fenícios assimilaram as culturas do Egito e da Mesopotâmia e as quinta satrapia (província), junto com a Palestina e Chipre. Sídon procurou
estenderam por todo o Mediterrâneo, do Oriente Médio até as costas então uma aproximação com os gregos, cuja influência cultural se acentu-
orientais da península ibérica. O maior legado que deixaram foi um alfabe- ou na Fenícia.
to do qual derivam os caracteres gregos e latinos.
Chamou-se Fenícia à antiga região que se estendia pelo território do
que mais tarde seria o Líbano e por parte da Síria e da Palestina, habitada
por um povo de artesãos, navegadores e comerciantes. Biblo (futura
Jubayl), Sídon (Saída), Tiro (Sur), Bérito (Beirute) e Árado foram as suas
cidades principais. O nome Fenícia deriva do grego Phoiníke ("país da
púrpura" ou, segundo alguns, "terra das palmeiras"). Na Bíblia, parte da
região recebe o nome de Canaã, derivado da palavra semita kena'ani,
"mercador".
História. Os fenícios chegaram às costas libanesas por volta de 3000
a.C. Sua origem é obscura, mas sabe-se que eram semitas, procedentes
provavelmente do golfo Pérsico. No começo, estiveram divididos em
pequenos estados locais, dominados às vezes pelos impérios da Mesopo-
tâmia e do Egito. Apesar de submetidos, os fenícios conseguiram desen- 1) Ruínas da cidade de Tiro
volver uma florescente atividade econômica que lhes permitiu, com o No século IV, o macedônio Alexandre o Grande irrompeu na Fenícia;
passar do tempo, transformar-se numa das potências comerciais hegemô- mais uma vez, Tiro foi a cidade que apresentou a resistência mais forte,
nicas do mundo banhado pelo Mediterrâneo. mas, esgotada por anos de lutas contínuas, caiu em poder de Alexandre
A dependência dos primeiros fenícios em relação ao poderio egípcio em 322 a.C. Depois da derrota, toda a Fenícia foi tomada pelos gregos.
iniciou-se com a IV dinastia (2613-2494, aproximadamente), e é notada Finalmente, Roma incorporou a região a seus domínios, como parte da
pela grande quantidade de objetos de influência egípcia encontrados nas província da Síria, em 64 a.C.
escavações arqueológicas. No século XIV a.C., a civilização grega de Economia. A Fenícia foi um dos países mais prósperos da antiguida-
Micenas fez seu aparecimento na Fenícia, com o estabelecimento de de. Suas cidades desenvolveram uma florescente indústria, que abastecia
comerciantes em Tiro, Sídon, Biblo e Árado. As invasões dos chamados os mais distantes mercados. Objetos de madeira talhada (cedro e pinho) e
povos do mar significaram uma grande mudança para o mundo mediterrâ- tecidos de lã, algodão e linho tingidos com a famosa púrpura de Tiro,
neo: os filisteus se instalaram na Fenícia, enquanto Egito e Creta começa- extraída de um molusco, foram as manufaturas fenícias de maior prestígio
vam a decair como potências. Dessa forma, a Fenícia estava preparada e difusão. Também eram muito procurados os objetos de metal; o cobre,
no século XIII a.C. para iniciar a sua expansão marítima. obtido em Chipre, o ouro, a prata e o bronze foram os mais utilizados, em
A cidade de Tiro assumiu o papel hegemônico na região. Em pouco objetos suntuários e em joias de alto valor. Os trabalhos em marfim alcan-
tempo, seus habitantes controlaram todas as rotas comerciais do interior, çaram grande perfeição técnica na forma de pentes, estojos e estatuetas.
comercializando principalmente madeira de cedro, azeite e perfumes. Os fenícios descobriram ainda a técnica de fabricação do vidro e aperfei-
Quando dominaram o comércio na área, iniciaram a expansão pelo Medi- çoaram-na para confeccionar belos objetos.
terrâneo, onde fundaram muitas colônias e feitorias. O comércio se fez principalmente pelo mar, já que o transporte terres-
Os fenícios escalaram primeiro em Chipre, ilha com a qual há muito tre de grandes carregamentos era dificílimo. Essa exigência contribuiu
mantinham contato, e no século X a.C. se estabeleceram em Cício ou para desenvolver a habilidade dos fenícios como construtores navais e os
Kítion (Larnaca). A faixa costeira da Anatólia também conheceu a presen- transformou em hábeis navegadores.
ça fenícia, embora lá não se tenham estabelecido colônias permanentes. Sociedade e política. Para a construção de suas cidades e feitorias,
No sul da Palestina, sob domínio judeu desde o fim do século XI a.C., os fenícios escolhiam zonas estratégicas do ponto de vista comercial e da
assentaram-se colônias comerciais estáveis, assim como no Egito, sobre- navegação. Erguiam-nas sempre em portos protegidos, amplas baías que
tudo no delta do Nilo. permitiam aos barcos atracar com facilidade e penínsulas abrigadas. As
O Mediterrâneo ocidental foi, no entanto, a região de maior atração cidades eram geralmente protegidas com muralhas, e os edifícios chega-
para os fenícios, que mantiveram relações econômicas com Creta, mas a vam a uma altura considerável.
presença dos gregos os induziu a dirigirem-se mais a oeste, chegando à A classe dos comerciantes ricos exercia o domínio político em cada
Sicília, onde fundaram Mócia (Mótya), Panormo (Panormum) e Solos cidade, governada por um rei. A diversidade arquitetônica das casas
(Sóloi). No norte da África, os fenícios tinham-se estabelecido em Útica no fenícias que foi possível conhecer revela a existência de uma marcada
século XII a.C. e fundaram outros núcleos no século IX a.C., entre os diferenciação social entre a oligarquia de mercadores e o conjunto dos
quais Cartago. Na península ibérica, Gades (Cádiz), fundada no século XII trabalhadores artesanais e agrícolas.
a.C., foi o porto principal dos fenícios, que ali adquiriam minerais e outros Religião. A religião dos fenícios era semelhante à de outros povos do
produtos do interior. Na ilha de Malta, a Fenícia impôs seu controle no Oriente Médio, embora também apresentasse características e influências
século VIII a.C., e a partir de Cartago fez o mesmo em relação a Ibiza no de religiões e crenças de outras áreas como o mar Egeu, o Egito e mais
século VI a.C. tarde a Grécia, em consequência dos contatos comerciais.
O esplendor econômico e cultural da Fenícia viu-se ameaçado a partir A religiosidade se baseava no culto às forças naturais divinizadas. A
do século IX a.C., quando a Assíria, que precisava de uma saída para o divindade principal era El, adorado junto com sua companheira e mãe,
mar a fim de fortalecer sua posição política no Oriente Médio, começou a Asherat ou Elat, deusa do mar. Desses dois descendiam outros, como
introduzir-se na região. O rei assírio Assurbanipal estendeu sua influência Baal, deus das montanhas e da chuva, e Astarte ou Astar, deusa da
a Tiro, Sídon e Biblo, cidades às quais impôs pesados tributos. A domina- fertilidade, chamada Tanit nas colônias do Mediterrâneo ocidental, como
ção assíria obrigou as cidades fenícias a firmarem uma aliança: em mea- Cartago. As cidades fenícias tinham ainda divindades particulares; Melqart
dos do século VIII a.C., Tiro e Sídon se uniram para enfrentar os assírios, foi o deus de Tiro, de onde seu culto, com a expansão marítima, passou
aos quais opuseram tenaz resistência; mas, apesar desses esforços de ao Ocidente, concretamente a Cartago e Gades.
independência, a Assíria manteve sua hegemonia. Os egípcios, também Entre os rituais fenícios mais praticados tiveram papel essencial os
submetidos à influência assíria, estabeleceram um pacto defensivo com sacrifícios de animais, mas também os humanos, principalmente crianças.
Tiro no início do século VII a.C., mas foram vencidos. Em geral os templos, normalmente divididos em três espaços, eram
No fim desse século, Nabucodonosor II impôs a hegemonia da Babi- edificados em áreas abertas dentro das cidades. Havia ainda pequenas
lônia no Oriente Médio. O rei babilônico conquistou a região da Palestina capelas, altares ao ar livre e santuários com estelas decoradas em relevo.

História 55
APOSTILAS OPÇÃO
Os sacerdotes e sacerdotisas frequentemente herdavam da família o
ofício sagrado. Os próprios monarcas fenícios, homens ou mulheres,
exerciam o sacerdócio, para o que se requeria um estudo profundo da
tradição.
Cultura e arte. A civilização ocidental deve aos fenícios a difusão do
alfabeto, cuja origem é incerta. Povo pragmático por natureza, os fenícios
parecem haver adotado e simplificado formas de escrita mais complexas,
talvez de procedência egípcia, para criar um alfabeto consonântico de 22
letras, que se escreviam da direita para a esquerda. Os gregos foram os
primeiros a receber essa importante herança fenícia, que remonta ao
século XIV a.C.; a exemplo dos latinos e outros povos da antiguidade,
transformaram esse alfabeto e lhe incorporaram as vogais.
A arte fenícia constituiu um sincretismo de elementos egípcios, egeus,
micênicos, mesopotâmicos, gregos e de outros povos, e tinha um caráter
essencialmente utilitário e comercial. A difusão dos objetos fenícios pelo
Mediterrâneo contribuiu para estender as influências orientalizantes à arte
dos gregos, dos etruscos, dos iberos e outros. A peça mais destacada da Por volta do ano 1600 a.C., a fusão entre grupos do continente e a ci-
escultura fenícia é o sarcófago de Ahiram, encontrado em Biblo, cuja vilização minóica de Creta levou ao surgimento da cultura micênica, nome
decoração apresenta motivos talhados em relevo. derivado da cidade de Micenas, no continente. A civilização minóica, a
mais característica de toda a região do Egeu, notabilizara-se por suas
ANTIGUIDADE OCIDENTAL cidades populosas, com grandes edifícios e residências luxuosas; pelo
Grécia antiga agudo senso comercial; pelas conquistas artísticas, que incluíam a escrita;
Os povos que na antiguidade habitaram o território da Grécia construí- e pela forma de governo, que concentrava o poder político nas mãos de
ram a primeira civilização duradoura da Europa, berço de toda a cultura um rei, encarregado de administrar as riquezas do país.
ocidental moderna. Civilização micênica. A monarquia minóica acabou por submeter-se
Os gregos criaram obras artísticas, literárias, filosóficas e científicas ao poder militar micênico, mas a cidade de Micenas valorizou a arte
de importância jamais superada, embora nunca tenham sido capazes de minóica de tal forma que acabou por importar seus artistas, cujas influên-
alcançar a unificação política. cias se manifestam nos temas ornamentais que adornam sua cerâmica,
A Grécia antiga abrange o conjunto das civilizações que se desenvol- nas representações pictóricas e na ourivesaria. A sociedade micênica era
veram nas regiões situadas na bacia do mar Egeu, sobretudo nas partes guerreira, como demonstram seu conhecimento dos carros puxados por
central e sul da Grécia continental e no litoral oeste da Anatólia. Compre- cavalos, suas extraordinárias fortificações, os palácios construídos em
ende desde a civilização minóica (ou minoana), que floresceu em Creta na torno de um mégaro (salão central) e as armas e armaduras encontradas
idade do bronze e foi depois absorvida pela cultura micênica do continen- nas tumbas escavadas.
te, até a da Grécia transformada em província romana, no ano 146 a.C. Diante da pressão dos dórios, povo procedente do norte que migrou
para a Grécia no início do século XII a.C., a civilização micênica sucumbiu.
O nome Grécia e o etnônimo grego, aplicados ao país e ao povo, fo-
Os dórios eram um povo guerreiro, que usava armas de ferro e cultuava
ram empregados inicialmente apenas pelos romanos, que estenderam a
deuses masculinos, mais frequentemente do que femininos. Destruíram os
toda a região o nome da primeira tribo que encontraram no continente. Os
palácios micênicos e escravizaram todos que não conseguiram fugir a
gregos do período clássico chamavam a si mesmos helenos e, a seu país,
tempo para Atenas, para as ilhas ou para a Anatólia. Sua forma de vida
Hélade. Referiam-se assim aos habitantes da península grega, para
era tão rude que os 300 anos de seu domínio ficaram conhecidos como
distingui-los dos bárbaros, nome que davam aos povos que não tinham o
idade das trevas -- ou como período geométrico, em alusão à simplicidade
grego como língua materna. Originalmente, Hélade era um topônimo de
de sua cerâmica.
significado restrito, aplicado a um pequeno território ao sul da Tessália.
À medida que a Grécia se recuperava dos efeitos da invasão, o povo
A extensão do termo a toda a Grécia continental, e o emprego do no- grego foi desenvolvendo uma língua e uma religião em comum com os
me heleno para designar o cidadão de qualquer pólis (cidade-estado dórios, e as populações tornaram-se semelhantes. Todos cultuavam uma
grega), mesmo das mais distantes, data do final do século VII a.C., quan- família de deuses chamados olímpicos, que habitariam palácios no monte
do os santuários de Deméter, em Antela, e de Apolo, em Delfos, se trans- Olimpo. O culto compreendia a realização de festivais, disputas atléticas
formaram em centros religiosos procurados por todos os gregos. Formou- entre as cidades e cerimônias dedicadas ao deus protetor de cada cidade.
se a partir daí uma liga de cidades gregas para administrar os templos e A mais conhecida dessas celebrações eram os Jogos Olímpicos, realiza-
organizar os festivais, que reuniam cidadãos de todas as partes da Hélade dos a cada quatro anos em Olímpia, em honra a Zeus e Hera. Os jogos
e muito contribuíram para a unidade política e cultural desses territórios. começaram a ser disputados em 776 a.C., primeira data registrada da
Idade do bronze. Os séculos decorridos entre o início da idade do história da Grécia antiga. A partir de então, os gregos passaram a datar os
bronze, por volta do terceiro milênio a.C., até o fim do período micênico, acontecimentos fazendo referência ao ano olímpico.
por volta do ano 1100 a.C., são denominados período heládico. Durante Período arcaico. O terror das invasões dórias resultou na formação de
essa fase, a população local, constituída inicialmente de pacíficos criado- cidades-estados, as pequenas nações gregas, surgidas à medida que os
res e agricultores, transformou-se em povo guerreiro. A economia basea- habitantes dos vilarejos dispersos buscavam proteção nas proximidades
va-se no comércio marítimo com as ilhas e com os povos da costa leste das fortificações micenianas. Em 800 a.C. aproximadamente, as cidades
do Mediterrâneo. Os chefes guerreiros dedicavam-se à guerra e à busca passaram a seguir um mesmo padrão urbanístico: uma fortaleza (acrópo-
da fama e beneficiavam-se tanto do comércio quanto das terras de agricul- le) cercada de muros altos abrigava os templos e podia acomodar a
tura e pecuária, trabalhadas pelos servos. população e os moradores dos povoados próximos quando a cidade fosse
Essa transformação transcorreu lentamente. No ano 2600 a.C. houve sitiada. Abaixo dela ficavam o mercado (ágora) e os quarteirões residenci-
uma invasão de povos oriundos da Anatólia que sabiam trabalhar o ferro e ais. As cidades-estados tinham governo próprio, limites definidos e manti-
aperfeiçoaram as técnicas de agricultura e navegação. Cerca de seis nham entre si relações diplomáticas. A história política da Grécia antiga é,
séculos depois, tribos indo-europeias invadiram a península pelo norte e em grande medida, a história das cinco maiores cidades-estados -- Ate-
destruíram a sociedade existente. Falavam uma língua indo-europeia, nas, Esparta, Tebas, Corinto e Argos.
pertenciam a uma outra raça e distinguiam-se pela forma dos túmulos de O período arcaico se estende de meados do século VIII até o início do
seus reis. Absorveram as práticas dos habitantes anteriores, mas passa- século V a.C. Pressionada pelo crescimento demográfico na Grécia conti-
ram a viver em complexos fortificados. Um sistema de rampas e escadas nental, a população fundou várias colônias, da Anatólia e do mar Negro à
levava da porta da cidade ao salão onde ardia o fogo sagrado. Esse França, Espanha e norte da África. Os oriundos de Atenas fundaram as
projeto tornou-se mais tarde a planta do templo grego. primeiras colônias na Anatólia, ajudados pela Lídia. As cidades jônicas
originaram-se do comércio no mar Negro. Os habitantes das novas cida-
História 56
APOSTILAS OPÇÃO
des da Ásia ou das margens do Mediterrâneo consideravam-se gregos e Durante os primeiros anos de guerra, as forças atenienses e esparta-
mantinham laços com suas cidades de origem. No final do século VII a.C., nas se mantiveram equilibradas, mas a intervenção da Pérsia acabou por
a cunhagem de moedas, que os gregos jônicos aprenderam com os lídios, favorecer Esparta. A destruição completa do exército e da frota atenienses
revolucionou o comércio. na Sicília paralisou Atenas. Com o apoio da Pérsia, o excelente estrategis-
O que hoje se entende como literatura e filosofia gregas nasceu nas ta espartano Lisandro conseguiu triunfar na batalha decisiva de Egospó-
cidades jônicas, onde também surgiu o alfabeto grego. Um importante tamos, em 405 a.C. Atenas resistiu ao assédio lacedemônio, mas foi
elemento de aglutinação cultural dessas cidades foram os poemas homé- obrigada a render-se. Após perder o império mediterrâneo, voltou a contar
ricos Ilíada e Odisseia, baseados na guerra de Troia e nas viagens do apenas com seus próprios recursos. Apesar da paz assinada em 404 a.C.,
herói Ulisses. Os gregos consideravam a poetisa Safo, da ilha de Lesbos, o mundo grego, inteiramente dividido, jamais recuperou o esplendor do
o maior nome da poesia lírica e Tales de Mileto o primeiro grande filósofo passado. A Pérsia, verdadeira vencedora do conflito, passou a participar
grego. Foi também nesse período, na Beócia, no continente, que floresceu ativamente da política grega, ora em apoio a Esparta, ora a Atenas, ora
Hesíodo. finalmente atuando como potência mediadora entre as duas cidades-
Período clássico. O século V a.C., início do período clássico, foi a um estados.
só tempo infausto e glorioso para a Grécia continental. Os persas invadi-
Depois da guerra do Peloponeso instalou-se a hegemonia lacedemô-
ram por duas vezes o território grego, de forma devastadora. Mas foi
nia e Esparta tentou impor o regime oligárquico em toda a Grécia. Descon-
também um século de triunfos, que correspondeu ao ápice da cultura
tente com o acordo de paz e com o predomínio de Esparta, Tebas fez uma
grega. As guerras greco-pérsicas, iniciadas em 499 a.C., fizeram com que
aliança com sua antiga inimiga Atenas. Em 379 a.C., dois tebanos, Peló-
Atenas e Esparta, as duas cidades hegemônicas, superassem divergên-
pidas e Epaminondas, organizaram uma conspiração contra a guarnição
cias e se aliassem contra o inimigo comum. Os persas esmagaram a
espartana da Cadmeia (cidadela de Tebas), que marcou o começo da
revolta, e Dario I o Grande resolveu punir Atenas.
decadência de Esparta. Ameaçados pelo avanço tebano, os espartanos
Em 490 a.C. Dario lançou uma força invasora, mas o exército ateni-
assinaram, em 374 a.C., um novo tratado de paz com Atenas: esta reco-
ense rechaçou o ataque, na batalha de Maratona. A vitória foi importante
nhecia a supremacia espartana no Peloponeso, e Esparta, em troca,
por duas razões: mostrou as perdas que os hoplitas (soldados de infanta-
reconhecia a segunda liga marítima ateniense. Esparta, no entanto, que-
ria com armadura pesada ou fortemente armados) gregos foram capazes
brou o acordo e interveio contra Atenas mais uma vez no oeste.
de impor aos persas e pôde ser usada para fins de propaganda.
A segunda guerra greco-pérsica, dirigida por Xerxes, filho e sucessor Começou nessa época o apogeu da Tessália e de Tebas, que reorga-
de Dario I, teve início com a expedição punitiva realizada dez anos depois, nizaram seus exércitos e restauraram a Liga Beócia, o que motivou a
quando os persas derrotaram os gregos no desfiladeiro das Termópilas e reaproximação entre Esparta e Atenas. Na batalha de Leuctras, em 371
incendiaram a Acrópole. Mesmo assim, Temístocles, comandante da frota a.C., Epaminondas, renovador da tática militar, infligiu à infantaria espar-
ateniense, destruiu com as trirremes gregas -- naus dotadas de três tana uma derrota de que ela nunca mais se recuperou. Depois da batalha
pavimentos de remos e vela redonda -- a frota persa, em Salamina. Sem de Mantineia (362 a.C.), em que os tebanos, apesar de terem vencido os
o apoio naval, o exército persa foi finalmente dizimado na batalha de atenienses e espartanos, perderam Epaminondas, assinou-se uma paz
Plateia, em 479 a.C., por uma confederação de cidades gregas. A vitória pela qual nenhum estado conseguiu impor seu domínio. O equilíbrio
deveu-se principalmente ao amor à liberdade dos gregos, que defenderam alcançado após Mantineia se apoiava unicamente na exaustão a que
desesperadamente sua independência, ameaçada por um inimigo mais tinham chegado igualmente todos os estados gregos. Com o desmorona-
poderoso. mento definitivo dos sonhos e ambições hegemônicas de Atenas, Esparta
A essa altura, Atenas e Esparta, as principais cidades-estados, exibi- e Tebas, a Grécia ficou à mercê de um país do norte: a Macedônia.
am acentuados contrastes, tanto na forma de governo quanto em cultura.
Hegemonia macedônica e decadência. A dissolução da liga ateniense
De acordo com a tradição instituída por seu legislador, Licurgo, Esparta
ocorreu ao mesmo tempo em que a Macedônia começava a ascender,
adotara um regime autoritário e militarista, em que os homens eram prepa-
liderada por Filipe II. Depois de unificar o reino, Filipe II iniciou uma política
rados para a guerra e as mulheres para gerar bravos guerreiros. Atenas
de expansão cujo primeiro objetivo foi proporcionar ao país uma saída
vivia em regime democrático, graças à constituição legada por Sólon, que
para o mar. As cidades que resistiram foram destruídas. A conquista das
permitiu uma participação cada vez maior dos cidadãos, ricos ou pobres,
minas de ouro do monte Pangeu forneceu os recursos necessários para
na elaboração das leis. Atenas prosperou principalmente durante o gover-
fazer da Macedônia uma potência.
no de Péricles, de 460 a 429 a.C., e se transformou na capital política,
econômica e cultural do mundo grego. A democracia de Péricles despojou O exército macedônico foi reorganizado por Filipe, que o dotou da fa-
a aristocracia da maioria dos poderes e privilégios; o conselho dos 500 mosa falange e de equipamentos de guerra. Atenas não se opôs ao
resolvia todos os assuntos do estado e controlava o executivo, e a vonta- avanço macedônico. Só mais tarde o orador Demóstenes concitou os
de popular se expressava na assembleia. Péricles se dedicou à consolida- cidadãos atenienses a resistirem a Filipe, mas, juntamente com os teba-
ção do poder ateniense, mas não conseguiu a unificação pan-helênica, nos, os atenienses foram derrotados na decisiva batalha de Queroneia,
que tanto almejara. em 338 a.C. Filipe uniu todas as cidades gregas, com exceção de Esparta,
Em 477 a.C. Atenas firmara com as cidades jônicas uma aliança, a li- e assumiu pessoalmente o comando da confederação, o que na prática
ga de Delos, para protegê-las dos persas. No início, as cidades que fazi- significou submeter a Grécia à Macedônia.
am parte da liga mantiveram sua autonomia, mas Atenas desde o primeiro Filipe foi assassinado em 336 a.C., quando se preparava para realizar
momento assumiu a direção militar e a administração dos recursos que os a conquista da Pérsia. Seu filho e herdeiro, Alexandre o Grande, que tinha
aliados haviam depositado no templo de Apolo, em Delos. Ao afastar-se o então vinte anos, transformou em realidade esse ambicioso projeto. Toda
perigo persa, a hegemonia ateniense começou a ser discutida por algu- a sociedade grega sofria então as consequências de suas próprias guer-
mas cidades, como Naxos e Tasos, que tentaram sem êxito abandonar a ras civis e dos confrontos com a Macedônia. O campo ficou devastado e
liga; pelas cidades independentes, como Corinto, que se sentiam amea- os pequenos proprietários rurais tenderam a desaparecer. Os mercenários
çadas; e pelas que faziam parte da liga do Peloponeso, à frente das quais se converteram num mal inevitável que assolou o campo e as cidades. As
estava Esparta. contínuas guerras provocaram a estagnação econômica, enquanto as
Guerra do Peloponeso. Os choques entre Atenas e outras cidades se classes menos favorecidas esperavam a assistência do estado. Entre os
tornaram cada vez mais frequentes. A intervenção ateniense no conflito intelectuais do período, como Platão, Isócrates e Xenofonte, começou a
entre Corinto e Corcira (atual Corfu) provocou, a pedido de Corinto, a ganhar forma a ideia da unificação grega sob a liderança de um dirigente
reunião da liga do Peloponeso, cujos membros decidiram declarar guerra carismático.
a Atenas. Os atenienses nada fizeram para evitá-la, confiantes nas vulto-
sas reservas de ouro, suficientes para financiar um longo conflito, e na Alexandre o Grande se propôs unificar sob seu poder todo o mundo
frota de navios, imensamente superior à dos peloponesos. Mas o exército civilizado. Entretanto, antes de iniciar suas campanhas contra a Pérsia
espartano era mais numeroso e estava melhor preparado que o ateniense. precisava assegurar o domínio sobre as cidades gregas. Primeiramente,
Começou assim uma guerra que se prolongaria por quase trinta anos, com conseguiu que a Liga de Corinto o nomeasse comandante supremo dos
resultados desfavoráveis para ambos os lados. gregos. Depois de submeter, em 335 a.C., os trácios e ilírios, que se

História 57
APOSTILAS OPÇÃO
haviam sublevado, voltou-se contra Tebas, que também se rebelara e
destruiu a cidade, matando ou escravizando todos os seus habitantes. A
Grécia comprovou a impossibilidade de opor-se a Alexandre, que pôde
então empreender suas conquistas na Ásia. Depois de confiar a Antípatro
a regência da Macedônia e o governo da Grécia, cruzou o Helesponto.
Em 334 a.C., Alexandre atravessou a Ásia, desafiou Dario III e che-
gou à Índia. Suas conquistas e seu projeto de construir uma ponte entre o
oriente bárbaro e a civilização grega constituíram a origem da chamada
civilização helenística, que se desenvolveu em grande parte da Ásia
(Pérsia, Síria e Índia) e no Egito. Assim, depois que a Grécia perdeu o
poder e a independência política, sua língua e sua cultura se tornaram
universais.
Alexandre concebeu o plano de um império que resultaria da união de
gregos e persas, mas morreu de febre na Babilônia, em 323 a.C. Lidera-
2) Ruínas de Cartago
dos por Atenas, os gregos se revoltaram nesse ano contra a Macedônia
Em épocas posteriores, diversos autores recolheram e deram forma
na chamada guerra lamiana, mas tiveram de capitular depois da derrota
literária a antigas lendas sobre a fundação da cidade, que teve sua data
de Amorgos e a Liga de Corinto foi dissolvida. O problema da sucessão de
fixada convencionalmente em 753 a.C. Segundo essas lendas, o funda-
Alexandre arrastou o país a novas guerras. Por fim, impuseram-se os
dor, Rômulo, descendia do herói troiano Eneias e foi amamentado, junto
antigônidas na Macedônia, a monarquia selêucida no Oriente e a ptolo-
com seu irmão Remo, por uma loba, que se converteu no símbolo da
maica no Egito. Com isso, o império dividiu-se definitivamente, embora os
cidade.
anseios de liberdade dos gregos os levassem ainda a novas guerras e
Monarquia
coligações, de êxito esporádico, até a intervenção final e a ocupação do
De acordo com as fontes tradicionais, sete reis governaram Roma ao
território pelos romanos.
longo de dois séculos e meio, período durante o qual o território dominado
Domínio romano. As primeiras relações dos romanos com as cidades pelos romanos passou por uma paulatina expansão. Os quatro primeiros
gregas haviam sido amistosas. Todavia, quando em 215 a.C. Filipe V da monarcas, Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Hostílio e Anco Márcio, parecem
Macedônia aliou-se ao cartaginês Aníbal, Roma resolveu intervir militar- ser totalmente lendários, e acredita-se que tanto seus nomes quanto seus
mente e obteve a vitória contra os macedônios em Cinoscéfalas, no ano feitos foram imaginados e narrados muitos séculos após a fundação da
197 a.C. Seguindo uma política de prudência, Roma respeitou o reino cidade. Os três últimos soberanos foram os etruscos Tarquínio o Velho,
macedônio e devolveu a autonomia às cidades gregas. A partir de 146 Sérvio Túlio e Tarquínio o Soberbo, de existência mais documentada,
a.C., porém, a Grécia ficou submetida definitivamente ao domínio da cujos governos se estenderam pela maior parte do século VI.
república romana, embora tenha continuado a manter a primazia espiritual A monarquia etrusca coincidiu com uma época de notável progresso
sobre o mundo antigo. econômico e cultural: os romanos, povo de mentalidade prática, adotaram
o alfabeto grego e o modificaram até criar o alfabeto latino, que seria
posteriormente utilizado por quase todos os idiomas do mundo. Tanto os
Roma antiga etruscos do norte quanto os gregos do sul tiveram influência significativa
na formação da cultura especificamente latina. Roma, que não passava de
Grande parte da organização do mundo moderno se deve ao império
um aglomerado de aldeias, converteu-se numa verdadeira cidade, na qual
que Roma foi capaz de construir há dois mil anos em torno do mar Medi-
os reis etruscos executaram grandes obras públicas: saneamento, cons-
terrâneo. Os idiomas falados no sul da Europa, América Latina e outras
truções de templos e de locais públicos de reunião.
partes do mundo constituem uma das heranças diretas da civilização
É provável que a expulsão dos etruscos tenha, na verdade, ocorrido
romana.
vários decênios depois de 509 a.C., a data convencionalmente fixada para
Sob o título Roma antiga estuda-se todo o dilatado período que com- sua ocorrência. O último rei, Tarquínio o Soberbo, foi deposto pelos cida-
preende as origens de Roma, no século VIII a.C., a fase monárquica, a dãos de Roma, que instauraram então o regime republicano.
república romana e o império, até o ano 476 da era cristã, quando ocorre o
fim do Império Romano do Ocidente. República
Patrícios e plebeus. Nos primeiros tempos da república, só os mem-
Origens da cidade
bros das famílias mais poderosas habilitavam-se a participar do governo
No século VIII a.C., duas grandes civilizações haviam lançado suas da cidade. Seu poder era exercido pelo Senado, uma assembleia integra-
bases na península itálica: nas terras onde posteriormente se localizaria a da pelos chefes das principais famílias, que exerciam o cargo a título
Toscana, as avançadas cidades etruscas se aproximavam do auge de seu vitalício. As tensões entre patrícios e plebeus fizeram com que estes
esplendor; no sul da península e na Sicília, a chamada Magna Grécia últimos recorressem, por duas vezes, a movimentos de secessão, median-
implantava uma cultura semelhante à da Hélade, em cidades como Taren- te a retirada para fora dos muros de Roma e a recusa de cumprir obriga-
to e Siracusa. ções militares. Obrigado a aceitar suas condições, o Senado acabou por
Os demais povos que habitavam a Itália, como os latinos e os samni- autorizar a criação de assembleias de plebeus. Essas assembleias nome-
tas, dispersos entre aqueles dois grupos, encontravam-se num estágio avam os tribunos da plebe, os quais gozavam de imunidade e eram dota-
pouco desenvolvido de civilização. As aldeias que iriam formar a Roma dos de poderes para proteger o povo das ações arbitrárias dos magistra-
dos reis e as outras aglomerações rústicas do Lácio nos séculos IX e VIII dos.
a.C. partilhavam língua e costumes religiosos e se unificaram mediante Por volta de 450 a.C., o direito consuetudinário romano foi codificado
essa identidade cultural. pelos decênviros (magistrados especialmente designados para essa
missão) e promulgada a Lei das Doze Tábuas, embrião do vasto corpo
Na parte central da península itálica, o rio Tibre, já próximo de sua jurídico que Roma legou ao mundo e que haveria de constituir a base dos
desembocadura, atravessava uma região de terras pantanosas, entre as sistemas jurídicos modernos. A pressão dos plebeus levou a novas con-
quais se destacavam algumas colinas cobertas de bosques. O local era cessões, até que, ao obterem acesso à dignidade sacerdotal, no ano 300
estratégico para os povos vizinhos: os latinos ali pastoreavam seus reba- a.C., tornou-se completa a igualdade jurídica entre todos os cidadãos da
nhos; os sabinos comerciavam o sal da costa e o transportavam rio acima; república.
e os etruscos afluíam do norte para vender seus produtos manufaturados Expansão territorial. A Roma monárquica havia integrado uma federa-
às populações ribeirinhas, menos desenvolvidas. Na colina do Palatino, às ção de cidades latinas. Quando caíram os reis etruscos, as populações
margens do Tibre, estabeleceu-se em meados do século VIII um núcleo vizinhas deram início a um movimento para exigir maior autonomia, o que
populacional composto de agricultores e criadores de gado, entre os quais obrigou Roma a intensificar suas ações militares até reconstruir a antiga
devia haver também comerciantes. Liga Latina, dessa vez sob seu predomínio. Ao longo do século V, Roma
História 58
APOSTILAS OPÇÃO
dominou diversos povos. A vizinha cidade etrusca de Veios, principal rival em 201 a.C., a cidade africana havia deixado de ser uma potência rival, e
de Roma, foi destruída em 396 a.C., ao fim de dez anos de guerra. grande parte da península ibérica caiu, com suas riquezas minerais, em
Invasão dos gauleses. No início do século IV, povos celtas proceden- poder de Roma. A terceira guerra púnica, de 149 a 146 a.C., terminou com
tes da planície da Europa central invadiram o norte da Itália e venceram os a destruição definitiva de Cartago e com a incorporação a Roma dos
etruscos. Prosseguindo seu avanço pela península, chocaram-se com as restos de seu império.
forças romanas junto ao rio Ália e as derrotaram em 390 a.C. Os celtas Ao mesmo tempo em que estabelecia seu domínio sobre o Mediterrâ-
apoderaram-se então de Roma e a incendiaram ao abandoná-la, depois neo ocidental, Roma empreendeu a expansão pela zona oriental. A inter-
de reunir um grande saque. Roma se recuperou rapidamente e em poucos venção na Macedônia e Grécia teve início na época da segunda guerra
anos se transformou na maior potência da Itália central, ao mesmo tempo púnica, mas a Macedônia só se tornou província romana em 148 a.C. Dois
que as cidades etruscas entravam em decadência, vítimas dos constantes anos mais tarde, a destruição de Corinto punha fim às aspirações de
ataques gauleses, que contribuíram para arruinar sua civilização. Data independência dos gregos. Em 133 a.C., Átalo III, rei de Pérgamo, legou
dessa época a muralha Serviana, que protegia uma Roma de dimensões seu reino a Roma, com o que os domínios da cidade chegaram pela
já bastante consideráveis. primeira vez à Ásia. Somente no início do século I a.C. Roma reiniciou sua
Conquista da Itália. A cidade de Cápua, situada na Campânia, a su- expansão pela Anatólia, Síria e Judeia.
deste de Roma, solicitou sem êxito a ajuda dos romanos para enfrentar os A partir do ano de 125 a.C., com os ataques de címbrios e teutões à
samnitas, seus inimigos. A poderosa comunidade samnita infiltrada em recém-organizada província Gália Narbonense, atual sul da França, teve
Roma -- que se transformava numa metrópole para a qual acorriam imi- início a ocupação romana com o objetivo de estabelecer uma via de
grantes das mais diversas etnias -- conseguiu que a cidade de Roma se comunicação terrestre entre a Itália e os domínios ibéricos. Esses povos,
voltasse contra Cápua. Depois que esta foi derrotada, os samnitas deram procedentes da Jutlândia, desceram pela Europa central até chocar-se
início a uma série de guerras contra seus vizinhos, o que acabou por lhe com as legiões romanas, que foram por elas derrotadas em Orange, no
valer o domínio da Itália. A segunda guerra samnita, em que as forças ano 105 a.C. Ante a lembrança da antiga invasão gaulesa, Roma reuniu
romanas foram vencidas, terminou em 321 a.C. com a chamada Paz todas as suas forças e o cônsul Caio Mário conseguiu obrigar os invasores
Caudina, uma alusão ao humilhante desfile a que foram obrigados os nórdicos a retroceder, rechaçando os címbrios e teutões da Gália no
romanos derrotados pelo desfiladeiro samnita de Caudinae Forculae. período entre 105 a 101 a.C.
Entretanto, na terceira guerra samnita, de 298 a 290 a.C., as forças roma- Evolução da sociedade romana. Depois que Roma se tornou centro
nas conseguiram a esmagadora vitória de Sentino, contra uma coligação de um grande território, os habitantes da cidade, que nos primeiros tem-
formada por seus principais inimigos. pos da república constituíam um povo sóbrio, guerreiro e trabalhador,
Todo o centro da Itália caiu então sob o poderio de Roma. O expansi- começaram a desfrutar as imensas riquezas acumuladas. Desapareceu o
onismo de Roma, já convertida em grande potência, voltou-se para as serviço militar como direito e dever do cidadão. As legiões começaram
ricas cidades gregas do sul da península. A poderosa Tarento caiu em então a ser formadas com mercenários procedentes de toda a Itália e,
suas mãos em 271 a.C. e logo toda a península itálica tornou-se romana. mais tarde, de todas as regiões dominadas, o que provocou uma grande
Roma submetia as cidades dominadas a regimes jurídicos diversos. mistura de etnias e costumes. A Grécia foi saqueada e seus tesouros
Basicamente, respeitou as instituições governamentais de cada uma delas artísticos enviados a Roma. As classes altas, a começar por algumas
e executou uma hábil política, concedendo, em alguns casos, a cidadania famílias como a dos Cipiões, assimilaram a cultura helênica, que foi prote-
romana a seus habitantes, embora sem direitos políticos na metrópole. O gida e imitada. Os prisioneiros de guerra constituíram um imenso exército
resultado foi a conquista de um vasto território em que a ordem jurídica se de escravos, cujo trabalho barato nas grandes propriedades e nas manu-
encontrava uniformizada e garantida, o que permitiu o incremento das faturas arruinou os camponeses e os artesãos livres da península itálica.
relações comerciais e a manutenção de um poderoso exército. Logo foram O sistema econômico, muito monetarizado, permitiu notável acúmulo
construídas as primeiras grandes vias de comunicação terrestre e estabe- de capital. Os grandes comerciantes e banqueiros romanos pertenciam
lecido o domínio marítimo da costa da península. Cidadãos romanos em geral à classe dos cavaleiros (equites), intermediária entre as grandes
estabeleceram colônias, primeiro no Lácio e depois no resto da península famílias que dividiam as cadeiras do Senado e as classes baixas. O
itálica, o que contribuiu para a integração do território. proletariado romano transformou-se numa classe ociosa que vivia misera-
velmente das subvenções e distribuições de alimentos, frequentava as
termas e era entretida com jogos públicos e circo. A própria Roma tornou-
se uma grande cidade parasita, que importava grande quantidade de
mercadorias de luxo e especiarias orientais, trigo da Sicília e do norte da
África, azeite da Espanha e escravos de todo o imenso território colonial.
O velho sistema político republicano, edificado por e para uma cidadania
identificada com sua cidade, era cada vez menos capaz de funcionar
numa sociedade enriquecida que perdera seus ideais. Teve início assim
um longo período de instabilidade interna que só cessou quando a velha
república romana se transformou em império.
Ditaduras e guerras civis. As últimas décadas do século II registraram
lutas sociais que tiveram como protagonistas os irmãos Tibério e Caio
Graco, eleitos tribunos da plebe. Já não se tratava, como no início da
república, da reivindicação de igualdade de direitos por parte dos plebeus,
mas do protesto do povo, reduzido à miséria, contra os ricos e, muito
3) Casa em Pompeia especialmente, contra a nobreza senatorial, proprietária da maior parte
Expansão mediterrânea. Em meados do século III, Roma -- senhora das terras da Itália.
da península itálica -- empreendeu a expansão que a tornaria dona do Mais tarde, generais vitoriosos como Mário, vencedor dos címbrios e
Mediterrâneo. Para isso, era inevitável o confronto com um poderoso teutões, e Sila, pacificador da Itália, aproveitaram o poderio de seus
inimigo: Cartago. A cidade norte-africana dominava um extenso império exércitos e sua popularidade entre o povo para tentar apoderar-se do
comercial que incluía, além das costas africanas, o sul da península estado romano. O Senado, temeroso de sua influência, interveio mais ou
ibérica, a Córsega, a Sardenha e a maior parte da Sicília. Todas as três menos abertamente contra eles. As classes altas tentavam consolidar as
ilhas caíram em poder dos romanos após a primeira guerra púnica, de 264 instituições republicanas, enquanto o povo desejava, com determinação
a 241 a.C. Mais tarde, Roma deu início à colonização do vale do Pó e se cada vez maior, um governante único. Por outro lado, as possessões
impôs aos gauleses, os quais ali se estabeleceram no século IV. orientais, cuja influência no mundo romano era considerável, careciam de
Também as costas orientais do mar Adriático caíram sob a influência tradição republicana e seus habitantes consideravam natural o fato de
romana em consequência das campanhas empreendidas contra os piratas serem governados por autocratas divinizados.
que tinham suas bases no litoral de Ilíria. Uma nova guerra com Cartago -- A guerra social eclodiu na Itália quando os habitantes da península
a segunda guerra púnica -- começou em 218 a.C. Quando chegou ao fim, exigiram a cidadania romana para terem acesso à distribuição das terras

História 59
APOSTILAS OPÇÃO
públicas. Em 91 a.C., estendeu-se pela península uma verdadeira guerra am para fortalecer seu poder. Pouco a pouco, o Senado -- até então
civil que só terminou quando, ao fim de três anos, foi concedida a cidada- domínio exclusivo das antigas grandes famílias romanas -- passou a
nia romana a todos os italianos. admitir italianos e, mais tarde, representantes de todas as províncias. A
No ano 88 a.C. rebentou na Anatólia uma rebelião contra o poder de cidadania romana ampliou-se lentamente e somente em 212 da era cristã
Roma. O Senado confiou o comando do exército, encarregado de reprimi- o imperador Marco Aurélio Antonino, dito Caracala, reconheceu todos os
la, a Lúcio Cornélio Sila, mas a plebe romana o destituiu e colocou Mário súditos do império.
em seu lugar, o vencedor dos invasores bárbaros, que simpatizava com o O longo período durante o qual Augusto foi senhor dos destinos de
partido popular. Roma, entre 27 a.C. e 14 da era cristã, caracterizou-se pela paz interna
À frente das tropas expedicionárias, Sila tomou Roma, desterrou Má- (pax romana), pela consolidação das instituições imperiais e pelo desen-
rio e restabeleceu o poder senatorial. Quando Sila retomou o caminho da volvimento econômico. As fronteiras europeias foram fixadas no Reno e
Ásia, os partidários de Mário aproveitaram-se de seu afastamento para se no Danúbio, completou-se a dominação das regiões montanhosas dos
apoderar mais uma vez da capital. Após restabelecer a autoridade de Alpes e da península ibérica e empreendeu-se a conquista da Mauritânia.
Roma no Oriente, Sila voltou à metrópole. Os partidários de Mário foram O maior problema, porém, que permaneceu sem solução definitiva, foi
derrotados em 82 a.C. e se estabeleceu em Roma um regime ditatorial. o da sucessão no poder. Nunca existiu uma ordem sucessória bem defini-
No poder, Sila fortaleceu a posição das classes altas e limitou as atribui- da, nem dinástica nem eletiva. Depois de Augusto, revezaram-se no poder
ções dos tribunos da plebe, que foram privados do direito de veto, de diversos membros de sua família. A história salientou as misérias pessoais
convocação do Senado e de apresentação de projetos de lei à assembleia e a instabilidade da maior parte dos imperadores da dinastia Júlio-Cláudia,
sem autorização senatorial. Sila deixou voluntariamente o poder em 79 como Caio Júlio César Germânico, dito Calígula, imperador de 37 a 41, e
a.C., pouco antes de sua morte. Nero Cláudio César, de 54 a 68. É provável que tenha havido exagero,
Em 73 a.C. eclodiu uma rebelião de escravos liderados pelo gladiador pois as fontes históricas que chegaram aos tempos modernos são de
Espártaco. Durante dois anos, um grande contingente de escravos rebel- autores que se opuseram frontalmente a tais imperadores.
des colocou em perigo as próprias bases da república romana, até que Mas se a corrupção e a desordem reinavam nos palácios romanos, o
foram exterminados pelo exército, sob o comando de Pompeu. O mesmo império, solidamente organizado, parecia em nada ressentir-se. O sistema
cônsul conseguiu a vitória na luta contra os piratas e nas guerras do econômico funcionava com eficácia, registrava-se uma paz relativa em
Oriente, o que lhe permitiu voltar triunfalmente a Roma. O Senado, teme- quase todas as províncias e além das fronteiras não existiam inimigos
roso de seu prestígio, desautorizou seu trabalho legislativo no Oriente e capazes de enfrentar o poderio de Roma. Na Europa, Ásia e África, as
sua promessa de distribuir terras aos veteranos da guerra. Em represália, cidades, bases administrativas do império, cresciam e se tornavam cada
Pompeu se aliou a dois outros líderes poderosos, Júlio César e Marco vez mais cultas e prósperas. As diferenças culturais e sociais entre as
Licínio Crasso, para enfrentar a nobreza senatorial. cidades e as zonas rurais que as cercavam eram enormes, mas nunca
O primeiro triunvirato, estabelecido em 60 a.C., manteve o equilíbrio houve uma tentativa de diminuí-las.
de poder durante vários anos, ao longo dos quais César promoveu a Ao primitivo panteão romano juntaram-se centenas de deuses e, na
conquista das Gálias e expedições além do Reno e do canal da Mancha. religião como no vestuário e em outras manifestações culturais, difundi-
O Senado procurou o apoio de Pompeu, em 52 a.C., para destruir o ram-se modismos egípcios e sírios. A partir de suas origens obscuras na
crescente poder de César. Eclodiu então uma guerra civil e os partidários Judeia, o cristianismo foi-se aos poucos propagando por todo o império,
de Pompeu foram derrotados em todas as regiões do mundo romano. principalmente entre as classes baixas dos núcleos urbanos. Em alguns
César fez-se nomear ditador perpétuo e assumiu plenos poderes. Em momentos, o rígido monoteísmo de judeus e cristãos se chocou com as
pouco tempo, modificou a legislação romana, o censo de cidadãos e o conveniências políticas, ao opor-se à divinização, mais ritual que efetiva,
calendário. A 15 de março de 44 a.C., foi assassinado por um grupo de do imperador. Registraram-se então perseguições, apesar da ampla
senadores. tolerância religiosa de uma sociedade que não acreditava verdadeiramen-
O Senado tentou recuperar seu antigo poder, mas a revolta do povo te em nada. O Império Romano só começou a ser rígido e intolerante em
romano após os funerais do ditador desencadeou novo período de lutas matéria religiosa depois que adotou o cristianismo como religião oficial, já
civis e repressão. Em 43 a.C., constituiu-se um segundo triunvirato, inte- no século IV.
grado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Otávio (chamado
depois Augusto), que o Senado foi obrigado a reconhecer. Os triúnviros
dividiram os domínios de Roma, mas nem por isso cessaram as lutas
internas. Lépido foi neutralizado, Otávio ocupou habilmente o poder no
Ocidente e Marco Antônio, impopular em Roma devido a seu comporta-
mento de déspota oriental, foi derrotado em Actium (Áccio) em 31 a.C.
Com sua morte, Otávio tornou-se o único senhor de Roma. A queda de
Alexandria e o suicídio da rainha Cleópatra -- aliada de Marco Antônio --
deixaram o Egito em mãos de Otávio, que o incorporou a Roma como
patrimônio pessoal.

Império
Otávio Augusto. Depois de um século de lutas civis, o mundo romano
estava desejoso de paz. Otávio se encontrou na situação daquele que
detém o poder absoluto num imenso império com suas províncias pacifi-
cadas e em cuja capital a aristocracia se encontrava exausta e debilitada.
O Senado não estava em condições de opor-se aos desejos do general, 4) Coliseu em Roma
detentor do poder militar. A habilidade de Augusto -- nome adotado por O século II, conhecido como o século dos Antoninos, foi considerado
Otávio em 27 a.C. -- consistiu em conciliar a tradição republicana de Roma pela historiografia tradicional como aquele em que o Império Romano
com a de monarquia divinizada dos povos orientais do império. Conhece- chegou a seu apogeu. De fato, a população, o comércio e o poder do
dor do ódio ancestral dos romanos à instituição monárquica, assumiu o império se encontravam em seu ponto máximo, mas começavam a perce-
título de imperador, por meio do qual adquiriu o imperium, poder moral que ber-se sinais de que o sistema estava à beira do esgotamento. A última
em Roma se atribuía não ao rei, mas ao general vitorioso. grande conquista territorial foi a Dácia e na época de Trajano (98-117)
Sob a aparência de um retorno ao passado, Augusto orientou as insti- teve início um breve domínio sobre a Mesopotâmia e a Armênia. Depois
tuições do estado romano em sentido oposto ao republicano. A burocracia dessa época, o império não teve mais forças para anexar novos territórios.
se multiplicou, de forma que os senadores se tornaram insuficientes para
garantir o desempenho de todos os cargos de responsabilidade. Isso Decadência do império. Uma questão que os historiadores nunca
facilitou o ingresso da classe dos cavaleiros na alta administração do conseguiram esclarecer de todo foi a da causa da decadência de Roma.
império. Os novos administradores deviam tudo ao imperador e contribuí- Apesar da paz interna e da criação de um grande mercado comercial, a

História 60
APOSTILAS OPÇÃO
partir do século II não se registrou nenhum desenvolvimento econômico e Legado de Roma
provavelmente também nenhum crescimento populacional. A Itália conti- A civilização romana foi original e criadora em vários campos: o direito
nuava a registrar uma queda em sua densidade demográfica, com a romano, codificado no século VI, ao tempo do imperador Justiniano,
emigração de seus habitantes para Roma ou para as longínquas provín- constituiu um corpo jurídico sem igual nos tempos antigos e forneceu as
cias do Oriente e do Ocidente. A agricultura e a indústria se tornavam bases do direito da Europa medieval, além de ter conservado sua vigên-
mais prósperas quanto mais se afastavam da capital. cia, em muitas legislações, até os tempos modernos. As estradas roma-
No fim do século II, começou a registrar-se a decadência. Havia um nas, perfeitamente pavimentadas, uniam todas as províncias do império e
número cada vez menor de homens para integrar os exércitos, a ausência continuaram a facilitar os deslocamentos por terra dos povos que se
de guerras de conquista deixou desprovido o mercado de escravos e o radicaram nas antigas terras imperiais ao longo dos séculos, apesar de
sistema econômico, baseado no trabalho da mão-de-obra escrava, come- seu estado de abandono. Conservaram-se delas grandes trechos e seu
çou a experimentar crises em consequência de sua falta, já que os agricul- traçado foi seguido, em linhas gerais, por muitas das grandes vias moder-
tores e artesãos livres haviam quase desaparecido da região ocidental do nas de comunicação. As obras públicas, tais como pontes, represas e
império. Nas fronteiras, os povos bárbaros exerciam uma pressão cres- aquedutos ainda causam impressão pelo domínio da técnica e o poderio
cente, na tentativa de penetrar nos territórios do império. Mas se termina- que revelam. Muitas cidades europeias mostram ainda em seu conjunto
ram por consegui-lo, isso não se deveu a sua força e sim à extrema debili- urbano os vestígios das colônias romanas que foram no passado.
dade de Roma. Se, em linhas gerais, a arte romana não foi original, Roma teve o mé-
As cidades também começaram a entrar em decadência e os ricos rito de haver sabido transmitir à posteridade os feitos dos artistas gregos.
burgueses que habitavam os centros urbanos se viram às voltas com Os poucos vestígios que sobreviveram da pintura romana mostram que as
obrigações e impostos cada vez mais altos. Em consequência, os proprie- tradições gregas continuavam vivas. Os temas indicam a crescente preo-
tários rurais voltaram para suas propriedades, onde se encontravam mais cupação religiosa, a serviço dos imperadores divinizados; referem-se,
protegidos do assédio do fisco imperial. O esvaziamento dos centros principalmente, à imortalidade da alma e à vida de além-túmulo. O cristia-
urbanos, muito intenso na região ocidental, deixou o império sem sua base nismo se valeu do Império Romano para sua expansão e organização e
social. Voltou-se à autarquia de cada território e o comércio decaiu. A depois de vinte séculos de existência são evidentes as marcas por ele
navegação tornou-se mais difícil. O poder do estado enfraqueceu e, em deixadas no mundo romano.
compensação, os grandes proprietários rurais começaram a organizar O latim, idioma que a expansão romana tornou universal, está na ori-
pequenos exércitos privados e a administrar a justiça em seus domínios. gem das atuais línguas românicas, tais como o espanhol, o italiano, o
O século III viu acentuar-se o aspecto militar dos imperadores, que português, o francês, o catalão e o romeno. Depois de quase dois mil
acabou por eclipsar todos os demais. Registraram-se diversos períodos de anos, pode-se ainda falar de um mundo latino de características bem
anarquia militar, no transcurso dos quais vários imperadores lutaram entre diferenciadas.
si devido à divisão do poder e dos territórios. As fronteiras orientais, com a Idade Média
Pérsia, e as do norte, com os povos germânicos, tinham sua segurança
ameaçada. Bretanha, Dácia e parte da Germânia foram abandonadas ante Considerada desde o Renascimento como período obscurantista e
a impossibilidade das autoridades romanas de garantir sua defesa. Cres- decadente, situado entre a antiguidade e o Renascimento, só em meados
ceu o banditismo no interior, enquanto as cidades, empobrecidas, come- do século XIX a Idade Média passou a ser entendida como etapa neces-
çavam a fortificar-se, devido à necessidade de defender-se de uma zona sária da história da civilização ocidental. Durante cerca de um milênio, a
rural que já não lhes pertencia. O intercâmbio de mercadorias decaiu e as Europa medieval passou por lentas mudanças econômicas e políticas que,
rotas terrestres e marítimas ficaram abandonadas. Um acelerado declínio no entanto, prepararam o caminho da modernidade.
da população ocorreu a partir do ano 252, em consequência da peste que Chama-se Idade Média o período da história europeia compreendido
grassou em Roma. aproximadamente entre a queda do Império Romano do Ocidente e o
Os imperadores Aureliano, regente de 270 a 275, e Diocleciano, de período histórico determinado pela afirmação do capitalismo sobre o modo
284 a 305, conseguiram apenas conter a crise. Com grande energia, o de produção feudal, o florescimento da cultura renascentista e os grandes
último tentou reorganizar o império, dividindo-o em duas partes, cada uma descobrimentos. A civilização medieval foi, em essência, a síntese de três
das quais foi governada por um augusto, que associou seu governo a um elementos: o legado da antiguidade greco-latina, a contribuição dos povos
césar, destinado a ser o seu sucessor. Mas o sistema da tetrarquia não germânicos e a religião cristã. O império bizantino e a civilização muçul-
deu resultados. Com a abdicação de Diocleciano, teve início uma nova mana na península ibérica constituem os limites geográficos e culturais
guerra civil. mais claros entre os quais transcorreu essa longa fase histórica. Do ponto
de vista cronológico, essas civilizações também tiveram sua Idade Média,
Constantino I favoreceu o cristianismo, que gradativamente passou a durante a qual viveram processos de características próprias.
ser adotado como religião oficial. A esclerose do mundo romano era tal
que a antiga divisão administrativa se transformou em divisão política a A Idade Média europeia divide-se em duas etapas bem distintas: a al-
partir de Teodósio I, imperador de 379 a 395, o último a exercer sua ta Idade Média, que vai da formação dos reinos germânicos, a partir do
autoridade sobre todo o império. Este adotou a ortodoxia católica como século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos IX e XII; e a
religião oficial, obrigatória para todos os súditos, pelo edito de 380. baixa Idade Média, que vai até o século XV, caracterizada pelo crescimen-
to das cidades, a expansão territorial e o florescimento do comércio.
Teodósio I conseguiu preservar a integridade imperial tanto ante a
ameaça dos bárbaros quanto contra as usurpações. No entanto, sancio-
nou a futura separação entre o Oriente e o Ocidente do império ao entre- Alta Idade Média
gar o governo de Roma a seu filho Honório, e o de Constantinopla, no
Reinos germânicos. A penetração e a fixação dos povos germânicos
Oriente, ao primogênito, Arcádio. A parte oriental conservou uma maior
no território do Império Romano deram lugar à formação de diversos
vitalidade demográfica e econômica, enquanto que o império ocidental, no
reinos, a partir do início do século V. A autoridade imperial deixou de
qual diversos povos bárbaros efetuavam incursões, umas vezes como
existir no Ocidente no ano 476, com a deposição de Rômulo Augústulo. A
atacantes outras como aliados, se decompôs com rapidez.
parte oriental do império, centrada em Constantinopla (atual Istambul),
O rei godo Alarico saqueou Roma no ano 410. As forças imperiais, assumiu a partir daí o legado político de Roma.
somadas às dos aliados bárbaros, conseguiram entretanto uma última
Os germânicos, ditos bárbaros pelos romanos, organizaram seus rei-
vitória ao derrotar Átila nos Campos Catalaúnicos, em 451. O último
nos dentro das antigas fronteiras do império e em áreas que nunca tinham
imperador do Ocidente foi Rômulo Augústulo, deposto por Odoacro no ano
sido ocupadas pelos romanos, como a Alemanha. Cada um desses reinos
476, data que mais tarde viria a ser vista como a do fim da antiguidade. O
evoluiu de forma diferente para dar lugar às monarquias europeias medie-
império oriental prolongou sua existência, com diversas vicissitudes,
vais. Os ostrogodos instalaram-se na Itália, conduzidos por Teodorico, e
durante um milênio, até a conquista de Constantinopla pelos turcos, em
constituíram um dos reinos mais importantes dos séculos V e VI. Teodori-
1453.
co, convertido ao arianismo, resolveu os conflitos com a população roma-
História 61
APOSTILAS OPÇÃO
no-cristã mediante políticas tolerantes. Procurou elevar o nível cultural de ram o norte da Itália em poucos anos, a partir de 568, e empreenderam o
seu povo e aproximar-se da hierarquia eclesiástica. Além disso, aliou-se a ataque ao reino merovíngio. Bizantinos e lombardos dividiram entre si o
outros reinos bárbaros para enfrentar a intervenção do império bizantino. território correspondente à Itália. No fim do século VI, quase todo ele, com
Manteve a tradição jurídica e administrativa de Roma e estimulou o flores- exceção de Roma, Sicília e Ravena, estava sob domínio lombardo.
cimento das artes e das letras. Na Grã-Bretanha, a invasão de anglos e saxões, em meados do sécu-
No fim do século V, os francos fixaram as bases do que seria posteri- lo V, forçou os bretões a se refugiarem na Cornualha, em Gales e na
ormente um dos reinos medievais mais poderosos da Europa. Convertido Escócia, ou a se submeterem ao novo poder. Os anglo-saxões dividiram o
ao catolicismo, o rei Clóvis I conseguiu o apoio da população da antiga território em sete pequenos reinos, que lutaram para estabelecer sua
Gália com uma política de fusão entre os galo-romanos e os francos. hegemonia sobre o sul da ilha.
Conseguiu impor-se a toda a Gália, expulsou os visigodos para a Espanha Os reinos surgidos no Ocidente deram nova fisionomia à Europa, mas
no ano 507 e dominou os outros povos bárbaros, com exceção dos não desapareceu totalmente a tradição que Roma havia legado. Em
burgúndios, que foram vencidos por seus sucessores. As únicas zonas da muitos casos, principalmente nos lugares mais romanizados, foram manti-
Gália que não conseguiu dominar foram a Setimânia e a Provença. dos a ordem e o direito romanos, combinados com contribuições dos
Na península ibérica, os visigodos constituíram uma monarquia prós- costumes jurídicos dos povos germânicos. A religião, junto com as carac-
pera e culta, na qual se fundiram os traços germânicos e as tradições terísticas de cada um desses povos, foi o principal elemento de coesão
seculares romanas. A monarquia visigoda esforçou-se para conquistar a dos novos reinos do oeste europeu, e uma das causas de seu distancia-
unidade territorial e formar um estado. A oposição da população hispano- mento dos bizantinos, cujo cristianismo tinha aspectos peculiares.
romana ao arianismo foi o primeiro obstáculo que ela teve de vencer. No Quando desapareceu o poder do império no Ocidente, a igreja arro-
século VI a monarquia visigoda chegou à plenitude com Leovigildo, que gou-se a supremacia universal. O papa foi reconhecido como a autoridade
estabeleceu a unidade territorial depois de vencer os suevos do noroeste, máxima a que deviam se submeter os poderes temporais. Assim, a hierar-
os bascos do norte e os bizantinos do sudeste. Apesar disso, os proble- quia eclesiástica de Roma representou o fator aglutinante das monarquias
mas religiosos só foram solucionados quando Recaredo reconheceu o ocidentais. A progressiva conversão dos bárbaros ao cristianismo fez da
cristianismo como sua religião, no ano 587, abjurando o arianismo. A igreja a instituição mais importante da Idade Média. A cultura, a arte, a
ocupação da península ibérica pelos árabes no início do século VIII foi ciência e as letras eram patrimônio eclesiástico. Nos mosteiros, os mon-
favorecida pelas lutas entre Rodrigo e Áquila. O poder dos visigodos ges realizaram um cuidadoso trabalho de compilação dos textos clássicos
extinguiu-se em poucos anos e teve início uma nova etapa na península e e dos escritos teológicos dos padres da igreja.
na Europa, com a expansão do Islã.
A constituição das monarquias europeias e do poder temporal do pa-
Durante o século VI, o reino merovíngio dos francos sofreu constantes pa favoreceu o distanciamento político e religioso entre a Europa e o
divisões entre os sucessivos herdeiros da coroa. Essas fragmentações império bizantino. O papado, assediado pelos lombardos, tinha pedido
hereditárias do reino, considerado como propriedade dinástica, foram a ajuda a Constantinopla, mas os imperadores orientais, ocupados com a
causa da sua estagnação política e cultural. A monarquia debilitou-se em discussão sobre a veneração das imagens e preocupados com a pressão
lutas internas, o que permitiu o fortalecimento dos poderes locais e a do Islã em suas fronteiras, desinteressaram-se dos assuntos do Ocidente.
intervenção dos lombardos da Itália. Essa situação se manteve até o início Os papas se viram obrigados, então, a recorrer ao reino franco, que se
do século VII, quando Dagoberto I impôs a unidade territorial que permiti- consolidara como principal poder na região. Pepino o Breve destronou os
ria o aparecimento de uma forte dinastia, a carolíngia. merovíngios e foi reconhecido como rei pelo papa Estêvão II.
Os francos deram apoio militar ao papado e em pouco tempo vence-
ram os lombardos. Os territórios que até então estavam sob domínio dos
lombardos passaram ao controle do papa, o que deu origem aos estados
pontifícios. Para justificar a cessão desses territórios e a autoridade papal
como poder temporal sobre eles, recorreu-se à Doação de Constantino,
documento forjado pelo qual esse imperador teria transferido ao papa
Silvestre I e a seus sucessores a autoridade sobre certos territórios no
Ocidente.
Época carolíngia. A dinastia carolíngia, como sucessora da merovín-
gia, revelou-se capaz de estender sua influência à maior parte da Europa
ocidental. Pepino o Breve dedicou-se a ampliar os limites de seu reino,
com o que a Gália se tornou a partir de então uma unidade territorial
regida por uma coroa única, mas foi seu filho e sucessor, o futuro impera-
dor Carlos Magno, quem levou o reino dos francos a seu período de glória.
Os sucessivos ataques dos lombardos na Itália levaram o papa Adria-
no I a pedir ajuda a Carlos Magno que, no ano 774, conseguiu vencê-los e
reclamou para si o título de rei desse povo. A Itália passou à esfera políti-
ca dos francos. As campanhas militares de Carlos Magno continuaram por
muitos anos, durante os quais ele derrotou saxões, frisões, bávaros e
ávaros. Também estabeleceu um sistema de controle e tributação sobre
os povos eslavos residentes nas fronteiras de seu reino e conteve a
expansão do Islã ao sul dos Pireneus.
Carlos Magno foi proclamado defensor da cristandade europeia e da
1) Castelo Medieval igreja, e todos os demais reinos reconheceram a superioridade do reino
franco. O papa Leão III, que precisava de apoio militar constante, coroou-o
Na Itália ocorreram acontecimentos importantes depois da conquista imperador no Natal do ano 800, e ele foi aclamado pelo povo como "au-
do reino ostrogodo pelo imperador bizantino Justiniano I, em meados do gusto". Com isso, Carlos Magno uniu sua força e prestígio políticos ao
século VI. O império bizantino alcançou, nessa época, seu apogeu político título de imperador, até então reservado aos monarcas bizantinos que,
e cultural, e Justiniano I, ajudado por seus generais Belisário e Narses, forçados pela situação crítica em que se encontravam, em guerra contra
tentou reconquistar a parte ocidental do antigo Império Romano e restabe- búlgaros e árabes, reconheceram o título imperial do rei dos francos.
lecer a unidade do Mediterrâneo. Seus sucessores enfrentaram problemas
religiosos e incursões de ávaros, eslavos e persas, que foram derrotados Durante o reinado do novo imperador do Ocidente, a Europa experi-
pelo imperador Heráclio no início do século VII. Os lombardos conquista- mentou notável desenvolvimento cultural, que se tornou conhecido sob o
nome de "renascimento carolíngio". Preocupado com a pouca cultura do
História 62
APOSTILAS OPÇÃO
clero e dos funcionários imperiais, Carlos Magno mandou construir esco- península ibérica iniciaram nessa época uma lenta recuperação e passa-
las nos mosteiros, catedrais e em sua própria corte, sediada em Aachen ram a enfrentar o poder islâmico. Leão, Navarra, o condado de Aragão e
(Aix-la-Chapelle). Criou a escola palaciana, onde lecionavam as maiores Castela continuaram a conquistar territórios ocupados pelos muçulmanos.
personalidades da ciência e das letras.
A obra do imperador lançou a ideia da Europa como unidade religiosa
e cultural. Com sua morte, no ano 814, a coroa passou a seu filho Luís I o
Piedoso. Entretanto, a crescente influência da nobreza e a proliferação 7. MUNDO MEDIEVAL. 7.1. Formação e
das relações feudais debilitaram a monarquia e desestruturaram a unidade desenvolvimento do sistema feudal. 7.2. A
política. As lutas pela igualdade de herança e pela divisão territorial entre organização política feudal; os reinos cris-
os filhos de Luís I precipitaram a desagregação do império fundado por tãos da Península Ibérica. 7.3. O crescimen-
Carlos Magno. to comercial-urbano e a desagregação do
No ano 843, o Tratado de Verdun definiu as fronteiras dos reinos que feudalismo. 7.4. A Civilização Muçulmana.
couberam aos filhos de Luís I: o de Lotário I, que também ficou com o 7.5. O legado cultural do Mundo Medieval.
título imperial, o de Luís o Germânico e o de Carlos o Calvo. A tradição da 7.6. A Civilização Bizantina.
divisão hereditária entre os sucessores foi mantida por todos os reis
carolíngios. Carlos III o Gordo, que tinha conseguido reunir quase todos os
territórios do império franco, abdicou no ano 887. Foram criados então
Evolução do feudalismo
seis reinos independentes: França, Itália, o reino franco oriental (Alema-
nha), Provença, Borgonha e Lorena. Até o século XI as monarquias europeias viveram um período de re-
trocesso econômico em consequência das constantes guerras, das ondas
Durante o século IX, os muçulmanos da Espanha constituíram uma de invasões, da cessação do comércio e do baixo rendimento agrícola. A
força política unificadora e expansionista. No norte foram fundados reinos insegurança, que manteve isoladas as populações europeias durante
cristãos que logo estenderam seus territórios para o sul, com a Reconquis- muito tempo, favoreceu a implantação do feudalismo. Esse sistema, cujas
ta. Entretanto, a convivência entre muçulmanos e cristãos predominou por raízes remontam ao fim do Império Romano, caracterizou-se pela estrutu-
vários séculos. A vida econômica reviveu durante o período de domínio ração da sociedade com base na relação jurídica denominada vassala-
árabe, e as artes e ciências fizeram grandes progressos. gem, estabelecida entre senhor feudal e vassalo ou servo, na qual o
Nessa época, a Europa sofreu a invasão de uma segunda onda de senhor proporcionava proteção em troca de fidelidade, trabalho e paga-
povos bárbaros vindos do norte, que agiram, segundo a ocasião, de forma mento de tributos. Ao feudo, unidade física da relação de vassalagem,
pacífica ou agressiva. Noruegueses, suecos e dinamarqueses, conhecidos pertenciam seus habitantes, que passavam a vassalos do senhor a quem
como viquingues ou normandos, perpetraram ataques e invasões, sobre- fosse transmitido o território habitado e cultivado por eles. Do ponto de
tudo contra o litoral da Europa ocidental. Os suecos, especialmente, vista econômico e social, o feudalismo acarretou a divisão da sociedade
visavam o domínio das rotas comerciais do Báltico e da Rússia. em duas classes básicas: a nobreza, com diferentes graus de poder até a
cúpula real, e o campesinato, cuja subordinação transformou-se gradual-
A Irlanda sofreu, desde o ano 834, contínuos ataques dos noruegue- mente em relação de servidão.
ses e, mais tarde, na segunda metade do século IX, dos dinamarqueses, o
que provocou a fuga de numerosos monges para a França. Os ataques O feudalismo determinou a atomização do poder político, pois a su-
dos dinamarqueses se sucederam ao longo do litoral continental, provo- cessão de relações pessoais entre o rei e a alta nobreza, e entre esta e os
cando graves danos ao império carolíngio, assim como à Espanha, onde pequenos senhores, criou um sistema de jurisdições e fidelidades particu-
foram contidos tanto pelos muçulmanos como pelos reis cristãos do norte. lares apenas simbolicamente subordinadas à autoridade monárquica.
Os normandos penetraram no interior da Europa, chegaram a Paris e a Além disso, a concessão de cargos administrativos com base nos feudos
outras cidades do continente e fixaram-se no noroeste da França (Nor- contribuiu para romper a unidade política dos diferentes reinos.
mandia) no ano 924. A partir de meados do século IX, conquistaram o Também a igreja se viu mergulhada na divisão da sociedade em clas-
centro e o norte da Inglaterra. Os suecos, navegando pelos rios Volga e ses, ou estados. Bispados, abadias e mosteiros possuíam grandes feudos
Dnieper, estabeleceram contatos comerciais com o império bizantino e e mantinham com seus vassalos o mesmo tipo de relações que os senho-
com os árabes. Na Rússia, fundaram pequenos estados que funcionavam res leigos. Entretanto, a igreja teve papel fundamental na conservação e
como sedes de suas atividades comerciais. Kiev e Novgorod eram os mais transmissão dos conhecimentos antigos e contribuiu para manter a unida-
importantes. de cultural da Europa, principalmente com a expansão da ordem benediti-
na. A reforma realizada por essa ordem religiosa no século X, a partir do
No fim do século IX um novo povo atacou as fronteiras orientais da mosteiro francês de Cluny, favoreceu a independência da igreja em rela-
Europa: os húngaros, ou magiares. Ocuparam rapidamente a região do ção aos poderes feudais e estendeu por toda a Europa ocidental o estilo
Danúbio, de onde partiram para incursões pela Itália, França e Alemanha. artístico característico do feudalismo: o românico.
A desintegração do império carolíngio e essa segunda onda de invasões
deixaram o oeste europeu numa situação de grave deterioração política e A reforma de Cluny apoiou o fortalecimento da autoridade papal du-
econômica até que, no século X, o estabelecimento do Sacro Império rante a questão das investiduras, conflito entre o império alemão e a igreja
Romano-Germânico restabeleceu a ordem na Europa central. Oto I o sobre o direito de nomear prelados para os cargos religiosos. Os papas
Grande, coroado imperador no ano 962, encontrou forte apoio no papado Gregório VI, Leão IX, Nicolau II e Gregório VII (inspirador da reforma
e contribuiu, como antes fizera Carlos Magno, para o fortalecimento da gregoriana) e os imperadores Henrique III e Henrique IV foram os perso-
igreja como poder temporal. Sua vitória sobre eslavos e magiares trans- nagens mais destacados dessa luta, que se travou principalmente no
formou-o num novo defensor da cristandade ocidental. século XI.

Na Inglaterra, Alfredo o Grande, rei de Wessex, ergueu fortificações e


reconstruiu o exército, com o que o reino pôde resistir à invasão dos Baixa Idade Média
dinamarqueses e aumentar seu território. Entretanto, na primeira metade As invasões e o feudalismo fizeram desaparecer quase totalmente a
do século XI, o rei dinamarquês Canuto o Grande conseguiu dominar toda vida urbana na Europa. As cidades que sobreviveram à decadência do
a Inglaterra. Em 1066, os normandos do noroeste da França, chefiados Império Romano transformaram-se em meras residências de bispos e de
por Guilherme o Conquistador, invadiram a ilha. Desde então, intensifica- senhores feudais, pouco vinculadas a sua zona rural e a outras cidades.
ram-se os contatos entre o arquipélago britânico e o continente. Na Fran- A partir do século XI, porém, o processo de empobrecimento começou
ça, a monarquia foi incapaz de manter a unidade do reino. Os nobres se a reverter nos reinos europeus. Muito lentamente, a organização feudal da
opuseram à coroa em defesa de seus próprios interesses. Durante todo o sociedade passou a dar lugar a uma nova ordem, em que o papel econô-
século X foi constante a luta entre as grandes casas nobres pela hegemo- mico mais dinâmico passou para a burguesia urbana.
nia, até que Hugo Capeto, no ano 987, conquistou a coroa para si e sua
dinastia, substituindo para sempre os carolíngios. Os reinos cristãos da
História 63
APOSTILAS OPÇÃO
A abertura de novas lavouras, o crescimento demográfico e o aumen- reinado de Filipe II Augusto, que praticou uma política de centralização e
to da produtividade agrícola, em consequência de técnicas mais modernas expansão da coroa nos ducados independentes.
(uso do arado com aiveca, canga para animais de tração, moinhos de Na Inglaterra, Henrique I e Henrique II conquistaram amplas prerroga-
vento etc.), provocaram um excedente de mão-de-obra e de produção tivas para a coroa. No século XIII foi redigida a Magna Carta, primeira
agrícola que beneficiou o desenvolvimento das cidades. Surgiu nelas uma expressão das bases institucionais pelas quais o poder monárquico inglês
nova classe de comerciantes e artesãos, nos burgos ou bairros construí- foi regulamentado e submetido ao Parlamento. Na segunda metade do
dos em volta das velhas muralhas, que promoveu o intercâmbio entre os século XII, o imperador alemão Frederico I Barba-Roxa impôs seu poder
núcleos urbanos e o campo, assim como a abertura de rotas comerciais ao papado de Roma. Apesar disso, no fim do século, o papa Inocêncio III
entre regiões distantes. A atividade dos artesãos urbanos foi regulada por conseguiu fazer valer a supremacia espiritual da igreja sobre todos os
uma instituição típica da época, a guilda, associação fechada e hierárquica reinos cristãos. A consolidação desse poder foi favorecida pela reforma
de cada ofício, destinada a proteger seus associados, evitando a concor- promovida pelo monacato cisterciense, especialmente por são Bernardo
rência entre eles. de Claraval.
O crescimento demográfico e econômico propiciou a expansão territo- A vida religiosa estendeu-se às cidades e aos burgos por intermédio
rial dos reinos cristãos, principalmente no leste da Europa e na península das ordens mendicantes. Os franciscanos pregaram o ideal da pobreza e
ibérica. Também se abriram ao comércio grandes horizontes marítimos, humildade entre as classes populares, enquanto os dominicanos se ocu-
como o Báltico e o Mediterrâneo, que passaram a se ligar por rotas terres- param principalmente do ensino e do estudo teológico nas universidades.
tres. No norte da Europa, as cidades dos Países Baixos estabeleceram Essas instituições docentes, surgidas inicialmente como agrupamentos de
sólidos laços comerciais com a região do Báltico, onde obtinham cereais, professores e alunos independentes das antigas escolas monacais e
peles e outras matérias-primas, em troca de produtos manufaturados. A episcopais, desempenharam um papel importante no desenvolvimento e
comunhão de interesses entre essas cidades deu lugar à criação da Liga na difusão da cultura. A recuperação da filosofia aristotélica motivou o
Hanseática. No Mediterrâneo, a indústria, o comércio e a atividade finan- aparecimento da escolástica, doutrina teológica e filosófica sistematizada
ceira floresceram nas cidades do norte da Itália (Veneza, Gênova, Floren- por santo Tomás de Aquino.
ça etc.), bem como em Marselha e Barcelona. Características da época A arte gótica foi a expressão estética da baixa Idade Média. A inven-
foram as feiras, grandes reuniões anuais de comerciantes e banqueiros ção do arco ogival e da abóbada de nervuras, apoiada em arcobotantes e
que eram realizadas nas cidades mais importantes. contrafortes, permitiu a construção de gigantescas e elevadas catedrais,
Os interesses econômicos, junto com o ideal religioso da defesa dos capazes de alojar um número de pessoas muito maior do que as velhas
lugares santos conquistados pelos muçulmanos, permitiram aos estados igrejas românicas.
do Ocidente a realização de um dos maiores empreendimentos da cris- Durante o século XIV desencadeou-se na Europa uma profunda crise
tandade medieval, as cruzadas, que serviu para ampliar os limites do econômica, social e espiritual. Uma sucessão de más colheitas, conse-
poder europeu, instituir o comércio mediterrâneo e aliviar a pressão mu- quência de mudanças climáticas, trouxe a fome a uma população que
çulmana sobre o império bizantino. No fim do século XI, o papa Urbano II ultrapassava em muito as possibilidades produtivas do sistema feudal.
autorizou a primeira cruzada, cujo resultado foi a conquista de Jerusalém Ocorreram numerosas revoltas camponesas contra os senhores, enquanto
pelos cristãos. Durante os séculos XII e XIII realizaram-se novas cruzadas nas cidades os trabalhadores pobres das guildas se rebelavam contra os
e fundaram-se diversos reinos cristãos no Oriente Médio, mas todos eles ricos comerciantes e os mestres artesãos reunidos nos patriciados que
acabaram por cair em poder dos turcos otomanos. Como parte da expan- dominavam os governos urbanos. As destruições provocadas por essas
são territorial da Europa, cabe destacar a colonização germânica no leste revoltas juntaram-se aos danos causados pelas guerras promovidas pelos
do continente e o avanço da Reconquista na Espanha. Todos esses senhores feudais com o objetivo de recuperar o poder perdido. Também a
empreendimentos, imbuídos de forte espírito religioso, causaram o apare- guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra, provocou grande
cimento das ordens de cavalaria. devastação e obrigou muitos camponeses a abandonar suas terras.
Na Alemanha, a ideia de formar um império universal cristão e a pres- A fome favoreceu a disseminação da grande peste que grassou em
são demográfica foram as causas da chamada "marcha para o leste" 1348. As sucessivas ondas da epidemia, durante a segunda metade do
(Drang nach Osten) dos séculos XII e XIII. Os imperadores alemães século, reduziram a um terço o total da população europeia. A crise espiri-
protegeram os reis poloneses e ajudaram-nos a converter ao cristianismo tual manifestou-se no cisma do Ocidente, que durante quase todo o século
os habitantes da Prússia. Dessa forma, na primeira metade do século XIII, XIV manteve a igreja dividida entre Avignon e Roma, e no aparecimento
a Ordem Teutônica iniciou a campanha para a evangelização dos prussia- de movimentos místicos e reformadores que pregavam o resgate da
nos, que teve como consequência a criação de um estado alemão em seu pureza dos costumes cristãos.
território. Uma vez superada a crise, o século XV surgiu como período de tran-
Em 1241 os mongóis invadiram o sul da Polônia, mas foram detidos sição para novas realidades sociais, econômicas, políticas e culturais.
pelas tropas de Henrique II da Silésia. As destruições provocadas pelos Com o enfraquecimento da sociedade feudal e da estrutura das guildas, o
mongóis obrigaram os sucessores de Henrique II a permitir a imigração de artesanato e o comércio ganharam maior liberdade para ampliar suas
artesãos e camponeses alemães, para a reconstrução da economia. A atividades e adotar as fórmulas que, pouco a pouco, configuraram o modo
influência alemã representou um perigo para a independência da Polônia de produção capitalista. As monarquias, principalmente a inglesa, a fran-
até que, no século XIV, sua união com a Lituânia permitiu à dinastia cesa e a castelhana, reforçaram seu poder com a criação de exércitos
Jaguelão neutralizar os alemães e recuperar a Pomerânia e Gdansk. A permanentes e aparatos burocráticos, adquirindo um caráter autoritário
Hungria, depois da invasão dos mongóis, em 1241-1242, foi vítima da que prenunciava o aparecimento do aparelho de estado da idade moder-
penetração germânica, até que a dinastia dos Anjou ocupou o poder entre na.
1308 e 1382. Tal como os mongóis, os turcos representaram uma perigo- A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, selou o
sa ameaça para o país, cujo rei, Luís I o Grande, foi derrotado em 1363. fim do comércio com o Mediterrâneo oriental. A burguesia europeia viu-se
Polônia e Hungria formaram uma unidade política a partir de 1440, mas obrigada a buscar novas rotas comerciais pelo oeste, o que contribuiu
em 1458 a segunda recuperou sua independência com Matias Corvino. Na para o progresso das técnicas de navegação e possibilitou os grandes
Espanha, as monarquias cristãs continuaram seu avanço sobre os reinos descobrimentos. Ao mesmo tempo, a rejeição da cultura medieval e a
muçulmanos, que culminaria em 1492 com a conquista de Granada. Na busca das fontes originais da arte e pensamento clássicos propiciaram o
baixa Idade Média, as coroas de Aragão e Castela viveram um período aparecimento de uma nova maneira de ver a vida e as formas estéticas.
áureo, tanto do ponto de vista econômico como cultural. Do legado medieval e da recuperação da cultura greco-latina surgiu o
No século XII, as monarquias europeias começaram a impor sua auto- Renascimento.
ridade sobre os senhores feudais, aliando-se para isso à burguesia urba- Idade moderna
na. Os estados adotaram novas instituições políticas, as cortes ou Parla- Período da história compreendido aproximadamente entre a queda de
mentos, que aprovaram as leis e impostos que deviam vigorar em todo o Constantinopla, em 1453, e a revolução francesa, em 1789. Caracteriza-
território do reino. Na França, os Capetos, apoiados pelos burgueses, se pelo fim do feudalismo, o advento do Renascimento e as grandes
lançaram as bases do poderio monárquico, principalmente durante o navegações e descobrimentos.

História 64
APOSTILAS OPÇÃO
Expansão marítima credenciadas para exploração, comercialização e administração de terras
Grandes navegações dos séculos XV e XVI que têm origem na ne- longínquas, como a Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e a
cessidade de expansão econômica da Europa. A insuficiência da produ- Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602).
ção agrícola para alimentar toda a população, o declínio econômico da Liderança inglesa – No século XVIII, com enorme poder naval, a In-
nobreza, o encarecimento dos produtos orientais e a falta de metais glaterra lidera as expedições marítimas. As viagens, motivadas pela
preciosos para a emissão de moeda impulsionam a procura por novos curiosidade científica e pela expectativa de obter maiores vantagens
mercados fora dos domínios europeus. A tentativa de encontrar rotas comerciais, são organizadas pelo governo e realizadas em navios de
alternativas para o Oriente torna-se indispensável. guerra comandados por oficiais da Marinha. Os objetivos são a exploração
do sul do Pacífico e a descoberta de um estreito, entre o nordeste da Ásia
e noroeste da América, que leve ao Ártico: acabam por descobrir várias
ilhas, como Sandwich do Sul, a sudeste da América do Sul. Também
exploram a Nova Zelândia, a Austrália e toda a costa americana e asiática
do Pacífico Norte.

Reforma Protestante
Movimentos de caráter religioso, político e econômico que surgem na
Europa entre 1517 e 1564. Contestam a estrutura e os dogmas da Igreja
Católica e rompem com a unidade do cristianismo, dando origem ao
protestantismo. Os reformistas rejeitam a pretensão da Igreja de ser o
único acesso ao mundo religioso e questionam a supremacia papal.

Os movimentos reformistas ocorrem paralelamente ao Renascimento


à passagem do feudalismo para o capitalismo e ao fortalecimento das
monarquias nacionais europeias. São o resultado da nova visão sobre o
Desembarque de Cabral homem – ele é o centro do universo –, dada pelo humanismo. As reformas
interessam às monarquias, que querem acabar com os privilégios da
A empreitada é possível graças ao surgimento de uma burguesia Igreja. O progresso comercial e urbano também necessita de uma religião
mercantil, interessada em ampliar sua margem de lucro, e ao fortalecimen- afinada com o capitalismo emergente. Os camponeses, oprimidos, revol-
to do Estado, com a centralização do poder monárquico. Um forte ideal tam-se contra o \uldb catolicismojump:GHHG dos senhores feudais, o que
missionário, principalmente dos países ibéricos, para catequizar os povos transforma a luta religiosa em luta de classes. Os movimentos provocam
infiéis das terras distantes funciona como justificativa ideológica para a ainda guerras religiosas entre protestantes e católicos, como a Guerra dos
expansão. As nações ibéricas formam impérios ultramarinos entre os Trinta Anos(1618-1648). Ela começa como um conflito religioso no interior
séculos XV e XVI, quando tem início a colonização da África, da Ásia e da do Sacro Império Romano-Germânico e logo adquire caráter de disputa
América. Além de Portugal e Espanha, Inglaterra, França e Holanda pela hegemonia política na Europa, envolvendo quase todos os países do
(Países Baixos) também realizam grandes expedições. continente. O avanço do movimento reformista pela Europa obriga a Igreja
PORTUGAL – Para alcançar os mercados do Oriente e garantir o mo- Católica a adotar reformas internas, conhecidas por Contra-Reforma
nopólio do comércio com as chamadas Índias, os portugueses assumem a REFORMA LUTERANA – Em 1517 inicia-se no Sacro Império Roma-
vanguarda do expansionismo europeu, seguidos pelos espanhóis. Revolu- no-Germânico a reforma do monge Martinho Lutero que defende a fé
cionam a arte da navegação ao aperfeiçoar instrumentos náuticos de como forma de salvação do indivíduo. Lutero é excomungado em 1520.
origem árabe, como a bússola, modernizar a cartografia e inventar a Com o apoio da nobreza, as ideias de Lutero difundem-se rapidamente.
caravela. São pioneiros em calcular com precisão a circunferência da Elas substituem o poder eclesiástico pelo do Estado, simplificam a liturgia,
Terra e no comércio de escravos negros para a América. revogam o celibato clerical e acabam com o culto às imagens.
Expedições portuguesas – A primeira expedição portuguesa, coman- REFORMA ANGLICANA – É promulgada em 1534 pelo rei Henrique
dada pelo rei dom João I, termina com a conquista de Ceuta, em 21 de VIII, da Inglaterra. O pretexto é a recusa do papa ao pedido de anulação
agosto de 1415. Um dos mais importantes portos africanos, ao norte do de seu casamento com Catarina de Aragão, para que possa desposar Ana
Marrocos, é o ponto de partida para as descobertas portuguesas na África Bolena. Na verdade há o interesse da Monarquia inglesa em submeter a
Ocidental. O cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente, é Igreja e tornar o rei a autoridade suprema. A reforma anglicana consolida-
contornado em 1487 por Bartolomeu Dias (1450-1500), abrindo caminho se em 1558, sob o reinado de Elizabeth I
para o Oriente. A primeira ligação por mar entre Europa Ocidental e Índia REFORMA CALVINISTA – Começa em 1534, na França, com as pre-
é feita em 8 de julho de 1497 por Vasco da Gama (1469-1524). Ele parte gações de João Calvino Mais radical que Lutero, Calvino defende a tese
da praia de Restelo, em Portugal, e em 1498 chega ao porto indiano de de o homem nascer predestinado à salvação ou à condenação. Conside-
Calicute. Em 22 de abril de 1500, uma nova esquadra liderada por Pedro ra-o livre de todas as proibições não explicitadas nas Escrituras, o que
Álvares Cabral chega à costa brasileira. torna as práticas do capitalismo lícitas, em especial a usura, condenada
ESPANHA – Atrasados em relação a Portugal, os espanhóis patroci- pela Igreja Católica. O homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e
nam a viagem de Cristóvão Colombo ao Oriente em 1492. Acreditando de uma vida regrada – também formas de louvar a Deus.
que a Terra era redonda, Colombo supõe ter alcançado o Oriente nave-
gando pelo Ocidente. Na verdade, descobre outro continente: a América. Contra-reforma
Entre 1503 e 1513, o navegador florentino Américo Vespúcio (1451-1512) Reação da Igreja Católica à Reforma Protestante e às pressões inter-
viaja ao continente a serviço da Espanha. Ainda com patrocínio espanhol, nas pela renovação das práticas e da atuação política do clero durante os
Fernão de Magalhães (1454-1521) começa em 1519 a primeira viagem de séculos XVI e XVII. Em 1545, o papa Paulo III (1468-1549) convoca o
circunavegação da Terra. Parte de Cádiz, no litoral da Espanha, atravessa Concílio de Trento e torna-se o primeiro papa da Contra-Reforma.
o Atlântico Sul e cruza o estreito que hoje tem seu nome. Ruma para a
Ásia, chegando às Filipinas em 1521. A tese sobre a forma esférica da Concílio de Trento – Conselho que se reúne várias vezes, entre 1545
Terra fica assim comprovada. e 1563, para assegurar a disciplina eclesiástica e a unidade da fé. Confir-
INGLATERRA, FRANÇA E PAÍSES BAIXOS – Iniciam sua expansão ma a presença de Cristo na eucaristia e combate a doutrina protestante a
marítima mais tarde e, no princípio do século XVI, aportam em terras já respeito dos sacramentos. Regula as obrigações do clero, a contratação
ocupadas por portugueses e espanhóis. Conquistam algumas áreas na de parentes para a Igreja e o excesso de luxo na vida dos religiosos. É
América do Norte e na Ásia e desenvolvem ações de pirataria oficializadas instituído o índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum) com as
por seus governos contra Portugal e Espanha. No começo do século XVII, obras que os católicos não poderiam ler, sob pena de excomunhão (ex-
ingleses, franceses e holandeses passam a produzir navios mais baratos, pulsão da Igreja). O órgão encarregado pela repressão às heresias e
em maior quantidade e de melhor qualidade. Formam também sociedades aplicação das medidas da Contra-Reforma é a Inquisição. Para efetivar as

História 65
APOSTILAS OPÇÃO
mudanças, a Igreja cria ou reorganiza ordens religiosas, como a Compa- da Prússia; marquês de Pombal (1750-1777), de Portugal; Catarina II
nhia de Jesus. (1762-1796), da Rússia; e José II (1780-1790), da Áustria.

Iluminismo Monarquias nacionais


Corrente de pensamento dominante no século XVIII, que defende o Forma de organização política que dá origem aos Estados nacionais
predomínio da razão sobre a fé e estabelece o progresso como destino da europeus, a partir do século X, como decorrência do renascimento comer-
humanidade. Seus principais idealizadores são John Locke (1632-1704), cial e urbano e da crise do feudalismo. Caracteriza-se pelo fortalecimento
Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778) e Rousseau (1712-1778). do poder real, que passa a se estender por todo o país. A formação das
Representa a visão de mundo da burguesia intelectual da época e tem monarquias nacionais europeias é um processo lento e desigual, marcado
suas primeiras manifestações na Inglaterra e na Holanda. Alcança especi- por revoluções, guerras civis, disputas territoriais e conflitos com a Igreja.
al repercussão na França, onde se opõe às injustiças sociais, à intolerân-
cia religiosa e aos privilégios do absolutismo em decadência. Influencia a Com o surgimento das cidades e o enfraquecimento da influência da
Revolução Francesa, fornecendo-lhe, inclusive, o lema Liberdade, Igual- nobreza, a figura do rei ganha importância. Ele passa a centralizar o poder
dade e Fraternidade. político e a estender sua soberania sobre toda a nação – definida na Idade
Média como unidade linguística, religiosa, cultural e histórica dentro de
O iluminismo tem origem no Renascimento, o primeiro grande mo- determinado território. O monarca procura se sobrepor também ao poder
mento de construção de uma cultura burguesa, na qual a razão e a ciência do papado, limitando os privilégios da Igreja, como isenção de impostos,
são as bases para o entendimento do mundo. Para o iluminismo, Deus tribunais próprios e direito de intervir nos assuntos nacionais.
está na natureza e no homem, que pode descobri-lo por meio da razão,
dispensando a Igreja. Afirma que as leis naturais regulam as relações Nesse processo de centralização de poder, os reis contam com o
sociais e considera os homens naturalmente bons e iguais entre si – quem apoio de uma nova classe social, a burguesia, que ascende com o desen-
os corrompe é a sociedade. Cabe, portanto, transformá-la e garantir a volvimento do capitalismo. Interessados na formação de um mercado
todos liberdade de expressão e culto, igualdade perante a lei e defesa nacional, os burgueses querem ainda libertar-se das estruturas feudais. As
contra o arbítrio. Quanto à forma de governo para a realização da socie- reivindicações burguesas, como a cobrança de pedágios e impostos, e a
dade justa, uns defendem a monarquia constitucional; outros, a república. uniformização de pesos e medidas, necessárias ao fortalecimento do
Em Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689), o inglês John Locke mercado interno e à expansão comercial, são atendidas pela unificação do
trata a experiência como fonte do conhecimento, que é organizado depois poder nacional. A centralização se dá com a monopolização das forças
pela razão. Locke defende também o individualismo liberal contra o abso- militares e a administração da nação. A criação de novas leis escritas, em
lutismo monárquico. substituição às leis feudais, marca o nascimento da burocracia moderna.
Também são organizadas forças militares mercenárias, que permitem ao
O escritor francês Montesquieu propõe na obra Do Espírito das Leis rei cobrar impostos com mais eficiência, manter o controle do território
(1751) a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nacional e ampliar seus domínios. O soberano passa a controlar as igrejas
como garantia da liberdade. Voltaire critica a Igreja e defende a monarquia nacionais, sobrepondo seu poder ao do papa, e a intervir nos assuntos
comandada por um soberano esclarecido. O suíço Jean-Jacques Rousse- religiosos. A transformação da corte real em corte suprema de justiça da
au torna-se o iluminista mais radical, precursor do socialismo e do roman- nação é o passo final para a consolidação da autoridade real, que, no
tismo. No livro O Contrato Social (1762) posiciona-se a favor do Estado século XVII, atinge o auge e dá origem ao absolutismo.
democrático, voltado para o bem comum e a vontade geral, que inspira os
ideais da Revolução Francesa. É dele a noção do bom selvagem, que Considerada a primeira da Europa, a Monarquia nacional portuguesa
representa o homem nascido bom e sem vícios, mas depois pervertido tem início em 1385, após a revolução burguesa que coloca no trono o rei
pelo meio social. dom João I, da dinastia Avis. Na Espanha, a consolidação da Monarquia
acontece em 1492, após o casamento dos reis católicos Fernando de
Outra obra tipicamente iluminista é Enciclopédia, elaborada pelos Aragão e Isabel de Castela e a conquista de Granada, antes ocupada
franceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean D''Alembert (1717-1783), com pelos árabes.
o objetivo de organizar o conhecimento existente na época sobre artes,
ciência, filosofia e religião. Na economia, o iluminismo é representado pela MONARQUIA FRANCESA – Na França, o poder real começa a se for-
fisiocracia, que considera a terra única fonte de riqueza de uma nação, e talecer durante a dinastia fundada por Hugo Capeto (938-996), que se
pelo liberalismo econômico, que defende a não intervenção do Estado na estende de 987 a 1328. Durante o reinado de Felipe IV, o Belo (1268-
economia. As ideias iluministas influenciam alguns governantes, que 1314) são cobrados impostos sobre os bens do clero. A escolha de um
procuram agir segundo a razão e o interesse do povo, sem contudo abrir papa francês, Clemente V, leva ao estabelecimento da sede do papado na
mão do poder absoluto – o que dá origem ao despotismo esclarecido no cidade francesa de Avignon, em 1306. Em decorrência das disputas entre
século XVIII. a Monarquia francesa e o poder da Igreja, a cristandade ocidental se
divide entre dois papas: um em Roma e outro em Avignon. Esse período
Despotismo fica conhecido como o Cisma do Ocidente (1376-1417). A Monarquia
Despotismo esclarecido nacional francesa se consolida após a Guerra dos Cem Anos, que garante
Forma de governo na qual o poder é exercido de maneira absoluta e a soberania do rei Carlos VII (1403-1461), da dinastia Valois, sobre todo o
arbitrária e a relação entre governante e governado pode ser comparada à território francês.
existente entre senhor e escravo. O conceito nasce com o filósofo grego
Aristóteles, no livro Política, para se referir aos impérios antigos da Ásia, MONARQUIA INGLESA – Tem início quando Guilherme, o Conquis-
em contraposição às formas tirânicas de poder, características da Europa. tador, duque da Normandia, invade a Inglaterra, em 1066. Vitorioso, ocupa
Segundo Aristóteles, no despotismo o poder está ligado à natureza dos o trono e procura manter a autoridade sobre a nobreza. Em 1215, a no-
súditos: dispostos à obediência e incapazes de se autogovernar. Nesse breza feudal, os cavaleiros e os burgueses impõem ao rei João Sem Terra
ponto se diferencia da tirania, na qual o poder depende da natureza do (1199-1216) a Magna Carta, que limita os poderes reais. O documento
governante, que age segundo os próprios interesses. O despotismo distin- impede o soberano de aumentar os impostos e mudar as leis sem a
gue-se também da ditadura por não depender da ocorrência de circuns- aprovação do Grande Conselho, assembleia dos nobres do reino. Durante
tâncias excepcionais, como uma guerra. o reinado seguinte, de Henrique III, o Grande Conselho passa por impor-
Despotismo esclarecido – Forma de governo que se instala em alguns tantes mudanças em sua composição, que dão origem ao Parlamento
Estados absolutistas europeus no século XVIII. Inspirados pelo raciona- inglês, formado pela Câmara dos Lordes (que reúne representantes do
lismo iluminista, os déspotas esclarecidos limitam o poder da Igreja Católi- alto clero e da nobreza) e pela Câmara dos Comuns (que agrega repre-
ca, reduzem os privilégios da aristocracia e do clero, centralizam o poder, sentantes da burguesia). O poder dos barões feudais e dos cavaleiros
favorecem o progresso econômico e estimulam as artes e as ciências. Os ingleses é abalado com a Guerra dos Cem Anos. Após a Guerra das Duas
principais déspotas e seu tempo de reinado são Frederico II (1740-1786), Rosas, a dinastia Tudor consolida a soberania real na Inglaterra.

História 66
APOSTILAS OPÇÃO
Independência da América Espanhola República Unida da América Central e a Confederação Peru-Boliviana,
Processo de emancipação das colônias espanholas no continente entre 1835 e 1838. A fragmentação política da América hispânica pode ser
americano durante as primeiras décadas do século XIX. Resulta das explicada pelo próprio sistema colonial, uma vez que as diversas regiões
transformações nas relações entre metrópole e colônia e da difusão das do império espanhol eram isoladas entre si. Essa situação favorece tam-
ideias liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos bém o surgimento de lideranças locais fortes, os caudilhos, dificultando a
EUA. Recebe influência também das mudanças na relação de poder na realização de um projeto de unidade colonial.
Europa em consequência das guerras napoleônicas.
Independência dos EUA
Durante o século XVIII, a Espanha reformula aspectos de seu pacto Guerra pela independência das 13 colônias inglesas na América do
colonial. A suspensão do monopólio comercial da Casa de Contratação de Norte. O movimento tem início em 1775 com as revoltas dos colonos
Sevilha dá maior flexibilidade às relações comerciais entre metrópole e contra a política financeira do Reino Unido. Resulta na Declaração de
colônia. Mas, ao mesmo tempo, procura impedir o desenvolvimento das Independência, em 1776, e dura até a derrota dos ingleses, em 1781.
manufaturas coloniais e combate o contrabando inglês. Essas medidas
contrariam os interesses da elite colonial, os criollos (descendentes de Política inglesa – De 1756 a 1763, a rivalidade econômica e colonial
espanhóis nascidos na América), que lideram a maioria dos movimentos entre França e Inglaterra provoca a Guerra dos Sete Anos. Parte impor-
emancipacionistas. Eles são considerados inferiores pela elite e proibidos tante desse conflito ocorre na América do Norte, onde a Coroa britânica
de ocupar cargos públicos, civis ou militares. conta com a ajuda dos colonos para obter a vitória e apoderar-se de
diversos territórios franceses, como o Canadá. Apesar de vencedora, a
As guerras travadas peloImpério Napoleônico alteram o equilíbrio de Inglaterra fica em péssima situação financeira e decide cobrar dos colonos
forças na Europa, que se reflete nos domínios coloniais. Em junho de os custos da guerra, taxando vários produtos e instituindo impostos. Em
1808, Napoleão Bonaparte invade a Espanha, destrona o rei Carlos IV e 1764 é aprovada a Lei do Açúcar, que tributa o produto e, um ano depois,
seu respectivo herdeiro, Fernando VII. Impõe aos espanhóis um rei fran- a Lei do Selo, que determina a cobrança de tributos sobre documentos.
cês, seu irmão, José Napoleão (José I). Na América, os cabildos (institui-
ções municipais que são a base da administração colonial), sob comando O estopim da crise entre a colônia e a metrópole é a aprovação da Lei
dos criollos, declaram-se fiéis a Fernando VII e desligam-se do governo de do Chá, que dá o monopólio do comércio do produto à Companhia Britâni-
José I. Passam a exigir ainda maior autonomia, liberdade comercial e ca das Índias Orientais, prejudicando comerciantes norte-americanos.
igualdade com os espanhóis. Reagindo à determinação, comerciantes disfarçados de índio destroem
300 caixas de chá de navios ingleses, no Porto de Boston, em 1773. O
Com a restauração da Monarquia após a derrota de Napoleão, a Es- Parlamento inglês, em represália à insubordinação, vota as Leis Intolerá-
panha passa a reprimir os movimentos emancipacionistas. Diante dessa veis em 1774, que interditam o porto de Boston até o ressarcimento dos
situação, a elite criolla decide-se pela ruptura com a metrópole. Conta com prejuízos e estabelecem punição para os envolvidos em manifestações
a aprovação da Inglaterra, que, interessada na liberação dos mercados contra a Coroa. Essas leis provocam a convocação, no mesmo ano, do
latino-americanos para seus produtos industrializados, contribui militar, Congresso Continental da Filadélfia, de caráter não separatista. Seus
financeira e diplomaticamente com as jovens nações. O Paraguai procla- participantes pedem a revogação da legislação autoritária, em nome da
ma a independência em 1811 e a Argentina, em 1816, com o apoio das igualdade de direitos dos colonos. Em 1775, um destacamento inglês em
forças do general José de San Martín. No Uruguai, José Artigas lidera as Lexington tenta destruir um depósito de armas controlado pelos rebeldes e
lutas contra as tropas espanholas e obtém vitória em 1811. No entanto, a encontra forte resistência por parte das tropas coloniais semi-
região é dominada em 1821 pelo rei dom João VI e anexada ao Brasil, sob improvisadas. O acontecimento, conhecido como Batalha de Lexington, é
o nome de Província Cisplatina, até 1828, quando consegue sua indepen- considerado o marco da guerra pela independência. A partir daí, os colo-
dência. San Martín organiza também no Chile a luta contra a Espanha e, nos organizam-se militarmente, e a revolta contra o Reino Unido instala-se
com o auxílio do líder chileno Bernardo O''Higginsjump: BAHFF, liberta o de forma declarada.
país em 1818. Com isso, alcança o Peru e, com a ajuda da esquadra
marítima chefiada pelo oficial inglês Lord Cockrane, torna-se independente A guerra de independência– Ainda em 1775, o II Congresso da Fila-
do país em 1822. Enquanto isso, no norte da América do Sul, Simón délfia conclama os cidadãos às armas e nomeia George Washington
Bolívar atua nas lutas pela libertação da Venezuela (1819), da Colômbia comandante das tropas norte-americanas. Uma comissão de cinco mem-
(1819), do Equador (1822) e da Bolívia (1825). Em 1822, os dois líderes, bros, liderada por Thomas Jefferson (1743-1826), redige a Declaração de
Bolívar e San Martín, reúnem-se na cidade de Guayaquil, no Equador, Independência, promulgada em 4 de julho de 1776 por delegados de
para discutir o futuro da América hispânica. Bolívar defende a unidade das todos os territórios. Inspirada nos ideais do iluminismo, defende a liberda-
ex-colônias e a formação de uma federação de repúblicas, e San Martín é de individual e o respeito aos direitos fundamentais do ser humano. A luta
partidário de governos formados por príncipes europeus. A tese de Bolívar contra os soldados ingleses é dificultada pelo grande número de colonos
volta a ser discutida no Congresso do Panamá, em 1826, mas é rejeitada. ainda fiéis à metrópole. A ajuda decisiva para a consolidação da indepen-
dência vem da França. Motivados pelos ideais libertários norte-americanos
Em toda a América hispânica há participação popular nas lutas pela e querendo revidar a derrota sofrida para os ingleses, os franceses dão
independência, mas a elite criolla se mantém hegemônica. No México, no dinheiro aos rebeldes e aliciam os espanhóis na campanha. Em 1781, o
entanto, a mobilização popular adquire contornos de revolução social: a Exército inglês rende-se em Yorktown, depois de sitiado por tropas rebel-
massa da população, composta de índios e mestiços, rebela-se ao mesmo des. O Tratado de Versalhes, em 1783, reconhece a independência dos
tempo contra a dominação espanhola e contra os criollos. Liderados pelos Estados Unidos da América e recompensa seus aliados: a França recupe-
padres Hidalgo e Morelos, os camponeses reivindicam o fim da escravi- ra Santa Lúcia, Tobago e suas possessões no Senegal; a Espanha anexa
dão, a divisão das terras e a abolição de tributos, mas são derrotados. Os a ilha de Minorca e a região da Flórida.
criollos assumem a liderança do movimento pela independência, que se A Constituição – A Constituição dos EUA é promulgada em 1788 e
completa em 1821, quando o general Itúrbide se torna imperador do representa um compromisso entre a tendência republicana, defensora da
México. O movimento pela emancipação propaga-se pela América Central autonomia política para os estados, e a federalista, que defende um poder
(que havia sido anexada por Itúrbide), resultando na formação da Repúbli- central forte. Adota a República federativa presidencialista como forma de
ca Unida da América Central (1823-1838), que mais tarde dá origem a governo, a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário e
Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. O Panamá o estabelecimento de direitos civis e políticos, como a liberdade de ex-
obtém independência em 1821 e a República Dominicana, em 1844. Cuba pressão, de imprensa e de crença religiosa.
permanece como a última possessão espanhola no continente até a
Guerra Hispano-Americana. Ao contrário da América portuguesa, que Idade Moderna
mantém a unidade territorial após a independência, a América espanhola 1453 – Marco de ruptura entre a Idade Média e a Idade Moderna, a
divide-se em várias nações, apesar de tentativas de promover a unidade, tomada de Constantinopla pelo Império Turco-Otomano provoca mudan-
como a Grã-Colômbia, reunindo Venezuela e Colômbia, de 1821 a 1830, a ças significativas nas relações de poder no Mediterrâneo. O bloqueio das

História 67
APOSTILAS OPÇÃO
rotas comerciais entre Europa e Ásia pelos turcos gera grande prejuízo mais importantes bases teóricas da Revolução Francesa. É editada com o
econômico, levando os europeus a procurar novos caminhos para a Ásia objetivo de reunir o conhecimento existente na época sobre artes, ciência,
pelo oceano Atlântico. filosofia e religião. Fundamentada no racionalismo, a Enciclopédia ou
1453-1485 – A disputa pelo trono inglês, travada entre a casa real de Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios atrai colabora-
Lancaster, cujo brasão tem uma rosa vermelha, e a de York, que possui dores como Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Quesnay.
uma rosa branca, provoca a Guerra das Duas Rosas. O conflito termina 1756-1763 – Inglaterra e França enfrentam-se na Guerra dos Sete
com a conquista do trono por Henrique Tudor, que unifica as duas alas da Anos, motivada sobretudo por disputas de colônias na Índia e na América
nobreza e restaura a autoridade real. Com o nome de Henrique VII, ele do Norte. A Inglaterra vence a guerra e consolida seu domínio em grande
inaugura a dinastia Tudor, responsável pela implantação do absolutismo parte do império colonial francês.
na Inglaterra. 1765 – James Watt aperfeiçoa o motor a vapor, a primeira forma regu-
1468-1591 – Sunni Ali Ber funda o Império Songhai ao conquistar o lar e estável de obtenção de energia inventada pelo homem e marco da
centro comercial de Gao (no atual Mali). No governo de Askia (1492- Revolução Industrial.
1528), o império já compreende os territórios dos atuais Burkina Fasso, 1776 – A revolta de colonos na América do Norte contra a política fi-
Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal. É o maior nanceira imposta pelo Reino Unido leva à independência dos Estados
império da história da África Ocidental. Seu declínio tem início quando Unidos. O estopim da rebelião é a aprovação da Lei do Chá, que dá o
Askia, já cego, é deposto por seu filho. Em 1591, o exército marroquino monopólio do comércio do produto à Companhia Britânica das Índias
conquista o território. Orientais, prejudicando os comerciantes locais. A igualdade de direito dos
1479-1492 Formação da monarquia nacional espanhola. O casamen- colonos é reivindicada em 1774, durante o Congresso Continental da
to de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1469, impulsiona a Filadélfia. Em 1775, a partir da Batalha de Lexington, os colonos organi-
união dos dois reinos ibéricos, que passam a ter uma única administração zam-se militarmente e a guerra contra a metrópole é declarada. Ainda
dez anos depois. Em 1492, o reino se consolida com a conquista de naquele ano, uma comissão de cinco membros, liderada por Thomas
Granada, última região sob ocupação islâmica na Espanha. Jefferson (1743-1826), redige a Declaração de Independência, promulga-
1487 – Bartolomeu Dias contorna o cabo da Boa Esperança, no ex- da no dia 4 de julho de 1776. Em 1783, a Inglaterra reconhece a indepen-
tremo sul do continente africano, abrindo caminho para o Oriente. Em dência dos Estados Unidos da América pelo Tratado de Versalhes.
1498, Vasco da Gama atinge Calicute, na Índia. 1789 – Os 13 estados norte-americanos Carolina do Norte, Carolina
1492 – Convencido da esfericidade da Terra, o navegador genovês do Sul, Connecticut, Delaware, Geórgia, Maryland, Massachusetts, New
Cristóvão Colombo propõe a Portugal alcançar as Índias pelo Atlântico. Hampshire, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia, Rhode Island e Virgínia
Rechaçado, leva ao rei espanhol o mesmo projeto. Parte, então, em 3 de – ratificam a primeira Constituição da história, que serve de modelo para a
agosto, do porto espanhol de Palos com sua frota formada pelos navios maioria das repúblicas surgidas no mundo. A Constituição institui a sepa-
Santa Maria, Pinta e Niña. No dia 12 de outubro, data do descobrimento ração entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e cria um siste-
da América, Colombo aporta na ilha de San Salvador (Bahamas), pensan- ma de dupla soberania, em que o Estado Federal possui atribuições acima
do ter chegado às Índias. dos estados. No mesmo ano, George Washington torna-se o primeiro
presidente dos Estados Unidos. No século XIX o país expande seu territó-
1500 – O navegador Pedro Álvares Cabral e sua esquadra atingem o rio por meio de compra de possessões, de guerras e conquistas de territó-
litoral sul da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil. rios indígenas.
1517-1564 – A contestação da estrutura e dos dogmas da Igreja Cató-
lica desencadeia a Reforma Protestante, que quebra a unidade do cristia-
nismo. A reforma favorece a monarquia europeia, interessada em acabar ___________________________________
com os privilégios da Igreja. Também beneficia a burguesia, ao intensificar
o progresso comercial e urbano, com uma nova religião mais afinada com ___________________________________
o capitalismo e o nacionalismo emergentes. ___________________________________
1534 – Ignácio de Loyola funda a Companhia de Jesus, com a missão
___________________________________
de ser uma ordem de ação política e ideológica da Igreja Católica.
1542 – A Inquisição é restabelecida como órgão oficial da Igreja, diri- ___________________________________
gida de Roma pelo Santo Ofício. O tribunal detém com violência o avanço _______________________________________________________
protestante em Portugal, Espanha e Itália.
1545-1563 – A Reforma Protestante e as pressões internas pela re- _______________________________________________________
novação das práticas e pela atuação política do clero levam a Igreja _______________________________________________________
Católica a formular a Contra-Reforma. Suas diretrizes são definidas no
Concílio de Trento, que reafirma todos os dogmas e institui o Index Libro- _______________________________________________________
rum Prohibitorum, lista de livros proibidos aos católicos, sob pena de _______________________________________________________
excomunhão.
1547-1917 – Adotando o título de czar, inspirado no César latino, Ivan _______________________________________________________
IV, o Terrível funda o Império Russo. Mas somente em 1613, durante a _______________________________________________________
dinastia Romanov, o Estado russo é unificado. Pedro I, o Grande cria o
Santo Sínodo, que coloca a Igreja sob controle do czar. O dirigente tam- _______________________________________________________
bém une a aristocracia ao governo absolutista, garantindo ao regime uma
_______________________________________________________
estabilidade que duraria até 1917, ano da Revolução Russa.
1572 – Em 24 de agosto, a rainha católica Catarina de Médicis ordena _______________________________________________________
o assassinato de mais de 3 mil protestantes em Paris, episódio conhecido _______________________________________________________
como Noite de São Bartolomeu. O massacre não poupa mulheres nem
crianças e termina apenas três dias depois. _______________________________________________________
1600 – Fundação da Companhia Britânica das Índias Orientais com o _______________________________________________________
objetivo de explorar o comércio inglês com o Oriente, o Sudeste da Ásia e
a Índia. Mais tarde, a organização envolve-se com questões políticas a _______________________________________________________
atua como agente do imperialismo britânico na Índia. _______________________________________________________
1618-1648 – Protestantes e católicos enfrentam-se na Guerra dos
Trinta Anos surge no auge do iluminismo e se transforma em uma das _______________________________________________________

História 68
FILOSOFIA
APOSTILAS OPÇÃO
continentes. Para constatar, basta examinar os programas ‘propostos’ e o
discurso com o qual é apresentado atualmente o ensino da história. No
entanto, em muitos desses países, quando o ensino da história é criticado

Filosofia ou acusado, quando provoca debates, como muitas vezes acontece, não é
porque as pessoas se inquietam com o alcance dos objetivos de formação
que lhe são oficialmente atribuídos, mas ‘em razão’ dos conteúdos fatuais,
por se julgar que certos elementos estariam ausentes e que outros estari-
am sendo ensinados em lugar de coisa melhor, como se o ensino da
história continuasse sendo o veículo de uma narração exclusiva que
precisa ser assimilada custe o que custar. Vê-se aí o estranho paradoxo
1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA: 1.1. História de um ensino destinado a uma determinada função, mas acusado de não
da Filosofia: instrumentos de pesquisa. 1.2. cumprir outra que não lhe é mais atribuída. Há numerosos casos assim
Introdução à Filosofia da Ciência. 1.3. In- neste fim de século e alguns deles serão evocados aqui. Em seguida, e
trodução à Filosofia da Cultura. 1.4. Intro- para concluir, consideraremos um outro paradoxo decorrente do primeiro:
dução à Filosofia da Arte. 1.5. O intelecto: o de se acreditar que pela manipulação dos conteúdos é possível dirigir as
empirismo e criticismo. 1.6. Democracia e consciências ou as memórias, quando a experiência do presente século
justiça. 1.7. Os direitos humanos. 2. FILO- mostra que está longe de ser tão certo assim quanto tantos parecem
SOFIA E EDUCAÇÃO: 2.1. O eu racional: acreditar, o que provavelmente não passa de uma grande ilusão.
introdução ao sujeito ético. 2.2. Introdução
à bioética. 2.3. A técnica. 3. IMPORTÂNCIA EXEMPLOS ILUSTRATIVOS (1):
DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA: 3.1. O PARA MANTER A ORDEM ESTABELECIDA
homem como um ser da natureza. 3.2. A A maioria das vezes, o que está em jogo nos debates a respeito dos
concepção platônica da desigualdade. 3.3. A conteúdos do ensino da história é a manutenção de uma determinada
desigualdade segundo Rousseau. tradição. O caso dos National Standards for History nos Estados Unidos é
um bom exemplo disso.
Nos Estados Unidos, como se sabe, a educação é da responsabilida-
de dos Estados e não da administração federal. Há algum tempo, no
Introdução
entanto, o governo federal americano vinha se mostrando inquieto com
O resumo que se segue divide-se em tópicos e sub tópicos que con- relação ao ensino da história, por duas razões, entre outras. Primeiro,
densam os principais temas tratados pelo autor em seu livro. Essa divisão porque se julgava que os homens de negócios americanos perdiam muito
não segue, necessariamente, a estrutura dos capítulos contidos na obra. por conhecerem insuficientemente as culturas estrangeiras; em seguida,
Optou-se por essa forma de apresentação com vistas a facilitar a compre- porque se acreditava que a história facilitaria a integração das minorias
ensão do conteúdo do livro e a dar mais peso a temas de maior relevância culturais. Já na administração do presidente Reagan, um relatório sobre a
para o concurso. Ainda para tornar o conteúdo do livro de mais fácil assi- educação intitulado A Nation at Risk fizera referência à educação histórica;
milação, houve a preocupação de buscar elementos esclarecedores em na de Bill Clinton, os governadores dos Estados aprovaram um projeto de
outras obras do mesmo autor ou de autores comentadores. reforma da educação, o projeto America 2000, que insistia para que a
história se tornasse matéria básica para todos. No mesmo momento,
Houve um tempo em que o ensino da história nas escolas não era
outros se preocupavam com a erosão dos conhecimentos culturais dos
mais do que uma forma de educação cívica. Seu principal objetivo era
jovens americanos, ou com o espaço crescente ocupado pelo ensino de
confirmar a nação no estado em que se encontrava no momento, legitimar
social studies ao lado das disciplinas tradicionais de história e geografia.
sua ordem social e política - e ao mesmo tempo seus dirigentes - e incul-
car nos membros da nação - vistos, então, mais como súditos do que Foi nesse contexto que um grupo de historiadores e de pedagogos,
como cidadãos participantes - o orgulho de a ela pertencerem, respeito juntamente com várias centenas de consultores e de especialistas de
por ela e dedicação para servi-la. O aparelho didático desse ensino era todas as partes, elaborou um projeto de normas nacionais para o ensino
simples: uma narração de fatos seletos, momentos fortes, etapas decisi- da história, os national standards para o ensino de história dos Estados
vas, grandes personagens, acontecimentos simbólicos e, de vez em Unidos e de história geral. Em tais circunstâncias, o que devia ser apenas
quando, alguns mitos gratificantes. Cada peça dessa narrativa tinha sua um conjunto de sugestões apresentadas aos Estados logo se transformou
importância e era cuidadosamente selecionada. numa querela nacional. A direita se enfureceu. Embora sugerindo certos
conteúdos, pois não se pode ensinar história sem conteúdos, o que os
Essa maneira de ensinar a história foi se tornando menos necessária standards propunham, essencialmente, eram objetivos de formação, mas
à medida que as nações foram percebendo que estavam bem assentadas somente os conteúdos são atacados.
e cessaram de temer por sua própria existência. Nos países ocidentais, o
fim da Segunda Guerra Mundial foi o marco de uma etapa importante. O O que se diz é que, com essa abertura à história mundial, as tais
resultado da guerra foi percebido como a vitória da democracia, uma normas estariam insuflando um relativismo cultural e colocando em perigo
democracia cujo princípio não se discutia mais a partir de então, mas que a civilização ocidental branca e cristã e, consequentemente, a civilização
precisava agora funcionar bem, ou seja, com a participação dos cidadãos, americana; ao se abrir à história social, aos imigrantes, às mulheres, aos
como manda o princípio democrático. A ideia de “cidadão participante” negros, ao tratar do Klu Klux Klan e do McCartysmo, as normas estariam
começou a substituir a de “cidadão-súdito” . O ensino da história não querendo obscurecer heróis como Washington, Thomas Edison ou Paul
deixou de ganhar com isso. Ao contrário, viu a função de educação para a Revere e deixando apenas um pequeno espaço para a Constituição.
cidadania democrática substituir sua função anterior de instrução nacional. Mesmo que o governo federal não tenha nada a ver com a educação,
Newt Gingrich, líder republicano na Câmara, conseguiu levar a questão ao
Grosso modo, dali em diante era preciso tornar os jovens capazes de Senado e fez com que os senadores se pronunciassem sobre os stan-
participar democraticamente da sociedade e desenvolver neles as capaci- dards: 99 deles votaram contra, um se absteve (porque não achava a
dades intelectuais e afetivas necessárias para tal. Os conteúdos fatuais condenação bastante consistente).
passavam a ser menos determinados de antemão, menos exclusivos, Pouco tempo antes, um debate semelhante ocorrera na Inglaterra a
abrindo-se à variedade e ao relativo. Contudo, o mais importante é que, respeito do ensino da história. Na Inglaterra, não havia um programa
como o desenvolvimento das capacidades se dá com a prática, a pedago- nacional para essa disciplina. As escolas e os professores gozavam de
gia da história passava de uma pedagogia centrada no ensino para uma uma grande liberdade na definição e na prática do ensino. Eles haviam,
pedagogia centrada nas aprendizagens dos alunos. contudo, elaborado um programa, o Schools Council History Project, que
Todos os países ocidentais parecem ter percorrido esse caminho, e terminara sendo adotado por aproximadamente um terço dos professores
também é o que ocorre com muitos outros países espalhados pelos cinco e exercia uma grande influência sobre o ensino de história em geral. Era

Filosofia 1
APOSTILAS OPÇÃO
um programa moderno, que seguia a tendência dos programas atuais dos, mas somente depois de passarem por um exame, baseado essenci-
descritos na introdução, mas ensinado com essa grande liberdade desfru- almente no pensamento liberal. Exames do mesmo tipo foram emprega-
tada pelos professores britânicos e, portanto, com muita variedade nos dos noutros lugares. Às vezes, havia até questões sobre a Bíblia.
conteúdos. O governo conservador da época, e a própria Margaret Ainda na Alemanha Oriental, como os manuais não podiam ser refei-
Thatcher, preocuparam-se com isso. Podia acontecer, e efetivamente tos de um dia para o outro, começaram a ser importados manuais da
acontecia, que se ensinasse pouco a respeito da Inglaterra e de seu Alemanha Ocidental. Assim, na Saxônia, um dos länder mais avançados
passado glorioso, por exemplo, nos enclaves de comunidades culturais econômica e culturalmente, o ano letivo de 1991 foi iniciado com manuais
onde se procurava tornar a história facilmente acessível aos alunos, com de história da Baviera, onde a corrente conservadora é muito importante.
assuntos próximos da realidade deles, em detrimento, segundo os conser-
vadores, da aquisição de uma memória comum bem britânica. Mesmo não sendo sempre tão brutal, a mudança é geralmente brus-
ca. Na Rússia, por exemplo, mal a glasnost havia começado e já se julga-
Foi iniciada, então, a preparação de exames nacionais, seguida de va que os instrumentos usados no ensino da história deviam ser substituí-
um programa nacional de história, o National Curriculum for History, com dos. E como eles não podiam ser substituídos instantaneamente, foram
os conteúdos desejados pelos conservadores, é claro. Aqui, mais uma suspensos os exames oficiais e, em muitas escolas, o próprio ensino de
vez, o debate em torno dos conteúdos, tanto na mídia quanto na opinião história. Na Ucrânia, desde o início da liberalização, houve três fases de
pública, foi intenso e durou vários anos. Mas o debate também foi intenso transição: do totalitarismo à democracia, da economia dirigida ao livre
entre os professores, muitos dos quais resistiram e acabaram conseguin- mercado, de república dependente a Estado independente. Conforme a
do um acordo que passou a vigorar desde o início do ano letivo de 1995, socióloga Irina Bekeshkina, cada uma dessas fases foi acompanhada por
acordo esse que preserva em parte os objetivos de formação que eles uma nova interpretação histórica, cada uma delas amparada por um novo
queriam conservar, embora com abundantes conteúdos pré-determinados. discurso político. Assim, segundo ela, o capitalismo, que era definido
Muitos outros exemplos ilustrativos poderiam ser citados. Lembremo- como “um sistema de exploração moribundo”, tornou-se “um futuro bri-
nos de um outro debate vigoroso que agitou a França na década de 1970 lhante”; a nação, antigamente “destinada a desaparecer no processo de
e no início da década de 1980, quando da implantação de uma reforma reunião da comunidade soviética”, tornou-se a base fundamental da vida
dos programas de história, a qual, pela primeira vez, rompia com a tradi- humana e da história.
ção dos programas iniciada na Terceira República. Centrados no aluno, Na pressa, cada comunidade quer seu manual, sua narrativa histórica
orientados para o desenvolvimento das capacidades e privilegiando uma própria. Quando não é possível prepará-lo com bastante rapidez, usam-se
pedagogia de aprendizagem pela descoberta, e não uma pedagogia da velhos livros, totalmente ultrapassados do ponto de vista historiográfico.
recepção, os novos programas pareciam negligenciar alguns personagens Assim, para os quatro milhões de lituanos, foi novamente publicada, com
nacionais da cronologia tradicional. Houve indignação em todas as famí- uma tiragem de 155.000 exemplares, uma história da Lituânia que data da
lias políticas, ao ponto de se ver surgir aquela estranha coligação formada década de 1930. Aconteceu a mesma coisa na República Tcheca, onde,
pelo gaullista Michel Debré, pelo socialista Jean-Pierre Chevenement e após os acontecimentos de 1989, os editores colocaram de novo no
pelo historiador popular Alain Decaux, coligação essa que foi batizada mercado os manuais de história do Estado tcheco e tchecoslovaco publi-
pelos jornalistas de “Santa Aliança da História Nacional”. Dois presidentes, cados entre 1918 e 1938 ou entre 1945 e 1948. Em outros lugares, acon-
sucessivamente, vieram juntar-se ao cortejo de indignados: Valéry Gis- tece de simplesmente traduzirem os manuais de história estrangeiros,
card-d’Estaing e, depois, François Mitterrand, que declarou estar “escan- como na Rússia, onde existe atualmente o projeto de tradução de um
dalizado e angustiado com as carências do ensino da história”. A reforma manual americano de história geral que, a meu ver, os jovens russos vão
não resistiu durante muito tempo e, a partir de meados da década de achar bem estranho.
1980, voltava-se ao que havia de mais convencional.
Cada comunidade quer ver a sua própria história contada. Na Rússia,
É interessante notar quanto interesse, quanta vigilância e quantas in- mais uma vez, um colega me disse estar ligado ao projeto de elaboração
tervenções o ensino de história suscita nos mais altos níveis. A história é do manual de uma pequena comunidade do Norte, composta de 50.000
certamente a única disciplina escolar que recebe intervenções diretas dos habitantes, aproximadamente, que patrocina, com a ajuda de um imposto
altos dirigentes e a consideração ativa dos parlamentos. Isso mostra quão especial, a redação de sua história singular. Na Bósnia, cada comunidade
importante é ela para o poder. também deseja tanto ter o seu próprio ensino de história que são redigidos
manuais diferentes, com narrativas e heróis diferentes - às vezes adversá-
EXEMPLOS ILUSTRATIVOS (2): rios - para os jovens sérvios, croatas ou muçulmanos. Até pensaram em
QUANDO OS ESTADOS SE RECONSTITUEM adotar programas de história diferentes numa mesma escola.
Entre as decisões tomadas pelos vencedores ao fim da Segunda Nessas histórias, encontram-se frequentemente os antigos defeitos
Guerra Mundial, houve a de proibir o ensino da história ministrado nos das historiografias nacionalistas escolares que pensávamos já terem
países vencidos, a fim de neutralizar seus conteúdos fatuais antes de desaparecido: legitimação, justificação, glorificação, mitificação, mobiliza-
substitui-los por outros. Foi uma das primeiras decisões, senão a primeira, ção das consciências, às vezes com a inteira submissão do ensino da
do Alto Comando aliado em Berlim; a mesma coisa se deu na Itália e no história à causa de um nacionalismo exaltado. Assim, na Estônia, os
Japão. próprios autores da reforma do ensino de história explicam: “Toda a refor-
Cinquenta anos mais tarde, apesar do avanço efetuado pelo ensino ma do ensino da história devia ser, antes de tudo, uma luta para resgatar
de história, ainda é assim que o tratam quando se passa de um regime a e reforçar a identidade nacional. Toda a história estoniana foi reorganiza-
outro. Os ex-países do leste europeu oferecem inúmeros exemplos disso. da, no novo programa reformulado, seguindo uma linha nacionalista. A
trama histórica foi sobreposta ao projeto nacional”12. Também foi assim
Na maioria deles, mal a transição começou, o ensino de história já era
na Eslovênia, onde Vesna Gidiva e Valentina Hlebec constatam que: “É
submetido à revisão: revisão dos programas e dos manuais, e sobretudo
mais do que evidente que ensinar história é antes de tudo um trabalho
dos manuais, mais do que da pedagogia, pois tudo isso é principalmente
ideológico e político e não uma questão de normas profissionais”.
uma questão de narrativa. Grosso modo, essa revisão consiste em rees-
crever, apagando aquilo que se quer esquecer do antigo regime e introdu- Se os ex-países do leste europeu oferecem bons exemplos da manei-
zindo ou reintroduzindo-as famosas “páginas brancas” - o que parece ra como a história é tratada quando um Estado é reconstituído, não é só
necessário para a construção ou consolidação da memória coletiva que se nesses países, evidentemente, que ocorrem tais situações. Pensemos na
quer agora. África do Sul, por exemplo, onde foi só após um debate muito longo e
árduo - a narrativa de uma história negra? branca? com que densidade
Às vezes, o realinhamento é brutal. Foi assim na ex-Alemanha Orien-
relativa de branco e de negro? - que o Ministério da Educação acabou
tal. De um dia para o outro, ou quase, os manuais foram retirados e os
elaborando seu projeto para a redação de novos manuais e conseguiu
professores de história foram suspensos: porque estudaram e ensinaram
fazer com que o Parlamento o aprovasse (mas o debate corre o risco de
“a história errada”, e não se via como poderiam, agora, ensinar a “certa”. É
continuar, pois os novos manuais só são esperados para o ano 2000).
claro que isso provocou reações. Os sindicatos se envolveram, os meios
Pensemos igualmente na China, onde, três meses antes da reanexação
de comunicação, entre os quais os estrangeiros, abordaram o assunto.
de Hong Kong, o ministro dos Assuntos Exteriores já estava anunciando,
Decidiu-se, então, que os professores seriam, eventualmente, recontrata-
Filosofia 2
APOSTILAS OPÇÃO
diante da Assembleia Nacional Popular, que os manuais seriam revistos, da necessidade de instaurar a unidade muçulmana em todos os setores”;
pois, explicava ele, “o conteúdo de certos livros escolares atualmente “o que procuramos destacar, através dos assuntos escolhidos para esse
usados em Hong Kong não está conforme à História e à realidade. Eles programa, é que os povos muçulmanos formaram, ao longo da história,
não são compatíveis com as mudanças que vão ocorrer em 1997 e são uma única comunidade ligada por laços de cooperação e de complemen-
contrários ao espírito do princípio ‘um país, dois sistemas’, bem como à taridade”. Enfim, o programa consiste numa longuíssima lista das matérias
Constituição”. Como se dizia em Moscou, o passado é imprevisível! É a serem ensinadas, matérias que representam as balizas detalhadas de
verdade que a China ainda não tem a obrigação de implantar um ensino uma outra narrativa feita sob medida para dar uma roupagem à única
da história que prepare para a participação democrática. identidade almejada.
Atualmente, entre os indígenas das Américas, também está surgindo
EXEMPLOS ILUSTRATIVOS (3): PARA LUTAR CONTRA O ESTADO uma vontade similar de ter uma narrativa histórica que se situe delibera-
Às vezes, são grupos dissidentes que atacam as narrativas históricas damente acima dos Estados. Assim, a última parte do programa nacional
impostas ao ensino pelo Estado. No Japão, por exemplo, há várias déca- de história do Quebec e do Canadá adotado pelos índios Cris trata, ironi-
das historiadores e professores, apoiados por diversos grupos, entre os camente, do advento da “pátria cri”.
quais uma associação para a verdade na história composta de milhares de Essas são algumas ilustrações daquilo que anunciamos na introdução
membros, combatem a censura que o Ministério da Educação exerce como um primeiro paradoxo: enquanto na maioria dos países se diz que o
sobre o conteúdo dos manuais. É uma censura muito rigorosa. Tudo o objetivo do ensino da história é desenvolver nos alunos as capacidades de
que, aos olhos do ministério, poderia diminuir a imagem positiva do Japão que o cidadão precisa para participar da sociedade de maneira autônoma
na história é proibido. Para contar os fatos, é preciso utilizar um vocabulá- e refletida, o ensino da história, ainda é, muitas vezes, reduzido a uma
rio padronizado. Assim, para falar da invasão da China pelo Japão na narrativa fechada, destinada a moldar as consciências e a ditar as obriga-
década de 1930, deve-se falar de “progressão militar”; para falar da pilha- ções e os comportamentos para com a nação. Observou-se que, quando,
gem de Nankin em 1937, quando 150.000 civis foram massacrados, em nosso mundo, há um debate público em torno do ensino da história, é
conta-se que “o exército japonês ocupou a cidade num ambiente de essa narrativa que está quase sempre em jogo.
agitação excessiva e de cólera”; é preciso escrever “incidente” ao invés de Essa observação nos leva a constatar um segundo paradoxo: o de
“revolta”, “suicídio coletivo de civis” ao invés de “massacre”, “mulheres de acreditar em semelhante ensino da história, quando muitos fatos parecem
conforto” ao invés de “prostitutas” De manifestação em manifestação, de mostrar que pensar que ainda é possível regular as consciências e os
processo em processo - alguns dos quais chegaram até à corte suprema -, comportamentos por meio do ensino da história não passaria de uma vã
bem como sob as pressões estrangeiras, a situação parece estar se ilusão. A experiência, de fato, mostra outra coisa. Aqui vão alguns exem-
amenizando um pouco. De fato, não é mais necessário falar da anexação plos disso.
da Coreia em 1910 como sendo uma “fusão pacífica”, e o Primeiro Minis-
tro aceitou reconhecer, há algum tempo, a questão das “esposas de Para começar, vejamos o que ocorre em Quebec. Durante mais de
consolação”. Nesse ensino da história, porém, são sempre e unicamente meio século, os únicos objetivos do ensino da história eram ensinar aos
os termos da narrativa que estão em causa. canadenses de língua francesa a necessidade de sobreviver enquanto
povo e de proteger a língua e a fé, além da adesão ao grande todo cana-
No México, em 1992, é uma coalizão de liberais e de progressistas dense, que era a garantia para tal sobrevivência. Assim, lia-se entre os
que ataca os manuais de história para o primário que o governo de Carlos objetivos principais dos programas: “O estudo da história de nosso país
Salinas queria impor. No contexto das negociações do mercado comum contribuirá para formar melhor o bom cidadão do Canadá de amanhã”;
norte-americano, os novos manuais elogiavam as políticas econômicas “fazer desse ensino uma verdadeira lição de educação nacional que
presentes e passadas do México e sua abertura ao capitalismo internacio- desenvolva em todos os nossos alunos o orgulho legítimo de dizer que
nal, ao mesmo tempo que minimizavam os episódios contestatórios ou são cidadãos do Canadá e a ambição de se tornar um perfeito cidadão e
revolucionários de sua história. O debate foi enérgico e os manuais foram de contribuir para o progresso e para a grandeza do povo canadense”.
revistos.
Muitas pessoas da minha geração poderiam dar testemunho de que
A narrativa histórica pode também ser vista como uma tomada de po- os programas eram seguidos à risca. No entanto, na primeira oportunida-
der por grupos sem poder. Vejamos um exemplo disso no Brasil, onde, em de, na virada dos anos 1950, os quebequenses fizeram, em alguns me-
vários Estados, principalmente em Minas Gerais e São Paulo, os professo- ses, exatamente o oposto do que lhes vinha sendo ensinado, dia após dia,
res de história haviam lutado, durante a ditadura, para conseguir um há mais de meio século. E logo a metade deles começou a dizer que
programa cujo conteúdo fosse definido de acordo com seu ponto de vista queria se separar daquele Canadá que haviam querido obrigá-los a amar.
de militantes. No caso de Minas Gerais, eles queriam opor aos programas
oficiais, de cunho nacionalista e positivista, um conteúdo de história mar- Outro exemplo na ex-União Soviética. Durante várias décadas, havi-
xista clássico que apresentasse as etapas sucessivas de formação eco- am ensinado ali, por meio da história, que o capitalismo era o inferno e
nômica e integrasse o nacional ao universal. Tratava-se, sobretudo, de que o socialismo abriria as portas do paraíso. O que fizeram os membros
trocar uma narrativa por outra narrativa. Esse programa foi conseguido das diversas repúblicas assim que tiveram a oportunidade? Escolheram o
com a redemocratização, mas, agora, como o combate, em grande parte, inferno!
esgotou-se, parece que os professores fazem menos questão de afirma- Outro exemplo, desta feita na Alemanha. Uma pesquisa recente mos-
rem seu poder. tra que os jovens da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental, oriun-
dos de sociedades que conheceram ensinos de história bem diferentes,
EXEMPLOS ILUSTRATIVOS (4): não apresentam, no entanto, diferenças significativas em suas representa-
DEFINIR UMA IDENTIDADE SUPRANACIONAL ções, conceitos e atitudes.
Todos os exemplos anteriores de fixação em relação à narrativa histó- Outro exemplo, tirado também da pesquisa que acaba de ser mencio-
rica e à sua manipulação ocorriam no âmbito da nação. Mas pode ocorrer nada: na Cisjordânia e na banda de Gaza, onde o exército israelita contro-
que se queira oferecer uma narrativa situada além desse contexto e que la o ensino da história e censura os manuais, os jovens palestinos desen-
até reduza o seu alcance. É o caso do projeto de ISESCO de propor aos volveram uma consciência histórica sem relação com os conteúdos do
alunos dos países muçulmanos um programa islâmico de ensino da ensino da história.
história. Trata-se de ensinar, aos alunos dos diferentes países, que, Tudo isso para dizer que é possível que todos esses esforços para
apesar de suas identidades nacionais, eles pertencem antes de tudo à controlar os conteúdos do ensino da história, bem como os debates que
grande comunidade dos muçulmanos. Os seguintes trechos dos objetivos isso provoca, estejam alicerçados numa ilusão. Neste fim de século, é
do projeto dão testemunho disso: “enraizar o aluno em sua identidade possível que a narrativa histórica não tenha mais tanto poder, que a
individual e nacional, fixando-o na comunidade muçulmana e destacando família, o meio ao qual se pertence, circunstâncias marcantes no ambiente
o fato de que sua identidade o liga intimamente, por meio de laços indelé- em que se vive, mas sobretudo os meios de comunicação, tenham muito
veis, religiosos, históricos e culturais, à comunidade islâmica”; “desenvol- mais influência. O que deveria nos levar a não perder de vista a função
ver no aluno o senso da responsabilidade e o sentimento de orgulho em social geralmente declarada hoje a respeito do ensino da história: formar
relação à comunidade islâmica, com base na força desta e na convicção
Filosofia 3
APOSTILAS OPÇÃO
indivíduos autônomos e críticos e levá-los a desenvolver as capacidades Trabalhando sobre o conceito de “representação” de Moscovici, bas-
intelectuais e afetivas adequadas, fazendo com que trabalhem com conte- tante utilizado na investigação educacional, a autora busca dar conta tanto
údos históricos abertos e variados, e não com conteúdos fechados e da forma singular como um corpo de ideias se processa no indivíduo,
determinados como ainda são com frequência as narrativas que provocam respeitando a sua contextura psicológica autônoma, como das condições
disputas. Senão, essas guerras de narrativas desencadeadas em todo o sociais reais de sua produção (Lelis e Nunes, 1999).
mundo vão acabar gerando somente perdedores, tanto no que diz respeito A tese central de Mello passa, nesse momento, pela defesa da com-
à identidade nacional quanto em relação à vida democrática. petência técnica do professor vista como mediação através da qual se
realizaria o sentido político da educação escolar. Nestes termos, a compe-
DO ENSINO DE CONTEÚDOS AOS SABERES DO tência técnica envolveria tanto o domínio dos conteúdos de ensino de
PROFESSOR: MUDANÇA DE IDIOMA PEDAGÓGICO? história pelo professor como o seu entendimento a respeito das relações
Assistimos na última década ao aparecimento de uma literatura inter- entre os vários aspectos da escola, incluindo-se o peso da formação sobre
nacional bastante fértil no campo da formação de professores, em especi- o modo como percebe a organização da escola e os resultados de sua
al sobre os conhecimentos incorporados e atualizados pelos professores ação.
de história em seus processos de vida, de trabalho e de formação. Bem diversa da tendência tecnicista dos anos de1970, Mello denuncia
Sob matrizes diversas, o que parece ser consenso é a valorização da ainda a lógica subjacente à organização do trabalho no interior da escola
prática cotidiana como lugar de construção de saberes. Em que pese a que acabara por fazer com que o professor perdesse seus instrumentos
fertilidade da produção acadêmica há, contudo, zonas de sombra que de trabalho: do conteúdo (saber) ao método (saber fazer), restando uma
precisam ser desvendadas, se considerarmos os desafios de uma escola técnica sem competência. Na busca por mapear as causas da precarieda-
de massa e o lugar que nela desempenha o trabalho do professor, especi- de da prática docente, estaria a dificuldade do professor em se perceber
almente em sociedades como a nossa que não equacionaram o problema como parte do problema do ponto de vista das deficiências de sua forma-
da desigualdade social e escolar. ção (Mello, 1982).
Se é verdade que a problemática específica do saber escolar e do sa- De certa forma, essa tese provoca impacto e gera um debate intelec-
ber docente, enquanto tal, só muito recentemente passou a se constituir tual, na medida em que faz emergir uma polêmica em torno do significado
em objeto de pesquisa no Brasil, também é verdade que velhos temas já de uma suposta concepção universal sobre competência, acima dos
trabalhados desde a década de 1980 reapareceram travestidos com nova interesses de classe.
roupagem, sugerindo um retorno a questões que não foram ainda equaci- Independente das críticas recebidas, o texto de Mello torna-se para-
onadas pelas políticas e práticas de formação de professores como, por digmático e representa uma forma de pensar o trabalho docente no que
exemplo, os conhecimentos de que devem ser portadores os professores ele era mas também no que deveria ser, surgindo com força a noção de
e que se atualizam na ação pedagógica. que a escola e, nela, o professor teriam um papel chave na transmissão
Uma hipótese é a de que esse retorno não parece significar mera re- do saber elaborado, sistematizado, erudito de forma a garantir à popula-
produção de perspectivas de análise já formuladas em outros contextos, ção a possibilidade de expressar de maneira elaborada os conteúdos da
mas redimensionamento de questões que estão no centro da problemática cultura popular que correspondem a seus interesses (Saviani, 1985).
do trabalho docente como, por exemplo, o papel da teoria e da prática nos Trabalhando nas diferenças entre o cientista e o professor do ponto
processos de formação de professores, os modos como os professores se de vista da relação com o saber, Saviani ajuda-nos a entender a constitui-
relacionam com os saberes. ção de um idioma pedagógico, onde o professor seria transmissor do
Neste movimento, o que parece estar em questão é o processo de saber e não produtor:
produção de discursos com impacto no campo intelectual e que “exprimem Enquanto o cientista está interessado em fazer avançar a sua área de
maneiras diversas de definir quais são os ‘problemas’ e consequentemen- conhecimento, em fazer progredir a ciência, o professor está mais interes-
te o leque de soluções disponíveis para combatê-los” (Almeida e Perosa, sado em fazer progredir o aluno. O professor vê o conhecimento como um
1999, p.1). meio para o crescimento do aluno; enquanto para o cientista o conheci-
Dentro dos limites do texto, é nossa intenção analisar algumas das mento é um fim, trata-se de descobrir novos conhecimentos na sua área
tendências do debate sobre formação de professores nessas últimas duas de atuação. (Saviani, 1985, p.19)
décadas no Brasil, buscando entender as lógicas de pensamento que Nessa perspectiva, o conhecimento viria de “fora para dentro”, tendo
fundamentaram e ainda fundamentam algumas propostas presentes na uma dimensão instrumentalizadora do ponto de vista político social. Ao
literatura educacional. Trabalhamos na perspectiva de que, sob determi- professor, caberia a organização dos processos, de métodos, de modo a
nadas condições de produção, foram elaborados “idiomas pedagógicos” garantir a apropriação pelos alunos.
sobre a formação e trabalho docente na perspectiva de responder aos (...) um professor de história ou de matemática; de ciências ou estu-
desafios postos aos sistemas públicos de ensino. Trata-se de uma tentati- dos sociais, de comunicação e expressão ou literatura brasileira etc., tem
va de reconstruir, de certa forma, uma trajetória intelectual nas continuida- cada um, uma contribuição específica a dar em vista da democratização
des e rupturas que apresenta. da sociedade brasileira, do atendimento aos interesses das camadas
Em uma pedagogia dos conteúdos, qual a relação do professor com o populares, da transformação estrutural da sociedade. Tal contribuição se
saber? consubstancia na instrumentalização, isto é, nas ferramentas de caráter
Em contrapartida à segunda metade dos anos de 1970, marcada pela histórico, matemático, científico, literário, etc. que o professor seja capaz
crítica ao papel da escola na reprodução da estrutura de classes, flores- de colocar de posse de alunos. (Saviani, 1982, p. 83)
cem trabalhos voltados para o conhecimento dos fatores intra-escolares, No horizonte de pensar a formação do educador, Saviani afirmava a
como mecanismos de exclusão dos setores populares, considerando-se a necessidade de que o curso de Pedagogia fornecesse uma fundamenta-
“rede de expectativas e contradições que permeiam a prática pedagógica” ção teórica que permitisse uma ação coerente, o desenvolvimento de uma
(Souza, 2000, p. 43). consciência aguda da realidade em que os futuros professores iriam atuar
Sob diferentes ângulos, é analisada a situação do magistério na tenta- e uma instrumentalização técnica que permitisse uma ação futura eficaz
tiva de encontrar explicações para as precárias condições de funciona- (Saviani, 1980, p. 60).
mento dos sistemas públicos de ensino, expressas em altas taxas de Como forma de garantir o cumprimento dessas finalidades, cada dis-
exclusão escolar, principalmente entre segmentos das camadas popula- ciplina do curso de Pedagogia deveria ser trabalhada de modo que os
res. alunos chegassem a uma teoria geral de educação “no nível atitudinal (‘o
Em um texto que se tornou referência no campo dos educadores, Mel- que o educador precisa viver’), no nível crítico-contextual (‘o que o educa-
lo (1982) parte do caráter mediador da escola para estudar as representa- dor precisa fazer’), no nível cognitivo (‘o que o educador precisa saber’),
ções e expectativas do professor face à escola, ao aluno e aos papéis que no nível instrumental (‘o que o educador precisa fazer’)” (Saviani, 1980, p.
desempenha. 61).

Filosofia 4
APOSTILAS OPÇÃO
Sua proposta conferia ao conhecimento científico e à reflexão filosófi- Na crítica à formação de professores,
ca uma centralidade enquanto instrumentos-chave, capazes de transfor- o primado da lógica relacional
mar positivamente os atributos negativos do senso comum em elementos
No interior do debate sobre a formação de professores, vão sendo
característicos de uma consciência crítica (Bonamino, 1989). Em uma
aprofundados os problemas crônicos enfrentados pelas instituições forma-
filosofia da educação que se afirmava radical, rigorosa e de conjunto,
doras: falta de articulação entre teoria e prática educacional, entre forma-
Saviani encontrava o fermento para uma educação revolucionária.
ção geral e formação pedagógica, entre conteúdos e métodos.
Analisando o pensamento político pedagógico de Saviani, Bonamino Em texto escrito em 1983, Candau e Lelis trabalham a relação teoria e
chama a atenção para o caráter problemático do papel emancipador prática no sentido de identificar, nas práticas de formação de especialistas
conferido ao saber elaborado, dada a natureza iluminista que poderia e professores, as concepções que estariam informando aquela relação.
estar contida nessa formulação: Denunciando a perspectiva positivista que caracterizaria a dicotomia entre
“a escola não educa a consciência social apenas através dos conteú- teoria e prática, muito presente nos currículos dos cursos, as autoras
dos críticos devidamente sequenciados e dosados que transmite. A cons- buscam na filosofia da práxis formulada por Vazquez (1977) um recurso
ciência da criança não se desenvolve tão somente através de conceitos para pensar uma visão de unidade entre os dois pólos na perspectiva de
que ela assimila em seu contato com os detentores da cultura elaborada, uma teoria revigorada, porque formulada a partir das necessidades da
mas as condições para o desenvolvimento desta consciência crítica são realidade educacional:
criadas pela participação da criança na experiência social coletiva, a qual “A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para sua
se compõe, em parte, das experiências práticas que a escola propicia transformação, mas para isto tem que sair de si mesma, e, em primeiro
através de sua orgnização interna e do sentido que assumem suas rela- lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos
ções internas.” (Bonamino, 1989, p. 205-206) reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática
Em que pese o investimento intelectual por pensar uma pedagogia transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de
crítico-social dos conteúdos e, nela, o papel do educador, o que deve ser organização de meios materiais e planos concretos de ação: tudo isso
registrada é a influência desta tese sobre o campo dos educadores, pro- como passagem indispensável para desenvolver ações reais e efetivas.
vocando “discursos sobre teoria”, expressões de um “abstracionismo Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa, através
pedagógico”, “na obsessiva preocupação em descrever a escola e explicar de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como
os problemas educacionais a partir de hipotéticas relações do processo conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação.”
educativo com outros processos socioeconômicos” (Azanha, 1992, p. 46), (Vazquez, 1977, p. 206)
em um claro superdimensionamento da teoria em detrimento da empiria. Se essa via hoje parece ser problemática, dada a supervalorização da
teoria em detrimento da atividade cotidiana prática, considerando-se a
Do ponto de vista da prática de pesquisa, os anos de 1980 ficaram a
infinitude do real e dos processos de expansão e de revisão do conheci-
nos dever, em termos do conhecimento sobre as práticas pedagógicas
mento, postos pelo fim do leninismo e a derrocada da União Soviética
efetivas que estavam acontecendo na sala de aula. Fiorentini et al. (1998)
entre outros acontecimentos, o tema da práxis (que não se confunde com
reforçam essa crítica ao afirmarem que as pesquisas sobre ensino e
prática utilitária) pode ainda ajudar a pensar as relações entre conheci-
formação de professores de história passaram a priorizar o estudo de
mento científico, prática social e saber docente, apesar da distância de
aspectos políticos e pedagógicos amplos. Os saberes escolares, os sabe-
tempo e dos novos desafios para a formação de professores no Brasil, até
res docentes tácitos e implícitos e as crenças epistemológicas, como
porque hoje somos menos arrogantes quanto ao poder da teoria na expli-
destaca Linhares (1996), seriam muito pouco valorizados e raramente
cação e transformação do real.
problematizados ou investigados tanto pela pesquisa acadêmica educaci-
onal como pelos programas de formação de professores. (Fiorentini et al., Considerando que até a primeira metade da década de 1980, a litera-
1998, p. 314) tura educacional produzida está bastante marcada pela influência do
marxismo nas leituras efetuadas por Kosik, Gramsci, Vazquez, entre
Na busca por efetuar um balanço da pedagogia crítico-social dos con- outros, assistimos na segunda metade dessa década ao esforço de pen-
teúdos, Libâneo (1999), quinze anos depois, procura atualizar o «conteu- sar a formação de professores para além das categorias de classe social,
dismo», chamando a atenção para as interpretações equivocadas que trabalho manual e trabalho intelectual, infra-estrutura e superestrutura, até
esvaziavam a abordagem, na identificação mecânica entre «conteúdo» e porque o pessimismo pedagógico não havia estimulado a elaboração de
«matéria»: trabalhos que apontassem “formas de organização escolar e práticas de
“conteúdos são os conhecimentos sistematizados, selecionados das sala de aula que pudessem favorecer a aprendizagem dos alunos de
bases das ciências e dos modos de ação acumulados pela experiência origem social desfavorecida” (Mello, 1993, p. 116).
social da humanidade e organizados para serem ensinados na escola; são Alguns textos são expressões desse esforço por superar uma pers-
habilidades e hábitos, vinculados aos conhecimentos, incluindo métodos e pectiva conteudista stricto sensu como, por exemplo, a reflexão desenvol-
procedimentos de aprendizagem e de estudo; são atitudes e convicções vida por Candau (1997) em torno aos novos rumos dos cursos de licencia-
envolvendo modos de agir, de sentir e de enfrentar o mundo.” tura.
Mesmo alargando-se o sentido do que entendemos por “pedagogia Trabalhando sobre algumas experiências desenvolvidas em unidades
dos conteúdos”, permanece o desafio de pensar nas relações que o responsáveis pelo ensino da física, da história/geografia e da língua
professor estabelece com os saberes, considerando-se que na ação portuguesa, integrantes de instituições de ensino superior e médio de
prática, saberes de diferentes ordens (entre os quais situam-se os conteú- prestígio no Rio de Janeiro, Candau (1997) chama a atenção para os
dos de ensino de história) são por ele mobilizados. obstáculos que as universidades brasileiras precisam enfrentar na função
de preparar consistentemente os professores para os sistemas de ensino:
Considerando-se que uma pedagogia fundada em conteúdos tinha separação entre atividades de ensino e pesquisa, predomínio da lógica
como justificativa a transformação política da escola e da sociedade e disciplinar em detrimento de uma prática interdisciplinar, supervalorização
colocava como necessidade o recurso aos conhecimentos universais, ao do lugar ocupado pelas faculdades de Educação em detrimento das
que assistimos foi “o florescimento de um discurso de culpabilização do unidades responsáveis pelo conteúdo específico.
professor, dramaticamente similar ao discurso de culpabilização dos
alunos que florescera nos anos 60 e 70” (Almeida e Perosa, 1999, p. 5). Pensando alternativas para os cursos de licenciatura, Candau defen-
Para as autoras, “é neste quadro que a formação de professores torna-se de o primado do conteúdo específico sobre o conteúdo pedagógico na
um problema a ser resolvido fora dos espaços desvalorizados da forma- formação do professor:
ção regular. À maneira dos programas de educação compensatória da A competência básica de todo e qualquer professor é o domínio do
década de 70, as práticas de formação dos professores serão também conteúdo específico. Somente a partir deste ponto é possível construir a
definidas como oportunidade para o professor “compensar” a má formação competência pedagógica. Esta afirmação não implica a existência de uma
recebida nos cursos regulares. “(Idem, p. 6) relação temporal de sucessão, e sim de uma articulação epistemológica.

Filosofia 5
APOSTILAS OPÇÃO
É a partir do conteúdo específico, em íntima articulação com ele, que Talvez porque hoje sabemos que sabemos menos e essa consciência
o tratamento pedagógico deve ser trabalhado. Enquanto as unidades nos fez menos arrogantes, mas mais cuidadosos em definir, indicar um
específicas não assumirem como responsabilidade própria a formação de projeto para formação de professores, sem as fórmulas teóricas abrangen-
professores, muito pouco poderão fazer as unidades de educação. O que tes que invadiram o campo da educação até bem pouco tempo.
se propõe é uma nova concepção e uma reestruturação das relações de
poder presentes nas licenciaturas. Do ponto de vista conceitual, parte-se O significado da prática cotidiana na
do conteúdo específico para trabalhar a dimensão pedagógica em íntima constituição dos saberes do professor
relação com ele. Assume-se que a liderança deve ser da área específica
com a colaboração íntima das unidades de educação. A responsabilidade Na perspectiva de que “a constituição de um grupo de incompetentes
deverá ser partilhada intimamente, mas o primado é da área de conteúdo implica a constituição simultânea de um grupo de competentes” (Almeida,
específico. Somente a partir desta mudança de eixo, que suscitará certa- 1999, p. 6), assistimos, desde meados da década de 1980, à expansão de
mente muitas resistências, será possível construir uma nova perspectiva programas de formação continuada no pressuposto de que, através de
para os cursos de licenciatura. (Candau, 1997, p. 46) conhecimentos provenientes da universidade, os docentes se equipariam
de ferramentas teórico-metodológicas que lhes permitiriam refletir e modi-
Essa tomada de posição é importante porque revela a importância de ficar suas práticas (Lelis e Nunes, 2000).
se investir no saber disciplinar, sem o qual não se efetiva a atividade de
transmissão de conhecimento, mesmo considerando-se que o que ensinar Sob a forma de cursos de rápida duração, de oficinas, esses cursos
teria a primazia sobre o como ensinar. representaram a cisão entre os conhecimentos universitários e os saberes
dos professores pois, salvo exceções, partiam (e chegavam) a uma pers-
Levando-se em conta que, até então, a formação de professores vi- pectiva fragmentada do conhecimento, ao estabelecerem uma fratura
nha sendo analisada no plano político-pedagógico em sentido mais gené- entre a teoria (que passou a discurso) e a prática (substituída pela técnica)
rico, a proposta é provocadora, nesse momento, por duas razões. Primei- (Kramer, 1995).
ro, por deslocar o “centro de gravidade” da formação de professores para
as unidades específicas, obrigando-nos a pensar em uma outra lógica que Herdeiros de uma pedagogia centrada na transmissão do saber ela-
articula saber disciplinar e saber pedagógico, sugerindo que a natureza da borado, representaram um modelo “clássico” de formação, fundado na
formação é multidisciplinar e, portanto, mais complexa do que se supunha hegemonia teórica enquanto a explicação do real, sendo a teoria confun-
nas análises anteriores. Significou pensar o saber do professor como dida com a verdade (Brandão, 1992), com o agravante de se fazer discur-
sendo proveniente de duas fontes (Tardif, Lessard e Lahaye, 1991) – so sobre a teoria.
conhecimento do conteúdo e conhecimento pedagógico –, embora sem a Entretanto, na contramão desta tendência, sofremos também o impac-
clareza do significado e do conteúdo do que se estava nomeando como to de uma literatura internacional que nos chegou nos primeiros anos da
conteúdo pedagógico. década de 1990, trazendo novos aportes à formação de professores. Seja
A segunda razão está na defesa da interdisciplinaridade ao enfatizar pela via da ênfase na relação entre dimensão pessoal, profissional e
uma integração interna que, partindo do conteúdo específico em direção organizacional da profissão docente (Nóvoa, 1992), seja pela via de que o
ao pedagógico, garantisse a articulação a partir de núcleos temáticos saber docente provém de várias fontes e de que a prática cotidiana faz
(Candau, 1997). Considerando que a formação de professores em cursos brotar o “saber da experiência” (Tardif, Lessard e Lahaye, 1991), ou ainda
de licenciatura se constituiu historicamente em um esquema onde predo- do habitus profissional como “gramática geradora de práticas” (Perrenoud,
minava uma total separação entre formação geral e formação pedagógica, 1993), a fecundidade dessas propostas está, de um lado, na forte crítica à
a ideia de núcleos temáticos parece promissora pois pode vir a romper razão instrumental e, de outro lado, na valorização da prática individual e
com os “guetos” institucionais, muito fortes na estrutura universitária até coletiva como lugar de aprendizagem dos conhecimentos necessários à
hoje. E, mais, ao introduzir a dimensão epistemológica como eixo instituin- existência pessoal, social e profissional (Dominicé, 1990).
te da formação de professores na premissa de que “o domínio consistente De certa forma, é o texto de Tardif, Lessard e Lahaye em 1991 que
de uma área específica supõe uma adequada compreensão da construção vem complexificar a lógica conteudista, ao afirmar que a relação dos
do seu objeto, dos diferentes enfoques metodológicos possíveis e suas docentes com o saber não se reduz à transmissão de conhecimentos já
respectivas bases epistemológicas, de sua lógica e sua linguagem” (idem, constituídos, sendo a prática, expressão de múltiplos saberes, incorpora-
p. 46). dos em âmbitos, tempos, espaços de socialização diversos. Este texto
Mesmo se considerarmos que a afirmação do primado do conteúdo contribuiu para a demarcação de um novo idioma pedagógico na consci-
específico sobre o conteúdo pedagógico poderia estar representando a ência de que a prática profissional está marcada por uma trama de histó-
hierarquização entre os campos do conhecimento, derivando-se o peda- rias, culturas que ultrapassam a dimensão pedagógica stricto sensu.
gógico de uma ciência básica, o trabalho teve o mérito de chamar a aten- Ou seja, sob ângulos diversos, estes autores ajudaram a pensar a
ção para as relações de poder existentes no interior da universidade entre constituição dos saberes dos professores, em um pauta diversa de uma
os que pesquisam e os que ensinam, destacando a importância e a ne- pedagogia centrada no saber elaborado, ao refletirem sobre os limites da
cessidade da investigação sobre o ensino de história no horizonte da formação prévia e, nela, dos conhecimentos acadêmicos na constituição
superação de uma visão intuitiva ou meramente política sobre a transmis- do saber docente; ao afirmarem a centralidade da instituição escolar
são/apropriação do conhecimento. enquanto locus de formação do magistério; ao revelarem a força da expe-
Partindo da ideia de que a universidade de pesquisa admitiu formar riência escolar passada enquanto aluno no desenvolvimento da prática
professores como “espécie de tarifa que ela paga para poder fazer ciência pedagógica; e, finalmente, ao assinalarem o caráter de improvisação a
em paz” (Menezes, 1986, p. 120), pensar a formação prévia de professo- marcar o trabalho docente.
res pela via da pesquisa empírica, na ótica disciplinar, representou um De certa forma, esta produção efetuou a “curvatura da vara”, ao con-
avanço, se considerarmos as resistências e problemas com que nos ferir à prática uma instância de produção do saber profissional, de outra
defrontamos institucionalmente na universidade. latitude se comparado ao papel do conhecimento que provém da universi-
Considerando ainda que perspectivas de análise têm uma história, dade.
identifico nesse trabalho coordenado por Candau (1997), com os proble- Ao problematizarem uma perspectiva centrada no saber acadêmico,
mas que provoca – de natureza epistemológica, política, pedagógica – o estimulam o redimensionamento do sentido da teoria, tomando-a muito
fermento para pensar as políticas de formação de professores sem o mais como hipótese, sendo a verdade considerada como processo, provi-
“discurso sobre a teoria” tão frequente entre os educadores. sória e parcial (Brandão, 1992).
No balanço efetuado, contudo, com algumas exceções, chegamos à Considerando que ainda não temos uma tradição em pesquisa acu-
década de 1990 sem avançarmos sobre o conhecimento dos processos mulada sobre os saberes do professor, sobre a experiência cotidiana
de ensino de história, de formação, presos a uma concepção de compe- como lugar de construção de saberes, e que vivemos em um momento de
tência que pouco avançou sobre quem são os professores, o que sabem, clara hegemonia do projeto neoliberal no campo da educação, algumas
o que não sabem, como ensinam, como aprendem, que problemas enfren- questões colocam-se como desafiadoras: Que cuidados precisamos tomar
tam no cotidiano de sua prática profissional. para não privilegiarmos em excesso a realidade intra-escolar, micro-social,

Filosofia 6
APOSTILAS OPÇÃO
e perdermos com isto dimensões contextuais do trabalho docente no A ação humana é uma ação coletiva. O trabalho é executado como ta-
plano político social mais amplo? Como evitar o superdimensionamento do refa social, e a palavra toma sentido pelo diálogo. O mundo cultural é um
pedagógico, indiferente às diferenças sociais de gênero, classe social e sistema de significados já estabelecidos por outros, deixando o homem à
etnia, tão fortes em nosso país? Como lidar com a dimensão cognitiva mercê de regras impostas á sua existência até o fim dela. Toda a forma de
articulando-a à esfera das culturas com seus ritos, símbolos e mitos? guiar a vida de um indivíduo, tanto cultural como formal, é baseada no
Ou seja, trabalhar com a prática, social e profissional, como espaço aval da maioria, da sociedade. Mesmo um indivíduo sendo contra a socie-
de constituição dos saberes do professor, implica não perder de vista o dade, suas raízes e crenças são firmadas a partir dela. Esse comporta-
universo cultural dos diferentes agentes sociais que fazem histórica e mento modelado pode levar à perda de valores próprios e autênticos,
culturalmente a escola. privando o homem de sua liberdade. Mas a vida autêntica só pode ocorrer
na sociedade e através dela, fazendo assim com que seja uma condição
Mas há ainda outras questões trazidas por este idioma pedagógico. de alienação e de liberdade, para o homem se perder, mas também se
Que cuidados precisamos tomar para não resvalarmos para um praticismo encontrar.
em migalhas, na relativização quanto ao lugar ocupado pela teoria? Sob
que critérios operaremos com a prática profissional, de modo a torná-la
um espaço de construção de saberes rigorosos sem serem rígidos? Como A Cultura
o saber do mundo da experiência sensível pode ser transposto para uma Um conceito com várias definições
razão que se quer dialógica e processual? Tentar definir o conceito de cultura é dizer que inicialmente este era o
Se estas questões podem contribuir como bússolas em nossas pes- cultivo das plantas, o cuidado com os animais e também com a terra, o
quisas, certamente será a experiência prática e concreta, com a ajuda das cuidado com as crianças e sua educação, o cuidado com os deuses, com
lições do passado, que nos ajudará a buscar novos objetos, novos pro- os ancestrais e seus monumentos.
blemas, novos idiomas pedagógicos. Mais tarde chegaríamos ao sentido mais comum que o termo possui
CARRETERO, M. Construir e ensinar: as ciências sociais e a história. Porto em nossa sociedade: o de que o homem que tem cultura é um homem
Alegre/RS: Artes Médicas, 1998. “culto”, que cultiva a inteligência , as artes e o conhecimento presente nos
livros .
Se pensássemos apenas nesse sentido, somente quem lê muito,
A Cultura como diferencial entre quem passou um longo tempo na escola é quem tem cultura? Mas, e o
o ser humano e os outros animais bóia-fria, o operário, o comerciante, estes não tem cultura? Numa outra
perspectiva, poderíamos responder que cultura é cinema, pintura, teatro,
Os animais que estão no nível mais baixo da escala zoológica de de- as manifestações artísticas em geral.
senvolvimento são caracterizados por reflexos e instintos enquanto o
homem é consciente da finalidade, o ato existe antes como pensamento e Pensar em cultura requer que se pense em sua relação com outros
a execução é o resultado de seu livre arbítrio. Porém, nos níveis mais dois conceitos fundamentais: civilização e história. Foi na Europa que o
altos da escala zoológica, as ações deixam de ser exclusivamente resul- conceito de cultura passou a ser associado ao conceito de civilizações.
tado de reflexos e instintos, encontrando-se assim, uma resposta inteligen- Preocupados em estudar o homem e a sociedade, pensavam a relação
te ao problema, pessoal e criativa, mas limitada pela inteligência concreta, entre os conceitos de cultura e de civilização de maneiras diversas.
esta dependendo da experiência vivida “aqui e agora”. Jean-Jacques Rousseau definia a cultura de maneira positiva. Para
A experiência distingue-se do instinto por sua flexibilidade, já que as ele, um pensador para quem o homem era naturalmente bom, cultura
respostas são diferentes conforme situação e também por variarem de seria definida como bondade natural, interioridade espiritual, imaginação,
animal para animal. solidariedade espontânea. O conceito de civilização era pensado como
aprisionamento da bondade humana natural, aprisionamento que Rousse-
A palavra caracteriza fundamentalmente o homem e o distingue do au acreditava dar-se por meio de regras e convenções artificiais e exterio-
animal, que também se comunica por meio de linguagem, mas a natureza res ao homem.
dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem huma-
na provoca na relação homem com o mundo. A diferença entre a lingua- Para Voltaire e Emmanuel Kant, cultura e civilização representavam o
gem humana e a do animal está no fato de que este não conhece o sím- processo de aperfeiçoamento moral e racional da sociedade, sendo a
bolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma fixa e cultura a forma de avaliar o estágio de progresso e desenvolvimento de
única com a coisa a que se refere. O símbolo é universal, convencional, uma civilização. Não havia, para esses autores, oposição entre cultura
versátil e flexível; é a interpretação plural de uma única palavra ou objeto. como reino do natural e civilização como reino do artificial. A cultura seria
A linguagem animal visa a adaptação à situação concreta, enquanto a um conceito dinâmico e transformador que definiria aquilo que é específico
linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distância o do ser humano, na sua relação com a natureza e na construção de uma
homem da experiência vivida, dando assim ao animal uma inteligência ordem humana superior, o que acabaria servindo para distinguir os ho-
concreta e ao homem uma abstrata. A linguagem abstrata permite ao mens cultos dos incultos, para comparar e classificar civilizações diferen-
homem interagir com o mundo, compreendendo-o e transformando-o. Se tes em mais ou menos “civilizadas”.
a palavra se encontra enfraquecida na possibilidade de expressão. É o Compreendida em sua relação com a história, a cultura é definida
próprio homem que se desumaniza. como o conjunto organizado dos vários modos de vida de uma sociedade.
O homem é um ser que trabalha e produz o mundo e a si mesmo, en- Para Friedrich Hegel, a cultura resultaria da forma de ser dos homens. A
quanto o animal não produz na sua existência, apenas a conserva agindo concepção de cultura resultante de sua filosofia estaria especificamente
instintivamente. O trabalho humano é uma ação de finalidades conscien- relacionada com as formas como os homens vão compreendendo, repre-
tes que visa sua interação com a natureza para a compreensão e/ou sentando e se relacionando com os vários elementos componentes de sua
mutação desta, enriquecendo assim, a si mesmo. Pelo trabalho o homem existência.
se autoproduz, enquanto o animal permanece sempre o mesmo na sua
essência. Além de tudo, é uma atividade exclusivamente humana, pois A cultura como conceito antropológico
melhora enriquece a afetividade resultante do relacionamento com mem- Edward Tylor reuniu sob a palavra inglesa Culture os sentidos que
bros de sua espécie, além de ser uma expressão de liberdade. Mas mui- costumavam estar contidos na palavra alemã Kultur e na palavra francesa
tas vezes representa um instrumento de alienação e desumanização, Civilization, levando-o a definir cultura como um “todo complexo que inclui
como um trabalho imposto, rotineiro e nada criativo. conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
O homem é capaz de transformar a natureza, tornando possível a cul- capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
tura. Cultura significa tudo o que o homem produz ao construir sua exis- sociedade”.
tência; é o conjunto de símbolos elaborados por um povo em determinado Nessa ampla definição, Tylor incorporava todas as possibilidades de
tempo e lugar. É o que o caracteriza como um ser de mutação: a capaci- realização humana e enfatizava o aspecto de aprendizado da cultura, esse
dade do homem de produzir sua própria história. que pressupunha as ideias de comunicação e linguagem. Dessa definição
Filosofia 7
APOSTILAS OPÇÃO
provém a oposição entre natureza e cultura, com a supremacia da segun- Com esse objetivo, separam a base econômica das representações
da sobre a primeira. culturais, rompem a unidade entre a produção, a circulação e o consumo e
A manutenção da sociedade decorria não de elementos genericamen- entre o indivíduo e a comunidade. E depois recompõem os pedaços,
te programados, mas das relações entre os homens e entre e entre os subordinando-os a uma organização transnacional da cultura que é corre-
homens e a natureza. Essas relações estariam registradas nas normas, lata à globalização do capital.
regras, imagens, mitos, ritos e discursos. Logo, pode-se falar em cultura nacional como cultura dominante, sem
Essas representações simbólicas são socialmente construídas e rela- perder de vista os movimentos e interesses mais amplos que influenciam
cionadas à própria existência da sociedade. a consolidação de tal cultura.
CHAUÍ, M. A cultura. In: _______. Convite à filosofia. 3. ed. São Paulo: Ática,
Para a antropologia, a cultura constitui o campo simultaneamente
1995. p.288-296.
simbólico e material das atividades humanas, logo toda ação humana e
toda vida social têm um conteúdo simbólico.
___________________________________
O homem vive num mundo material, de acordo com um esquema de
significados criado por ele próprio. A cultura define a vida não por intermé- ___________________________________
dio das pressões de ordem material, mas de acordo com um sistema
simbólico definido, que nunca é o único possível. ___________________________________
Uma decorrência desse ponto de vista é pensar na ação humana co- ___________________________________
mo ação criadora e, consequentemente, transformadora. A relação dessa
___________________________________
ação criadora com os sistemas simbólicos define padrões culturais, modos
de organização do comportamento coletivo. _______________________________________________________
Ao analisar uma sociedade determinada, a antropologia não pretende _______________________________________________________
isolar e analisar seus sistemas econômicos, políticos ou ideológicos, para
então tentar compreendê-los. Pretende integrar todos esses aspectos em _______________________________________________________
termos de práticas sociais cujas múltiplas dimensões se unificam pelo
_______________________________________________________
significado que possuem em conjunto.
Em outras palavras, a antropologia se preocupa em compreender a _______________________________________________________
vida de uma sociedade de maneira integrada. Os membros de uma socie- _______________________________________________________
dade vivem a cultura ao mesmo tempo em que a produzem.
A antropologia não diferencia realidade social e universo simbólico e _______________________________________________________
compreende as explicações míticas ou religiosas que os homens dão a _______________________________________________________
sua realidade como elementos que interferem e explicam a produção
dessa realidade . _______________________________________________________
Essa também pressupõe a existência de unidade entre ação humana _______________________________________________________
e significação, e o objetivo da investigação antropológica é exatamente
buscar analisar e compreender essa unidade entre ação e significação. _______________________________________________________
É no estudo das sociedades primitivas que podemos observar como, _______________________________________________________
os elementos simbólicos não estão separados da ação prática. As ações
de trabalhar, lazer, rituais religiosos, festas estão integradas de uma forma _______________________________________________________
que já não podemos encontrar nas chamadas sociedades complexas _______________________________________________________
como a nossa.
_______________________________________________________
A antropologia pode olhar para a nossa própria sociedade com outros
olhos e melhor compreender suas regras, mitos e ritos. Isso suscita uma _______________________________________________________
última questão: seria necessário perguntar se a antropologia seria capaz
de responder se existe algo que poderia ser definido como cultura domi- _______________________________________________________
nante. Se olharmos a sociedade brasileira, veremos como ela é multiface- _______________________________________________________
tada, compõe-se de diferentes e variados grupos ou classes sociais,
variadas etnias, se divide em elementos imediatamente relacionados ao _______________________________________________________
campo e à cidade, as maneiras de ser, pensar e sentir não parecem ser as _______________________________________________________
mesmas para todas as pessoas, em todos os lugares do país.
A partir daí, como poderíamos falar em cultura dominante ou em cul- _______________________________________________________
tura brasileira? _______________________________________________________
Para alguns antropólogos brasileiros, a cultura se refere a toda produ-
ção simbólica, trazendo em si todas as contradições da sociedade. No
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caso de sociedades capitalistas como a nossa, a produção simbólica _______________________________________________________
estaria relacionada às próprias relações capitalistas de produção, que
opõem capital e trabalho, dominantes e dominados. A cultura relacionada _______________________________________________________
à classe dominante incorporaria manifestações ligadas a experiências _______________________________________________________
culturais aristocráticas, operárias, camponesas e indígenas.
Essa cultura da classe dominante poderia se confundir com a cultura _______________________________________________________
nacional, logo poderíamos pensar hoje numa cultura nacional brasileira, _______________________________________________________
composta de elementos de todas as origens, reordenados e organizados
numa visão de cultura dominante, de cultura da classe dominante. _______________________________________________________
Com o fim de integrar as classes populares ao desenvolvimento capi- _______________________________________________________
talista, as classes dominantes desestruturam as culturas étnicas, nacio-
nais e de classe, reorganizando-as num sistema unificado de produção _______________________________________________________
simbólica. _______________________________________________________
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Filosofia 8
SOCIOLOGIA
APOSTILAS OPÇÃO

Sociologia
1. O CANDIDATO NA SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA. 1.1. Como pensar diferentes realidades. 1.2.
O homem como ser social. 2. O QUE PERMITE AO CANDIDATO VIVER EM SOCIEDADE? 2.1. A
inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho. 2.2. Relações e interações
sociais. 2.3. Socialização. 3. O QUE NOS UNE COMO HUMANOS? O QUE NOS DIFERENCIA? 3.1. O
que nos diferencia como humanos. 3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura. 3.3.
Características da cultura. 3.4. A humanidade na diferença. 4. O QUE NOS DESIGUALA COMO
HUMANOS? 4.1. Etnias. 4.2. Classes sociais. 4.3. Gênero. 4.4. Geração. 5. DE ONDE VEM A DI-
VERSIDADE SOCIAL BRASILEIRA? 5.1. A população brasileira: diversidade nacional e regional.
5.2. O estrangeiro do ponto de vista sociológico. 5.3. A formação da diversidade: 5.3.1. Migra-
ção, emigração e imigração. 5.3.2. Aculturação e assimilação. 6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO
TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASILEIRA? 6.1. O trabalho como mediação. 6.2. Divisão social
do trabalho: 6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho. 6.2.2. Divisão manufatureira do traba-
lho. 6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho. 6.4. Transformações no mundo do traba-
lho. 6.5. Emprego e desemprego na atualidade. 7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS
DA VIOLÊNCIA NO BRASIL. 7.1. Violências simbólicas, físicas e psicológicas. 7.2. Diferentes
formas de violência: doméstica, sexual e na escola. 7.3. Razões para a violência.

A palavra “sociologia” foi criada na primeira metade do século XVIII pelo filósofo francês Auguste Comte e posteriormente adotada por Herbert Spen-
cer, que seguiu os preceitos desta nova ciência. Para Comte, esta nova ciência permitiria descobrir as leis das sociedades humanas a partir da investiga-
ção dos fatos sociais. Além de Comte, Émile Durkheim é tido como um dos precursores da Sociologia bem como Max Weber, Charles Cooley Horton e
Albion Small.
Já na Antiguidade, os filósofos gregos Platão e Aristóteles procuravam definir as regras do comportamento do homem nos diversos grupos humanos,
embora o foco de suas especulações tenha se concentrado basicamente na organização política dos mesmos. No século XIX, diversos filósofos sequer
supunham que suas atividades seriam vistas nos dias de hoje no âmbito da sociologia. Karl Marx é um dos exemplos mais contundentes, além de Tocque-
ville e Rouvroy.
Nos âmbitos da compreensão e determinação do comportamento humano na sociedade, a Sociologia foi muito criticada como ciência em seus primór-
dios. Tendo como elemento básico o fato social, seus precursores pregavam a independência desta ciência de aspectos individuais da vida humana, bem
como do auxílio de outras ciências humanas. Investigar fenômenos específicos e exclusivos da vida social tem sido a maior das metas da Sociologia.
Um dos maiores nomes da sociologia brasileira, Florestan Fernandes, definiu-a como “a ciência que tem por objeto estudar a interação social dos se-
res vivos nos diferentes níveis de organização da vida”. Esta definição pode causar espanto por estender a aplicação da sociologia aos reconhecidos
casos de comportamento coletivo em insetos (abelhas e formigas), por exemplo. Mas a abrangência dessa definição pode ser creditada ao fato de que
deve-se considerar as contribuições da Sociobiologia e de suas analogias entre as sociedades humanas e as sociedades de outros organismos vivos. Mas
esta definição também apresenta um problema: ela não é de todo clara, talvez intencionalmente. Uma palavra-chave fica sem o devido esclarecimento: o
que podemos considerar como “social”? Como identificar essa qualidade em manifestações concretas?
A limitação clara do seu universo de estudos foi e talvez continue sendo o principal obstáculo ao reconhecimento dessa ciência. Se hoje é razoavel-
mente seguro afirmar que existem códigos de referência comuns, estabelecidos não pela vontade individual mas pela própria situação de convivência em
grupo, que determinam parte do comportamento e da própria maneira de pensar de cada pessoa, isto só foi possível depois da exposição de longas teorias
acompanhadas de incontestáveis exemplos reais.
Superada a questão da existência de situações que não se originam apenas na ação e nos interesses individuais e difundida a aceitação de uma coer-
ção social sobre os atos de cada pessoa, seja ela através de valores compartilhados ou do próprio do intercâmbio imediato entre duas ou mais pessoas,
resta ainda estabelecer como será feita a abordagem desses fenômenos adjetivados como sociais. É o problema da metodologia e da objetividade.
A observação dos fenômenos sociais pode ser feita em duas dimensões. A primeira diz respeito à sua ordem, à função que, referida ao conjunto, con-
fere-lhe coerência pois, afinal, os fatos sociais não são simples repetições sujeitas ao acaso. Esta é o que poderíamos chamar de abordagem estrutural
desses fenômenos, que enfatiza as características que permitem a manutenção da sociedade. A segunda, em complementação, refere-se exatamente à
ação individual em intercâmbio com aquela estrutura, pois uma vez entendido que se ela só se manifesta através dos indivíduos, estes têm, em maior ou
menor grau, a possibilidade de alterá-la. É a abordagem dinâmica, que procura indícios para entender o processo de mudança social. A escolha por uma
abordagem estrutural ou dinâmica dependerá obviamente do objeto a ser estudado, mas nenhum deles poderá ser completamente compreendido através
do emprego de uma só das abordagens e ambas precisarão de fundamentos teóricos e práticos.
Podemos ainda separar a sociologia em duas vertentes: a macrossociologia, que estuda as sociedades a partir do todo e que procura estender suas
conclusões a todas elas; a microssociologia, que faz a observação através das partes e que limita suas considerações àquele conjunto. Ambas as verten-
tes podem ser realizadas tanto por análises estruturais quanto dinâmicas.
Hoje em dia, a sociologia está dividida em diversas áreas, que incluem a Econômica, Doméstica, Criminal, Educacional, Política e Religiosa.

Ramos da Sociologia
Na Sociologia, podemos ainda distinguir diversos campos de estudo que são as Sociologias Cultural, Criminal, Doméstica, Econômica, Educacional,
Especial, Espiritual, Formal, Geral, Material, Política, Real e Religiosa.

Sociologia 1
APOSTILAS OPÇÃO
quanto a Revolução Francesa provocaram transformações radicais na
Sociologia Cultural - Concentra suas atividades em tudo aquilo que
sociedade da época. Muitos estudiosos dedicaram se a estudar essas
emerge dos ideais humanos.
transformações e suas consequências para a vida humana.
Sociologia Criminal - Concentra seus estudos nas causas sociais do
crime. No campo individual, versa sobre os fatores que induzem os seres
humanos ao delito. 1- AUGUSTO COMTE (1798-1857)
Foi o primeiro a empregar a palavra “ sociologia”, em sua obra Filoso-
Sociologia Doméstica - Tem como base o estudo da família e suas fia Positiva, publicado em 1838. Para Comte, a sociologia devia fazer
inter-relações. seus estudos com base na observação e na classificação sistemática e
Sociologia Econômica - A partir das necessidades matérias dos não baseada na autoridade e na especulação, como era a ciência antiga.
grupos humanos, estuda a organização e a interdependência do trabalho
e do dinheiro, entre outras.
2- HERBERT SPENCER (1820-1903):
Sociologia Educacional - A educação tem uma influência decisiva Filósofo social inglês, publicou, em 1876, a obra “Princípios de Socio-
em muitos aspectos comuns nos grupos humanos. Estuda a influência da logia”. Spencer aplicou a sociedade humana a teoria da evolução de
educação no comportamento destes grupos. Darwin, desenvolvendo sua teoria da evolução social, segundo a qual a
Sociologia Especial - Ao contrário da Sociologia Geral, estuda um sociedade evolui naturalmente do estado primitivo ao industrial.
determinado fato social dentro de um espaço e período de tempo isolado.
Sociologia Espiritual - A partir da dicotomia determinista, este ramo Nos Estados Unidos, a primeira obra de Sociologia foi publicada em
concentra seus estudos em tudo aquilo que o homem é capaz ou incapaz 1883, com o título de Sociologia Dinâmica. Seu autor, Lester F. Ward
de influenciar com seus atos. (1841-1913), defendeu o progresso social sob a orientação dos sociólo-
gos.
Sociologia Formal - Estuda os elementos que concorrem com a es-
truturação dos grupos, além dos fatores que determinam a união dos Como se observa, esses primeiros sociólogos estavam imbuídos da
mesmos. ideia de progresso, de evolução. A partir dessa ideia procuravam fatos que
lhes dessem sustentação. E, certamente, a Revolução Industrial e a
Sociologia Geral - Compreende o estudo dos fatos isoladamente Revolução Francesa, ao lado de outras grandes mudanças, tiveram um
sem levar em consideração o tempo e o espaço. papel importante na difusão da ideia de progresso.
Sociologia Material - Dedica-se ao estudo dos inúmeros grupos so-
ciais existentes, relevando seus elementos constituintes, além dos fatores 3- ÊMILE DURKHEIM (1858-1917)
de união dos mesmos.
Haveria de contribuir decisivamente para tornar mais rigoroso o méto-
Sociologia Política - A organização política das nações, estados, ci- do científico em Sociologia. Em seu livro Regras do Método Sociológico
dades e municípios tem nesta parte da sociologia elementos para uma (1895), Durkheim explicou como procedeu em sua pesquisa sobre o
compreensão das relações entre o homem e o Estado, bem como as suicídio, que seria publicada em 1897: primeiramente, planejou o esque-
relações entre a política e a economia. ma da pesquisa; a seguir, coletou grande número de dados sobre pesso-
Sociologia Real - Estuda as manifestações naturais dos grupos hu- as que se suicidaram, por fim, elaborou uma teoria do suicídio, em que
manos. apontou como fator preponderante o isolamento social.
Sociologia Religiosa - A história e evolução do homem é permeada Para Durkheim, o princípio fundamental da Sociologia é considerar os
de manifestações religiosas. Este segmento da sociologia estuda o apare- fatos sociais como coisas. Não se trata de uma afirmação doutrinária: é
cimento das religiões e sua influência nos grupos sociais, bem como as claro que os fatos sociais se distinguem dos fenômenos físicos. Trata-se
transformações que as diversas crenças sofrem com o passar dos tem- de uma regra metodológica que implica tomar os fatos sociais em seus
pos. aspectos exteriormente observáveis, utilizando métodos de estudo apro-
priados, como estatística.
Métodos da Sociologia Os primeiros cursos de Sociologia em universidades começaram a ser
A sociologia utiliza diversos métodos de pesquisa que vão da obser- oferecidos em 1890. Em 1895 começou a ser publicado o American Jurnal
vação direta dos fatos sociais, métodos quantitativos, qualitativos, além da of Sociology. Em 1905 foi fundado a Sociedade Americana de Sociologia.
utilização da psicologia social para a análise e interpretação dos dados
Ao lado dos autores citados, considerados os criadores da Sociologia,
obtidos. A Estatística é largamente utilizada principalmente os dados
outros há que muito contribuíram com estudos sobre a sociedade. Embora
colhidos nos censos, levantamentos sobre o crime, desemprego e imigra-
seus trabalhos não sejam considerados propriamente sociológicos, mes-
ção, entre outros. Outro método importante é o da observação direta.
mo assim, ajudaram a desenvolver a Sociologia. Entre eles podemos citar
Utilizado principalmente por antropólogos, o método consiste em obter
os pensadores socialistas Marx e Engels.
informações, utilizando "informantes" integrados ao grupo social em
estudo. Neste contexto, particular importância é dada à fenomenologia, à
análise linguística e ao existencialismo.
4 KARL MARX (1818-1883) E FRIEDRICK ENGELS (1820-1903)
A constante evolução do ser humano vem levando a uma reciclagem
da sociologia com um todo, além do aparecimento de sub-áreas a partir da Estes pensadores não estavam preocupados em fundar a sociologia
condensação de novas fontes de informação em diversos segmentos de como disciplina específica. A rigor não encontramos neles a intenção de
atividade humana. estabelecer fronteiras rígidas entre os diferentes campos do saber, tão ao
gosto dos “especialistas” de nossos dias. Eles, em suas obras, interliga-
vam disciplinas como antropologia, ciência política, economia, procurando
DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA oferecer uma explicação da sociedade como um todo, colocando em
O estudo dos fatos sociais é muito antigo. Pode-se dizer que, desde o evidência as suas dimensões globais. Seus trabalhos não foram elabora-
surgimento dos primeiros grupos humanos, estes não deixaram de se dos nos bancos das universidades, mas frequentemente, no calor das
preocupar com a melhor forma de organizar-se para alcançar seus objeti- lutas políticas.
vos de sobrevivência.
A formação teórica do socialismo marxistas constitui uma complexa
Entretanto, foi apenas no século XIX que a sociologia passou a consti- operação intelectual, na qual são assimiladas de maneira crítica as três
tuir-se como ciência moderna, as transformações pelas quais passou a principais correntes do pensamento europeu do século passado, tais
sociedade europeia nos séculos XVIII e XIX contribuíram de maneira como, o socialismo, a dialética e a economia política. O socialismo pré-
acentuada para o surgimento da sociologia. Tanto a Revolução Industrial
Sociologia 2
APOSTILAS OPÇÃO
marxista, também denominado “socialismo utópico”, constituía uma clara político, demonstrando algo mais que uma simples delimitação de áreas
reação à nova realidade implantada pelo capitalismo, principalmente afins entre estas duas elites.
quanto às suas relações de exploração. Marx e Engels, ao tomarem
contato com a literatura socialista da época, assinalaram as brilhantes Por fim, a elite intelectual é a que mais se identifica com o exercício e
ideias de seus antecessores sem deixarem de elaborar algumas críticas a a expressão do pensamento, com a construção e divulgação do saber e a
este socialismo, a fim de dar-lhe maior consistência teórica e efetividade crítica à realidade tal como ela é apresentada pelos grupos citados anteri-
prática. Assinalavam que as lacunas existentes neste tipo de socialismo ormente. Para isto, entretanto, se faz necessário que a elite intelectual não
possuíam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo seja composta por simples “onanistas mentais”, cuja produção não tem
da época, uma vez que as contradições entre burquesia e proletariado não sentido algum, a não ser figurar nas teses e elocubrações que nunca terão
se encontravam ainda plenamente amadurecidas. utilidade alguma, nem na construção do conhecimento.

Atuavam os “utópicos” como representantes dos interesses da huma- Dentre estas três elites, a intelectual é a que teria maior legitimação
nidade, não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para dos seus atos por estar conectada diretamente à produção cultural e à
a concretização de suas ideias. formação da erudição diante dos demais grupos sociais. A partir deste
pressuposto, todos que atingem certa posição, nas elites sócio-econômica
A filosofia alemã da época de Marx encontrava em Hegel uma de su- e política, também querem para si a alcunha de “intelectuais”. Deve-se
as mais expressivas figuras. Como se sabe, a dialética ocupava posição isso à ideia de que a cultura seria um produto à venda, de fácil assimila-
de destaque em seu sistema filosófico. A tomarem contato com a dialética ção, que poderia ser incorporado num reles estalar de dedos. Esta a
hegeliana, eles ressaltaram o caráter revolucionário, uma vez que o méto- visão, que infelizmente prevalece, ocorre porque a produção intelectual e
do de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia, devido às suas o incentivo à crítica são tidos no Brasil como bens acessórios, apetrechos
contradições, tendia a extinguir-se. A crítica que eles faziam à dialética egocêntricos dos mais afortunados.
hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista. Assim procuraram “corrigi-la “,
recorrendo ao materialismo filosófico de seu tempo. Com isso, os membros das elites sócio-econômica e política conside-
ram-se automaticamente intelectuais. Mancomunados com as estruturas
do poder, julgam-se no direito de estarem certos ou de terem razão em
CONCEITOS GERAIS: todas as circunstâncias e, assim, estabelecerem os seus estatutos deonto-
ESTAMENTOS E CLASSES SOCIAIS lógicos (de “dever ser”) para toda a sociedade. As decisões, concentradas
Estamentos nestas duas elites, não se guiam necessariamente por um caráter racional
Estamento é uma forma singular de distribuição do poder, cujos pres- com relevância na sociedade, mas por um sentimento de manutenção dos
supostos são o modo de produção e a propriedade feudal. conceitos por elas estipulados como únicos e “verdadeiros”.
Uma sociedade de classes é como a sociedade brasileira, ou seja, A desigualdade social está muito além daquilo que é tangível, está na
onde todos os cidadãos, independentemente de condição social, classe, maneira de se pensar. Os membros da elite são iguais dentro do círculo
ou qualquer outra coisa, são iguais perante a lei, sendo assim, é totalmen- social que frequentam. Mas, muitas vezes, não visualizam como iguais os
te possível a ascensão (ou o declínio) social, dependendo unicamente das que estão nas periferias dos seus grupos de convivência. Enxergam os
oportunidades e do esforço do indivíduo para que isso aconteça; já numa outros com um prisma que lhes impede de ver a realidade com empatia:
sociedade de estamentos, os homens não são iguais perante a lei. No não sabem se colocar no lugar daqueles que são mais pobres, mais
entanto sua condição (geralmente determinada pelo nascimento) só pode inteligentes, ou ambos. A desigualdade, então, é decorrência dos atos
ser mudada (ou seja, ocorrer elevação ou declínio social) devido a um fato daqueles que não conseguem enxergar outra coisa além do próprio umbi-
muito inusitado, como o casamento com alguém de outra casta, ou um ato go.
de extrema bravura. Um exemplo de sociedade de estamentos (ou esta-
mental) era a sociedade da Europa Medieval; numa sociedade de castas, Pertencer a uma elite não quer dizer que um sujeito tem, automatica-
as pessoas são diferentes em tudo, tanto perante a lei, quanto perante os mente, dotes intelectuais. Significa apenas que é membro de uma minoria
deuses, sendo assim, não há nenhuma mobilidade social, o nascimento que, por ter influência ou acesso aos pontos estratégicos do poder, con-
determina a posição do indivíduo na sociedade e não há nada que possa centra a maior parte dos benefícios construídos inicialmente para o bem
mudar isso, nem para melhor, nem para pior, um exemplo de sociedade comum – incluindo a renda -, em detrimento de uma multidão de pessoas
de castas é a Índia. famintas, iletradas e, muitas vezes, sem esperança de ver dias melhores.
Ser político ou rico não implica necessariamente ser um intelectual ou ter
As sociedade estamentais são compostas por categorias sociais, ca- razão inexoravelmente. Indica simplesmente maior poder de persuasão.
da uma possuía sua função e seu lugar na sociedade. Para ser intelectual, é preciso estudar. Mas para ser sábio é necessário
saber compreender os outros para, assim, ampliar sua visão de mundo.
Classes sociais
AS CLASSES SOCIAIS (Por Karl Marx)
As classes sociais são como patamares que, conjugados, adquirem o
1. Origem das Classes Sociais;
formato de pirâmide - uma representação geométrica da sociedade. Logo
na base, estão as classes sociais que suprem com seu trabalho os meios 2. Polarização;
de produção, em troca de um salário que lhes garante a subsistência. 3. Classe Objetiva e Classe Subjetiva;
Entre a base e o topo, estão as classes médias, mais estratificadas, que 4. Domínio de Classe e luta de classes;
vêm perdendo paulatinamente seu poder econômico. No ápice da pirâmi-
de social, está a elite, que, ao contrário dos conceitos generalistas, não 5. Classes Progressistas e Reacionárias;
possui consistência homogênea. Pode-se fazer a distinção de três grupos 6. O fim do Sistema de Classes.
principais, nesta categoria: elite sócio-econômica, elite política e elite
intelectual.
1 – Origem das Classes Sociais
A elite sócio-econômica é composta pelos mais abastados, aqueles - As classes têm sua origem no modo como o traba-
com condições financeiras mais confortáveis diante dos demais membros lho está organizado (relações de produção)
da sociedade. Geralmente, seus componentes são tidos como os exem- - Alguns são donos dos meios de produção (terras,
plos a serem seguidos, já que a noção de sucesso, na sociedade de fábricas, máquinas, etc)
consumo, está atrelada principalmente à capacidade de possuir mais que
o outro. Devido a esta peculiaridade, a elite sócio-econômica está próxima - Outros são assalariados (trabalhadores)
da elite política, cujos membros são o sustentáculo da estrutura burocrata - A estrutura social da produção permite que se
do Estado, entidade que detém o monopólio do uso da violência. Assim, a identifique:
capacidade de aquisição econômica tem estreita conexão com o poder > O dominador e o dominado

Sociologia 3
APOSTILAS OPÇÃO
> Quem tem recursos 6 – O fim do Sistema de Classes
> Quem não tem recursos. - Como o proletariado forma a maioria da popula-
ção, os seus direitos são os da maioria;
2 – Polarização - O proletariado obtém a vitória sobre a burguesia,
então, uma nova organização social será instalada: a so-
- São duas as principais Classes Sociais:
ciedade sem classes.
> Os proprietários dos meios de produção
> Os assalariados
Alguns Exemplos: URSS, China, Cuba, Os Países da África, O Brasil
- A Polarização prevista por Marx: de 1964.
De um lado estariam os Capitalistas e a Burguesia;
De outro, o proletariado: trabalhadores que nada MOBILIDADE E ESTAGNAÇÃO
possuem, a não ser a sua força de trabalho.
Mobilidade
A partir da queda do Império Romano, um novo sistema iniciava a sua
3 – Classe Objetiva e Classe Subjetiva gestação, o feudalismo. Dentre as suas diversas características funda-
- Os indivíduos fazem parte de determinada classe mentalmente destacarmos o poder espiritual e temporal da Igreja Católica
de acordo com a organização da produção. que em tudo mandava, esta tinha o poder de controlar o cotidianos das
Um Assalariado: Seus interesses estarão em conflito com os interes- pessoas e até mesmo suas vidas após a morte.
ses do patrão. Quaisquer que sejam os seus desejos e sentimentos. Vejamos o pensamento de um dos mais importante teólogo da Igreja
Mesmo que pense ser da classe média isso não modifica a sua posição de Católica.
membro do proletariado.
Pregador incansável, Agostinho destacou-se no cenário medieval co-
mo o primeiro grande filósofo medieval e como fundador da dogmática
4 – Domínio de Classe e Luta de Classes cristã, que é o estudo sobre as verdades da fé. Para ele, todos os filósofos
• Classe Dominante antigos – incluindo os gregos – cometeram o mesmo erro ao exaltar a
razão e dela fazer a mais alta manifestação do homem. À razão Agostinho
- Controla e domina a sociedade e o governo;
contrapunha a revelação. De acordo com esse pensador, a Bíblia contém
- Considera-se que os governos dos modernos paí- a revelação de Deus e, portanto proporciona um conhecimento superior ao
ses capitalistas são burgueses, porque: servem aos inte- de qualquer livro filosófico.
resses dos capitalistas e não ao proletariado.
As sociedades, entretanto, mudam. Vários foram os motivos que leva-
- A política está subordinada à economia; ram a lenta derrocada - levou pelo menos oito séculos para se completar -
- Os conflitos sociais ocorrem sempre entre: Classe do sistema feudal. A fome, a peste e a guerra foram três flagelos significa-
Dominante X Classe Dominada tivos que assolou a Europa e culminou de forma decisiva à degeneração
do universos católico-feudal, consequentemente teremos a partir de então
5 – Classes Progressistas e Reacionárias uma nova dinâmica sócio-econômica e cultural.
- A história se renova através da luta de classes; Diversos aspectos iram se constituir a partir desta degeneração “da
idade das trevas”, marcando assim o início de um processo transitório que
- A burguesia foi progressista ao opor-se ao feudalismo, viria a negar o mundo medievo e reforçar o pensamento do mundo mo-
organizando a produção industrial, apoderando-se do poder po- derno com ideais racionalista, individual, burguesas.
lítico (assumindo o poder que estava nas mãos da nobreza e
criando uma nova classe, o proletariado); A século XV inaugurava um novo período do processo histórico da
Europa ocidental: possuir terras já não era mais sinônimo seguro de
- Tornou-se reacionária ao impedir que o proletariado to- poder; as relações sociais de dominação e de exploração também não
masse o poder, mantendo a situação que lhe era favorável (os eram as mesmas do mundo feudal; mudanças qualitativas na economia
operários tornam-se controlados pelo governo burguês capita- europeia abriram espaços para uma nova ordem política e social.
lista, através da regulamentação de sindicatos, repressão às
greves, baixos salários, além de dificultar a participação política De forma simplificada, mas não perdendo de vista a análise dos fatos
dos seus membros). histórico e didática iremos expor um quadro comparativo entre a Idade
Média e a Idade Moderna, nos aspectos, sociais, religiosos, econômicos e
culturais.

Idade Média Idade Moderna


Sociedade * Sociedade estamental (dividida em estamento- * Sociedade dividida em classes.
grupo social)
* Como classe dominante percebemos a ascensão da
* A posse da terra era o diferencial para os grupos nobreza (poder político) e da burguesias (poder econômi-
sociais. co).

* Não havia mobilidade social, ou seja, o grupo


tinha o seu status social fixo.
Religião * Predomínio da Igreja Católica, como a maior insti- * Surgem diversas críticas ao comportamento da Igreja
tuição da época. Católica (degeneração moral e religiosa), consequente-
mente teremos uma reforma religiosa.

* A reforma religiosa, provocou o surgimento de Igrejas


Protestante: Luteranismo – Martinho Lutero.

Calivinismo – João Calvino.

Anglicanismo – Rei Henrique VIII.

Sociologia 4
APOSTILAS OPÇÃO
Economia * Base econômica era a agricultura. * Estruturação de uma nova ordem econômica: capitalis-
mo comercial.
* Economia de subsistência (produziam para seu
próprio consumo) * Desenvolvimento do comércio e das atividades bancá-
rias com uma maior circulação monetárias.
* Contatos comerciais eram raros e irregulares –
quase que totalmente amonetária. * Expansão ultramarina, dando início as Grandes Nave-
gações.
Cultura * Deteriorização dos valores clássicas. * Renascimento, foi o movimento cultural da Id. Moderna
e teve inspiração na Antiguidade Clássica – Grécia e
* Tipo de cultura, mais teológica e subordinada à Roma.
Igreja Católica – teocentrismo.
* Principais ideias renascentista: cultural laica (não –
* Filosofia escolástica, que procurava harmonizar eclesiástica), valorização dos seres humanos (humanis-
razão e fé. mo/ individualismo/ antro-pocentrismo), experimentalismo
naturalismo, racionalismo etc
* Gênero musical chamado canto gregoriano, em
homenagem ao papa Gregório de Matos.

* Estilo arquitetônico era o romântico e o gótico.

* Ciência, não teve um desenvolvimento satisfató-


rio.
Fonte: História Geral: volume único: ensino médio/ Cláudio Vicentino. – São Paulo: Scipione, 2000. – coleção novos Tempos. P. 172

Estagnação não sabemos as respostas para as mudanças que estão a ocorrer, tanto
no plano prático quanto no teórico, é relevante o debruçar sobre as teorias
Fase de parada do crescimento. A estagnação pode ser compreendi- que procuraram dar conta das mudanças ocorridas nos dois últimos
da como um fator resultante da demanda em particular (investimento, séculos. Tal procedimento parece prudente, na medida em que o conhe-
exportação, consumo, etc.), ou da atividade econômica em geral, e, por- cimento humano é cumulativo, embora nem sempre procuremos aprender
tanto, da produção. com a história.

MUDANÇA SOCIAL E TRADICIONALISMO A ideia de Progresso


Mudança Social Segundo Bock (1980, p. 176-89), a ideia de mudança social está for-
No final do século XX estamos a testemunhar imensas transforma- temente associada às de progresso, desenvolvimento e evolução. Para
ções. A queda do Muro de Berlim e o fim da URSS, ainda na década de ele, embora tenha havido, do ponto de vista teórico, importantes tentativas
1980, já antecipavam a amplitude das mudanças que estariam por vir. De de caracterizar o que diferencia uma das outras, na realidade, esses
certa forma, o ressurgimento do liberalismo econômico e político, anos empreendimentos não se concretizaram, o que resultou em grande confu-
antes – inicialmente na Inglaterra e depois nos EUA –, já apontava nessa são envolvendo o significado de cada uma. Assim, Bock prefere, “por
perspectiva. De fato, a última “onda” liberal recolocou o mercado e a conveniência e clareza”, como ele mesmo explicita, o termo mais geral de
estabilidade financeira acima da proteção do trabalho e da seguridade “ideia de progresso” para designar processos de mudanças sociais (op.
social. Com isso, não são poucos os analistas e cientistas sociais que cit., p. 65). Em suas palavras:
associam à “onda” a recente explosão do desemprego, pois postos de a ideia de progresso [...] encerra uma imagem detalhada e abrangente
trabalho são simplesmente eliminados com a introdução de novas tecno- de mudança. Envolve orientações específicas da história como registro de
logias e a reestruturação dos setores produtivos e organizacionais das acontecimentos. Indica uma interpretação definida e singular das diferen-
empresas e a flexibilização das relações de trabalho. Assim, o trabalho ças sociais e culturais e designa um uso de diferenças na construção de
formal, predominante no capitalismo industrial, pode vir a ser apenas parte teorias de mudança social e cultural. Postula uma natureza das coisas,
da história já na primeira metade do século XXI. afirma um universalismo e cria um sistema de correspondência que nos
Por outro lado, tais processos vêm ocorrendo em diversas esferas, apresenta um quadro rico e detalhado de como as coisas funcionam nas
não só nas áreas econômica e política. O surgimento dos computadores questões humanas. Identifica, como entidade real, uma categoria do
pessoais e, principalment,e da Internet, a rede mundial de computadores, acidental, do fortuito, do anormal ou não-natural. Proporciona um método
por exemplo, vem mudando hábitos os mais variados. O que antes parecia complexo de hipostatizar ou reificar entidades cujas carreiras podem ser
ser o grande desafio, a obtenção de informações, transformou-se em traçadas no tempo. Está impregnada de noções orgânicas primitivas do
realidade. Aliás, o desafio atual parece ser o de saber selecionar as infor- ser e do vir-a-ser (idem, 67-8).
mações necessárias sob o risco de não se ter o que fazer com elas, já
que, para obtê-las, basta ter acesso à rede mundial de computadores.
Aqui, particularmente, já reside um primeiro grande problema: quem tem Mas a ideia de progresso não surge com a sociologia, apenas ganha
acesso à Internet? Como se sabe, não é sequer a maioria das popula- outra dimensão. Possivelmente, tal ideia remota aos gregos. Entretanto, “a
ções, mesmo no Primeiro Mundo. O que dizer das populações sul e cen- moderna teoria do progresso tomou forma na Querela entre antigos e
tro-americanas e africanas, por exemplo? E se o que se avizinha é – para modernos”, em especial na segunda metade do século XVII (idem, p. 75).
usar uma expressão cara a Manuel Castells, dentre outros – a chamada Foi nessa fonte, particularmente em Condorcet – um representante da
“sociedade da informação”, ficar à margem dessa “teia” pode significar concepção de progresso enquanto desenvolvimento –, que Auguste
nova modalidade de exclusão social. Comte, dois séculos depois, buscou os fundamentos para criar uma nova
ciência, a sociologia (p. 76). Apesar disso, o enfoque prevalecente na
Como se vê, as mudanças enfrentadas nas últimas duas décadas do Querela não era necessariamente o do avanço da sociedade e sim o do
século XX já dão a dimensão dos desafios que os teóricos da mudança crescimento do conhecimento (p. 79). Mas, Condorcet voltou-se não só
social estão a enfrentar. Desafios que não nos são estranhos. Ademais, para o desenvolvimento do conhecimento como também para a mudança
não devemos esquecer que, de certa forma, a própria sociologia surgiu em social/cultural. Daí resulta, como se verá, sua relevância para Comte (p.
uma época de desarticulação social, como uma resposta aos desafios e 82-3).
impasses que brotaram ainda na aurora do capitalismo industrial. Mas, se
Sociologia 5
APOSTILAS OPÇÃO
Assim, nesse contexto, mas igualmente influenciado pelo Iluminismo, com base em certa tipologia, visa, no entanto, mostrar sua insatisfação
Comte formulou sua teoria positivista do progresso, firmada sobre três com tais posições. Em especial porque, para Homans, “tal como os soció-
temas básicos: (i) uma filosofia da história, onde ele já apresentava os logos a empregam, ‘estrutura’ parece referir-se [i] aos aspectos do com-
princípios do positivismo, isto é, a lei dos três estágios (teológico, metafísi- portamento social que o pesquisador considera relativamente duradouros
co e científico), correspondentes às fases distintas percorridas pelo de- ou persistentes”, portanto, pelo menos aparentemente, menos suscetíveis
senvolvimento da ciência e do pensamento/espírito humano; (ii) uma à mudança (op. cit., p. 64); ou, ainda, “[ii] às características dos fenôme-
formulação e classificação das ciências, que, baseadas naqueles princí- nos que eles estudam e que lhes parecem ser mais fundamentais que
pios, serviriam para o estabelecimento de uma hierarquia entre as diver- outras características superficiais”, também menos expostos à mudança;
sas ciências; e, finalmente; (iii) a sociologia positivista, onde Comte de- ou, finalmente, a “[iii] certa espécie do todo social, que pode ser dividido,
senvolveu os elementos da “nova e definitiva ciência” e defendeu a reor- pelo menos conceptualmente, em partes, e em que as partes são em certo
ganização da sociedade e das instituições visando à restauração da sentido independentes, pelo menos no sentido de que uma mudança
ordem (estática) e ao estabelecimento do progresso (dinâmica) social. A nalguma parte não se faz sentir necessariamente nas outras” (p. 64-5).
ideia de mudança social de Comte era, assim – creio poder afirmar –, Aquele autor faz esse breve inventário para, com base em Boudon,
determinística, pois pressupunha um progresso contínuo e linear, pelo criticar tais definições, que ele chama de “definições intencionais”, por
qual todas as sociedades passariam necessariamente, assim como todas considerar que elas em “nada implicam distintivamente estrutural nem em
as ciências atravessaram os três estágios de sua lei – e a sociologia método nem em teoria”. Para superá-las, então, deve-se buscar “defini-
também o faria (cf. Barreto, 1998a). ções efetivas” de estrutura, onde se “associa a noção de estrutura a uma
Ao lado de Comte, Marx é, possivelmente, o autor que construiu um construção lógica que, aplicada a certo sistema social como objeto, espe-
modelo mais extenso e audacioso para compreender e explicar amplos cifica a estrutura desse objeto” (p. 68). Homans concorda apenas parcial-
processos sociais (dinâmica). Assim como Comte, seu modelo refere-se a mente com as críticas de Boudon, como se vê na citação a seguir. Para
aspectos de mudança – neste caso, as revoluções pelas quais a humani- ele,
dade atravessaria ao longo de sua história – mas também de um período Falando de uma forma mais cruel, passar das definições intencionais
de ordem (estática) – no caso de Marx, alcançada quando a humanidade para as definições efetivas é em certo sentido uma regressão. As estrutu-
alcançasse o último estágio do desenvolvimento das forças produtivas, ras sob as definições intencionais são o que nós tentamos pelo menos
isto é, o socialismo. Vê-se que a concepção de Marx também é a de explicar, mas as estruturas sob as definições efetivas são o que estamos
progresso, onde estão presentes as ideias de desenvolvimento e evolu- simplesmente dispostos a tomar como dados gratuitos. Isto é, o problema
ção, embora tal situação não seja inexorável, como em Comte, na medida implicado pelas definições intencionais permanece. [...] Na verdade, para
em que Marx admite a barbárie em lugar do socialismo. explicar as estruturas, precisamos de axiomas que não são em si mesmos
De certa forma, é com tais modelos, ainda do século XVIII, que o pen- estruturais em nenhum sentido em que a palavra tem sido usada até hoje
samento social, ou mais precisamente, a sociologia, ara um vasto terreno (p. 75).
para o surgimento de ideias que visam interpretar, compreender e expli- Daí, percebe-se em Homans grande insatisfação com a forma como
car, quando não prognosticar, processos de mudanças sociais. muitos sociólogos procuram explicar as estruturas sociais, pois, para
explicar algumas delas, outras são simplesmente aceitas sem que seja
Estrutura e Mudança Sociais possível investigá-las.
A discussão sobre a relação entre mudança e estruturas sociais, que Por outro lado, mostrando surpresa com o ressurgimento da teoria
suscita a pergunta onde e por que o conceito de estrutura nela se insere, evolucionista nas ciências sociais, Lenski (1977, p. 151-70) desenvolve
parece-me bastante relevante para a sociologia. Pode-se considerar que uma argumentação a favor de seu uso no estudo e na explicação das
tal discussão esteja na origem da própria sociologia enquanto ciência. De estruturas sociais. Para ele, tal retorno resulta dos fracassos do estrutura-
toda forma, esse é um tema presente na maioria, senão na totalidade, dos lismo e do funcionalismo, incapazes de considerar os aspectos evolutivos
clássicos (Comte, Durkheim, Marx, Weber, Spencer, Pareto, Parsons etc.). ou históricos das estruturas. Contudo, ele não deixa de apontar as limita-
A discussão a seguir é resultado de um debate sobre a articulação da ções da ecologia humana e do marxismo face ao mesmo tema. Para
mudança com a estrutura social, reproduzido em Blau (1977). Embora tanto, Lenski expõe e analisa o que chama de “tendências evolutivas” da
aparentemente datado, pois, como veremos adiante, a estrutura parece ter história humana (aumento de população, expansão territorial, progresso
dado lugar ao indivíduo no debate contemporâneo, é relevante destacá-lo tecnológico, elevação da produção de bens e de serviços etc.), que impli-
na medida em que tais deslocamentos ocorrem de forma quase cíclica, cam uma série de mudanças. E não pára por aí. Com efeito, Lenski apon-
além de ser possível, a partir dele, trazer à tona outras questões teóricas ta que, “para o evolucionista, o ponto de partida numa análise de mudança
fundamentais para a sociologia. Outrossim, tal debate permite o surgimen- na estrutura social fica a milhões de anos no passado”. E apesar dos
to de posições bastante diferentes, às vezes mesmo díspares, quanto à particularistas, conclui Lenski, “há uma direcionalidade [creio que, para o
ideia de estrutura e sua relevância para a sociologia. autor, histórica] a longo prazo no desenvolvimento da estrutura social que
pode ajudar-nos a alcançar uma melhor compreensão dos paradigmas e
A esse respeito, por exemplo, Merton (1977, p. 31-63), para discutir o das tendências contemporâneas – especialmente dos que são fundamen-
papel das estruturas, antes de considerar que a sociologia atravesse uma tais para a dramática revolução social dos nossos dias” (p. 169). Dessa
ou várias crises, admite que a “sociologia tem vivido em estado de crise maneira, Lenski introduz a relação da estrutura com a história, tema que é
através de toda a sua história” (op. cit., p. 31-2). Assim, ele chega a falar desenvolvido, ainda que em outra perspectiva, a do marxismo, por Botto-
em “crise crônica” da sociologia, (idem, p. 33), “com a sua diversidade, more (1977, p. 176-89). Sigo com ele.
competição e choque de doutrinas”, o que, no entanto, “parece preferível
[...] à prescrição de uma única perspectiva que promete proporcionar Para Bottomore, tem havido uma dicotomia que opõe – creio poder
acesso total e exclusivo à verdade sociológica” (p. 38). Dessa forma, ele assim denominar – a sociedade-estrutura (fixa, estável e persistente,
não advoga “o ideal de uma teoria unificada completa” (p. 39). Por essa quase imutável) e a sociedade-história (um processo que pressupõe
razão, Merton não considera “que o paradigma da análise estrutural [...] mudanças contínuas). Dessa forma, “o verdadeiro problema consiste em
proporcione o único meio de saída para a crise periodicamente anunciada formular uma concepção de estrutura social que justifique estes elementos
da sociologia” (p. 40). Muito pelo contrário, ele defende um “ecletismo de regularidade e de ordem na vida social, não neglicenciando ao mesmo
disciplinado” e não um “anarquismo teórico”, onde, “[...] no processo tempo o fluxo da ação histórica pelos indivíduos e pelos grupos sociais
interativo de seleção cognitiva e social entre as ideias sociológicas, a que sustentam, recriam, reveem ou interrompem essa ordem” (op. cit., p.
análise estrutural continuará a ter elos de ligação com as modestas conso- 177).
lidações teóricas a caminho de um ideal supremo e ainda muito longínquo Bottomore oferece, como ponto de partida para resolver o problema
de uma teoria unificada e completa” (p. 63). apontado, a teoria de Gurvitch, para quem, “estrutura social é um ‘proces-
Por sua vez, Homans (1977, p. 64-90) chama a atenção para a diver- so permanente’, um ‘movimento perpétuo de desestruturação e estrutura-
sidade de uso que se dá à expressão “estrutura social”. Mas, o “que ção’” (idem, ibidem). Aqui, parece-me, a ideia de estrutura confunde-se, ou
entendemos por ‘estrutura’ social?”, pergunta. A resposta que ele oferece, funde-se, com a própria ideia de mudança, na medida em que se refere a

Sociologia 6
APOSTILAS OPÇÃO
movimento perpétuo e processo permanente. Bottomore aponta também o interesses distintos, lutando pelo poder. No entanto, o fator que vai deter-
crescimento do conhecimento como fator que influencia a estrutura social. minar a possibilidade de uma revolução ocorrer resulta da ação coletiva
Outro fator seria o desenvolvimento da divisão do trabalho, que, para ele, dos que desejam a mudança. Já Sckopol (1985), a partir de uma perspec-
estaria associado à diferenciação social (p. 177-80), ideia, como veremos tiva histórico-comparativa, apoia-se em uma análise estrutural para expli-
adiante, cara a Durkheim. Entretanto, para Bottomore, há ainda, pelo car as revoluções (op. cit., p. 110-13). Mas, antes de mais nada, seu texto
menos, um problema teórico a resolver, isto é, deve-se distinguir entre caracteriza-se por expor e discutir, ainda que brevemente, os autores que
“mudança total” e “mudança parcial”. Mas a distinção não é tão nítida oferecem explicações sob a perspectiva socioestrutural. Com efeito, ela
quanto pode parecer à primeira vista. Dessa forma, “é mais razoável falar identifica três correntes distintas: uma primeira, a da “psicologia das
de uma ‘idade de revolução’ do que de uma revolução e reconhecer que multidões” ou das massas (aggregate-psychological), que busca explicar
os processos de mudança gradual e rápida poderão estar estreitamente as revoluções com base na motivação das pessoas em engajar-se em
entrelaçados” (p. 181). Por outro lado, Bottomore chama a atenção para violentos movimentos políticos de oposição (p. 100-4); uma segunda,
“que a transição fundamental de uma sociedade para outra poderia ser systems/values-consensus, que procura explicar as revoluções como
explicada como consequência de pressões ou ‘contradições’ dentro de respostas violentas de movimentos ideológicos aos desequilíbrios do
uma estrutura social particular em si mesma”, mas Marx, que formulou sistema social (p. 104-8); e, por último, a dos conflitos políticos (political
esse modelo, é, para ele, ambíguo em sua teoria da crise, e o estrutura- conflicts), que entende o conflito entre governo e grupos organizados
lismo sequer tem contribuição significativa para tal debate (p. 184-85). Isso como disputas pelo poder político (p. 108-10). Há, nesses autores, uma
não impede, contudo, o historiador inglês considerar “a teoria da socieda- grande preocupação em caracterizar as revoluções, vistas como proces-
de de Marx, como uma cristalização sociológica da filosofia da história, em sos de mudança social, de caráter radical, certamente, estabelecendo
que a análise da estrutura social e a interpretação dos grandes movimen- uma tipologia na medida em que identifica características comuns e o que
tos históricos foram de mãos dadas [...]” (p. 189). as diferencia.
Concluindo esta seção, é relevante fazer ainda uma referência, mes- Tradicionalismo
mo que breve, à concepção de Blau de estrutura social (1977, p. 241-78). O tradicionalismo é um estado de consciência, que busca preservar
No caso, Blau está preocupado em estabelecer os parâmetros que deli- as boas coisas do passado, sem conflitar com o progresso, através do
neiam à estrutura social. Ademais, para ele, “a estrutura se refere às cultuar, vivenciar e preservar o patrimônio sociocultural de um povo. É a
partes inter-relacionadas diferenciadas numa coletividade, [...] a questão sociedade que defende, preserva, cultua e divulga a tradição gaúcha, que
fundamental é saber como estas partes e as suas conexões são concebi- congrega defensores dos costumes, dos hábitos, da cultura, dos valores.
das. [...] As partes são grupos ou classes de pessoas [...]. As conexões
entre as partes, assim como dentro das partes, são as relações sociais O tradicionalismo é um movimento planificado e regulamentado, com
das pessoas que encontram expressão na sua interação e comunicação” uma administração decentralizada, através das Regiões Tradicionalistas,
(op. cit., p. 241-42). Isto é, “numa palavra, por estrutura social entendo as que coordenam os polos sociais e culturais, que são as entidades tradicio-
distribuições de população entre posições sociais através de várias linhas nalistas. Por ser uma sociedade, depende da atuação de cada tradiciona-
– posições que afetam as relações de papel das pessoas e a interação lista., que é o grande soldado, o maior e imprescindível responsável pelo
social” (idem, ibidem). cultuar e divulgar a sua tradição.
O tradicionalista é um “homo sapiens”, ou seja, é o ser que sabe que
sabe, é o ser que está no mundo com ciência, com sabedoria, dotado de
Revoluções enquanto processos de Mudança Social inteligência, é um ser pensante e eminentemente social.
De todas as teorias de revolução aqui tratadas, a de Sorokin (1957) é
a mais remota, excluindo-se a de Marx, discutida mais na frente a partir
“das interações estratégicas” de Elster (1989), porque ela voltará a ser ESTADO E SOCIEDADE CIVIL
abordada no debate sobre a contribuição de Marx e dos marxistas à Vamos aqui expor a visão marxiana acerca da natureza do Estado
análise das mudanças sociais, na próxima seção. Quanto a Sorokin, sua capitalista e de suas transformações. Como é sabido, não há uma obra
abordagem é típica do que se convencionou denominar de “psicologia das específica de Marx que se atenha a esse tema. As análises marxianas
multidões”. Diferentemente de Marx, que tinha, sem dúvida, uma teoria de sobre o Estado estão dispersas em diversos textos ao longo de toda sua
mudança social baseada em revolução, Sorokin é ambíguo quanto à obra.
validade de tal relação. Por um lado, ele fala em “mudança legítima e Nas polêmicas dos anos iniciais o Estado já é apreendido por Marx
ordeira”. Tal mudança ocorre “de acordo com a lei oficial do grupo” e como um resultado da luta de classes, ainda que essa visão apareça de
quando “há uma certa medida de desajustamento sob a forma de uma uma forma mais explícita e elaborada somente nos textos finais desse
discrepância entre a lei oficial e as convicções jurídicas não oficiais de período. Nos textos seguintes sobre a conjuntura política, aparece de
uma parte dos membros [...]”, o que faz com que haja mudança de grupos forma mais concreta a determinação do Estado pela luta de classes, o
(op. cit., p. 748 e 751). Mas, por outro lado, ele entende “as mudanças Estado como produto e condição da luta de classes.
rápidas, súbitas e violentas, advindas de revoluções, como uma perver-
Uma primeira série de observações sobre o tema do Estado se en-
são, uma explosão de ódio, um ato de irracionalidade coletiva, sendo a
contra nos textos iniciais de Marx, abrangendo um período que vai da
revolução russa um exemplo de tal tipo de mudança (idem, p. 751-73).
"Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" em 1842 até o "Manifesto Comu-
Já Brinton, em sua Anatomia das Revoluções (1958), procura, assim nista" de 1848, passando pela "Questão Judáica" e pela "Ideologia Ale-
entendo, não mais do que descrever as fases típicas – ou uniformes – por mã". O caráter destes textos é essencialmente polêmico, dirigido contra a
que passam as sociedades em períodos revolucionários. Para tanto, filosofia de Hegel e seus herdeiros. De início Marx refuta a suposta identi-
compara tais processos na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França e na dade entre Estado e sociedade civil contida na filosofia hegeliana, procu-
Rússia. Há, entre eles, aspectos em comum, como, por exemplo, a crise rando assinalar a oposição entre a esfera política e a vida civil no mundo
que abala o Antigo Regime até a transformação dos revolucionários em moderno. Na "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" Marx observa que a
governo soberano. Assim, Brinton identifica as uniformidades entre as oposição entre Estado e Sociedade Civil pressupõe a propriedade privada.
quatro revoluções que analisa (Brinton, op, cit., p. 277-88). O significado e a raiz dessa oposição devem ser buscados na relação
Mais recentemente, Sckopol (1985) e Tilly (1993) formularam, parece- entre Estado e propriedade privada.
me, teorias mais sofisticadas acerca das revoluções. Falo em sofisticação As relações entre o Estado moderno e a propriedade privada serão
exatamente porque ambos procuram explicar (i) as razões que contribuem desenvolvidas por Marx nas obras posteriores. Em "A Questão Judaíca",
para que as revoluções ocorram e (ii) as condições em que elas ocorrem. Marx observa que a o processo de emancipação política torna o Estado
Nesses casos, as revoluções não parecem causar mais estranheza nem moderno uma comunidade política constituída por cidadãos iguais. A
são consideradas “aberrações” históricas, onde a violência está no centro emancipação política, porém, coincide com a emancipação da propriedade
das explicações oferecidas, como em Sorokin. privada. Marx aponta o caráter apenas formal da determinação do Estado
Dessa forma, em Tilly, é possível ver os acontecimentos revolucioná- como comunidade política, constituindo a propriedade privada universal
rios como resultados de conflitos (radicais) entre grupos políticos, com seu conteúdo. A finalidade do Estado é garantir o interesse comum, mas

Sociologia 7
APOSTILAS OPÇÃO
este é concebido como o conjunto dos interesses dos indivíduos proprietá- Teoria Funcionalista
rios. Assim, o Estado é caracterizado por Marx nessa obra como "comuni- Possui como principal autor, David Mitrany, o qual escreveu durante o
dade ilusória". período entre guerras, sugerindo que o crescimento da complexidade do
A partir de "A Ideologia Alemã" a concepção marxiana do Estado pa- sistema governamental aumentou consideravelmente a essenciabilidade
rece já estar desenvolvida em seus contornos essenciais. Um resumo técnica (assuntos não políticos frente ao governo). O crescimento da
dessa concepção, nesse ponto da obra de Marx, nos revela o Estado importância de tais questões no século XX fez necessário a criação da
como uma das formas em que se desenvolve a contradição entre proprie- estrutura de cooperação internacional.
dade e trabalho e portanto, uma das formas em que se desenvolve a luta O ponto principal para a Teoria Funcionalista é a integração política
de classes. Se por um lado o Estado exerce funções sociais gerais, se acerca de um centro decisório, no qual os atores políticos dirigem suas
aparece como representante do interesse comum, por outro, só se apre- legislações e atividades políticas. (Amitai Etzion e Ernest Haas). Ou seja,
senta assim na medida em que faz valer os interesses comuns de uma nas palavras de Leon N. Lindeberg, os atores renegam seus desejos e
classe. O Estado se constitui como uma dupla determinação: exerce habilidades em conduzir sua política externa independentes para delega-
funções sociais gerais - resultante da divisão do trabalho - mas as exerce los a um novo centro, iniciando o processo de integração internacional,
sob uma forma despótica, autoritária, sob a forma do domínio de uma além dos benefícios e seus consequentes danos devem ser divididos
classe sobre outra; em resumo sob a forma de Estado. igualmente, os atores devem ter a noção da perda de status no Sistema
O vínculo do Estado com as classes sociais reconhecido nos primei- Internacional e as decisões devem ser tomadas por consenso.
ros trabalhos, é retomado e desenvolvido sob um novo angulo na série de Todavia nem todos os autores concordam com esta visão de um cen-
trabalhos seguintes em que Marx analisa a situação da conjuntura política tro no comando da unidade integrada, Donald J. Puchala, analisa a inte-
na França ("A guerra civil na França", "O dezoito de Brumário de Luís gração como um conjunto de processos que produz e mantêm a concor-
Bonaparte") e na Alemanha ("A Burguesia e a Contra-Revolução", série de dância do sistema ao nível internacional, ou seja, os atores descobriram a
artigos publicada na Nova Gazeta Renana). Nesses trabalhos o Estado é consistência exata para harmonizar seus interesses, ajustar suas diferen-
captado de um ponto de vista dinâmico, em suas transformações, contra- ças e receber as recompensas pela cooperação. Também o autor Karl W.
dições, articulações com outras esferas sociais e diferenças concretas. Deutsch concorda com esta posição.
É preciso lembrara que Marx destaca, especialmente na análise do Alguns teóricos de cunho Realista, como Charles Pentland, veem a in-
caso francês, o papel das frações de classe e da composição do bloco do tegração política como um processo que inibi ou abole o poder soberano
poder na determinação das ações e da forma do Estado. Além disso, do Estado-nação moderno. A população (ou melhor as elites) do Estado é
recoloca-se a contradição entre forma e conteúdo do Estado. As diferentes parte muito importante deste processo de integração, pois podem cons-
formas de governo são apreendidas como diferentes formas em que se tranger a entrada de seu país em uma organização caso os custos desta
desenvolve a luta de classes; se todo Estado moderno tem como conteú- entrada sejam maiores que os benefícios prováveis desta união, ou se o
do a dominação burguesa sua forma não está totalmente pré-determinada. risco de uma punição for pequeno.
Essas obras revelam que Marx compreendia o desenvolvimento do Intrinsecamente a esta teoria, há a microteoria da ramificação ou spill
Estado e suas mudanças como sendo referenciados às transformações over, escrita por Ernest Hass, acredita que o desenvolvimento da colabo-
sociais. Tal concepção, pode ser apresentada resumidamente da seguinte ração em um campo técnico gera um comportamento comparável em
forma: em cada período a luta de classes entre capital e trabalho se dá outros campos técnicos, ou seja, colaboração funcional em um setor gera
sob uma base herdada do período anterior, o que inclui a forma do Esta- a necessidade de colaboração em um outro, contribuindo para a manuten-
do; a luta de classes irá atuar sobre essa herança, acentuando algumas ção da paz, pois os atores ficam inibidos de tomarem ações unilaterais
características, enfraquecendo ou eliminando outras, enfrentando maior que prejudique os seus parceiros.
ou menor resistência do organismo estatal. O Estado na sua forma deter-
minada em um dado momento é apreendido por Marx como produto das
lutas anteriores, e nesse sentido é uma condição da luta de classes; mas Em relação a segurança, a integração econômica no nível nacional
essa se caracteriza pela própria mudança de suas condições. Desta está dividida em duas (Karl Deutsch):
forma, o Estado também é objeto das lutas atuais, sendo modificado por a) Centralizada (amalgama): uma única unidade com um governo co-
elas. mum, onde se encontra compatibilidade de valores, expectativas, multipli-
A interpretação acerca da concepção marxiana do Estado enfrenta cidade dos meios de comunicação e transação, além da mobilidade de
uma série de polêmicas. Primeiramente indicamos uma continuidade na pessoas;
obra de Marx, entre as obras iniciais e as posteriores que vai contra a b) Pluralista: governos separados que retêm sua independência legal.
leitura althusseriana de uma ruptura entre o "jovem Marx" filósofo e um Também observa-se compatibilidade dos valores entre os decisores,
"Marx maduro", autor de uma "ciência da história". receptividade mútua e a velocidade dos governos ao responder aos estí-
Em segundo lugar, a interpretação acerca da natureza de classe do mulos sem recorrer a violência.
Estado tem sido objeto de intensa polêmica entre os marxistas. Segundo a Outra observação de caráter funcionalista é a visão de Karl Deutsch.
interpretação denominada de instrumentalista o Estado seria um "comitê Se os acordos de cooperação forem de caráter militar, ou houve um
para gerir negócios da burguesia", estando sob seu controle direto (Milli- crescimento das diferenças linguísticas e étnicas, estagnação, falha na
band). Já a versão estruturalista aponta os constrangimentos estruturais à formação de um grupo, demora excessiva nas reformas políticas, sociais e
ação do Estado como determinante de sua natureza de classe; segundo econômicas, facilmente este acordo ou bloco será desintegrado, por
essa versão o Estado não é um simples instrumento nas mãos da burgue- exemplo o Império Austro-Húngaro.
sia, mas goza de autonomia relativa (Poulantzas). Uma terceira interpreta-
ção – que se identifica com a leitura dos textos de Marx defendida nesse
trabalho - apreende o Estado como uma das formas da luta de classes na Teoria Neofuncionalista
sociedade capitalista (Holloway). Possui como principal base os estudos de casos concretos e os testes
SOCIEDADE CIVIL: toda comunidade está divida em sociedade po- de hipóteses sobre o processo de integração política.
lítica, o plano das instituições do Estado, e sociedade civil, as organiza- Ernest Haas possui uma participação significativa nesta teoria, foi este
ções que representam e agrupam os cidadãos desligados do poder públi- teórico que analisou a hipótese de custo X benefício, quando um Estado
co. A polícia, por exemplo, é uma entidade da sociedade política; um opta por inserir-se em um processo de integração caso os benefícios
sindicato representa uma sociedade civil. forem maiores que os custos, além de haver concluído que as decisões
sobre esta finalidade partirem das elites do governo e dos setores produti-
vos, não diretamente dos Estados. Todavia como na Teoria Funcionalista,
TEORIAS SOCIAIS
os atores percebem, que, através de uma grande organização e da coope-
As teorias sociais são classificadas em funcionalista, materialista- ração, seus interesses nacionais são melhores e mais facilmente alcança-
dialética e compreensiva. dos.

Sociologia 8
APOSTILAS OPÇÃO
Acredita-se que arranjos regionais estão mais propensos a alcançar a 1.4 socialização da elite: que possui interesses diretos ou indiretos na
integração que uma organização de representantes do mundo inteiro, já integração. São importantes pois é uma formadora de opinião;
que, com menos membros a probabilidade destes concordarem sobre os 1.5 formação de bloco regional: com passar do tempo mais interesses
assuntos da agenda é maior. são agregados e o bloco é aumentado;
Intrinsecamente a esta teoria, os teóricos Haas e Philippe Schmitter 1.6 atração ideológica e de identidade: diminui a ocorrência de ata-
levantaram uma série de proposições em cima da afirmação de que uma ques diretos a integração;
organização internacional pode ultrapassar as fronteiras do Estado e
assim modificar as políticas de governo. Organizações e seu conjunto de 1.7 envolvimento de atores externo no processo de integração: tanto
leis formam a estrutura do Sistema Internacional. Estas estruturas rece- Estados como Organismos Internacionais e Organizações Não-
bem estímulos que são convertidos em ações. Deste modo observa-se Governamentais são considerados catalisadores do processo.
alterações no Sistema Internacional:
a) ao produzir a integração; 2.1 simetria ou igualdade econômica entre as unidades políticas;
b) ao levar a desintegração através da análise dos propósitos que 2.2 complementaridade dos valores das elites;
uma vez os uniram. 2.3 existência do pluralismo;
Na Teoria Neofuncionalista, além do spill over ou ramificação explica- 2.4 capacidade dos membros de se adaptarem e reagir aos estímulos:
do no início do texto dentro da Teoria Funcionalista, há também: quanto maior o nível da estabilidade doméstica e a capacidade dos deci-
• Spill around: aumento no alcance das funções executadas pelo cen- sores para responder a demanda de seus Estados, melhor estarão capaci-
tro da organização de integração mas não significa aumento da autorida- tados para participar de uma integração.
de;
• Spill back: retorno do alcance das funções e autoridades do centro Teoria materialista-dialética
da organização de integração para antes do processo (menos atores);
A teoria darwinista, um dos mais importantes pensamentos fundado-
• Build up: aumento de autonomia nas decisões do organismo de inte- res em matéria de ciência, alicerce da teoria materialista e anti-
gração sem gerar novos problemas ou assuntos de agenda; criacionaista, fora usada e abusada por várias correntes ideológicas que
• Retrenchement: aumento no nível da arbitragem unida enquanto re- se apropriaram, equivocadamente ou intencionalmente, de sua teoria
duz a autoridade do centro da organização de integração (menos funções, evolutiva, da seleção natural e da antropologia darwiniana para justificar
mantendo o mesmo número de atores). teorias sociais do desigualitarismo. De forma que o legado darwinista
Através destas afirmações chega-se a três hipóteses sobre a integra- acabara servindo de inspiração para as teorias "modernistas" da eugenia,
ção: a ideologia que fundamentava o "racismo científico", e fundador de quase
todas as sociologias biológicas evolucionistas.
1) Contínuos spill over levam ao surgimento de novos problemas e
assuntos de agenda; A responsabilidade por tal equívoco cabe, em primeiro lugar, sobre o
evolucionismo filosófico de Spencer, sistema de pensamento que serve
2) Quanto menos distintos forem spill around há maior probabilidade como referência ideológica ultral-liberal, emergente do contexto de lutas
de serem geradas bases para um maior avanço na integração política; ideológicas que é o da Inglaterra nos anos de 1860, fundamentando-se na
3) Como a expectativa de ganhos econômicos (pragmáticos) não re- teoria darwinista da evolução das espécies. Isso além de representar as
força o compromisso ideológico, um processo político de integração que aspirações da burguesia industrial inglesa.
estiver construído apenas nesses interesses, com certeza, será fraco e Spencer tinha uma visão orgânica da sociedade, e como um organis-
suscetível a anulação. mo, esta estaria passível de evolução. Num total equívoco, ou oportunis-
Uma quarta hipótese foi formulada por Bruce M. Russet, o qual definiu mo, a teoria da seleção natural é adotada para tratar das sociedades,
uma tipologia, dividindo o mundo através de 54 variáveis (dentre elas PIB, onde os mais fortes prevalecem e devem sujeitar os mais fracos para
o grau de escolaridade, renda per capita, mortalidade infantil), em quatro garantir a "seleção natural" dos seres humanos.
fatores que favoreceriam a integração entre os Estados: "A adaptação é a regra de sobreviência no seio de uma concorrência
a) Desenvolvimento econômico: Ásia e África; interindividual generalizada: os menos adaptados sem apelo e sem consi-
b) Comunismo: Comunidade Leste; deração". Esse ultraliberalismo de Spencer abraça a teoria Darwiniana
justificando e incentivando a concorrência entre os homens.
c) Cultura católica: América Latina;
A preocupação de Spencer está em aplicar a teoria darwiniana não
d) Agricultura intensiva: Leste Europeu. em um corpo onde seu uso seria legítimo, mas onde Darwin recusa preci-
Ou seja, caso um país esteja classificado como pertencente a uma samente sua aplicação: na marcha das sociedades humanas. Tal deslize
destas quatro divisões, será mais fácil a este se integrar ou até mesmo se científico trará as piores consequências conceituais, teóricas e políticas na
relacionar com outros países pertencentes a esta mesma divisão. Europa e no mundo.
Spencer utiliza de Darwin como uma chave para uma antropologia
Joseph Nye e o Neofuncionalismo social evolucionaista e/ou sociobiologia. Spencer é, então, o fundador do
"darwinismo social" e "criador de todos os paradigmas comuns às sociobi-
Nye oferece duas variáveis principais em seu estudo:
ologias ulteriores da história."
1) mecanismos de processo (variável independente), divididos em se-
O erro deu-se na determinação, e interpretação, dos "conceitos-
te pontos, e
chave" da antropologia darwiniana (alheia à antropologia evolucionista).
2) potencial para a integração (variável dependente), dividida em qua- Para Darwin, "a seleção natural seleciona a civilização, que se opõe à
tro pontos. seleção natural." A civilização, tende a excluir, cada vez mais, pela ética e
através das institucionalizações, os comportamentos eliminatórios. A
1.1 spill over; seleção natural de Darwin, não seleciona apenas "variações orgânicas",
mas também a instintos que também apresentem uma vantagem evoluti-
1.2 aumento das transações comerciais; va. "No lugar da eliminação dos menos aptos, aparece junto com a civili-
1.3 ligações deliberadas e formação de coalizões: os problemas estão zação, o dever de assistência que põe em operação, no seu lugar, múlti-
ligados deliberadamente em pacotes de acordo, por causa das projeções plos recursos de ajuda e de reabilitação."
políticas e ideológicas e não pela necessidade tecnológica. Os Estados se Através dos instintos sociais desenvolvidos pela ética, a seleção natu-
unem em coalizões porque possuem um inimigo ou um problema em ral assume o seu caráter reversivo, selecionando, desta forma, seu contrá-
comum; rio.

Sociologia 9
APOSTILAS OPÇÃO
Em outras palavras: as sociedades humanas passam a adotar um to integralmente desenvolvido de Darwin; o que foi escrito sobre o Homem
conjunto de comportamentos anti-eliminatórios e, portanto,"anti-seletivos não está contido em seu trabalho A Origem das Espécies, mas onde o
no sentido assumido pelo termo seleção na teoria desenvolvida em A assunto é, de fato, tratado: La Descendence de l´Homme. "O transformis-
ORIGEM DAS ESPÉCIES." mo darwiniano em antropologia era um humanismo materialista aberto
A emergência progressiva da moral nas sociedades aparece como um para a ética assimilativa e oposta a qualquer forma de opressão e coerção
fenômeno indissociável da evolução, fundamentando uma teoria materia- desigualitárias." De resto, toda essa maré de confusões e equívocos em
lista dos fundamentos da moral, desvinculando a ideia de ética de uma relação ao pensamento darwiniano pode ser evitada, com a leitura partin-
obrigação transcendental e/ou metafísica. A teoria da seleção natural do de um ponto de vista dialético de sua obra.
estende-se desta forma à explicação do devir das sociedades humanas. Quando assim for feito não restará, qualquer vestígio que seja, do mi-
Tanto a sociobiologia de Spencer quanto o discurso de ruptura para to de que o legado darwinista fora responsável pelo desenvolvimento de
com a teoria Darwiniana devem ser recusados. O primeiro por não ser, inúmeras teorias do desigualitarismo e, inspirador da terrível solução final
verdadeiramente darwiniano, e o segundo, por não considerar que a nazista.
seleção natural submete-se a sua própria lei, numa forma onde a humani-
dade favorece a proteção dos fracos, transcendendo da esfera da biologia Teoria compreensiva
para a esfera social. A teoria da evolução das sociedades humanas de
Darwin pode ser resumida como a dialética das realidades biológicas Nos autores clássicos da Sociologia encontramos muitas das ques-
versus sociais. "Levando-se me conta a formidável conversão que implica tões referentes à educação que se mostram atuais e relevantes. Para
o universo mental darwiniano, uma vez compreendido o seu continuísmo ilustrar essa afirmação resgato, de uma maneira sucinta, as contribuições
evolutivo, a distinção teorízável entre dois tipos de realidades (biológicas e de Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.
culturais) se desvanece no seu essencialismo para se reformular como A atualidade do pensamento de Marx tem sido amplamente discutida
distinção dialética." Poucos são os estudiosos que submetem suas análi- nos debates sobre educação e trabalho a partir da concepção de educa-
ses à dialética. Inclusive as teorias liberais-spencerianas pecam em obs- ção politécnica, na qual ele defendeu a integração de uma educação
curecer a verdadeira teoria darwinista com a na- prática da dialética. Ao humanista, tecnológica e corporal. A educação, como um elemento que
recusarem a árdua jornada intelectual que implica uma visão dialética do contribui para a superação da crise do ordenamento social, faz parte da
problema, os pensadores liberais que monopolizaram a antropologia análise de Durkheim. O momento atual de reestruturação produtiva e
darwiniana "desviaram a curso do rio", fundamentando "teorias da concor- globalização da economia propicia um fecundo debate acerca da análise
rência" que, sob uma ótica darwinista, não teria o menor cabimento. A do autor sobre a divisão do trabalho e o papel da educação nesse contex-
seleção natural sob a modalidade do efeito reversivo , obriga a conceber a to. Weber também é um autor que possibilita um rico debate dos temas
derrubada mesma da operação seletiva como base e condição do acesso atuais da educação.
à civilização. Para ilustrar esse aspecto recorro à sua análise sobre a burocracia
Uma pergunta que paira no ar, após todos esses anos, é: por que, di- como um elemento que promove o desenvolvimento de uma “objetividade
abos, o efeito reversivo não fora visto dantes? Bom, além da "formatação racional”, acarretando efeitos na natureza do treinamento e da educação.
filosófica" imposta pelo pensamento spenceriano, da nova organização Os diferentes tipos de exames a que os estudantes são submetidos ilus-
econômica social, onde uma "lei de evolução" que era, na verdade, uma tram essa afirmação. As instituições educacionais de nível superior e
nova versão de teorias de progresso desenvolvidos muito antes por teóri- médio além de produzirem um sistema de exames especiais priorizam
cos do liberalismo. essa especialização requerida pela burocracia. Weber afirma que existe
Adicionamos isso à total confusão (intencional ou não) executada pelo uma ambivalência em relação aos exames nas sociedades democráticas.
pensamento Spenceriano quanto à teoria darwinista. E, talvez o principal Se por um lado, a seleção pelos exames possibilita que indivíduos de
motivo: La Descendance de l´Homme era esperada como a continuação camadas sociais distintas tenham acesso a posições privilegiadas na
de A Origem das Espécies, e, por isso mesmo, foi pouco lido e, quando sociedade, por outro, esse sistema pode resultar numa casta privilegiada.
lido, seus comentadores davam mais ênfase quanto as nossas relações e “A burocratização do capitalismo, com sua exigência de técnicos, funcio-
ligações com a animalidade que a seu verdadeiro propósito: a exposição nários preparados com especialização, etc., generalizou o sistema de
da teoria da reversão. "Devemos ao efeito da reversão as nossas aquisi- exames em todo o mundo” (Weber, 1982, p.278). Os títulos educacionais
ções originais de nossos instintos sociais." " ... por mais importante que obtidos através desses exames são símbolos de prestígio social e muitas
tenha sido a luta pela existência e ainda o seja, outras influências mais vezes são utilizados como meios de obter vantagem econômica.
importantes intervieram no que diz respeito à parte mais elevada da Dessa forma, nas sociedades modernas, a especialização dos indiví-
natureza humana. duos passa a ser indispensável para o ingresso nas instituições públicas e
As qualidades morais progridem de fato diretamente ou indiretamente, privadas. Convém ressaltar que a influência de Weber em questões relati-
bem mais pelos efeitos do hábito, pelo raciocínio, pela instrução, pela vas à educação tem sido um tema pouco abordado tanto em estudos na
religião, etc, do que pela ação da seleção natural, ainda que possamos área de educação como na de Sociologia; constata-o, inclusive, uma
atribuir com certeza à ação desta última os instintos sociais, que são a escassez de estudos que abordem sua influência na produção teórica da
base do desenvolvimento do sentido moral."(Charles Darwin, La descen- Sociologia da Educação contemporânea.
dence de l´homme). Dos três fundadores da Sociologia da Educação, apenas um, Émille
Outra grande causa do equívoco e da confusão do pensamento de Durkheim, possui uma Sociologia da Educação sistematizada em obras
Darwin foi o nascimento da eugenia. O eugenismo foi a tentativa de de- especificas desse tema - Educação e Sociologia; A evolução pedagógica
monstrar o caráter hereditário das qualidades intelectuais, e estabelecer na França e Educação Moral. Nem Karl Marx nem Max Weber dedicaram
estatisticamente a estrita hereditariedade do gênio, fazendo total abstra- um texto específico à educação que pudesse dar origem à Sociologia da
ção dos fatores educativos. Educação como vertente da disciplina. Essa ausência não impediu, toda-
via, que, depois deles, houvesse sociólogos que se fundamentassem nos
Francis Galton, primo de Darwin, fora o primeiro teórico do eugenis- excertos desses pensadores para estudar o fenômeno educativo. A in-
mo. Sua doutrina era hostil à reprodução das "pobres e indolentes", pen- fluência de Weber na Sociologia contemporânea se faz presente, dentre
sada como um obstáculo ao aumento numérico dos "homens superiores". outros autores, na abordagem da teoria da ação, de Talcott Parsons, nas
O eugenismo fora uma tentativa de selecionar artificialmente novas noções de campo e de violência simbólica, de Pierre Bourdieu & Jean
gerações humanas, gerando, artificilmente, a evolução da espécie huma- Claude Passseron, e na noção de efeitos perversos da ação social, de
na e criando um novo homem: o super homem! Assim surge a ideia e a Raymond Boudon.
"recomendação de medidas institucionais de intervenção corretora e Sem desconhecer nem desconsiderar a importância da obra de We-
compensadora tendo como finalidade restaurar a qualidade biológica do ber para a Sociologia Europeia e Americana, ressalto que ainda são
grupo pela introdução duma seleção artificial aplicada a seus membros." poucos os estudos que abordam a influência do autor na Sociologia da
De Darwin até o nazismo na Europa, o caminho é cortado por inúmeras Educação. E mais raros ainda são os estudos que abordam a sua influên-
correntes ideológicas cuja característica comum é a traição do pensamen-
Sociologia 10
APOSTILAS OPÇÃO
cia na produção teórica dos sociólogos nacionais. Por esse motivo, focali- A propriedade em terras. Os primeiros homens ocuparam e habita-
zarei a apropriação do pensamento do autor por um expressivo sociólogo ram porções de terra virgem, e assim indivíduos, tribos, e nações se
brasileiro, Luiz Pereira, e por uma expressiva socióloga britânica, Marga- proclamaram proprietários do que estava ao seu alcance manter e defen-
reth Archer. A opção em contemplar um autor nacional deve-se ao fato de der como próprio.
que pode parecer, à primeira vista, que a Sociologia Brasileira tenha Uma intrincada relação de propriedade, compreendendo trabalho es-
pouca afinidade com o pensamento sociológico alemão, particularmente o cravo, cobrança de tributos, premiação à nobreza, servidão, morgado, etc.
de Weber. Mas, ao efetuar uma avaliação da produção sociológica nacio- desenvolveu-se com o absolutismo. Do ponto de vista Liberal, se manti-
nal verifica-se a influência do referido autor, apesar de ela não ser tão vermos fidelidade ao pensamento de Locke, o homem é dono da terra da
marcante como a da teoria sociológica francesa. A escolha de uma autora qual foi o primeiro a tomar posse, ou que tenha adquirido, porém só a
britânica, Margareth Archer, deve-se ao fato de ela se apropriar do pen- manterá com legitimidade se é apenas razoavelmente ampla para nela
samento de Weber de uma maneira peculiar mediante a proposição de situar sua moradia, ou empregar o trabalho para seu sustento, ou para
uma Sociologia dos Sistemas Educacionais. Dediquei atenção especial às extrair dela produtos na base da divisão do trabalho (produzir o que não
suas obras em que a adoção de conceitos e categorias de Weber mos- consome mas que lhe servirá de troca por outros produtos e para o co-
tram-se marcantes em estudos sobre a educação. As obras mencionadas mércio de interesse da sociedade). O homem liberal sempre aceitará essa
são: A escola numa área metropolitana (1960), de Luiz Pereira, e The limitação: a posse de latifúndios improdutivos nunca foi parte da filosofia
sociology of educational systems (1982), de Margareth Archer. A primeira liberal.
obra consiste na utilização da teoria weberiana numa perspectiva micro,
pelo fato de Pereira tê-la utilizado em estudo de caso de uma escola, Rousseau porém criticou acerbamente a Locke, dizendo que mesmo
valorizando os tipos de dominação existentes nas suas relações com a que utilizasse a terra para seu sustento, nenhum indivíduo teria o direito
comunidade. Em contrapartida, a obra de Archer situa-se numa perspecti- de possuir um pedaço de terra, porque a terra pertence a todos. Quem
va macro, pelo fato de a autora incorporar em sua análise dos sistemas quisesse ter tal propriedade teria que pedir autorização a todos os ho-
sociais aspectos metodológicos da Sociologia Compreensiva de Weber. mens. Ora, a terra pertence a todos porque todos já a ocupam. O que se
discute é a proporção, pelo seu significado econômico. A opinião de
Rousseau na verdade trai suas tendências absolutistas, porque o ponto
LIBERALISMO onde pretende chegar é que os indivíduos, não desejando trabalhar em
O Liberalismo parte do princípio de que o homem nasce livre, tem a terras que não lhes pertencessem, poderiam ser forçados pelo Estado a
propriedade dos bens que extrai da natureza ou adquire por via de seu fazê-lo, para que não houvesse falta de alimentos.
mérito ou diligência e, quando plenamente maduro e consciente, pode
fazer sua liberdade prevalecer sobre as reações primárias do próprio Igualdade. É um modo mais claro de ver as posições do Liberalismo,
instinto e orientar sua vontade para a virtude. Uma pessoa madura e livre se as examinamos em oposição ao pensamento dos grandes homens que
está à altura de perseguir sua felicidade a seu modo, porém respeitada a ele se opuseram. Rousseau está na origem do Liberalismo, deu a ele
uma escala de valores discutida e aprovada por todos, ou seja, ela deve sua contribuição, porém difundiu ideias que haveriam de inviabilizá-lo na
reconhecer sua responsabilidade em relação ao seu próprio destino e ao França, sem deixar nada em seu lugar, salvo sua tese (neo-platônica) da
objetivo da felicidade coletiva em sua comunidade ou nação. Será contra- “vontade geral” e da propriedade coletiva, que constituiriam logo os fun-
ditório que alguém ou algum grupo tenha naturalmente poderes para damento do Socialismo e do Comunismo na Europa.
cercear essa liberdade sem que parta do próprio indivíduo uma concor-
dância para tal. A origem da desigualdade entre os homens pode não ser apenas a
que Rousseau aponta. Em sua época nada se sabia, por exemplo, da
O estado social é uma realidade natural para o homem – seja como influência genética, da disparidade biológica que influi na diversificação
tribo, aldeia, grupo étnico, nação –, e não nasce com um contrato. A dos interesses e do nível de satisfação e realização das pessoas. Ele
concepção do contrato social não passa de uma ferramenta para repre- acreditava que o Estado poderia dar educação igual para todos e isto
sentar o acordo tácito entre os indivíduos para constituir uma proposta de levaria à igualdade. Entregou seus próprios filhos a orfanatos públicos.
organização social e governo. Uma constituição representa esse acordo e,
no caso do Liberalismo, confere ao governo a faculdade de reprimir o Para o Liberalismo, a igualdade é apenas de direitos, no sentido de
desrespeito ao direito individual entre os súditos – inclusive o direito de que não admite a existência de restrições de liberdade e oportunidade por
propriedade –, e aos súditos o direito de destituir o governante que abusa motivo de credo, raça, ou origem social. Quanto ao progresso de cada um,
contra esses mesmos direitos. é livre a concorrência de aptidões, e onde muitos concorrem ao mesmo
prêmio, não há porque dar a vitória ao menos apto, ao mais fragilizado, ao
Como doutrina política, o Liberalismo tem sua definição somente no menos preparado, em detrimento dos que tenham realizado maior esforço
início do século XIX, com a proposta de um governo constitucional feita e mostrado mais habilidade, e poderão, com seu talento e competência,
por Royer-Collard e pelo Duc de Broglie, genro de Madame de Staël, servir melhor à coletividade. Assim o desenvolvimento dos indivíduos,
proposta também defendida por outros proeminentes políticos como tanto no sentido material como cultural, se escalona conforme o apetite e
Guizot na França, Cavour na Italia, e von Rotteck na Alemanha. a capacitação de cada um para atingir os melhores níveis.

Divisão do trabalho e propriedade. Para o liberalismo, o homem se A liberdade de expressão. Uma decisão da maioria necessita da li-
desenvolve quando expande sua riqueza no sentido daquilo que toma por berdade individual para que seja autêntica, e da liberdade para formular
seus valores e seus ideais. Não lhe é imposto, de fora, nenhum valor ou sua opinião e trocar pontos de vista com os demais. Isto requer liberdade
ideal. Para alguns a escolha pode ser a maior riqueza material possível, de expressão, de imprensa, de formar livremente sociedades e partidos,
enquanto para outros uma riqueza moderada, não a maior possível mas a sem medo de repressão. Benjamim Constant chega a dizer, no seu Princi-
que lhe dê os meios para atingir maior riqueza intelectual e cultural. Ao pes de Politique, que a publicidade é a única defesa dos indivíduos contra
desenvolver-se o indivíduo, num sentido ou noutro, contribui para promo- a tirania.
ver o desenvolvimento social.
A liberdade de expressão é também uma liberdade de reivindicação,
A instituição da propriedade e da troca de mercadorias torna possível de modo que grupos liberais podem querelar entre si na negociação de
a divisão do trabalho. O produto é propriedade do seu produtor, e pode ser salários, carga horária de trabalho, debates políticos, questões ligadas à
trocado livremente pelo que é produzido por outros indivíduos, ou por economia, à educação, à preservação ambiental, assistência aos idosos, e
objetos de valor reconhecido por todos – a moeda –, ou algum bem. O em fim, tudo o que possa ser trazido a debate como de interesse para a o
comércio é o sistema de troca indireta, em que um bem de comum aceita- desenvolvimento econômico e social com solidariedade.
ção e que possa ser facilmente entesourado (normalmente uma moeda),
pode ser trocado, em quantidade e valor comparável, por algum outro
produto especificamente desejado. O Governo. Adam Smith enumera três tarefas do governo: proteger o
grupo contra a violência externa; proteger internamente os membros da
sociedade de injustiças e opressão dos demais; e erigir e manter as
Sociologia 11
APOSTILAS OPÇÃO
instituições publicas e as obras públicas as quais são de tal natureza que e de luta política, propondo o estabelecimento de uma nova sociedade
não seriam lucrativas individualmente, porém representam grande vanta- que suprimisse as desigualdades entre os homens.
gem social. No entanto, a sociedade tem hoje necessidades e problemas Os primeiros pensadores socialistas eram na sua maioria franceses e
muito mais complexos que à época em que nasce o pensamento liberal. desenvolveram suas ideias no período entre a Revolução Francesa de
Os países contam com populações milhares de vezes maiores que as de 1789 e as Revoluções de 1848. Entre eles, podemos destacar: Saint
então. E cresceu o número de atividades em que a iniciativa individual ou Simon (1760/1825), Charles Fourier (1772/1834), Robert Owen
de grupo não pode atuar sem o apoio de organismos coordenadores (1771/1858) Pierre-Joseph Proudhon (1809/1865) e Louis Blanc
permanentes. A função do governo no sistema liberal deve crescer con- (1811/1882).
forme se fizer necessário, porém este não pode nunca perder seu caráter
de servidor da sociedade, e assumir o papel de seu senhor. Esses filósofos acreditavam que poderiam transformar a sociedade
capitalista, eliminando o individualismo, a competição, a propriedade
individual e os lucros excessivos, responsáveis pelas desigualdades e
Segurança. O exército, as polícias, a estrutura judicial são imprescin- miséria dos trabalhadores, através da compreensão e da boa vontade da
díveis à segurança e, no regime liberal, são formados por indivíduos que burguesia. Consideravam que, do ponto de vista da razão (base do pen-
escolhem a carreira militar ou se engajam para servir em caso de conflito, samento filosófico da burguesia), nada poderia existir de mais racional e
mediante um soldo. O próprio povo terá que decidir, por sufrágio direto ou justo do que uma sociedade fraterna, igualitária e livre da pobreza. Portan-
por decisão de seus delegados, a convocação geral. Também a polícia to, a burguesia seria capaz, por si só e em nome da razão, de criar o bem
local é contratada pelas comunidades. estar geral.
Para concretizar suas ideias, os primeiros socialistas propuseram e
A assistência social. A doutrina Liberal não considera o cidadão um tentaram a fundação de comunidades-modelo (Fourier) e a criação de
“filho” da sociedade e portanto não é a sociedade nem o Estado (Socieda- fábricas-cooperativas pelo Estado (Louis :Blanc) ou por associação dos
de mais o governo) que têm responsabilidade natural ou qualquer obriga- produtores (Owen), nas quais os meios de produção seriam coletivos.
ção natural com os indivíduos. O direito à educação e à saúde do indiví- Apesar do fracasso dessas iniciativas esses pensadores fizeram importan-
duo é responsabilidade natural dos que o colocaram no mundo, seus pais. tes críticas ao mundo e à ideologia burguesa. A ação de Robert Owen, por
Por isto a família é uma instituição de primordial importância para o Libera- exemplo, devem ser creditadas modificações significativas na vida da
lismo, ao passo que não tem nenhum valor para o Socialismo. classe operária da Inglaterra, como a regulamentação do trabalho de
mulheres e de crianças.
Na sociedade liberal, os homens não estão unidos apenas para ga-
rantir a sua liberdade, mas para formar uma sociedade com um liame que Por pretenderem reformar a sociedade através da boa vontade e dos
lhe permite (à sociedade) sobreviver e desenvolver-se. Esse liame é a bons exemplos da burguesia os primeiros socialistas foram classificados
solidariedade, sobre a qual Adam Smith, filósofo e economista liberal, pelos pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels de "utópicos". Do
dedicou seu livro The Theory of Moral Sentiments ("A Teoria dos Senti- ponto de vista de Marx e de Engels, baseados na análise científica do
mentos Morais"), de 1759 – uma doutrina que recebeu do seu mestre sistema capitalista e no estudo das leis de desenvolvimento das socieda-
Hutcheson. A solidariedade liberal é a solução para que a desigualdade de des, somente os trabalhadores, através de sua organização e de uma
aptidões e a diversidade de recursos não conduzam à desigualdade de ação revolucionária para tomar o poder, seriam capazes de transformar a
direitos e à falta de liberdade dos menos capazes. sociedade capitalista, eliminando as desigualdades e a miséria. Por isso, o
A filantropia é tão original, tão imanente e essencial ao Liberalismo Socialismo de Marx e de Engels deixava de ser "utópico" para se tornar
quanto sua defesa da liberdade e da propriedade. Os orfanatos, os asilos "científico". Suas ideias foram inicialmente expostas no texto do "Manifesto
de velhos, as Santas Casas, as Casas de Saúde, as Associações Benefi- Comunista", lançado em 1848 na França, no "0 Capital", publicado em
centes em geral, religiosas ou civis, os fundos particulares para Educação 1867 e em numerosos outros escritos.
destinados aos pobres e necessitados, são instituições inerentes ao
Liberalismo, e se desaparecem ou se enfraquecem, com elas infalível e
seguramente desaparece também o regime Liberal. Democracia
Para o Liberal, quando o governo promove a assistência social, ele Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas
tende a lançar impostos cujo produto é de difícil aplicação, e sua má democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder
aplicação faz com que o cidadão, além de pagar os impostos, acabe legislativo e o executivo.
obrigado, por seu sentimento de justiça, a praticar o altruísmo e a filantro-
Embora existam pequenas diferenças nas várias democracias, certos
pia para suplementar ou mesmo suprir a ação desordenada e ineficaz do
princípios e práticas distinguem o governo democrático de outras formas
governo no socorro aos pobres. Porém, o sistema liberal de ajuda filantró-
de governo.
pica direta funcionaria melhor apenas se a população a ser assistida
estivesse misturada à população que pode assisti-la. Quando a pobreza é  Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica
regional, a atuação solidária torna-se mais difícil, e o papel do governo é são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus
importante, e os impostos se fazem necessários. Porém contribuinte representantes livremente eleitos.
precisa acompanhar a ação social filantrópica que confiou ao governo,
 Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem a
pois o governo é apenas “suas mãos”, seu agente.
liberdade humana; é a institucionalização da liberdade.
Impostos e Gastos Públicos. O custo das ações delegadas pelo ci-
dadão ao governo tem um custo a ser coberto pelos impostos. O governo  A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria asso-
no Estado liberal presta contas de duas naturezas ao cidadão liberal. ciados aos direitos individuais e das minorias. Todas as democracias,
Primeiro, presta conta do que arrecada; segundo, presta conta do empre- embora respeitem a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os
go fiel dos recursos quanto à finalidade para a qual foram arrecadados. O direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias.
Poder legislativo pode criar órgãos para examinar e julgar as contas dos  As democracias protegem de governos centrais muito poderosos e
administradores de bens e valores públicos. fazem a descentralização do governo a nível regional e local, entendendo
que o governo local deve ser tão acessível e receptivo às pessoas quanto
SOCIALISMO E DEMOCRACIA possível.
Socialismo  As democracias entendem que uma das suas principais funções é
O crescimento da industrialização, em bases capitalistas, criou uma proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e
massa de trabalhadores pobre e explorada - o proletariado. Face ao de religião; o direito a proteção legal igual; e a oportunidade de organizar e
aumento da riqueza entre os capitalistas e da miséria do proletariado, participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade.
expandiram-se as ideias socialistas, como um instrumento de crítica social

Sociologia 12
APOSTILAS OPÇÃO
 As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, Seu objetivo era a formulação de uma "física" social (a "sociologia")
abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem que reformulasse o quadro social instável decorrente das novas relações
ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, de trabalho do capitalismo industrial.
mas verdadeiras competições pelo apoio do povo. Na primeira fase de seus trabalhos, Comte teve como mentor o teóri-
 A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura co do socialismo utópico, o conde de Saint-Simon (Claude-Henri de Rou-
que todos os cidadãos recebam a mesma proteção legal e que os seus vroy, 1760-1825). Em sua obra Curso de filosofia positiva (1830-1842),
direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário. Comte expõe a base de sua doutrina cujos alicerces teóricos estão assen-
tados na norma de três estados do desenvolvimento humano e do conhe-
 As democracias são diversificadas, refletindo a vida política, social e cimento, o teológico, o metafísico e o positivo.
cultural de cada país. As democracias baseiam-se em princípios funda-
Na fase teológica o ser humano entende o mundo a partir dos fenô-
mentais e não em práticas uniformes.
menos da Natureza dando a eles caráter divino. Essa fase encerra-se no
 Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm o de- monoteísmo. Na fase metafísica, a interpretação do mundo é calcada em
ver de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus conceitos abstratos, ideias e princípios.
direitos e as suas liberdades. Por fim, na fase positiva o ser humano limita-se a expor os fenômenos
 As sociedades democráticas estão empenhadas nos valores da to- e a fixar as relações constantes de semelhança e sucessão entre eles.
lerância, da cooperação e do compromisso. As democracias reconhecem Nessa fase, as causas e as essências dos fenômenos são deixadas de
que chegar a um consenso requer compromisso e que isto nem sempre é lado para se evidenciarem as leis imutáveis que nos regem, pois, o co-
realizável. Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma nhecimento destina-se a organizar e não a descobrir.
forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro O fim da filosofia é a organização das ciências, hierarquizadas, se-
espírito democrático”. gundo Comte, em seis. Na base dessa pirâmide está a matemática, se-
POSITIVISMO guida da astronomia, física, química, biologia e sociologia. Em outra obra
sua, Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1848), Comte parte das
A verdade, meu amor, mora num poço, / É Pilatos, lá na Bíblia quem
feições reais do termo "positivo" para atingir uma significação moral e
nos diz, / E também faleceu por ter pescoço, / O (infeliz) autor da guilhoti-
social maior, a fim de reorganizar a sociedade, com a supremacia do amor
na de Paris. / Vai, orgulhosa, querida, / Mas aceita esta lição: / No câmbio
e da sensibilidade sobre o racionalismo.
incerto da vida, / A libra sempre é o coração, / O amor vem por princípio, a
ordem por base, / O progresso é que deve vir por fim, / Desprezaste esta O apogeu dessa tese é a religião da humanidade. A filosofia positiva
lei de Augusto Comte, / E foste ser feliz longe de mim. passa, então, a preconizar também uma teoria de reforma da sociedade e
uma religião.
Este trecho do conhecido samba de Noel Rosa e Orestes Barbosa,
Positivismo, de 1933, demonstra a presença da filosofia positivista no A unidade do conhecimento positivo passa a ser coletiva em busca da
meio cultural mais popular do Brasil, a música, ao retratar uma amada que fraternidade universal e da convivência em comum. A junção entre teoria e
transgrediu o fundamento básico de tal filosofia. Não obstante, essa experiência é baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenô-
corrente de pensamento também se faz presente no dístico de nosso menos e sua previsibilidade científica. Assim, é possível o aprimoramento
maior símbolo pátrio, a bandeira: Ordem e Progresso. É curioso, mas a tecnológico. O estágio positivo corresponde à atividade fabril e à transfor-
tentativa mais efetiva de colocar em prática a doutrina positivista, uma mação da natureza em mercadorias. Se entendermos a ciência como a
ideologia tipicamente francesa, foi realizada em um país latino-americano: investigação da realidade física, o positivo é o objeto e o resultado dessa
o Brasil. investigação. Dessa forma, a sociedade também é passível dessa análise
e a fase positiva será caracterizada pela passagem do poder político para
os sábios.
Como isso aconteceu?
A pergunta exige o conhecimento de certos aspectos das origens e
Fragmentação do pensamento
dos fundamentos do pensamento positivista ainda na França no século
XIX, para mostrar sua chegada e ascendência sobre o pensamento brasi- A segunda fase dos trabalhos de Comte é representada em sua obra
leiro dentro do contexto histórico e cultural da época. Sistema de política positiva (1851, 1854), que preconiza a "religião da
humanidade", cuja liturgia é baseada no catolicismo romano, estabelecida
O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da
em O catecismo positivista (1852).
Primeira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu
completo domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como Destarte, a doutrina positivista adquire feição religiosa com credo na
uma corrente de pensamento que apregoava o predomínio da ciência e do ciência.
método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião. Essa divisão do pensamento comteano também separou seus seguidores
em duas correntes: os ortodoxos, que seguiram Comte em seu período
Nesse sentido, o movimento intelectual erigido por Isidore-Auguste-
religioso; e os heterodoxos, que se conservaram perseverantes ao período
Marie-François-Xavier Comte, ou simplesmente Auguste Comte (1798-
científico e filosófico do positivismo.
1857), defendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos
"positivos" (reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de O líder dos heterodoxos, Émile Littré, autor de Fragmentos de filosofia
investigação do conhecimento. positiva e sociologia contemporânea (1876), concebeu o período religioso
de Comte como um atraso. Já o ortodoxo Pierre Laffitte chegou a sacerdo-
Comte sustentava a existência de um campo de ação, no qual as
te máximo da chamada religião da humanidade.
ideias se relacionavam de forma lógica e matemática e, por fim, toda
investigação transcendental ou metafísica que não pudesse ser compro- As teorias científicas de Comte sofreram severas críticas de ordem
vada na experiência deveria ser desconsiderada. metodológica, principalmente por desconsiderarem os procedimentos
hipotéticos e dedutivos. Entretanto, o positivismo causou forte eco tanto
As raízes do positivismo são atribuídas ao empirismo absoluto de Da-
nas doutrinas utilitaristas e pragmáticas de vertente americana.
vid Hume (1711-1776), que concebia apenas a experiência como matéria
do conhecimento e também a Ilustração, ou Iluminismo, que apregoava a Embora o positivismo seja julgado metodologicamente ultrapassado
razão como base do progresso da história humana. por transformar a ciência em objeto de reflexão da filosofia, a epistemolo-
Dessa forma, o positivismo é fruto da consolidação econômica da re- gia comteana é possuidora de consideráveis princípios filosóficos que
volução pela burguesia, expressa nas Revoluções Inglesa do século XVIII tentam determinar o homem em relação a sua atividade e espaço históri-
e Francesa de 1789. As ciências empíricas passaram a tomar frente às co. Atualmente, traços positivistas são identificados em diferentes ativida-
especulações filosóficas meramente idealistas e Comte buscou a síntese des no mundo ocidental, e especialmente no Brasil.
do conhecimento positivo da primeira metade do século XIX, especialmen- Na verdade, o Brasil, país latino-americano, se transformou numa se-
te da física, da química e da biologia. gunda pátria do positivismo. O pensamento positivista chegou ao Brasil

Sociologia 13
APOSTILAS OPÇÃO
em torno de 1850, e foi trazido por brasileiros que estudaram na França; O farol do positivismo no Brasil seria transferido para o Rio Grande do
alguns tinham até mesmo sido alunos de Comte. Sul, onde a instalação do regime republicano foi sui generis, pois desde o
A presença da doutrina positivista, em sua fase científica, no Brasil, início o novo governo foi dominado pelos positivistas, liderados por Júlio
tornou-se visível a partir de 1850, quando apareceu na Escola Militar, Prates de Castilhos (1860-1903).
depois no Colégio Pedro II, na Escola da Marinha, na Escola de Medicina Quando da Proclamação da República, em 1889, Castilhos recusou o
e na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro. Já o positivismo de vertente cargo de presidente do Estado, e preferiu assumir como secretário do
religiosa pôde ser atestado no Apostolado Positivista, a partir de 1881, governo estadual. Ele estava convicto no intento de inaugurar uma nova
fruto da iniciativa de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira. fase positiva na política gaúcha, transformando as velhas práticas político-
A atuação do positivismo no Brasil foi uma reação filosófica contra a administrativas clientelistas do período imperial.
doutrina confessional católica, até então única reflexão intelectual existen- Em 1890, Júlio de Castilhos elegeu-se deputado no Congresso que
te no país. Nessa luta no campo das ideias figuraram também o naturalis- iria elaborar a primeira Constituição da República, e logo identificou-se
mo e o evolucionismo. com a ala ultrafederalista, passando a defender o projeto político de
No Brasil, a marca inicial do positivismo mais aceita é a publicação do inspiração positivista.
livro de Luís Pereira Barreto As três filosofias, em 1874, e também, dois Em 1891, eleito presidente do Estado pela Assembleia Legislativa, Jú-
anos mais tarde, a fundação da Sociedade Positivista Brasileira (origem lio de Castilhos redigiu - e fez aprovar quase que integralmente - a nova
da Igreja da Humanidade) no Rio de Janeiro. Contudo, o núcleo irradiador Constituição estadual. Era uma Carta extremamente autoritária, atribuindo
do positivismo seria transferido para Recife, por iniciativa de Tobias Barre- ao presidente do Estado poderes extraordinários, tais como: nomear o
to e, depois, Sílvio Romero e Clóvis Bevilácqua. vice-presidente, reeleger-se, atribuir papel meramente deliberativo ao
O positivismo que se assenhoreava no Brasil moldava-se ao país e Legislativo estadual e o voto descoberto. Castilhos pretendia criar no Rio
adquiria o perfil de doutrina com influência geral, e aceita por um grupo Grande do Sul uma ditadura republicana comteana, e seus adeptos foram
reduzido de estudiosos, composto por duas facções: os ortodoxos e os chamados de republicanos.
dissidentes. Miguel Lemos e Teixeira Mendes lideravam o primeiro, e um Do ponto de vista doutrinário, o positivismo não compartilha os princí-
número de políticos com visão monárquica positivista, junto com Luís pios da representação eleitoral preconizados pela democracia liberal
Pereira Barreto, Tobias Barreto e Sílvio Romero lideravam o último, e burguesa, e seu princípio de delegação política por meio da eleição à
buscavam em Comte a fundamentação teórica para a República. representação de cargos. Para os positivistas, o direito ao voto é um
O republicanismo brasileiro, nascido da Convenção de Itu, de 1870, dogma metafísico e, dessa forma, Júlio de Castilhos acreditava na legiti-
gerou duas alas: a liberal-democrática, de inspiração americana, e a midade do regime republicano em razão de razões históricas e científicas,
autoritária, de inspiração positivista. Todavia, em um primeiro momento, o e não por motivos metafísicos ou populares.
programa do Partido Republicano estava muito mais preocupado com o Com base nesse princípio, os castilhistas ficaram no poder no Rio
combate objetivo ao Império do que com querelas doutrinárias. Nessa fase Grande do Sul por quase 40 anos, primeiro com Castilhos, depois com
destacam-se os nomes dos chamados republicanos históricos, como Silva Antônio Borges de Medeiros (1863-1961), que se elegeu sucessivamente
Jardim, Aníbal Falcão e Demétrio Ribeiro. quatro vezes para a presidência daquele Estado, e, finalmente, em 1928,
A atuação doutrinária levada a cabo por Benjamin Constant Botelho com Getúlio Vargas (1883-1954).
de Magalhães (1833-1891), professor da Escola Militar e defensor do No plano nacional, Vargas procurou implantar o positivismo castilhis-
princípio positivista da valorização do ensino para alcançar o estado ta. Em seus mandatos, notadamente no Estado Novo (1937-1945), procu-
sociocrático, ganha destaque nesse contexto. Contudo, se para Comte o rou substituir a noção da representação eleitoral pela da hegemonia
ensino, no continente europeu, deveria ser destinado às camadas pobres, científica, na qual a ordem e o fortalecimento de um dirigente moralmente
no Brasil essa meta foi impossível, devido ao baixíssimo nível de instrução responsável concebe um regime promotor do bem-estar social rumo ao
do proletariado nacional. Assim, a transmissão dos ensinamentos positi- progresso.
vistas acabou se restringindo aos poucos que estudavam nas escolas Tendo influenciado poderosamente o movimento que levou à Procla-
militares. mação da República, o positivismo foi a principal corrente de pensamento
A atividade doutrinária bem no interior da massa pensante das forças na formação intelectual dos militares que cursaram as escolas militares,
armadas brasileiras foi fundamental para criar um espírito de corpo na influência que se estendeu às rebeliões tenentistas da década de 20. Em
caserna, pois boa parte da oficialidade se achou imbuída do destino sua vertente gaúcha, o positivismo esteve presente na organização estatal
histórico de implantar um regime republicano que fosse fundamentado na formulada por Vargas e em seu projeto de desenvolvimento nacionalista
razão e na ciência positivista. burguês.
Os republicanos jacobinos, radicais, combatiam os monarquistas e os Quando, em 1964, os militares tomaram o poder alegando o desvirtu-
republicanos liberais, e apregoavam a implantação de uma república amento moral do período janguista, também podemos sentir um aroma
temporária e ditatorial, com o fim de se alcançar a sociocracia preconizada comteano no ar. Auguste Comte, no entanto, não pode ser responsabili-
por Comte. Ocorreu, assim, uma cisão no movimento republicano, e até zado pelo que aconteceu em seguida.
mesmo entre os positivistas, pois no episódio de 15 de novembro de 1889
sentimos a presença dos positivistas dissidentes (militares seguidores de
Benjamin Constant), em detrimento dos ortodoxos (civis seguidores da DARWINISMO SOCIAL E MARXISMO
Igreja Positivista). Darwinismo social
O positivismo tornou-se uma filosofia fundamental no debate político A palavra "cientista" foi criada em 1840 pela Associação Britânica pa-
no Brasil do século XIX, uma vez que o regime republicano foi instalado ra o Progresso da Ciência. Nessa época, surgiram, em vários países,
sob sua égide teórica. O 15 de novembro pode ser considerado o ápice do periódicos científicos. Era a popularização da ciência.
positivismo no Brasil, em razão da grande quantidade de adeptos de Em 1859, quando foi publicada "A Origem das Espécies", de Charles
Auguste Comte que assumiram cargos de relevo no novo regime (Benja- Darwin, toda a edição foi vendida no primeiro dia. O princípio da seleção
min Constant chegou a ministro da Guerra). natural determina quais membros da espécie têm mais chance de sobrevi-
Foram numerosas as influências do positivismo na organização formal vência. As crias não são reproduções idênticas de seus pais. Um leão
da República brasileira, entre elas o dístico Ordem e Progresso da bandei- pode ser ligeiramente mais rápido ou mais forte do que os pais; uma girafa
ra; a separação da Igreja e do Estado; o decreto dos feriados; o estabele- pode desenvolver um pescoço mais comprido do que o dos pais.
cimento do casamento civil e o exercício da liberdades religiosa e profissi- A cada geração, a característica favorável torna-se mais pronunciada
onal; o fim do anonimato na imprensa; a revogação das medidas anticleri- e mais difundida nas espécies. Com o passar dos séculos, a seleção
cais e a reforma educacional proposta por Benjamin Constant. natural elimina as espécies antigas e produz novas. Hoje sobrevivem
ainda poucas espécies das que habitavam a Terra, havia 10 milhões de

Sociologia 14
APOSTILAS OPÇÃO
anos, mas apareceram muitas outras, entre elas os humanos. Os homens Stálin, mas é uma expressão inexistente em Marx, que falava em dialética
seriam produtos da seleção natural. e método dialético e não em "materialismo dialético".
A Teoria da Evolução teve consequências revolucionárias fora da A teoria marxista desenvolve-se em quatro níveis de análise -- filosófi-
área científica. A evolução desafiou a tradicional crença religiosa de que co, econômico, político e sociológico -- em torno da ideia central de mu-
um número fixo de espécies havia sido criado instantaneamente há cerca dança. Em suas Thesen uber Feuerbach (1845, publicadas em 1888;
de 6.000 anos. Ao contrário, dizia Darwin, as várias espécies, até a huma- Teses sobre Feuerbach), Marx escreveu: "Até o momento, os filósofos
na, evoluíram gradativamente por milhões de anos e há ainda espécies apenas interpretaram o mundo; o fundamental agora é transformá-lo."
novas em evolução. Para transformar o mundo é necessário vincular o pensamento à prática
Em última análise, o darwinismo ajudou a acabar com a prática de ter revolucionária. Interpretada por diversos seguidores, a teoria tornou-se
a Bíblia como referência em questões científicas. Darwin havia tirado dos uma ideologia que se estendeu a regiões de todo o mundo e foi acrescida
homens o privilégio de terem sido a criação especial de Deus. de características nacionais. Surgiram assim versões como as dos parti-
dos comunistas francês e italiano, o marxismo-leninismo na União Soviéti-
Alguns pensadores sociais aplicaram as conclusões darwinianas à or- ca, as experiências no leste europeu, o maoísmo na China e Albânia e as
dem social, produzindo teorias que as transferiram à explicação dos interpretações da Coreia do Norte, de Cuba e dos partidos únicos africa-
problemas sociais. As expressões "luta pela existência" e "sobrevivência nos, em que se mistura até com ritos tribais. As principais correntes do
do mais capaz" foram tomadas de Darwin para apoiar a defesa que faziam marxismo foram a socialdemocracia, o bolchevismo e o esquerdismo.
do individualismo econômico.
Praticamente todas as artes receberam influência do Marxismo atra-
Os empresários bem-sucedidos, afirmavam esses pensadores, havi- vés de teóricos que buscaram importar as ideias da luta de classes e da
am demonstrado sua capacidade de vitória no mundo competitivo dos importância do engajamento dos intelectuais em tais discussões. Na
negócios. Os que fracassavam na luta pela existência demonstravam sua literatura, por exemplo, a chamada 'crítica marxista' prega que a análise
incapacidade. de textos literários deve desconsiderar o estudo biográfico do autor e se
A aplicação da biologia de Darwin às teorias sociais fortalecia o impe- fixar na análise dos acontecimentos ficcionais a partir da visão da luta de
rialismo, o racismo, o nacionalismo e o militarismo. Os darwinistas sociais classes - infelizmente, esta visão descambou, não só na literatura, mas
insistiam em que as nações e as raças estavam empenhadas numa luta em todas as artes, para um cerceamento da liberdade de muitos artistas
pela sobrevivência, em que apenas o mais forte sobrevive e, na realidade, que se viram desprestigiados por críticos e pela classe artística caso não
apenas o mais forte merece sobreviver. abordassem em suas obras uma "temática social".
Eles dividiam a humanidade em raças superiores e inferiores e consi-
deravam o conflito racial e o nacional uma necessidade biológica e um RACISMO
meio para o progresso.
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em
que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas
Marxismo distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que
alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels,
determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais,
o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao
são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um
longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e
conjunto de opiniões pré concebidas onde a principal função é valorizar as
interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos,
diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam
e se tornou doutrina oficial dos países de regime comunista.
ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da
Marxismo é o conjunto das ideias filosóficas, econômicas, políticas e existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para
sociais que Marx e Engels elaboraram e que mais tarde foram desenvolvi- justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os
das por seguidores. Interpreta a vida social conforme a dinâmica da luta genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade.
de classes e prevê a transformação das sociedades de acordo com as leis
do desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo.
Antiguidade e Idade Média
No entanto, o marxismo ultrapassou as ideias de Marx e Engels, se
tornando uma corrente política-teórica que abrange uma ampla gama de Na antiguidade, entre romanos, gregos e egípcios, e outros povos, as
pensadores e militantes, nem sempre coincidentes. Assim, é necessário relações eram sempre de vencedor e cativo. Estas existiam independen-
observar as diversas definições de marxismo e suas diversas tendências, temente da raça, pois muitas vezes povos de mesma matriz racial guerre-
especialmente a socialdemocracia, o bolchevismo e o esquerdismo avam entre si e o perdedor passava a ser cativo do vencedor, neste caso
(comunismo de conselhos). o racismo se aproximava da xenofobia.
Por muito tempo o racismo permaneceu de uma forma mais xenofóbi-
Os pontos de partida do marxismo são a dialética de G. W. F. Hegel,
ca do que racial propriamente dita, permanecendo latente até a época de
a filosofia materialista de Ludwig Feuerbach e dos socialistas utópicos
expansão das nações europeias.
franceses e as teorias econômicas dos ingleses Adam Smith e David
Ricardo. Mais do que uma filosofia, o marxismo é a crítica radical da Com o avançar das conquistas territoriais e culturais dos povos euro-
filosofia, principalmente do sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto peus, ainda na Idade Média não havia necessariamente o racismo da
para Hegel a realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir forma como manifestado futuramente, o que havia era o sentimento de
sobre a realidade. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação superioridade xenofóbico de origem religiosa. Isto ocorria devido ao poder
do homem, que começa com a necessidade humana. A história se inicia político da igreja cristã que justificava submissão de povos conquistados
com o próprio homem que, na busca da satisfação de necessidades, de forma incorporá-los à cristandade. Porém, àqueles que não se subme-
trabalha sobre a natureza. À medida que realiza este trabalho, o homem tiam era aplicado o genocídio, que gerava sentimentos racistas por parte
se descobre como ser produtivo e passa a ter consciência de si e do dos vencedores e dos submetidos.
mundo. Percebe então que "a história é o processo de criação do homem
pelo trabalho humano". Chegada dos conquistadores portugueses à África
Segundo alguns, os dois elementos principais do marxismo são o ma- Quando houve os primeiros contatos entre conquistadores portugue-
terialismo dialético, para o qual a natureza, a vida e a consciência se ses e africanos, no século XV, não houve atritos de origem racial. Os
constituem de matéria em movimento e evolução permanente, e o mate- negros e outros povos de África entraram em acordos comerciais com os
rialismo histórico, para o qual o modo de produção é base determinante europeus, que incluíam o comércio de escravos que, naquela época, era
dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e uma forma aceite de aumentar o número de trabalhadores numa socieda-
políticas, a moralidade, a religião e as artes. Para outros, não existe o de e não uma questão racial.
materialismo dialético esboçado por Engels e desenvolvido por Lênin e

Sociologia 15
APOSTILAS OPÇÃO
No entanto, quando os europeus, no século XIX, começaram a coloni- A tentativa de explicação da superioridade racial
zar o Continente negro, encontraram justificações para impor aos povos No século XIX houve uma tentativa científica para explicar a superio-
colonizados as suas leis e formas de viver. Uma dessas justificações foi a ridade racial através da obra do conde de Gobineau, intitulada Essai sur
ideia errônea de que os negros eram uma "raça" inferior e passaram a l'inégalité des races humaines (Ensaio sobre a desigualdade das raças
aplicar a discriminação com base racial nas suas colônias, para assegurar humanas). Nesta obra o autor sustentou que da raça ariana nasceu a
determinados "direitos" aos colonos europeus. O caso mais extremo foi a aristocracia que dominou a civilização europeia e cujos descendentes
instituição do apartheid na África do Sul, em que essa discriminação foi eram os senhores naturais das outras raças inferiores.
suportada por leis decretadas pelo estado.

Acusações de racismo
Renascimento
Em 1975, o sionismo foi considerado uma forma de racismo pela Re-
À medida em que a tecnologia foi avançando, a Europa iniciou sua solução 3379 da Assembleia Geral da ONU. No entanto, em 1991, essa
caminhada em direção à conquista econômica e tecnológica sobre o acusação foi eliminada pela Resolução 4686 da Assembleia Geral da
planeta. ONU
Começaram então a surgir ideologias justificando o domínio europeu
sobre as demais regiões. Entre estas novas ideias, estavam aquelas
doutrinas que alegavam existir na Europa uma raça superior. Segundo Genética
consta, aquela raça era destinada por Deus e pela história a comandar o Embora existam classificações raciais propostas pelas mais diversas
mundo e dominar as raças que não eram europeias, portanto, considera- correntes científicas, pode-se citar que a taxonomia referencia uma oscila-
das inferiores. ção de cinco a duas centenas de raças humanas espalhadas pelo planeta,
além de micro-raças regionais, locais ou geográficas que ocorrem devido
ao isolamento de grupos de indivíduos que cruzam entre si.
Ameríndios e Negros
Portanto, a separação racial torna-se completamente irracional em
Foi durante a expansão espanhola e portuguesa na América que sur- função das composições raciais, das miscigenações, recomposições e
giu a ideia de se buscar uma sustentação ideológica influenciada pela padronizações em nível de espécie que houve desde o início da caminha-
religião de que os índios não eram seres humanos. Estes eram animais e da da humanidade sobre o planeta.
portanto era justificada por Deus a sua exploração para o trabalho, desta
forma eram socialmente aceitos os suplícios a que eram submetidos, A genética demonstra que a variabilidade humana quanto às combi-
estendendo-se logo esta crença para a raça negra. nações raciais pode ser imensa. Mas as diferentes adaptações ocorridas a
nível racial não alteraram sua estrutura quanto espécie.
Desta forma a unidade fundamental da espécie humana a nível de
O racismo como fenômeno social macro análise permanece imutável, e assim provavelmente permanecerá
O racismo, como fenômeno comportamental e social, procura afirmar apesar das diferenças raciais num nível de micro análise.
que existem raças puras, e que estas são superiores às demais; desta Todas as raças provêm de um só tronco, o Homo sapiens, portanto o
forma, procura justificar a hegemonia política, histórica e econômica. patrimônio hereditário dos humanos é comum. E isto por si só não justifica
Do ponto de vista racial, os grupos humanos atuais em sua maioria o racismo, pois as raças não são nem superiores, nem inferiores, são
são produto de mestiçagens. A evolução das espécies incluindo a humana apenas diferentes.
e o sexo facilitaram a mistura racial durante as eras. Afirmar que existe O racismo pode ser pensado como uma “adoção de uma visão equi-
raça pura torna ilusória qualquer definição fundada em dados étnicos e vocada da biologia humana ”, expressa pelo conceito de ‘raça’, que esta-
genéticos estáveis. Portanto, quando se aplica ao ser humano o conceito beleceu uma justificativa para a subordinação permanente de outros
de pureza biológica, o que ocorre é uma confusão entre grupo biológico e indivíduos e povos, temporariamente sujeitos pelas armas, pela conquista,
grupo linguístico ou nacional. pela destituição material e cultural, ou seja, pela pobreza ”, como concei-
tua Antonio Sérgio Alfredo Guimarães.
Origens
As origens do racismo são bastante controversas. O fenômeno ocorre FASCISMO
em todas as etnias e em todos os países. Um exemplo típico de racismo Forma de autoritarismo do século XX que pretende a estrita regula-
ocorreu quando o Japão, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, atingiu mentação da existência nacional e individual de acordo com ideais nacio-
um desenvolvimento econômico social equivalente aos países mais adian- nalistas e com frequência militaristas; os interesses opostos são resolvidos
tados econômica e tecnologicamente do mundo. O povo japonês começou mediante a total subordinação a serviço do Estado e uma lealdade incon-
então a se comportar de forma extremamente racista em relação a outras dicional a seu líder. O fascismo baseia suas ideias e formas no conserva-
nacionalidades, estrangeiros em terras japonesas não eram bem-vindos. dorismo extremo. Os regimes fascistas costumam ser confundidos com as
Da mesma maneira que ocorreu no oriente distante, no mundo ocidental ditaduras — e às vezes se transformam nelas —, governos militares ou
também houve fenômenos extremamente violentos ligados ao racismo. tiranias autoritárias, mas o fascismo em si mesmo é diferente desses
Nas Américas, em especial nos Estados Unidos da América, o racismo regimes por ser de forma concentrada um movimento político e uma
chega aos extremos contra os negros e contra os latinos, em especial no doutrina sustentados por partidos políticos à margem do poder.
sul do país. Até a década de 50 acontecia nos EUA de negros serem
mortos enforcados em árvores, sem julgamento, sem que os autores Surgiu com força pela primeira vez em diferentes países entre 1919
destes assassinatos fossem punidos. Havia mesmo uma sociedade secre- e 1945, sobretudo na Itália, Alemanha e Espanha. Em um sentido
ta, a Ku Klux Klan, que se propunha a perseguir e "justiçar" negros. estrito, a palavra fascismo refere-se apenas ao partido italiano que a
criou, mas atualmente pode ser aplicada a qualquer ideologia política
semelhante.
Racismo e xenofobia O termo fascismo foi utilizado pela primeira vez por Benito Mussoli-
Muitas vezes o racismo e a xenofobia, embora fenômenos distintos, ni em 1919 e fazia referência ao antigo símbolo romano do poder, o
podem ser considerados paralelos e de mesma raiz, isto é, ocorre quando fascio, um feixe de varas atadas a um eixo, que representavam a
um determinado grupo social começa a hostilizar outro por motivos torpes. unidade cívica e a autoridade dos oficiais romanos para castigar os
Esta antipatia gera um movimento onde o grupo mais poderoso e homo- delinquentes. Em 1922, Mussolini chegou ao governo italiano amea-
gêneo hostiliza o grupo mais fraco, ou diferente, pois o segundo não çando um golpe de Estado caso suas exigências fossem recusadas. No
aceita seguir as mesmas regras e princípios ditados pelo primeiro. Muitas começo, governou de maneira constitucional, liderando uma coalizão
vezes, com a justificativa da diferença física, que acaba se tornando a de partidos, da qual se desfez tão logo superou os obstáculos que
base do comportamento racista. limitavam a sua autoridade e implantou uma ditadura.

Sociologia 16
APOSTILAS OPÇÃO
O fascismo em outros países volk, governaria os povos subjugados, com eficiência e a dureza requerida
O regime de Mussolini serviu como modelo de fascismo nos anos conforme seu grau de civilização.
vinte e trinta. A Grande Depressão e o fracasso dos governos democrá- Figuras intelectuais como o conde de Gobineau, o compositor Richard
ticos ao abordar as consequentes dificuldades econômicas e o desem- Wagner, e o escritor Houston Stewart Chamberlain influenciaram profun-
prego em massa alimentaram o surgimento de movimentos fascistas damente a formulação das bases do Nacional Socialismo com seus postu-
em todo o mundo. No entanto, o fascismo nos outros países se diferen- lados de superioridade racial e cultural dos povos "Nórdicos" (Germânicos)
ciava em certos aspectos da modalidade italiana. O nacional-socialismo sobre todas as outras raças Europeias.
alemão era mais racista; na Romênia, o fascismo se aliou à Igreja Os judeus deviam ser discriminados não por sua religião, mas pela
ortodoxa, não à Igreja católica apostólica romana. Inicialmente, o grupo "raça". O Nacional Socialismo declarou os judeus, não importava sua
fascista Falange da Espanha era hostil à Igreja católica romana, embo- educação ou desenvolvimento social, fundamentalmente diferentes e para
ra no governo do ditador Francisco Franco tenha se unido a elementos sempre inimigos do povo alemão.
reacionários e pró-católicos. O fascismo desfrutou de um maior êxito no
período entre guerra nos países do leste e do sul da Europa. Propaganda. As dificuldades econômicas da Alemanha e o a ameaça
do comunismo que a classe média e os industriais temiam, foi o que os
A derrota da Alemanha e da Itália na II Guerra Mundial tirou a cre- líderes do partido tiveram em mente na fase de sua implantação e de sua
dibilidade do fascismo na Europa no período pós-guerra. O único luta por um lugar no cenário político alemão. Para explorar esses fatores
governo de caráter fascista que chegou ao poder no período pós-guerra Adolf Hitler, o primeiro lider expressivo do nazismo (em 1926 ele suplantou
foi o de Juan Domingo Perón, eleito presidente da Argentina em 1946. Gregor Strasser, que havia criado um movimento nazista rival no norte da
Perón contava com o apoio da classe trabalhadora e tinha poucas Alemanha) juntou a fé na missão da raça alemã aos mandamentos de um
semelhanças com o fascismo de pré-guerra europeu. Países como a catecismo revolucionário em seu livro Mein Kampf (1925-27), o evangelho
Espanha e Portugal, cujos governos fascistas se mantiveram no poder da nova ideologia. No livro Hitler enfatiza quais deveriam ser os objetivos
depois da guerra, passaram do totalitarismo ao autoritarismo e atenua- práticos do partido e delineia as diretrizes para sua propaganda. Ele
ram os seus traços fascistas. Com a recuperação econômica do pós- salienta a importância da propaganda adequar-se ao nível intelectual dos
guerra, diminuiu o descontentamento social que havia colaborado para indivíduos menos inteligentes da massa que pretende atingir, e que ela é
a expansão do fascismo na época do pré-guerra. Em consequência, na deve ser avaliada não pelo seu grau de verdade mas pelo sucesso em
maioria dos países democráticos, o fascismo parecia relegado ao convencer. Os veículos da propaganda seriam os mais diversos, incluindo
ostracismo permanente em uma menosprezada faixa política. todos os meios de informação, eventos culturais, grupos uniformizados,
As décadas de 1980 e 1990 trouxeram um inesperado renascimento insígnia do partido, tudo que pudesse criar uma áurea de poder. Hitler
do fascismo em algumas democracias ocidentais, geralmente chamado de escolheu a cruz suástica como emblema do nazismo, acreditam alguns de
neofascismo. Ele conheceu diferentes formas e destinos nesses países, seus biógrafos que devido ao fato de ter visto esse símbolo talhado nos
mas mostrou uma antipatia racista em relação ao Terceiro Mundo e uma quatro cantos da abadia dos beneditinos em Lambach-am-Traum, na
desilusão generalizada em relação aos partidos políticos estabelecidos. Áustria superior, onde ele havia estudado quando criança.
Esses foram uns dos piores momentos em que o mundo já se encon- Repressão. Simultaneamente com a propaganda, o partido desenvol-
trou. veu instrumentos de repressão e controle dos oponentes. Na fase vitoriosa
do partido, esses instrumentos foram o comando centralizado de todas as
forças policiais e militares, a polícia secreta e os campos de concentração.
NAZISMO E COMUNISMO Todos os oponentes ao regime eram declarados inimigos do povo e do
Nazismo Estado. Membros da família e amigos deviam ajudar na espionagem para
Origem e características do nazismo. não serem punidos como cúmplices, o que espalhou um temor geral e
coibia qualquer crítica ao regime ou aos membros do governo. Por intimi-
A ameaça de internacionalização do comunismo após a revolução
dação, a Justiça tornou-se completamente subordinada aos interesses do
russa de 1917 foi responsável pelo surgimento de governos fortes, ditato-
partido sob a alegação de que aqueles eram interesses do povo.
riais ou não, em praticamente todos os países mais adiantados. Enquanto
em alguns ocorreu apenas um endurecimento quanto a grupos ativistas Brutalidade. Um espírito de disciplina militar traduzido em um auto-
socialistas, em outros instalaram-se ditaduras cujas ideologias ou se matismo de obediência assinalado pelo característico bater dos calcanha-
opunham frontalmente às propostas comunistas, ou buscavam neutralizá- res impedia, entre militares e civis, a reação às ordens mais absurdas
las com medidas de segurança nacional no bojo de um projeto político recebidas de qualquer superior hierárquico, o que permitiu à repressão
com forte apelo às massas (o fascismo de Mussolini, o justicialismo de atingir um grau de brutalidade metódica e eficiente nunca vistos. Foi
Peron, o sindicalismo de Vargas). O nazismo foi uma proposta de oposi- decretada a eliminação não apenas dos judeus, mas de todos que não se
ção frontal. conformavam aos padrões de cidadania estabelecidos na doutrina, quer
por inconformismo político, quer por defeito eugênico ou falhas morais.
O Nacional Socialismo, em alemão Nationalsozialismus, ou Nazismus,
Gabriel Marcel, em "Os homens contra o homem", ressalta a elaborada
foi um movimento totalitário triunfante na Alemanha, em muitos aspectos
técnica utilizada para voltar contra si mesmos os judeus, levando-os a
parecido com o Fascismo italiano, porém mais extremado tanto como
aviltar-se e a se odiarem, instigando entre eles disputas por alimento, em
ideologia quanto na ação política. O partido político foi batizado National-
que perdiam sua dignidade.
sozialistishe Deutsche Arbeiterpartei com a abreviação Nazi.
Trajetória do nazismo. O partido nazista chegou ao poder na Alema-
Filosoficamente foi um movimento dentro da tradição de romantismo
nha em 1933 e constituiu um governo totalitário chefiado pelo seu único
político, hostil ao racionalismo e aos princípios humanistas que fundamen-
líder Adolf Hitler. Nos anos entre 1938 e 1945 o partido expandiu-se com a
tam a democracia. Com ênfase no instinto e no passado histórico, afirma-
implantação do regime fora da Alemanha, inicialmente nos enclaves de
va a desigualdade dos homens e das raças, os direitos de indivíduos
população alemã nos países vizinhos, depois nos países não germânicos
excepcionais acima das normas e das leis universais, o direito de os fortes
conquistados. Como movimento de massa o Nacional Socialismo terminou
governarem os fracos, invocando as leis da natureza e da ciência que
em abril de 1945, quando Hitler cometeu suicídio para evitar cair nas mãos
pareciam operar independentemente de todos os conceitos do bem e do
dos soldados soviéticos que ocuparam Berlim.
mal. Demandava a obediência cega e incondicional dos subordinados aos
seus líderes. Apesar de ter sido um movimento profundamente revolucio-
nário, buscou conciliar a ideologia nacionalista conservadora com sua Comunismo
doutrina social radical. A noção de comunismo surge na Antiguidade com Platão. Em A Re-
O partido nasceu na Alemanha em 1919 e foi liderado por Adolf Hitler pública , defende a propriedade comum dos bens para anular o conflito
a partir de 1920. Seu principal objetivo era unir o povo de ascendência entre o interesse privado e o do Estado. Mas é no pensamento cristão que
alemã à sua pátria histórica, mediante sublevações sob a fachada falsa de surgem os primeiros ideais comunistas para toda a população. Esses
"autodeterminação". Uma vez reunida, a raça alemã superior, ou Herren- ideais acompanham a civilização cristã na Idade Média e no Renascimen-

Sociologia 17
APOSTILAS OPÇÃO
to. Nos séculos XVI e XVII surgem as grandes utopias sobre o comunis- e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações
mo. Na obra Utopia (1515), do pensador e estadista inglês Thomas More, de obrigação. Por outras palavras, o agrupamento de indivíduos, de
não há menção à propriedade comum; no entanto, a estrutura social acordo com posições, que resulta dos padrões essenciais de relações de
proposta é um comunismo embrionário. obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade (Brown e Bar-
nett).
Comunismo marxista ORGANIZAÇÃO SOCIAL: Partindo da constatação de que os mem-
bros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de rela-
O Manifesto Comunista (1848), dos pensadores alemães Karl Marx e ções de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios)
Friedrich Engels (1820-1895) , afirma que o comunismo seria o estágio recíprocos, aceitos e praticados por eles, a organização social refere-se
final da organização político-econômica humana. A sociedade viveria em aos sistemas de relações de obrigação que existem entre os grupos que
um coletivismo, sem divisão de classes nem a presença de um Estado constituem determinada sociedade. Distingue-se da estrutura social que
coercitivo. Para chegar ao comunismo, os marxistas preveem um estágio se refere à colocação e posição de indivíduos e de grupos dentro desse
intermediário de organização, o socialismo, que instaura uma ditadura do sistema de relações de obrigação (Brown e Barnett).
proletariado para garantir a transição.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS: Consistem numa estrutura relativamente
Marx afirma que a história segue certas leis imutáveis à medida que permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos realizam
avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o objetivo
conduzem a um estágio superior de desenvolvimento, sendo o comunismo de satisfazer as necessidades sociais básicas (Fichter). As características
o último e mais alto. A chave para a compreensão dos estágios do desen- das instituições são: têm finalidade e conteúdo relativamente permanen-
volvimento é a relação entre as diferentes classes de indivíduos na produ- tes, são estruturadas, possuem estrutura unificada e valores. Além disso,
ção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque devem ter função (a meta ou propósito do grupo, cujo objetivo seria
usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo jamais regular as suas necessidades) e estrutura composta de pessoal (elemen-
abrindo mão do poder por livre e espontânea vontade e que, assim, a luta tos humanos), equipamentos (meios materiais ou imateriais), organiza-
e a revolução são inevitáveis. ção (disposição de pessoal e do equipamento, observando-se uma hierar-
Para Marx, com o desenvolvimento do capitalismo, as classes inter- quia – autoridade e subordinação), comportamento (normas que regulam
mediárias da sociedade vão desaparecendo e a estrutura de classes vai a conduta e as atitudes dos indivíduos).
polarizando-se cada vez mais. A alienação e a miséria aumentam pro- Fonte: http://www.intelecto.net/cidadania/global-2.html
gressivamente. Com o auxílio dos partidos dos trabalhadores o proletaria-
do vai tornando-se cada vez mais consciente de sua luta e de sua existên-
cia como classe revolucionária. Portanto esses partidos não teriam o papel MOVIMENTOS SOCIAIS
de apenas ganhar votos e satisfazer interesses pessoais, mas sim de Ação ou agitação concentrada, com algum grau de continuidade, e de
educar e alertar os trabalhadores. um grupo que, plena ou vagamente organizado, está unido por aspirações
A perspectiva internacional tomará maior importância, em detrimento mais ou menos concretas, segue um plano traçado e orienta-se para uma
do nacionalismo exacerbado. Mais cedo ou mais tarde a revolução prole- mudança das formas ou instituições da sociedade existente (ou um contra-
tária terá êxito, com as condições objetivas e a disposição subjetiva coin- ataque em defesa dessas instituições) (Neumann).
cidindo. Com as sucessivas crises econômicas do capitalismo suas crises Habermas enxerga a modernidade ocidental através da racionaliza-
vão se agravando e aproximando-o da crise final. ção cultural e societária e as consequências do processo de racionaliza-
A sociedade pós-capitalista não foi inteiramente definida por Marx. Di- ção sobre os diversos atores sociais. O autor reconhece dois processos
zia ele que tal discussão seria idealista e irrealista. Ponderou apenas que de racionalização: a racionalização instrumental e a racionalização comu-
após a revolução instalar-se-ia uma ditadura do proletariado. As empre- nicativa.
sas, fábricas, minas, terras passariam para o controle do povo trabalhador, O primeiro processo baseia-se na racionalidade da lógica estratégica,
e não para o Estado, como muitos pensam e como líderes pseudocomu- centrada no sistema (Estado e mercado), a partir de uma ação estratégica.
nistas fizeram. A propriedade capitalista extinguiria-se. A produção não Já o segundo, relaciona-se com a racionalidade comunicativa, centrada no
seria destinado ao mercado, mas sim voltada para atender às necessida- Mundo da Vida, através de uma ação comunicativa.
des da população. O socialismo, como essa fase é denominada, deve ser
profundamente democrático. O Estado iria naturalmente dissolvendo-se. Habermas considera o instrumental sociológico para a análise da ra-
cionalização, sendo esta uma forma de diferenciação entre as diferentes
Porém Marx ressalta: "trazendo as marcas de nascimento da velha estruturas societárias. Esta diferenciação fez com que a crescente com-
sociedade, a sociedade recém-nascida será limitada, sob muitos aspectos, plexidade da racionalização estratégica do sistema não fosse igual à
pelos legados da velha sociedade capitalista." Após o socialismo uma racionalização do Mundo da Vida. Daí surge a multidiferenciação haber-
fase superior se desenvolveria: o comunismo. O Estado desapareceria masiana das estruturas.
definitivamente, pois seu único papel é manter o proletariado passivo e
perpetuar sua exploração. A distinção de classes também deixaria de Pelo lado sistema, encontra-se o subsistema econômico e o subsis-
existir, todos seriam socialmente iguais e homens não mais subordinari- tema administrativo. Este é representado pelo Estado, que utiliza a lógica
am-se a homens. A sociedade seria baseada no bem coletivo dos meios estratégica do poder, através do código negativo da sanção. Já aquele ,é
de produção, com todas as pessoas sendo absolutamente livres e final- representado pelo mercado, fundando-se na lógica estratégica do inter-
mente podendo viver pacificamente e com prosperidade. câmbio, valendo-se do código positivo da recompensa.
Por outro lado, aparece o Mundo da Vida como consenso normativo a
partir da racionalidade comunicativa, através de uma ação comunicativa, o
TEMAS SOCIAIS: que lhe confere identidade e solidariedade.
Os estudos sobre temas sociais são de interesse público e privado, e O sistema busca, muitas vezes, "colonizar" o Mundo da Vida. Entre-
geram conhecimento sobre importantes questões da sociedade brasileira, tanto, Habermas não aceita sua mercantilização e a burocratização (colo-
como violência, educação, racismo e políticas de saúde pública, dentre nização do Mundo da Vida). Para o autor, existe perene tensão entre
outros. ambos, esta tensão cria uma disputa do espaço social nos pontos onde há
SOCIEDADE: Estrutura formada pelos grupos principais, ligados en- o encontro, a interseção entre o Mundo da Vida e o Sistema. Surgindo,
tre si, considerados como uma unidade e participando todos de uma assim, a disputa política fundamental das sociedades contemporâneas.
cultura comum (Ficher). Deste fato, resulta a necessidade da defesa da sociedade civil contra
ESTRUTURA SOCIAL: Partindo da constatação de que os membros a penetração dos subsistemas da racionalidade instrumental onde predo-
e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de mina a ação comunicativa, através do dinheiro e do poder. Nesta perspec-
obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recípro- tiva, advêm os movimentos sociais.
cos, aceitos e praticados entre si, a estrutura social refere-se à colocação

Sociologia 18
APOSTILAS OPÇÃO
Esses movimentos surgem para organizar a sociedade e estabelecer Todavia, esse modelo não é válido para interpretar o poder na socie-
novas formas de relação entre ela e os subsistemas. Formas estas contrá- dade brasileira, que é considerado "branco, macho, adulto e rico."
rias à colonização do Mundo da Vida. A sociedade, portanto, assume as Sendo assim, a hierarquia que melhor representa as especificidades
esferas pública e política. Ou seja, os movimentos sociais assumem a da realidade brasileira pode ser traçada a partir da seguinte ordem: adul-
defesa da restauração das formas de solidariedade e identidade postas to/branco/rico-adulto/preto/rico-criança/preta/rica-criança/branca/pobre-
em risco pela racionalidade instrumental do sistema. criança/preta/pobre.
Os movimentos sociais, outrossim, possuem grande impacto no pro- Verifica-se que a desigual distribuição de renda aparece como fator
cesso de democratização, pois a democratização, segundo Habermas, se imperativo na fomentação dessas relações, deslocando a etnia para um
resume à institucionalização no sistema político dos princípios normativos segundo plano hierárquico.
da racionalidade comunicativa. Esta institucionalização se faz pelos movi-
mentos sociais. Não obstante, em uma relação entre crianças pobres a etnia será um
componente crucial de dominação.
O conceito de movimentos sociais está intimamente coligado ao de
sociedade civil, estendendo esta como "os movimentos democratizantes Por conseguinte, a criança preta e pobre tende a ser a mais oprimida
autolimitados que procuram proteger e expandir espaços para o exercício nesse arranjo, enquanto o adulto branco e rico pode ser admitido como o
da liberdade negativa e positiva..." Essa relação se deve ao fato dos ponto de partida desse processo de dominação.
movimentos sociais buscarem espaço livre para organização e reprodução Esse exercício põe em evidência a ideia de que na vida real nem
da cultura e a formação de identidades e solidariedades, ou seja, a própria sempre as relações e interações sociais devem ser lidas por um modelo
sociedade civil. Po isso, esses movimentos, através da sociedade civil, que procura retratar as generalidades, ignorando as particularidades de
não objetivam o fim do mercado ou do Estado, mas sim novas formas de uma dada realidade.
organização destes para garantir as liberdades. A palavra cidadão, sujeito da cidadania, pode ser analisada sob o as-
A sociedade civil encontra na obra de Habermas um arcabouço teóri- pecto latino, a partir de civitate (cidade) ou como fruto do palco soberano
co propício para sua institucionalização, pois esta só seria possível atra- da polis (cidade) grega; assembleia esta denominada de (politai). Vale
vés de um marco de múltipla diferenciação social. Logo, a sociedade civil ressaltar que tanto em Roma como na Grécia a cidadania era uma ativi-
se institucionaliza, dentro da teoria de Habermas, pela defesa do Mundo dade política exercitada por poucos.
da Vida.
Com o advento da Revolução Francesa o termo cidadão ganhou uma
Os movimentos sociais, todavia, segundo Arato e Cohen, podem bus- conotação mais abrangente, algo que - falaciosamente - incluía toda a
car também uma posição ofensiva frente ao sistema. Para tanto eles população. Digo falaciosamente porque a história se encarregou de de-
devem ser entendidos como instituições intermediárias entre mercado, monstrar que aquele evento político não teve o condão de pôr fim as
Estado e sociedade civil, com o objetivo de propor soluções para os diferenças entre as classes sociais; tendo sim inaugurado o predomínio da
conflitos entre as duas racionalidades e suas respectivas ações. burguesia sobre os demais segmentos da população.
Devido aos fatos mencionados, a Teoria da Ação Comunicativa de Contemporaneamente a palavra cidadania foi vinculada ao conteúdo
Habermas, assume a forma, segundo Avritzer, de uma Teoria Societária explicativo da nacionalidade, daí Paulo Bonavides dizer que:
da Democracia, que tem como premissas básicas:
"Nação vem a ser, em suma, um plano de vida, uma linha de conduta
1) distinção da ação comunicativa dos processos administrativos e
coletiva, uma identidade de crença, costumes, tradições, aspirações,
econômicos;
ideais, reivindicações, ao redor dos quais determinada coletividade huma-
2) o limite da burocratização e da mercantilização no Mundo da Vida; na faz a sua história, vive o presente por já ter vivido o passado e viverá o
3) compatibilização entre racionalidade estratégica e racionalidade futuro pelas mesmas aspirações que a impelem a preservar-se como tal."
comunicativa. Partindo dessa conceituação nem sempre teremos facilidade em iden-
A partir desta perspectiva, pode-se incluir os movimentos democrati- tificar na sociedade brasileira o sentido da nacionalidade, muito menos da
zantes na teoria habermasiana. Sendo estes movimentos entendidos cidadania. Ocorre que as populações ocidentais, e ultimamente, também
como uma aversão à fusão entre Estado e Mercado, Estado e Sociedade as orientais, vem sendo profundamente influenciadas por valores planeta-
e Mercado e Sociedade. rizados via capitalismo, que passaram a interagir com a cultura, metamor-
O exemplo de Avritzer sobre os limites quais as políticas neoliberais foseando ideais e alterando aspirações.
na América Latina tem diante desses movimentos, comprova que a teoria Continuando o nosso estudo, observaremos que o termo cidadania
habermasiana se tornou um instrumento teórico fundamental para análise ora assume o sentido de nacionalidade, ora assume o de organização
dos movimentos sociais contemporâneos. social. Se por um lado o sentimento de brasilidade nos confere algumas
características culturalmente comuns, por outro tem sido através da orga-
VIOLÊNCIA E CIDADANIA nização político-social que temos vivenciado experiências de construção
coletiva mais frequentemente identificadas com o que usualmente cha-
As dimensões da violência são passíveis de serem compreendidas mamos de cidadania.
nas suas mais diversas formas de manifestação.
Nesse debate ingressa também uma outra expressão: sociedade civil.
Nessa lógica, observa-se, simultaneamente, a presença de determi- Por vezes identificada como o somatório das forças que vivificam a demo-
nadas variáveis: idade, sexo, etnia, classe social... cracia em um Estado, este enunciado tem uma outra tradição histórica, e
Ajoujadas no processo de definição dos componentes categóricos das para esclarecer valemo-nos das palavras de Norberto Bobbio, ao explicitar
dimensões da violência, essas variáveis devem ser entendidas como que:
construções culturais e não como mais um elemento constitutivo da disjun- "A ideia de que a sociedade civil é o anteato (ou a contrafação) do Es-
tiva cartesiana. Ennew (1986) expõe em seus escritos uma figura que tado entrou de tal maneira na prática cotidiana que é preciso fazer um
representa a hierarquia das dimensões da violência, através das variáveis grande esforço para se convencer de que, durante séculos a mesma
idade, etnia e classe social. expressão foi usada para designar aquele conjunto de instituições e de
Para tanto, Ennew elege o universal como referência dos seus estu- normas que hoje constituem exatamente o que se chama de Estado, e
dos, repudiando, direta e indiretamente, as especificidades de cada país. que ninguém poderia mais chamar de sociedade civil sem correr o risco de
Essa escolha é ratificada na sua audaciosa tentativa de verificação da um completo mal entendido."
realidade planetária, que gerou um modelo de representação hierárquica Pode causar confusão, principalmente para as lideranças dos movi-
das dimensões da violência, envolvendo adultos, crianças, brancos, mentos sociais, mas sociedade civil se confunde com a conformação do
pretos, ricos e pobres. que atualmente chamamos de Estado (que é distinto de governo), logo a
Com isso, radicaliza-se a leitura da figura na inflexibilidade do modelo: cidadania está ligada ao Estado, sendo uma forma de manifestação
adulto/branco/rico-adulto/preto/rico-criança/branca/pobre-criança/preta/ política que, em tese, não se opõe a esta instituição.
rica-criança/preta/pobre.
Sociologia 19
APOSTILAS OPÇÃO
Cremos ser patente que a sociedade civil é definidora do modelo de pelas leis; mas, no tocante à participação na vida pública, cada um obtém
Estado vivenciado por cada sociedade. Octavio Ianni adverte-nos que "a crédito em função do mérito, e a classe a que pertença importa menos do
sociedade civil é o espaço das classes sociais, compreendidas em sua que o seu valor pessoal; enfim, estando em condições de prestar serviço à
relação de reciprocidade e antagonismo, relações essas que movimentam cidade, ninguém é cerceado pela pobreza ou pela obscuridade de sua
o cenário da história." Assim, a cidadania em seu sentido político amplo (e condição social’ (Plutarco, Vida de Péricles, II, 37)."
não simplesmente circunscrito ao conceito de nacionalidade), é socialmen- Transmutando para os nossos dias, caberia dizer que no Estado mo-
te exercitável onde as condições para que a expressão do pensamento e derno (sucedâneo da cidade antiga) ninguém seria excluído do exercício
a defesa da dignidade humana sejam metas inarredáveis. Dessa forma, o da democracia por sua condição de sem terra, sem teto, desempregado
conceito de cidadania assume contornos, dentre outros, de ordem filosófi- ou analfabeto. Que as organizações políticas teriam o aurículo do Estado
ca, jurídica, sociológica e política. a sua disposição para escutar suas demandas e discutir conjuntamente
Normativamente as Constituições brasileiras vêm evocando a cidada- soluções para elas.
nia como máxima já há algum tempo, porém principalmente como intru- A partir do final do regime militar a sociedade brasileira foi tomada por
mento retórico. A exemplo disso podemos lembrar que a Constituição de uma grande onda associativista. Eram associações de bairro, grupos de
1967 dizia que todo o poder emanava do povo, mas os governos militares produção, conselhos comunitários, sindicatos, conselhos de segurança e
o exercereram sem o beneplácito da aprovação popular e, inclusive, outras formas de organização social, que embriagadas de democracia
contra os projetos da sociedade que deveria representar. começavam, ou em alguns casos retomavam, o caminho da cidadania.
Ulisses Guimarães tornou célebre a expressão "Constituição Cidadã", Paralelamente engendravam-se instituições com uma compleição in-
numa referência denotativa ao modo como significativas parcelas da telectual mais arrojada, que serviriam de base orgânica à estrutura cidadã
sociedade brasileira participaram da elaboração daquele texto legal. de participação que se esboçava; eram os Centros de Assessoria Popular,
Ocorre que, como já foi possível concluir, a cidadania é um exercício as Comissões de Justiça e Paz, os Centros de Defesa dos Direitos Huma-
político-social cotidiano, algo que adquire sentido historicamente e fre- nos e outras ONGs assemelhadas.
quentemente sofre reelaborações ou mudança nas formas de manifesta-
ção. Se no final dos anos 70 a cidadania manifestava-se entre nós através Todo esse esforço de construção da cidadania conferiu legitimidade
da mobilização pelo fim do regime de exceção, os anos 80 foram marca- aos agentes, ao processo e - em muitos casos - aos resultados. Legitimi-
dos pela volta ao estado de direito democrático. Na atual década, porém, dade não apenas no sentido formal (weberiano), mas, acima de tudo,
a cidadania andou em baixa. Com raras exceções, os movimentos sociais como expressão sócio jurídica do poder no cotidiano. Lutas por sanea-
não tiveram forças para aglutinar a população em torno de objetivos mento básico, policiamento, frente de trabalho, escola, posto de saúde etc.
altruísticos e de conotação eticamente coletiva. Por outro lado, parcas tem ganharam uma conotação de vivificação da liberdade de expressão.
sido as expressões de socialização da cidadania como instituição social. Sob a tutela da organização, principalmente depois da Constituição de
Fazendo uso do pensamento de Pierre Bourdieu podemos imaginar 1988, o conceito de Direitos Humanos foi sendo paulatinamente incorpo-
que o capital simbólico (reconhecimento social) de pessoas como Betinho rado ao cotidiano e ampliado em seu sentido emblemático; embora para
(Herbert de Sousa), Dom Hélder Câmara ou Paulo Freire, os faz assumi- alguns, quando o assunto é segurança pública, Direitos Humanos seja,
rem destaque quando referimo-nos à cidadania. Ocorre que a grande equivocadamente, identificado como meio para defender "marginais".
virtude da cidadania está no fato de que enquanto substantivo (morfologi- Vale salientar que, particularmente no que tange a segurança pública,
camente), tem o condão de conferir aos seus protagonistas a condição de a visão estática de serviço público deve ser abolida, sendo esculpida em
sujeitos da história; sem que se faça necessário buscarmos hérois, márti- seu lugar uma perspectiva política de segurança a serviço da sociedade.
res ou estabelecermos hierarquias entre os atores socias que lutam pela Como bem assevera o art. 144 da Constituição Federal em seu caput, a
sua efetivação. segurança pública passou a ser "responsabilidade de todos".
Como veremos, a cidadania pode funcionar como um elo entre desi- Entretanto, nem toda a sociedade brasileira encontra-se organizada,
guais, movidos por ideais político-sociais comuns. Por outro lado, hoje tampouco todos adquiriram a consciência do papel da cidadania na supe-
temos a chance de reverter o quadro histórico da supremacia dos possui- ração dos problemas econômico-político-sociais que envolvem a violência
dores sobre os despossuídos; pois o exercício da cidadania está acima lato sensu.
das diferenças de classe - está no cerne da discussão sobre a ética da O que fazer então com o medo da violência? Para muitos brasileiros
socialidade; importante caminho para a construção de teias de solidarie- "o medo tornou-se o pão nosso de cada dia. Medo que nos paralisa e
dade. isola. Medo que nos faz esquecer os nossos direitos e os dos outros.
Medo que nos faz dizer que bandido tem mais é que morrer. Medo que
Cidadania e participação social nos transforma em linchadores e que nos faz sentir nostalgia do Estado
autoritário." É contra esse medo que violenta a cidadania e a democracia
Falar em participação social nos traz à mente a ideia de democracia, que devemos nos insurgir.
sem a qual é vã qualquer iniciativa de socialização do poder.
A insurreição a qual nos referimos tem caráter pacífico e participativo
A história da humanidade nos oportunizou conhecer uma série de ex- e, como dizíamos há pouco, tem o condão de construir verdadeiros pata-
periências batizadas de democráticas - desde a Antiguidade Clássica até mares de defesa dos Direitos Humanos. Essa defesa deve assumir a
os nossos dias. Na Grécia Antiga conhecemos a democracia das elites feição de "proteção dos direitos humanos" e ocorrer "na proporção direta
sociais, que nada tinha a ver com o princípio de governo do povo. Na do grau de desenvolvimento sócio-econômico-cultural dos povos. Reversi-
contemporaneidade sabemos da existência de regimes políticos que, vamente, como o desenvolvimento supõe progressiva igualdade social, ele
travestidos de representativos, oprimem grupos étnicos e os despossuídos só pode realizar-se no amplo respeito aos direitos humanos." Por tudo
materialmente. É oportuno lembrar que o modelo democrático brasileiro isso, cabe à cidadania - consubstanciada nas diversas formas de partici-
até poucas décadas negava às mulheres o direito à participação política e pação social - propugnar por uma segurança sustentável; fruto de meios
que, mesmo hoje, somos obrigados a conviver com uma legislação eleito- que estimulem a participação de todos.
ral que reserva um espaço quantitativo de gênero como meio de possibili-
tar a presença de um maior número de mulheres concorrendo aos cargos O povo brasileiro é resultado de um requintado emaranhado de tradi-
eletivos - isso é apenas um instantâneo de uma sociedade que aprendeu ções culturais que vem interagindo e socializando suas instituições soci-
a conviver com a democracia mais ao nível da retórica do que da práxis. ais. Dentro deste caldo cultural as atitudes marcadas pela violência têm
alta representatividade e se manifestam, indiscriminadamente, nas dife-
No famoso discurso de Péricles em homenagem a primeira guerra do rentes classes sociais.
Peloponeso, citado por Tucídides e Plutarco, a defesa da democracia
ateniense define o próprio regime para o futuro: Os motivos para a prática dos atos violentos são dos mais variados.
Embora nos deparemos com casos onde parece existir uma completa falta
"Entre nós, o Estado é administrado no interesse da massa e não de de sentido no ato, tamanha a sua truculência e tal a incapacidade da
uma minoria, daí o nome que o nosso regime adotou: democracia. No que vítima de oferecer qualquer forma de resistência à ofensa recebida. Por
concerne aos diferentes indivíduos, a igualdade é assegurada a todos outro lado, no Brasil são frequentes os casos em que a violência parte
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APOSTILAS OPÇÃO
daqueles que têm a função institucional de respeitar a legalidade e garan- corporações policiais pode ser difundido o "arbítrio zero", em lugar da
tir a ordem pública. intolerância (falaciosamente batizada de "tolerância zero").
Ciro Marcondes Filho conseguiu produzir um dos melhores instantâ- Exercer a cidadania em relação à segurança pode estimular mudan-
neos da falta de segurança que grassa em nosso País - infelizmente ças na qualidade de vida das pessoas; um passo importante para exigir
atualizado, apesar de escrito há mais de uma década - ao dizer: acesso à saúde, educação, trabalho digno, lazer edificante etc.
"É claro que para estudar o problema da violência das massas no O exercício da cidadania consiste em desalienação, logo, o líder co-
Brasil é preciso buscar as causas sociais mais gritantes deste país: misé- munitário não vai aceitar o papel de delator para gozar de "favores" do
ria em toda parte, baixa remuneração do trabalho, insegurança no empre- aparato policial local. A comunidade não ficará silenciosa diante da criação
go, preços altos, inflação, corrupção em toda parte, grandes injustiças de "comandos para-policiais" de "segurança"; que vendem "proteção" sob
sociais, empreguismo, favelas, poucas oportunidades de subir na vida efeito de coação. É preciso ter em mente que quando a comunidade fica
pelo trabalho honesto, grandes golpes na praça e na economia popular, acuada entre os delinquentes e a pressão policial - ela é a vítima da falta
impunidade de policiais criminosos e de políticos corruptos, cinismo dos de segurança, não se tratando de um simples caso de "colaboracionismo".
contraventores, violência criminosa em todas as esquinas e cidades do Nossa sociedade costuma verbalizar a falsa ideia de que a pobreza
país, falta de apoio à família, aos velhos, às crianças, às mulheres aban- está intimamente ligada à violência. A potencialidade transgressiva é uma
donadas, falta de transporte, ônibus caros e ruins, fome, desnutrição, caraterística humana, não se constituindo em privilégio de um grupo ou
alimentação pobre, escassa, cara e de má qualidade, pouca escolariza- classe social. O que historicamente chamou-se de "classes periogosas",
ção, pouca participação política, direito de greve limitado etc.." referindo-se ao proletariado, tem o seu potencial explosivo relacionado,
Excetuando-se o direito de greve, que apesar de ainda merecer algu- entre outros fatores, ao binômio exploração-falta de qualidade de vida; o
ma discussão, sofreu grande avanço com a Constituição vigente, o texto que não retira das classes dominantes condições para delinquir. Com isso
supra consegue expressar algumas das principais causas da falta de pretendemos concluir que a criminalidade não é sinônimo de pobreza, e
segurança com a qual convivemos. Seus motivos se fundamentam na que a segurança pública e os temas a ela interrelacionados - como a
manutenção da falta de condições de existência de significativo estrato política econômica, o meio ambiente, o uso social da terra, o desenvolvi-
social, gerados pela má distribuição da renda nacional; na falta de crença mento da infância, a solidariedade à velhice etc. - são de responsabilidade
popular nas instituições públicas; no parco nível de pressão social das social.
bases; na geração de culturas de culto à violência - expressa pelas gangs, A violência é transmitida por processos de socialização; as pessoas
pelos esquadrões da morte, pelas brigas de torcida, pelos linchamentos tornam-se violentas devido a componentes psico-sociais ligados ao seu
etc.. mundo vivido. Em outras palavras, a violência como forma de transgres-
Diante de um contexto tão complexo pode parecer irreal falar na pos- são social é um comportamento apreendido; logo vinculado aos modelos
sibilidade de esperança na existência de uma segurança durável; princi- institucionais de cada sociedade. Uma sociedade plutocrática ratifica a
palmente por intermédio do exercício da cidadania. Ledo engano. No atual tese de que os economicamente fortes tudo podem - encobrindo suas
horizonte histórico, a organização popular pode significar a possibilidade trangressões sociais com o manto da impunidade e passando a falsa ideia
de construção de alternativa ao clima de violência que atenta constante- de que "os chamados criminosos e marginais são prioritariamente
mente contra a segurança. Exemplos para comprovar esta tese não pobres, nada mais."
faltam, desde os mais conhecidos e sofisticados até os mais recatados e Somente através de ações que contemplem a perspectiva de dignida-
simples . de da vida humana e consubstanciem-se via participação social podemos
No Nordeste brasileiro há um provérbio popular que nos ensina que esperar a construção de relações de convivência pacíficas e orientadas
quando a comida está quente, o certo é comer pelas beiradas. Alguns pela óptica do respeito ao outro. No caso brasileiro, afastamos o fantasma
indagarão: Por que discutir segurança quando falta emprego, terra para da Lei de Segurança Nacional sem termos superado o arbítrio do seu
plantar, lugar para morar e o que comer? Porque na verdade todos esses espírito; daí a nossa convivência com espectros indesejáveis como a
assuntos desembocam na falta de segurança e não serão resolvidos sem violência policial, a violência doméstica, os crimes de colarinho branco, as
ações cidadãs. atitudes belingerantes na economia, a brutalidade na questão agrária -
Numa sociedade complexa, os fenômenos sociais são resultado da onde se passa ao largo da função social da terra - e a impunidade dos
combinação ou interação de diferentes fatores. Sempre que interferimos poderosos.
na modificação de um componente do mosaico social - independente de o A segurança sustentável passa da utopia à realidade apenas quando
fazermos pelo ângulo "x" ou "y" - corremos o risco de desestabilizar a pode interessar à sociedade de forma global e duradoura, não constituin-
estrutura, como um todo. do-se num privilégio de poucos, mas num projeto de muitos. Esse modelo
Não há mágica em processos de socialização; as novas instituições de segurança não se fragmenta em palavras e expressões preconceituo-
tendem a substituir as anteriores e, para sua manutenção, as sociedade sas, que somente guardam sentido didático - como segurança pública -
precisam que as "teses" dominantes sejam compartilhadas pela maioria pois a verdadeira segurança é integral, quanto a forma (aglutinando ques-
dos seus membros e transmitidas aos seus futuros componentes. tões econômico-político-sociais); particular, quanto a compreensão (posto
que também é um fenômeno psicológico); e isonômica, quanto ao acesso.
Somos parte - em nível planetário - de uma estrutura social notada-
mente patriarcalista (provedora); machista (competitiva); patrimonialista A esperança em relação a questão da segurança não reside em
(fundada na ideia de defesa da propriedade privada). Neste solo reprodu- abandonarmos nossas lutas atuais para abraçarmos uma outra causa,
ziu-se o capitalismo (economicamente), o liberalismo (sob a optica eco- mas na premissa de que nossas demandas têm como fronteira simbólica a
nômico-político) e a alienação (sob o prisma econômico-político-social). O questão da segurança. Logo, o modo como conduzirmos nossas vidas tem
equilíbrio desses fatores é responsável pela cultura que reproduz o siste- estreita ligação com a possibilidade ou não de vislumbrarmos patamares
ma que impera no Brasil. Para alterarmos a síndrome da insegurança que de segurança duráveis. Para isso faz-se necessário investirmos maciça-
nos aflige temos que romper elos desse sistema. mente na reavaliação de nossos valores, usando como parâmetro a
relação deles com o princípio de respeito à dignidade da pessoa humana,
Para o início da alteração do atual sistema de insegurança social não independente de gênero, cor, classe social, idade, preferência sexual; a
se faz necessária a criação de novos organismos ou estruturas sociais, esse exercício podemos chamar de CIDADANIA. Desse esforço podemos
mas o deslanchar de um processo cultural que vise mudar mentalidades esperar o surgimento de níveis mais elevados de SEGURANÇA. Temos
arraigadas; comprometidas com os ideais de poder, controle e alienação. consciência de que isso não é tarefa simples, mas um projeto para uma
Nas famílias, os ícones que representem a dominação dos mais fortes nova sociedade, que pode dispor de diversas iniciativas para deslanchar.
sobre os mais fracos, devem ser substituidos por valores que privilegiem a
colaboração, o respeito às diferenças e a tolerância. Dentro dos movimen-
tos sociais, por exemplo, é possível se começar a disseminar a não- Considerações sobre a VIOLÊNCIA, o MEDO E INSEGURANÇA
violência, sem, contudo abrir mão de posturas ideológicas. No interior das Enfrentar o desafio de implementar condições de segurança em nos-
sa sociedade pressupõem a análise de múltiplos fenômenos relacionados

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APOSTILAS OPÇÃO
à violência, uma vez que a gradativa superação do medo da insegurança instituições oficiais, instituições que não tem se mostrado capazes de
que sentimos passa pela ocorrência dos mesmos e pela consciência de responder aos anseios da população de desfrutar uma maior qualidade de
seu significado e converte-se em um dos aspectos fundamentais para vida, idealizada através do conceito de segurança.
atingirmos um estágio de "segurança cidadã". Além disso, o risco efetivo da criminalidade tradicional pode ter um
Considerando amplamente a violência queremos deixar claro que não papel determinante, mas não exclusivo na configuração da insegurança.
se trata apenas de verificar a ocorrência, os condicionantes e os efeitos do Como diz Massimo Pavarini:
fenômeno criminal como seu representante exclusivo. Tanto a criminalida- (...) o medo nasce de outras coisas ou diversamente nasce se é cons-
de como a violência do próprio sistema repressivo de justiça criminal, são truído; pode terminar por simplificar-se por medo da diversidade, do inimi-
apenas partes de um problema de violência estrutural que uma determi- go interno, de relações sociais que se tornam mais hostis, de uma percep-
nada sociedade pode experimentar. ção de estranheza das relações sociais, de uma redução da comunicação
A percepção dos cidadãos não está direcionada para a violência es- social, de uma não frutificação do fluxo comunicativo entre os sujeitos,
trutural, entendida aqui como o resultado perverso das escolhas econômi- sociedade civil, instituições...Tudo isso é verdade, mas não parece ser
cas que refletem negativamente sobre as condições de desenvolvimento e diretamente imputável ao fenômeno criminal ou à periculosidade objetiva
na qualidade de vida das pessoas. Isso ocorre porque a criminalidade da criminalidade.
tradicional desfruta de uma posição privilegiada porquanto caracteriza-se Normalmente os locais inseguros o são por razões bastante eviden-
pela visibilidade e pelo impacto que produz na opinião pública e conse- tes: coexistência de múltiplos sujeitos, costumes, tradições e formas de
quentemente, na propagação do alarme social em torno das condições de vida associativas, qualificadas, portanto, como heterogêneas e, por essa
segurança de um determinado território. profusão de diversidade, difíceis de gerir. Estas condições dificultam
Segundo Alessandro Baratta e Eugênio Raul Zaffaroni, a mídia é res- consideravelmente as ações solidárias e amortecem a reação diante das
ponsável em grande parte pela difusão da imagem do crime, vinculada ao arbitrariedades das "forças da ordem" justamente pela falta de identifica-
estereótipo de criminoso presente no senso comum, que reafirma o per- ção entre os sujeitos.
tencimento de classe dos sujeitos assim identificados, alimentando uma Os mal-estares sociais são atribuídos à presença do desvio criminal,
percepção distorcida e alarmista da criminalidade. Essa noção é verifica- onde o medo vai se associar à criminalidade por via simbólica. Segundo
da, inclusive, em face ao território que ocupam os desfavorecidos, onde a Pavarini, atrás da palavra insegurança estão localizados todos os incômo-
privacidade de que desfrutam é menor e, portanto, maior a visibilidade dos dos, as dificuldades, as mudanças sociais, políticas e todas as transfor-
eventos socialmente reprováveis ali ocorridos. mações profundas que uma sociedade assume. Para ele a criminalidade é
Como o sistema penal, a atuação da mídia possui características de um tópico clássico do Estado Social, no qual diversos fenômenos hetero-
seletividade e fragmentação, associando frequentemente a imagem da gêneos tidos como perigosos são agrupados como risco social em torno
criminalidade à pobreza e voltando a atenção aos bairros populares so- desse conceito.
mente em momentos de catástrofes naturais, tragédias coletivas ou para Contudo, há que se fazer uma distinção entre o medo abstrato e o
colocar luzes sobre delinquentes que, eventualmente, dirigem suas ações medo em concreto da criminalidade; sob as óticas objetivas e subjetiva.
"criminosas" a indivíduos pertencentes ao pequeno grupo dos garantidos Pode ser útil para essa distinção a repartição feita por Luiz Eduardo Soa-
ou protegidos (como nos casos de sequestros de artistas, empresários ou res entre a dimensão objetiva e a dimensão subjetiva da violência. Como
familiares destes). dimensão objetiva aparece "aquela em que os crimes, os delitos ocorrem"
Em contrapartida, é muito difícil observar uma atuação potencialmente e como dimensão subjetiva "aquela em que as fantasias, o imaginário
construtiva da mídia quando se trata de bairros pobres, alertando, por coletivo, as sensibilidades, a afetividade humana, as paixões são mobili-
exemplo, sobre as condições precárias em que vivem seus habitantes e zadas, são estimuladas concorrendo para que o fenômeno da violência,
incentivando, mesmo que pela simples divulgação, as iniciativas comunitá- na sua unidade, apareça dessa forma multifacetada e integrada".
rias destinadas a suprir o que deixa a descoberto o poder público. A ocorrência da violência objetiva desencadeia traumas psico-sociais,
Cabe aqui advertir que apesar do impacto provocado pelos eventos gerando mais violência, medo, ódio e vingança. A violação aos direitos
criminais largamente associados às populações pobres não são estes os fundamentais não atinge somente o indivíduo — sujeito desse fenômeno
mais lesivos à sociedade como um todo. As consequências de danos — mas a memória coletiva da sociedade. Dessa maneira, o trauma reforça
ecológicos e fraudes previdenciárias podem levar à morte milhares de e superdimensiona o medo abstrato, comprometendo o presente e o futuro
pessoas pela falta de acesso a outro bem público, distinto daquele que ora da sociedade.
cuidamos mas igualmente necessário – a saúde. No entanto, normalmente
As respostas que precisamos partem, portanto, da identificação dos
não há uma identificação e um impacto direto destes crimes na opinião
medos e do seu reflexo nas atitudes das pessoas e destas nas condições
pública. O sangue não jorra na televisão quando esses fatos são noticia-
de segurança. Essa atitude jamais será possível se continuarmos alimen-
dos, pois o que aparece são sujeitos que não atendem ao estereótipo de
tando uma admiração nem sempre disfarçada pela violência. Quanto mais
criminosos consolidado no senso comum e orientador das instâncias
intensa for esta atitude e mais distanciada da realidade for a percepção
formais de controle.
dos sujeitos, maior também será a insegurança. A lógica da insegurança é
Construído dessa forma, o apanhado de informações que conduzem a a mesma lógica da alienação e do isolamento das pessoas amedrontadas.
opinião pública instiga o alarme social em torno do risco de uma face da
criminalidade, no que ele vai se configurar num dos componentes princi- A percepção subjetiva da insegurança não se funda no aumento do
pais do quadro das demandas por segurança. Com isso, desfigura-se a risco social efetivo, e a preocupação quanto à reação das pessoas está
imagem real que o problema deve ter e ficamos limitados às respostas exatamente no aumento da sensação de insegurança que superestima o
oficiais, sem que possamos desempenhar um papel ativo diante do que já risco objetivo. Não é necessária a coincidência entre segurança objetiva e
foi institucionalizado e acriticamente aceito. subjetiva, ou seja, que aqueles normalmente mais expostos ao risco
criminal e, portanto, mais inseguros objetivamente, não necessariamente
No momento em que existe o distanciamento entre as pessoas, per- são aqueles que se sentem mais inseguros e vice-versa.
de-se de vista a possibilidade de compreender melhor o medo. Assim, a
reação a este problema se perde na estrutura formal das respostas, pois Em razão dessa diferença, o que se deve buscar é a compreensão e
há uma alteração na percepção do próprio objeto; isto é, cria-se uma a discussão livre de componentes emotivos sobre as condições de segu-
dificuldade adicional em verificar a origem e a dimensão da insegurança e rança, incidindo, por fim, tanto sobre as variáveis do risco quanto sobre o
de reagir adequadamente. imaginário coletivo, ainda que seja decisiva a consideração de que: "(...)
onde há mais segurança subjetiva há também mais segurança objetiva,
O medo e o sentimento de insegurança, especialmente experimenta- enquanto o inverso não é verdadeiro".
do nas grandes cidades, é reforçado pelo referido distanciamento entre os
cidadãos, ou pelo que se pode chamar de "rompimento das relações Sentir-se inseguro, portanto, é muito diferente do que estar em perigo,
verticais de comunicação", pelo abandono dos espaços sociais e pela diferença esta que somente poderá ser superada com o efetivo envolvi-
desconfiança dos cidadãos, uns em relação aos outros e destes com as mento das pessoas na criação das condições de segurança que julgarem
necessárias para desfrutar uma vida com qualidade. Isso requer estímulos
Sociologia 22
APOSTILAS OPÇÃO
às relações interpessoais, favorecendo-se também uma maior consciência movimentos, pouco pode participar, influir e modificar esse estado de
do lugar em que habitam e de suas condições de segurança. É também coisas.
assim que evitamos algumas faces da violência, sendo importante come- Não há cidadania nos quadros da segurança pública. Os servidores
çar por evitar aquela que depende da nossa postura particular, garantindo da segurança, além de não compreenderem a cidadania, também sofrem,
a permanência e difusão das melhores condições que forem se formando no interior de suas corporações, graves cerceamentos de seus direitos
pelo exercício constante da cidadania. fundamentais, o que os torna não-cidadãos. A disciplina rígida e mera-
mente formal, os poderes constituídos para além do merecimento real, a
hierarquia sem clareza de objetivos leva as pessoas a se tornarem obedi-
SEGURANÇA E DEMOCRACIA
entes por obrigação, não cônscios de seus problemas e ineficazes para
Diagnóstico do Sistema de Segurança Pública Nacional compreender a sociedade a que deveriam servir.
A Democracia ainda não chegou ao campo da Segurança Pública. As A Segurança Pública não está apta para resolver os problemas da
razões desta afirmação podem ser demonstradas por alguns fenômenos criminalidade contemporânea, pois a formação dos quadros da segurança
observáveis: pública está voltada para um tempo onde os fenômenos criminais contem-
O Brasil não desenvolveu nenhum conceito de segurança pública pa- porâneos não existiam. A mentalidade vigente é dos anos quarenta. O
ra o Estado Democrático de Direito. Em verdade continuamos a formar os resultado disso é que não há uma preparação para o deslinde da crimina-
quadros das corporações segundo manuais fundamentados na doutrina lidade de hoje que tem caráter comercial, transnacional, tecnológico e
de segurança nacional e na já revogada lei de segurança nacional. Con- social. Em verdade, nossos serviços de segurança não estão preparados
forme esses manuais, a segurança pública ainda é um braço auxiliar das para enfrentar a criminalidade das drogas, a criminalidade de colarinho
Forças Armadas, tendo de receber uma formação análoga, mesmo quan- branco, a criminalidade via eletrônica e os crimes da exclusão social. Ela é
do tratamos da esfera civil desse serviço. Neste sentido, o inimigo da preparada para atender as ocorrências interindividuais, comuns e que não
segurança é o cidadão, considerando como um ente potencial de cometi- envolvam maior sofisticação.
mento de crimes, contravenções e de perturbação da ordem pública. O trabalho de segurança pública é isolado das outras instituições do
Estado e dos movimentos da cidadania. Logo, o problema da violência é
No Brasil, o sistema de segurança pública subordinado ao Poder Exe-
multifacetado e só pode ser equacionado a partir de um trabalho conceitu-
cutivo é fragmentário. Cada corporação tem vida própria e não tem qual-
al e prático de natureza interdisciplinar. O isolamento do aparelho policial
quer ligação funcional com as outras, o que as distancia, além de, muitas
e da segurança como um todo das outras entidades estatais e paraesta-
vezes, as tornar inimigas e concorrentes. O resultado disso é a ineficiência
tais, bem como o seu "desconhecimento" dos movimentos sociais e enti-
dos serviços, o atendimento precário dos cidadãos e a duplicação de
dades da sociedade civil, faz com que este nunca possa compreender a
serviços e equipamentos, o que significa mais gastos para o erário públi-
natureza da criminalidade e da violência e as combata sempre da mesma
co.
forma - pela força, "extração de informações", investigações viciadas e
As corporações da segurança pública não se conhecem, o que signifi- alocação de dispositivos repressivos - nos casos de perigo de violação da
ca uma impossibilidade de trabalharem em conjunto. A sociedade também ordem pública. Assim, nem a criminalidade, nem a violência são compre-
não tem noção de seu funcionamento, o que leva a problemas de pedidos endidas e racionalmente enfrentadas, nem a sociedade se amalgama para
em lugar inadequado. Em verdade, o sistema de segurança pública abar- enfrentar os desafios contemporâneos nessa área.
ca, em senso estrito, um conjunto de instituições e serviços que devem ser
A sociedade, por mecanismos formais e informais de manifestação de
de conhecimento dos seus destinatários. Geralmente, a segurança pública
ideias e opiniões, tem uma demanda ambígua frente a Segurança Pública:
compreende a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Departamento de Trânsito,
pede menos violência policial em termos gerais e exige a prática de vio-
o Corpo de Bombeiros Militar, subordinado à Polícia Militar, ou autônomo,
lência quando o problema é pessoal. É recorrente o fenômeno de denún-
como no caso do Distrito Federal. Se o Estado não tiver Secretaria de
cias de violências cometidas pelas polícias, e isso é um fenômeno de
Justiça e Cidadania, o Sistema Penitenciário também fica sob a responsa-
grande importância para a sociedade e para a democracia. Mas, por outro
bilidade da Secretaria de Segurança Pública, desobedecendo o princípio
lado, as pessoas prejudicadas pela criminalidade procuram induzir os
básico de respeito aos direitos do preso, que é traduzido pela máxima
policiais a cometer atos ilegais, vinganças e violências contra os delin-
"quem prende não guarda". Em alguns estados, a Defesa Civil, apesar de
quentes. Assim, a demanda social é ambígua: de um lado ela rejeita a
pertencer a um sistema nacional, também é gerida pela Secretaria de
violência policial e de outro, a estimula.
Segurança Pública por via de uma articulação entre esta e o Corpo de
Bombeiros. A função de cada uma dessas instituições é desconhecida Por todos os fatores já elencados, podemos concluir que não há uma
pela população, que também deve ser informada de seus papéis e de política de segurança pública no Brasil. Como decorrência de não existir
suas funções como serviços para a cidadania. Mas o mais sério, que é um conceito teórico-operacional de segurança pública e de haver uma
ignorado por todos, é que a segurança pública é um sistema que trans- fragmentação dos serviços de segurança, não existe uma política consis-
cende em muito as corporações de cada estado da federação. tente de segurança pública, seja em termos de formação de quadros, seja
Aqui não estamos tratando das corporações federais que trabalham em termos administrativos e de investimentos, seja em termos de retribui-
nessa área, que embora de muita importância, sofrem do problema da ção dos serviços prestados pelos servidores da segurança. É impossível
escassez de recursos humanos. O sistema de segurança pública reúne, atuarmos de modo eficaz, sem que, democraticamente, não se estabele-
além das entidades citadas, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a çam os nortes políticos das atividades desse setor da vida social.
própria cidadania, conforme prescrição constitucional. Sem a articulação Por não ser uma área onde o investimento tenha retorno rápido para a
dessas facetas da vida societária, não será possível o desenvolvimento de opinião pública, esse setor sempre é deixado para trás. Vistos criticamen-
um trabalho de segurança e proteção social na contemporaneidade. te, há de sentenciar que os investimentos em segurança pública no Brasil
Infelizmente, essas instituições vivem isoladas umas das outras, sen- são irracionais; posto que voltados mais para as imagens do que para o
do que o Judiciário resiste a enxergar a sociedade para além da interme- atendimento das reais necessidades da cidadania. Por outro lado, uma
diação dos textos legais, dos arestos jurisprudenciais e das doutrinas. Isso pesada estrutura burocrática desvia seus quadros das atividades fim para
retira dele o mundo do dado, o mundo das relações palpáveis e reais, o as atividades meio, comprometendo seu papel. Há de se observar ainda, a
espaço das contradições e exclusões da sociedade, o que leva muitas preponderância de uma visão simplista de que a compra de armas e
vezes os juízes a decidir de forma injusta e inadequada. O mesmo pode veículos é a forma de enfrentar a criminalidade, traduzindo um olhar
ser dito quanto ao Ministério Público, que ainda não tem a competência de tacanho e atrasado diante da complexidade da sociedade atual.
presidir o inquérito, hoje nas mãos da Polícia Civil, mas que, muitas vezes, O pagamento injusto e a diferença gritante de recebimento entre o to-
no lugar de exercer seu essencial papel fiscalizador, denunciador e aper- po e a base das corporações é o motivo mais importante para o desenca-
feiçoador das ações da Segurança Pública, passa a disputar poderes com deamento da indisciplina. Os quadros da segurança pública no Brasil,
a Polícia nas esferas administrativas e judiciais; o que se reveste de salvo pouquíssimas exceções, são muito mal pagos, o que abre possibili-
absoluta esterilidade. Diante dessa tensão e desconhecimento interinstitu- dade para a corrupção. A título de exemplo, vale salientar que o valor
cionais, a cidadania, que hoje sofre um refluxo de suas organizações e
Sociologia 23
APOSTILAS OPÇÃO
mínimo de duas multas, conforme o novo Código de Trânsito, corresponde legais e estruturais, seja em termos culturais, devendo ser desenvolvido
aos vencimentos de soldados da Polícia Militar em vários estados, haven- intenso trabalho educativo para a unificação de conceitos teóricos e ope-
do casos de servidores da segurança que recebem menos de um salário racionais em todas as corporações. É impossível o atendimento do público
mínimo. Entretanto, o que causa maior deslegitimação entre comandos, por entidades que vivem voltadas para seu interior, sem articulação com
diretorias e suas bases é o fato dos que se situam no topo da pirâmide as outras do sistema e com a própria sociedade abrangente.
ganharem cem vezes ou mais que os iniciantes da base. Este problema O destinatário da prestação de serviços de segurança deve ser o ci-
levou aos acontecimentos recentes de levantes em polícias militares de dadão a serviço da cidadania. Para tanto, o treinamento e reciclagem de
vários Estados do Brasil. todos os quadros da segurança pública é uma das medidas fundamentais
A violência policial é um dos fenômenos que demonstram o arcaísmo para direcionar os seus serviços para a proteção do cidadão, desenvol-
e a cultura de guerra que é passada pelas corporações. A violência policial vendo tarefas educativas, preventivas, de controle e de serviços. Faz-se
é antiga. Suas raízes remontam à Colônia e ao Império, onde a ação de mister implementar a cidadania nas corporações, a fim de que as injusti-
segurança era sempre truculenta, seja para coibir condutas, seja para ças não sejam cometidas em seu interior a partir de um sistema militariza-
investigá-las. Em tempos recentes, a truculência tomou alguns ares de do e verticalista.
ciência, quando as noções de "interrogatórios severos" foram introduzidas, Os problemas de violência, de nova criminalidade, de delitos de ex-
por importação, nas práticas de obtenção de informação, quer para com clusão social, de crimes tecnológicos e transnacionais devem ser enfren-
os presos políticos, que para com os presos comuns. Além disso, um tados por técnicas novas, lastreadas na ciência. Nossa segurança pública
corporativismo excludente é ensinado nas academias e escolas de forma- trabalha, em grande parte pela intuição, bom senso e experiência de seus
ção, que situa os policiais como superiores, como guardiões da ordem e quadros. Por isso ela até pode ser eficaz para o combate de pequenos
da brasilidade, contra os "paisanos", que são indisciplinados, impatrióticos crimes do quotidiano, mas, ratificamos, é absolutamente despreparada
e desrespeitadores da ordem pública. Isso só aumenta a onipotência dos para os delitos contemporâneos, como os de colarinho branco, os cartéis
quadros da segurança e situa o cidadão como seu inimigo, instilando uma de drogas, os crimes eletrônicos e o desenvolvimento de grupos crimino-
cultura de guerra e de combate, que tem como adversário o cidadão com sos que se confundem com governos e com empresas legais, para dar
o qual a segurança tem de conviver quotidianamente. alguns exemplos. Só com o desenvolvimento de qualificação de quadros
O não estabelecimento de políticas de segurança, a não construção em atividades científicas haverá possibilidade de deslinde desses crimes,
coletiva de um conceito democrático de segurança pública abrirá o País já que os novos criminosos, das grandes organizações internacionais do
para a segurança privada, o que significa a morte dos direitos civis de crime, estão sendo formados, literalmente, em pós-graduações de univer-
cada um de nós. O descaso com a segurança pública tem possibilitado o sidades de renome internacional. Isso exige o desenvolvimento de pro-
crescimento voraz de empresas privadas de segurança, que desenvolvem gramas de treinamento em novas técnicas de enfrentamento da "profissi-
práticas perigosas de repressão e violência, além de serem altamente onalização" e requinte da criminalidade, para preencher uma lacuna entre
armadas e pouco preparadas para essa missão, levando-a, muitas vezes, a Primeira e a Terceira Revolução Industrial no setor de Segurança Públi-
a se confundir com grupos criminosos. Nessa onda perversa de privatiza- ca.
ção, a manutenção da ordem e as ações de coibição da criminalidade Voltamos a afirmar que o isolamento da Segurança Pública só pode
correm o risco de se transformarem em atividades cada vez mais ampla- ser superado pela parceria com a sociedade representada por seus movi-
mente desenvolvidas por essas empresas privadas, desvirtuando o caráter mentos sociais, por suas entidades de classe e por suas universidades. A
desse trabalho, que é essencialmente público. cidadania é aprendida no seu exercício e esse exercício só tem sentido se
for constituído na relação entre todos os protagonistas das atividades de
segurança pública; daí a impossibilidade de se desenvolver projetos e
Esculpindo um sistema de segurança democrático propostas inovadores entre quatro paredes nas corporações. As academi-
Existem alguns caminhos para a superação progressiva dos proble- as e escolas de formação dessas corporações apresentam um ensino
mas acima apresentado que podem merecer destaque, posto que é ple- marcado pelo treinamento da força física aliado a um dogmatismo positi-
namente possível combinar Democracia e Segurança. vista e fechado, que enclausura as cabeças dos estudantes. Assim, a
O estabelecimento do objetivo segundo o qual o cidadão é o destina- solução está na parceria com as universidades qualificadas para diagnos-
tário dos serviços de segurança pública. A construção de uma segurança ticar as corporações e proporcionar uma formação atualizada, seja em
pública cidadã não pode ser tratada somente no campo dos princípios e termos de conteúdo, seja em termos das novas metodologias emergentes.
do desejável. É preciso desenvolver práticas sociais de efetiva aproxima- A sociedade deve participar na construção de uma política de segu-
ção entre o órgãos de segurança e a cidadania, além de submeter os atos rança pública para o Brasil e ser agente de priorização de investimentos e
da segurança pública ao crivo e fiscalização da população. Existem práti- fiscalizadora da aplicação das verbas. O que percebemos no Brasil de
cas que já foram desenvolvidas como os Conselhos Comunitários de hoje é que tanto as prioridades, quanto o controle de aplicação das verbas
Segurança Pública e os Conselhos Civis nas Polícias Militares, ambos no são desenvolvidos de forma abstrata. A cidadania só toma ciência dos
Distrito Federal, no governo Cristóvão Buarque. Também merecem desta- escândalos e dos absurdos, quando comissões parlamentares de inquéri-
que as experiências de Polícias Comunitárias em São Paulo e em outros to, ou ações do Ministério Público chegam aos meios de comunicação.
estados. Chegou o momento da sociedade, por suas entidades legítimas e
A crítica e aperfeiçoamento dessas experiências e sua disseminação respeitáveis, participar das priorizações da área de Segurança Pública e
em todo País, com cobertura legislativa, criará novos canais de convivên- ter papel de fiscalização, principalmente quando o Estado, em todo o
cia, fiscalização, controle, cooperação e interação entre a segurança e a mundo, está em crise estrutural, de finalidade e moral. Problemas como o
cidadania. A população deve participar de campanhas junto com os ór- pagamento dos servidores da segurança pública; o estabelecimento de
gãos de segurança e outros componentes do Estado - por via de parcerias um piso nacional para as categorias; saneamento do desnível vencimental
entre movimentos sociais, entidades da sociedade e cidadãos - no sentido entre o topo e a base das corporações dizem respeito à cidadania, que
de enfrentar temas e problemas urgentes para a sociedade. Exemplifican- não pode ficar à mercê de interesses corporativos ou de negociações
do essa tese, tivemos no Distrito Federal os Programas Paz no Trânsito e menos nobres que aparecem nas instituições formais do Estado.
Paz nas Escolas. Uma relação democrática propicia um conhecimento As condutas dos servidores que transgridem a legalidade, que ex-
maior da população sobre os serviços da Segurança, ao mesmo tempo pressam violências, arbitrariedades ou práticas de peculato, concussão ou
em que cria novas relações entre os servidores desse setor e a sociedade prevaricação devem ser punidas por órgãos administrativos das corpora-
a que ele serve. É de se lembrar que tais tarefas são democráticas, de- ções e das secretarias de segurança pública, sem prejuízo das medidas
vendo ser evitadas quaisquer condutas de aparelhamento político- legais do Ministério Público e do Judiciário. É inadmissível a possibilidade
partidário, ou a criação de trampolins para falsos líderes comunitários. de leniência e de corporativismo nessas punições, que são o remédio
Há de se ter como objetivo a unificação das corporações de seguran- amargo mais eficaz para a autopreservação das corporações e do sistema
ça pública. Mas isso é um processo e não algo que venha magicamente a de segurança como um todo. Mas não é somente a possibilidade de
partir da edição de norma legal. O problema é complexo, seja em termos punição que estimula a melhoria das corporações, mas a premiação às

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atitudes heróicas, de generosidade e de proteção à cidadania; instrumen- A concepção de Estado compreendida como a organização política,
tos que significam muito para os servidores da segurança pública, que são social e econômica de uma sociedade, encontra definições muitas vezes
incentivados até por um simples elogio formal. Assim, ao lado das audito- semelhantes dentre os estudiosos do direito e da ciência política, mas,
rias, corregedorias, comissões processantes e disciplinares, devem existir pelas características próprias de cada um deles no que se refere à estrutu-
comissões de premiação. ra e funcionamento, as diversas teorias existentes tendem a ser sistemati-
camente diferenciadas. Noções dessa natureza fundamentam-se em
dados históricos, remontados desde os ideais de um Estado bom e justo
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E REPRESENTATIVIDADE descrito através dos discursos de Sócrates (469-399 a.C) e reproduzidos
A linha de pensamento mais aceita para explicar a existência desse por Platão (427-347 a.C) na obra “A República”, quando este pretendia ver
tipo de organização humana que chamamos de Estado foi iniciada no a transformação da cultura grega num império universal, bem como da
século XVIII com os teóricos contratualistas, destacando-se entre eles visão ética e moral de Aristóteles (384-322 a.C) que, além de discípulo de
Rousseau e Hobbes. Partindo de uma mesma perspectiva filosófica, mas Platão, tornou-se também um grande crítico de suas ideias. Para ele, a
com algumas diferenças, esses pensadores argumentam que o homem a política deveria estar diretamente ligada à moral coletiva e não apenas às
princípio se encontraria em um "estado de natureza", no qual ele seria virtudes individuais de cada cidadão.
completamente livre e com o dever único de sobreviver. As relações entre A referência à civilização grega nos serviu como ponto de partida para
as pessoas seriam regidas então pela "lei do mais forte". Mas como ne- o estudo das origens da organização estatal propriamente dita, uma vez
nhum homem tem força suficiente para garantir sempre o seu bem-estar, que, na antiguidade, ela foi conhecida como uma das mais desenvolvidas,
ele procura então estabelecer acordos com outros homens, que permitam alcançando grande progresso político, econômico e cultural ainda na era
a sua coexistência pacífica. Dito de outra forma, a partir de um determina- primitiva (3.000 a.C), quando sua população constituía-se basicamente de
do momento, os obstáculos à sobrevivência no estado de natureza ultra- comunidades agrícolas, progresso esse que perdurou até o final do
passam as possibilidades de cada pessoa, obrigando-as a unir-se e agir século VI a.C, período em que começou a sucumbir sob o poder de Roma.
em conjunto. Da competição natural passa-se então para a cooperação,
criada a partir do pacto entre os homens, ou "Do contrato social", como Salientamos que em nenhum momento de sua história os gregos
apresenta Rousseau no título de sua principal obra. Neste contrato, cada chegaram a formar um Estado no sentido político moderno, pois as res-
homem abdicaria de sua autonomia individual em benefício da estabilida- pectivas comunidades jamais se organizaram de maneira unificada. As
de da vida em comum. chamadas cidades-estado, dentre elas Esparta e Athenas, viviam sob
ampla autonomia, tendo em vista a inexistência de um poder central, e por
Sua segurança e suas liberdades, que agora recebem o nome de di- esta razão, governavam a si próprias.
reitos, passam a ser garantidas por uma entidade única, que monopolizará
o uso da força: o Estado. Outro pensador, Montesquieu, percebeu que Entre os séculos VIII e VI a.C o território grego era formado por
para realizar com eficiência as tarefas que lhe cabem segundo o "pacto", o aproximadamente 160 cidades-estado e todas elas possuíam sua sobera-
Estado deve concentrar o poder da sociedade em que se encontra. Para nia, isto é, por não estarem submetidas a qualquer tipo de obediência
tanto ele tem de ser o único responsável naquele território por três ativida- superior instalavam seu próprio governo, instituindo suas próprias leis e
des essenciais: a administração dos negócios de interesse coletivo, com estabelecendo sua própria organização social.
os indivíduos e com outros Estados; a elaboração das leis que regem a Não significa dizer que mesmo com toda esta estrutura independente
sociedade e o próprio funcionamento do Estado; e a aplicação dessas leis os gregos conheciam apenas uma sociedade justa e bem ordenada. Ao
de maneira homogênea a todos os homens, garantindo a justiça. contrário, as cidades-estados dividiam-se em diferentes classes sociais e
Esta classificação feita por Montesquieu dará origem a divisão do Es- essa divisão criava desigualdades entre os indivíduos que ali habitavam.
tado em três poderes, respectivamente Executivo, Legislativo e Judiciário, Em Esparta, por exemplo, existiam três categorias sociais: os espartanos,
que hoje é adotada em quase todos os países do mundo. Mas a forma que compunham a classe dominante e era formada por famílias que se
como o Estado e a sociedade se relacionam variou muito ao longo do ocupavam da política e das guerras; os periecos, formada por campone-
tempo, o que possibilita identificarmos pelo menos três modelos distintos. ses, comerciantes e artesãos, que apesar de administrarem as comunida-
O primeiro deles é o Estado Moderno Absolutista, existente na Europa dos des onde viviam, eram obrigados a pagar tributos aos espartanos e,
séculos XV a XVIII. Este é caracterizado pelo regime monárquico, onde o finalmente, a chamada classe dos hilotas, composta pela grande massa
imperador concentrava os três poderes acima descritos. Assim não havia de trabalhadores. Esses não possuíam qualquer privilégio, pois, além de
limites para a ação do Estado, que chegava até onde o imperador dese- cultivar a terra, sustentavam o proprietário e sua família. Além disso, estas
jasse, pois era ele o responsável tanto pela formulação quanto pela apli- pessoas pertenciam ao Estado e podiam ser consideradas como “escra-
cação das leis. É exatamente pela ausência de limites para sua atuação vos públicos”.
que é classificado como absolutista. Athenas não se diferenciava muito de Esparta no que se refere à sua
A partir do século XVIII, esta forma de Estado entrou em choque com estrutura social. Os chamados eupátrias formavam a aristocracia rural,
homens que viam nele uma tendência muito forte a desprezar as liberda- possuindo as melhores terras e também o domínio político da cidade. Os
des individuais (de ir e vir, de expressão, de pensamento, de propriedade), georgóis compunham uma classe de pequenos proprietários rurais que
contrariando as suas finalidades originais. Com isso, tentaram colocar trabalhavam em família e mantinham sua própria subsistência, o que não
limites legais para a sua intervenção, conferindo seus três poderes a impedia, muitas vezes, que fossem reduzidos à condição de escravos e
diferentes grupos de pessoas, e fixando-os sob a forma de uma Constitui- vendidos àqueles mais abastados. Os demiurgos eram artesãos que
ção. A Constituição é o conjunto de leis que rege tanto a conduta dos também viviam do próprio trabalho, porém, em condições de extrema
indivíduos para o Estado quanto do Estado para os indivíduos. Esta forma pobreza.
de Estado tinha a característica de permitir a participação de pelo menos Contudo, havia um fator que diferenciava estes dois centros políticos:
parte da população na escolha dos integrantes de dois poderes (Executivo enquanto que na cidade de Esparta a preocupação fundamental da classe
e Legislativo), além do objetivo expresso de garantir as liberdades indivi- dominante era a guerra e, consequentemente, a conquista de novos
duais. Por esses motivos pode ser chamado de Estado Democrático territórios, Athenas se sobressaiu pelas mudanças políticas que a levaram
Liberal. Uma terceira forma de Estado, que surge no século XX, é aquela a mudar o curso da administração da cidade. Com o crescimento das lutas
que convencionou-se chamar de Estado do Bem-Estar (Welfare State). entre as diferentes classes sociais e a defesa de uma maior igualdade
Sua peculiaridade reside em que além de garantir as liberdades individu- entre elas, a aristocracia se viu obrigada a adotar a democracia, fato este
ais e políticas, ele se preocupa também em fornecer as condições básicas que culminou com a implantação de leis escritas.
para a sobrevivência de seus membros, como o atendimento à saúde, a E foi nesse contexto de lutas sociais que os filósofos gregos acaba-
educação e a moradia. Esta forma de Estado foi proporcionada pela ram por expor seus ideais de um estado democrático, assentado em
ampliação da cidadania aos segmentos mais pobres da população, que valores que pudessem extinguir a escravidão e conservar no poder gover-
passaram a cobrar dos governantes medidas para atenuar sua situação nantes comprometidos com reformas que levassem toda a sociedade a
de miseráveis e de excluídos da vida social. uma efetiva participação política.

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Para estes filósofos, sociedade, estado, literatura, religião e filosofia riamente prática, em se tratando da criação e efetivação de um Estado
compreendiam princípios indissociáveis, isto é, um não poderia sobreviver considerado perfeito.
sem o outro, pois deles advinha seu ideal de humanidade. Até mesmo o Assim como pretendiam os gregos do período clássico, muitos
conhecimento artístico e a prática esportiva tinham sua importância social, estados foram sendo criados, ao longo do tempo, com base em normas
por acreditarem que a valorização da estética poderia gerar uma educa- morais, intelectuais e religiosas previamente estabelecidas, que, no entan-
ção consciente, alterando a natureza física e as qualidades do homem, to, eram aplicadas de maneira totalmente contrária aos objetivos
elevando assim sua capacidade intelectual. sociais. No período Medieval, por exemplo, o poder do rei não ultra-
Quanto à formação de uma sociedade organizada, é interessante no- passava as terras cujo território lhe pertencia, mas a servidão dos
tar que na Grécia antiga as questões sociais eram discutidas em praça indivíduos que ali permaneciam era uma regra justificada pelo poder
pública e a ideia da implantação de um Estado propriamente dito, bem feudal. Os senhores de terras exerciam o controle administrativo do feudo
como suas formas de governo, era constantemente abordada. À medida e eles próprios se encarregavam da criação e cobrança de tributos, da
em que a distinção de classes vinha sendo delineada, crescia a preocupa- confecção e emissão de moedas, do julgamento de atos que considera-
ção com os princípios nos quais deveriam se basear essa divisão. Para vam justos ou injustos, levando opressão e desigualdade àqueles que lhes
Sócrates, dentro da “Cidade” o poder deveria ser exercido pelos filósofos, prestavam seus serviços. Não bastassem tais imposições, o Clero possuía
definidos por ele como “amigos da sabedoria”. poderes de um verdadeiro Estado, considerando que sua atuação ia além
O posto de governante a que se referiam, deveria ser assumido por do domínio religioso. A Igreja podia opinar e decidir sobre questões soci-
aqueles cuja dedicação e amor à Cidade fossem de grande destaque, pois ais, políticas e econômicas.
assim também deveriam ser seu conhecimento científico, sua firmeza nas Contudo, o poder apresentava-se de forma fragmentada, já que cada
guerras e sua obediência às leis. Diante de tal descrição, valores morais e parte da nação era controlada por um determinado senhor feudal. Nascia
intelectuais eram imprescindíveis ao homem público, considerando que daí a necessidade de unificar o poder do rei. Isso gerou a crise do feuda-
somente aquele que conhecia o bem poderia utilizá-lo como paradigma lismo, que a partir do século XIV passa a assistir ao desmembramento dos
para ordenar a Cidade, os particulares e a si mesmo. feudos, com os servos vendendo os poucos quinhões de terra que onde
trabalhavam e comprando sua liberdade, dando origem assim aos burgos,
Na opinião de Aristóteles, o Estado deveria possuir um caráter essen- conhecidos como os agrupamentos criados ao redor das cidades. Esse
cialmente moral. Contudo, reconhecia que seu conteúdo político era fenômeno deu origem a uma nova classe social: os burgueses. Eles
distinto da moral, pois, enquanto esta tinha como instrumento o indivíduo, viviam basicamente do artesanato e do comércio, atividades das quais
o outro visava a coletividade. Compreendia que a ética era a doutrina originou-se um novo tipo de economia: o capitalismo. Tinha início a estru-
moral individual e a política a doutrina moral social. Sob esse aspecto, o turação do chamado Estado Moderno.
Estado era então superior ao indivíduo, tendo em vista que é nele que se
Com o crescimento dessa nova classe social e também do comércio
configura o poder de satisfazer as necessidades do homem.
com outras localidades, a centralização do poder torna-se inevitável:
Aristóteles compreendia o surgimento do estado como uma conse- “As novas nações são modernas no sentido de fortalecerem o poder
quência da condição social e política do homem, pois àquele cabia satis- central, superando a estrutura política feudal caracterizada pelo policen-
fazer as necessidades materiais diante dos anseios de bem estar das trismo do poder. São também modernas por voltar-se para a formação do
comunidades. Porém, ao contrário daquilo que pretendia Platão, defendia Estado laico, desvinculado da tutela da Igreja”.
o direito privado, a propriedade particular e a estrutura familiar, condenan-
Nações como Portugal, França, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itá-
do o isolamento social do indivíduo para se dedicar exclusivamente ao
aprimoramento intelectual. lia alcançaram sua unificação em períodos diferentes, mesmo porque, em
algumas delas o poder da Igreja ainda era bastante expressivo.
Reconhecia nas dificuldades surgidas da divisão das classes sociais
Portugal conseguiu impor o poder real ainda no século XIV, através
um obstáculo para a concretização de um estado que representasse o
da aliança entre o Estado e a burguesia mercantil. Na França, o absolu-
interesse de todos, já que, indiscutivelmente, as diferenças entre elas
tismo evidencia-se claramente a partir do século XVII, quando Luís XIV
geravam discriminações e exclusões inevitáveis: alguns cidadãos eram
ocupa o trono e afirma ser ele mesmo o próprio Estado. Na Espanha do
livres e possuidores de bens, enquanto outros viviam em condições de
século XV, ocorre a unificação sob o poder do rei Fernando de Aragão. É
escravidão e miséria.
a época de desenvolvimento das grandes navegações e o Estado se
Daí que o próprio Aristóteles reconheceu, distintamente de Platão, beneficia disso com a expansão de seu império colonial. A Inglaterra se
que a melhor forma de governo não era abstrata nem utópica. Ela tinha fortalece como Estado unificado também a partir do século XV e conhece
origem na concretude das relações entre estado e sociedade, levando-se em Henrique VIII um rei que desafiou o poder papal, desligando-se da
em conta as circunstâncias de vida de cada povo e suas constantes Igreja Católica e fundando a Igreja Anglicana. Com a venda dos bens que
mutações. Compreendia que a condição indispensável para uma boa pertenciam a Igreja Católica, enriqueceu o Tesouro Real.
constituição era o fim a que se propunha a atividade estatal diante do bem
comum e não a vantagem daquele que governava de forma autoritária e Assim como ocorreu com a Alemanha, a Itália só conheceu a unifica-
absoluta. ção no século XIX, pois as constantes lutas entre os estados divididos
É interessante notarmos que, desde aquele tempo, princípios reco- impossibilitava qualquer tentativa de se encontrar um único rei que pudes-
nhecidos e consagrados pela sociedade moderna eram temas de refle- se representar o poder central. Mas uma peculiaridade deve ser observa-
xões, principalmente no que diz respeito às formas e regimes de governo. da ao se falar do poder governamental na Itália daquela época.
A expressão “constituição” chegou a ser utilizada como uma forma de O território italiano era dividido entre monarquias e repúblicas. No
governo e não apenas como um conjunto de normas, formal, posto e primeiro caso, encontramos um governo que se estabeleceu através da
expresso, cuja efetivação dependeria essencialmente de sua obediência. aristocracia e cujo poder era hereditário, enquanto que nas repúblicas os
Aliás, o termo “democracia” também fazia parte do elenco das várias governantes eram escolhidos através de eleições, assim como acontecia
formas de governo que se discutia estabelecer, opondo-se, juntamente em Veneza, Florença, Gênova, Siena e Luca, propiciando maior participa-
com a forma de constituição, àquelas que deveriam ser combatidas: ção popular em suas administrações.
oligarquia, tirania e monarquia. A oligarquia, por exemplo, foi definida por Com certeza, esse fator colaborou para que a centralização do poder
Sócrates como a representação de um estado “repleto de males sem estatal na Itália ocorresse bem mais tarde do que em muitos países euro-
conta” ; a tirania, antagônica à democracia e à constituição, era conhecida peus, pois a disputa pelo poder, além de constante, era totalmente disso-
como a “enfermidade do Estado” e a monarquia, como um poder hereditá- ciada.
rio, poderia trazer consigo os maus exemplos dos governos anteriores.
Ainda no século XVI, diante de uma Itália conturbada e vitimada por
As colocações acima pretendem demonstrar que os problemas relati- conflitos gerados pela manutenção do poder pela influência de famílias
vos à criação e desenvolvimento de um Estado sempre permearam a vida das diversas regiões, Maquiavel passou a descrever um Estado totalmen-
humana, tendo em vista a necessidade da defesa dos direitos dos cida- te diferente daquele idealizado por Platão. Relacionando-se às duas
dãos através do controle dos atos de seus governantes. Todavia, o exem- formas de governo vigentes naquele período, escreveu que tanto a repú-
plo grego demonstra uma visão muito mais contemplativa do que necessa- blica quanto a monarquia deveriam, acima de tudo, serem governadas

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pelas leis. Para ele, “o príncipe que se pode conceder todos os caprichos Apresentavam-se com o objetivo de favorecer a participação das
é geralmente um insensato”. classes populares. Pulularam centros de “educação popular”; de assesso-
E é através desse prisma que Maquiavel passa a escrever aquela que rias a movimentos populares com ênfase dos trabalhos na “conscientiza-
seria talvez a mais polêmica de suas obras - “O Príncipe” - na qual ele ção” e "transformação social". Pequenos grupos, já existentes, abandona-
próprio se utiliza dos aspectos mais sombrios do poder para tentar estabe- ram práticas assistenciais-filantrópicas e outros foram criados para incen-
lecer os parâmetros a serem introduzidos na condução do Estado. O tivar a "organização popular" (Doimo, 1995:129, 130).
governante ideal não poderia ser pródigo em virtudes, pois essas, se Mas se nos anos 70/80 as ONGs poderiam ser consideradas parte do
utilizadas de forma extremada, poderiam aniquilar todo seu poder. campo progressista, como salientam alguns autores (Doimo, 1995; Gohn,
Mas, ao contrário do que muitos pensam, Maquiavel não defendia a 1997; 1998), vale ressaltar que muitas dessas organizações, mesmo nesta
permanência e o êxito de governantes inescrupulosos. Em assuntos de época, exerciam um papel “paliativo” ou “amortecedor”: denunciavam
Estado, dizia ele, astúcia, perspicácia e até uma certa dose de “perversi- internamente as violações dos direitos humanos e a pauperização da
dade” seriam de muito mais valia, posto que levantaria sobre o governante população mas, “raramente denunciavam os seus patrocinadores norte-
o temor da sociedade e isso poderia lhe ser retribuído com a manutenção americanos e europeus que os financiavam e aconselhavam” (Petras,
do poder. Contudo, tais “atributos” deveriam ser sempre utilizados em 1996:22). É claro, que precisamos separar o joio do trigo, nesse emara-
função do bem estar coletivo e não em detrimento deste para favoreci- nhado onde se entrelaçam as ONGs. Mas, mesmo as mais aguerridas, se
mento pessoal da autoridade estatal. encontram numa "camisa de força": estão integradas no fluxo de dinheiro
do Estado e/ ou da Igreja, não podem (ou têm muita dificuldade para)
Para Maquiavel, o estado moderno deveria se basear em princípios atuar de modo mais radical. Ideologicamente podem se tornar hegemôni-
bem diferentes daqueles propostos pelos filósofos gregos, pois, enquanto cas nas comunidades onde atuam e se tornam, também,
estes idealizavam o Estado como algo praticamente inconcebível, devido
à perfeição que procuravam alcançar através da valorização das virtudes "... um termômetro, já que elas revelam para os governos as pulsa-
do homem (ética, moralidade, intelectualidade, religiosidade), os pensado- ções das populações nos mais diversos cantos do país. Em muitos casos,
res da era moderna buscavam fundamentos muito mais concretos, isto é, as ONGs revelam um problema real do sistema, sendo a primeira adver-
a efetivação do poder diante da realidade existente em cada sociedade, tência ao governo quando as coisas não vão bem.(...). Portanto, a grande
buscando o domínio da situação que se apresentasse. Portanto, não maioria delas cumpre a função de ajudar a preservar o sistema e torná-lo
bastava conquistar o poder. As conquistas deveriam estar baseadas em mais funcional." (Steffan,1998:24).
princípios sólidos que pudessem garantir sua manutenção. Convém aqui, separar os Centros de Assessorias ou Educação Popu-
O importante não é a busca incessante do “bom” governo para uma lar, que nunca se denominaram como ONGs, mas como instituições
“boa” sociedade. As circunstâncias em que se encontram cada Estado são vinculadas as lutas dos trabalhadores. Mas mesmo estas, vão contar com
diversas e por isso mesmo a busca da perfeição é inútil. a ajuda financeira das suas congêneres europeias, geralmente, ligadas a
Igreja. Os recursos para as suas atividades é o grande entrave destas
O que realmente interessa não é a política estruturada em fatos abs- organizações.
tratos e hipotéticos. A realidade é bem mais complexa e por esta razão a
premissa da adequação vale muito mais aos governantes e governa- Quem as financia? A sua viabilidade está diretamente ligada à capa-
dos do que o sonho do Estado ideal. Os esforços devem se voltar cidade de angariar fundos. E, claro, sua autonomia depende da origem
para a possibilidade e a viabilidade da ação estatal diante da sociedade na dos seus recursos.
qual se instala seu poder de atuação. Como afirma Barbé todos os governos dos países europeus têm sis-
O “dever ser” , como princípio fundamental da relação entre os deten- temas para co-financiar as ONGs.
tores do poder e aqueles sobre os quais tal poder é exercido, deve ser La financiación pública de una ONG, sobre todo de las ONGD , se lle-
considerado diante das possibilidades existentes. Dessa forma, o gover- va a cabo por diversas vías: subvenciones globales, de carácter periódico;
nante passa a ter, como instrumento de sustentação de seus atos, a subvenciones para financiar un proyecto individual; subcontratos que
realidade criada a partir da relação de força entre estado e sociedade. convierten a la ONG en agente ejecutivo del programa de acción (ayuda
Esse “dever ser” a que se referiu Maquiavel, é amplamente discutido alimentaria, proyectos de cooperación) del gobierno en cuestión; y medi-
por Kelsen como fundamento para sua teoria sobre o direito positivo. das fiscales (exenciones de renta en base a donaciones, subvenciones
Segundo ele, a norma fundamental é considerada como um ato pensado, gracias a las partidas consignadas a la cooperación internacional en las
produzido pelo “dever ser” e através de seu aspecto epistemológico declaraciones de renta, etc.) ” (1995:179).
determina os fundamentos lógicos da ciência do direito, bem como o valor Uma particularidade importante dessas instituições – que surgiram
e o alcance objetivo dessa ciência. Tal interpretação, no entanto, apresen- nos anos 90 ou as que sucumbiram a esta lógica – é o fato delas se
ta uma diferença entre o “ser” (que regula o fato através da norma e lhe caracterizarem pela negação: são “anti-governo”, “anti-burocracia”, “anti-
impõe condições) e o “dever ser” (que originariamente parte da subjetivi- lucro”. Autodenominam-se "terceiro setor", proclamam-se "cidadãs" e,
dade do fato a ser regulado). apresentam-se como sem fins lucrativos. O perfil está voltado muito mais
E é justamente o “dever ser” , como um ato de conduta, que necessita a “filantropia empresarial”, e mantém relações estreitas com o Banco
ser observado como fundamento à competência do poder público para Mundial e com agências financiadoras, ligadas ao grande capital, como é
criar e fazer aplicar o ordenamento jurídico de cada Estado, considerando- o caso, das Fundações Ford, Rochefeller, Kellog, McCarthur e a Fundação
se que a simples existência de uma “comunidade jurídica” não pressupõe Interamericana (esta vinculada ao Congresso dos Estados Unidos).
a existência de um Estado propriamente dito. Nesse aspecto, dentro do Dentro deste universo as ONGs que se dedicam a formação de gru-
contexto do estado contemporâneo, já não caberiam, no campo do direito, pos de geração de renda, de cooperativas de trabalho, ou de re-
os atos extremos praticados pelos governantes, conforme compreendia qualificação profissional, ocupam um espaço considerável. Os projetos
Maquiavel. destas entidades estão em geral focados no “desenvolvimento local” e na
“auto-sustentação” da comunidade. Isto resulta, na maioria das vezes, na
disputa entre as "comunidades" pelos parcos recursos, gerando rivalida-
ORGANIZAÇÕES NÃOGOVERNAMENTAIS des inter e intra-comunidades, corroendo a solidariedade de classes e
O termo ONG foi cunhado pela primeira vez em 1940, pela ONU, para transformando — quando a experiência é exitosa — o lugar numa “ilha de
designar as entidades, da sociedade, executoras de projetos humanitários fantasia” (Petras, 1996:25 e Mauro,1998:221).
ou de interesse público. Mas, a sua expansão vai se dar na década de Outros termos muito utilizados pela maioria dessas organizações são
60/70.E, na América Latina, cumprem na maioria das vezes, um papel inclusão/exclusão. Os projetos encaminhados às "fontes financiadoras"
importante, na luta contra os Estados ditatoriais― principalmente aquelas não deixam de mencionar o grande número de trabalhadores "excluídos"
que se dedicam à questão dos direitos humanos. Elas vão contar com o do processo de "globalização", além da constatação de que o Estado é
apoio de diferentes agências de "Cooperação Internacional". Ou seja, as ineficaz como remediador desse mal e como promotor de justiça social
suas congêneres europeias. (Tenório, 1997:7). E para, substituí-lo, ou complementá-lo, nada melhor do

Sociologia 27
APOSTILAS OPÇÃO
que a “sociedade civil” organizada. Leia-se “terceiro setor”. Embora não se de) para uma parcela da classe média. Pesquisa de opinião pública sobre
tenha uma definição clara do que ele venha a ser. Vários autores cha- ONGs, encontrada no sítio da Abong ¾ Associação Brasileira das ONGs
mam a atenção para o seu caráter “complexo, diferenciado e contraditório” ¾ revela que um pouco menos que um terço da população brasileira
(Gohn, 2000; Landim, 1999; Fernandes, 1994). acima de 16 anos já ouviu falar nelas. Dos que demonstraram algum
Entre os estudos sobre o “terceiro setor” Gohn, destaca duas linhas conhecimento, estão os indivíduos com maior grau de escolaridade; (81%
de pesquisa: uma vê neste setor, uma forma de contribuição para o de- destes têm nível superior) e em classes mais abastadas (56% pertenceri-
senvolvimento de novas formas de associativismo. O “terceiro setor”, ou am às classes A/B).
as ONGs funcionariam como mediadores das políticas públicas. O princi- Nos grupos sociais que menos conhecem estão as pessoas com ida-
pal argumento deste grupo é que o Estado deve se ocupar das questões de acima de 55 anos (83%) os da classe D/E (84%) os com baixo grau de
macros e, como não consegue penetrar nas microesferas da sociedade, escolaridade (primário 89%) e os com renda familiar de até 2 salários
este espaço seria então, ocupado pelas entidades que o compõem. Nisso mínimos (84%) e entre os residentes com até 20 mil habitantes.
residiria a novidade do “terceiro setor”. Ou seja, aqueles aos quais se destinam os trabalhos das ONGs, ou
A segunda linha, de estudos e pesquisas, aponta os efeitos nefastos que justificam sua existência, são os que menos têm acesso real à elas.
deste setor na organização dos trabalhadores. Destaca-se, principalmen- Outro dado importante da pesquisa, é quanto a desaprovação as ONGs. O
te, o fato dele se apresentar como uma forma de exploração da força de perfil dos que responderam “só atrapalham” e “mais atrapalham que
trabalho, uma resposta das elites à organização popular e sindical dos ajudam”, embora represente apenas 13% dos que declararam conhecê-
anos 80. (Gohn, 2000:60). las, é o perfil dos que têm menor escolaridade e menor renda (26% e 20%
Ficamos com a segunda opção. Tentaremos demonstrar aqui, como respectivamente).
as ONGs e/ou “terceiro setor” se inserem nas estratégias neoliberais para O mais curioso, no entanto, é a perspectiva dos que desejam partici-
desobrigar o Estado de atuar na área social. par dessas organizações: entre eles estão os jovens entre 16 e 24 anos
O “terceiro setor” deve ser colocado no seu devido lugar. Ou seja, ele (36%) e os de maior nível de escolaridade (colegial e superior 30%) e
cumpre um papel ideológico importante na implementação das políticas entre aqueles com rendimento mensal superior a 10 salários mínimos
neoliberais e está em sintonia com o processo de reestruturação do capital (31%).
pós 70: de flexibilização dos mercados nacional e internacional, das O que reforça, o nosso argumento, que as ONGs estão aquém do
relações de trabalho, da produção, do investimento financeiro. Nega a “público alvo”, ¾ para usar uma expressão empregada abundantemente
universalidade, ao se dirigirem a grupos específicos e privatizam o público por elas ¾ que em tese desejam atingir. Não é a toa que não cessa de
já que suas “ações” são às custas do erário público; uma vez que o Esta- surgir ONGs que ensinam às outras ONGs a melhor maneira de captar
do deixa de angariar impostos por conta dos gastos deste setor com a recursos.
filantropia. (Montãno, 2002:17; Oliveira, 2000:38). Arantes, no texto, “Esquerda e direita no espelho das Ongs”, aponta
O que realmente está em questão é a forma como as políticas sociais para a dicotomia presente nessas organizações, “de metamorfose em
se fragmentam. Como diz Oliveira, metarmofose, a sociedade civil acabou se revelando na apoteose do
“ações visando crianças carentes, meninos de rua, grupos especiais terceiro setor: simplesmente, sem tirar nem pôr, ela é o terceiro setor”
da sociedade como deficientes físicos, apoio a grupos étnicos, limpeza e (Arantes, 2000:11-12).
controle social em favelas — e a lista seria longa — buscam substituir-se O discurso dos defensores do chamado “terceiro setor” consiste em
às políticas universais da cidadania, poder estatal, sob a alegação da chamar para a “sociedade civil” a responsabilidade para a resolução dos
proclamada incapacidade, ineficácia e corrupção que lavram nos apare- problemas sociais, entre eles, a questão do emprego. O tema do público
lhos do Estado” (2000:38) não–estatal, diz Bresser Pereira e Grau, “também implica atribuir à socie-
É comum na literatura sobre o “terceiro setor” descrever as ONGs cri- dade uma responsabilidade na satisfação de necessidades coletivas,
adas na década de 90, e fortemente vinculada a este setor, como institui- mostrando que também nesse campo o Estado e o mercado não são as
ções sem um perfil ideológico definido, sem vínculos com movimentos ou únicas opções válidas” (Pereira e Grau, 1999:30).
associações comunitárias que lhes deem sustentação. Dessa forma, elas Um outro argumento muito propagado pelos seus defensores é o fato
se diferenciariam das ONGs criadas nos anos 70, que, como já afirmamos de que as ONGs e/ “ou terceiro setor”, por estarem mais perto do seu
neste trabalho, tinham — pelo menos uma boa parte delas — fortes víncu- “público” seriam mais eficiente e eficaz em relação ao Estado. E, por
los com os movimentos sociais. Muito embora, mesmo as ONGs originá- conseguinte, menos sujeitas à burocracia e a corrupção.
rias deste período entraram na lógica da colaboração com o governo e No caso das que trabalham com qualificação profissional, dados
cada vez mais se aproximam do “terceiro setor” “transferindo-lhes a credi- apontam que a maioria delas estão vinculadas ao fluxo de caixa do Fundo
bilidade que conquistaram a partir da crítica da racionalidade burguesa de Amparo do Trabalhador (FAT) . E não estão livres nem da corrupção
instrumental” (Oliveira, 2000:38). Neste sentido, prestam um desserviço a nem da burocracia.
organização dos trabalhadores.
Não faltam denúncias de irregularidades no uso dos recursos “públi-
Portanto, ao contrário do que apregoam, essas instituições têm um cos” que, neste caso, tiveram finalidade privada. Além do fato de existirem
perfil ideológico. Podemos discutir se é essa opção é clara e consciente; associações sem fins “lucrativos” criadas para prestar serviços ao Plano
ou, se ao contrário, são levadas pela necessidade de sobrevivência. Mas Nacional de Qualificação Profissional — PLANFOR – associações forma-
mesmo neste caso, é uma opção política-ideológica. Elas desempenham a das com a mesma finalidade, desta vez para o programa, no Governo
função de controle e mitificação ideológica. Petras, no livro Hegemonia Cardoso, o Comunidade Solidária .
dos Estados Unidos (2001) aponta que existem cerca de 50.000 ONGs no
Terceiro Mundo, que recebem aproximadamente 10 bilhões de dólares de
instituições financeiras internacionais, de agências governamentais euro- ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
peias, estadunidenses e japonesas e dos governos locais. Os defensores O homem por toda sua existência sempre buscou as respostas para
dessa tese argumentam que a relação mais próxima da comunidade, as perguntas: De onde venho? Para onde vou? Como serei no futuro? O
portanto do seu “público alvo” (os “pobres”) as tornam mais eficientes e que será de meus filhos? etc.
eficazes do que as instituições estatais, porque seriam menos burocráti-
Aliado a estas perguntas, ainda observamos que o homem é um eter-
cas.
no insatisfeito frente a tudo o que tem e a tudo o que faz. Isto, como a
Não há, no entanto, nenhum dado que comprove que a atuação das tantas e tantas coisas na vida, tem o lado positivo e o negativo.
ONGs tenham reduzido o desemprego estrutural, os deslocamentos em
O positivo é que não fosse esta insatisfação, o homem não evoluiria
massa de camponeses, nem criado níveis salariais dignos para o crescen-
como indivíduo e como sociedade (se bem que para muitos isso ainda é
te exército de trabalhadores informais. (Petras, 1999).
questionável...).
Um dado interessante é que as Organizações Não-Governamentais
O aspecto negativo são os métodos que se fizeram necessários para
vem se apresentando como uma alternativa de trabalho, (ou perspectiva
alcançar esta evolução. As necessidades que foram se tornando impres-
Sociologia 28
APOSTILAS OPÇÃO
cindíveis para o homem moderno não fizeram com que conquistasse sua racionalidade, o desenvolvimento tecnológico, a potencialidade criativa do
quietude de espírito mas, pelo contrário, o "quanto mais sei, sei que não homem, a ciência...
nada sei". Vale ressaltar, que várias passagens do texto ratificam a "ideia do li-
Este desatino evolucionário na sociedade humana gerou a tecnologia. mite", através das catástrofes, o que podemos denominar de "catastrofis-
A tecnologia angariada pelo capitalismo (leia-se consumismo) gerou, e mo."
ainda gera, uma busca desenfreada pelos bens primários da natureza e Ao estabelecer esse diálogo, Benjamin (1993) nos autoriza recuperar
sua transformação, sem falar no lixo. várias teorias e por conseguinte diversos autores: Ehrenfield (1992);
Sem dúvida a natureza é o sustentáculo do homem e de seus desati- Giuliani (1998); Godard (1997); Gould (1993); e, principalmente, Morin
nos, das suas necessidades as vezes nobres, as vezes supérfluas. (1997).
A natureza tem uma grande capacidade de tolerância aos impactos Destarte, diversas questões atravessam esse diálogo, sendo algumas
que recebe, tal como o organismo humano que, sofrendo um trauma, tem retomadas, entre as quais: a ideia de desenvolvimento sustentável; a
vários mecanismos de defesa, reorganização e regeneração de tecidos. teoria de Gaia; e o complexo dialógico, de Morin (1997).
No entanto este organismo quando sofre um trauma por demais grave, A Agenda 21, que revela-se como um importante documento para en-
não consegue se recuperar e vem a falência. Este limiar nem sempre é tendermos, no campo operacional-legal, as relações entre o homem e a
percebido quando o homem utiliza e impacta a natureza. natureza, traz, de forma significativa, a ideia de desenvolvimento susten-
Mais do que nunca o homem vem valorizando este assunto pois tem tável, o que nos permite pensar essa ideia a partir das dimensões da
entendido que quando um organismo se extingue por sua culpa, direta ou sociedade civil, Estado e mercado. No entanto, essa ideia, de certa forma,
indiretamente pode estar sendo diretamente prejudicado por um novo pode ser considerada questionável, ao admitirmos, que se trata de uma
medicamento, uma fonte proteica essencial ou mesmo um recurso comer- ideia que é aceita por grupos sociais tão diversificados, conseguindo
cial essencial para a economia de determinada sociedade que se vai aglutinar tamanha diversidade de atores e temas.
também. A teoria de gaia, do cientista inglês James Lovelock, assume uma vi-
Enfim, a organização da velha e quase inesgotável dispensa da hu- são holística, que incorpora várias partes, entre as quais: as geomorfológi-
manidade começa a ser vista com outros olhos, com mais racionalidade e cas. Gaia (a Terra), que seria um grande organismo vivo que respira, se
bom senso. revela como uno, sendo responsável pela sua auto-regulação. Ao sofrer
Nunca se pensou tanto em economia ao pensar em ecologia. É natu- várias agressões, Gaia, possivelmente, irá regredir, se voltando contra a
ral pensarmos que as florestas nativas derrubadas hoje, são o prejuízo espécie humana e em seguida retomando o seu processo de auto-
capital de amanhã, não vendo apenas a questão ambiental mas uma regulação. Essa questão, ao mesmo tempo que é muito aplaudida pelos
questão de racionalidade de custo/benefício e disponibilização de recur- ambientalistas e ecólogos, também é muito criticada pela sua abordagem
sos. filosófica.
Já vai também o tempo em que se pensava que os recursos naturais Essa teoria também está presente no trabalho de Crespo e Leitão
eram inesgotáveis e podia-se usar como bem quisesse e por quem qui- (1993), que resgatam as ideias das visões ecológicas, a partir de depoi-
sesse. Por serem de todos, o uso por alguns deve ser controlado ao mentos de cientistas, ecólogos, ativistas..., onde, observamos, em algu-
máximo. mas falas, uma espécie de antropocentrismo mais modesto. O texto
também aponta para uma incompatibilidade entre o desenvolvimento
Nesta filosofia, sobrevirão o aumento das taxas e fiscalização do uso sustentável (ideia demonstrada anteriormente, ainda que sucintamente), a
dos recursos hídricos, por exemplo, que está sendo tão discutido ultima- Ecologia e o capitalismo, logo, é necessário criar um novo sistema, que se
mente por parte de governos e produtores rurais. Em alguns países da fundamente na Ecologia. Terminam o trabalho com uma questão ética-
Europa também tem sido muito discutida a questão da sobretaxa de religiosa na Ecologia, em meio as muitas questões éticas e morais, que se
empresas que emitem produtos na atmosfera em âmbito ainda inédito, desdobrou em diversas indagações:
que são as empresas aéreas.
O que é ética?
Os aviões a jato ao voarem lançam não apenas os produtos da com-
bustão do querosene, como também o próprio querosene, e seus gases O que é Deus?
acabam poluindo o ar. Atualmente são milhares de vôos diários por sobre Será que a Ecologia não passaria de uma questão filosófica?
a mesma região geográfica nos grandes centros urbanos gerando um Já complexo dialógico, de Morin (1997), que pode ser entendido atra-
impacto ambiental e diminuindo a qualidade do ar, principalmente por vés da ideia de que o homem se corresponde com a natureza, assim
sobre os centros urbanos. como a natureza com o homem, o que significa dizer que homem está na
Em suma, a nova mentalidade ecológica que está vindo sai das pas- natureza e a natureza está no homem: homem- natureza; esvazia, através
seatas de meia dúzia de ecologistas kamikazes que defendiam o verde do diálogo entre o homem e a natureza, as propostas extremistas dos
sem apresentar sustentação lógica ou técnica, para entrar na mente de paradigmas antropocêntrico (humanista) e ecocêntrico (naturalista), des-
todos como medidas racionais e diárias de toda a humanidade. caracterizando, concomitantemente, as falas dos antropocêntricos e
Hoje temos a educação ambiental dada desde as séries iniciais para ecocêntricos, o que pode ser exemplificado nas falas dos personagens
as crianças, e uma ampla divulgação na mídia. É um processo lento, apresentados por Benjamin (1993).
porém esta forma de pensar é mais do que mexer com economias e o Dessa forma, podemos evidenciar uma certa "falta de sintonia" entre o
próprio bem-estar das pessoas. expositor e o comentador, o que se circunscreve nas controvérsias que
Benjamin (1993) expõe uma síntese das conferências da ECO-92, surgiram em relação à determinadas defesas. Entre essas questões
concedendo uma maior dinâmica à esse referido evento através de uma podemos destacar a Biotecnologia, que no momento em que o livro fora
relação dialógica entre dois atores: o racionalista (comentador) e o ecólo- escrito, 1993, ainda era uma questão muito recente, o que de certa forma
go (expositor). fica bastante explícito no diálogo entre esses dois referidos atores.
Esse diálogo nos permite observar abordagens construtivistas, que se
direcionam para a questão ecológica, quando apresentadas pelo ecólogo AÇÃO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS
ou para a questão socioeconômica, quando comentadas pelo racionalista. A evolução das práticas sociais pode ser descrita através da conquis-
Na realidade, o ecólogo ao acreditar que a natureza supera o homem ta de algumas propriedades desejáveis como foco, durabilidade e eficiên-
está apostando, de modo egocêntrico, em uma maior defesa da Ecologia, cia econômica. Isto é, uma renovada tentativa de que os recursos che-
enquanto para o racionalista a Ecologia é uma ideologia que não vai guem aos mais necessitados e que provoquem mudanças sustentáveis
resolver "os problemas do mundo", é uma questão de marketing para as em suas vidas. A sustentabilidade passa pelo ataque às causas da pobre-
empresas, um mito. Sendo assim, o racionalista defende a ideia de que o za e que as ações não distorçam, em excesso, incentivos ao trabalho,
homem se sobrepõe à natureza, afirmando, de forma antropocêntrica, a pagamento de impostos, poupança etc. A trajetória das políticas sociais

Sociologia 29
APOSTILAS OPÇÃO
praticadas no Brasil vis a vis outras partes do mundo pode, grosso modo, Este processo passa não só pela mobilização interna da comunidade,
ser descrita através de algumas fases. como pela capacidade de governos articular com as aspirações da comu-
O nosso ponto de partida é o processo de substituição de importa- nidade e dos seus membros. Os bons resultados sociais não são baixados
ções, uma estratégia de cunho mais econômico do que social. Além de por decreto, mas são construídos em conjunto pelos diversos atores
erguer proteções tarifárias à indústria nascente, havia a concessão gene- sociais atuando a partir de interesses próprios. Cabe ao estado atuar no
ralizada de subsídios a serviços públicos e bens de consumo cuja principal tecido social como provedor de motivações corretas para que ações
beneficiária era a classe média. Como exemplo, a concessão de vanta- proveitosas sejam tomadas individualmente como faz o programa bolsa-
gens aos produtores de bens de consumo duráveis, o modelo de crédito escola.
imobiliário do BNH etc. Esta estratégia aumentava o poder de compra da A direção das melhores ações passa pelo diagnóstico das carências e
força de trabalho sem impactar os custos das firmas. O modelo de substi- potencialidades da população nos diversos recantos do país, o qual tam-
tuição de importações foi, a seu tempo, acompanhado de um forte proces- bém envolve formidáveis problemas informacionais. O novo modelo de
so de industrialização e crescimento. Nesse período o Brasil deixou de gestão social se complexifica com a descentralização promovida pela
"ser um país atrasado e injusto para se tornar um país menos atrasado Constituição de 1988. No Projeto Alvorada, os municípios com menores
mas igualmente injusto". IDH têm prioridade no acesso aos recursos dos programas. Mas e a
O período seguinte foi marcado pelas perdas de dinamismo econômi- renovação e realocação de recursos nos anos subsequentes? Uma ideia
co e no campo da desigualdade. Em diversos países houveram tentativas seria impor incentivos como premiar aqueles municípios inicialmente
pontuais de focalizar as ações públicas através do direcionamento de selecionados que apresentem o melhor desempenho em termos de avan-
políticas compensatórias. É nessa época quando a análise dos perfis e ço de indicadores sociais. Seria uma forma do estado potencializar o
mapas de pobreza assumem um lugar de destaque na identificação de retorno social de seu portfólio de políticas.
segmentos carentes como alvos prioritários dos programas sociais. No
Brasil a partir de meados dos anos 80 proliferaram programas como de Propriedades desejáveis das ações:
distribuição de gêneros alimentícios como o de cestas básicas, leite etc.,
caracterizados pelo curto-prazismo clientelista, pela falta de avaliação do a) Foco
seu foco de ação e pela falta de confiança na capacidade de escolha dos b) Velocidade
pobres.
c) Sustentabilidade
Na mesma época foram aplicados diversos programas de reformas
estruturais em diversos países motivados por uma crescente busca de
eficiência através do desmantelamento do conjunto de barreiras tarifárias, Princípios a serem perseguidos:
retirada do estado de algumas áreas não essenciais etc. A pergunta que a) Integração entre políticas macroeconômicas e sociais.
se tornou constante nas intervenções é que falha de mercado elas procu-
ravam corrigir. No Brasil, vivemos uma espécie de contrarreforma com a b) Abordagem participativa com incentivos corretos.
promulgação da Constituição de 1988 que fixava uma série de direitos c) Avaliação de desempenho a partir de monitoramento e fixação
sem especificar fontes de financiamento, ou se preocupar com os impac- de metas sociais.
tos exercidos sobre os incentivos econômicos. As medidas adotadas se
inserem na tradição legalista brasileira onde as conquistas são fixadas por
decreto desprezando restrições orçamentárias e objetivos de indivíduos e Políticas Sociais
instituições. As heranças positivas deixadas pela chamada constituição O Brasil trouxe para o novo século as duas principais marcas da situ-
cidadã foi a universalização da previdência rural e a descentralização das ação social que experimentou praticamente durante toda a segunda
ações sociais. metade do século XX: uma das mais desiguais estruturas sociais dos
O Brasil adotou mais tardiamente que outros países latino america- países de médio e alto desenvolvimento econômico e um sistema de
nos, programas de ajustamento econômico (contra-contra-reformas). Uma proteção social incompleto, frágil, incapaz de afetar positiva e significati-
terceira geração de políticas sociais buscava amortecer os efeitos sociais vamente os indicadores de desigualdade e exclusão social. É, portanto,
imediatos dos ajustes empreendidos. As redes de proteção social brasilei- ainda ampla a agenda de mudanças a ser percorrida pelo sistema, na
ras tipicamente miram nos segmentos formais da economia através de busca de melhoras de orientação democrática e de justiça social.
programas de demissão voluntária, seguro-desemprego, etc. Uma das Ainda assim, é inegável o grande esforço reformista realizado no pas-
poucas tentativas de suavizar o padrão de vida dos genuinamente pobres sado recente e que, em boa medida, alterou a fisionomia do sistema
foram programas de frentes de trabalho face à recorrente seca nordestina. pretérito de proteção social. Com efeito, já nos anos 80, uma agenda
A fase atual é caracterizada por políticas compensatórias focadas na democrática de reforma social orientou um primeiro movimento de mudan-
linha daquelas adotadas anteriormente mas com a preocupação de distor- ças, sob a dupla chave da democratização das políticas e da melhora da
cer os incentivos em direção à acumulação de capital humano, como no eficácia do gasto social. Ao iniciar-se a democratização do país, o acerto
caso dos programas bolsa-escola e bolsa-alimentação, recém- de contas com o autoritarismo supunha um dado reordenamento das
generalizados no país, a começar pelos municípios mais pobres. Estas políticas sociais que respondesse às demandas da sociedade por maior
políticas combinam foco, velocidade e durabilidade mas que não podem equidade ou, se se quiser, pelo alargamento da democracia social. Proje-
ser consideradas, em si, como o modelo de desenvolvimento social. A tada para o sistema de proteção social, tal demanda por redução das
pergunta que se coloca quais seriam os elementos desejáveis da próxima desigualdades e afirmação dos direitos sociais adquiriu as concretas
geração de políticas sociais brasileiras. Esta é a busca deste trabalho. conotações de extensão da cobertura dos programas e efetivação do
universalismo das políticas. Registrada na nova Constituição de 1988, tal
Antes temos de decidir se andamos para frente ou para trás. Isto é,
orientação logrou indiscutíveis êxitos ao longo dos anos 90.
inovar ou retroceder. Por exemplo, o desenvolvimento econômico tem sido
historicamente discutido no Brasil de maneira dissociada de aspectos Também a melhora da efetividade das políticas inscreveu-se naquela
sociais. Precisamos buscar integração ampla da política social com ques- agenda reformista, tanto sob o signo da democratização quanto pelas
tões macroeconômicas como a restrições externa e fiscal e a própria pressões geradas pela instabilidade econômica e pelos sucessivos pro-
agenda de reformas estruturais (abertura, previdência etc.). A questão não gramas de estabilização. A melhora da eficácia impunha-se aí como meta,
é incentivar aspectos sociais em detrimento dos aspectos econômicos, na medida mesmo em que se reconhecia a contradição entre um nível de
mas conferir aos primeiros atenção comparável àquela dada aos últimos. gasto social já significativo e os medíocres resultados até então alcança-
A sustentabilidade social só pode ser construída se os fundamentos dos. No plano institucional, objetivos desse teor sustentaram proposições
econômicos forem sólidos, e vice-versa. Neste ponto, as literaturas do de descentralização, maior transparência e accountability dos processos
crescimento econômico e dos determinantes da distribuição de renda decisórios, assim como a ampliação da participação social - grandes
concordam que a acumulação de capital humano é fundamental. ideias-força que fechavam o círculo da democratização do Estado.

Sociologia 30
APOSTILAS OPÇÃO
É verdade, entretanto, que as pressões advindas do sistema de forças A modéstia dos resultados de nenhum modo faz justiça à intensidade
políticas nem sempre tiveram essa conotação progressista: já no processo das mudanças que vêm afetando os programas sociais desde a década
constituinte quando, depois, no subsequente movimento de implementa- dos 80, introduzindo inflexões importantes no perfil do Welfare State
ção da nova legislação, fortes mobilizações corporativistas e os conheci- distorcido e centralizado que herdamos do regime autoritário.
dos mecanismos clientelistas (quase sempre associados a práticas popu- Principalmente através dos casos das políticas de educação, saúde e
listas dos governos), tenderam a capturar as demandas e os ensaios de assistência social, os últimos quinze anos registram um já expressivo
reformas, impondo limites aos escopos efetivamente democráticos de volume de alterações e inflexões nos diferentes programas, afetando
alteração do padrão de políticas. Não por acaso, o modo vago de expres- desde concepções até financiamento, organização, modo de operação e
são das demandas, sistematicamente, traduziu-se em pressões por ampli- estilo de gestão. Projetados para o conjunto das áreas sociais, os resulta-
ação dos programas sociais segundo a fórmula "fazer mais do mesmo". dos registram significativa mudança nos objetivos, eixos e orientações,
Condições, afinal, que tornaram mais difícil ainda, nos anos 80, a efetiva mesmo quando nem todos os novos contornos das políticas tenham sido
construção de uma alternativa democrática para a modernização e refor- já suficientemente redesenhados.
ma das políticas sociais.
Mas há outros aspectos que chamam a atenção. O Brasil não assistiu
Foi sob uma nova agenda que, nos anos 90, passaram a se redefinir a um recuo do estado no campo das políticas sociais. Não foi esse o
os termos da reforma do sistema brasileiro de proteção social. Já em um conteúdo ou a orientação das reformas, que afinal têm registrado resulta-
ambiente intelectual e valorativo de novo matiz, apoiado também na mais dos positivos no plano institucional, garantindo e ampliando o universalis-
dura e densa experiência social da forte instabilidade econômica e, poste- mo e reduzindo razoavelmente as distorções do sistema.
riormente, do programa de estabilização e ajustamentos, o reequaciona-
mento da questão social e sua policies foi proposto sobretudo como um Não é aí, então - num suposto recuo do Estado - que se deve buscar
desafio, o de manter o compromisso socialdemocrata nas condições explicação para os limites da política social frente à persistência da pobre-
internacionais da globalização e no movimento doméstico de reformas za e da desigualdade.
orientada para o mercado. A experiência brasileira recente de reformas na área social demons-
Não se fez ainda um balanço completo das mudanças que, desde me- tra, uma vez mais, que as políticas sociais não podem tudo, muito menos
tade dos anos 90, vêm alterando o sistema brasileiro de políticas sociais. sozinhas. Escapa às suas capacidades, desenhos e objetivos reverter ou
Nem há, no debate interno, qualquer consenso sobre o sentido ou a mesmo reduzir níveis tão altos de pobreza e desigualdade quanto os
orientação das mudanças. Tal como ocorre no debate internacional, apresentados pelo Brasil, quando o meio econômico em que opera é o do
também no Brasil reitera-se com frequência o argumento de que os go- baixo crescimento, de forte desemprego, de fragilização das situações de
vernos contemporâneos tornaram-se, todos eles, prisioneiros do difícil geração sustentada de renda e de restrições fiscais tão duras, situação
dilema entre a nova política econômica e a política de proteção social, que fragiliza a elas próprias, as políticas sociais, mesmo quando melhora-
independentemente de suas orientações político-partidárias. Dito simplis- das e aperfeiçoadas por reformas.
tamente, os governos - nossos governos - sob a forte pressão financeira
internacional, teriam optado radicalmente por um lado da balança - o do
RELAÇÃO DE DOMINAÇÃO E CONTROLE SOCIAL.
ajustamento econômico e fiscal. Ao fazê-lo, teriam dado significativos
passos em direção ao desmantelamento do antigo Estado de Bem-Estar Há uma relação de dominação quando uma quantidade qualquer de
Social. No caso latino-americano, do antigo e ainda embrionário Estado de indivíduos obedecem a uma ordem vinda de parte da sociedade, seja ela
Bem-Estar Social gestado em alguns poucos países da região. composta por uma ou por diversas pessoas. A dominação é sempre
resultado de uma relação social de poder desigual, onde percebe-se
Entretanto, pelo menos no caso brasileiro, os estudos sobre as ten-
claramente a existência de um lado que comanda (domina) e outro que
dências e características das reformas recentes dos programas sociais
obedece. Podemos assemelhar assim a dominação a qualquer situação
não têm mostrado o (esperado) desmantelamento. Tampouco têm mos-
em que encontremos indivíduos subordinados ao poder de outros. Mas a
trado a simples permanência do antigo sistema nacional de políticas
dominação difere das relações de poder em geral por apresentar uma
sociais. As evidências retratam sim um movimento de inflexão gradual do
tendência a se estabilizar, a procurar se manter sem provocar confrontos.
padrão pretérito de proteção social, verificado sobretudo no plano das
Em outras palavras, as relações de dominação dentro de uma sociedade
instituições das políticas e programas, através da introdução ou reforço de
se caracterizam por buscar formas de legitimação, de serem reconhecidas
pelo menos três características: a descentralização, os novos parâmetros
como necessárias para a manutenção da ordem social.
para a alocação de recursos e a redefinição das relações público-privado
no financiamento e na provisão de bens e serviços sociais. A nova institu- O sociólogo Max Weber apresentou, em um de seus estudos mais
cionalidade das políticas sociais, que daí emerge, caracteriza-se ainda por importantes, três tipos puros de dominação legítima, cada um deles ge-
uma expansão e multiplicação dos mecanismos participativos e, na grande rando diferentes categorias de autoridade. São classificados como puros
parte dos programas, pelo reforço do poder regulatório estatal. porque só podem ser encontrados isolados no nível da teoria, combinan-
do-se quando observados em exemplos concretos. O primeiro deles é a
Em menos de uma década, o Brasil foi capaz de reduzir em cerca de
dominação tradicional. Significa aquela situação em que a obediência se
um quinto a mortalidade infantil1 e o analfabetismo2, mas praticamente
dá por motivos de hábito, porque tal comportamento já faz parte dos
não obteve êxito nenhum na redução da desigualdade. Em 1999, verifica-
costumes. É a relação de dominação enraizada na cultura da sociedade.
se que os 10% mais ricos da população têm rendimento médio 19 vezes
Um exemplo extremamente claro é o da família patriarcal: os filhos obede-
maior do que os 40% mais pobres. Ora, esta é a mesma variação de
cem aos pais devido a uma relação de fidelidade há muito estabelecida e
1992, o que atesta que a desigualdade ficou inalterada.
respeitada.
Os dados, muito sumários, sinalizam para o contraditório quadro soci-
O segundo tipo de dominação é a carismática. Nela a relação se sus-
al de fundo, no qual deve se inscrever uma avaliação dos resultados das
tenta pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder.
reformas sociais, no Brasil. Ninguém duvida de que, à introdução e ao
Essas qualidades podem ser tanto dons sobrenaturais quanto a coragem
reforço de programas como o de Saúde da Família, de Agentes Comunitá-
e a inteligência inigualáveis. Podemos tomar como exemplo qualquer
rios, de Aleitamento Materno ou de Atenção Materno-Infantil, devam ser
grupo religioso centrado na figura do profeta, que apenas através de suas
creditados muitos - ou quase todos - os créditos da redução da mortalida-
habilidades e conhecimentos pessoais, sem o uso da força, consegue
de infantil. Nem que a redução do analfabetismo deva-se a programas de
arregimentar um grande número de seguidores. O último tipo de domina-
incentivo à permanência ou volta à escola, à educação de adultos, aos
ção é a dominação legal, ou seja, através das leis.
programas do Livro Didático, da Merenda Escolar etc.
Nessa situação, um grupo de os indivíduos submete-se a um conjunto
Entretanto, os duros indicadores de pobreza e desigualdade apontam
de regras formalmente definidas e aceitas por todos os integrantes. São
para os severos limites das políticas sociais, que esbarram aqui em fenô-
essas regras que determinam ao mesmo tempo a quem e em que medida
menos estruturais de secular duração, agravados nos anos recentes pelo
as pessoas devem obedecer. Um exemplo ilustrativo é o do empregado
desemprego, pela instabilidade do trabalho e pela redução da renda das
que acata as ordens de um superior, seja ele o patrão ou não, de acordo
famílias.
Sociologia 31
APOSTILAS OPÇÃO
com as cláusulas (regras, leis) do contrato assinado por todas as partes.
Uma outra questão apontada por Weber é que, conforme a relação de
dominação tem seu alcance ampliado, torna-se necessária a adoção de
8. O QUE É CIDADANIA? 8.1. O significado de
mecanismos que possibilitem a sua expressão uniforme e que garantam a
ser cidadão ontem e hoje. 8.2. Direitos civis,
execução de suas ordens, mecanismos estes que geralmente se apresen-
direitos políticos, direitos sociais e direitos
tam sob a forma de equipes de apoio. Cada um dos tipos apresenta uma
humanos. 8.3. A Constituição Brasileira e a
maneira especial de selecionar pessoas para essas equipes. Num contex-
Constituição Paulista. 8.4. A expansão da cida-
to tradicional seus integrantes são determinados conforme sua experiên-
cia, sua fidelidade e sua intimidade com a tradição são reconhecidas pelo dania para grupos especiais: 8.4.1. Crianças e
grupo e pelos seus superiores. adolescentes, idosos e mulheres. 9. QUAL É A
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO BRASI-
Em um ambiente carismático a equipe é pessoalmente escolhida pelo LEIRO? 9.1. Estado e governo. 9.2. Sistemas de
líder, de acordo com as afinidades entre eles. Mas não podemos deixar de governo. 9.3. Organização dos poderes: Execu-
assinalar a importância de que os escolhidos também apresentem quali- tivo, Legislativo e Judiciário. 10. O QUE É NÃO-
dades que garantam sua proeminência sobre a população. Por fim, num CIDADANIA? 10.1. Desumanização e coisifica-
meio mantido por regras comuns, a determinação dos membros da equipe ção do outro. 10.2. Reprodução da violência e
deve seguir, da mesma maneira, normas universais. Nesta caso essas da desigualdade social
normas geralmente se resumem à competência e à eficiência para execu-
tar as atividades necessárias, e a burocracia aparece como sua forma
mais completa.
Ética
A finalidade dos códigos morais é reger a conduta dos membros de
Controle Social
uma comunidade, de acordo com princípios de conveniência geral, para
Por controle social entende-se a participação da sociedade no acom- garantir a integridade do grupo e o bem-estar dos indivíduos que o consti-
panhamento e verificação das ações da gestão pública na execução das tuem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito
políticas públicas, avaliando os objetivos, processos e resultados. Pesqui- enquanto parte de uma coletividade.
sas e estudos realizados no Brasil vêm apontando para a crescente den-
sidade organizacional da sociedade civil como resultado do descompasso Ética é a disciplina crítico-normativa que estuda as normas do com-
entre Estado e sociedade, e da implementação de políticas públicas que portamento humano, mediante as quais o homem tende a realizar na
têm como objetivo a descentralização de recursos para a prestação de prática atos identificados com o bem.
serviços na área social, principalmente para os setores de educação e Interiorização do dever. A observação da conduta moral da humani-
saúde. dade ao longo do tempo revela um processo de progressiva interiorização:
Ao adotar políticas educacionais, fundamentadas nos princípios do existe uma clara evolução, que vai da aprovação ou reprovação de ações
art. 206 da Constituição Federal, nos art. 3 e art.15 da Lei de Diretrizes e externas e suas consequências à aprovação ou reprovação das intenções
Bases da Educação Nacional, que visam, entre outros, à gestão democrá- que servem de base para essas ações. O que Hans Reiner designou
tica do ensino público, à valorização do profissional da educação escolar e como "ética da intenção" já se encontra em alguns preceitos do antigo
à autonomia escolar, o Ministério da Educação vem descentralizando os Egito (cerca de três mil anos antes da era cristã), como, por exemplo, na
seus recursos, por meio de programas específicos de âmbito nacional. máxima "não zombarás dos cegos nem dos anões", e do Antigo Testa-
Destaca-se, entre esses programas, o Programa de Alimentação Escolar mento, em que dois dos dez mandamentos proíbem que se deseje a
(PAE), o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), o Programa de propriedade ou a mulher do próximo.
Garantia de Renda Mínima (PGRM), e o Fundo de Manutenção e Desen-
Todas as culturas elaboraram mitos para justificar as condutas mo-
volvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUN-
rais. Na cultura do Ocidente, são familiares a figura de Moisés ao receber,
DEF).
no monte Sinai, a tábua dos dez mandamentos divinos e o mito narrado
Desde 1994, com a implantação do processo de descentralização do por Platão no diálogo Protágoras, segundo o qual Zeus, para compensar
Programa de Alimentação Escolar, o PAE, o Ministério da Educação tem as deficiências biológicas dos humanos, conferiu-lhes senso ético e capa-
priorizado e valorizado a participação da sociedade no controle da quali- cidade de compreender e aplicar o direito e a justiça. O sacerdote, ao
dade desses serviços. Ao desenvolver os procedimentos desses quatro atribuir à moral origem divina, torna-se seu intérprete e guardião. O víncu-
programas, o Ministério da Educação estimulou a criação de mecanismos lo entre moralidade e religião consolidou-se de tal forma que muitos acre-
de controle social, na forma de conselhos representativos, reconhecendo ditam que não pode haver moral sem religião. Segundo esse ponto de
que os processos de descentralização devem ser acompanhados não vista, a ética se confunde com a teologia moral.
somente da qualificação do gestor local, como também da participação da
sociedade no planejamento, acompanhamento e verificação das ações. História. Coube a um sofista da antiguidade grega, Protágoras, rom-
Para muitos cidadãos brasileiros a participação nesses conselhos propici- per o vínculo entre moralidade e religião. A ele se atribui a frase "O ho-
ou a primeira oportunidade de experiência em gestão democrática e mem é a medida de todas as coisas, das reais enquanto são e das não
participativa. Os frutos dessas experiências estão ainda por se refletir na reais enquanto não são." Para Protágoras, os fundamentos de um sistema
sociedade brasileira. ético dispensam os deuses e qualquer força metafísica, estranha ao
mundo percebido pelos sentidos. Teria sido outro sofista, Trasímaco de
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Calcedônia, o primeiro a entender o egoísmo como base do comporta-
SOUTO, Cláudio, SOUTO, Solange. A Explicação Sociológica. Uma introdu-
mento ético.
ção à Sociologia. São Paulo, EPU, 1985. Sócrates, que alguns consideram fundador da ética, defendeu uma
MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia., São Paulo, Brasiliense (col. Primei- moralidade autônoma, independente da religião e exclusivamente fundada
ros Passos); na razão, ou no logos. Atribuiu ao estado um papel fundamental na manu-
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. São Paulo, Ed. Atual, 2000 tenção dos valores morais, a ponto de subordinar a ele até mesmo a
(cap. 1); autoridade do pai e da mãe. Platão, apoiado na teoria das ideias trans-
ENRIQUEZ, Eugène. Da Horda ao Estado. Psicanálise do Vínculo Social. Rio cendentes e imutáveis, deu continuidade à ética socrática: a verdadeira
de Janeiro, Jorge Zahar, 1983. virtude provém do verdadeiro saber, mas o verdadeiro saber é só o saber
LEMOS FILHO, Arnaldo. As ciências Sociais e o Processo Histórico. In: MAR- das ideias. Para Aristóteles, a causa final de todas as ações era a felicida-
CELLINO, Nelson C. Introdução às Ciências Sociais. Campinas, Ed. Papirus,
de (eudaimonía). Em sua ética, os fundamentos da moralidade não se
1998, 7ª Edição.
deduzem de um princípio metafísico, mas daquilo que é mais peculiar ao
homem: razão (logos) e atuação (enérgeia), os dois pontos de apoio da

Sociologia 32
APOSTILAS OPÇÃO
ética aristotélica. Portanto, só será feliz o homem cujas ações sejam Ética e moral
sempre pautadas pela virtude, que pode ser adquirida pela educação. Uma distinção indistinta
Desidério Murcho
A diversidade dos sistemas éticos propostos ao longo dos séculos se
compara à diversidade dos ideais. Assim, a ética de Epicuro inaugurou o A pretensa distinção entre a ética e a moral é intrinsecamente confusa
hedonismo, pelo qual a felicidade encontra-se no prazer moderado, no e não tem qualquer utilidade. A pretensa distinção seria a seguinte: a ética
equilíbrio racional entre as paixões e sua satisfação. A ética dos estóicos seria uma reflexão filosófica sobre a moral. A moral seria os costumes, os
viu na virtude o único bem da vida e pregou a necessidade de viver de hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras de comporta-
acordo com ela, o que significa viver conforme a natureza, que se identifi- mento adaptadas pelas comunidades. Antes de vermos por que razão
ca com razão. As éticas cristãs situam os bens e os fins em Deus e identi- esta distinção resulta de confusão, perguntemo-nos: que ganhamos com
ficam moral com religião. Jeremy Bentham, seguido por John Stuart Mill, ela?
pregou o princípio do eudemonismo clássico para a coletividade inteira.
Nietzsche criou uma ética dos valores que inverteu o pensamento ético Em primeiro lugar, não ganhamos uma compreensão clara das três
tradicional e Bergson estabeleceu a distinção entre moral fechada e moral áreas da ética: a ética aplicada, a ética normativa e a metaética. A ética
aberta: a primeira conservadora, baseada no hábito e na repetição, en- aplicada trata de problemas práticos da ética, como o aborto ou a eutaná-
quanto que a outra se funda na emoção, no instinto e no entusiasmo sia, os direitos dos animais, ou a igualdade. A ética normativa trata de
próprios dos profetas, santos e inovadores. estabelecer, com fundamentação filosófica, regras ou códigos de compor-
tamento ético, isto é, teorias éticas de primeira ordem. A metaética é uma
Até o século XVIII, com Kant, todos os filósofos, salvo, até certo pon- reflexão sobre a natureza da própria ética: Será a ética objetiva, ou subje-
to, Platão, aceitavam que o objetivo da ética era ditar leis de conduta. Kant tiva? Será relativa à cultura ou à história, ou não?
viu o problema sob novo ângulo e afirmou que a realidade do conhecimen-
to prático (comportamento moral) está na ideia, na regra para a experiên- Em segundo lugar, não ganhamos qualquer compreensão da nature-
cia, no "dever ser". A vontade moral é vontade de fins enquanto fins, fins za da reflexão filosófica sobre a ética. Não ficamos a saber que tipo de
absolutos. O ideal ético é um imperativo categórico, ou seja, ordenação problemas constitui o objeto de estudo da ética. Nem ficamos a saber
para um fim absoluto sem condição alguma. A moralidade reside na muito bem o que é a moral.
máxima da ação e seu fundamento é a autonomia da vontade. Hegel Em conclusão, nada ganhamos com esta pretensa distinção.
distinguiu moralidade subjetiva de moralidade objetiva ou eticidade. A
primeira, como consciência do dever, se revela no plano da intenção. A Mas, pior, trata-se de uma distinção indistinta, algo que é indefensável
segunda aparece nas normas, leis e costumes da sociedade e culmina no e que resulta de uma confusão. O comportamento dos seres humanos é
estado. multifacetado; nós fazemos várias coisas e temos vários costumes e nem
todas as coisas que fazemos pertencem ao domínio da ética, porque nem
Objeto e ramos da ética. Três questões sempre reaparecem nos di- todas têm significado ético. É por isso que é impossível determinar à
versos momentos da evolução da ética ocidental: (1) os juízos éticos partida que comportamentos seriam os comportamentos morais, dos quais
seriam verdades ou apenas traduziriam os desejos de quem os formula; se ocuparia a reflexão ética, e que comportamentos não constituem tal
(2) praticar a virtude implica benefício pessoal para o virtuoso ou, pelo coisa. Fazer a distinção entre ética e moral supõe que podemos determi-
menos, tem um sentido racional; e (3) qual é a natureza da virtude, do nar, sem qualquer reflexão ou conceitos éticos prévios, quais dos nossos
bem e do mal. Diversas correntes do pensamento contemporâneo (intuici- comportamentos pertencem ao domínio da moral e quais terão de ficar de
onismo, positivismo lógico, existencialismo, teorias psicológicas sobre a fora. Mas isso é impossível de fazer, pelo que a distinção é confusa e na
ligação entre moralidade e interesse pessoal, realismo moral e outras) prática indistinta.
detiveram-se nessas questões. Como resultado disso, delimitaram-se os
dois ramos principais da ética: a teoria ética normativa e a ética crítica ou Vejamos um caso concreto: observamos uma comunidade que tem
metaética. como regra de comportamento descalçar os sapatos quando vai para o
jardim. Isso é um comportamento moral sobre o qual valha a pena reflectir
A ética normativa pode ser concebida como pesquisa destinada a es- eticamente? Como podemos saber? Não podemos. Só podemos determi-
tabelecer e defender como válido ou verdadeiro um conjunto completo e nar se esse comportamento é moral ou não quando já estamos a pensar
simplificado de princípios éticos gerais e também outros princípios menos em termos morais. A ideia de que primeiro há comportamentos morais e
gerais, importantes para conferir uma base ética às instituições humanas que depois vem o filósofo armado de uma palavra mágica, a "ética", é uma
mais relevantes. fantasia. As pessoas agem e refletem sobre os seus comportamentos e
A metaética trata dos tipos de raciocínio ou de provas que servem de consideram que determinados comportamentos são amorais, isto é, estão
justificação válida dos princípios éticos e também de outra questão inti- fora do domínio ético, como pregar pregos, e que outros comportamentos
mamente relacionada com as anteriores: a do "significado" dos termos, são morais, isto é, são comportamentos com relevância moral, como fazer
predicados e enunciados éticos. Pode-se dizer, portanto, que a metaética abortos. E essas práticas e reflexões não estão magicamente separadas
está para a ética normativa como a filosofia da ciência está para a ciência. da reflexão filosófica. A reflexão filosófica é a continuação dessas refle-
Quanto ao método, a teoria metaética se encontra bem próxima das xões.
ciências empíricas. Tal não se dá, porém, com a ética normativa. Evidentemente, tanto podemos usar as palavras "ética" e "moral" co-
Desde a época em que Galileu afirmou que a Terra não é o centro do mo sinônimas, como podemos usá-las como não sinônimas. É irrelevante.
universo, desafiando os postulados ético-religiosos da cristandade medie- O importante é saber do que estamos a falar se as usarmos como sinôni-
val, são comuns os conflitos éticos gerados pelo progresso da ciência, mas e do que estamos a falar quando não as usamos como sinônimas. O
especialmente nas sociedades industrializadas do século XX. A sociologia, problema didático, que provoca dificuldades a muitos estudantes, é que
a medicina, a engenharia genética e outras ciências se deparam a cada geralmente os autores que fazem a distinção entre moral e ética não
passo com problemas éticos. Em outro campo da atividade humana, a conseguem, estranhamente, explicar bem qual é a diferença — além de
prática política antiética tem sido responsável por comoções e crises sem dizer coisas vagas como "a ética é mais filosófica".
precedentes em países de todas as latitudes. ©Encyclopaedia Britannica Se quisermos usar as palavras "moral" e "ética" como não sinônimas,
do Brasil Publicações Ltda. estaremos a usar o termo "moral" unicamente para falar dos costumes e
Moral códigos de conduta culturais, religiosos, etc., que as pessoas têm. Assim,
para um católico é imoral tomar a pílula ou fazer um aborto, tal como para
Conjunto de regras e prescrições a respeito do comportamento, esta- um muçulmano é imoral uma mulher mostrar a cara em público, para não
belecidas e aceitas por determinada comunidade humana durante deter- falar nas pernas. Deste ponto de vista, a "moral" não tem qualquer conte-
minado período de tempo. údo filosófico; é apenas o que as pessoas efetivamente fazem e pensam.
A ética, pelo contrário, deste ponto de vista, é a disciplina que analisa
esses comportamentos e crenças, para determinar se eles são ou não

Sociologia 33
APOSTILAS OPÇÃO
aceitáveis filosoficamente. Assim, pode dar-se o caso que mostrar a cara 5. Chama-se metaética ou ética analítica a um tipo de investigação ou
em público seja imoral, apesar de não ser contrário à ética; pode até dar- teoria filosófica que se distingue da ética normativa. A metaética tem como
se o caso de ser anti-ético defender que é imoral mostrar a cara em públi- objeto de investigação filosófica os conceitos, proposições e sistemas de
co e proibir as mulheres de o fazer. crenças éticos. Analisa os conceitos de correto e incorreto, bom e mau,
com respeito ao caráter e à conduta, assim como conceitos relacionados
O problema desta terminologia é que quem quer que tenha a experi- com estes, como, por exemplo, a responsabilidade moral, a virtude, os
ência de escrever sobre assuntos éticos, percebe que ficamos rapidamen- direitos. Inclui também a epistemologia moral: o modo como a verdade
te sem vocabulário. Como se viu acima, tive de escrever "anti-ético", ética pode ser conhecida (se é que o pode); e a ontologia moral: a questão
porque não podia dizer "imoral". O nosso discurso fica assim mais contor- de saber se há uma realidade moral que corresponde às nossas crenças e
cido e menos direto e claro. Quando se considera que "ética" e "moral" outras atitudes morais. As questões de saber se a moral é subjetiva ou
são termos sinônimos (e etimologicamente são sinônimos, porque são a objetiva, relativa ou absoluta, e em que sentido o é, pertencem à metaéti-
tradução latina e grega uma da outra), resolve-se as coisas de maneira ca.
muito mais simples. Continuamos a fazer a distinção entre os comporta-
mentos das pessoas e as suas crenças morais, mas não temos de intro- A palavra "moral" e as suas cognatas refere-se ao que é bom ou mau,
duzir o artificialismo de dizer que essas crenças morais, enquanto crenças correto ou incorreto, no caráter ou conduta humana. Mas o bem moral (ou
morais, estão corretas, mas enquanto preferências éticas podem estar a correcção) não é o único tipo de bem; assim, a questão é saber como
erradas. Isto só confunde as coisas. É muito mais fácil dizer que quem distinguir entre o moral e o não moral. Esta questão é objeto de discussão.
pensa que mostrar a cara é imoral está pura e simplesmente enganado, e Algumas respostas são em termos de conteúdo. Uma opinião é que as
está a confundir o que é um costume religioso ou cultural com o que é preocupações morais são unicamente as que se relacionam com o sexo.
defensável. Peter Singer, James Rachels, Thomas Nagel, e tantos outros Mais plausível é a sugestão de que as questões morais são unicamente
filósofos centrais, usam os termos "ética" e "moral" como sinônimos. Para as que afectam outras pessoas. Mas há teorias (Aristóteles, Hume) que
falar dos costumes e códigos religiosos, temos precisamente estas ex- considerariam que mesmo esta demarcação é excessivamente redutora.
pressões muito mais esclarecedoras: "costumes" e "códigos religiosos". Outras respostas fornecem um critério formal: por exemplo, que as exi-
gências morais são as que têm origem em Deus, ou que as exigências
Ética e moral morais são as que derrotam quaisquer outros tipos de exigências ou,
Thomas Mautner ainda, que os juízos morais são universalizáveis.
Universidade Nacional da Austrália
A palavra latina "moralis", que é a raíz da palavra portuguesa, foi cria-
A palavra "ética" relaciona-se com "ethos", que em grego significa há- da por Cícero a partir de "mos" (plural "mores"), que significa costumes,
bito ou costume. A palavra é usada em vários sentidos relacionados, que para corresponder ao termo grego "ethos" (costumes). É por isso que em
é necessário distinguir para evitar confusões. muitos contextos, mas nem sempre, os termos "moral/ético", "moralida-
1. Em ética normativa, é a investigação racional, ou uma teoria, sobre de/ética", "filosofia moral/ética" são sinónimos. Mas as duas palavras têm
os padrões do correto e incorreto, do bom e do mau, com respeito ao também sido usadas para fazer várias distinções:
caráter e à conduta, que uma classe de indivíduos tem o dever de aceitar. 1. Hegel contrasta a Moralität (moralidade) com a Sittlichkeit ("eticali-
Esta classe pode ser a humanidade em geral, mas podemos também dade" ou vida ética). Segundo Hegel, a moralidade tem origem em Sócra-
considerar que a ética médica, a ética empresarial, etc., são corpos de tes e foi reforçada com o nascimento do cristianismo, a reforma e Kant, e
padrões que os profissionais em questão devem aceitar e observar. Este é o que é do interesse do indivíduo autônomo. Apesar de a moralidade
tipo de investigação e a teoria que daí resulta (a ética kantiana e a utilita- envolver um cuidado com o bem-estar não apenas de si mas também dos
rista são exemplos amplamente conhecidos) não descrevem o modo como outros, deixa muito a desejar por causa da sua incompatibilidade potencial
as pessoas pensam ou se comportam; antes prescrevem o modo como as com valores sociais estabelecidos e comuns, assim como com os costu-
pessoas devem pensar e comportar-se. Por isso se chama ética normati- mes e instituições que dão corpo e permitem a manutenção desse valores.
va: o seu objetivo principal é formular normas válidas de conduta e de Viver numa harmonia não forçada com estes valores e instituições é a
avaliação do caráter. O estudo sobre que normas e padrões gerais são de Sittlichkeit, na qual a autonomia do indivíduo, os direitos da consciência
aplicar em situações-problema efetivos chama-se também ética aplicada. individual, são reconhecidos mas devidamente restringidos;
Recentemente, a expressão "teoria ética" é muitas vezes usada neste
sentido. Muito do que se chama filosofia moral é ética normativa ou apli- 2. De modo análogo, alguns autores mais recentes usam a palavra
cada. "moralidade" para designar um tipo especial de ética. Bernard Williams
(Ethics and the Limits of Philosophy, 1985), por exemplo, argumenta que
2. A ética social ou religiosa é um corpo de doutrina que diz respeito o "a instituição da moralidade" encara os padrões e normas éticas como se
que é correto e incorreto, bom e mau, relativamente ao caráter e à condu- fossem semelhantes a regras legais, tornando-se por isso a obediência ao
ta. Afirma implicitamente que lhe é devida obediência geral. Neste sentido, dever a única virtude genuína. Esta é uma perspectiva que, na sua opini-
há, por exemplo, uma ética confucionista, cristã, etc. É semelhante à ética ão, deve ser abandonada a favor de uma abordagem da vida ética menos
normativa filosófica ao afirmar a sua validade geral, mas difere dela por- moralista e mais humana e sem restrições;
que não pretende ser estabelecida unicamente com base na investigação
racional. 3. Habermas, por outro lado, faz uma distinção que está também im-
plícita na Teoria da Justiça de Rawls entre ética, que tem a ver com a vida
3. A moralidade positiva é um corpo de doutrinas, a que um conjunto boa (que não é o mesmo para todas as pessoas), e a moralidade, que tem
de indivíduos adere geralmente, que dizem respeito ao que é correto e a ver com a dimensão social da vida humana e portanto com princípios de
incorreto, bom e mau, com respeito ao caráter e à conduta. Os indivíduos conduta que podem ter aplicação universal. A ética ocupa-se da vida boa,
podem ser os membros de uma comunidade (por exemplo, a ética dos a moralidade da conduta correta.
índios Hopi), de uma profissão (certos códigos de honra) ou qualquer
outro tipo de grupo social. Pode-se contrastar a moralidade positiva com a Thomas Mautner
moralidade crítica ou ideal. A moralidade positiva de uma sociedade pode Tradução e adaptação de Desidério Murcho
tolerar a escravatura, mas a escravatura pode ser considerada intolerável Retirado de Dictionary of Philosophy, org. por Thomas Mautner (Penguin,
à luz de uma teoria que supostamente terá a autoridade da razão (ética 2005)
normativa) ou à luz de uma doutrina que tem o apoio da tradição ou da
religião (ética social ou religiosa). Difundindo princípios e conceitos éticos
Milton Emílio Vivan
4. Ao estudo a partir do exterior, por assim dizer, de um sistema de Rotary Club de São Paulo-Pacaembu, D.4610, desenvolveu no ano
crenças e práticas de um grupo social também se chama ética, mais rotário 2003-04 um projeto de difusão de princípios e conceitos éticos. O
especificamente ética descritiva, dado que um dos seus objetivos princi- projeto procura responder a uma das frases mais relevantes de Paul
pais é descrever a ética do grupo. Também se lhe chama por vezes Harris: “O Rotary continuará a ser caridoso, mas pode fazer mais do que
étnoética, e é parte das ciências sociais. isso: façamos com que o Rotary extermine a causa que faz necessária a

Sociologia 34
APOSTILAS OPÇÃO
caridade”. A que se referia Paul Harris? Após profunda reflexão, por vários camente no Nordeste brasileiro. Um empreendedor investe num projeto de
caminhos, surgiu a resposta: a maior vivência dos preceitos éticos. Assim irrigação e cria um pólo produtor de frutas que emprega centenas de
nasceu a ideia do projeto. O primeiro passo foi a escolha de conceitos famílias. Suponha que esse empreendimento tenha enorme sucesso, com
simples, de fácil mas ampla aplicação, e profundos em sua essência. produtos de ótima qualidade e preços competitivos.
Resultou na escolha dos princípios da universalidade e do respeito enun- Admita que as condições de trabalho sejam adequadas, e que os
ciados por Emmanuel Kant. trabalhadores possam educar seus filhos e contar com assistência médi-
Princípios da universalidade e do respeito de Kant ca, ter à disposição transportes, lazer e segurança, enfim, que tenham o
Princípio da Universalidade: quando você quiser saber se uma ação necessário para que possam exercer com plenitude a cidadania. A ação
é ética ou não, suponha que essa ação se tornará um padrão universal de desse empreendedor será uma ação ética, pois resultará em benefício
comportamento, ou seja, a partir de agora, esse será o modelo de compor- para toda a sociedade. Fatos como esse podem ocorrer no campo, em
tamento. Imagine, então, todos agindo dessa forma. qualquer cidade e em qualquer metrópole.
Se não gostar de viver numa sociedade com todas as pessoas Ações legais porém não-éticas
agindo dessa forma, pode-se concluir que a ação em questão não é ética. Toda lei que não beneficie a sociedade será uma ação não-ética.
Em resumo, a pergunta é: e se todos agissem assim? Princípio do Leis incompetentes ou leis que venham a beneficiar grupos em prejuízo de
Respeito: todo ser humano deve ser considerado como um fim em si toda uma sociedade gerarão ações legais, mas não-éticas. Esse tipo de
mesmo. Os aspectos que mais caracterizam o Princípio do Respeito são: ação é bastante comum quando grupos julgam legítimo defender seus
• Não negar informações pertinentes e interesses corporativos, mesmo quando em detrimento do interesse da
• Permitir-lhe liberdade de escolha. sociedade. Não são raras as ações desse tipo em todas as casas onde se
Em todos os boletins semanais do clube esses princípios foram ci- legisla, seja nas Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas,
tados. Durante o ano, em todos eles foram incluídas perguntas e respos- Câmara de Deputados, Senado Federal e até em Associações de Normas
tas sobre a aplicação prática desses dois princípios. Ao final, foram enun- Técnicas. Nestas últimas, interesses corporativos podem pugnar por
ciadas e respondidas 100 perguntas, as quais foram englobadas em um maiores tolerâncias, incompatíveis com requisitos de qualidade etc. Esses
livro que foi distribuído na Conferência Distrital do D.4610. A comunidade interesses corporativos procuram se cercar de garantias que diminuam os
foi atingida pela inserção em jornais de bairro. Para que o projeto alcan- riscos de prejuízo, não pela competência e maior qualidade dos produtos,
çasse o âmbito mundial, foi criado o boletim Stadium International, que foi mas pela mudança nos parâmetros de controle. Ações legais e não-éticas
enviado para mais de 600 clubes no mundo e que veiculou os dois princí- também podem ter origem na corrupção, na omissão de pessoas ou
pios de Kant enunciados em português, inglês, francês, italiano, espanhol, instituições, mas também simplesmente em ações não-competentes. Um
alemão, japonês e hindi. Algumas dessas versões foram feitas por clubes exemplo é o caso de situações geradas por governos que endividam seus
do exterior, por solicitação do RCSP-Pacaembu, como sinal de engaja- países em níveis incompatíveis com a capacidade de pagamento, obri-
mento no projeto. gando ao envolvimento em dívidas monstruosas, quase que impagáveis, e
A acolhida tem sido excepcional. Governadores incluíram em suas que obrigam esses governos a empenharem vultosas quantias que, em
cartas mensais os dois princípios e incentivaram seus presidentes a se princípio, deveriam ser investidas em benefício da população. Outro
envolverem no projeto. exemplo é o caso da cobrança exagerada de impostos que, apesar de
Influência do “estado da arte” sobre a ética legal, pode se tornar não-ética quando sufocar os meios de produção de
Para sabermos se uma ação é benéfica a toda sociedade, é neces- uma sociedade.
sário que se conheçam adequadamente as consequências dessa ação Comportamentos éticos aplicáveis universalmente
sobre a sociedade. Nos casos onde o estado da arte do assunto em • A compaixão, relacionada com a ajuda ao próximo;
questão não atingiu um grau de maturidade suficiente para conclusões • A não-maleficência, que trata de evitar a imposição de sofri-
seguras e corretas, não se pode concluir se a ação é ou não ética. Leo- mento ou privação ao próximo;
nardo da Vinci era criticado por ter iniciado a dissecação de cadáveres, • A beneficência, que procura prevenir e combater o sofrimento
mas sem essa prática a medicina jamais conseguiria atingir o grau de do próximo, promover a felicidade do próximo, e com natural e
evolução atual. Hoje vemos que sua atitude era ética, apesar de que, maior intensidade à nossa família e amigos;
naquela época, alguns o criticavam injustamente, principalmente por • A imparcialidade: tratar as pessoas da forma como merecem
ignorância de origem religiosa ou simplesmente técnica. ser tratadas, tendo direitos iguais até que o mérito ou necessida-
Quando uma ação é ou não é ética des justifiquem tratamento especial;
Não é difícil diferenciar o que é e o que não é benéfico para uma • A coragem para se opor a injustiças, mesmo que em prejuízo
sociedade. Mas em alguns casos, onde o conhecimento humano do próprio;
estado da arte não atingiu um nível adequado, a decisão sobre se uma • O respeito à autonomia individual: não manipular ou induzir o
ação é ou não ética ficará prejudicada. Estão claramente nesse rol a pensamento das pessoas, mesmo que para o próprio bem delas;
clonagem de seres humanos, o plantio de alimentos transgênicos etc. • A honestidade: não enganar as pessoas. A mentira é um vício,
Outras ações como a eutanásia, em certas circunstâncias, o aborto em especialmente quanto à supervalorização das próprias capacida-
determinadas situações, a prisão perpétua ou a pena de morte de alguns des. Acostume-se a saber que as pessoas merecem saber a ver-
crimes também podem carecer de maior conhecimento humano se des- dade;
considerarmos os preceitos religiosos, pois ainda não sabemos cientifica- • Não fazer promessas que não pretende ou que sabe que difi-
mente a partir de que momento existe ou deixa de existir a vida, a alma, o cilmente conseguirá cumprir;
espírito ou a capacidade de regeneração de um ser humano. • Integridade: cumprir com as obrigações, mesmo que a despeito
Meio ambiente e a ética de inconveniência pessoal.
Como a ética está umbilicalmente ligada à obtenção de melhores • Consistência. Pode-se medir o valor moral de um ser humano
condições da vida em sociedade, a preservação e melhoria das condições pela consistência de suas ações. Essa medida tem maior qualida-
do meio ambiente são itens dos mais importantes para as gerações futu- de quando princípios conflitam com interesses.
ras. Portanto, uma indústria que solta poluentes em um rio, o carro que Como a televisão poderia servir como difusor desses princí-
emite gases que poluem o ar por estar desregulado, empresas que produ- pios e conceitos?
zem materiais não-biodegradáveis ou que ataquem a camada de ozônio A televisão é claramente subutilizada socialmente nesse aspecto.
etc não estão agindo de forma ética, pois estarão comprometendo a As telenovelas poderiam conter episódios que didaticamente mostrassem
qualidade de vida das gerações e sociedades futuras. as consequências benéficas de atitudes éticas à sociedade. Nos esportes
Uma ação egoísta, porém ética poderiam ser ressaltados, valorizados e premiados os comportamentos
Imagine a criação de um empreendimento de sucesso, com ótimos mais adequados. Reconhecimentos profissionais em âmbito nacional a
resultados aos investidores, mas que também permita empregar centenas entidades e pessoas que se destacaram em suas funções e objetivos,
de trabalhadores, inserindo-os socialmente e permitindo-lhes que exerçam observando os princípios éticos. Programas dominicais poderiam apresen-
plenamente a cidadania. Esta ação, por ser benéfica à sociedade, é tar quadros específicos a esse respeito. Pequenas histórias e séries
considerada uma ação ética. Imagine um local onde ocorra seca periodi- poderiam conter temas que focalizassem um determinado assunto sob o

Sociologia 35
APOSTILAS OPÇÃO
ponto de vista ético. Programas de entrevista poderiam dar ênfase a A corrupção, os conluios e acertos visando aos privilégios que sabo-
comportamentos a serem imitados. Prêmios poderiam ser oferecidos a tam a ação da justiça e que visam à certeza da impunidade devem ser
comportamentos exemplares, programas de perguntas e respostas pode- encarados como vícios e imperfeições da sociedade, que não podem ser
riam dar ênfase aos princípios e conceitos éticos, enfim, em quase todos tolerados.
os tipos de programas há uma forma de incluir conceitos éticos. Relação entre a ética e a malandragem e o otário
A ética na formação moral de uma nação Em nosso país, inclusive na TV, é comum a valorização e a banali-
Pode-se constatar que há pessoas bastante cultas, educadas, for- zação do termo “malandro”. Malandro assume então o significado de
madas pelas melhores escolas do Brasil ou até do exterior que não se esperto, o que leva vantagem. Mas é impossível dissociar que malandro
preocupam com a vida em comunidade, ou seja, não têm a necessária também significa trapaceiro, velhaco.
sensibilidade ética. Por outro lado, um analfabeto pode ser tão ou mais Otário é o que se deixa enganar pela esperteza, pela trapaça do velha-
ético que um doutor se suas ações forem pautadas pelo respeito ao que é co. Assim é comum ver-se a figura do malandro, do que procura levar
de todos. Não é necessário ser alfabetizado para se compreender e viver vantagem em tudo, ser valorizada em detrimento de um comportamento
os valores éticos. Basta que a cabeça seja aberta e não fechada em seus condizente com a vida em sociedade, que sequer é lembrado – e muitas
próprios interesses. vezes até rejeitado – pelos mais insuspeitos cidadãos. É lamentável a falta
A ética no Rotary de sensibilidade de quem de fato ou de direito deveria corrigir essas
A difusão de princípios e conceitos éticos é, sem dúvida, um dos ob- atitudes que deformam o caráter dos indivíduos, mas principalmente de
jetivos do Rotary. O comportamento ético está diagnosticado como remé- nossa mocidade.
dio adequado para quaisquer países de todos os continentes: grandes A existência de um malandro sempre supõe a existência de um otá-
potências, países ricos, emergentes, carentes e pobres. Uma instituição rio que foi enganado. A malandragem que visa a obtenção de alguma
como o Rotary, de âmbito internacional, tem vocação inerente para ser a vantagem para si ou para outrem, mesmo que independente dos meios, e
portadora da bandeira da difusão dos princípios éticos. Esse projeto custa com o mínimo esforço possível, é evidentemente incompatível com a vida
muito pouco comparado com os existentes, e os frutos serão colhidos em em sociedade. Esse conceito deve ser rejeitado com veemência e não
todas as áreas, com benefício incomensurável para todos os seres huma- tolerado. O mérito e o valor da conquista com disciplina e talento devem
nos. ser valorizados. Não se pode pretender uma sociedade ética ou justa
Relação entre a ética e a religião quando se valoriza o comportamento do malandro.
Não importa de que religião somos, no que, em que e como cremos: Fórum Social Mundial – a reinvenção da democracia (1)
podemos sempre nos empenhar na prática do bem. Isso não contradiz *Cândido Grzybowski
qualquer religião. Se nossas ações visam ao empenho pela prática do
bem da sociedade, nossas ações cumprem a meta de cada religião. É Desde a sua primeira edição em 2001, o Fórum Social Mundial (FSM)
pela prática verdadeira em sua vida diária que o homem cumpre de fato a vem sendo um espaço privilegiado de mobilização e encontro da diversi-
meta de toda religião, qualquer que seja ela, qualquer nome que tenha. Se dade de movimentos sociais, organizações, suas redes, campanhas e
acreditamos na prática do bem independente de quaisquer recompensas, coalizões que se opõem à globalização econômica e financeira dominante.
imediatas ou futuras, cumprimos ainda melhor essa missão. A especificidade e força agregadora do FSM decorrem da sua capacidade
Relação entre ética e política de fazer com que tamanha heterogeneidade de atores sociais – em ter-
Ética e política se entrelaçam e se confundem em seu significado mos sociais, culturais e geográficos – acreditem em si mesmos e na
mais profundo. A ética está profundamente ligada com a vida em socieda- possibilidade de transformar e reconstruir o mundo. Com a globalização
de. Ações éticas implicam em ações que beneficiam a comunidade. dominante a maior parte da humanidade está sendo deixada de lado,
Na política deve prevalecer o interesse da sociedade como um todo, como um excedente descartável. Com o FSM as pessoas mais simples
e não o de uma minoria privilegiada com acesso ao poder. Um bom políti- redescobrem o seu valor fundamental como membros da comunidade
co é aquele que consegue melhorar as condições de vida de seu povo. humana e cidadãs construtoras de sociedades, das culturas, dos poderes,
Assim ele será ético. Um deputado que cria leis que não beneficiam seu das economias. Sentir-se produzindo e reproduzindo a vida é a esperança
povo ou que beneficiam a poucos criará uma ação que, apesar de legal, que nasce no Fórum. Seu desafio maior é repolitizar a vida para que outro
será não-ética. A criação de novos impostos que venham a sufocar a mundo seja possível diante da homogeneidade concentradora de rique-
economia são ações tipicamente não-éticas. A outorga de benefícios zas, socialmente excludente e ambientalmente destrutiva da globalização
imerecidos e injustos também são ações não-éticas. Não basta aos políti- feita por e ao serviço das grandes corporações.
cos terem boas intenções ou boa vontade. Também é necessário ter
competência. Para os políticos, a prática da ética está intimamente relaci- Meu olhar sobre o FSM decorre da minha própria inserção social e
onada com a sua competência profissional. política em sua promoção. Nesse sentido, faço aqui um exercício engaja-
O problema é que, para os políticos, mesmo que queiram, não é fá- do do livre pensar, um misto de testemunho e de reflexão estratégica
cil praticar a ética. Soluções simples e surradas muitas vezes não bastam. sobre os possíveis rumos em que, como participantes diversos e plurais,
É necessário criatividade, inteligência, arrojo e coragem para encontrar podemos avançar com o FSM e seu impacto sobre as instituições multila-
soluções competentes e, portanto, éticas, que vão realmente beneficiar a terais e os Estados. Minha perspectiva não é partir do poder econômico e
sociedade. Uma casa legislativa onde se criam leis ineficazes será uma político constituído e sim do processo e das condições para que os cida-
fonte de ações não-éticas, mas legais. dãos e as cidadãs do mundo estejam no centro, controlando o poder e os
Relação entre ética e justiça mercados globais.
Numa sociedade ética é fundamental que todos tenham, apesar das
diferenças individuais, no mínimo, as mesmas oportunidades para viver 1. O Fórum Social Mundial como canteiro de obras da cidadania mun-
com plenitude a cidadania. O desenvolvimento de suas capacidades será dial
função de suas habilidades e vocações, de sua disciplina e talento. A
desigualdade social deve ser a mínima aceitável de modo a garantir ao Em sua origem, o FSM se constituiu no contrapé do Fórum Econômi-
mais humilde o essencial para que possa ter acesso à cidadania: saúde, co Mundial, nos mesmos dias, exatamente para marcar os lados opostos
educação, transporte e segurança. A justiça deve agir no sentido de gerados pelas globalização dominante. Fóruns opostos no tempo e no
assegurar que cada indivíduo da sociedade tenha o que realmente mere- lugar, um velho de mais de 30 anos, outro recém começando a irrupção
ce, principalmente do ponto de vista distributivo, em função do mérito, mas na história; um numa luxuosa estação de esqui, em Davos, isolado pela
também do ponto de vista corretivo, em função do dano causado. Uma polícia, o outro na planície de Porto Alegre, a cidade com história de
justiça eficiente permite que a sociedade viva de forma mais estável, participação popular na gestão pública. Mas não podemos iludir-nos, são
harmoniosa, com paz e, portanto, mais feliz, atingindo assim os objetivos opostos que exprimem o mundo globalizado de hoje. A globalização que
de uma sociedade ética. Numa sociedade justa, até o mérito do sucesso combatemos nos transformou, pelo pior caminho possível, em uma comu-
tem maior valor. O mérito, quando legítimo, não pode ter limites. Isso nidade humana planetária interdependente. Este é o ponto de partida: a
induz e incentiva a prática do bem, das boas ações, facilitando o alcance transformação que a globalização produziu em nossas condições de vida
da felicidade comum. no Planeta. Ao mesmo tempo, é fundamental reconhecer que não basta e

Sociologia 36
APOSTILAS OPÇÃO
até é impossível democratizar esta globalização, dar-lhe uma face mais 2. Desafios e tarefas para que o FSM contribua e reforce a capacida-
humana e sustentável. A tarefa que se nos impõe é de refundação demo- de da emergente cidadania planetária no sentido de uma democratização
crática de um mundo interdependente, de gente para gente, compartindo radical do mundo
bens comuns entre todos os povos, com todos os direitos humanos garan-
tidos a todos os seres humanos, com igualdade no respeito à diversidade O FSM não é, em si mesmo, um movimento político, mas um espaço
social e cultural. aberto para a reconquista da política em seu sentido mais pleno. Sua força
reside nas múltiplas contradições que comporta, permitindo que elas se
Antes do FSM, já nos 80, com a crise da dívida e a ascensão de Mar- exprimam em seu espaço como livre prática de busca de cada participan-
gareth Thatcher e Ronald Reagan, mas especialmente durante os anos 90 te, cada organização e cada movimento, cada rede e cada campanha, da
do século XX, foram inúmeras as insurreições de movimentos sociais e mais simples à mais complexa e extensa. O FSM pode fortalecer a cida-
organizações contra a avassaladora globalização neoliberal imposta ao dania que nele se encontra, dialoga e confronta em busca de alternativas
mundo. O palco principal das manifestações foram as reuniões do G-7, as à (des)ordem global vigente, sem, no entanto, se tornar, ele mesmo, uma
assembleias do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) organização que aponta a direção a seguir. Formação de alianças e de
e as rodadas de negociação da Organização Mundial do Comércio (OMC). novas redes, decisões sobre campanhas as mais amplas e mobilizadoras
De forma espetacular, desenvolveram-se redes temáticas regionais e possíveis, disputas de hegemonia, desencontros em meio a muitos encon-
mundiais: dívida, agricultura, comércio, meio ambiente, cooperação, tros, tendo no centro o pensar as alternativas para o mundo global que
direitos humanos, educação, comunicação etc. Novos sujeitos foram se temos, dão vida ao FSM. Enquanto ele conseguir ser espaço do diverso e
mundializando e se consolidando: os movimentos feministas, ambientalis- da pluralidade, tendo por base os princípios e valores éticos compartidos
tas, dos povos indígenas, dos sem terra e camponeses, de trabalhadores que nos dá a dupla consciência da humanidade e dos bens comuns a
migrantes, dos sem teto, movimentos contra o apartheid, todos com um preservar para todos os seres do Planeta, o FSM vai continuar sendo uma
emergente dimensão planetária, tanto na sua própria identidade social e das alavancas da cidadania mundial.
raio de atuação como na solidariedade que foram despertando. Mas não
havia uma encruzilhada, um espaço de encontro do conjunto destas novas Isso não me impede de ver enormes desafios e tarefas que se colo-
forças sociais e delas com os já mais históricos atores internacionalizados, cam para todos e todas que participamos do FSM como espaço aberto.
como o movimento operário e sindical. A grande insurreição nas ruas de Inventamos o FSM em um momento datado e situado neste começo do
Seattle, em fins de 1999, foi um empurrão decisivo para a emergência de século XXI, em plena exacerbação da lógica do terror e da guerra, do
algo inteiramente novo. acirramento do unilateralismo dos EUA, de crise e até falência da demo-
cracia representativa, com crescimento de uma enorme brecha entre as
A novidade do FSM é de criar o espaço para que a diversidade de instituições políticas e as demandas da cidadania, de continuidade da
atores se encontre, se reconheça, troque práticas, experiências e análises, concentração de riquezas, da exclusão social e da destruição da base da
se articule e crie novas redes, coalizões e campanhas. Enfim, o FSM vida. O FSM é tensionado pelos desafios do aqui e agora, precisa criar
surge como expressão de uma demanda contida da emergente cidadania condições para um pensamento novo e um acúmulo estratégico, que leve
planetária no sentido de pensar todos e todas juntos as possíveis ações a emergente cidadania mundial a fortalecer a sua capacidade de ação
de transformação da ordem global existente. Desde o seu nascedouro, o política. O FSM precisa ser um espaço que contribua para imaginar o
FSM se impôs o respeito à diversidade e ao pluralismo como condição de mundo, reinventar o método de ação e estimular a intervenção concreta
sua própria existência e de enfrentamento do pensamento único, homogê- nos processos de globalização em curso. É possível apontar algumas
neo e redutor, da globalização neoliberal.] tarefas incontornáveis para responder aos desafios que temos pela frente.
Não se trata de um plano de ação do FSM – simplesmente porque ele não
De minha perspectiva, ainda não criamos alternativas estruturantes tem e nem pode ter planos de ação como espaço aberto – mas é o que
em face da globalização dominante. Isto é uma tarefa coletiva de longa recolho como seu participante, como analista, ativista e dirigente do Insti-
duração. Temos apenas 5 anos! Mas despertamos um poderoso movi- tuto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
mento de ideias, que alimenta o sonho, a utopia, a esperança e faz a
emergente cidadania do mundo agir. Além disto, com o FSM, quebramos a) Imaginar o mundo
a arrogância dos pregadores do neoliberalismo e demonstramos o quanto
de autoritarismo, de militarização e de guerra, de exclusão e intolerância, Trata-se de alimentar uma ousada busca dos projetos possíveis de
de anti-humano são portadores os processos globais, centrados nos outros mundos como alternativa. Um novo ideal, em suma. Aí vejo como
mercados e na força política e militar que os sustenta. uma primeira tarefa essencial a reflexão sobre a democracia como refe-
rência estratégica, com crítica ao modelo liberal e às formulas institucio-
É uma nova cultura política que pode se desenvolver a partir do pro- nais atuais. Como trazer ao centro do embate e da construção democráti-
cesso que o FSM despertou. A multiplicação de fóruns regionais, nacio- ca a ideia força da diversidade de sujeitos em sua igualdade e com as
nais, locais e temáticos alimenta o movimento de ideias de que outros práticas mais libertárias possíveis? Como incorporar os princípios e valo-
mundos são possíveis, lhe dá novas facetas e engrossa a adesão de res éticos fundantes da democracia – a base da universalidade – como
sujeitos sociais os mais diversos social, cultural e geograficamente. Se referência para todas as relações humanas: familiares, sociais, culturais,
isso ainda não se traduz em uma nova institucionalidade política, certa- econômicas, técnicas, políticas, entre os povos, entre os Estados? Incor-
mente cria o terreno propício para um repensar da política e do espaço porar o fundamento ético na visão estratégica da democracia representa
público, do local até o poder global e suas instituições. O FSM, como uma mudança política e filosófica fundamental, que aponta para a possibi-
espaço aberto à diversidade e aceitando as divergências, engendra um lidade de uma nova cultura política da emergente cidadania planetária. Ele
novo modo de fazer política. Como força propulsora, difusa mas poderosa, não abandona e nem desvaloriza o embate ideológico, vital para a política
que vai além dos que se encontram nos eventos do FSM, há que se democrática, mas delimita o seu lugar e as suas referências comuns. Dele
reconhecer, de um lado, uma consciência da comum humanidade na decorre, também, uma visão que pensa os direitos como relação, como
diversidade que nos caracteriza como seres humanos. De outro, não dá qualidade das relações sociais, onde direitos para serem direitos e não
para subestimar o poder mobilizador e transformador da consciência dos privilégios devem ser de todos e todas e onde direitos comportam respon-
bens comuns fundamentais à vida no Planeta que temos, sejam os frágeis sabilidades. Com base em tais princípios e valores, é possível pensar na
e finitos como são os bens naturais, a atmosfera, a biodiversidade, sejam universalidade da democracia como referência para outros mundos. Mas
as conquistas humanas como o saber, as línguas e a cultura em geral. isso implica para o FSM, como tarefa de fortalecimento da cidadania
Consciência aliada a um resgate da ação cidadã como prática central na mundial, ser um espaço que favoreça o diálogo entre culturas, entre
transformação das situações e no desenvolvimento humano, democrático sujeitos sociais diversos, entre visões e perspectivas diferentes e diver-
e sustentável. Ação que necessariamente se concretiza localmente, lá gentes, diálogo como condição para que o possível seja imaginado, pen-
onde vivemos, mas que é impregnada de universalismo, busca ser plane- sado e formulado como proposta.
tária no seu sentido humano e alcance político.

Sociologia 37
APOSTILAS OPÇÃO
Muitas outros desafios e tarefas surgem neste processo de imaginar o necessidade para o FSM de ser cada vez mais mundial, mais espaço da
mundo. Precisamos superar o déficit conceitual, de teorização e de atri- cidadania mundial, penetrando em todas as sociedades no Sul e no Norte,
buição de significados com o qual enfrentamos a globalização dominante. no Oeste e no Leste, atravessando tradições civilizatórias, religiões,
Não podemos ficar enquadrados para pensar o mundo pelos conceitos filosofias e culturas as mais diversas. E um desafio ainda maior: tornar
que nos são impostos pela ideologia neoliberal e sua visão da globaliza- visíveis os hoje invisíveis social e politicamente para o mundo. Sem dúvi-
ção – ela mesma um conceito que esconde a lógica de dominação que a da, muitas das questões aqui levantadas já tem soluções práticas, só que
engendrou. Nem são mais suficientes os conceitos e teorias das escolas muito localizadas, fragmentadas, não sistematizadas. Permitir que isto
de pensamento e ação da esquerda superadas pela própria história. O venha à luz e se potencialize, tornando-se um modo de operar capaz de
caminho é radicalizar a crítica ao capitalismo e à globalização que ele levar a cidadania a uma nova cultura política é a tarefa essencial do FSM.
alimenta, em todas as suas formas e processos. Temos muito a aprender a este respeito. A experiência de construir um
programa de trabalho a partir de baixo, de estimular o encontro e articula-
Precisamos reinventar o desenvolvimento como conceito e como mo- ção, aglutinação até, está em curso no FSM, mas é uma árdua e paciente
delo, libertando-o do produtivismo, do tecnicismo e consumismo que tarefa. Temos hoje mais dispersão e confusão do que diversidade constru-
decorrem de sua estreita e praticamente exclusiva associação com cres- ída naquilo que mostramos nos nossos eventos. Mas é o caminho.
cimento econômico. Isso implica, também, uma revisão do paradigma
científico e de sua falsa objetividade, negadora da vida com tudo de c) Intervir concretamente
subjetivo que ela tem. Precisamos conseguir pensar e imaginar o futuro
humano livre da ideia de progresso material no padrão industrial e de O FSM, em si mesmo, não tem capacidade de intervenção. Sua inci-
consumo dos atuais países desenvolvidos, porque insustentável ambien- dência política se faz através do que decidem seus e suas participantes.
talmente e excludente socialmente. Imaginar outro mundo é resgatar o Porém, voltado a fortalecer a emergente cidadania planetária, pensando a
trabalho como criador de vida, de produção e reprodução da vida. E, ação e para a ação política, o FSM acaba sendo um espaço aberto para a
ainda, relocalizar as economias para que tenham dimensão sustentável, constituição de novas redes e coalizões visando a formulação de campa-
segundo as possibilidades da base natural, e sejam humanas e justas nhas, a promoção de mobilizações e demonstrações, a seleção de possí-
socialmente, produtoras de bens e serviços para gente antes de serem veis estratégias de influência no debate público, nas diferentes sociedades
para mercados. Isto implica em aceitar o desafio de pensar o lugar das e espaços, nas conjunturas que se apresentam. Como espaço público
relações mercantis e da regulação, mediadas pela negociação democráti- aberto à cidadania mundial, o FSM é atravessado pela necessidade de
ca. agir aqui e agora sentida por quem dele participa. Vejo isto como um
enorme desafio.
Imaginar o mundo tendo como referente estratégico a democracia é
dar-se a tarefa de pensar a ação e o espaço público em todas as esferas Os temas mais prementes para participantes do FSM, como os vejo
da vida. Sem dúvida, as instituições de poder e de Estado precisam ser de onde me situo, são:
redefinidas para que as demandas e a participação cidadã sejam a força
de legitimação e legalização de direitos e deveres. Isto do local ao global, — a necessidade de radicalizar a ruptura com e de se contrapor à ideo-
segundo princípios de soberania e autonomia cidadã, de subsidiariedade e logia e às visões da globalização neoliberal;
complementariedade de poderes, de multilateralismo e solidariedade entre — o aprofundamento da análise da lógica de funcionamento e da estratégia
povos.] das grandes corporações e do capital financeiro, com denúncia de suas
violações de direitos e de destruição das condições de vida;
b) Inventar o método — a mercantilização de todas as relações sociais, a privatização de bens
comuns e espaços públicos, a flexibilização de direitos conquistados, a
Um outro grande desafio para o FSM é contribuir para o desenvolvi- desregulação e liberalização em nome do livre mercado;
mento de um novo modo de fazer política. Com que método construir a — o poder, concentrado e obscuro, das organizações globais, especialmen-
cidadania ativa mundial? Como o respeito aos princípios e valores demo- te das organizações financeiras e comerciais, longe do controle da cida-
cráticos, valorizando a diversidade social e cultural e respeitando a plurali- dania e dos povos;
dade de visões e ideias, pode ser traduzido em um método de ação? A — a lógica do terror e da guerra, a crescente militarização e a ameaça à
partir do que já se pratica no FSM, parece fundamental que convergências paz e soberania dos povos;
e divergências – como tantas outras convergências, ao seu modo – te- — o perigo do unilateralismo crescente e do imperialismo, a necessidade de
nham condições de se expressar no espaço do fórum. Ou seja, não se reconstrução do multilateralismo e da governança mundial para a paz.
trata de buscar o mínimo denominador comum, redutor e excludente, mas
de valorizar a diversidade de possibilidades, onde nenhuma possibilidade São todos temas cruciais em que de algum modo a cidadania
possa negar as outra e nem seja levada a se submeter à qualquer uma mundial já está envolvida, precisando dar respostas. Muitos outros
outra. podem ser arrolados aqui. Ative-me àqueles que mais diretamente se
referem ao enfrentamento da globalização dominante. Todos estes
Um tal princípio metodológico para a prática política nova que se quer temas já são debatidos no FSM. A tarefa urgente é pensá-los mais
implementar recoloca o problema da articulação, das alianças e coalizões, associados às ações e, ao mesmo tempo, sem que acabem margina-
da formação de blocos de forças, condição indispensável nas democraci- lizando os outros grandes desafios que a emergente cidadania plane-
as. Como formar hegemonias na diversidade de sujeitos e forças, sem tária tem pela frente.
protagonismos? Respostas a priori não existem, precisam ser criadas. O
ponto de partida é o reconhecimento da legitimidade e, até, da necessida- 3. O FSM 2006: o desafio da expansão e mundialização
de vital de conflitos e disputas para a democracia. As democracias se Desde o começo, em 2001, a vocação mundial e universalista do FSM
movem pela luta social, desde que sejam respeitados os princípios éticos é posta à prova. Sua vitalidade depende de sempre estar colado às múlti-
fundantes pelas forças em confronto. Isso significa eleger metodologica- plas realidades sociais e culturais, econômicas e ambientais dos povos do
mente a ação política, o pensar a ação e para a ação. Significa, também, Planeta. A multiplicação de fóruns, nas cidadades, nos países, nas regi-
reconhecer e respeitar os outros sujeitos, com eles se pondo em ação, em ões, a realização de fóruns temáticos, e o deslocamento do próprio evento
diálogo, em troca. principal, girando o mundo, atende a tal imperativo.

Na prática, o FSM é desafiado a promover o mais radical diálogo en- Em 2004, fomos para a Ásia, na Índia, na cidade de Mumbai. Agora,
tre movimentos sociais e organizações, num processo intra eles, superan- em 2006, estamos topando o desafio de realizar um Fórum Social Mundial
do barreiras culturais, geográficas e nacionais, e num processo inter Policêntrico, articulando eventos em diferentes continentes: vamos a
diferentes movimentos e organizações, buscando as convergências e Caracas, na Venezuela, a Bamako, no Mali, e a Karachi, no Paquistão,
divergências. A questão metodológica e política aqui é da tradução, no além de uma conferência no Marrocos. Não serão, como imaginado,
sentido que lhe dá Boaventura Souza Santos. Vai na mesma direção a eventos simultâneos, mas muito próximos e, sobretudo, muito articulados

Sociologia 38
APOSTILAS OPÇÃO
entre si. São realidades bem diversas o que faz imaginar um FSM muito
mais diverso do que até aqui fomos capazes de produzir. Em 2007, já está O Brasil ainda vive em uma democracia em consolidação, ainda incipiente.
decidido, vamos todos para Nairobi, no Quênia. Infelizmente, em grande parte de nossa história, vivemos à sombra de
golpes de estado e revoluções, como a de 1930 e mais recentemente em
O que significa este esforço de mundialização do próprio FSM? Sem 1964. A cada ruptura institucional, o regime democrático sofria um duro
dúvida, estamos construindo uma estratégia que nos fortaleça na diversi- golpe, atingindo-o no seu ponto fundamental: o respeito ao Estado Demo-
dade do que é a emergente cidadania planetária. Estamos mostrando as crático de Direito.
múltiplas identidades de que somos portadores e, sobretudo, as inúmeras
possibilidades na construção de “outros mundos”. Nosso período mais recente de democracia começou em 1985, com a
eleição indireta de Tancredo Neves para a Presidência da República,
Para nós cidadãos e cidadãs da Venezuela, Brasil, da América Latina, colocando um fim em 21 anos de regime militar. Logo, chegamos a 2001
do Caribe, da América do Norte, o FSM em Caracas representa um gran- com 16 anos de democracia recente. Neste período conhecemos cinco
de desafio e vem carregado de significado especial. Já fizemos um Fórum Presidentes da República: Tancredo Neves, que não assumiu devido ao
Regional em Quito, no Equador, em 2004. Agora, além de uma clara seu falecimento, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando
dimensão regional, o FSM em Caracas adquire um impacto mundial mais Henrique Cardoso. Durante o termo de José Sarney, produziu-se uma
claro. Estamos realizando o fórum na Venezuela dos muitos contrastes e, nova Constituição Federal, a de 1988. Logo, percebe-se que o Brasil ainda
devido às posições do Governo Chaves, tem provocado enorme debate está se acostumando com um regime democrático sem rupturas abruptas,
em todo mundo, como uma das formas de oposição à globalização neoli- ou seja, a democracia brasileira, assim como suas instituições, ainda está
beral e ao imperalismo dos EUA de Bush. Na América do Sul se situa o em fase de amadurecimento.
núcleo mais claro de uma crescente oposição ao neoliberalismo e a Vene-
zuela tem tido um importante papel político nisto. É claro que nem todo(a)s A consolidação de um regime democrático somente ocorre com o tempo e
participantes do FSM concordam com concepções e métodos do Presi- com o amadurecimento da sociedade e de suas instituições. A base de
dente Chaves. O FSM tem a sua autonomia como processo puxado por sustentação desta forma de governo é o povo e a sua soberania, que é
movimentos e entidades da sociedade civil, por suas redes, coalizões e exercida através do voto, como bem coloca Bobbio: “democracia é o
alianças, regionais e mundiais. Mas isto não implica em se negar a enfren- governo do povo, para o povo”. Além disto, é baseada fortemente no
tar com análise e debate, numa troca bem aberta, as possibilidades e exercício da cidadania, no respeito às leis e no exercício da ética como
limites das lutas concretas, especialmente todas aquelas que se alinham ponto fundamental das relações interpessoais. Portanto, percebe-se um
no combate ao neoliberalismo e sua globalização. O fato de um dos andar quase que em conjunto entre a democracia e a ética.
capítulos do FSM Policêntrico se realizar na Venezuela, neste momento,
para além de todas as divergências que pode despertar, precisa ser visto Ainda sobre ética, vale ressaltar as palavras do Prof. Alberto Oliva na
como uma busca efetiva entre nós mesmos e uma demonstração de apresentação do livro do Doutor em Filosofia Mário A. L. Guerreiro: “Aplica
solidariedade a movimentos e organizações da sociedade venezuelana. à ética o enfoque negativista segundo o qual ao prescritivo não incumbe
especificar o que alguém deve fazer, e sim o que deve ser impedido de
Mas tem mais. Indo a Caracas, assim como aos outros eventos do fazer por ser danoso ao outro”. Logo, a ética apresenta-se como ponto de
FSM Policêntrico, estamos nos expandindo, nos mundializando ainda convergência e harmonização entre norma e liberdade, assim como já
mais, nos conhecendo melhor. Estamos dando um sinal para o mundo que assegurava John Locke.
queremos sim integração, mas integração de povos, dos múltiplos povos,
e não uma incorporação por conglomerados econômicos e financeiros Como consequência de uma série de rupturas institucionais que marcaram
globais, uma inclusão subordinada aos interesses dos EUA. Além disto, fortemente a formação do Estado brasileiro e seu desenvolvimento, vemos
nos aproximamos do nosso Caribe, com a sua diversidade e vida e forta- que o respeito às regras e ao exercício ético de convivência não tem sido
lecemos a nossa capacidade de resistência ao avanço neoliberal. É, sem uma constante recentemente no que tange às práticas políticas. Claro que
dúvida, uma grande oportunidade para mais um salto no processo fórum. esta tese comporta algumas grandes exceções, pois não podemos gene-
Tenho certeza que sairemos da Venezuela mais fortalecidos. ralizar os fatos. Mas de qualquer forma, faz-se extremamente importante
traçar uma linha paralela entre estes conceitos.
Como conclusão, cabe destacar a contribuição que o FSM pode dar
para as sociedades civis dos países em que se realizado, especialmente A capa de uma das mais importantes revistas semanais do Brasil, no dia 2
em termos de favorecer a cultura democrática. As alternativas que ges- de maio de 2001 traduz com clareza os últimos acontecimentos políticos
tarmos e os resultados que alcançarmos podem ser incertos, imprevisí- envolvendo o Senado Federal com a seguinte manchete: “Eles encolhe-
veis, distantes, mas a cultura política que é alimentada pela FSM, o modo ram o Congresso: Como o Senado se transformou na Casa da Mentira
de buscar alternativas pode ser durável e radicalmente transformador, com Jader, Arruda e ACM”. Não há dúvidas: é uma manchete de impacto.
porque regido por valores e princípios éticos democráticos. O FSM não Mas será que o problema reside apenas neste fato? Acredito que não. Os
pode ser avaliado por possíveis propostas que dele emergirem, mas sim escândalos envolvendo os maiores escalões do Estado estão sendo uma
pelo modo de atuar e de se fortalecer a própria cidadania construtora de constante. Muitos deles lidam com a falta de ética daqueles que exercem
alternativas para o mundo. Este é o sentido primeiro e fundamental de uma função pública. Infelizmente, está se criando uma sensação de
nossa expansão e mundialização. descrédito da população perante os seus governantes, o que é muito
grave. A mesma revista, na edição de 23 de maio de 2001, mostra como
NOTAS um ex-presidente do Banco Central, supostamente, vendia informações
Versão de 04.12.05 – privilegiadas para o mercado financeiro e como, supostamente, o governo
Enviada para:Observatorio Social de América Latina – OSAL acobertou o fato. Além destes casos, podem ser citados outros vários que
Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – CLACSO- Argentina o governo já tem sobrevivido, como os supostos casos relativos a compra
de votos para reeleição, implantação do projeto Sivam, BNDES e teles,
*CÂNDIDO GRZYBOWSKI é sociólogo e diretor-geral do Instituto Brasilei- CPI da Corrupção, e por fim as denúncias envolvendo suposta corrupção
ro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e membro da Secretária no DNER, Sudam e Sudene.
Internacional do Fórum Social Mundial
O Brasil está pagando um preço alto pela falta da prática democrática
SANTOS, Boaventura de Souza. O FSM Mundial: Manual de Uso. São através dos anos e como consequência, a falta de ética e transparência
Paulo: Ed. Cortez, 2005. p. 118-134. em suas instituições. O amadurecimento está acontecendo do modo mais
difícil. É necessário que o Brasil passe por estes acontecimentos, pois
eles fazem parte da maturação pela qual o Estado brasileiro tem que,
Ética e Democracia necessariamente, passar. Ainda hoje, em grau infinitamente menor, ainda
Márcio C. Coimbra existem denúncias de corrupção em um regime amadurecido e estável, de

Sociologia 39
APOSTILAS OPÇÃO
mais de 200 anos, como é o caso da democracia norte-americana, onde a nos darem a honra e o prazer de participarem conosco desse conclave
ética está no topo dos valores nacionais, como foi recentemente retratado internacional.
no livro “Shadow” de Bob Woodward.
A democracia é incompatível com a corrupção. Como é incompatível com
De qualquer forma, o caminho que o Brasil tem que trilhar ainda é longo e a exclusão. Sua legitimidade decorre da representação popular, que vem
depende principalmente da consolidação do regime democrático e do da vontade dos cidadãos, para assegurar as liberdades, inclusive aquela
respeito ao Estado de Direito, que são os pilares básicos de sustentação que foi declarada um dia na Carta do Atlântico, como o grande documento
de uma sociedade estável e ética. do Ocidente, de convocação para a luta contra o nazismo e o fascismo: a
liberdade de não ter medo de morrer de fome. A exclusão é o decreto de
Discurso do Ministro do Controle e da Transparência do Brasil, Wal- condenação à pobreza extrema e à fome. A democracia é a cidadania,
dir Pires, no Diálogo dos Chanceleres, durante a XXXIV Assembleia náo é um regime com párias.
Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) "Desenvolvi-
mento Social e Democracia Frente à Incidência da Corrupção" Não há democracia sem ética, portanto sem responsabilidade com a
condição humana. A ética da democracia é a coesão social para a convi-
Quito, Equador vência humana, hoje sob grave risco. A democracia política ou se faz
social e humana, ou democracia não é. O Presidente Lula recentemente,
Quero inicialmente parabenizá-los pela escolha do tema dominante desta em janeiro último, em Monterrey, na Cúpula Extraordinária das Américas,
Assembleia, que é a luta contra a corrupção. De iniciativa, inclusive, da a propósito do desenvolvimento social, lembrou-nos do desafio deste
representação política do Equador, a nação que nos hospeda tão cordial- milênio, para a condenação das injustiças: “é cada vez maior o abismo
mente, para a adoção de recomendações importantes na linha do comba- que separa ricos e pobres em nosso continente e no mundo”. A ética
te eficaz a esse flagelo da humanidade. existe desde o começo das civilizações para o bem do ser humano. Signi-
fica a responsabilidade de cada um e de todos com os valores da vida, da
A democracia precisa dessa vitória, precisa em nosso continente de nossa dignidade da pessoa humana. A ética da democracia, pois, é a ética da
responsabilidade comum para derrotar a corrupção em cada um de nos- coesão social, pela afirmação das liberdades e pelo respeito às necessi-
sos países. Ela é um dos desvios mais perversos e danosos da sociedade dades.
contemporânea, no campo político, como na atividade privada, onde ela
agride e suprime os recursos da coletividade para o uso inescrupuloso dos Assessoria de Imprensa da Controladoria-Geral da União
bandidos sofisticados que a praticam.
Cidadania
No Brasil, o Presidente Lula, desde a sua primeira fala à nação, declarou
seu governo em luta permanente contra a corrupção. É uma política de Foi de um discurso do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Be-
Estado o que praticamos com prioridade absoluta. Há de ser um combate aumarchais, em outubro de 1774, que surgiu o sentido moderno da pala-
de larga duração; mas vamos vencê-lo. A corrupção é um crime, assim vra cidadão -- que ganharia maior ressonância nos primeiros meses da
como também o é o homicídio. Todos sabemos que não é permitido matar revolução francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-
e que é pesado o castigo imposto ao homicida. No entanto, mata-se dão.
infelizmente muito, no Brasil e no mundo. Com a corrução se dá mais ou
Em sentido etimológico, cidadania refere-se à condição dos que
menos o mesmo. Mas, infelizmente, nem o homicídio nem a corrupção
residem na cidade. Ao mesmo tempo, diz da condição de um indivíduo
são passíveis de extinção por força de decreto. Por isso, nenhum país do
como membro de um estado, como portador de direitos e obrigações. A
planeta está livre desse flagelo, seja no setor público –improbidades,
associação entre os dois significados deve-se a uma transformação fun-
tráfico de influência, o enriquecimento ilícito,– seja no setor privado, na
damental no mundo moderno: a formação dos estados centralizados,
manipulação de balanços, na especulação financeira de bolsas, na apro-
impondo jurisdição uniforme sobre um território não limitado aos burgos
priação criminosa de poupanças privadas.
medievais.

No atual Governo do Brasil, a administração federal, com gastos orçamen- Na Europa, até o início dos tempos modernos, o reconhecimento
tários muito reduzidos, está se reestruturando profundamente, na essência de direitos civis e sua consagração em documentos escritos (constitui-
de sua ação de controle, buscando rapidamente a atuação integrada e de ções) eram limitados aos burgos ou cidades. A individualização desses
profunda articulação com os organismos do Governo e do Estado, envol- direitos a rigor não existe até o surgimento da teoria dos direitos naturais
vidos com o combate ao desvio do dinheiro público. do indivíduo e do contrato social, bases filosóficas do antigo liberalismo.
Nesse sentido, os privilégios e imunidades dos burgos medievais não
diferem, quanto à forma, dos direitos e obrigações das corporações e
O Governo Lula transformou profundamente a natureza de sua missão e outros agrupamentos, decorrentes de sua posição ou função na hierarquia
realiza ações conjuntas ou complementares nas áreas de auditoria, fiscali- social e na divisão social do trabalho. São direitos atribuídos a uma enti-
zação e apuração de desvios, com o Ministério da Justiça, a Polícia Fede- dade coletiva, e ao indivíduo apenas em decorrência de sua participação
ral, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e os em um desses "corpos" sociais.
Estaduais, a Advocacia-Geral da União, com êxito de todos os procedi-
mentos. Instituiu também o sistema de fiscalização a partir de sorteios O termo cidadão tornou-se sinônimo de homem livre, portador de
públicos, que ocorrem na sede da Loteria da Caixa Econômica Federal, direitos e obrigações a título individual, assegurados em lei. É na cidade
em Brasília, na presença de toda a imprensa e mídia e de representantes que se formam as forças sociais mais diretamente interessadas na indivi-
da sociedade civil, dos membros do Congresso Nacional, de oposição e dualização e na codificação desses direitos: a burguesia e a moderna
de governo, para escolher as áreas territoriais menores da Federação economia capitalista.
brasileira, que são os municípios, onde são aplicadas grandes parcelas do
Ao ultrapassar os estreitos limites do mundo medieval -- pela in-
dinheiro público.
terligação de feiras e comunas, pelo estabelecimento de rotas regulares
de comércio, entre regiões da Europa e entre os continentes --, a dinâmica
Neste Governo, a Lei criou o Conselho da Transparência Pública e Com- da economia capitalista favorece a imposição de uma jurisdição uniforme
bate à Corrupção. Além disso, estamos empenhados na tarefa do fortale- em determinados territórios, cuja extensão e perfil derivam tanto da inter-
cimento dos Conselhos municipais de controle social. Estamos participan- dependência interna enquanto "mercado", como dos fatores culturais,
do da ENCLA (Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro). linguísticos, políticos e militares que favorecem a unificação.
Em seus primórdios, a constituição do estado moderno e da eco-
Vamos realizar o IV Fórum Global de Combate à Corrupção, em junho de nomia comercial capitalista é uma grande força libertária. Em primeiro
2005, para o qual, inclusive, o Governo brasileiro os convida a todos para
Sociologia 40
APOSTILAS OPÇÃO
lugar, pela dilatação de horizontes, pela emancipação dos indivíduos ante tutelares de que a lei circunda alguns desses direitos contra os abusos do
o localismo, ante as convenções medievais que impediam ou dificultavam poder." É o caso do direito à liberdade pessoal, cuja garantia é o recurso
a escolha de uma ocupação diferente da transmitida como herança famili- do habeas corpus.
ar; libertária, também, ante as tradições e crenças que se diluíam com a
maior mobilidade geográfica e social; mas libertária, sobretudo, pela Direitos sociais. Na antiguidade, considerava-se que o trabalho
imposição de uma jurisdição uniforme, que superava o arbítrio dos senho- manual não era compatível com a inteligência crítica e especulativa, ideal
res feudais e reconhecia a todos os mesmos direitos e obrigações, inde- do estado. Daí o reconhecimento da escravidão, que restringia considera-
pendentemente de seu trabalho ou condição socioeconômica. velmente os ideais teóricos da democracia direta. A revolução social do
cristianismo baseou-se principalmente na dignificação do trabalho manual.
Além do sentido sociológico, a cidadania tem um sentido político, Por conseguinte, durante a Idade Média, o trabalho era considerado um
que expressa a igualdade perante a lei, conquistada pelas grandes revolu- dever social e mesmo religioso do indivíduo.
ções (inglesa, francesa e americana), e posteriormente reconhecida no
mundo inteiro. Com o declínio das corporações de ofício, que controlavam o tra-
balho medieval, e o surgimento das oficinas de trabalho, de características
Nessa perspectiva, a passagem do âmbito limitado - dos burgos - diferentes, entre as quais a relação salarial entre operário e patrão, estão
ao significado amplo da cidadania nacional é a própria história da forma- dadas as condições propícias ao capitalismo mercantilista da época do
ção e unificação dos estados modernos, capazes de exercer efetivo Renascimento e da Reforma.
controle sobre seus respectivos territórios e de garantir os mesmos direi-
tos a todos os seus habitantes. É fundamentalmente uma garantia negati- Mais tarde, a burguesia, que dominara a revolução francesa, viu-
va: contra as limitações convencionais ao comportamento individual e se diante dos problemas sociais decorrentes da revolução industrial.
contra o poder arbitrário, público ou privado. Assim, tornou-se indispensável a intervenção do estado entre as partes
desiguais em confronto no campo do trabalho, para regular o mercado
Rumo à universalização. A cidadania é originalmente um direito livre em que o trabalhador era cruelmente explorado.
burguês. Contudo, quando reivindicada como soma de direitos fundamen-
tais do indivíduo, estes se tornam neutros quanto a seus beneficiários Atualmente não se pode conceber a proteção jurídica dos direitos
presentes e potenciais. individuais sem o reconhecimento e a proteção dos direitos sociais do
homem, que são oponíveis não ao estado, mas ao capital, e têm na ação
Vista como processo histórico gradual, a extensão da cidadania é do estado sua garantia.
(1) a transformação da estrutura social pré-moderna no quadro da econo-
mia capitalista e do estado nacional moderno e (2) o reconhecimento e a Hoje existe um grande movimento pelo reconhecimento, definição
universalização de toda uma série de novos direitos que, em parte, são e garantia internacionais dos direitos humanos. Em 10 de dezembro de
indispensáveis ao funcionamento da economia capitalista moderna e, em 1948, a assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
parte, são resultado concreto do conflito político dentro de cada país. adotou em Paris a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que só
Portanto, trata-se de um conceito ao mesmo tempo jurídico, sociológico e terá força obrigatória quando for uma convenção firmada por todos os
político: descreve a consagração formal de certos direitos, o processo países membros da ONU.
político de sua obtenção e a criação das condições socioeconômicas que Os regimes de governo são justos na medida em que as liberda-
lhe dão efetividade. des são defendidas, mesmo em épocas de crise. Os princípios gerais de
Cidadania e democracia. A cidadania tem dois aspectos: (1) o ins- direito são sempre os mesmos: processo legal, ausência de crueldade,
titucional, porque envolve o reconhecimento explícito e a garantia de respeito à dignidade humana. As formas de execução desses princípios
certos direitos fundamentais, embora sua institucionalização nunca seja também não variam. Resumem-se em leis anteriores, em garantias efica-
constante e irredutível; (2) e o processual, porque as garantias civis e zes de defesa e, como sempre, acima de tudo, em justiça independente e
políticas, bem como o conteúdo substantivo, social e econômico, não imparcial.
podem ser vistos como entidades fixas e definitivas, mas apenas como um Suspensão das garantias constitucionais. No Brasil, a instabilida-
processo em constante reafirmação, com limiares abaixo dos quais não há de do poder político e as lutas oligárquicas durante a primeira república
democracia. Democrático, no sentido liberal, é o país que, além das fizeram do estado de sítio e da intervenção federal os centros de conver-
garantias jurídicas e políticas fundamentais, institucionaliza amplamente a gência dos debates jurídicos e das ações políticas. Também o Supremo
participação política. Tribunal Federal defrontou-se frequentemente com o problema. No entan-
Direitos e garantias individuais. A necessidade de certas prerroga- to os fatos mais de uma vez atropelaram o direito ao longo da história do
tivas que limitem o poder político em suas relações com a pessoa humana Brasil. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
são, muito provavelmente, criação do cristianismo, que definiu o primeiro Democracia
terreno interditado ao estado: o espiritual.
Desde seu surgimento na antiguidade clássica, o ideal democráti-
No campo do direito positivo, foi a revolução francesa que incor- co -- aspiração dos homens e dos povos a assumir plenamente seu desti-
porou o sistema dos direitos humanos ao direito constitucional moderno. A no coletivo e sua responsabilidade política -- manifestou-se de muitas
teoria do direito constitucional dividiu, de início, os direitos humanos em maneiras diferentes. Como realidade política, no entanto, são escassos os
naturais e civis, considerando que a liberdade natural, mais ampla, evolui exemplos históricos de sociedades ou grupos que tenham vivido de acor-
para o conceito de liberdade civil, mais limitada, visto que seus limites do com esse ideal. Só a partir do último terço do século XVIII, com a
coincidem com os da liberdade dos outros homens. independência dos Estados Unidos e o triunfo da revolução francesa,
A primeira concretização da teoria jurídica dos direitos humanos surgiram as modernas democracias e iniciou-se um longo e desigual
foi o Bill of Rights, de 1689 -- a declaração de direitos inglesa. Só depois caminho de desenvolvimento e implantação dos sistemas democráticos no
da independência dos Estados Unidos, porém, as declarações de direitos, planeta.
inseridas nas constituições escritas, adquirem o perfil de relação de direi- Denomina-se democracia (do grego demos, "povo", e kratos, "au-
tos oponíveis ao estado, e dos quais os indivíduos são titulares diretos. toridade") uma forma de organização política que reconhece a cada um
Dada sua importância, o direito constitucional clássico dividia as leis dos membros da comunidade o direito de participar da direção e gestão
fundamentais em duas partes: uma estabelecia os poderes e seu funcio- dos assuntos públicos. Nas sociedades modernas, são reduzidas as
namento; outra, os direitos e garantias individuais. possibilidades de participação direta, dado o número e a complexidade
No Brasil, é clássica a definição dada por Rui Barbosa às garanti- dos assuntos públicos. Só é possível o exercício direto da democracia em
as, desdobramento dos direitos individuais: "Os direitos são aspectos, algumas instituições tradicionais -- administração municipal ou assemblei-
manifestações da personalidade humana em sua existência subjetiva, ou as populares, por exemplo. Assim, nos países democráticos, é comum o
nas suas situações de relações com a sociedade, ou os indivíduos que a exercício da democracia por meio de um sistema indireto ou representati-
compõem. As garantias constitucionais stricto sensu são as solenidades vo.

Sociologia 41
APOSTILAS OPÇÃO
Normalmente, esse sistema é regulado por uma lei fundamental difusão das ideias democráticas, não apenas nos estados europeus, mas
ou constituição. Os cidadãos elegem representantes, cuja participação nas também na América. Assim, a instauração na Espanha, durante a guerra
diversas instituições governamentais garante a defesa de seus interesses. da independência, de um poder provisório inspirado naquelas ideias
De maneira geral, esses representantes fazem parte de vários partidos favoreceu sua exportação para as colônias americanas.
políticos, que se identificam com os interesses de uma classe ou grupo
social e sustentam diferentes opiniões a respeito de como se deve soluci- Os Estados Unidos da América foram a primeira nação a criar um
onar os problemas da comunidade. Os candidatos que recebem mais sistema democrático moderno, definitivamente consolidado em decorrên-
votos nas eleições passam então à categoria de membros dos organismos cia de sua vitória na guerra de independência contra a monarquia britâni-
parlamentares -- congresso, senado, câmara de deputados, parlamento, ca. No caso dos novos países da América, em geral caminharam juntas as
cortes, assembleia nacional etc. -- nos quais, por um determinado período ideias de democracia e independência. Os "libertadores" buscaram pôr fim
(mandato), devem defender as opiniões do partido pelo qual se elegeram, não só ao domínio exercido pelas potências colonizadoras, como também
apoiando, criticando, reelaborando e votando os projetos de lei que forem aos poderes absolutos que os soberanos dessas potências personifica-
submetidos a discussão. vam.

No sistema parlamentarista, o governo da nação é exercido pelo Democracia na atualidade. Embora estejam notavelmente disse-
partido ou coligação de partidos detentores da maioria parlamentar, e minadas no mundo de hoje e seja difícil encontrar argumentos doutrinários
normalmente o chefe de governo é o líder do partido majoritário. O siste- contrários a elas que mereçam consenso, em muitas áreas do mundo as
ma presidencialista distingue-se do parlamentarista pelo fato de os cida- ideias democráticas não são postas em prática pelos sistemas políticos.
dãos elegerem tanto um presidente da república, que exerce o poder As democracias populares constituíram um caso à parte. Nos paí-
executivo com apoio de um ministério por ele nomeado, quanto os mem- ses em que houve tomada do poder por organizações de esquerda, sobre-
bros do congresso, cujos poderes normalmente se limitam à legislação e à tudo de caráter comunista, implantaram-se sistemas de dominação política
aprovação dos orçamentos gerais da administração pública. e militar que, embora se proclamassem democráticas, impediam o livre
Evolução dos sistemas democráticos: Grécia e Roma. A demo- exercício dos direitos e das liberdades fundamentais. Nesses sistemas
cracia teve origem na Grécia clássica. Atenas e outras cidades-estados políticos, afirmava-se que a organização democrática parlamentar não
implantaram um sistema de governo por meio do qual todos os cidadãos constituía uma tradução adequada das ideias democráticas, já que só
livres podiam eleger seus governantes e serem eleitos para tal função, por serviriam para legitimar o exercício do poder por influentes grupos de
um determinado período. Esse exercício democrático -- do qual estavam pressão, sobretudo de tipo econômico. Para os sistemas que foram domi-
excluídos os escravos, as mulheres e os estrangeiros -- foi possível por- nantes nesses países, a organização democrática parlamentar seria uma
que os cidadãos formavam um grupo numericamente reduzido e privilegi- democracia formal, sem conteúdo, oposta à democracia real, que eles
ado. representariam.

Embora o sistema tenha recebido o apoio teórico e doutrinário de Organização jurídica da democracia. A essência da democracia
pensadores da envergadura de Aristóteles, com frequência ocorriam como sistema político reside na separação e independência dos poderes
situações em que a normalidade democrática era interrompida por meio fundamentais do estado -- legislativo, executivo e judiciário --, bem como
de mecanismos que também se repetiram frequentemente ao longo da em seu exercício, em nome do povo, por meio das instituições que
história. Quando havia algum conflito com uma região ou cidade vizinha, dele emanam.
eram atribuídos a alguns generais poderes absolutos enquanto durasse a O poder legislativo concretiza-se na instituição parlamentar, que
guerra. Às vezes, ao encerrar-se esta, aproveitando o prestígio popular pode ser unicameral ou bicameral. Tem ela como atribuição a elaboração
conquistado, os generais apossavam-se do poder como ditadores. Uma das leis, interpretando-se, portanto, a máxima democrática "o poder ema-
situação desse tipo acabou com a "democracia de notáveis" dos primeiros na do povo" como uma afirmação de que é o povo -- seus representantes
tempos de Roma. O sistema democrático vigorou muito menos tempo em eleitos por um período limitado e por um sistema eleitoral determinado --
Roma do que na Grécia e, mesmo durante o período republicano, o poder que elabora as leis que regem a vida da comunidade e controla o poder
permaneceu habitualmente nas mãos da classe aristocrática. executivo. Por isso, o sistema também recebe a denominação de estado
Fundamentos da democracia moderna. Só no século XVII come- de direito.
çaram a ser elaboradas as primeiras formulações teóricas sobre a demo- O poder executivo incumbe-se do governo da nação, garantindo o
cracia moderna. cumprimento das leis e cuidando da administração do estado.
O filósofo britânico John Locke foi o primeiro a afirmar que o poder Num sistema democrático parlamentarista, os cidadãos controlam
dos governos nasce de um acordo livre e recíproco e a preconizar a o poder político pelo voto, de modo que podem remover do poder os
separação entre os poderes legislativo e judiciário. Em meados do século partidos cujos dirigentes não tenham cumprido suas promessas eleitorais
XVIII foi publicada uma obra capital para a teoria política moderna: De ou tenham cometido o que os cidadãos consideram erros de gestão
l'esprit des lois (1748; Do espírito das leis), de Montesquieu. O filósofo e política, econômica ou social. Ao controlar o poder executivo, o parlamen-
moralista francês distinguia nesse livro três tipos diferentes de governo: to pode, em casos extremos e de acordo com pressupostos estabelecidos
despotismo, república e monarquia -- fundamentadas no temor, na virtude pela constituição, chegar a retirar sua confiança do governo. Em tais
e na honra, respectivamente -- e propunha a monarquia constitucional casos, procede-se à realização de eleições antecipadas.
como opção mais prudente e sábia. A liberdade política seria garantida
pela separação e independência dos três poderes fundamentais do esta- O terceiro poder do estado, o judiciário, serve de árbitro entre o
do: legislativo, executivo e judiciário. Assim, Montesquieu formulou os legislativo e o executivo nos conflitos de jurisdição, bem como de intérpre-
princípios que viriam a ser o fundamento da democracia moderna. te dos textos legais. A autoridade judiciária aplica a justiça em nome do
povo.
Entretanto, setores cada vez mais amplos da opinião pública, en-
cabeçados pela burguesia -- para cujo desenvolvimento a sobrevivência Direitos e liberdades fundamentais. Em todo sistema democrático,
do antigo regime constituía um obstáculo --, formulavam propostas de as leis constitucionais, elaboradas pelos representantes dos cidadãos
organização e ação destinadas a abolir o absolutismo e a instaurar uma durante um processo constituinte e dotadas dos mecanismos de reforma
nova ordem política. apropriados, inspiram-se na aceitação básica e no reconhecimento explíci-
to por toda a comunidade de uma série de direitos e liberdades fundamen-
O povo francês deu vazão a seus anseios, por tanto tempo repri- tais, que são de caráter político e social (livre expressão de opiniões,
midos, na rebelião contra o governo dos Bourbon e da aristocracia. A liberdade de culto, de associação política, reunião e manifestação, de
revolução francesa procurou em vão encontrar formas de organização proteção familiar etc.), econômico (direito a trabalho e salário dignos,
política e social que dotassem o sistema de certa estabilidade, mas o direito de associação sindical, direito de greve) e cultural (direito à educa-
surgimento de Napoleão e a instauração do império fizeram abortar esses ção). Todo direito positivo que emana da constituição tende a procurar
esforços. Apesar disso, a revolução teve como consequência uma ampla proteger tais direitos.
Sociologia 42
APOSTILAS OPÇÃO
Deveres dos cidadãos. Embora, historicamente, a democracia te- atividades. Ao longo de sua vigência, não faltaram ameaças antidemocrá-
nha surgido para garantir o exercício das liberdades públicas diante do ticas, sobretudo de golpes militares.
poder irrestrito do estado, os sistemas democráticos também consagram
uma série de deveres sociais que todos os cidadãos são obrigados a Em 1964, o presidente constitucional João Goulart foi deposto por
cumprir. Esses deveres incluem, basicamente, uma prestação pessoal de um movimento político-militar. Durante a ditadura subsequente, que se
serviços -- como o serviço militar, ou serviços civis que o substituam, em estendeu por duas décadas, o país viveu regulamentado por uma série de
todas as circunstâncias ou em casos de emergência -- e uma contribuição atos institucionais e complementares. Mesmo a constituição de 1967, que
econômica, que se traduz sobretudo na aceitação e no cumprimento da restabeleceu certas características de normalidade institucional, foi emen-
obrigação de pagar os impostos votados pelos representantes do povo no dada em outubro de 1969 por novo ato, que manteve o Ato Institucional no
parlamento. Os deveres dos cidadãos baseiam-se na obrigação jurídica 5.
geral relativa ao acatamento das leis -- a democracia como situação de No início da década de 1980, a redemocratização foi ocorrendo
"império da lei" -- e na obediência à autoridade no legítimo exercício de gradualmente, com a suspensão da censura prévia à imprensa, a lei da
suas funções, isto é, na medida em que sua atuação se ajustar ao que foi anistia e outras medidas. A convocação de uma assembleia constituinte
legalmente estabelecido e aprovado pelos representantes populares. figurava na plataforma de Tancredo Neves, eleito presidente indiretamente
Democracia no Brasil mas falecido sem assumir o cargo. José Sarney, vice-presidente empos-
sado, convocou o Congresso seguinte a assumir funções constituintes.
Afirma o parágrafo único do Art. 1o da constituição brasileira de Em 1988 foi promulgada uma nova constituição, que consagrava direitos e
1988: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de represen- garantias individuais e sociais mais amplos que os da carta de 1946.
tantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição." No entanto, ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
o que se pode afirmar de rigorosamente verdadeiro é que no decorrer da
fase republicana e apesar de duas ditaduras -- a do Estado Novo (1937- O exercício da cidadania começa em casa
1945) e a oriunda do movimento político-militar de 1964 -- além de várias O mundo em que vivemos precisa de paz e união, elementos funda-
crises, a democracia brasileira tem evoluído claramente no sentido do mentais a vida que podem ser conquistados com a solidariedade de cada
aperfeiçoamento. um de nós. Esta solidariedade deve ser cultivada dentro de nossas casas
As constituições brasileiras sofreram influências diversas. A primei- e principalmente, juntamente com os nossos filhos, mostrando a importân-
ra, outorgada por D. Pedro I em 1824, era parlamentarista e bastante cia de determinados valores que nos tornam cidadãos cada vez mais
moldada pelo regime inglês. Transferia, porém, ao imperador, titular do comprometidos com o mundo em que vivemos.
poder moderador, algumas das atribuições que no Reino Unido cabiam à
Câmara dos Lordes, como a capacidade de retardar a promulgação de leis Ser cidadão é estar comprometido com seus direitos e deveres, é sa-
por duas sessões legislativas, quando se recusasse a sancioná-las. Quan- ber respeitar os limites do próximo e se importar com quem está ao nosso
to aos direitos políticos, a constituição imperial consagrava o princípio da redor. Dar bons exemplos é uma grande lição para nossos filhos. Pense
renda mínima anual: cem mil-réis para participação nas assembleias na importância que ter uma postura cidadã com a vida e como isto pode
paroquiais, 200 mil-réis nas províncias, 400 mil-réis na Câmara, 800 mil- tornar o mundo melhor.
réis no Senado e no Conselho de Estado. A carta de 1824 permitia a Para incentivarmos esta postura de valores dentro de nossas famílias,
escravidão e negava direitos políticos às mulheres, aos filhos de família, precisamos dar bons exemplos. Filhos não aprendem apenas com o que
criados e religiosos. Os libertos só podiam votar nas assembleias paroqui- nós falamos, mas principalmente com o que fazemos. As crianças são o
ais e os estrangeiros naturalizados eram inelegíveis para a Câmara e o nosso reflexo, são frutos da educação que nós pais oferecemos. Veja
Senado, mas podiam ser ministros de estado. Como se vê, a carta magna algumas dicas:
do império, embora incorporasse extensa declaração dos direitos dos • Tenha atitudes honestas e justas;
cidadãos, não atendia a alguns requisitos hoje considerados essenciais à • Seja tolerante;
democracia. • Respeite as diferenças;
A constituição de 1891, em que preponderava a influência ameri- • Ajude quem precisa;
cana, adotou, entre outras inovações, o regime presidencialista, aboliu o • Tenha sempre presente em seu vocabulário aquelas palavras
poder moderador, criou o sistema federativo, limitou a três o número de como: ”por favor” e “muito obrigado”. http://nejmiaziz.com.br/
senadores por estado, previu a representação das minorias e instituiu o
sufrágio universal masculino, excetuados os analfabetos, mendigos, A RELEVÂNCIA DA ÉTICA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
praças de pré e religiosos. No entanto, permitiu o voto a descoberto, fonte Cicero Araujo
de muitas das fraudes eleitorais da república velha, esqueceu a justiça
I.
eleitoral (ficava nas mãos do governo o reconhecimento dos parlamenta-
res eleitos) e nenhuma referência fez às garantias sociais dos trabalhado- Já faz algumas décadas que a Ciência Política contemporânea procu-
res. rou transpor para seu campo de investigação o paradigma do homo oeco-
nomicus – a psicologia egoística utilizada pela teoria econômica convenci-
A lei orgânica do governo provisório (novembro de 1930) e, poste-
onal para dar conta das interações sociais no mercado. “Seu campo de
riormente, a constituição de 1934 foram as primeiras a levar em conta a
investigação”, isto é, o comportamento de atores coletivos como os parti-
posição social dos trabalhadores na democracia brasileira, concedendo
dos, os sindicatos, os gabinetes governamentais, ou de atores individuais
garantias e a instituindo a justiça trabalhista. A constituição de 1934 tomou
como as lideranças partidárias, os parlamentares, os eleitores etc. Para o
como modelo a de Weimar, na Alemanha, e em muitos pontos serviu de
assunto que nos interessa aqui, teve grande impacto no debate posterior o
base aos constituintes de 1946. A constituição de 1937, outorgada por
transporte do paradigma econômico para entender certos problemas da
Getúlio Vargas, rompeu com a tradição política brasileira, já que ampliou o
administração pública e da ação coletiva de um modo gera l.
poder e o mandato do presidente da república, restringiu a autonomia do
poder judiciário, dissolveu todos os órgãos legislativos e declarou o estado Cito de cabeça duas linhas de trabalho que, ainda na década de 1960
de emergência. Baseada na constituição da Polônia de 1935, serviu de e início de 1970, tiveram forte influência na compreensão contemporânea
estrutura legal a um regime ditatorial. das burocracias estatais, das dificuldades do cidadão comum para mantê-
las sob controle e fazê-las prestar os serviços a que foram destinadas.
A constituição de 1946 procurou conciliar as diversas correntes
Começo mencionando os estudos de James Buchanan e associados2,
doutrinárias representadas entre os constituintes. Garantiu o direito de
cujas conclusões apontam, primeiro, para a tendência, especialmente nas
propriedade, tal como entende a liberal-democracia, mas condicionou seu
democracias, de proliferação de serviços à custa dos contribuintes, como
uso ao bem-estar social, ideia nitidamente socialista. Determinou que se
forma de garantir a reprodução das próprias burocracias encarregadas de
organizasse a ordem econômica e social conforme os princípios da justiça
fornecer tais serviços; e, segundo, para a tendência de “busca da renda
social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho
particular” (rent seeking): como que tentando desmistificar a auréola do
humano. Admitiu o exercício, pela União, do monopólio de indústrias e
funcionário como um promotor imparcial do bem comum, esses estudos
Sociologia 43
APOSTILAS OPÇÃO
mostram os servidores estatais como um grupo de interesse à parte – não e, portanto, sem a cooperação, interesses cruciais dos agentes egoístas
apenas um grupo de interesse dentre outros, mas um grupo colocado seriam afetados. Em outras palavras, o auto-interesse mesmo deveria ser
numa posição especial, já que detentor de certos monopólios legais, impulso suficiente à cooperação e, no entanto, é o autointeresse que a
exatamente por fazer parte do Estado – sempre disposto a transformar em corrói, quando não a elimina pura e simplesmente. Eis o sabor de parado-
exclusivo benefício próprio pelo menos parte dos recursos extraídos dos xo.
cidadãos, em princípio destinados ao benefício comum.
II.
O outro estudo que vale mencionar, realizado por Mancur Olson, es-
tendese para os problemas de articulação de qualquer ação coletiva que Na verdade, a longa tradição da filosofia moral e política já havia es-
requeira o engajamento de um grande número de pessoas.3 Suponha que boçado paradoxos como os mencionados acima, os quais apareciam com
uma comunidade precisa providenciar um determinado bem coletivo, frequência na forma de dilemas práticos. (Por exemplo, como aparece no
digamos, uma rua pavimentada: se o grupo de pessoas que conjugar seus episódio da condenação de Sócrates, mencionado nos diálogos de Platão:
esforços para prover esse bem for muito pequeno, a ausência de uma é preferível, se tivéssemos apenas essas duas opções, sofrer a injustiça
delas pode prejudicar toda a empreitada; como prover o bem é do interes- ou cometê - la?) Poderíamos recuar a esses debates dos antigos filósofos
se de cada membro do grupo, há um forte incentivo para que todos real- gregos – estamos falando de uma longa tradição mesmo! – mas vamos
mente se esforcem para gerar o benefício. nos contentar com certos pais fundadores do pensamento político moder-
no, e com a brevidade que esta palestra requer. Em primeiro lugar, no
Contudo, se o grupo for muito grande, de tal forma que a contribuição pensamento de Thomas Hobbes, um filósofo inglês do século XVII, pois
individual de cada participante seja proporcionalmente muito pequena ou ele é também o primeiro moderno a explorar rigorosamente as premissas
insignificante, haverá fortes incentivos para que não haja amplo comparti- do homo oeconomicus antes mesmo da teoria econômica ter se estabele-
lhamento dos esforços, e para jogar nos ombros dos demais o peso do cido como disciplina autônoma. E usou-a não para elucidar o mercado,
empreendimento. Se houver, dentro do grupo maior, um grupo bem menor mas para mostrar por que a organização política das comunidades, isto é,
altamente interessado em fornecer esse benefício de qualquer forma, a o Estado, e a estrita obediência a ela por parte de seus súditos era neces-
despeito do comportamento parasitário do restante, a ação coletiva fatal- sária para promover interesses vitais de cada indivíduo. Para tanto,
mente resultará capenga, para não dizer totalmente frustrada em seus Hobbes postulou uma situação inteiramente hipotética, na qual pessoas
propósitos. Esse é o famoso problema do “carona” (free rider), que coloca compulsivamente egoístas se viam expostas umas às outras sem a medi-
em evidência o por quê das organizações sociais se estruturarem em ação dessa organização política comum, situação a que chamou de
hierarquias, às quais se apendam incentivos especiais às diferentes “estado de natureza” (em oposição ao “estado civil ou político”). Sua
camadas, de modo a aumentar sua eficácia ou produtividade, ou então de análise dessa situação hipotética era a demonstração da completa impos-
modo a evitar que os efeitos corrosivos do “carona” simplesmente não sibilidade da vida social no estado de natureza. Este, se existisse de fato,
destruam a ação coletiva à qual foram encarregadas de organizar. Aliás, não poderia ser outra coisa senão um “estado de guerra de todos contra
qualquer executivo de uma grande organização social, seja ela privada ou todos”: para Hobbes, a anarquia, a ausência de organização política
pública, sabe muito bem, ainda que apenas de forma intuitiva, o que comum, correspondia à anomia, a completa ausência de regras de convi-
significa o “carona” e de seus efeitos nefastos na vida da organização que vência e, logo, de cooperação social. Invertendo o raciocínio, Hobbes
ajuda a administrar. O feito de Olson foi isolar o fenômeno, estabelecer queria dizer que a condição necessária da cooperação social é a firme e
uma hipótese para explicar suas razões e dar-lhe grande relevância para a voluntária disposição de cada indivíduo para obedecer a um superior
compreensão da ação coletiva nas suas mais variadas formas. comum, o “Soberano”, a autoridade política incontrastável (leia-se: uma
autoridade acima da qual não poderia haver recurso), cabeça de uma
Não vou me deter no detalhe dos argumentos que esses autores lan- organização social maior que inclui a Lei e a Espada da Lei (o Estado).
çam mão para demonstrar essas conclusões, mesmo porque estamos Reparem onde recai a ênfase do argumento: não se trata apenas de
falando de estudos bastante complexos, envolvendo também entendiantes estabelecer a nomia do est ado civil em oposição à anomia do estado de
formalizações matemáticas. A menção a eles visa apenas destacar as natureza, pois os indivíduos nessa condição bem poderiam ter experimen-
premissas psicológicas de todo o encadeamento do raciocínio, raramente tado estabelecer regras comuns de ação, e então chamá-las de “Lei”. Mas
problematizadas e discutidas, mas geralmente justificadas por seu aparen- é precisamente isso que Hobbes pensava ser impossível sem o Soberano:
te realismo: a base elementar das interações sociais são indivíduos egoís- este no fundo representa o instrumento comum capaz de coagir os recalci-
tas, exclusivamente “auto-interessados”, que ingressam em ações coope- trantes a respeitar as regras, quaisquer que fossem. Sem a devida consti-
rativas apenas porque não há outra maneira de obter certos bens (justa- tuição de tal instrumento, o desrespeito à Lei seria generalizado. Em
mente os “bens coletivos”) para si mesmos. Mas que são também indiví- essência, é isso o que significa Estado.
duos “racionais”, isto é, capazes de escolher, dentro de um leque de
diferentes opções de ação, aquela alternativa que otimize a relação entre Mas essa breve apresentação já nos faz pressentir, no raciocínio de
o benefício esperado da opção e o custo para viabilizá-la – ou que “maxi- Hobbes, pelo menos um paradoxo (do qual ele não tinha plena ciência) e
mize a utilidade”, para empregar a terminologia dos economistas. um dilema prático (sobre o qual estava perfeitamente atento):
Há que reconhecer a enorme força atrativa que essas premissas são (1) O paradoxo é que a decisão voluntária de instituir e obedecer um
capazes de exercer sobre o investigador social, tanto por sua simplicidade Soberano significa, em si mesma, um ato cooperativo. Porém, não havia o
(elas são aptas a fornecer modelos explicativos enxutos e elegantes, argumento estabelecido que qualquer ação cooperativa da parte de indiví-
senão do ponto de vista moral, ao menos do ponto de vista cognitivo) duos compulsivamente egoístas requer a figura do Soberano e seu Esta-
quanto por sua plausibilidade e realismo – quem não seria tentado a do? Dito de outra maneira: para cooperar precisamos de um Soberano,
admitir a hipótese de que, em média, as pessoas são auto-interessadas, mas para ter um Soberano precisamos já cooperar de alguma forma.
pelo menos quando se trata das interações anônimas do mercado ou das Como sair dessa enrascada? De certo modo, a obra de Hobbes antecipa
grandes organizações estatais? alguns dos problemas de autores como Buchanan e Olson, já citados,
quando puxamos suas premissas até seus extremos.
No entanto, um leitor mais atento desses estudos não deixa de sus-
peitar de um certo sabor de paradoxo em suas conclusões, derivadas do (2) O dilema prático é o seguinte. Se por Soberano entendemos de fa-
aparência mesma de realismo das premissas. Pois se é verdade que as to um superior incontrastável, a autoridade acima da qual não há recurso,
organizações sociais e as somos tentados a imaginar uma figura que, eventualmente, de posse dos
recursos de poder para tanto, venha a agir de forma sistematicamente
ações coletivas são focos permanentes de rent seekers e free riders, arbitrária e tirânica,
como não deixar de pensar que, levadas às últimas consequências, a
compulsão egoísta e a “maximização da utilidade” deveriam liquidar No capítulo 18 do Leviathan, sua obra-prima, Hobbes faz o seguinte
completamente a vida social e toda a possibilidade de cooperação? Po- trocadilho, que indica claramente essa intenção: “Covenants without the
rém: (1) as organizações sociais persistem, assim como o fato da coope- sword are bu t words” (“Os pactos sem a espada não passam de pala-
ração – e as premissas só nos deixam perplexos a respeito de por quê vras”). desrespeitando suas próprias leis, perseguindo, prendendo e
elas persistem; e (2) os próprios estudos assumem que, sem a vida social arrebentando seus súditos. O que fazer? Hobbes havia dito que a vida sob
Sociologia 44
APOSTILAS OPÇÃO
o pior Soberano seria ainda assim bem melhor que a sob o estado de a praticar maldades ao estranho – e isso não em prol de nós mesmos,
natureza, a vida em perpétua guerra civil. Para um observador atento do mas do grupo a que pertencemos – mais terríveis do que praticaríamos se
século XXI, porém, que conheceu as misérias dos regimes tirânicos, vivêssemos a sós.
autoritários ou totalitários do século XX (e que ainda persistem em muitos
lugares), isso deve soar mais como uma profissão de fé do que um argu- A história das sociedades humanas, contudo, sugere uma contínua
mento sólido. Para tal observador, soaria mais razoável pensar que toda a expansão rumo a comunidades mais amplas e complexas do que tribos e
autoridade política deve ser limitada por outras autoridades. Algo como um clãs. Como explicá-la? Aqui Hume é obrigado a apelar, não para o senti-
regime constitucional de “freios e contrapesos” (checks and balances), mento natural, mas para a convenção, para o artifício institucional, cujo
como gostam de dizer os americanos. primeiro fruto é a virtude da Justiça, a base das regras do Direito. A Justi-
ça é a virtude da macro - sociabilidade, geradora de regras estritas e in
Mas o próprio Hobbes se antecipara a essa aparentemente agradável flexíveis (“convenções”), porém impessoais (pois não importa quem elas
solução (evidentemente falsa, a seu ver). Controlar o Soberano – diga- beneficiam ou prejudicam em cada caso de sua aplicação) e expansivas,
mos, através da intervenção periódica do “Povo” (o conjunto dos cidadãos que contrasta com as virtudes da micro - sociabilidade, maleáveis e per-
comuns participando diretamente do controle), ou, para ser mais realista, sonalizadas (isto é, onde importa o “quem”), mas exatamente por isso de
dos “Representantes do Povo” reunidos numa Câmara especial de fiscali- curto alcance. Mas qual a base do respeito às convenções sociais, as
zação – controlar o Soberano, dizia ele, significa simplesmente fazer com regras da Justiça? Tem de haver um princípio geral que sustente as
que o Soberano deixe de ser Soberano, e transferir essa função para a convenções. Esse princípio é a reciprocidade. Daí que o contrato e a
figura do controlador. promessa sejam os modelos exemplares da Justiça em ação: os dois
primeiros contratantes devem ter sido sujeitos estranhos um ao outro, mas
Quem, porém, controlará o controlador? Um novo controlador, e o que por um motivo qualquer – digamos, comercial – precisaram produzir
controlador desse controlador, etc etc etc? um bem coletivo. Qual a estrutura geral do contrato? Eu faço a minha
Enfim, o dilema ou conduz a uma regressão ao infinito – e aqui se an- parte e, no momento aprazado, você faz a sua. Sou indiferente à sua
tevê o problema da hipertrofia do aparato estatal indicado por Buchanan, felicidade, e, contudo, para produzir certo bem para mim ou para meus
na forma de uma sobreposição indefinida de mecanismos burocráticos de entes queridos, preciso estabelecer uma relação cooperativa com o estra-
fiscalização –, ou então somos obrigados a parar em algum ponto nessa nho, sem o qual aquele bem não vinga. Logo, só tem sentido cooperar
escalada, sem que a questão inicial que deveria ser respondida (como nessas condições se cada um faz a sua parte, e na medida em que cada
estabelecer o controle da autoridade política por outras autoridades) fique um faz a sua parte (daí a reciprocidade). Essa é a natureza da convenção,
claramente equacionada. tão bem caracterizada pela imagem humeana dos dois remadores de um
barco que se controlam mutuamente na alternância de seus respectivos
III. lances de remo.
Vejamos agora um outro pensador político que se debruçou sobre os Um faz seu lance na medida em que o outro faça o seu, e só nessa
mesmos problemas, mas de uma outra perspectiva. David Hume, esse medida o bem coletivo (a navegação rumo a um porto comum desejado)
pensador, um filósofo escocês do século XVIII, tinha genuínas preocupa- será produzido.
ções de ordem moral em suas elaborações. Hume é muito citado como
um dos autores iluministas que via a moralidade não como um artifício das Notem como nesse argumento a percepção do auto-interesse embasa
organizações políticas para conter nossos instintos egoístas, mas como a reciprocidade. E é desse ponto em diante que os problemas do argu-
uma espécie de sentimento primário, natural, que estimulava certas ações mento vão aparecendo:
espontâneas de solidariedade e cooperação, isto é, sem o recurso ao (1) A sociedade grande e complexa, reconhece Hume, supera as difi-
Soberano hobbesiano. Contudo, quando se tratava de pensar a organiza- culdades e deficiências do círculo restrito da tribo, e porém gera suas
ção política de uma sociedade grande e complexa, seu argumento e suas próprias dificuldades e deficiências. Quanto mais cresce a sociedade,
conclusões parecem não escapar de dilemas análogos aos de Hobbes, mais anônima e impessoal ela se torna, de modo que sua sustentação
Buchanan e Olson, conforme veremos daqui a pouco. dependerá menos das paixões altruístas do que da reciprocidade e, logo,
Hume partia, sem dúvida, de premissas mais variadas que as de da percepção do auto –interesse na própria atividade cooperativa. Uma
Hobbes. Ao lado dos impulsos psicológicos do auto-interesse, ele suponha coisa, porém, é cooperar com uns poucos estranhos, onde é possível
também impulsos benevolentes e altruístas: além da busca pelo próprio controlar os laços recíprocos de cada parte e onde está claro que a defec-
bem, o que é natural e até certo ponto desejável, as pessoas também se ção de um dos cooperantes põe a perder todo o empreendimento. Outra é
interessam pelo bem alheio. Detalhe, porém: não se trata de uma benevo- a situação em que o número de estranhos é enorme, em que a contribui-
lência indefinida e ilimitada, mas de uma benevolência parcial. Gostamos ção de cada um é proporcionalmente ínfima.
e desejamos sinceramente o bem de Pensem, para ficar num exemplo bem simples, na diferença da parti-
certas pessoas, mais do que de outras: o de nossos pais, filhos, ir- cipação eleitoral de um grupo de cinco eleitores e a participação num
mãos e amigos, mais do que uma pessoa que mal conhecemos, ou de um grupo de um milhão de eleitores. A importância da participação de cada
conjunto anônimo de pessoas. Sim, amamos o próximo muitas vezes até indivíduo para a determinação de um certo resultado no primeiro caso é
mais do que a nós mesmos, porém o próximo é o próximo de fato, que visivelmente maior do que no segundo caso. No primeiro, relutaria muito
não raro concorre com o distante, quando não está em briga com ele. em deixar de participar, se estou de fato interessado nesse resultado
determinado. No segundo, tendo a estimar, com razão, que minha ausên-
É verdade que somos capazes de ressoar espontaneamente os so- cia será muito menos decisiva (e também muito menos sentida) para esse
frimentos e as alegrias alheias, como que reproduzindo esses sentimen- ou aquele resultado final, ainda que seja do meu interesse obtê-lo, a ponto
tos em nós mesmos, ainda que de forma esmaecida, um fenômeno que de eu apostar que um número suficiente de parceiros cumprirão a sua
Hume chamava de “simpatia”, da qual derivou os sentimentos morais. Mas parte em meu lugar, e então obter resultado idêntico ao que obteria se eu
a simpatia apenas transmite e reproduz sentimentos, ela não implica tivesse participado. Mas o dia da votação, um domingo, está ensolarado:
automat icamente desejar e efetivamente fazer o bem a qualquer pessoa por que não desfrutar esse sol na praia, e deixar que os outros enfrentem
ou a qualquer necessitado que esbarremos no caminho, como faria o Bom a fila da urna por mim? Estamos outra vez diante da mesmíssima questão
Samaritano dos Evangelhos. Antes, a benevolência parcial, um desejo identificada por Olson: o problema do “carona”. Mas é óbvio que se todos
natural de fazer o bem, explica nossas propensões tribais primárias, ou pensassem como o carona, o bem coletivo almejado não se consumaria.
seja, nossa disposição para conviver num círculo restrito, próximo, de Mas por que não pensariam, se os estranhos cooperam apenas graças à
amigos e familiares: nossa propensão espontânea ao clã ou à tribo. Mas o reciprocidade e o auto-interesse?
clã ou a tribo, ao mesmo tempo que desenvolve impulsos de altíssima
atração para dentro, não raro cria também impulsos igualmente fortes de (2) Hume imagina duas saídas para esse aparente labirinto. A primei-
repulsão ao estranho, os círculos sociais distantes. Como membros de um ra volta a recorrer à psicologia: o hábito explicaria, pelo menos em parte,
grupo, pensava Hume, somos até estimulados, em certas circunstâncias, porque continuamos a cooperar mesmo quando deixamos de perceber
claramente em que medida nossa participação num empreendimento
Sociologia 45
APOSTILAS OPÇÃO
cooperativo é decisiva ou não para produzir o resultado almejado. Se em incondicional a uma certa interpretação da igualdade entre os seres hu-
situações mais simples e visíveis julgamos que nossa participação é sim manos?
decisiva, tendemos a estender esse juízo, sem conferir se tal é mesmo o
caso, para os casos mais complexos e menos visíveis. Todas elas, creio, são alternativas plausíveis para fundar a ética, e
ajudam a explicar, em parte, o sustento da organização social, da coope-
Mas o hábito, admite Hume, está longe de uma explicação suficiente, ração e da solidariedade. Não digo que para ajudar a explicar seja preciso
e então ele recorre a uma segunda saída, mais fundamental. Trata-se da assumir que elas são praticadas por todos e em todos os momentos.
constituição do governo, ou seja, de uma espécie de divisão de trabalho Fosse assim, incorreríamos no mesmo exagero a que incorre a psicologia
entre governantes e governados, o primeiro formado por um grupo relati- egoística. Basta afirmar que quando detectamos alguma forma de coope-
vamente pequeno e o segundo reunindo a grande maioria da comunidade; ração e solidariedade, haveríamos de pelo menos suspeitar de que algu-
o primeiro altamente motivado a garantir, como administradores da coisa ma dessas alternativas da vida ética esteja em operação.
pública, o provimento dos bens coletivos, o segundo liberado para perse-
guir seus bens privados e os de seu círculo restrito de amigos e familiares, Contudo, todas elas deveriam apontar para uma visão mais sintética,
contanto que paguem os impostos que sustentarão as atividades do reconciliadora. Estamos, como disse, longe de obter consenso sobre uma
primeiro grupo. Vejam que esse esquema não implica que os governantes visão concreta. Mas penso que, seja qual for, ela deveria ser marcada
sejam altruístas: eles são motivados a produzir os bens coletivos porque pelo esforço de aproximar a natureza da ética ou da moralidade – vejam
essa é, na repartição social das tarefas, a meta auto-interessada mais que, para meus propósitos, não me interessei pela distinção desses
próxima e visível, enquanto é a mais distante para o restante da comuni- termos, mas espero que outros colegas aqui presentes tenham a chance
dade, isto é, os governados. A instalação do governo significa simples- de sugerir uma para a discussão – com a ponderação sobre o que torna a
mente uma operação de transformar, pelo menos para alguns (os gover- vida digna de ser vivida, uma ponderação sobre os valores e princípios
nantes), o auto-interesse distante e embaçado – que ameaça desintegrar que expressem o que significa essa vida digna, essa vida que valha a
a cooperação em sociedade anônimas – num auto-interesse próximo e pena ser vivida, como indivíduos e como membros de uma comunidade. E
nítido. É como se o artifício do governo simbolizasse a arte da construção que valha a pena não porque garante meu próprio bem ou o bem alheio,
de uma lente social para corrigir a miopia congênita dos grandes congle- ou porque garante a cega obediência às leis estabelecidas, mas porque
merados humanos. Outra vez, a um observador atento do sinuoso raciocí- promove uma gama de ideais sobre o que deve ser uma vida humana,
nio humeano não escapará novas dificuldades nessa segunda saída. ideais por definição não realizados, e talvez jamais plenamente realizá-
Porque se o grupo dos governantes, encarregado da administração dos veis, mas que promovidos graças à nossa capacidade de realizar ações
negócios públicos, for suficientemente coeso, compacto e bem articulado conscientes e inteligentes.
como nas burocracias estatais modernas, eles acabarão por constituir um Penso também, para concluir, que nada poderia representar melhor o
conjunto de interesses apartado, talvez mesmo divergente, do restante da excelente exercício das funções públicas do que a consciência dessa
sociedade. O auto-interesse para os seus membros pode significar algo questão. Seria ótimo, por certo, que tal ponderação estivesse no horizonte
substancialmente – e não apenas ilusoriamente (por causa apenas de de cada funcionário público, ainda que suas diferentes conclusões geras-
uma distorção de óptica) – diferente dos governados. E como a promoção sem conflito – pois o predomínio da ponderação ética não significa a
daquele interesse depende da extração, via impostos, dos recursos dos eliminação do conflito social, apenas o desloca para um outro patamar:
governados, eles serão tentados a desviar esses recursos para benefício não o conflito por interesses mesquinhos, mas o conflito para o qual vale a
próprio e não para o benefício comum. E aqui estamos de novo, e por pena lutar, porque feito em prol de coisas dignas. Crucial, porém, é que tal
caminhos transversos, perante o rent seeking de James Buchanan. ponderação contamine suas principais artérias e envolva especialmente
IV. os que exercem suas altas responsabilidades, porque, afinal, como diz a
velha sabedoria, esses são os exemplos para os demais. Insisto: são
Para onde afinal nos leva todo essa apresentação de argumentos? exemplos para os demais não tanto porque indiscutivelmente corretos,
Penso que nos leva a constatar o contra-senso das premissas psicológi- mas porque são suficientemente ousados e ambiciosos para pensar,
cas do homo oeconomicus quando estendidas ao mundo da cooperação querer, buscar ideais nobres e elevados.
social de um modo geral, e da administração da coisa pública em particu-
lar. Se levamos até a sua raiz a hipótese de que todos os que promovem
serviços a outrem, privadamente ou em nome do público, são exclusiva- Ética no Serviço Público
mente motivados pelo interesse egoísta, então a minha sugestão é que o
fato do provimento sistemático desses serviços deve aparecer como um Jorge Teixeira da Silva; Letícia Clara Ribeiro; Antonio Carlos Mene-
mistério da investigação social. O próprio fato da organização social se gon; Joyce de Castro Nunes; Vanderlei Dandrea; Ana Paula Rodrigues;
torna um mistério. Se alguém contestar dizendo que esse fato em que Francisca Dantas; Polliane Tenório Neto; Márcia de Jesus silva; Rogério
estou me arvorando é transitório e só ilusoriamente sólido, então é preciso Chagas Pozo. Alunos do Curso de Direito da UMESP.
admitir, na ausência de outras premissas plausíveis, que os Estados Este artigo, fruto de uma intensa atividade de reflexão escrita de todos
modernos, os quais procuram enlaçar sociedades grandes e complexas, nós, alunos do Curso de Direito da UMESP, surgiu da discussão que
caminham de modo inexorável para o seu colapso, provavelmente de esteve presente no decorrer do semestre na disciplina: Cidadania, ética
forma lenta, porém constante, gradualmente introduzindo aquela anomia pública e ação cultural. Resolvemos escrever sobre os Serviços prestados
que Hobbes tanto temia. ao público, devido aos abusos relatados pelos meios de comunicação
Minha própria contra-resposta a essas duas sugestões é pura e sim- presentes em nosso cotidiano pelo que Milton Santos chama de funcioná-
plesmente destacar aquilo que dá título a esta palestra: a relevância da rios sem mandato, é sabido que muitas pessoas que confiaram no traba-
ética no exercício da função pública. Ao que agora posso acrescentar: a lho se decepcionaram. O presente texto pretende trabalhar estas ideias,
relevâ ncia da ética na preservação da organização social, genericamente de modo que possamos olhar através da perspectiva do direito, o desres-
falando, e não apenas da administração da coisa pública. Mas até aqui a peito que vem ocorrendo as regra de conduta e da ética que requer o
ética ou a moral se apresentou negativamente, como um vago oposto da trabalho que os serviços públicos visam prestar.
compulsão egoísta. Porém, o que ela é positivamente? O Direito que os cidadãos vêm adquirindo aos poucos, e que levou
Devo dizer de partida que a longa tradição da filosofia moral a que me muito tempo para ser construído e respeitado vem, como sabemos, so-
referi no começo desta palestra jamais logrou construir um consenso a frendo com a grande dificuldade que a população enfrenta no dia a dia
respeito dessa pergunta. A esmagadora maioria dos filósofos, é verdade, para fazer valer seus direitos que às vezes desaparecem porque não são
descartou ser possível reduzir a moralidade ao egoísmo. O que isso postos em prática. A princípio, achamos que isto ocorra por falta de cons-
significa, porém? O altruísmo? A deferência aos mandamentos de Deus? ciência dos próprios cidadãos seja por normas e desculpas de resolução
O respeito incondicional a certas regras ou leis que consigamos formular posta por nossos governantes trazendo um efeito de omissão do papel de
de modo universal, que podem até coincidir com aqueles mandamentos, um cidadão e seus direitos. Estes efeitos citados são objetivados pelos
porém sem necessariamente assumir suanatureza divina? O respeito governantes que enriquecem justamente através da ignorância em relação

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APOSTILAS OPÇÃO
aos direitos conquistados pela população o que gera um grande desres- que gera portanto o grande conflito entre os interesses privados acima dos
peito para com os cidadãos e uma cultura que se perpetua. interesses públicos. Podemos verificar abertamente nos meios de comuni-
cação, seja pelo rádio, televisão, jornais e revistas, que este é um dos
Milton Santos, em seu trabalho: O espaço do cidadão mostra-nos que principais problemas que cercam o setor público, afetando assim, a ética
estes atos de desrespeito aos direitos e à representação que alguns dos que deveria estar acima de seus interesses.
funcionários públicos em relação à população, viola a moral, os direitos e
principalmente, ataca a cultura dos cidadãos, dando a impressão de que Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de igualdade),
os serviços públicos podem ser algo negociável, quando o mesmo é sem falar de moralidade. Esta também é um dos principais valores que
inalienável. define a conduta ética, não só dos servidores públicos, mas de qualquer
indivíduo. Invocando novamente o ordenamento jurídico podemos identifi-
Para que possamos esclarecer melhor nossas ideias, chegamos à car que a falta de respeito ao padrão moral, implica portanto, numa viola-
questão da ética no serviço público. Mas, o que é "ética"? ção dos direitos do cidadão, comprometendo inclusive, a existência dos
Contemporaneamente e de forma bastante usual, a palavra ética é valores dos bons costumes em uma sociedade.
mais compreendida como disciplina da área de filosofia e que tem por A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fértil para
objetivo a moral ou moralidade, os bons costumes, o bom comportamento se reproduzir, pois o comportamento de autoridades públicas estão longe
e a boa fé, inclusive. Por sua vez, a moral deveria estar intrinsecamente de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido a falta de prepa-
ligada ao comportamento humano, na mesma medida, em que está o seu ro dos funcionários, cultura equivocada e especialmente, por falta de
caráter, personalidade, etc; presumindo portanto, que também a ética mecanismos de controle e responsabilização adequada dos atos anti-
pode ser avaliada de maneira boa ou ruim, justa ou injusta, correta ou éticos.
incorreta.
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade nesta
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos entender esse situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos e impedir
conceito analisando certos comportamentos do nosso dia a dia, quando estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do Pode Público.
nos referimos por exemplo, ao comportamento de determinados profissio- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, devido á falta
nais podendo ser desde um médico, jornalista, advogado, administrador, de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce sua cidadania. A
um político e até mesmo um professor; expressões como: ética médica, cidadania Segundo Milton Santos " é como uma lei", isto é, ela existe mas
ética jornalística, ética administrativa e ética pública, são muito comuns. precisa ser descoberta, aprendida, utilizada e reclamada e só evolui
Podemos verificar que a ética está diretamente relacionada ao padrão através de processos de luta. Essa evolução surge quando o cidadão
de comportamento do indivíduo, dos profissionais e também do político, adquire esse status, ou seja, quando passa a ter direitos sociais. A luta por
como falamos anteriormente. O ser humano elaborou as leis para orientar esses direitos garante um padrão de vida mais decente. O Estado, por sua
seu comportamento frente as nossas necessidades (direitos e obrigações) vez, tenta refrear os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas
e em relação ao meio social, entretanto, não é possível para a lei ditar situações a cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada
nosso padrão de comportamento e é aí que entra outro ponto importante pessoa. Porém Milton Santos questiona, se "há cidadão neste pais"? Pois
que é a cultura, ficando claro que não a cultura no sentido de quantidade para ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longa
de conhecimento adquirido, mas sim a qualidade na medida em que esta da vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo contes-
pode ser usada em prol da função social, do bem estar e tudo mais que tados posteriormente com a formação de ideias de cada um, porém a
diz respeito ao bem maior do ser humano, este sim é o ponto fundamental, maioria das pessoas não sabem se são ou não cidadãos.
a essência, o ponto mais controverso quando tratamos da questão ética A educação seria o mais forte instrumento na formação de cidadão
na vida pública, á qual iremos nos aprofundar um pouco mais, por se tratar consciente para a construção de um futuro melhor.
do tema central dessa pesquisa.
No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem princí-
A questão da ética no serviço Público. pios éticos que convivem todos os dias com mandos e desmandos, atos
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar por este rol
extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos ter como "cultural" de aproveitamento em beneficio próprio.
ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pública em Se o Estado, que a principio deve impor a ordem e o respeito como
geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual possamos, em seguida regra de conduta para uma sociedade civilizada, é o primeiro a evidenciar
julgar a atuação dos servidores públicos ou daqueles que estiverem o ato imoral, vêem esta realidade como uma razão, desculpa ou oportuni-
envolvidos na vida pública, entretanto não basta que haja padrão, tão dade para salvar-se, e, assim sendo, através dos usos de sua atribuição
somente, é necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo. publica.
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendidas pelo
dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou seja, de cará- ser humano, assim, a ética na administração publica, pode e deve ser
ter público, e sua relação com o público. A questão da ética pública está desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando assim, uma mudan-
diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes compa- ça na administração publica que deve ser sentida pelo contribuinte que
rados ao que chamamos no Direito, de "Norma Fundamental", uma norma dela se utiliza diariamente, seja por meio da simplificação de procedimen-
hipotética com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais o que tos, isto é, a rapidez de respostas e qualidade dos serviços prestados,
estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, seja pela forma de agir e de contato entre o cidadão e os funcionários
aliás, podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores públicos.
morais da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e
essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembrando A mudança que se deseja na Administração pública implica numa
inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem viver". gradativa, mas necessária "transformação cultura" dentro da estrutura
organizacional da Administração Pública, isto é, uma reavaliação e valori-
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoalidade. Ao zação das tradições, valores, hábitos, normas, etc, que nascem e se forma
contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público e seus servido- ao longo do tempo e que criam um determinado estilo de atuação no seio
res devem primar pela questão da "impessoalidade", deixando claro que o da organização.
termo é sinônimo de "igualdade", esta sim é a questão chave e que eleva
o serviço público a níveis tão ineficazes, não se preza pela igualdade. No Conclui-se, assim, que a improbidade e a falta de ética que nascem
ordenamento jurídico está claro e expresso, "todos são iguais perante a nas máquinas administrativas devido ao terreno fértil encontrado devido à
lei". existência de governos autoritários, governos regidos por políticos sem
ética, sem critérios de justiça social e que, mesmo após o advento de
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção entre aqui- regimes democrático, continuam contaminados pelo "vírus" dos interesses
lo que é público e aquilo que é privada (no sentido do interesse pessoal), escusos geralmente oriundos de sociedades dominadas por situações de
Sociologia 47
APOSTILAS OPÇÃO
pobreza e injustiça social, abala a confiança das instituições, prejudica a II - recusar fé aos documentos públicos;
eficácia das organizações, aumenta os custos, compromete o bom uso
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
dos recursos públicos e os resultados dos contratos firmados pela Admi-
nistração Pública e ainda castiga cada vez mais a sociedade que sofre
com a pobreza, com a miséria, a falta de sistema de saúde, de esgoto,
CAPÍTULO II
habitação, ocasionados pela falta de investimentos financeiros do Gover-
DA UNIÃO
no, porque os funcionários públicos priorizam seus interesses pessoais em
detrimento dos interesses sociais. Art. 20. São bens da União:
Essa situação vergonhosa só terá um fim no dia em que a sociedade I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuí-
resolver lutar para exercer os seus direitos respondendo positivamente o dos;
questionamento feito por Milton Santos "HÁ CIDADÃOS NESTE PAÍS?" e II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das for-
poderemos responder em alto e bom som que " SIM. Há cidadão neste tificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
pais. E somos todos brasileiros.". preservação ambiental, definidas em lei;
Finalizando, gostaríamos de destacar alguns pontos básicos, que ba- III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
seado neste estudo, julgamos essenciais para a boa conduta, um padrão domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
ético, impessoal e moralístico: países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
1 - Podemos conceituar ética, também como sendo um padrão de como os terrenos marginais e as praias fluviais;
comportamento orientado pelos valores e princípio morais e da dignidade IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;
humana. as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas
2 - O ser humano possui diferentes valores e princípios e a "quantida-
ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26,
de" de valores e princípios atribuídos, determinam a "qualidade" de um
II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
padrão de comportamento ético: Maior valor atribuído (bem), maior ética.
Menor valor atribuído (bem), menor ética. V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômi-
ca exclusiva;
3 - A cultura e a ética estão intrinsecamente ligadas. Não nos referi-
mos a palavra cultura como sendo a quantidade de conhecimento adquiri- VI - o mar territorial;
do, mas sim a qualidade na medida em que esta pode ser usada em prol VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
da função social, do bem estar e tudo mais que diz respeito ao bem maior
do ser humano . VIII - os potenciais de energia hidráulica;
4 - A falta de ética induz ao descumprimento das leis do ordenamento IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
jurídico. X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
5 - Em princípio as leis se baseiam nos princípios da dignidade huma- pré-históricos;
na, dos bons costumes e da boa fé. XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
6 - Maior impessoalidade (igualdade), maior moralidade = melhor pa- § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal
drão de ética. e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União,
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
TÍTULO III recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
Da Organização do Estado recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
CAPÍTULO I territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA essa exploração.
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa § 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
pios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utiliza-
§ 1º Brasília é a Capital Federal. ção serão reguladas em lei.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, trans- Art. 21. Compete à União:
formação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão regula- I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organi-
das em lei complementar. zações internacionais;
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou des- II - declarar a guerra e celebrar a paz;
membrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente III - assegurar a defesa nacional;
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei com- IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças es-
plementar. trangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam tempora-
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Mu- riamente;
nicípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção fe-
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante ple- deral;
biscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996) VII - emitir moeda;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as opera-
nicípios: ções de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capita-
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embara- lização, bem como as de seguros e de previdência privada;
çar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colabo- território e de desenvolvimento econômico e social;
ração de interesse público;

Sociologia 48
APOSTILAS OPÇÃO
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da ativi-
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que dade de garimpagem, em forma associativa.
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regula-
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
dor e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 8, de 15/08/95:) I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, maríti-
mo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão: II - desapropriação;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em
dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) tempo de guerra;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se
V - serviço postal;
situam os potenciais hidroenergéticos;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasi-
leiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou VIII - comércio exterior e interestadual;
Território; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
passageiros; aeroespacial;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XI - trânsito e transporte;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
efeito) XIV - populações indígenas;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de es-
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência finan- trangeiros;
ceira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio
de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para
1998) o exercício de profissões;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal
geologia e cartografia de âmbito nacional; e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como orga-
nização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões pú- nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
blicas e de programas de rádio e televisão;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacio-
XVII - conceder anistia; nais;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamida- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popu-
des públicas, especialmente as secas e as inundações; lar;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos XX - sistemas de consórcios e sorteios;
e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garanti-
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habi- as, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombei-
tação, saneamento básico e transportes urbanos; ros militares;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de vi- XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferro-
ação; viária federais;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de XXIII - seguridade social;
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natu-
reza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriqueci- XXV - registros públicos;
mento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condi-
ções: XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as moda-
lidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacio-
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida nais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o dispos-
para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; to no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e Constitucional nº 19, de 1998)
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defe-
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comerciali- sa civil e mobilização nacional;
zação e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas XXIX - propaganda comercial.
horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a le-
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existên- gislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
cia de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

Sociologia 49
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Fe- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União li-
deral e dos Municípios: mitar-se-á a estabelecer normas gerais.
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições demo- § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não
cráticas e conservar o patrimônio público; exclui a competência suplementar dos Estados.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
pessoas portadoras de deficiência; a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor históri- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
co, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de
CAPÍTULO III
arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
DOS ESTADOS FEDERADOS
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência,
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e
à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda
leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
Constitucional nº 85, de 2015)
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes se-
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
jam vedadas por esta Constituição.
suas formas;
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão,
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela
alimentar; Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
condições habitacionais e de saneamento básico; metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança
obras da União;
do trânsito.
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coope-
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
ração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
nacional.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa correspon-
concorrentemente sobre:
derá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e,
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem
os Deputados Federais acima de doze.
II - orçamento;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, apli-
III - juntas comerciais;
cando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, invio-
IV - custas dos serviços forenses; labilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedi-
mentos e incorporação às Forças Armadas.
V - produção e consumo;
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de inicia-
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
tiva da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
poluição;
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153,
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e pai- § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
sagístico;
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; respectivos cargos.
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo es-
desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucio- tadual.
nal nº 85, de 2015)
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado,
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas cau- para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outu-
sas; bro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
XI - procedimentos em matéria processual; turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus
antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subse-
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; qüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77. (Redação dada
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de defici- § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou
ência; função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em
virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e
XV - proteção à infância e à juventude; V.(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. 1998)

Sociologia 50
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretá- m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000
rios de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § duzentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 2009)
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 (um
CAPÍTULO IV
milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Dos Municípios
Constitucional nº 58, de 2009)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois tur-
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um mi-
nos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
lhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um milhão
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
de 2009)
os seguintes preceitos:
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para man-
(um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e
dato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo
oitocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
o País;
2009)
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domin-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
go de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois
suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
milhões e quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituci-
de duzentos mil eleitores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
onal nº 58, de 2009)
16, de1997)
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000
subseqüente ao da eleição;
(três milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o de 2009)
limite máximo de: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307)
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões)
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) ha- de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
bitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco mi-
mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; (Redação dada pela lhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões)
mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Redação dada de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cin- 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões)
quenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; (Incluída de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oi- 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões)
tenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habitantes; de habitantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituci-
(cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil) habi- onal nº 58, de 2009)
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Munici-
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 pais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que
(cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezentos mil) habitan- dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) dada pela Emenda constitucional nº 19, de 1998)
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras
(trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) Municipais em cada legislatura para a subseqüente, observado o que
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respec-
tiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada pela
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos
Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000
Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
(seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos cinquenta mil)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsí-
dio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000
dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
(setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 (novecentos mil)
2000)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o sub-
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do
(novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
nº 25, de 2000)

Sociologia 51
APOSTILAS OPÇÃO
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsí- § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de
dio máximo dos Vereadores corresponderá a cinqüenta por cento do sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
nº 25, de 2000)
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (Inclu-
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o ído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (Inclu-
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
ído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
nº 25, de 2000)
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (Incluído pela
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamen-
nº 25, de 2000) tária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não po- § 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara
derá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município; Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. (Incluído pela Emenda Cons-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) titucional nº 25, de 2000)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e vo- Art. 30. Compete aos Municípios:
tos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; (Renumera-
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
do do inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, simila-
res, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como
Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e
membros da Assembléia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
Emenda Constitucional nº 1, de 1992) IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação esta-
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumera- dual;
do do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte
Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de coletivo, que tem caráter essencial;
1992) VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Es-
XII - cooperação das associações representativas no planejamento tado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (Redação
municipal; (Renumerado do inciso X, pela Emenda Constitucional nº 1, de dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
1992) VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Es-
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do tado, serviços de atendimento à saúde da população;
Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação
Emenda Constitucional nº 1, de 1992) do solo urbano;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, obser-
único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de vada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
1992)
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legisla-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluí- tivo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle
dos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da
receita tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o au-
arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído pela xílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conse-
Emenda Constitucional nº 25, de 2000) lhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas
(cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitu- que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por
cional nº 58, de 2009) (Produção de efeito) decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anual-
(cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Redação dada pela mente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas
300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes; (Re- Municipais.
dação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios CAPÍTULO V
com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
milhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Consti- Seção I
tucional nº 58, de 2009) DO DISTRITO FEDERAL
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-
3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez
(Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios
com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. (Inclu- § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas
ído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) reservadas aos Estados e Municípios.

Sociologia 52
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para asse-
regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Gover- gurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou
nadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração. para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o dis- Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
posto no art. 27.
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribu-
Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar. nal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requi-
sição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
Seção II
Tribunal Superior Eleitoral;
DOS TERRITÓRIOS
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária
do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso
dos Territórios.
de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Consti-
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se tucional nº 45, de 2004)
aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título.
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Con-
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e
gresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.
as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legis-
do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos lativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assem-
e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
bléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de
Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
CAPÍTULO VI apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o
DA INTERVENÇÃO decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,
exceto para: § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas
de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
outra; CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
Seção I
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades DISPOSIÇÕES GERAIS
da Federação;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Po-
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
consecutivos, salvo motivo de força maior; e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 1998)
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasi-
leiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: nº 19, de 1998)

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
b) direitos da pessoa humana; com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
c) autonomia municipal; em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Consti-
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. tucional nº 19, de 1998)
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos es- III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,
taduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e prorrogável uma vez, por igual período;
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação,
aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: cargo ou emprego, na carreira;
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos con- V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
secutivos, a dívida fundada; ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchi-
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; dos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais míni-
mos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção,
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na chefia e assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos 19, de 1998)
de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação
sindical;

Sociologia 53
APOSTILAS OPÇÃO
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites defini- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autori-
dos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, zada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de 1998) de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para
de 1998)
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admis-
são; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determina-
participação de qualquer delas em empresa privada;
do para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concor-
§ 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específi-
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, manti-
ca, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
das as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Reda-
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensá-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento)
veis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma inte-
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remune-
grada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações
ratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio
nº 42, de 19.12.2003)
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-
do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orien-
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do tação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nuli-
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
dade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Reda- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na admi-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) nistração pública direta e indireta, regulando especialmente: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Ju-
diciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em ge-
ral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço públi-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
co; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não
sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Inclu-
serão computados nem acumulados para fins de concessão de acrésci-
ído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
mos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou
abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Incluído
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empre-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
gos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV
deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
sem prejuízo da ação penal cabível.
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso
o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados
de 1998) por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Reda-
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de
com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constituci-
cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o
onal nº 34, de 2001)
acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e nº 19, de 1998)
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de eco-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
nomia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
tamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que
nº 19, de 1998)
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional
dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os nº 19, de 1998)
demais setores administrativos, na forma da lei;
I - o prazo de duração do contrato;

Sociologia 54
APOSTILAS OPÇÃO
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, _______________________________________________________
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
_______________________________________________________
III - a remuneração do pessoal."
_______________________________________________________
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às soci-
edades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos _______________________________________________________
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga- _______________________________________________________
mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) _______________________________________________________
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentado- _______________________________________________________
ria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na _______________________________________________________
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão _______________________________________________________
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 20, de 1998) _______________________________________________________
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios _______________________________________________________
de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter
_______________________________________________________
indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47,
de 2005) _______________________________________________________
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica _______________________________________________________
facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o _______________________________________________________
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, _______________________________________________________
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsí-
dio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o _______________________________________________________
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distri-
tais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
_______________________________________________________
2005) _______________________________________________________
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fun- _______________________________________________________
dacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes dispo-
sições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) _______________________________________________________
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará _______________________________________________________
afastado de seu cargo, emprego ou função;
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II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, empre-
go ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; _______________________________________________________

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de _______________________________________________________


horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem _______________________________________________________
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilida-
de, será aplicada a norma do inciso anterior; _______________________________________________________
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de _______________________________________________________
mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos
legais, exceto para promoção por merecimento;
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V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, _______________________________________________________


os valores serão determinados como se no exercício estivesse. _______________________________________________________

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Sociologia 55
APOSTILAS OPÇÃO
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Sociologia 56
GEOGRAFIA
APOSTILAS OPÇÃO
A Produção do Espaço Geográfico na Antiguidade (modo de pro-
dução asiático)
Esta é uma das formas de organização social que marcaram a passa-
Geografia gem da comunidade primitiva para a sociedade de classes. Consistia num
certo tipo de Estado, representado na figura de um imperador ou tirano,
que juntamente com uma casta social privilegiada e dominante, ditava em
grande parte as " regras" de apropriação, produção e organização espaci-
al. Não existia a propriedade privada da terra e a força de trabalho era
explorada pelo Estado e pelo tirano. Nesse modo de produção o Estado
era onipresente, isto é, era dele que emanava todo o poder sobre todos e
sobre tudo.
1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA. 1.1. Esse tipo de Estado, caracterizou entre outras as civilizações egípcia
Os mecanismos da natureza. 1.2. Os recur- e mesopotâmica (sumérios, acádios, amoritas, assírios e caldeus). Hoje,
sos naturais e a sobrevivência do homem. quando contemplamos grandiosas obras fruto do trabalho humano sobre o
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na espaço natural, não paramos para pensar, que foram construídas a mando
apropriação dos recursos naturais no do grupo dominante, pelo grupo dominado, que teve a sua força de traba-
mundo. 1.2.2. O uso dos recursos naturais e lho intensivamente explorada. Qual o significado disto?. Significa que a
a preservação do meio ambiente. 2. ES- produção e a organização do espaço geográfico estão profundamente
TRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E PO- marcadas em especial pelo trabalho de alguns, e não de todos os mem-
LÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL. 2.1. Capita- bros da sociedade.
lismo, industrialização e transnacionaliza-
ção do capital. 2.1.1. Economias industriais A Produção do Espaço Geográfico na Idade Média
e não industriais: articulação e desigualda- Na idade média, a fonte de riqueza e poder era a posse da terra. As
propriedades (feudos) pertenciam aos nobres e à Igreja, que constituíam a
des. 2.1.2. As transformações na relação
casta dos senhores feudais e, dentro de suas fronteiras, exerciam todo o
cidade-campo. 2.2. Industrialização e de-
poder. Os trabalhadores eram os servos e os vilões.
senvolvimento tecnológico: domina-
A organização espacial de um feudo, mostra terra, bosques, campos,
ção/subordinação político-econômica. 2.3.
cultivos, castelo, moinho, pontes etc. Tudo pertencia ao senhor feudal e
O papel do Estado e as organizações políti-
sua família, e passava de pai para filho, junto com o poder político e
co-econômicas na produção do espaço. 2.4. econômico. A produção era organizada para garantir a autossuficiência do
Fundamentos econômicos, sociais e políti- feudo.
cos da mobilidade espacial e do crescimen- O espaço geográfico produzido expressava a divisão da sociedade
to demográfico. 2.5. A divisão internacional feudal entre senhores e dependentes (servos e vilões).
e territorial do trabalho. 2.6. O fim da Guer- O espaço geográfico do feudo era a expressão visível, portanto, das
ra Fria. A desagregação da URSS. A nova relações de dominação existentes no feudalismo.
ordem econômica mundial. Juntamente com o senhor feudal, os interesses da Igreja, também pe-
savam no processo de produção e organização do espaço geográfico,
pois era proprietária de vastas extensões de terras, além de representante
do poder espiritual, possuía grande influência sobre a forma de organiza-
A - O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO. ção da sociedade feudal, assim como sobre a distribuição e da riqueza
Não devemos confundir espaço ou espaço geográfico com território, entre seus membros.
pois não são sinônimos. o termo território quando usado deve estar asso-
ciado a uma extensão de terra sem a presença humana, ou a extensão O aparecimento dos Estados nacionais e do capitalismo proje-
física de um estado que tem suas fronteiras definidas pelas fronteiras com tando a produção dos espaços geográficos do novo mundo.
outros estados e sobre este território exerce soberania. Entre os séculos XI e XV, passou por uma lenta e progressiva deca-
O espaço geográfico somente surge após o território ser trabalhado, dência, ocorrendo uma modificação no espaço territorial europeu, com a
modificado ou transformado pelo homem, ou quando este imprime na formação dos Estados nacionais - os feudos - deram lugar a territórios
paisagem as marcas de sua atuação e organização social. Por meio de unificados, com poder político centralizado e articulado entre as várias
seu trabalho, transforma os recursos naturais em coisas úteis e indispen- regiões.
sáveis à sua vida, tais como: alimentos, roupas, habitação, energia, etc... A partir daí, o modo de produção feudal foi, então, gradativamente
São considerados espaços naturais aqueles que não sofreram inter- substituído pelo modo de produção capitalista e as relações servis de
venção humana. Hoje eles quase inexistem, pois são extremamente raros produção pelas relações assalariadas de produção.
os lugares desconhecidos pelo homem ou que não sofreram sua interven- O mercantilismo tornou-se a doutrina econômica dos Estados nacio-
ção. nais. A preocupação, agora, era ampliar cada vez mais o comércio. Entre-
O espaço geográfico não é estático. Ele vai sofrendo modificações de tanto o comércio europeu no século XV era monopolizado por árabes e
acordo com a relação sociedade (homens) e a natureza. A sociedade italianos, que dominavam o Mar mediterrâneo. Insatisfeitos com essa
modifica o seu espaço, organizando-o com suas necessidades e possibili- situação, a burguesia mercantil europeia e seus reis procuraram um meio
dades, que variam de um lugar para outro, e de uma época para outra. de fugir dessa dependência, e qual foi a solução? , foi descobrir novos
Um exemplo de diferentes épocas e diferentes formas organização espa- caminhos para África e a Ásia.
cial, é que durante o período colonial, uma viagem entre Santos e São Portugueses e espanhóis saíram na frente, logo depois, ingleses e
Paulo, feita no lombo de animais durava dias. Atualmente, com o uso de franceses, dando início a grande expansão marítimo comercial do século
automóveis, estradas asfaltadas, pontes e túneis, essa viagem é realizada XV até o século XVIII, onde praticamente todos os continentes, com
em menos de uma hora. exceção da Antártida, tornaram conhecidos dos europeus, impondo o
capitalismo comercial como um novo modo de organização e produção do
A Organização do Espaço Geográfico espaço geográfico em todo o mundo.
O espaço geográfico é produzido e organizado segundo os interesses É neste período, com a tomada de posse das terras onde hoje é o
de alguns, e não de todos. Os espaços geográficos produzidos no decor- Brasil, que tem início a organização e produção do espaço geográfico
rer da história, sempre mostraram que sua produção, sua organização, brasileiro, realizados segundo os interesses dos grupos dominantes, de
sua apropriação e seu usufruto foram determinados pelas relações de Portugal,um projeto , mercantilista, politicamente centralizador e predador
poder (político, econômico, religioso e militar) existentes entre os grupos das riquezas naturais.
sociais das diversas sociedades humanas.

Geografia 1
APOSTILAS OPÇÃO
B - OS RECURSOS NATURAIS: TIPOS, IMPORTÂNCIA E APRO- minerais, como a água e o solo, e os biológicos, como as florestas, os
VEITAMENTO. pastos, os campos agriculturáveis, a biodiversidade animal e vegetal e os
A palavra recurso significa algo a que se possa recorrer para a obten- recursos marinhos, todos esses itens englobados sob a designação geral
ção de alguma coisa. de recursos genéticos. Apesar de serem renováveis, isto não significa
O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na necessariamente que sejam inesgotáveis.
Natureza, para satisfazer suas necessidades.
No Ecossistema Planeta-Terra há uma troca constante de recursos IMPORTÂNCIA
naturais entre os seres vivos. Os minerais são muito importantes como matéria-prima para a in-
Os recursos naturais, após seu uso, podem ser renováveis, isto é, vol- dústria. As fontes de energia são matérias para produzir calor, eletrici-
tarem a ser disponíveis, ou não renováveis, isto é, nunca mais ficarem dade ou movimento. Uma fonte de energia pode ser, também, matéria-
disponíveis. prima, como acontece com o carvão e o petróleo que alimentam impor-
A flora (vegetais) e a fauna (animais) são exemplos de recursos natu- tantes indústrias químicas.
rais renováveis: uma planta ou animal podem ser reproduzidos, "teorica- O carvão e o petróleo são combustíveis fósseis encontrados em ba-
mente", de forma infinita, a partir de seus "pais". cias sedimentares.
Os minerais, como por exemplo o minério de ferro, estão classificados A produção de fontes energéticas e recursos minerais caracteriza-
de recursos naturais não renováveis, outro exemplo é o petróleo e, se são se pela concentração em determinadas áreas geográficas. Entretanto,
não renováveis é porque, após seu uso, um dia, irão se esgotar no Plane- os países pobres têm dificuldades de explorar tais recursos, precisando
ta. quase sempre da interferência dos países ricos neste setor.
Conservar e Preservar - Conservar os recursos naturais implica em As fontes de energia secundárias, como a energia nuclear, são
usá-los de forma econômica e racional para que, os renováveis não se mais desenvolvidas nos países ricos, porque necessitam de uma tecno-
extingam por mau uso e os não renováveis não se extingam rapidamente. logia avançada.
Desde que, num plano de manejo adequado, exista e se previna a
ação antrópica (do homem) nociva, a perpetuidade do recurso natural A obtenção dos recursos minerais
renovável pode, teoricamente, acontecer. Atualmente já existem dados aproximados sobre as reservas mine-
Desde que se recicle convenientemente o recurso natural não reno- rais disponíveis e suas perspectivas futuras. As reservas são os recur-
vável, a economia advinda possibilitará a dilatação do prazo de existência sos já identificados, que podem ser extraídos em função de critérios de
desse recurso na natureza. rentabilidade econômica, das técnicas disponíveis e de sua situação
Com essas noções, podemos falar um pouco na importância da PRE- geográfica no espaço terrestre. A utilização dos recursos minerais varia
SERVAÇÃO, muito bem definida por Álvaro Fernando de Almeida do de acordo com as preferências da indústria.
Depto de Ciências da USP – "uso indireto e racional de recursos naturais
renováveis, mantendo-se a taxa normal de extinção das espécies"; em Novos recursos
outras palavras, em a Natureza, diversas espécies estão sempre em O minério de ferro, principal recurso mineral até pouco tempo, está
competição e pode ocorrer a extinção "natural" de algumas; não só a cedendo espaço a uma expansão crescente dos minerais não-ferrosos
competição faz com que isso ocorra, mudanças climáticas, erupções (chumbo, cobre, estanho, alumínio, titânio, manganês, vanádio) devido
vulcânicas, cheias etc. também podem acarretar a extinção. Da mesma às possibilidades tecnológicas para a elaboração de novos materiais.
forma que espécies são extintas, outras podem aparecer... é um longo
processo de evolução. A produção mineral no mundo
Falando, ainda, nos recursos naturais renováveis (flora e fauna), cabe Devido às condições geológicas, os recursos naturais, especialmen-
ressaltar a importância do que chamamos biodiversidade, assunto que os te os minerais, encontram-se concentrados em um pequeno número de
norte-americanos rejeitam a se comprometer através de compromissos países. Assim, estabeleceram-se consideráveis dependências comerci-
com o resto do mundo. A preservação da biodiversidade é importante para ais entre os países consumidores (especialmente o Japão e a Europa
que o homem tenha tempo de descobrir a utilidade das espécies, para a ocidental, deficitários em matérias-primas) e os países produtores.
sua própria sobrevivência. A cura de muitos males que hoje existem e que Muitos dos recursos minerais explorados pertencem a países do Tercei-
ainda virão a existir, pode estar em plantas em extinção ou poderia estar ro Mundo, onde a riqueza das jazidas e a existência de uma mão de
em outras que já foram extintas. obra abundante e barata facilitam a exploração.
Outro fato de relevante importância, é a manutenção das espécies Obs: A concentração da produção é particularmente elevada em al-
originais ainda não modificadas pelo homem; assim, se amanhã, a enge- guns minerais: por exemplo, os cinco principais produtores de ferro
nharia genética conseguir um tomate de grande tamanho, isso será impor- reúnem 72% da produção mundial; o mesmo acontece com o ouro
tante para a humanidade mas, aí, poderá estar ocorrendo uma erosão (70%), o níquel (70%) e a prata (65%). Os percentuais diminuem para o
genética que precisará ser recomposta com o tomate primitivo, sem contar cobre (59%), o zinco (58%) e o chumbo (50%).
que o novo fruto é um desconhecido alimento e não se sabe os males que
possa vir a causar. Dessa forma, são importantes as Reservas Biológicas. O consumo mundial de energia
A rigor, a preservação dos recursos naturais renováveis só será bem Desde a revolução industrial do século XIX, o consumo de energia
sucedida se preservarem os ambientes primitivos, onde convivam, organi- vem crescendo de forma notável. Entre 1950 e 1992, o consumo mun-
zadamente, animais e vegetais, tendo-se o cuidado para que tais ambien- dial de energia quadruplicou, ainda que de forma desigual entre países
tes, se pequenos demais, não promovam a degenerência das espécies desenvolvidos e subdesenvolvidos.
por serem parentes próximos; um Zoológico ou uma "ilha" de floresta A América do Norte, a Europa Ocidental e a Ásia Oriental conso-
podem levar a essa degenerência. mem mais de 60% da energia mundial, enquanto África, Oriente Próxi-
Quanto aos recursos não renováveis, como a água, por exemplo, mo e América Latina não somam mais que 10% desse consumo.
cumpre usá-la com sabedoria para reaproveitá-la ao máximo (reciclagem) Atualmente, o consumo está estancado na Europa e na América do
e a rigor, nesse caso, quanto menos poluí-la mais fácil será purificá-la Norte; cresce ao ritmo de 5% anual nos novos países industriais da Ásia
para sucessivas utilizações. (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura) e tende a diminuir nos países da
Europa Central e Oriental. Ainda que os países do Terceiro Mundo
TIPOS incrementem também seu consumo energético, a distância que os
O termo recursos naturais é conhecido por todos, referindo-se aos separa dos países ricos continua sendo enorme.
suprimentos de alimentos, materiais de construção e vestimenta, minerais, A diversidade de fontes de energia
água e energia obtidos da Terra, necessários à manutenção da vida e da Podemos distinguir vários tipos de fontes de energia. As não reno-
civilização. váveis (carvão, petróleo, gás, urânio) são aquelas das quais há uma
Os recursos naturais da Terra podem ser divididos em dois tipos bási- quantidade finita. Neste, grupo deve-se distinguir entre:
cos: os não renováveis, como a maioria dos recursos minerais, e os • Reservas provadas, que podem ser extraídas em função da
renováveis. Dentro da área dos renováveis estariam alguns dos recursos capacidade técnica e econômica do momento.

Geografia 2
APOSTILAS OPÇÃO
• Reservas prováveis, cuja quantidade varia com os conheci- elementos indispensáveis à produção de alimentos sejam adequadas,
mentos geológicos e os descobrimentos técnicos. dentro dos conceitos de sustentabilidade, isto é, sem afetar a potenciali-
dade dos solos e a qualidade de águas, respeitadas as coberturas flores-
As energias renováveis são aquelas que podem regenerar-se, ainda tais, onde se fizerem necessárias. Assim procedendo, o Poder Público
que também possam esgotar-se quando seu consumo for mais rápido estará cumprindo o que estabelece o Art.225, da Constituição brasileira.
que sua renovação (como a madeira).
Completaremos, em 22 de abril de 2000, quinhentos anos de agres-
Por fim, há recursos considerados inesgotáveis, como a energia so- são contínua aos recursos naturais. Até quando se processará esta de-
lar ou a eólica. gradação?. Os conservacionistas têm alertado as autoridades governa-
mentais, para as consequências imprevisíveis desta deterioração e que se
APROVEITAMENTO não for revertido esse quadro terrível de destruição dos elementos natu-
O aproveitamento, ou conservacionismo dos recursos naturais é a rais, "o Brasil tornar-se-á incapaz de prover a subsistência de seus habi-
gestão, pelo ser humano, da utilização dos elementos da biosfera, de tantes a partir do ano 2050".
modo a produzir o maior benefício sustentado para a população atual,
mantendo as suas potencialidades para satisfazer as necessidades e C - AS ATIVIDADES HUMANAS E AS QUESTÕES AMBIENTAIS.
aspirações das gerações futuras. Com dimensões continentais e 70% da população concentrados em
A sobrevivência da espécie humana e dos animais é função da exis- áreas urbanas, o Brasil é o país em desenvolvimento que mais tem atraído
tência dos recursos naturais finitos: água, ar, solo e florestas. No planeta a atenção internacional. A poluição e o desmatamento ameaçam seus
TERRA, a manutenção da subsistência dos seres vivos está restrita aos diversificados ecossistemas, inclusive o de maior biodiversidade do plane-
elementos naturais existentes em sua limitada constituição. Se esses ta, o amazônico.
fatores forem destruídos, a vida será extinta.
O agravamento dos problemas ambientais no país está ligado à in-
O conservacionismo compreende as atividades: dustrialização, iniciada na década de 50, ao modelo agrícola monocultor e
Manutenção - para ser utilizados, os recursos naturais sofrem modifi- exportador instituído desde os anos 70, à urbanização acelerada e à
cações, mas são mantidas as suas peculiaridades e corrigidas as defici- desigualdade socioeconômica. Nas grandes cidades, dejetos humanos e
ências (se ocorrerem), em lhes afetar a potencialidade - é a utilização resíduos industriais saturam a deficiente rede de saneamento básico e
conservacionista; envenenam águas e solos. Gases liberados por veículos e fábricas, além
Preservação - quando os ecossistemas em que se encontram não das queimadas no interior, poluem a atmosfera.
devem sofrer qualquer alteração. Uma área pode ser destinada à preser-
vação, não só para que o solo não sofra a ação da erosão, como para a Poluição do ar
conservação dos componentes da biosfera local. As emissões de dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxido e
Restauração ou Recuperação - quando um elemento natural neces- dióxido de nitrogênio e de material particulado, como poeira, fumaça e
sita do emprego de processos que o capacitem a exercer suas funções fuligem, crescem em todas as aglomerações urbanas e industriais do país.
primitivas, eliminados os fatores que concorrem para sua degradação. A situação é mais grave em grandes centros, como São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. Dados da Cetesb (Companhia Estadual de
A agricultura conservacionista é executada com base no levantamen- Tecnologia e Saneamento Básico), de 1991, mostram que as indústrias da
to das condições de cada gleba, a fim de, superando os fatores restritivos Grande São Paulo lançam por ano no ar cerca de 305 mil toneladas de
ou limitantes (se existentes), planejar o seu manejo e uso, com o emprego material particulado e 56 mil toneladas de dióxido de enxofre. Automóveis
de insumos (se necessário) e de processos de controle da erosão, que e veículos pesados são responsáveis pela emissão de 2.065 toneladas
permitam as explorações de maior rentabilidade para cada terreno, em anuais de monóxido de carbono . No complexo industrial da Baixada
função de suas peculiaridades. A agricultura sustentável baseia-se, por- Fluminense, no Rio de Janeiro, a concentração de partículas em suspen-
tanto, na agricultura conservacionista. são atinge a média anual de 160 mcg/m³, o dobro do considerado seguro.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, a concentração média de
Degradação dos Solos partículas poluentes no ar também é alta: 94 mcg/m³, e os níveis de
É do solo agrícola que o homem retira, direta ou indiretamente, os dióxido de enxofre são maiores que os de São Paulo. A maior responsável
produtos necessários à sua alimentação, vestimenta e habitação. A produ- por esses índices é Contagem, cidade mineira que concentra as indústrias
tividade é função basicamente, de dois elementos bem complexos e metalúrgicas, têxteis e de transformação de minerais não-metálicos.
diversificados - clima e solo.
Em 1986, o governo federal cria o Programa de Controle de Poluição
Um solo se degrada quando são modificadas as suas características do Ar por Veículos Automotores, que obriga a instalação de filtros catali-
físicas, químicas e biológicas; esse desgaste pode ser provocado por sadores no escapamento dos automóveis e caminhões novos. O progra-
esgotamento, erosão, salinização, compactação e desertificação. ma entra em funcionamento em 1988 e deve estar concluído em 1997.

Por deficiência de conhecimentos sobre a utilização adequada das Águas contaminadas


terras, os agricultores e pecuaristas estão degradando intensamente os Praticamente todas as grandes e médias cidades brasileiras têm suas
recursos naturais brasileiros; a eles juntam-se os madeireiros, garimpeiros águas contaminadas por esgotos, lixo urbano, metais pesados e outras
e carvoeiros. Falta-lhes a conscientização de que o solo, a água e as substâncias tóxicas. Os deltas do Amazonas e do Capibaribe , as baías de
florestas são recursos naturais finitos e que, após a sua degradação, por Todos os Santos, de Guanabara e de Paranaguá, os rios da bacia Ama-
vezes a recuperação é irreversível. É fundamental a divulgação: - :: "é zônica, os rios Paraíba do Sul, das Velhas, Tietê, Paranapanema, do
mais econômico manter do que recuperar os recursos naturais". Peixe, Itajaí, Jacuí, Gravataí, Sinos e Guaíba são repositórios desses
resíduos. Na Amazônia, o maior dano é provocado pelo mercúrio, jogado
No conceito arraigado de que o território brasileiro é imenso e inesgo- nos rios à média de 2,5 kg para cada grama de ouro extraído dos garim-
tável, os agricultores e pecuaristas adotam a tradicional rotina de "rotação pos. Os rios Tapajós , Xingu, Taquari, Miranda e Madeira são os mais
de terras", sem a preocupação de qualquer programação para restaurar afetados.
os solos e as florestas que foram esgotados.
Em São Paulo, em alguns trechos do rio Tietê dentro da capital exis-
Os governantes brasileiros devem estabelecer instrumentos legais tem apenas bactérias anaeróbicas. O excesso de cargas orgânicas em
que eliminem a degradação do solo, água e florestas pela população, suas águas consome todo o oxigênio, mata os peixes e qualquer outra
conscientizando-a de sua importância para a sobrevivência humana. forma de vida aeróbica. O lixo e o desmatamento nas margens provocam
Impõem-se mudanças evolutivas na mentalidade dos que exploram os o assoreamento de seu leito. Em 1993, o governo do Estado inicia um
recursos naturais, a fim de que as práticas adotadas, de exploração dos programa de despoluição e desassoreamento do rio: barcaças retiram

Geografia 3
APOSTILAS OPÇÃO
areia e lixo do seu leito. A areia e a terra são levadas a uma distância de 5 denuncia: a paralisação da Usina Nuclear de Angra I, em Angra dos Reis
km e o lixo para aterros sanitários. (RJ), provoca um aumento anormal de radiatividade no interior de seu
reator. Pressionada, a direção da usina confirma a informação, mas garan-
Poluição do mar te que o problema não é preocupante. No caso de Angra, o incidente
Dejetos industriais e orgânicos são jogados em vários pontos do lito- serviu de alerta para o fato de ainda não se ter estabelecido um plano
ral. Vazamentos de petróleo em poços das plataformas submarinas e eficiente para a população abandonar a cidade em caso de acidente
acidentes em terminais portuários e navios-tanques têm provocado graves grave.
desastres ecológicos. O terminal de São Sebastião (SP) registra 105
vazamentos em 1990 e 1991. O litoral do Pará e as praias da ilha de Espécies ameaçadas
Marajó estão contaminados por pentaclorofeno de sódio, substância tóxica Brasil, Colômbia, México e Indonésia são os países de maior diversi-
usada no tratamento de madeira. Os polos petroquímicos e cloroquímicos dade biológica no mundo. A Amazônia, a mata Atlântica e o Pantanal
localizados em quase todos os estuários dos grandes rios lançam metais estão entre as maiores reservas biológicas do planeta, a maioria delas
pesados e resíduos de petróleo nos manguezais e na plataforma continen- ameaçadas pelo processo de degradação ambiental.
tal . A baía de Todos os Santos, na Bahia, está contaminada por mercúrio.
A baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, recebe diariamente cerca de 500 Espécies vegetais ameaçadas – A substituição dos ecossistemas ori-
toneladas de esgotos orgânicos, 50 toneladas de nitratos e metais pesa- ginais por pastagens, o extrativismo desordenado e a poluição têm reduzi-
dos, além de 3 mil toneladas de resíduos sólidos – areia, plásticos, latas e do e até levado à extinção inúmeras espécies vegetais nativas. É o caso
outras sucatas. Em maio de 1994, o governo do Estado do Rio de Janeiro da araucária , ou pinheiro-do-paraná, do pau-brasil e de vários membros
consegue financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvi- da família das bromeliáceas. As projeções sobre o número de espécies
mento) de US$ 793 milhões para a despoluição da baía de Guanabara. florais existentes na Amazônia variam entre 50 mil e 100 mil. Dessas, pelo
menos mil têm potencial para a exploração econômica e possível aplica-
Degradação da superfície ção farmacêutica.
O principal fator de poluição do solo, subsolo e águas doces é a utili-
zação abusiva de pesticidas e fertilizantes nas lavouras. A média anual Animais em extinção – A lista oficial mais recente de animais em ex-
brasileira é duas vezes superior à do mundo inteiro. Ainda são usados no tinção no Brasil é de 1990. A maioria das espécies ameaçadas concentra-
Brasil produtos organoclorados e organofosforados, proibidos ou de uso se na Amazônia, na mata Atlântica e no Pantanal e têm sido vítimas da
restrito em mais de 50 países devido a sua toxicidade e longa permanên- destruição de seus habitats e da caça indiscriminada. São 57 mamíferos,
cia no ambiente. As regiões mais atingidas por esses agrotóxicos são a entre eles o mico-leão-dourado, a jaguatirica, a lontra, a onça-pintada, o
Centro-Oeste, a Sudeste e a Sul, responsáveis por quase toda a produção tamanduá-bandeira. As aves somam 108 e a lista inclui o macuco, o
agrícola para consumo interno e exportação. O agente laranja, um desfo- flamingo, o gavião-real e a choquinha. Entre os nove répteis, estão a
lhante usado pelos americanos na Guerra do Vietnã para devastar a mata surucucu, algumas espécies de tartaruga e o jacaré-de-papo-amarelo. Dos
tropical, já foi aplicado por empresas transnacionais na Amazônia, para 32 tipos de invertebrados, a maioria é de borboletas e libélulas. A lista
transformar a floresta em terrenos agropastoris. A cultura da soja, hoje aponta ainda outras 117 espécies pouco conhecidas, também ameaçadas.
espalhada por quase todas as regiões do país, também faz uso acentuado
desses fosforados. A médio e longo prazo esses produtos destroem Situação dos ecossistemas
microrganismos, fungos, insetos e contaminam animais maiores. Eles A variedade do clima, do relevo, do regime de chuvas e de rios do pa-
também tornam as pragas cada vez mais resistentes, exigindo doses cada ís resulta em variados ecossistemas . A Amazônia concentra a maior
vez maiores de pesticidas. No homem, causam lesões hepáticas e renais floresta tropical e a maior diversidade biológica do mundo, seguida de
e problemas no sistema nervoso. Podem provocar envelhecimento preco- perto pela mata Atlântica e pelo Pantanal. Os manguezais localizados em
ce em adultos e diminuição da capacidade intelectual em crianças. alguns estuários, como o do Amazonas ou o do rio Ribeira (SP), também
estão entre os maiores criatórios naturais de vida marinha do planeta.
Queimadas
Desde o início da ocupação portuguesa o fogo foi o principal instru- AMAZÔNIA
mento para derrubar a vegetação original e abrir áreas para lavoura, A Amazônia tem uma área calculada em 5,5 milhões de km², e a flo-
pecuária, mineração e expansão urbana. Ao longo dos quase cinco sécu- resta ocupa 60% do total, o equivalente a 3,3 milhões de km². O subsolo
los de história do país, desaparece quase toda a cobertura original da da Amazônia é rico em minérios, como ouro, bauxita, cassiterita e manga-
mata Atlântica nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul. No Centro-Oeste, de nês. Sua superfície abriga cerca de 2 milhões de espécies . Apenas 10%
ocupação mais recente, o cerrado vem sendo queimado para abrir espaço de suas terras são consideradas produtivas, 12% das quais já estão
à soja e à pecuária. Nos anos 80, as queimadas na floresta Amazônica ocupadas pelo homem. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
são consideradas uma das piores catástrofes ecológicas do mundo. ciais (Inpe), em 1991, a área devastada chega a 11.100 km², ou 0,3% da
floresta. No Amapá e em Rondônia, a metade da área cultivável já foi
Em algumas regiões, é a seca que provoca os incêndios que devas- devastada. Os focos de incêndio passam de 362.161 km² em 1990 para
tam os ecossistemas: 80% do Parque Nacional das Emas , na divisa de 404.343 em 1991 e provocam uma nuvem de fumaça que chega a alcan-
Goiás com Mato Grosso do Sul, são destruídos pelo fogo em 1988 e, em çar a África e a Antártida.
1991, outro incêndio destrói 17 mil ha do parque.
Rios assoreados – Grande parte dos 3,9 milhões de km² da bacia hi-
Desertos drográfica amazônica – a maior do mundo – sofre assoreamento devido à
Desmatamento indiscriminado, queimadas, mineração, uso excessivo erosão provocada por utilização inadequada do solo. Muitos rios têm suas
dos defensivos agrícolas, poluição, manejo inadequado do solo e seca águas contaminadas pelo mercúrio dos garimpos de ouro, que já estão
trazem a desertificação de algumas áreas do país. A região Nordeste é a invadindo a Venezuela. A busca de ouro também tem contribuído para
mais atingida: 97% de sua cobertura vegetal nativa já não existem. A área dizimar a população indígena, principalmente ianomâmis.
desertificada chega a 50 mil ha e afeta a vida de 400 mil pessoas. A
mineração e as salinas também afetam o sul do Pará e a região de Mos- MATA ATLÂNTICA
soró (RN). No Rio Grande do Sul, a superexploração agrícola e a pecuária No século XVI, a mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical
extensiva fazem crescer o já chamado "deserto dos pampas": uma área úmida do Brasil. Cobre uma área paralela ao litoral, quase contínua, de
de 200 ha no município de Alegrete. cerca de 1,5 milhão de km², estendendo-se do Ceará ao Rio Grande do
Sul – justamente a área hoje mais densamente povoada do país. Em São
Radiatividade Paulo, a área original, igual a 82% do território, passa para os atuais 5%.
A ausência de comunicação imediata de problemas em usinas nuclea- Mesmo assim, ainda é uma das maiores do planeta em diversidade bioló-
res preocupa militantes ecológicos e cientistas no mundo inteiro. Isso gica. A devastação começa com o início da colonização, com a exploração
também acontece no Brasil. Em março de 1993, o grupo Greenpeace do pau-brasil. Prossegue com o ciclo do açúcar, no século XVII, que

Geografia 4
APOSTILAS OPÇÃO
praticamente acaba com a mata no Nordeste. No século XVIII, a minera- meio ambiente. Define também o Sistema Nacional de Unidades de Pre-
ção do ouro amplia a área devastada até Minas Gerais. Na segunda servação: áreas consideradas de valor relevante por seus recursos natu-
metade do século XIX, a cultura do café derruba a floresta nas regiões rais ou paisagens , mantidas sob regime especial de administração, com
Sudeste e Sul. No século XX, o desmatamento chega à fronteira do Mato garantias de proteção e preservação da diversidade biológica. Atualmente,
Grosso. Na atualidade, a maior parte da vegetação remanescente concen- as áreas sob proteção somam 31.294.911 ha, o equivalente a 3,7% da
tra-se nos Estados da região Sul. superfície do país.

Indústrias x floresta O MEIO AMBIENTE FÍSICO


A industrialização da região Sudeste aumenta a devastação da flores-
ta. Na década de 40, quando a Companhia Siderúrgica Nacional entra em
operação, em Volta Redonda (RJ) , alimenta seus altos-fornos com a
madeira extraída da floresta. O lançamento de poluentes na atmosfera e
nos cursos d'água por indústrias de todo o Sudeste contribui para a des-
truição. A poluição atmosférica vem aumentando as chuvas ácidas e
destruindo porções significativas da cobertura vegetal da região. No
Espírito Santo e Bahia, além da poluição, a floresta é consumida pela
indústria de papel e celulose e derrubada pela crescente especulação
imobiliária.

PANTANAL
Ocupa 140 mil km² no sudoeste do Mato Grosso e oeste do Mato
Grosso do Sul, estendendo-se até o Paraguai. No verão – época das
chuvas –, suas terras são inundadas pelas cheias do rio Paraguai, criando
um ecossistema específico que abriga milhares de espécies de aves,
peixes, répteis e mamíferos. As usinas de álcool, o mercúrio dos garim- A - A ESTRUTURA DA SUPERFÍCIE TERRESTRE, A EVOLUÇÃO E
pos, o excesso de fertilizantes das lavouras, as queimadas e até mesmo o AS FORMAS DE RELEVO.
turismo vêm poluindo as águas do Pantanal. A construção de estradas no A Terra é o terceiro planeta a contar do Sol. De uma perspectiva as-
seu interior e de usinas hidrelétricas em regiões periféricas tem alterado o tronómica, a Terra pertence ao grupo de planetas terrestres, que também
regime de ventos e de chuvas da região. A caça e a pesca predatórias incluem Mercúrio, Vénus e Marte. É com este grupo, e também com a
aceleram o desequilíbrio do ecossistema. Caçadores clandestinos já Lua, que a sua origem, estrutura e evolução são regularmente compara-
mataram cerca de 2 milhões de jacarés. A onça-pintada, veados, cotias, das.
ariranhas e lontras estão em rápido processo de extinção. A criação do A superfície terrestre é o resultado de numerosos agentes de ordem
Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e da Estação Ecológica do interna, como fenômenos sísmicos (que causam os terremotos) e vulcâni-
Taimã são algumas das medidas, ainda insuficientes, para preservar a cos, e de ordem externa, como fenômenos astronômicos (influência da
região. Lua), atmosféricos e mesmo de ordem vegetal, animal e humana. Estes
fenômenos ligam-se, relacionam-se, chocam-se, adaptam-se e intervêem
MANGUEZAIS uns mais do que os outros para caracterizar a superfície terrestre.
Ambientes de transição entre os meios terrestre e marinho caracterís-
ticos dos litorais tropicais, os manguezais distribuem-se ao longo de todo o Estrutura interna da Terra
litoral brasileiro. Os de maior biodiversidade localizam-se nos estuários de É composta pelas seguintes camadas:
grandes rios, principalmente naqueles que têm seus cursos em terrenos Núcleo: porção central da Terra. Espessura de 3.470 km e 6.000°C
planos e foz muito amplas. Têm características pantanosas, vegetação de temperatura.
arbustiva abundante e águas ricas em matéria orgânica. São considerados Magna pastoso: corresponde a porção abaixo da crosta terrestre. Po-
os maiores criatórios naturais de espécies marinhas. Os grandes mangue- de ser dividida em manto (abaixo do sima, espessura de 1.200 km) e
zais brasileiros estão sendo destruídos pela poluição dos polos petroquí- camada intermediária (chamada de núcleo exterior, espessura de 1.700
micos ou cloroquímicos presentes em quase todos os grandes estuários km).
da costa. Muitos são soterrados para a construção de estradas, como a Crosta ou Litosfera: camada externa da Terra, nessa superfície ocor-
Rio-Santos, ou para projetos imobiliários, como no litoral paulista e flumi- rem erosões e sedimentações. Espessura de 60 km nas áreas montanho-
nense, no sul da Bahia ou em Florianópolis. Poucos ainda estão preserva- sas e 5 a 10 km nas bacias oceânicas.
dos, como a parcela do manguezal do rio Ribeira, protegida pelo Parque Subdividida em sial (solo e subsolo) e sima (manto superficial - porção
Estadual da Ilha do Cardoso, no sul de São Paulo. interna da litosfera).

EVOLUÇÃO DA TERRA
Legislação atual
Supõe-se que a Terra tenha 4,6 bilhões de anos. Um milhão de
O capítulo sobre meio ambiente da Constituição de 1988 é considera-
anos após sua formação, a superfície da Terra já apresentava um
do um dos mais avançados do mundo. Inclui o meio ambiente ecologica- aspecto
mente equilibrado entre os direitos do cidadão e da sociedade e considera semelhante ao atual, com rochas, oceanos e uma temperatura não
sua defesa e preservação como dever do Estado e da coletividade. De- muito diferente da que existe na atualidade. Para estudar a longa vida
termina que o poder público deve preservar e restaurar os processos de nosso planeta, conhecida como tempo geológico, dividiu-se o tempo
ecológicos essenciais, dar condições para o manejo ecológico das espé- em unidades chamadas eras. As eras, por sua vez, foram divididas em
cies e ecossistemas, preservar a diversidade biológica e a integridade do
períodos, e os períodos em épocas. Poder-se-ia comparar as eras,
patrimônio genético. O governo deve exigir relatório de impacto ambiental
períodos e épocas aos anos, meses e semanas de nosso tempo. Cada
para a instalação de qualquer obra ou atividade potencialmente causadora
era se caracteriza pela forma como se encontravam distribuídos os
de degradação ambiental e tem o dever de controlar a produção, comerci-
continentes e os oceanos, e pelo tipo de organismos que neles viviam.
alização e emprego de métodos e substâncias potencialmente nocivas à
As eras geológicas são: Pré-Cambriana (a mais antiga), Paleozóica,
preservação do equilíbrio do meio ambiente.
Mesozóica e Cenozóica (a mais recente).
No decorrer do tempo, os continentes foram mudando de posição,
Áreas de preservação – A Constituição reconhece a floresta Amazô-
aproximando-se e voltando a separar-se lentamente. Durante a Era
nica, a mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Paleozóica havia apenas três grandes massas continentais, que se
Zona Costeira como patrimônio nacional; exige que a instalação de usinas
uniram ao final dessa era dando origem ao supercontinente Pangeia.
nucleares seja definida por lei e prevê a punição para quem degradar o

Geografia 5
APOSTILAS OPÇÃO
Durante a Era Mesozóica, o supercontinente Pangeia se fragmen-
tou em diversos blocos, que começaram a separar-se a partir do Perío-
do Triássico, até chegar à atual distribuição de continentes e oceanos.

Durante o Período Quaternário, o clima mudou em quatro ocasiões,


tornando-se muito mais frio. O gelo polar recobriu boa parte da Europa,
da América do Norte e do norte da Ásia. Essas mudanças climáticas
são conhecidas como glaciações. A fauna e a flora tiveram de adaptar-
se a essas grandes transformações.
1. Como é transformada a superfície da Terra?
A Era Pré-Cambriana compreende o tempo transcorrido entre a As irregularidades da superfície da Terra constituem o relevo. Entre
formação da Terra e o início da Era Paleozóica, há 570 milhões de os diferentes aspectos apresentados pelo relevo terrestre podemos distin-
anos. Em algum momento deste longo período de tempo ocorreu o mais guir quatro tipos principais: montanhas, planaltos, planícies e depressões.
importante fenômeno da história terrestre: o surgimento da vida. Os O relevo terrestre é o resultado da ação de forças que agiram no decorrer
primeiros fósseis conhecidos têm dois bilhões de anos, e acredita-se de milhões de anos. Essas forças são chamadas agentes do relevo.
que sejam restos de antigas bactérias. Quando essas forças ou agentes agem de dentro para fora da Terra, são
denominados agentes internos, como o tectonismo, o vulcanismo e os
A Era Paleozóica ou Primária veio após a Pré-Cambriana e durou abalos sísmicos. O relevo formado pelos agentes internos sofre a ação
325 milhões de anos. Durante esse tempo surgiram na Terra inúmeros dos agentes externos, como a chuva, o vento, os mares, os organismos
animais invertebrados, como insetos e escorpiões. Alguns deles, como vivos e o intemperismo. São os escultores do relevo, que fazem um duplo
os trilobitas, extinguiram-se ao término da Era Paleozóica. Surgiram, trabalho: a erosão ou destruição e a acumulação ou construção.
nesta ordem, os peixes, os anfíbios e os répteis, e também as primeiras
plantas terrestres, os fetos. Por volta do final da Era Paleozóica, todos Dobras e Dobramentos
os continentes estavam unidos em um só, o Pangeia. Em geologia, curvaturas em rochas ou nos estratos que as contêm.
As rochas parecem com uma grande quantidade de toalhas amontoadas,
A Era Mesozóica ou Secundária durou 160 milhões de anos. Ao como se tivessem muitas pregas ou rugas. As rugas superiores são cha-
longo dela surgiram numerosos grupos de répteis, alguns dos quais madas de anticlinicais e têm uma crista e duas ramificações que descem
eram terrestres (dinossauros), outros voadores (pterossauros) e outros na direção de curvas contíguas, ou sinclinais. As rugas monoclinais têm
viviam na água (ictiossauros). Os invertebrados mais abundantes eram uma ramificação inclinada e outra horizontal. Já as rugas isoclinais fun-
os amonites, moluscos semelhantes aos atuais calamares, mas dotados dem-se na mesma direção e no mesmo ângulo. As rugas periclinais
de concha. As plantas com sementes desenvolveram-se, formando podem ter formas convexas (com inclinação interna) ou côncavas, ou seja,
grandes bosques de coníferas e ao final da era apareceram as plantas como cúpulas (inclinação externa). As rugas são medidas a partir de
com flores (angiospermas). Pangeia fragmentou-se em diversos blocos critérios de comprimento de onda (de crista a crista ou de seio a seio) e
continentais que progressivamente foram se afastando uns dos outros, altura (da crista ao seio).
o que permitiu que as águas oceânicas penetrassem entre eles.

A Era Cenozóica dura já 65 milhões de anos e se divide em dois


períodos: o Terciário e o Quaternário. Ao longo dessa era foram surgin-
do todos os grupos de seres vivos que existem atualmente. Durante o
Período Terciário, após desaparecer a maior parte dos répteis, os
mamíferos disseminaram-se por toda a Terra. Surgiram também nume-
rosas aves voadoras e corredoras. A espécie humana, surgida nos
finais do Terciário, evoluiu durante o período Quaternário até chegar às
formas modernas. Os continentes e os oceanos já ocupavam as posi-
ções atuais.
Montanhas
FORMAS DE RELEVO Nome que se aplica normalmente a qualquer zona da superfície ter-
O relevo corresponde ao conjunto de formas apresentadas pela litos- restre mais elevada que o terreno a seu redor. Distingue-se dos planaltos
fera. Essas formas são definidas pela estrutura geológica combinada com pela menor extensão de seus cumes e das colinas, por sua maior altitude.
as ações da dinâmica interna e externa da Terra. A estrutura geológica diz Sua altitude é considerada em relação ao nível do mar. As montanhas
respeito ao tipo de rocha - magmática, sedimentar ou metafórmica -, bem aparecem normalmente agrupadas em serras, formadas por alinhamentos
como à idade que elas apresentam - mais antigas ou mais recentes. As de cumes e desfiladeiros. Várias serras formam um sistema montanhoso;
características das rochas condicionam a ação dos fatores modificadores uma sucessão alinhada de sistemas é chamada de cadeia montanhosa, e
do relevo, os chamados agentes de erosão. um amplo sistema de serras, sistemas e cadeias montanhosas recebe o
nome de cordilheira. Os geólogos acreditam que a maioria das montanhas
Formas de Relevo se formou como resultado de movimentos da crosta terrestre. O modelo
Relevo é resultado da atuação de dois grupos de forças, que podem da tectônica de placas ajuda a explicar esse processo. As colisões entre
ser sucessivas ou simultâneas: endógenas (que provocam dobras, falhas, as placas produzem movimentos que tendem a elevar a crosta em decor-
vulcões, terremotos) e exógenas (desgastes e acumulação, ou erosão e rência de falhas, dobras ou arqueamento das camadas horizontais das
sedimentação). O relevo é considerado um produto de ações simultâneas rochas. A separação das placas faz com que alguns blocos da crosta
das forças endógenas e exógenas, onde as primeiras atuam no sentido de afundem ou desabem e permite que outros se depositem sobre eles. As
acentuar o relevo e as segundas no sentido de atenuá-lo, nas suas linhas erupções vulcânicas também formam montanhas. Finalmente, a elevação
gerais. Portanto, as formas atuais de relevo constituem o resultado final de algumas montanhas baixas se deve aos processos chamados não
dessas ações contrárias. O relevo é caracterizado pelas formas salientes tectônicos, cujo principal é o resultante da erosão diferencial. As monta-
ou deprimidas, marcadas por linhas diretrizes (cristas e talvegues), que nhas influenciam a vida humana de muitas maneiras. Além de proporcio-
constituem a imagem da paisagem física. Nos grandes conjuntos de narem recursos minerais, florestais, agrícolas e de recreação, exercem
paisagens podem-se encontrar as principais formas de relevo: montanhas, uma influência significativa sobre o clima e determinam o curso de proces-
planaltos, planícies e depressões. No estudo detalhado, podem-se anali- sos históricos e econômicos. Também cabe destacar a importância políti-
sar cuestas, gargantas, inselbergues, terraços e superfícies de aplaina- ca. As barreiras montanhosas, com seus caminhos relativamente estreitos
mento. e adequados à sua defesa, se converteram em fronteiras políticas natu-
rais, cuja importância estratégica supera somente a dos oceanos e mares.

Geografia 6
APOSTILAS OPÇÃO
A maior parte dos cumes mais elevados do mundo se encontra no grande Esta superfície , chamada tropopausa, separa das capas da atmosfe-
sistema do Himalaia e na cordilheira que se estende ao longo da América ra que tenham propriedades muito distintas. Sua altura media é ao redor
do Norte e do Sul. de 8 km nas regiões polares, de uns 11 km nas latitudes médias e de uns
17 km nas regiões intertropicais. Em nossa zona temperada se tem obser-
vado, as vezes, quedas da tropopausa de uns 5km. Estas variações
consideráveis na altitude da tropopausa, se observam na proximidade de
tubos de vento fortes, chamados “corentes em jatos” ou “ jet streams”,
onde a topopausa acusa uma inclinação muito forte, incluindo uma verda-
de “falha” e outras complicações.

Troposfera e estratosfera
A camada situada por baixo da tropopausa é a troposfera. É a cama-
da onde se produzem os fenômenos atmosféricos (frentes, nuvens, tor-
mentas, etc.) que constituem o tempo. Por cima da tropopausa se encon-
tra a estratosfera, que se estende até uma altitude de 50km. Com ajuda de
diversos métodos (globos-sondas, sondas com ajuda e foguetes, medidas
de refração das ondas sonoras, etc.) se conhece atualmente qual é ali a
variação de temperatura com a altura. Enquanto que se observa a presen-
ça de uma camada mais ou menos isoterma diretamente acima da tropo-
Planícies pausa, a temperatura cresce seguidamente com a altitude, para alcançar
Região de terreno plano e baixa altitude, onde os processos de sedi- valores que, a 50 km são comparáveis aos que se observa, na superfície
mentação predominam sobre os de deterioração ou erosão. Apresenta da Terra.
superfícies pouco acidentadas, sem grandes desnivelamentos relativos, A este fenômeno se atribui a presença de ozônio (oxigênio cuja molé-
por vezes suavemente onduladas. Os autores, no passado, classificavam cula está composta de três átomos e não dois como o oxigênio normal). A
as planícies e os planaltos a partir de sua altitude. As superfícies planas concentração deste gás é máxima entre os 20 e 25 km de altitude. Tanto a
com menos de 200 m eram chamadas de planícies e aquelas com mais de formação como a destruição do ozônio, se faz por reações fotoquímicas. A
200 m, de planaltos. O correto seria considerar as planícies como superfí- grande absorção de raios ultra-violeta que acontece explica a grande
cies modeladas em rochas sedimentares delimitadas por aclives. Alguns elevação da temperatura nessas camadas. Acreditou-se, durante muito
exemplos são as planícies de montanha encontradas em diversas altitu- tempo que a estratosfera estava completamente privada de nuvens,
des. A natureza do material e da estrutura de uma área de planície revela todavia, as observações dos explorados desta camada de nossa atmosfe-
tratar-se de rochas sedimentares relativamente recentes, sendo, portanto, ra nos mostra que é possível, em circunstâncias muito particulares, a
uma forma de relevo onde os processos de deposição são superiores aos formação de nuvens de gelo.
de desgaste ou dissecação da paisagem. As planícies podem ser classifi- Por outra parte, as nuvens nacaradas, que podem ser observadas so-
cadas, segundo a localização, em marítimas ou costeiras e continentais. bre tudo em altas latitudes, aparecem a uma altitude de 20-30 km. Por
Quanto à formação, podem ser lacustres e aluviais. As planícies lacustres estas formações nebulosas por cima da tropopausa não são abundantes
resultam do entulhamento de lagos; as planícies aluviais são aquelas nem frequentes, e no tem influência sobre a aviação.
justapostas ao fluxo de rios, e apresentam largura e extensão bastante
variadas. As camadas Altas
A mesosfera – o limite superior da estratosfera se denomina estrato-
B - A ATMOSFERA E OS FENÔMENOS METEREOLÓGICOS E pausa. Não está nitidamente definida, como a tropopausa e se situa a uma
CLIMÁTICOS. altitude al redor de 50 km. Por cima, se distingue uma camada em que a
A ATMOSFERA temperatura cai novamente enquanto se ascende; é a mesosfera, que se
EXTENSÃO E SUBDIVISÃO estende até os 80 km de altitude e tem que se observar uma nova mudan-
Descrição Geral ça na forma de variar a temperatura com a altura. Este limite superior se
Nosso planeta está rodeado por uma camada gasosa, o ar, que cons- chama mesopausa. A densidade do ar na mesosfera é mínima, pois ali a
titui a atmosfera terrestre. O ar é, por uma parte, atraído até a costra pressão varia entre 1mb e 0,01mb.
terrestre pela gravidade e, por outra parte, arrastado em sua totalidade A pesar de sua extensão, esta camada contém somente por volta de
pela rotação do nosso Globo. 1% da massa total da atmosfera. Acima dos 80 km se observa a presença
Veremos em seguida que a densidade do ar vai diminuindo progressi- de nuvens noturnas luminosas ou nuvens noctuluzentes, que se supõem
vamente com a altitude, Assim, vai sendo cada vez mais escasso o afas- estarem formadas por acumulação de partículas cósmicas impalpável.
tarmos da Terra, no tendo a atmosfera, no que se refere a altura, um limite A termosfera, ou ionosfera – se encontram por cima da mesopausa.
claramente marcado como ocorre, por exemplo, com a superfície dos Nela a temperatura cresce de novo com a altura. A influência das partícu-
oceanos. las eletrizadas tem um papel predominante, dando lugar a presença de
camadas ionizadas (camadas Heaviside), que tem a propriedade de
refletir as ondas radio-elétricas. Graças a este fenômeno, certas estações
Dimensões emissoras podem ser recebidas em lugares onde, por causa da curvatura
Nas representações que se fazem de nossa atmosfera, se tem ten- da Terra, não seriam diretamente perceptíveis (as ondas refletidas podem,
dência em exagerar as dimensões verticais que, fora toda via, são sempre com frequência, serão muito bem observadas mediante o aparato de
pequenas em relação com as dimensões horizontais. Por exemplo, a navegação “Loran”.). Na ionosfera se produzem também as auroras
camada em que se produzem os fenômenos metereológicos que constitu- boreais.
em o tempo atmosférico (troposfera) é apenas 1/600 do raio da Terra. Por cima dos 800 km se alcança a exosfera, que constitui a zona de
Os meteoritos que se incendeiam por atrito com a alta atmosfera, de- transição entre nossa atmosfera e o espaço interplanetário, Nesta zona se
monstra a existência de ar (ainda que muito raro) a altitudes de 200 a 300 encontra o cinturão de radiação que descobriu Van Allen, cuja importância
km. As auroras boreais, que são descargas elétricas no ar rarefeito, se é evidente no estudo das viagens pelo espaço cósmico.
produzem em cima dos 100 km até várias centenas de quilômetros de
altura. Exploração da Alta atmosfera.
As primeiras explorações da alta atmosfera foram feitas por balões-
A Tropopausa sondas, que transportavam aparatos registradores, mais tarde, com ba-
Existe uma superfície de descontinuidade claramente definida na at- lões ocupados por observadores. Em 1931 o professor A. Piccard alcan-
mosfera, que se caracteriza, entre outras coisas, pelo fato de que o ritmo çou 15.780 metros de altitude. As últimas grandes ascensões na estratos-
de queda da temperatura com a altura diminui bruscamente. fera, por meio de balões livres, são as de Ross y Lewis (USA), que alcan-

Geografia 7
APOSTILAS OPÇÃO
çaram 23.164 m, em novembro de 1956, do Major D. Simon (USA), em Compreende-se que com neblinas densas, pode , em ocasiões, ser
agosto de 1957, que alcançou arredor de 30.000m, de Ross e Prather necessária a aplicação das regras de voo IFR (visibilidade inferior a 8 KM),
(USA), que subiram até 34.600m. sendo necessárias sempre com névoa.
Os foguetes desenvolvidos sobre tudo nos USA e na antiga URSS, Por outro lado, as névoas se caracterizam por um alto grau de umida-
tem contribuído a um melhor conhecimento das mais altas camadas da de relativa, geralmente muito próximo aos 100%, bem que as vezes pode-
atmosfera (lançamento de sondas chamadas “falling spheres” e de sondas se observar a formação de névoa a partir de uma umidade relativa um
parachutas) Os satélites artificiais lançados por este mesmo país minis- pouco inferior a 100% (isto depende da natureza dos núcleos de conden-
tram, entre outras, informações sobre os confins de nossa atmosfera e as sação presentes, dos quais falaremos mais adiante).
propriedades dos espaços interplanetários. Em 1961 tiveram lugar os Com névoa, se nota una sensação fisiológica de umidade e de frio,
primeiros lançamentos de satélites ocupados por homens. Posteriormente que não se sente com as brumas e nevoeiros.
as viagens o homem pelo espaço se multiplicaram, alcançando um grau Vistas de um avião, as camadas de névoa têm o aspecto mais ou
tal de perfeição com as diversas missões Apolo, que os astronautas menos ondulado de uma camada de sedimentos (mar de nuvens). AS
passearam pela Lua. névoas são frequentes no outono e inferno.

Composição da Atmosfera. Mecanismo de formação das neblinas e das névoas.


Componentes: Neblinas
A atmosfera é uma mescla de diferentes gases. Os principais são: o As partículas sólidas (pó ou fumaça) que formam a bruma seca são
oxigênio e o nitrogênio. Contendo em sua volta um volume de oxigênio por arrastadas pela ação do vento e pela agitação criada pelas correntes de
quatro de nitrogênio. Ademais, a atmosfera contem argônio, Helio e outros convecção. Ficam em suspensão e graças às turbulências do ar são
gases de propriedades químicas parecidas: hidrogênio e dióxido de car- arrastadas até o solo, sendo a atmosfera lavada, por assim dizer, e obser-
bono em proporção variável. Um dos componentes mais importantes da vando-se seguidamente uma melhoria na visibilidade.
mistura, que existe igualmente em proporções muito variáveis, é o vapor Sobre o mar, as partículas sólidas em suspensão no ar estão forma-
de água que, al condensar-se forma nuvens e da lugar para as precipita- das, geralmente, por cristais de sal microscópicos, que proveem da ação
ções. pulverizadora dos chuviscos. As gotículas, ao evaporar-se, deixam cristali-
tos de sal em suspensão no ar. A grossura das camadas de neblina, é
Composição em altitude muito variável, porém só está limitado ao das camadas baixas da atmosfe-
Se os gases tivessem as mesmas propriedades que os líquidos não ra, onde existem turbulências e correntes de convecção. Numa atmosfera
miscíveis, a terra estaria rodeada de camadas concêntricas distintas, os completamente calma, se produziria uma sedimentação lenta do pó, e em
gases mais pesados, tais como o argônio e o oxigênio formariam as consequência, uma descida do nível superior das camadas de bruma.
correspondentes camadas inferiores, enquanto que nas camadas superio- O limite superior das camadas de neblina, coincide, muitas vezes, à
res se encontrariam unicamente o hélio e, mais acima, o hidrogênio. presença de uma camada, elevada, da inversão de temperatura, estando
Agora bem, ao poder distinguir uns gases dos outros, numa atmosfera então muito claramente delimitado. As inversões favorecem a formação de
em perfeita calma, cada um se comportará como se estivesse sozinho e brumas densas, pois impedem que os humos e o pó subam acima da
sua pressão parcial variará com a altura em função de sua densidade inversão, concentrando-se embaixo e estendendo-se horizontalmente.
própria (diminuição mais rápida nos gases pesados que nos mais ligeiros). Nos anticiclones, a subsidência faz descer progressivamente o nível da
A proporção dos gases leves aumentará, pois , com a altitude. inversão e, em consequência, o limite superior da camada de bruma.
Na realidade, a atmosfera é agitada continuamente por correntes que
destroem o estado de equilíbrio que se estabelecerá sobre o efeito da Névoa
difusão. Resulta pelo que a composição da atmosfera é, praticamente, A presença de partículas higroscópicas, em suspensão no ar é condi-
constante até altitudes muito grandes. Experiências recentes, chegadas a ção necessária para que possam formar-se gotículas de água. Estas
cabo de altitude de 30 a 70 km, são permitidas descobrir diferenças notá- partículas são núcleos de condensação. Por outro lado, é necessário que
veis nas proporções dos constituintes da atmosfera em relação as cama- a umidade relativa alcance 100%. Na realidade, se formam já gotas com
das inferiores (estas comparações no se referem a constituintes cujas valores da características dos núcleos de condensação presentes. Os que
quantidades possam variar localmente e forma considerável, tais como o são produzidos por humos industriais, tem propriedades higroscópicas e
vapor de água e o 0dióxido de carbono ou incluindo o ozônio, este último são particularmente favoráveis à formação de névoas, antes de alcançar
resulta de uma ação fotoquímica e passa por um máximo de concentração os 100% de umidade relativa.
a uma latitude de 20 a 25 km O ar que tiver uma umidade relativa elevada, pode alcançar a satura-
ção de 2 maneiras:
FENÔMENOS METEREOLÓGICOS E CLIMÁTICOS a) Si se esfria:
Fenômenos metereológicos b) Si se acrescenta vapor d´àgua por evaporação o por mistura com
BRUMAS E NÉVOAS ar mais quente e mais úmido.
Chama-se bruma a um enturbinamento da atmosfera, produzido por - À radiação,
partículas microscópicas em suspensão que reduzem a visibilidade. As - À advecção
partículas em suspensão podem formar uma espécie de poeira microscó- - À subido ou ao longo de uma suspensão.
pica (areia, humo, cristalitos de sal, gotículas de água). Se distinguem dois - Radiação.
tipos de bruma: a bruma seca, formada essencialmente de partículas Já dissemos que o solo irradia calor para o espaço. Durante a noite,
sólidas; e a bruma úmida, ou neblina, formada essencialmente por gotícu- especialmente durante as estações frias, esta radiação não está absolu-
las de água. As brumas secas são frequentes quando há situações antici- tamente compensada pelo esquentamento devido a radiação solar, de
clônicas nos continentes. A umidade relativa não ultrapassa nelas 60%. modo que a temperatura do solo cai sem para, dando lugar a que se forme
Formam uma espécie de véu branco, que atenua os cores da paisagem. uma inversão de temperatura nas camadas de ar mais próximas do solo.
Por transparência, parecem azuladas contra um fundo escuro y amarela- Se o ar é muito úmido, este esfriamento é, muitas vezes, suficiente para
das contra um fundo branco (nuvens, neves), enquanto que a neblina, ou provocar a saturação, se a temperatura baixa então outros 2 ou 4º mais,
bruma úmida, é sempre cinzenta. se forma a névoa junto ao solo,. Se este último esfriamento não se produz,
Chama névoa, ao fenômeno produzido pela presença de numerosas a saturação só provoca, geralmente, orvalho ou orvalho cristalizado.
gotículas de água (algumas vezes cristais de gelo) que flutuam pelo ar, A grossura da camada de névoa depende da agitação do ar. Se esti-
dentro de uma camada próxima ao solo. A distinção entre névoa e neblina ver completamente imóvel, a condensação só se produziria na imediata
se estabelece diante um critério de visibilidade, ao qual é: aproximação do solo; aí se observa, as vezes, que unicamente se deposi-
Superior a 1 Km , é neblina, inferior a 1 Km é a névoa. ta orvalho, e se formar névoa, não tem mais que um ou dois metros de
A cor da névoa é variável, Pode ser branca ou cinzenta, e chega a ser espessura. È preciso alguma turbulência, ainda que muito ligeira, para que
amarelada nas regiões muito povoadas ou industriais, onde as fumaças a o esfriamento, e em consequência a névoa, se propaguem a uma espes-
atingem fortemente (“smog” na Inglaterra). sura maior. Estima-se que com um vento inferior a 5 nós, as probabilida-

Geografia 8
APOSTILAS OPÇÃO
des de formação de névoa são muito grandes, se soprar mais forte, a ocidentais são tocadas pela Corrente fria do Bengala, e fria é também
probabilidade diminui progressivamente, para velocidades de 8 a 10 nós, acorrente do Peru, que banha as costas americanas.
não se forma névoa por radiação noturna mais que muito raramente, pois
o intercambio e mistura de ar alcança uma camada muito mas grossa, As Nuvens
tendendo de uma camada de ar mais fria na imediata proximidade do solo, Por toda parte, sobretudo no ar existe vapor áqueo, devido à evapo-
aumenta, em mudança, a possibilidade de formação de camadas baixas, ração dos mares, dos lagos, dos rios e até da enorme massa da vegeta-
sobre tudo em terrenos ondulados. ção. Naturalmente, a umidade do ar será maior onde uma grande bacia de
A névoa devida a radiação é, antes tudo, um fenômeno local. Forma- água está pronta a transformar-se em vapor. O ar, segundo sua tempera-
se particularmente nos terrenos baixos de uma região. tura, pode conter uma quantidade variável de água, tanto maior quanto for
Por exemplo, é frequente em outono e inverno, nos vales da Meseta quente o ar. Mas, se este, vindo em contato com correntes frias ou ele-
Suíça, para os quais escorre o ar frio das encostas próximas ao local. vando-se a grandes alturas, esfria, o vapor se condensa, formando inúme-
A grossura das névoas de radiação não só é grande na primavera, ras gotinhas, que conseguem ficar suspensas no ar e não se transformam
podendo-se com frequência distinguir o sol, a lua, ou as estrelas de um em chuva por causa das correntes que tendem a subir para o alto, "man-
lugar envolto por névoas. Pelo contrário, no inverno pode alcançar espes- tendo-se lá em cima".
sura de 250m, e inclusive chegar até 400m
As camadas nebulosas, impedem que se produza uma radiação in- Para que as gotinhas redondas das nuvens possam formar-se, é pre-
tensa, podendo por ela impedir a formação de névoa. Sem dúvida, não se ciso a presença de microscópicos corpúsculos estranhos: fumaça, pó,
trata de camadas de nuvens altas e delgadas (altostratos, delgados, areia, etc. Muito frequentemente, as nuvens, especialmente os cirros,
cirrostratos). nuvens altas, sutis, veladas, contêm, além de água sob forma de gotas,
também numerosos cristais de gelo, nos quais a luz solar se reflete.
- Advecção (se chama advecção a afluência do ar por translação ho- Enquanto o vapor de água estiver, transparente e deixar passar os
rizontal.) raios do sol, sem interceptá-los, as nuvens, isto é, água em estado líquido,
Quando o ar frio e úmido flui horizontalmente e se desliza por uma bloqueiam boa parte da luz solar, ou melhor, as superfícies esféricas das
superfície fria, a temperatura decai, e se chega a ser dois ou três graus infinitas gotinhas refletem muitos raios de luz; assim, abaixo das nuvens,
inferior ao seu ponto de orvalho inicial, se forma uma névoa chamada onde nós estamos, o ar se torna escuro e parece que a noite vem antes
névoa de advecção. È um tipo de névoa muito frequente. do tempo: mas em cima dele, há um clarão cintilante.
Correntes Marinhas As nuvens estão sempre em movimento, em contínua transformação,
Frequentemente, estudando geografia verificamos curiosos fenôme- devido às correntes que as atravessam, e seu aspecto é tão mutável e
nos, para os quais, à primeira vista, não se encontra explicação; depois, fantástico que chega a prender o olhar do observador. As nuvens podem
um conhecimento aprofundado explica claramente o problema. Por exem- reagrupar-se sob nomes diversos, segundo seu aspecto e a altura em que
plo, a Noruega e o Labrador estão na mesma latitude, mas a primeira se encontram. As mais altas, que podem chegar até 10.000 metros, são
possui um clima relativamente ameno, ao passo que o segundo é gélido e chamadas cirros, depois, descendo para a terra, temos os cirros-estratos,
desabitado. Nova York e Portugal, ambos às margens do Atlântico, apre- os cirros-cúmulos, os cúmulos, arredondados e macios, circundados,
sentam características bem diversas, sendo o clima americano bem mais geralmente, ao crepúsculo, por uma borda cândida ou rosada, sinal de
rígido que o europeu. Para estes exemplos, a explicação é simplíssima: bom tempo, e, mais abaixo, aos 1.000 metros, os estratos, os nimbos,
Noruega ePortugal sofre os efeitos benéficos da Corrente do Golfo. que nada prometem de bom. Em geral, se as nuvens têm um aspecto
Mas, que são e quais as causas provocadas pelas correntes mari- arredondado e estão divididas em muitas massas, não preanunciam
nhas? chuva, mas se estão dispostas em estratos ou pendem como véus do céu,
São rios de água salgada, com temperatura diferente daquelas cir- a chuva não está distante.
cunstantes, que correm no mar, segundo uma direção bem precisa. Uma
enorme massa de água baixa dos polos, fria, pesada, ao fundo do oceano, ELEMENTOS CLIMÁTICOS
rumo ao equador. Este deslocamento chama à superfície a água aquecida TEMPERATURA
pelos raios do sol, que é mais leve. A temperatura do ar indica o quanto ele está sendo aquecido ou res-
Tem-se, assim, um ciclo contínuo: dos polos ao equador, fria e pesa- friado pela energia solar e pela superfície. São esses processos radiativos
da, do equador aos polos, quente e superficial. e químicos que ocorrem na atmosfera que determinam a variação climáti-
As correntes marinhas são devidas, além das diferenças de tempera- ca. A temperatura do ar, próxima à superfície, é medida através de instru-
tura e de salinidade, e por isso de densidade, sobretudo aos ventos de mentos chamados Termômetros. Os termômetros podem ser elétricos, de
estação, constantes ou a longo período, como os alíseos e as monções. mercúrio ou de álcool. Um observador, geralmente um metereologista, faz
A Corrente do Golfo, no Atlântico, é, sem dúvida, a mais conhecida e a medição da temperatura do ar, através do termômetro ou do termógrafo,
a mais estudada. Ela nasce da corrente equatorial, que se forma, no no local onde se encontram os aparelhos. Este local é conhecido como
Atlântico, ao norte do equador: esta se divide em vários ramos, que vão abrigo metereológico.
tocar as costas americanas, por isso sai do Golfo do México (de que No Brasil, a temperatura é medida em graus Celsius. Nesta escala, a
recebe o nome) e se dirige para leste passando perto do Banco de Terra temperatura de ebulição da água é definida com o valor 100°C e o ponto
Nova e atravessando o Atlântico. Divide-se depois, em mais dois ramos: de congelamento corresponde ao valor de 0°C. Existem também outras
um desce para as Canárias, costeando a Península Ibérica, enquanto o escalas bastante utilizadas como a escala Fahrenheit nos Estados Unidos
outro rua para a Escócia e a Irlanda, prosseguindo, ao longo da Noruega, e em alguns países da Europa, e a escala Kelvin em trabalhos científicos.
até alcançar o porto russo de Arcângel que, apesar de sua latitude, per-
Temperatura máxima é a maior temperatura diária. Essa medição é
manece repleto de geleiras durante seis meses.
feita através de um termômetro de máxima. Temperatura mínima registra
Além de ter influência sobre o clima, a Corrente do Golfo determina
a menor temperatura diária, utilizando um termômetro de mínima. Tempe-
toda uma série de interessantes fenômenos. Ao sul dos Bancos de Terra
ratura média é derivada da maior e da menor temperatura do dia. A média
Nova, ela se encontra com a gélida corrente do Labrador, que desce para
mensal é calculada a partir das médias diárias e a anual é calculada a
o Sul. Deste encontro e da brusca mudança de condições ambientais que
partir das médias mensais. Essas temperaturas médias mensais e anuais
disso deriva para os peixes, aparece a grande psicosidade da zona. A
são utilizadas nos estudos de climatologia.
ocidente das Canárias, em pleno Oceano Atlântico, existe uma zona cuja
fama assustadora fazia tremer os ousados navegantes a vela: trata-se do
terrível Mar dos Sargaços . Esta zona do Oceano, lambida pelas últimas PRESSÃO
águas da Corrente, é completamente despida decorrentes marinhas. Ali O peso que a atmosfera exerce sobre a superfície terrestre é conhe-
crescem, assim, de maneira exuberante, os sargaços, algas flutuantes, cido como pressão atmosférica. Ao nível do mar, em condições ideais,
que constituem um grave empecilho para a navegação. No hemisfério sul, esta pressão é de 1013 milibares, o equivalente ao peso de uma coluna
há, também, um alternar de correntes frias e quentes. As costas africanas de mercúrio de 76cm de altura.

Geografia 9
APOSTILAS OPÇÃO
Os instrumentos utilizados para medir a pressão são o barômetro ou o Quando estes solos secam, racham-se e arrebentam as raízes das
barógrafo. A diferença é que o barógrafo registra a pressão continuamen- plantas, consequentemente matando-as. O solo argiloso não é bom para o
te. cultivo de determinados vegetais, mas alguns se desenvolvem bem, como
Quando uma coluna de ar é aquecida, ela fica leve e o ar sobe, exer- o cafeeiro.
cendo menor pressão sobre a superfície. Isso forma um núcleo com
baixos valores de pressão. Esse núcleo é conhecido como Centro de Solo humífero
Baixa Pressão ou Ciclone. Quando uma coluna de ar é resfriada, ela fica Outro tipo de solo é o humífero, que tem um aspecto escuro, o que
pesada e o ar desce, formando um núcleo de altos valores de pressão. demonstra a existência de matéria orgânica, o húmus, tornando este solo
Esse núcleo é conhecido como Centro de Alta Pressão ou Anticiclone. A fértil. No solo humífero vivem seres vivos microscópicos, quer dizer, tão
Terra não é aquecida uniformemente, centros de baixa e alta pressão são pequenos que só podem ser vistos pelo microscópio, que transformam os
observados em todo o planeta. nutrientes, ou melhor, substâncias presentes no solo, para serem utiliza-
Na região equatorial, predominam os centros de baixa pressão. Já, das pelos vegetais na sua nutrição. O húmus é muito bom para o cultivo
nas latitudes altas, formam-se centros de alta pressão, chamados Antici- de plantas em geral e para a jardinagem. Além de seres vivos microscópi-
clones Polares Centros de alta pressão também são encontrados nas cos, podemos encontrar outros pequenos animais, como minhocas, tatuzi-
regiões tropicais e subtropicais, principalmente sobre os oceanos. Esses nhos de jardim e outros.
Anticiclones Subtropicais são semiestacionários. Nas latitudes médias, ao O calcário é um componente fundamental no solo pois, além de um
longo dos Círculos Circumpolares, predominam os núcleos de baixa bom nutriente, corrige a acidez do solo, que é prejudicial ao desenvolvi-
pressão. mento das plantas.
A posição dos centros de pressão se alteram durante o ano, com a
variação térmica no globo. E as áreas continentais, com sua grande Vegetação
amplitude térmica, também alteram a intensidade e o posicionamento dos É o conjunto de plantas de uma região. Há vários tipos de vegetação,
centros de pressão. que se desenvolvem de acordo com os fatores climáticos – sobretudo
umidade, temperatura e luz – fundamentais à realização de seus proces-
C - O SOLO, A VEGETAÇÃO E A FAUNA. sos vitais. A maior diversidade de formações vegetais ocorre em regiões
O solo de baixa latitude (próximas do Equador), onde a chuva abundante, a alta
O solo é uma camada mais superficial da crosta terrestre, onde se temperatura e a luz intensas propiciam o aparecimento de milhares de
desenvolvem muitas plantas e vive uma grande variedade de animais. espécies. À medida que se aproxima dos polos, onde há escassez de luz
Esta camada, o solo, não é muito profunda; tem, em média, trinta cen- e baixa temperatura, a variedade diminui.
tímetros de espessura. Ela vem se formando há milhões de anos, com o FLORESTA TROPICAL – Desenvolve-se nas baixas latitudes, em re-
acúmulo de pequeníssimas partículas, formadas pelo desgaste das ro- giões quentes e úmidas. Possui folhas perenes e largas (latifoliadas), que
chas, que foram se misturando com os restos de animais e plantas. absorvem mais energia solar. A cobertura vegetal é densa e contínua,
O solo é constituído de duas partes: com espécies que chegam a atingir até 60 m de altura. Com solos geral-
A primeira é uma camada geralmente escura, que fica bem em cima e mente pobres, retiram seus nutrientes do húmus, formado da decomposi-
é composta pela mistura de restos de animais e vegetais, formando a ção de galhos, troncos e folhas. Esse tipo de vegetação existe na maior
parte orgânica do solo ou húmus; a outra, contendo areia, calcário e parte da América do Sul, na América Central, no centro e no sul da África,
argila, forma a parte mineral do solo, juntamente com a água e o ar. em Madagáscar e no sul e sudeste da Ásia. A Floresta Amazônica e a
Muitos solos podem ser formados pelo transporte de sedimentos le- Mata Atlântica, no Brasil, são exemplos de floresta tropical.
vados pelo vento, chuva ou pelas águas dos rios, como as dunas e as SAVANA – Distribui-se pela faixa intertropical do planeta, também em
terras de aluvião. baixas latitudes. As áreas mais úmidas, como a savana brasileira (chama-
Quando o solo é originado da própria rocha matriz é chamado de au- da de cerrado), são formadas por plantas rasteiras e pequenas árvores,
tóctone e quando é formado através do transporte de sedimentos é enquanto nas regiões mais secas predomina a vegetação espinhosa. A
chamado de alóctone. África tem mais de um terço do seu território coberto por savanas, que
Logo abaixo do solo, aparece uma camada mais profunda e espessa, ocorrem também no norte da América Central, no nordeste e no centro-
que é o subsolo. oeste da América do Sul, no sul da Ásia e no norte da Austrália.
FLORESTA TEMPERADA – Encontra-se nas latitudes médias, sobre-
Composição e tipos de solo tudo no hemisfério norte. Possui espécies decíduas, ou seja, que perdem
O solo é originado de uma rocha matriz, pois inicialmente na crosta suas folhas durante o inverno para suportar a baixa temperatura e a
terrestre só havia rocha. Com o tempo e sob a ação do calor, do vento e sequidão. É uma floresta com árvores espaçadas e solo recoberto por
da água, ela foi se desgastando e formando uma parte mineral (areia, gramíneas e contém bem menos espécies que as matas tropicais. As
calcário e argila) e uma outra parte orgânica (húmus = restos de animais principais árvores são os carvalhos, os bordos e as faias. As florestas
vegetais em decomposição). temperadas ocorrem no leste dos EUA, no centro da Europa, nas ilhas do
Quando um certo elemento, que compõe o solo, existe em maior Reino Unido, no nordeste da China, nas duas Coreias, no sul do Japão, no
quantidade que os demais, caracteriza o tipo de solo. sudeste da África do Sul, no sul do Chile, na Nova Zelândia e no sudeste
da Austrália.
Solo arenoso ESTEPE – Vegetação típica de áreas de clima temperado continental,
O solo chamado arenoso possui uma quantidade maior de areia do constituída, basicamente, de gramíneas. Recebe nomes diferentes nas
que de outros componentes. Este solo, por ser formado em grande parte regiões onde aparece: no sul da África, no leste da Europa, no centro da
por grãos de areia, deixa espaços entre os grãos, proporciona uma pas- Ásia e no leste da Austrália chama-se estepe; no centro dos EUA e do
sagem maior de água e circulação de ar, sendo assim muito permeável. Canadá, pradaria; na Argentina, pampa; e no Brasil, campo.
Os solos arenosos, sendo bastante permeáveis, são pobres em vege- FLORESTA DE CONÍFERAS – Ocupa áreas de alta latitude, onde
tação, pois não fornecem as substâncias necessárias à maioria das plan- prevalece o clima continental frio e polar, com temperatura baixa, inverno
tas, como principalmente a água. É por esta razão que somente algumas longo e rigoroso e verão curto. Entre as poucas espécies adaptadas a
plantas se adaptam a este tipo de solo, como os coqueiros, as palmeiras e essas condições estão o pinheiro e o abeto. As árvores têm folhas em
certos tipos de capim, por possuírem raízes profundas. forma de agulha (aciculifoliadas) para não acumular neve. As maiores
florestas de coníferas estão no Canadá e na Federação Russa, mas
Solo argiloso também há na Suécia, na Noruega e na Finlândia.
Já os solos argilosos, onde os grãos de argila são bem menores que TUNDRA – Vegetação formada por musgos, líquens, bétulas e espé-
os grãos de areia, retêm mais água, isto é, são pouco permeáveis e bem cies herbáceas, que aparecem nos solos das regiões frias nos poucos
menos arejados, porque os espaços são menores dificultando o escoa- meses de degelo. Predomina no extremo norte do hemisfério norte, em
mento de água e a entrada de ar. partes do Canadá, do Alasca (EUA), da Federação Russa, da Groenlândia
e da Noruega.

Geografia 10
APOSTILAS OPÇÃO
VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA OU DE MONTANHA – Na costa do vulcanismo ou no movimento das geleiras. Ao fim de um período de
mar Mediterrâneo e em pequenas regiões no oeste das Américas do Norte glaciação, as depressões cavadas pelas geleiras são preenchidas pelas
e do Sul, de clima semelhante, a vegetação típica é o maqui, formado por águas da chuva e dos rios que a ela se dirigem, formando lagos, como no
árvores pequenas (como oliveiras e sobreiros), moitas e arbustos (como Canadá e na Escandinávia.
murtas e urzes). Nos planaltos mais elevados – como a cordilheira dos
Andes, na América do Sul, as Montanhas Rochosas, na América do Norte, A rede de drenagem, constituída por rios e lagos, sempre é muito im-
e a cordilheira do Himalaia, na Ásia Central – a vegetação é escassa. portante para a prática da irrigação na agricultura. Os rios que apresentam
Sobrevivem ervas e arbustos resistentes à hostilidade do clima. desnível ao longo de seu curso possuem energia potencial que pode ser
aproveitada para a produção de hidreletricidade, mas a navegação de-
Fauna pende da construção de eclusas.
Entende-se por fauna o conjunto de espécies animais de um determi-
nado país ou região. Fauna silvestre não é a fauna encontrada exclusiva- Os lagos e os rios que correm em áreas planas são facilmente nave-
mente na selva, e sim aquela em que os animais vivem naturalmente em gáveis, desde que não se formem bancos de areia em seu leito (fato
liberdade, ou seja, fora do cativeiro. A fauna aquática é considerada comum em regiões onde o solo fica exposto à ação da erosão) e não
espécie de fauna silvestre, pois os peixes, os crustáceos, a baleia e outros ocorra grande diminuição do nível das águas, o que pode impedir a nave-
vivem na água e naturalmente fora do cativeiro, amoldando-se perfeita- gação de embarcações com maior calado (parte da embarcação que fica
mente ao sobredito conceito. abaixo do nível da água).

D - OS RIOS: BACIAS E REGIMES FLUVIAIS. A POPULAÇÃO


Conhecer a hidrografia de uma região significa estudar o ciclo da A - ESTRUTURA, DINÂMICA, DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E MOBI-
água que provém da atmosfera ou do subsolo. O vapor de água da atmos- LIDADE.
fera precipita-se ao se condensar. Ao entrar em contato com a superfície, Estruturas da População
a água pode seguir três caminhos: escorrer, infiltrar-se no solo ou evapo- No estudo sobre população, a análise da sua estrutura fornece dados
rar. Na evaporação, ela retorna à atmosfera na forma de vapor. A água importantes sobre os habitantes de um país. Temos então a estrutura
que se infiltra no solo e a que escorre, pela lei da gravidade, dirigem-se às etária, que é a divisão da população por grupos de idade; a estrutura de
depressões ou partes mais baixas do terreno, formando rios, lagos e gênero, divisão por grupos de sexo; e a estrutura ativa, que dia respeito à
mares. parcela da população que está trabalhando ou à procura de emprego.

Os pontos mais altos do terreno cumprem o papel de divisores de A verificação da estrutura etária da população de um país é de impor-
águas entre dois rios. Entre os divisores, forma-se uma rede de captação tância fundamental para que se realize um planejamento adequado do
na qual toda a água converge para o mesmo ponto, a chamada vertente. orçamento do Estado em relação às necessidades sociais de seus habi-
Nela se encontram as bacias hidrográficas com seus rios principais, seus tantes. Entre elas estão a educação para as crianças, o emprego para os
afluentes e subafluentes. Se a drenagem dirige-se ao oceano, é denomi- adultos e a assistência previdenciária para os idosos.
nada exorréica; se a água fica retida no interior do continente, por exem-
plo, num lago ou num deserto, a drenagem é endorréica (em grego exo
significa ‘fora’ e endo, ‘dentro’).

A densidade de rios de uma bacia relaciona-se ao clima da região. Na


Amazônia, onde os índices pluviométricos são muito altos, existem muitos
rios perenes e caudalosos, ou seja, que nunca secam e possuem um
grande volume de água em seus leitos. Em áreas de clima árido ou semiá-
rido, os rios muitas vezes são temporários, secando no período em que
não chove. Se um rio atravessa um deserto árido e é perene, isso significa
que ele nasce em uma área chuvosa e a captação da água ocorre fora do
deserto. O rio Nilo, por exemplo, nasce no lago Vitória, na região equatori-
al africana, por isso consegue atravessar o deserto do Saara.

As nascentes dos rios são os locais em que os níveis hidrostático ou


lençol freático atinge a superfície. Em períodos de estiagem prolongada,
elas chegam a secar, enquanto em épocas chuvosas o volume da água
aumenta, o que demonstra que a água das nascentes é água da chuva
que se infiltra no solo. Essa variação na quantidade de água no leito do rio
ao longo do ano recebe o nome de regime. Se as cheias dependem A estrutura etária nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos
exclusivamente da chuva, o regime é pluvial; se dependem do derretimen- A pirâmide etária dos países subdesenvolvidos costuma apresentar
to da neve, é nival; se dependem de geleiras é glacial. Muitos rios apre- base mais larga e ápice bem mais estreito do que a dos países desenvol-
sentam um regime misto ou complexo, como no Japão, onde os rios são vidos. Isso acontece porque os países subdesenvolvidos possuem, de
alimentados pela chuva e pelo derretimento da neve das montanhas. modo geral, populações mais jovens, pois as taxas de natalidade são mais
elevadas do que nos países desenvolvidos. Estes, por sua vez, apresen-
Você já notou que os rios ou riachos que descem serras possuem um tam índices de esperança de vida mais elevados, o que determina maior
curso retilíneo? Isso acontece porque eles tem uma grande velocidade de participação de idosos.
escoamento, cujo limite máximo é encontrado nas cachoeiras. Em áreas
de declive acentuado, os rios tendem a transpor ou erodir rapidamente os O fato de os países subdesenvolvidos e desenvolvidos apresentarem
obstáculos. Já os rios de topografia plana, devido à baixa velocidade de contrastes marcantes quanto à estrutura etária de seus habitantes traz
escoamento são meândricos. Os meandros, portanto, são as curvas de uma série de diferentes implicações sociais e econômicas para ambos os
rios que correm em áreas planas, desviando-se dos obstáculos que apa- grupos.
recem em seu curso.
Nos países subdesenvolvidos, existe a necessidade de investimentos
Os lagos são depressões do terreno preenchidas por água. Em regi- de grande necessidade na área social, especialmente nos setores de
ões de estrutura geológica antiga, como no território brasileiro, elas já saúde e da educação. Além disso, o elevado número de crianças resulta
foram preenchidas por sedimentos e tornaram-se bacias sedimentares. As em um maior contingente da população economicamente inativa, isto é,
depressões podem ter origem no movimento das placas tectônicas, no que não trabalha.

Geografia 11
APOSTILAS OPÇÃO
dade gradualmente se transformava, tornando-se mais urbanizada e
menos dependente de grandes famílias. Como resultado, as taxas de
nascimento e mortalidade tendiam a decrescer proporcionalmente, e as
taxas de crescimento populacional nunca atingiram o nível que atingiriam
mais tarde, nos países em desenvolvimento. Nesses últimos, os índices
de mortalidade diminuíram tão rapidamente que a sociedade teve pouco
tempo ou motivo para mudar o seu desejo de ter famílias mais numerosas.
Ehrlich e outros que avisaram sobre as consequências do crescimen-
to sem controle, agora são criticados devido às suas noções alarmistas.
Mas os críticos frequentemente não conseguem enxergar o âmago da
questão. Na década de sessenta, as mulheres nos países em desenvolvi-
mento estavam tendo, em média, seis filhos, e a expectativa de vida
estava crescendo a um ritmo nunca antes vislumbrado Os métodos mo-
dernos de planejamento familiar estavam apenas começando a se tornar
conhecidos nos países industrializados, e a possibilidade de eles se
tornarem disponíveis nas sociedades agrícolas, tradicionais, dos países
em desenvolvimento era, de fato, muito remota.
Foi precisamente devido a essa preocupação com o rápido cresci-
mento que os países começaram a adotar políticas nacionais para lidar
com o rápido crescimento populacional. Agora temos uma nova perspecti-
va. Por a culpa em Ehrlich é a mesma coisa que criticar alguém por gritar
"Fogo!" alto demais.
Atualmente, a situação demográfica global é mais complexa do que
30 anos atrás quando todos os países em desenvolvimento tinham popu-
lações que estavam se multiplicando rapidamente. A maioria desses
países já adotou políticas de população que identificam as taxas de cres-
cimento populacional como sendo altas demais. Agora, o planejamento
familiar já se encontra disponível na maior parte dos países em desenvol-
vimento. Embora a população ainda esteja crescendo, a taxa de fertilidade
- o número de filhos que uma mulher tem no decorrer da sua vida - já
diminuiu. Desde 1950, o crescimento populacional mais rápido vem ocor-
rendo na África, Ásia (com exceção da China) e na América Latina. Essa
Já nos países desenvolvidos, os custos são maiores no setor previ- situação prevalece, no momento.
denciário, para atender a obrigações legais com os trabalhadores que se Se a taxa de natalidade nos países em desenvolvimento tivesse per-
aposentam. Destaca-se também a escassez de mão-de-obra ativa interna, manecido inalterada desde 1950, a população desses países, hoje, chega-
o que determina que, por vezes, como aconteceu na Europa após a ria a 7 bilhões, e estaria crescendo a uma taxa que continuaria a dobrar as
Segunda Guerra Mundial, sejam obrigados a importar mão-de-obra de suas populações em menos de 20 anos! Ao chegarmos ao ano 2020, esse
outros países. número chegaria a 15 bilhões, e menos de 20 anos depois, 30 bilhões.
A população mundial chegará à casa dos 6 bilhões no próximo ano. Essa projeção, naturalmente, parte da premissa de que tal crescimento de
Apenas 12 anos se passaram desde quando chegamos as 5 bilhões, em população nunca antes imaginado não teria causado sérias crises no
1987. Este fato, por si só, serve para nos lembrar de que a explosão abastecimento de alimentos, a disseminação de doenças, e inúmeras
contemporânea da população mundial está longe de chegar ao fim. calamidades ambientais. Em outras palavras, justamente o que mais
Como está a situação da população mundial e que expectativa razoá- preocupava Ehrlich.
vel podemos ter para o futuro? Hoje, nós sabemos algumas coisas que os autores dos livros da dé-
Para pensarmos na primeira pergunta, temos que recuar um pouco no cada de sessenta não sabiam. Os casais nos países em desenvolvimento
tempo, até 1960, quando ninguém duvidava de que população do mundo queriam limitar o tamanho das suas famílias, e frequentemente faziam isso
estava, de fato, explodindo. Em 1960, a população global havia acabado sem ter acesso a métodos eficientes de controle de natalidade. Isso,
de chegar a 3 bilhões. O acréscimo do terceiro bilhão havia ocorrido em naturalmente não acontecia em todos os lugares. Em alguns países, o
um tempo extraordinariamente curto, somente 30 anos. planejamento familiar encontrava um público-alvo mais receptivo do que
O clássico livro de Paul Ehrlich, "The Population Bomb" [A Bomba em outros. De qualquer maneira, embora o uso do planejamento familiar
Populacional] apareceu em 1968, e já no início dizia que a batalha para se seja muito mais comum nos países cujas economias estão se desenvol-
alimentar toda a humanidade havia sido perdida. Atualmente não está em vendo mais rapidamente, ele também está em evidência nas áreas rurais,
voga apresentar qualquer tipo de defesa para Ehrlich e nem para aqueles tradicionais, onde sua aceitação nem sempre era esperada.
que são considerados as Cassandras do passado, mas talvez seja útil Isso mudou a nossa percepção do crescimento futuro da população
fazer uma retrospectiva e reconsiderar. mundial, que agora inclui uma possibilidade significativa: o fim, de fato, do
O aviso de Ehrlich ajudou a dar o tom da época. Tais preocupações crescimento da população mundial ao se chegar a algum número remoto e
eram justificadas no contexto da época. Na década de sessenta, a popu- desconhecido. O número definitivo dependerá inteiramente da taxa de
lação mundial estava crescendo no ritmo mais rápido da sua história. A natalidade nos países em desenvolvimento.
população nos países em desenvolvimento estava crescendo à impressio- Nenhuma questão é mais importante do que a fertilidade para os de-
nante taxa de 2,5 por ano, e esses países tinham mais de 70 por cento da mógrafos que fazem as projeções de população mundial. A discussão se
população total do planeta. Nesse ritmo, os números dobrariam a cada 27 concentra no tópico da "fertilidade no nível de reposição". Trata-se, sim-
anos. Isso se tornava ainda mais assustador quando percebíamos que, do plesmente, de um tamanho de família de aproximadamente dois filhos por
início dos tempos até 1800, a população apenas chegou ao primeiro mulher, de modo que cada casal apenas "se reponha", e no final, o cres-
bilhão, e o segundo bilhão foi alcançado em 1930. cimento da população mundial chega ao fim. Em algumas partes do
mundo, isso pode parecer um sonho distante, mas pelo menos nós sabe-
Por que essa explosão ocorreu? mos que isso é possível. O crescimento populacional zero nos países em
Os índices de mortalidade nos países em desenvolvimento tiveram desenvolvimento só será possível se eles chegarem ao nível de reposição.
uma queda marcante após a Segunda Guerra Mundial. Campanhas de Se isso não acontecer, as populações continuarão a crescer.
saúde pública e de vacinação reduziram espetacularmente a doença e a Embora não possamos, no momento, saber qual será a população
mortalidade infantil. Nos países desenvolvidos, esses declínios na mortali- mundial no futuro, podemos fazer uma projeção da ordem de grandeza da
dade haviam levado séculos para ocorrer, à medida que a própria socie- população em várias situações diferentes.

Geografia 12
APOSTILAS OPÇÃO
Isso é o que a Divisão de População das Nações Unidas faz a cada A POPULAÇÃO URBANA E RURAL.
dois anos, nas suas projeções de população. A ONU emite uma série de Somente a sociedade humana “habita” o planeta, no sentido de trans-
projeções que ela chama de Variantes Alta, Média e Baixa. Elas projetam formá-lo segundo um objetivo pré-determinado. As metamorfoses do
três cenários muito diferentes para a população global. As grandes dife- espaço habitado acompanham a maneira como a sociedade humana se
renças se devem apenas às premissas a respeito da fertilidade, no futuro, expande e se distribui, acarretando sucessivas mudanças demográficas e
nos países em desenvolvimento. Isso resulta do fato de que virtualmente sociais em cada continente (mas também em cada país, em cada região e
todo - 98 por cento - do crescimento populacional no mundo, atualmente, em cada lugar). O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de
ocorre nesses países. revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitati-
A fertilidade em quase todos os países desenvolvidos, atualmente, es- va do espaço habitado.
tá abaixo do nível de reposição e a maioria dos países europeus se enca- A noção de distribuição espacial da humanidade, se considerada
minha para um declínio na população. apenas em relação às condições naturais, é insuficiente. O hábitat, isto é,
Na sua Variante Média, a ONU parte da premissa geral de que a taxa o espaço construído pelo homem, era antigamente o seu lugar de residên-
de fertilidade total (TFR) para todos os países convergirá para o nível de cia e de trabalho, e o espaço destinado às relações que uma vida social
reposição de 2,1 crianças por mulher até a metade do próximo século. geograficamente confinada gerava, por meio do processo produtivo, tanto
Nessas circunstâncias, a população mundial chegaria a um total de 11 nos seus aspectos materiais como nos seus aspectos não materiais.
bilhões e então se estabilizaria. Considerando a totalidade da superfície terrestre, aparecem grandes
A importância estatística da família de dois filhos pode ser vista facil- espaços que estão quase vazios: são as zonas polares e as terras subme-
mente na Variante Alta da ONU. Se os casais, no mundo inteiro, preferi- tidas durante sete ou oito meses a temperaturas muito baixas, ou ainda,
rem ter uma família um pouco mais numerosa, 2,6 filhos, a população as regiões de grande altitude. As extensões quentes e secas também
mundial atingiria uma dimensão maior, e não seria só um pouco maior. Ela formam parte do conjunto muito debilmente povoado. A Amazônia (Améri-
incharia para 27 bilhões de pessoas em 2050 e continuaria a crescer. ca do Sul) e o Congo (África) não contam, em média, com mais do que 2
A Variante Baixa, por outro lado, parte da premissa de que os casais, ou 3 habitantes por km² . Ao contrário, na Ásia encontram-se regiões de
no mundo inteiro, terão somente 1,6 filhos, o que coincide com o nível clima quente e úmido fortemente povoadas. E as mesmas desigualdades
atual de TFR na Europa. A tendência baixa chega ao seu ponto máximo ocorrem nas zonas temperadas.
em 8 bilhões e em seguida começa a decrescer, pois não está havendo Para explicar esses contrastes de concentração de população é ne-
reposição dos casais. Esses cenários muito diferentes mostram como são cessário fazer as distinções abaixo.
sensíveis os números projetados da população para qualquer que seja o Grandes regiões industriais: cujo povoamento mais importante data
rumo que a taxa de fertilidade tomar. do século XIX. Sua ocupação foi provocada pelos efeitos da Revolução
Qualquer que seja o cenário escolhido, é essencial ter em mente que Industrial, determinando uma concentração maciça da população nas
todos eles assumem que as taxas de natalidade cairão continuamente a cidades.
níveis que são, na verdade, níveis históricos muito baixos. A realidade, Grandes regiões agrícolas: nas quais também existem desigualdades
naturalmente, será diferente. Tendo como base a experiência atual e as de povoamento por causa das condições geográficas e históricas.
tendências, podemos esperar que as taxas de fertilidade começarão a No decorrer dos séculos, tanto o crescimento econômico como o
declinar lentamente em alguns países, a declinar por algum tempo e a se crescimento demográfico foram muito lentos em todos os países. Até o
estabilizar em outros, e a diminuir suavemente em um terceiro grupo de século XIX, os homens eram essencialmente agricultores. Mas, a partir
países. desse século, ocorreu uma transformação demográfica cujos múltiplos
Temos exemplos de todas essas três tendências. Na Tailândia, por efeitos passaram a ter importância cada vez maior, como consequência
exemplo, a fertilidade caiu para menos de dois filhos por casal, facilitada das mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais que se produzi-
por um bem administrado programa nacional de planejamento familiar. Um ram desde o início do século XIX, a cujo conjunto se denominou Revolu-
padrão similar é observado na Coreia do Sul e em Taiwan. ção Industrial. A partir de então, a agricultura se transformou; o comércio e
Na América Latina, no entanto, a fertilidade apresenta uma forte ten- os meios de transporte sofreram grande impulso. As cidades se multiplica-
dência a diminuir por algum tempo, mas depois passa para aproximada- ram e passaram a ser cada vez mais importantes.
mente três filhos por mulher na Argentina, Colômbia e Jamaica. Na África, A divisão entre os setores primário (agricultura e pecuária), secundá-
o declínio da fertilidade apenas começou em alguns países, mas em rio (indústria) e terciário (comércio e serviços) aprofundou-se em escala
muitos outros, isso não aconteceu. mundial, e a população economicamente ativa (aquela efetivamente
A situação se torna ainda mais complexa quando a examinamos em engajada na economia) empregada no setor secundário passou a assumir
nível subnacional. Na Índia, por exemplo, o declínio da TFR, desde a importância cada vez maior na força de trabalho mundial.
década de setenta, de 5,5 filhos por mulher para 3,5 hoje, tem decorrido, Cerca de 2,5 bilhões de homens e mulheres vivem nas zonas rurais
em grande parte, de um declínio na TFR nos estados do sul, que são mais de todo o mundo, e 2 bilhões deles são camponeses que cultivam cerca
prósperos e apresentam um nível mais elevado de escolaridade. de 1,5 bilhões de hectares, ou seja, aproximadamente 10% das terras
O declínio da fertilidade na Índia, no futuro, dependerá muito do que emersas. Mas a distribuição das riquezas de que dispõem esses diferen-
acontece nos grandes estados do norte, onde os níveis de analfabetismo tes grupos não corresponde à distribuição da população.
são muito mais elevados. O estado de Uttar Pradesh, por exemplo, com Boa parte dos meios de produção está concentrada em países que
150 milhões de pessoas (o equivalente ao sexto país mais populoso do contam com uma agricultura muito produtiva, concentrando também a
mundo) e uma TFR de cinco filhos por mulher, se destaca como um produção industrial. Esses países possuem, ainda, potencial científico e
grande desafio. tecnologia avançada.
Este século provavelmente será lembrado pelo seu tremendo surto de A agricultura, hoje, não é mais a atividade principal dos países desen-
crescimento populacional. No próximo século, provavelmente ocorrerão volvidos. No entanto, continua sendo o meio de vida da maioria dos habi-
mudanças sociais e demográficas que superarão tudo o que aconteceu tantes dos países subdesenvolvidos.
nos últimos 100 anos. A partir do século XIX, a agricultura sofreu grandes modificações em
O equilíbrio da população mundial penderá, de maneira significativa, consequência da transformação dos modos de produção no espaço,
na direção dos atuais países em desenvolvimento. Talvez menos de 5 por passando de uma agricultura de subsistência para uma agricultura comer-
cento da população mundial estará vivendo na Europa e na América do cial. Mas, em muitos casos, os camponeses que têm de cultivar para a
Norte. Isso quase certamente significará um mundo que, social e econo- exportação não conseguem preço suficiente para os produtos de seu
micamente, será muito diferente do mundo atual. trabalho nem chegam a produzir o suficiente para sustentar a família.
Ultimamente tem havido uma tendência a considerar o crescimento As atividades agrícolas praticadas por povos diferentes são extrema-
populacional como uma preocupação do passado, ou como uma notícia mente variadas. Existem vários sistemas de cultivo, isto é, o conjunto de
de ontem. Mas mesmo se olharmos de maneira superficial para os núme- técnicas empregadas numa exploração agropecuária e de utilização do solo.
ros, veremos que o crescimento populacional pode significar uma notícia Também temos de levar em conta as diferenças de estrutura agrária.
mais importante no próximo século do que no atual. Elas se distinguem nas formas de propriedade da terra (propriedade
coletiva, pequena propriedade privada, grande propriedade privada), cujas

Geografia 13
APOSTILAS OPÇÃO
colheitas podem ficar com o proprietário ou ser repartidas entre o proprie- volvidas, a população urbana dobrou; no mundo menos desenvolvido,
tário e os cultivadores. quadruplicou.
Às vezes a terra pertence a quem a trabalha, seja um grupo social Em muitos países em desenvolvimento, as cidades têm crescido mui-
(propriedade ou exploração coletiva) ou uma pessoa (pequeno proprietá- to além do que jamais se poderia imaginar. Poucos governos de cidades
rio). Na maioria dos casos, porém, a terra não pertence a quem a cultiva. do mundo em desenvolvimento, cujas populações crescem a um ritmo
Hoje, os sistemas agrícolas dos países desenvolvidos são, geralmen- acelerado, dispõem de poderes, recursos e pessoal treinado para lhes
te, intensivos e de produtividade alta, pois os meios técnicos aplicados na fornecer as terras, os serviços e os sistemas adequados a condições não
produção são consideráveis e apresentam grandes investimentos de degradantes de vida: água potável, saneamento, escolas e transportes.
capitais. A aplicação desses capitais tem como objetivo prover determina- O resultado disso se revela na proliferação de assentamentos ilegais
do produto; e a busca dos lucros é o que determina a combinação de de habitações toscas, nas aglomerações excessivas e na taxa de mortali-
cultivos escolhida, sem perder de vista as demandas do mercado. dade altíssima, decorrente de um meio ambiente insalubre, por causa de
Como consequência da expansão europeia em áreas escassamente problemas de infraestrutura deteriorada, degradação ambiental, decadên-
povoadas, a agricultura dos países “novos” (Estados Unidos, Canadá, cia do centro urbano e descaracterização dos bairros. Os desempregados,
Argentina, Austrália) nasceu quase ao mesmo tempo que a Revolução os idosos e as minorias étnicas e raciais podem mergulhar numa espiral
Industrial, que foi lhes fornecendo os meios técnicos para valorizar os descendente de degradação e pobreza, pois as oportunidades de empre-
imensos espaços agrícolas disponíveis. go diminuem, e os indivíduos mais jovens e mais instruídos vão abando-
A instalação da agricultura comercial nos países tropicais, destinada a nando os bairros decadentes.
abastecer os países industrializados, adquiriu a forma de grandes planta- No mundo industrializado, as cidades também são responsáveis por
ções coloniais. As maiores plantações se encontram na América Latina, problemas de alcance global, tais como o consumo de energia e a polui-
que oferece produtos de grande valor no mercado internacional. No entan- ção ambiental. Muitas delas obtêm seus recursos e sua energia de terras
to, as populações que nelas trabalham são muito pobres, já que a colheita distantes, com fortes impactos coletivos sobre essas terras distantes.
pertence a grandes proprietários. Em geral, o crescimento urbano muitas vezes vem antes do estabele-
O aumento populacional e o desenvolvimento têm vínculos comple- cimento de uma base econômica sólida e diversificada para apoiar o
xos. No passado, por meio da intensificação da agricultura e do aumento incremento da infraestrutura, da habitação e do emprego. Em muitos
da produtividade, as nações puderam enfrentar as crescentes pressões lugares, os maiores problemas estão ligados a padrões inadequados de
populacionais sobre a terra disponível. desenvolvimento agrícola e urbano.
A pressão populacional já está forçando os agricultores tradicionais a A crise econômica mundial dos anos 80 não resultou somente em
trabalharem mais, quase sempre em fazendas cada vez menores, situa- menores rendas, maior desemprego e na eliminação de muitos programas
das em terras marginais, apenas para manter a renda familiar. Na África e sociais. Ela também diminuiu drasticamente a já baixa prioridade dada aos
na Ásia, a população rural praticamente dobrou entre 1950 e 1985, com problemas urbanos, aumentando a deficiência crônica dos recursos ne-
um correspondente declínio na disponibilidade de terra. O rápido aumento cessários para construir, manter e administrar as cidades.
populacional também cria problemas urbanos de cunho econômico e
social, que ameaçam impossibilitar a administração das cidades. As interações urbanas contemporâneas
O aumento populacional acelerou-se em meados do século XVIII, com Os sistemas urbanos constituem redes, formadas por um conjunto hi-
o advento da Revolução Industrial e das correspondentes melhorias na erarquizado de cidades com tamanhos diferentes, ou seja, onde se obser-
agricultura, não só nas regiões mais desenvolvidas como também em va a influência exercida pelos centros maiores sobre os menores. A hie-
outras. A fase recente de aceleração começou por volta de 1950, quando rarquia urbana se estabelece a partir dos produtos e dos serviços que as
as taxas de mortalidade tiveram redução acentuada nos países em de- cidades têm para oferecer. Quanto mais diversificada for a economia de
senvolvimento. uma cidade, maior será a sua capacidade de liderar e influenciar os outros
Hoje, o aumento populacional concentra-se nas regiões subdesenvol- centros urbanos com os quais mantém relações.
vidas da Ásia, da África e da América Latina, responsáveis por 85% do Assim se cria um sistema de relações no qual as cidades mais desen-
aumento da população mundial a partir de 1950. volvidas lideram a rede urbana. As cidades maiores influenciam as cida-
O aperfeiçoamento das comunicações possibilitou grandes desloca- des médias, e estas influenciam as cidades menores.
mentos de pessoas, às vezes como uma reação natural ao aumento das As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: po-
oportunidades econômicas em determinadas áreas. Isso aumentou rapi- pulosos, modernos e dotados de graves problemas de desigualdades
damente a mobilidade da população, acelerando as migrações internas e sociais. Nelas predomina o trabalho assalariado, que, aliado ao tamanho
externas. da população, contribui para a formação de um significativo mercado
Grande parte dos deslocamento dá-se do campo para a cidade. Em consumidor. Para atender a esse mercado, os estabelecimentos comerci-
1985, cerca de 40% da população mundial vivia em cidades. A magnitude ais se multiplicam e as redes de prestação de serviços de toda espécie se
da migração para as cidades é comprovada pelo fato de que, a partir de ampliam, o que configura um grande desenvolvimento do setor terciário da
1950, o aumento população urbana foi maior que o aumento da popula- economia.
ção, tanto em termos percentuais como absolutos. A concentração populacional amplia a oferta de mão de obra e, desse
Esse deslocamento é mais impressionante nos países em subdesen- modo, atrai investimentos produtivos que contribuem para o desenvolvi-
volvidos, nos quais o número quadruplicou nesse período. mento da indústria, com a expansão do setor secundário não apenas na
No final deste século, quase metade do mundo estará vivendo em metrópole, mas também nas regiões circunvizinhas.
áreas urbanas desde pequenas cidades até megalópoles. O sistema Quando os limites físicos das cidades estão muito próximos, formam-
econômico mundial está se tornando cada vez mais urbano, com redes se conurbações. Isso ocorre principalmente nas regiões mais desenvolvi-
justapostas de comunicações, de produção e de mercadorias. das, onde geralmente há uma grande rodovia, um porto ou sistemas de
Tal sistema, com seus fluxos de informação, energia, capital, comér- comunicação aperfeiçoados que expandem continuamente a área física
cio e pessoas, gera a coluna dorsal do desenvolvimento nacional. As das cidades.
perspectivas de uma cidade, grande ou pequena, dependem essencial- Ao contrário do que normalmente se considera, a megalópole não é
mente do lugar que ela ocupa no sistema urbano, nacional e internacional. uma megametrópole, mas uma conurbação de metrópoles. É encontrada
Em muitas nações, certos tipos de indústria e de empresa de serviços em regiões de intenso desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais
estão se desenvolvendo em áreas rurais. Mas essas áreas vêm receben- estão praticamente ausentes.
do serviços e infraestrutura de alta qualidade, com sistemas avançados de As principais megalópoles contemporâneas são: Boswash. (localiza-
telecomunicações, que fazem com que suas atividades sejam parte inte- se no nordeste dos Estados Unidos); Chipits,(também está localizada nos
grante do sistema urbano-industrial nacional e global. De fato, o interior Estados Unidos, ao sul dos Grandes Lagos); Tokkaido,(corresponde a
está sendo “urbanizado” cada vez mais aceleradamente. uma das megalópoles mais populosas do mundo. Localizada no sudeste
O século XX é o da “revolução urbana”. Depois de 1950, o número de do Japão); Renana, (localizada na Europa ocidental, junto ao vale do
pessoas que vivem nas cidades quase triplicou; nas regiões mais desen- Reno).

Geografia 14
APOSTILAS OPÇÃO
A urbanização corresponde principalmente a um processo de transfe- Mediterrâneo, de onde parte importante rota marítima internacional, o que
rência de populações das zonas rurais para as cidades; quando ele é lhe permite manter uma forte integração econômica com os países euro-
muito intenso, recebe o nome de êxodo rural. peus.
Os países mais desenvolvidos - No século XIX, a urbanização foi mais A urbanização na Ásia - O continente mais populoso do mundo, não
intensa nos países que realizaram a Revolução Industrial e que constitu- tem uma tradição urbana. A população ainda é predominantemente rural,
em hoje países desenvolvidos. As novas possibilidades de trabalho na mas desde a década de 1960 a migração do campo para as cidades
indústria e no comércio atraíram as populações da zona rural para as aumentou muito os índices de urbanização. Calcula-se que no início do
cidades. século XXI cerca de 2 bilhões de asiáticos estarão vivendo em cidades, o
No pós-guerra, a concentração humana e a elevação do poder aquisi- que pode significar o aumento da pobreza. Hoje, a situação já é dramática.
tivo das populações dos países mais desenvolvidos produziram um gran- Na Índia e em Bangladesh, na Ásia meridional, cerca de 562 milhões de
de aumento do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão pessoas, ou 49% da população, vivem com uma renda anual inferior a 370
do setor terciário da economia. Como nesse período também ocorreu um dólares por habitante, tal como no continente africano.
grande desenvolvimento da tecnologia industrial, a produtividade aumen- A industrialização dos países conhecidos como tigres asiáticos (Co-
tou e as necessidades de mão de obra se reduziram. reia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong), ocorrida nas últimas déca-
Os países subdesenvolvidos - O século XX se caracterizou pela urba- das, e a recente ascensão econômica dos chamados novos tigres (Malá-
nização dos países subdesenvolvidos. O ritmo se acelerou a partir de sia, Tailândia, Indonésia e Filipinas) aumentaram a oferta de trabalho,
1950, devido ao aumento das taxas de crescimento populacional e, em transformaram suas principais cidades em polos de forte atração popula-
muitos desses países, à industrialização, propiciada pelos significativos cional e contribuíram para acelerar a urbanização asiática.
investimentos das empresas multinacionais. Formaram-se grandes cida- Na zona rural a paisagem é mais ou menos marcada pelos elementos
des, para as quais as populações da zona rural se deslocaram em busca do meio natural: a influência do solo, do clima, da declividade do relevo, a
de melhores condições de vida, pois era ali que a industrialização estava presença de água e vegetação. A população vive dispersa em pequenos
mais presente, com maior disponibilidade de emprego, conforto e ascen- sítios. No meio urbano a população se concentra num espaço totalmente
são social. humanizado e dedica-se às atividades industriais, comerciais e de presta-
Nessas cidades, contudo, a industrialização adotou um padrão tecno- ção de serviços.
lógico muito mais moderno do que o utilizado pelas indústrias do século
XIX, o que resultou na criação de menos empregos. Por isso, muitas A produção da cidade moderna -
pessoas que se deslocaram para as cidades não encontraram trabalho e As cidades industriais do século XIX
passaram a viver em situação de extrema pobreza, em locais insalubres, A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, originou profundas al-
como favelas e cortiços sem luz, água, rede de esgotos, transportes terações na forma e na função da cidade. A indústria se multiplicava nos
coletivos e demais serviços urbanos. países europeus e nos Estados Unidos, onde vivia grande parte dos
Por isso, nessas cidades o setor terciário informal - aquelas atividades trabalhadores urbanos. As lojas se instalavam nas ruas mais movimenta-
não regulamentadas, como a dos camelôs e biscateiros - cresce mais que das, a fim de atrair um número cada vez maior de consumidores. As
o formal. Essa situação é chamada de hipertrofia do terciário. residências passaram a ser construídas de modo caótico, nos poucos
América Latina - É a região mais urbanizada entre o conjunto dos paí- espaços que sobravam entre as fábricas e rodovias, não haviam espaços
ses menos desenvolvidos e, desde o início da década de 1970, a popula- para o lazer e o ar era muito poluído devido ao carvão utilizado nas indús-
ção urbana é superior à população rural. trias. O nascimento da indústria originou cidades insalubres, isto é, pouco
Essa região foi a primeira a conquistar a independência política, a saudáveis, marcadas pela aglomeração dos pobres em pequenos quartos
constituir uma economia de mercado e a desenvolver atividades industri- de cortiços, a população não tinha acesso à água tratada e nem rede de
ais, ainda durante o século XIX. Desde o início do século XX, e principal- esgotos.
mente após 1940, outros fatores contribuíram para acelerar a urbanização.
A concentração de terras herdadas do período colonial se perpetuou no A cidade no século XX e o planejamento urbano
latifúndio, o que agravou a pobreza rural e estimulou a população de As pesquisas e projetos nessa área se avolumaram e constituíram
origem camponesa a migrar para as cidades. Além disso, muitas proprie- uma área de estudo, o urbanismo. As primeiras iniciativas resultaram em
dades rurais se modernizaram, adotando procedimentos administrativos bairros residenciais dotados de excelente infraestrutura arborizados e
característicos das grandes empresas urbanas e passando a utilizar ajardinados. As cidades planejadas deveriam Ter largas avenidas e um
máquinas agrícolas em grande escala, que reduziram a necessidade de sistema viário eficiente, permitindo o trânsito rápido. A cidade de Brasília é
mão-de-obra. o exemplo mais completo e bem acabado desse tipo de planejamento, que
Em quase toda a América Latina, os índices de urbanização são ele- também foi adotado na implantação de cidades dos Estados Unidos.
vados, com a população urbana ultrapassando 70% na maior parte dos França, Inglaterra, Israel e Japão.
países, com exceção da região da América Central, da Bolívia e do Para-
guai. As interações urbanas contemporâneas
A urbanização da África - A maior parte da população vive na zona ru- Formadas por um conjunto hierarquizado de cidades com tamanhos
ral, pois as atividades agrárias predominam na estrutura econômica de diferentes, onde se observa a influência exercida pelos centros maiores
quase todos os países do continente. sobre os menores. A hierarquia urbana se estabelece a partir dos produtos
Mesmo assim, desde o início da década de 1970 os países da África e dos serviços que as cidades tem para oferecer. Nos países desenvolvi-
são os que apresentam as taxas de urbanização mais elevadas entre os dos, as redes urbanas são mais bem estruturadas.
países menos desenvolvidos, com um aumento superior a 5% ao ano. Em
1960, a população urbana da África correspondia a 210 milhões de habi- As ricas metrópoles contemporâneas
tantes; hoje corresponde a mais de 420 milhões. O ritmo de transferência As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: po-
de populações do campo para a cidade é crescente, e para isso contribui pulosos, modernos e dotados de graves problemas de desigualdades
o grave estado de pobreza da maior parte das sociedades africanas. sociais. A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-obra e,
Cerca de 216 milhões de pessoas, ou 47,8% da população absoluta, desse modo, atrai investimentos produtivos que contribuem para o desen-
vivem abaixo da linha de pobreza delimitada pela Organização das Na- volvimento da indústria. A metrópole lidera a rede urbana à qual está
ções Unidas (ONU), com uma renda anual inferior a 370 dólares. interligada e exerce uma forte influência sobre as cidades de menor porte,
A urbanização africana está relacionada com a ampliação da econo- podendo transformar-se num polo regional, nacional ou mundial.
mia de exportação, a partir de 1950, quando houve um grande aumento
do consumo mundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e produtos Conurbações: as cidades se aproximam
agrícolas. Quando os limites físicos das cidades estão muitos próximos, formam-
As áreas de urbanização mais acentuadas são a República da África se conurbações. Vista do alto, a conurbação tem o aspecto de uma gran-
do Sul, um país industrializado; os países que se localizam em torno do de mancha urbana, ou seja, um conjunto de espaços urbanizados que
golfo da Guiné, com sua indústria petrolífera; e a região do litoral do mar engloba mais de uma cidade.

Geografia 15
APOSTILAS OPÇÃO
Nas megalópoles, o retrato da modernidade africano até hoje é muito pouco urbanizado, ainda que o processo já tenha
A megalópole não é uma mega-metrópole, mas uma conurbação de se iniciado em alguns países.
metrópoles, nelas as regiões rurais estão quase ausentes. Considerando o planeta como um todo, a taxa de urbanização no iní-
cio da Revolução Industrial não passava de 2%. Segundo dados do Rela-
Os principais problemas urbanos atuais tório do desenvolvimento humano 1995, publicado pela ONU, a população
Um dos mais graves problemas é a habitação. Como os imóveis mais que vive em cidades atingiu 34% do total em 1960, 44% em 1992 e a
baratos em geral são os mais distantes do centro da cidade, a população previsão para o ano 2000 é de 48 %. Assim, no raiar do século XXI, a
passa a morar cada vez mais longe do local de trabalho. Em consequên- população urbana mundial deverá superar os 50%.
cia disso a população por não ter um transporte coletivo digno vai traba- A partir desses dados conclui-se que o processo de urbanização é um
lhar com seus próprios automóveis causando muito trânsito, poluição do fenômeno muito recente na história do homem. No entanto, deve-se
ar, poluição sonora e até mesmo dos rios. salientar que tais dados são a média do planeta. Há países com altas
taxas de urbanização e outros ainda essencialmente rurais. A tabela
A urbanização mundial - Os países mais desenvolvidos abaixo confirma essa afirmação.
No século XIX, a urbanização foi mais intensa nos países que realiza- TAXAS DE URBANIZAÇÃO (%)
ram a Revolução Industrial e que constituem hoje países desenvolvidos. A
partir do século XX, o ritmo de urbanização diminuiu nesses países. No Países desenvolvidos Países recentemente industrializados
pós-guerra, a concentração humana e a elevação do poder aquisitivo das
populações dos países mais desenvolvidos produziram um grande aumen- PAÍS 1960 1992 2000 PAÍS 1960 1992 2000
to do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão do setor
Bélgica 92 97 97 Cingapura 100 100 100
terciário da economia. Com o desenvolvimento da tecnologia industrial , a
produtividade aumentou e as necessidades de mão-de-obra se reduziram. Reino Unido 86 89 90 Hong Kong 85 94 96
Parte da população ativa no setor secundário foi para o setor. Depois de
1980 os setor terciário e a prestação de serviços aderiram aos avanços Países Baixos 85 89 89 Argentina 74 87 89
tecnológicos da informática.
Alemanha 76 86 88 Chile 68 84 85
Os países subdesenvolvidos Austrália 81 85 85 Coreia do Sul 28 77 86
O século XX se caracterizou pela urbanização dos países subdesen-
volvidos. O ritmo se acelerou a partir de 1950, devido ao aumento das Japão 63 77 78 Brasil 45 76 81
taxas de crescimento populacional. A industrialização, formaram-se gran-
Canadá 69 77 77 México 51 74 78
des cidades, com maior disponibilidade de emprego, conforto e ascensão
social. A industrialização adotou um padrão tecnológico muito mais mo- Estados Unidos 70 76 78 Malaisia 27 51 57
derno do que o utilizado pelas indústrias do século XIX, o que resultou na
criação de menos empregos. Nessas cidades existe o setor terciário Rússia 54 75 78 África do Sul 47 50 53
informal - aquelas atividades não regulamentadas, como a dos camelôs e
França 62 73 73 China 19 28 35
biscateiros - cresce mais que o formal. A maior parte da população ainda
vive na zona rural. Itália 59 67 67 Índia 18 26 29

A urbanização na África TAXAS DE URBANIZAÇÃO (%)


Na África a maior parte da população vive na zona rural, pois as ativi-
dades agrárias predominam na estrutura econômica de quase todos os Países desenvolvidos não-industrializados
países do continente. Os países da África são os que apresentam as taxas
Pouco urbanizados Muito urbanizados
de urbanização mais elevadas entre os países menos desenvolvidos.
Seus habitantes possuem uma renda anual inferior a 370 dólares. A PAÍS 1960 1992 2000 PAÍS 1960 1992 2000
urbanização africana ocorreu quando houve um grande aumento do
consumo mundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e produtos Filipinas 30 51 59 Venezuela 67 91 100
agrícolas.
Paraguai 36 51 56 Kuwait 72 95 96
A urbanização na Ásia Mauritânia 06 50 59 Uruguai 80 90 91
A Ásia, é o continente mais populoso do mundo, não tem uma tradi-
ção urbana. A população ainda é predominantemente rural. Vivem com Nigéria 14 37 43 Arábia 30 78 82
uma renda como a dos africanos, inferior a 370 dólares por ano. A urbani- Saudita
zação ocorreu com a oferta de trabalho das indústrias dos tigres asiáticos.
Moçambique 04 30 41 Peru 46 71 75
A globalização da cidade Somália 17 25 28 Líbia 23 84 88
Com a globalização, surgem as metrópoles mundiais e tecnopolos. É
nessas metrópoles que se concentram grandes capitais, profissionais Bangladesh 05 17 21 Jordânia 43 70 74
qualificados e tecnologia. O papel de metrópole mundial adquiriu tamanha
Etiópia 06 13 15 Cuba 55 75 78
importância na atualidade que passou a ser a meta perseguida por muitas
cidades desenvolvidas. Os tecnopolos, por sua vez correspondem a Nepal 03 12 17 República 30 62 68
centros urbanos que abrigam importantes universidades, instituições de Dominicana
pesquisa e os principais complexos industriais, onde se desenvolvem
tecnologias avançadas e pesquisas científicas. Burundi 02 07 09 Bahamas 74 85 89

Ruanda 02 06 07
C - A URBANIZAÇÃO.
Apesar de o processo de urbanização ter se iniciado com a Revolução do desenvolvimento humano, 1995.)
Industrial, foi até meados do século XX um fenômeno relativamente lendo O que se percebe é que todos os países desenvolvidos, bem como
e circunscrito aos países que primeiro se industrializaram, os chamados alguns países de industrialização recente, apresentam altas taxas de
países desenvolvidos. Após a Segunda Guerra Mundial, esse fenômeno urbanização. Isso ocorre porque o fenômeno industrial, principalmente nos
foi concluído nos países desenvolvidos e iniciado de maneira avassalado- seus primórdios, não pode ser desvinculado do urbano. Com exceção da
ra em muitos países subdesenvolvidos, notadamente na maioria dos China e da Índia, com as maiores populações do planeta e de industriali-
países latino-americanos e em muitos países asiáticos. O continente zação recente, todos os países industrializados são urbanizados. O con-

Geografia 16
APOSTILAS OPÇÃO
trário, porém, não é verdade. Há países que apresentam índices muito As terras semiáridas do mundo, onde se expandem as áreas irriga-
baixos de industrialização e outros que praticamente não dispõem de um das, assim como as zonas costeiras dos continentes, constituem exem-
parque industrial e, mesmo assim, são fortemente urbanizados. Veja a plos de ambientes instáveis, propensos a rápidas degenerações que
tabela acima. podem levar à perda efetiva de recursos vivos. O resultado disso é a
A partir desses dados, conclui-se que há dois conjuntos básicos de fa- desertificação. Reconhece-se com facilidade a desertificação das áreas
tores que condicionam a urbanização, ou seja, a transferência de popula- continentais. Entretanto, a enorme perda de recursos vivos dos oceanos,
ção, ao longo da história, do campo para a cidade: os atrativos, que atra- seja pela pesca e captura indiscriminada, seja pela contaminação dos
em populações para as cidades e os repulsivos que as repelem do campo. mares e oceanos, tem as mesmas dimensões e é até mais problemática,
pois ainda são pouco conhecidos os ciclos de nutrientes.
D - AS CIDADES E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO. De modo geral, o resultado da intervenção humana sobre o meio na-
Em meados do século XX, vimos nosso planeta a partir do espaço, tural pode produzir reações em cadeia. Alterações provocadas pelo ho-
pela primeira vez. Talvez os historiadores venham a considerar que esse mem sobre o solo criam condições para a erosão parcial ou total. Mudan-
fato teve maior impacto sobre o pensamento do que a revolução provoca- ças feitas nos sistemas fluviais, a exemplo de barragens, alteram radical-
da por Nicolau Copérnico no século XVI, que abalou a autoimagem do mente o regime das águas do rios. Ambientes litorâneos, que apresentam
homem ao revelar que a Terra não era o centro do universo. Vista do forte concentração de população, sofrem alterações radicais que modifi-
espaço, a Terra é uma bola frágil e pequena, dominada não pela ação e cam profundamente as condições de vida nos estuários e baias, funda-
pela obra do homem, mas por um conjunto ordenado de nuvens, oceanos mentais para a vida marinha.
e formações vegetais. As duas principais atividades socioeconômicas que provocam altera-
O fato de a humanidade ser incapaz de agir conforme essa lógica na- ções ambientais são, sem sombra de dúvida, a agricultura e a indústria.
tural está alterando fundamentalmente os sistemas planetários. Muitas As áreas urbano-industriais representam a mais profunda modificação
dessas alterações acarretam ameaças à vida. Essa realidade nova, da humana da superfície da Terra. Os efeitos da urbanização são altamente
qual não há como fugir, tem de ser reconhecida - e enfrentada. Um passo intensivos e, em muitos casos, expandem-se para muito além dos próprios
importante foi dado na Rio-92, a Conferência da Nações Unidas para o limites das cidades.
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, na qual se consolidou a concepção O planeta está atravessando um período de crescimento drástico e de
de que o desafio de manter um ambiente sadio para as futuras gerações é mudanças fundamentais. Nosso mundo de mais de 6 bilhões de seres
um problema global. humanos tem de encontrar espaço, num contexto finito, para outro mundo
Assim entendida, a concepção do meio ambiente faz a articulação das de seres humanos.
relações entre a sociedade e a natureza nas diferentes escalas geográfi- Segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), em
cas de sua intervenção, desde a local até o global. Não existem fronteiras, algum momento do próximo século, a população poderá estabilizar-se
como as que separam os países, para os poluentes que cruzam oceanos entre 8 e 14 bilhões de pessoas. Em sua maior parte, esse aumento
e afetam todo tipo de vida a milhares de quilômetros de distância de sua ocorrerá nos países mais pobres (mais de 90%) e em cidades já superpo-
fonte geradora. voadas (90%).
É assim que são prejudicados tanto o ser humano como o meio natu- A atividade econômica multiplicou-se para gerar uma economia mun-
ral transformado por sua atividade. O conhecimento do meio ambiente, dial de 13 trilhões de dólares, que pode quintuplicar ou decuplicar nos
como o resultado da atuação humana sobre o meio natural, tem sido próximos cinquenta anos. A produção industrial cresceu mais de cinquenta
objeto de estudo e interesse em muitos campos das ciências, dentre elas vezes no último século, sendo que quatro quintos desse crescimento se
a própria Geografia. deram a partir de 1950. Esses números refletem e já projetam profundos
Nesse sentido, a pesquisa geográfica orientada para a temática ambi- impactos sobre a biosfera, à medida que o mundo vai investindo em
ental apresenta uma visão integradora, encarando a análise das mais habitação, transporte, agricultura e indústria. Grande parte do crescimento
variadas formas de organização do espaço, resultantes da apropriação e econômico se faz à custa de matérias-primas de florestas, solos, mares e
de usos do meio natural por distintos grupos sociais, alterando e transfor- rios.
mando constantemente o ambiente que os cerca. As novas tecnologias podem permitir a desaceleração controlada do
Neste final de século, as preocupações com as condições ambientais consumo perigosamente rápido dos recursos - que são finitos - , mas
alcançaram vários segmentos das esferas social, política e econômica. A também podem criar sérios riscos, como novos tipos de poluição e o
crescente universalização dos problemas ambientais que afligem a huma- surgimento de novas variedades de formas de vida, que alterariam os
nidade implica o estabelecimento de novas reflexões acerca da utilização rumos da evolução. Enquanto isso, as indústrias que mais dependem de
dos recursos da natureza, tanto nos países altamente industrializados recursos do meio ambiente, e que mais poluem, multiplicam-se com
como nos países subdesenvolvidos. A Geografia, ao tratar a problemática grande rapidez no mundo em desenvolvimento.
ambiental do ponto de vista social, procura dar unidade e coerência a E é justamente aí que o crescimento se mostra mais urgente e há
esses estudos. menos possibilidade de minimizar os efeitos colaterais nocivos.
É evidente que existe uma relação dinâmica, ou seja, em constante Nesse contexto, o papel da Geografia é fundamental porque provê os
transformação, entre sociedade e natureza. É por isso que as inovações meios para o estudo das interações entre os aspectos socioeconômicos e
tecnológicas e o impacto ambiental devem manter um vínculo entre si. culturais e as características físicas e biológicas do meio natural, assim
Um avanço tecnológico (como a irrigação, por exemplo) pode permitir como fornece os instrumentos de análise para o desenvolvimento susten-
a sobrevivência de mais pessoas, o que, por sua vez, leva à ocupação de tável, em âmbito local, regional, nacional e mundial.
novas terras ou ao uso mais intensivo das áreas já ocupadas. Quando a base de recursos locais se desgasta, áreas mais amplas
No entanto, a mesma irrigação pode encaminhar-se para o esgota- também podem ficar comprometidas: o desflorestamento das terras altas
mento dos recursos hídricos de uma área distante, como o que está acarreta inundações nas terras baixas; a poluição industrial prejudica a
acontecendo com o mar de Aral, que está secando porque suas fontes de pesca local. Esses implacáveis ciclos, localizados, passam agora ao plano
água foram desviadas para a irrigação. nacional e regional.
A influência do homem sobre o meio em que vive provoca mudanças A deterioração das terras áridas leva milhões de refugiados ambien-
que, muitas vezes, levam a alterações irreversíveis na estabilidade dos tais a transpor as fronteiras de seus países em busca de melhores condi-
sistemas naturais. Hoje, sabe-se que a natureza pode ser vista como um ções de vida.
conjunto de sistemas complexos, dentro do qual existem fluxos de energia O desflorestamento na América Latina e na Ásia vem provocando
entre suas diversas partes constituintes. mais inundações, com danos cada vez maiores, nos países situados em
Cada componente do meio ambiente mantém uma relação com os áreas mais baixas e no curso inferior dos rios. A chuva ácida e a radiação
demais elementos. Assim, o clima, o relevo, os rios, a vegetação, os solos nuclear ultrapassaram as fronteiras da Europa. No mundo todo estão
e os demais seres vivos interagem entre si, e qualquer mudança em ocorrendo fenômenos similares, como o aquecimento global e a perda de
apenas um desses componentes afetará o conjunto todo. Às vezes, essas ozônio. No próximo século, poderão aumentar muito as pressões ambien-
mudanças podem ser muito adversas à própria vida. tais que geram migrações populacionais, ao passo que os obstáculos a
essa migração talvez sejam ainda maiores que os de hoje.

Geografia 17
APOSTILAS OPÇÃO
Nos últimos decênios, no mundo em desenvolvimento surgiram pro- Depois de gerada, a energia elétrica sai da usina por cabos, direta-
blemas ambientais que põem em risco a vida. O número crescente de mente para a estação elevadora. Através dos transformadores a tensão
agricultores e de sem-terras vem gerando pressões nas áreas rurais. As elétrica ou voltagem se torna aproximadamente 10 vezes maior do que ao
cidades se enchem de gente, de carros e de fábricas. Entretanto, esses sair da casa de máquinas, isto é necessário para que ela chegue até as
países em desenvolvimento têm de atuar num contexto em que se amplia cidades com força suficiente depois de percorrer grandes distâncias pela
o fosso entre a maioria das nações industrializadas e as em desenvolvi- linha de transmissão sustentadas pelas torres.
mento, no que diz respeito aos recursos; em que o mundo industrializado Mas antes de entrar nas cidades e ser distribuída a energia elétrica
impõe as normas que regem as principais organizações; e em que esse precisa ficar de novo com a mesma voltagem que tinha ao sair da usina, 10
mundo industrializado já usou grande parte do capital ecológico do plane- vezes menor, esta redução é feita na subestação rebaixadora.
ta. Tal desigualdade é o maior problema "ambiental" da terra; é também Da subestação rebaixadora a energia segue seu caminho pela rede
seu maior problema de desenvolvimento. primária agora pelas linhas de distribuição, mas nesta etapa a voltagem é
Hoje, a renda per capita da maioria dos países em desenvolvimento muita alta para ser consumida, antes de chegar na casa ela é novamente
está mais baixa do que no início da década de 1980. O aumento da po- reduzida. Só agora a energia elétrica fica com quantidade de volts para
breza e o desemprego vêm pressionando ainda mais os recursos ambien- consumo que varia de região para região.
tais, pois um número maior de pessoas se vê forçado a depender mais Finalmente a energia entra para a rede secundária e chega até sua ca-
diretamente deles. sa.
A própria pobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de des- A concessionária de energia elétrica é a responsável da entrega da
gaste ambiental. Para sobreviver, os pobres e os famintos muitas vezes energia até o medidor ou relógio de cada residência ou estabelecimento.
destroem seu próprio meio ambiente - derrubam florestas, permitem o
pastoreio excessivo, exaurem as terras marginais e acorrem, em número
cada vez maior, para as cidades já congestionadas. O efeito cumulativo
dessas mudanças chega ao ponto de fazer da própria pobreza um dos
maiores flagelos do mundo atual.
No que se refere ao consumo energético, os riscos de aquecimento
do planeta e de acidificação do meio ambiente muito provavelmente
tornam inviáveis até uma duplicação do consumo de energia com as
atuais combinações de fontes primárias. No mundo em desenvolvimento,
milhões de pessoas carecem de combustível vegetal, a principal fonte de
energia doméstica de metade da humanidade, e esse número vem au-
mentando. A atual situação energética do mundo exige grandes mudan-
ças. E uma nova era de crescimento econômico deve, portanto, consumir
menos energia que o crescimento passado. Resta apenas esperar que o
mundo formule saídas alternativas de baixo consumo energético, com
base em fontes renováveis, que deverão ser o alicerce da estrutura ener-
gética global do século XXI.
Os problemas ambientais com que nos defrontamos não são novos.
Mas só recentemente sua complexidade começou a ser entendida. Antes,
nossas maiores preocupações voltavam-se para os efeitos do desenvol-
vimento sobre o meio ambiente. Hoje, temos de nos preocupar também
com o modo como a deterioração ambiental pode impedir ou reverter o
desenvolvimento econômico.
É necessária uma nova abordagem, pela qual todas as nações che-
guem a algum tipo de desenvolvimento que integre a produção com a
conservação e ampliação dos recursos, e que as vincule ao objetivo de O petróleo
dar a todos uma base adequada de subsistência e um acesso mais equita- Fisicamente, o petróleo é uma mistura de compostos de diferentes
tivo aos recursos naturais. pontos de ebulição. Esses componentes dividem-se em grupos, ou
Isto é a essência do desenvolvimento sustentável. frações, delimitados por seu ponto de ebulição. Os intervalos de tempe-
ratura e a composição de cada fração variam com o tipo de petróleo. As
A - AS FONTES TRADICIONAIS E AS FONTES ALTERNATIVAS frações cujo ponto de ebulição é inferior a 200o C, entre eles a gasolina,
DE ENERGIA. costumam receber o nome genérico de benzinas. A partir do mais baixo
Fontes tradicionais de energia ponto de ebulição, de 20o C, até o mais alto, de 400o C, tem-se, pela
Energia elétrica ordem: éter de petróleo, benzina, nafta ou ligroína, gasolina, querosene,
Tudo começa na Usina Hidrelétrica. Como no Brasil temos um grande gasóleo (óleo diesel), óleos lubrificantes. Com os resíduos da destilação
número de rios com quedas d´água esta é a opção mais prática, econômica produz-se asfalto, piche, coque, parafina e vaselina.
e segura para a geração de eletricidade. As partes mais importantes são : O Petróleo existe na Terra nos estados sólido, líquido e gasoso —
mas só o líquido tem merecido o direito ao uso do nome e o reconheci-
• As Barragens;
mento como grande benfeitor da humanidade (embora o gás já esteja
• As Comportas e o Vertedouro;
ameaçando tomar-lhe a dianteira). Era conhecido e usado pelos povos
• A Casa de Máquinas; mais antigos, sobretudo na forma de betume, que servia para muitas
As Barragens como o próprio nome diz têm a função de barrar o fluxo coisas, entre as quais construir estradas e calafetar embarcações. Ga-
de água formando a represa, um grande lago onde a água fica armazenada nhou importância no mundo moderno quando substituiu o óleo de baleia
. na iluminação pública das cidades europeias. Até então, aproveitava-se
As Comportas e o Vertedouro controlam o nível de água evitando o petróleo que aflorava espontaneamente à flor da terra; o primeiro poço
que ela transborde, quando o nível da repressa passa do limite. As compor- perfurado para extraí-lo foi obra do americano Edwin L. Drake, em Titus-
tas são abertas e a água escoa pelo vertedouro. ville, Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1859. Logo ele estava sendo
Na Casa de Máquinas estão instaladas as turbinas que geram a ener- extraído em toda parte — e a invenção do automóvel elevou-o à condi-
gia elétrica. ção de mais importante fonte de energia da sociedade moderna.
A água represada entra na casa de máquinas por tubos (que são cha- Mas o petróleo serve para muito mais coisas do que simplesmente
mados dutos forçados) a força da água é que movimenta as turbinas fa- produzir gasolina. Refinado, ele se transforma também em querosene, óleo
zendo girar o eixo que tem um grande ímã na parte superior, este em diesel, óleo lubrificante, solventes, tintas, asfalto, plásticos, borracha sintéti-
contato com as turbinas produz um campo magnético que gera a energia ca, fibras, produtos de limpeza, gelatinas, remédios, explosivos e fertilizan-
elétrica.

Geografia 18
APOSTILAS OPÇÃO
tes. Ao longo da História, produziu também incontáveis guerras, invasões, Depois de 1945. Durante a segunda guerra mundial, a demanda de pe-
disputas territoriais, golpes de Estado, revoluções, cismas políticos. O tróleo atingiu proporções gigantescas, e no pós-guerra a procura pelo
Oriente Médio, os Estados Unidos e os territórios da antiga União Soviética produto intensificou-se ainda mais. O desenvolvimento mais notável ocor-
são os maiores produtores — e os dois últimos igualmente os maiores reu no Oriente Médio, mas também se alcançaram resultados importantes
consumidores. no norte da África, no Canadá e na Nigéria.
Além do petróleo convencional, disponível em campos que podem ser Aproximadamente a partir de 1950 manifestou-se na maioria dos paí-
explorados pela simples perfuração de poços, há outros tipos que depen- ses produtores uma acentuada tendência para a regulamentação rígida das
dem de estudos, pesquisas e desenvolvimento tecnológico para serem concessões a empresas estrangeiras. No Irã foi desapropriada a Anglo-
utilizados. Por exemplo, o petróleo extrapesado do cinturão do Orinoco, na Iranian em 1951 e criada a National Iranian Oil Company, mas dois anos
Venezuela, as areias de alcatrão de Athabasca, no oeste do Canadá, e os mais tarde se constituiu um consórcio de capitais anglo-franco-americanos.
reservatórios de petróleo gelado e viscoso do Declive Norte do Alasca. O Alguns países, como o Canadá e a Venezuela, adotaram o sistema de
óleo da argila xistosa também é um recurso potencial, embora ainda não concessões de áreas limitadas. Outros optaram por permitir a exploração
possa ser considerado verdadeiro petróleo — é uma rocha sedimentária indiscriminada em troca do pagamento de royalties, de montante variável
rica em substâncias orgânicas que ainda não "ficou no forno" o tempo de uma área para outra, às vezes somado a exigências como construção
suficiente para chegar ao ponto. Podemos aquecê-la num forno de verdade de refinarias, utilização de mão-de-obra nacional etc. A política de divisão
e acelerar o processo, mas custaria quase três vezes mais do que a explo- dos lucros em partes iguais entre o governo e os concessionários, aplicada
ração de poços comuns. Uma coisa é certa: esses recursos não convenci- na Venezuela a partir de 1943, logo foi adotada pela maioria dos países em
onais poderão se tornar importantes, no futuro, mas continuam cercados desenvolvimento. Na Ásia, tornaram-se produtores Indonésia, Bornéu e
por incertezas econômicas e científicas. O mais certo é acreditar que eles Nova Guiné. Na América Latina, Brasil, Argentina, Colômbia, Peru e Bolívia
jamais chegarão a ser aproveitados em larga escala. começaram a extrair óleo de suas jazidas.
Em setembro de 1960, por iniciativa dos grandes produtores do Oriente
História Médio (Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuwait) e da Venezuela, foi fundada a
A moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX. Em Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Em 1973, após
1850, na Escócia, James Young descobriu que o petróleo podia ser extraí- a quarta guerra entre árabes e israelenses, os países exportadores de
do do carvão e do xisto betuminoso, e criou processos de refinação. Em petróleo decidiram tomar algumas medidas -- como reduzir quotas de
agosto de 1859 o americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro produção, embargar exportações para os Estados Unidos e alguns países
poço para a procura do petróleo, na Pensilvânia. O poço revelou-se produ- da Europa, triplicar os preços do óleo cru -- o que causou uma crise mundi-
tor e a data passou a ser considerada a do nascimento da moderna indús- al e mostrou claramente o quanto o Ocidente dependia do petróleo dos
tria petrolífera. A produção de óleo cru nos Estados Unidos, de dois mil países árabes. Desde então, os aumentos sucessivos de preços determi-
barris em 1859, aumentou para aproximadamente três milhões em 1863, e nados pela OPEP levaram os países importadores a uma revisão de sua
para dez milhões de barris em 1874. política energética, com controle rigoroso do consumo, utilização de fontes
Até o final do século XIX, os Estados Unidos dominaram praticamente de energia alternativa e, quando possível, como no caso do Brasil, incre-
sozinhos o comércio mundial de petróleo, devido em grande parte à atua- mento da exploração de suas jazidas.
ção do empresário John D. Rockefeller. A supremacia americana só era Em meados da década de 1990, a OPEP contava com 12 membros.
ameaçada, nas últimas décadas do século XIX, pela produção de óleo nas Além dos cinco fundadores, filiaram-se ao organismo Indonésia, Líbia,
jazidas do Cáucaso, exploradas pelo grupo Nobel, com capital russo e Qatar, Argélia, Abu Dhabi, Nigéria, Equador e Gabão, os quais, juntos,
sueco. Em 1901 uma área de poucos quilômetros quadrados na península controlavam dois terços das reservas mundiais. O comportamento dos
de Apsheron, junto ao mar Cáspio, produziu 11,7 milhões de toneladas, no preços do barril de petróleo voltou a dominar o cenário internacional em
mesmo ano em que os Estados Unidos registravam uma produção de 9,5 1990, principalmente em virtude da invasão do Kuwait pelo Iraque. A incer-
milhões de toneladas. O resto do mundo produziu, ao todo, 1,7 milhão de teza gerada pelo conflito provocou uma tendência de alta do barril -- que
toneladas. alcançou quarenta dólares -- e uma consequente elevação da produção
Outra empresa, a Royal Dutch-Shell Group, de capital anglo-holandês mundial. Nos anos seguintes a OPEP lutou sem sucesso para manter o
e apoiada pelo governo britânico, expandiu-se rapidamente no início do preço mínimo que fixara, de 21 dólares por barril, mas que baixou a até 15
século XX, e passou a controlar a maior parte das reservas conhecidas do dólares.
Oriente Médio. Mais tarde, a empresa passou a investir na Califórnia e no
México, e entrou na Venezuela. Paralelamente, companhias europeias Tecnologia
realizaram intensas pesquisas em todo o Oriente Médio, e a comprovação As características físicas e químicas do óleo cru, juntamente com a lo-
de que essa região dispunha de cerca de setenta por cento das reservas calização e a extensão das jazidas, são os principais fatores na determina-
mundiais provocou uma reviravolta em todos os planos de exploração. ção de seu valor como matéria-prima. O petróleo jaz oculto no fundo da
A primeira guerra mundial pôs em evidência a importância estratégica terra, e nenhuma de suas propriedades físicas ou químicas permite detec-
do petróleo. Pela primeira vez foi usado o submarino com motor diesel, e o tá-lo com certeza da superfície. Técnicas geológicas, geofísicas e geoquí-
avião surgiu como nova arma. A transformação do petróleo em material de micas desenvolvidas para a exploração não fornecem prognósticos preci-
guerra e o uso generalizado de seus derivados -- era a época em que a sos sobre a existência de petróleo em determinada área e, quando muito,
indústria automobilística começava a ganhar corpo -- fizeram com que o dão uma indicação de boas possibilidades de encontrá-lo.
controle do suprimento se tornasse questão de interesse nacional. O go- Até o início do século XX, a exploração consistiu em detectar indícios
verno americano passou a incentivar empresas do país a operarem no de petróleo na superfície terrestre. Perfuravam-se então poços em locais de
exterior. exsudações e afloramentos, ou a sua volta. A prospecção científica desen-
Período entre guerras. O desmembramento do império otomano facili- volveu-se no começo do século XX, quando os geólogos começaram a
tou a penetração de companhias europeias na região, especialmente nos mapear as características terrestres indicadoras de sítios favoráveis à
territórios sob mandato e protetorado. No fim da década de 1920, a desco- perfuração.
berta de um imenso campo petrolífero no Iraque transformou o país no Particularmente reveladores eram os afloramentos que indicavam a
segundo produtor do Oriente Médio. Em 1935, inaugurou-se o primeiro dos existência de rochas sedimentares porosas e impermeáveis alternadas. A
grandes oleodutos entre o Oriente Médio e o Mediterrâneo. A exploração rocha porosa (arenitos, calcários ou dolomitas) serve de reservatório para o
daquelas áreas ampliou-se com o aumento crescente do consumo mundial petróleo, que nela pode migrar, sob uma diferença de pressão, através de
e a acirrada disputa entre as grandes empresas. Foram descobertas enor- interstícios e fendas, até o ponto de escapamento, ou seja, até o poço
mes jazidas em Bahrein, na Arábia Saudita e no Kuwait. perfurado. As rochas impermeáveis (argila, folhelho), impedem o óleo de
Em 1928, a Venezuela passou a ocupar o segundo lugar entre os pro- migrar do reservatório. No início da década de 1920, começou a exploração
dutores de petróleo. No México a produção aumentou muito de 1919 a de subsuperfície, acompanhada da análise de sondagem (amostras retira-
1921, a ponto de atingir 25% do total mundial, mas depois caiu bruscamen- das do poço perfurado por sondas).
te. Em 1938, o governo mexicano expropriou as empresas estrangeiras de Prospecção. A partir da década de 1950, a pesquisa do petróleo come-
petróleo. çou a ser feita com técnicas geofísicas -- gravimétricas, magnetométricas e

Geografia 19
APOSTILAS OPÇÃO
sísmicas -- que permitem mapear as estruturas de subsuperfície. O graví- petróleos nos quais essa série predomina são chamados óleos de base
metro é um instrumento sensível que mede as variações da força de gravi- asfáltica.
dade provocadas, entre outros fatores, pelas diferenças de densidade das A série aromática, de fórmula geral CnH2n-6, é uma série cíclica não-
rochas. Rochas densas, quando próximas da superfície, aumentam a saturada. Seu membro mais comum, o benzeno (C6H6), está presente em
atração da gravidade, o que não ocorre com as rochas sedimentares, que todos os óleos crus, mas como uma série os aromáticos geralmente consti-
são porosas. A técnica magnetométrica utiliza as variações do campo tuem somente uma pequena porcentagem da maioria dos óleos.
magnético da Terra, causadas pela existência de corpos magnéticos sob a Além desse número praticamente infinito de hidrocarbonetos que for-
superfície. As rochas plutônicas, que em geral contêm mais magnetita, mam o óleo cru, geralmente estão presentes enxofre, nitrogênio e oxigênio
aumentam as leituras do magnetômetro e, assim, pode-se verificar a pro- em quantidades pequenas mas muito importantes. Muitos elementos metá-
fundidade das rochas. licos são encontrados no óleo cru, inclusive a maioria daqueles encontra-
Embora mais dispendiosos e complexos, os métodos sísmicos são dos na água do mar, como vanádio e níquel. O óleo cru pode também
mais precisos. Baseiam-se no fato de que ondas de choque provocadas por conter pequenas quantidades de restos de material orgânico, como frag-
fontes artificiais de energia, descrevendo uma trajetória descendente, são mentos de esqueletos silicosos, madeira, esporos, resina, carvão e vários
refletidas ou refratadas pelas superfícies de contato entre as camadas. Ao outros remanescentes de vida pretérita.
retornarem à superfície, as ondas de choque são registradas por geofones Perfuração. Associado ao gás e à água nos poros da rocha, em geral
(sensíveis aos ruídos subterrâneos), localizados em diferentes pontos das o petróleo acha-se submetido a grandes pressões, de modo que a perfura-
linhas que irradiam da fonte de energia. De acordo com o princípio de ção de um poço faz com que o óleo e o gás sejam impulsionados através
refração, as ondas de choque que atingem a superfície de contato ("hori- do poço pela energia natural do reservatório. Como o gás natural que
zonte") com pequeno grau de inclinação podem ser contidas e prosseguem geralmente acompanha o óleo está sob forte compressão, frequentemente
ao longo da camada. Se a camada de rocha for particularmente densa, as fornece energia suficiente para mover o óleo das camadas porosas até as
ondas não serão completamente amortecidas e poderão ser observadas a paredes do poço e, por vezes, até a superfície. Se as pressões forem
vários quilômetros da fonte de energia. insuficientes, é necessário o bombeamento para a produção de óleo.
A reflexão é a técnica preferida na exploração sísmica. Requer fontes As perfurações mais modernas são feitas por sondas rotativas, com
de menor intensidade e menores distâncias para a instalação de geofones, brocas de aço de alta dureza e de diferentes tipos e diâmetros, dependen-
pois as ondas de choque que formam um grande ângulo de incidência com tes do diâmetro do poço e da natureza da rocha que devem penetrar.
a camada de rocha são refletidas para a superfície mais próxima da fonte. Nesse processo, tem grande importância a injeção de um fluido especial,
Tanto os meios permeáveis quanto os densos refletem as ondas de choque composto de argila montmorilonítica e sulfato de bário. Injetada por bomba
e fornecem, além disso, informações sobre os "horizontes" intermediários. no interior da haste rotativa de perfuração, ao retornar à superfície ela vem
Métodos geoquímicos de superfície são utilizados na tentativa de des- misturada a detritos constituídos de fragmentos das rochas atravessadas
cobrir a presença de acumulações de hidrocarbonetos em subsuperfície. pela broca e que permitem sua análise. Além disso, esse fluido serve para
Nesses métodos se usam análises geoquímicas a fim de detectar a pre- lubrificar e resfriar a broca, remover os detritos formados durante a perfura-
sença de anomalias de hidrocarbonetos gasosos no solo, na água ou no ar. ção e impedir o escapamento intempestivo de gases ou óleo sob alta
Também podem ser empregadas análises do solo a fim de localizar con- pressão, que pode provocar incêndios.
centrações de bactérias que se alimentam de hidrocarbonetos gasosos Transporte. Como a extração do petróleo ocorre muitas vezes em
provenientes das jazidas da profundidade. áreas distantes dos centros de consumo, seu transporte para refinarias e
Apesar dessas modernas técnicas de exploração, o único meio de se mercados exige sistemas complexos e especializados, como oleodutos,
ter certeza absoluta da existência de petróleo ainda é a perfuração. Por navios petroleiros, caminhões ou vagões-tanques. Quando se trata de
economia de tempo e de capital, costuma-se perfurar primeiro um poço longas distâncias, o meio mais barato é o navio petroleiro, cujo agiganta-
para colher informações. Análises de fragmentos das rochas colhidas mento tem contribuído para a redução dos custos de transporte. No trans-
revelam características físicas e químicas e são examinados por paleontó- porte por terra de grandes quantidades de petróleo, os custos mais baixos
logos, que estabelecem a correlação entre os horizontes geológicos, medi- se obtêm pelo uso de oleodutos, tubulações que, mediante bombeamento,
ante a análise de microfósseis. As jazidas ocorrem de preferência em áreas levam o produto às refinarias.
de espessos depósitos sedimentares, predominantemente de origem mari- Refinação. A função das refinarias consiste em dividir o óleo cru em
nha, que sofreram deformações brandas. Nas áreas pré-cambrianas, onde frações (grupos) delimitadas pelo ponto de ebulição de seus componentes,
predominam rochas metamórficas e ígneas, é praticamente impossível e em seguida reduzir essas frações a seus diversos produtos. Quando
existir petróleo. possível, os processos de refinação são adaptados à demanda dos consu-
Tipos. O petróleo consiste basicamente em compostos de apenas dois midores. Assim é que no final do século XIX, quando o querosene de
elementos que, no entanto, formam grande variedade de complexas estru- iluminação era muito utilizado, as refinarias dos Estados Unidos extraíam
turas moleculares. Independentemente das variações físicas ou químicas, do óleo cru até setenta por cento de querosene. Depois, quando a gasolina
quase todos os petróleos variam de 82 a 87% de carbono em peso e 12 a passou a ser o subproduto mais procurado, começou a ser retirada do óleo
15% de hidrogênio. Os asfaltos mais viscosos geralmente variam de 80 a cru nessa porcentagem. Mais tarde, o querosene voltou a encontrar larga
85% de carbono e de 8 a 15% de hidrogênio. aplicação como combustível para aviões a jato. As refinarias localizam-se
O óleo cru pode ser agrupado em três séries químicas básicas: parafí- muitas vezes junto às fontes produtoras, mas também podem situar-se em
nicas, naftênicas e aromáticas. A maioria dos óleos crus compõe-se de pontos de transbordo ou perto dos mercados de consumo, que oferecem a
misturas dessas três séries em proporções variáveis, e amostras de petró- vantagem da redução de custo, pois é mais econômico transportar petróleo
leo retiradas de dois diferentes reservatórios não serão completamente bruto por oleodutos do que, por outros meios, quantidades menores de
idênticas. seus derivados.
As séries parafínicas de hidrocarbonetos, também chamadas de série Na refinaria, o óleo cru e os produtos semifinais e finais são continua-
metano (CH4), compreendem os hidrocarbonetos mais comuns entre os mente aquecidos, resfriados, postos em contato com matérias não-
óleos crus. É uma série saturada de cadeia aberta com a fórmula geral orgânicas, vaporizados, condensados, agitados, destilados sob pressão e
CnH2n+2, na qual C é o carbono, H é o hidrogênio e n um número inteiro. submetidos à polimerização (união de várias moléculas idênticas para
As parafinas, líquidas a temperatura normal e que entram em ebulição formar uma nova molécula mais pesada) sem intervenção humana. Os
entre 40o e 200o C, são os constituintes principais da gasolina. Os resíduos processos de refino podem ser divididos em três classes: separação física,
obtidos pelo refino de parafinas de baixa densidade são ceras parafínicas alteração química e purificação.
plásticas e sólidas. Separação física. A destilação, a extração de solventes, a cristaliza-
A série naftênica, que tem fórmula geral CnH2n, é uma série cíclica sa- ção por resfriamento, a filtração e a absorção estão compreendidas nos
turada. Constitui uma parte importante de todos os produtos líquidos de processos de separação física. A destilação é realizada em estruturas altas
refinaria, mas forma também a maioria dos resíduos complexos das faixas e cilíndricas chamadas torres. Depois de bombeado para os tubos de um
de pontos de ebulição mais elevados. Por essa razão, a série é geralmente alambique, onde é aquecido até vaporizar-se (exceto em sua porção mais
de maior densidade. O resíduo do processo de refino é um asfalto, e os pesada), o óleo cru é dispersado para uma coluna de destilação de um
vaporizador localizado acima da base. Um gradiente térmico é estabelecido

Geografia 20
APOSTILAS OPÇÃO
através da torre, de tal modo que a temperatura é mais alta na base e mais barris de óleo de reserva provada e de 674 bilhões de barris de óleo. (O
baixa no topo. Os vapores ascendentes condensam-se à medida que barril, medida habitual dos óleos, contém 159 litros. A densidade do petró-
sobem pela torre, e os líquidos condensados juntam-se a espaços prede- leo é variável, com valor médio de 0,81, o que significa 129 quilos por barril.
terminados, de onde são recolhidos. Os componentes cujo ponto de ebuli- Um metro cúbico contém 6,3 barris, e uma tonelada, 7,5 barris).
ção é semelhante ao da gasolina condensam-se quase no topo da torre; o Presume-se que ainda existam por serem descobertos cerca de 800 a
querosene, logo abaixo; o óleo diesel, no meio da coluna; o resíduo, na 900 bilhões de barris de petróleo no mundo. No Oriente Médio, a maior
base. Cada um desses fluxos passa então a novo estágio de processamen- parte do óleo descoberto e por descobrir encontra-se sob a terra, mas no
to. Por redestilação a vácuo, o resíduo é dividido em óleos lubrificantes restante do mundo o óleo potencial deverá ser encontrado na plataforma
leves ou pesados e em combustível residual ou material asfáltico. continental. (A Petrobrás e a Shell são os líderes mundiais em exploração e
Alteração química. Os processos dessa classe de refino podem ter produção em águas profundas.) Atividades de exploração e produção estão
um dos seguintes objetivos: decompor, ou craquear (do inglês to crack, sendo desenvolvidas nas plataformas do Brasil, golfo do México, Noruega,
quebrar), grandes moléculas de hidrocarbonetos em outras menores; Reino Unido, Califórnia, Nigéria e, em menor escala, China, Filipinas e
polimerizar ou unir pequenas moléculas de uma substância para formar Índia. São de especial interesse os mares semifechados marginais, como
outras maiores; e reorganizar a estrutura molecular. O craqueamento do mar do Norte, golfo Pérsico, mar da Irlanda, baía de Hudson, mar Negro,
óleo cru é historicamente o mais importante. No século XIX era utilizado mar Cáspio, mar Vermelho e mar Adriático, que apresentam cortes sedi-
para duplicar a quantidade de querosene que se extraía do petróleo. Com o mentares adequados e lâminas d'água relativamente pequenas.
advento do automóvel, aumentou a demanda da gasolina, e o craqueamen-
to passou a ser usado como meio de elevar a produção desse combustível. Petróleo no Brasil
Pelo processo de Burton, aquece-se a matéria-prima a cerca de 500o C A primeira referência à pesquisa do petróleo no Brasil remonta ao final
sob pressão e obtém-se gasolina. Descobriu-se depois que a gasolina do século XIX. Entre 1892 e 1896, Eugênio Ferreira de Camargo instalou
assim obtida era de melhor qualidade. A seguir foi descoberto o craquea- por conta própria, em Bofete SP, uma sonda junto ao afloramento de uma
mento catalítico, pelo qual catalisadores como a alumina, a bentonita e a rocha betuminosa. O furo atingiu mais de 400m, mas o poço encontrou
sílica facilitam o rompimento das moléculas. apenas água sulfurosa. Foi somente em janeiro de 1939 que se revelou a
A polimerização é o contrário do craqueamento. Consiste na combina- existência de petróleo no solo brasileiro, no poço de Lobato BA, perfurado
ção de moléculas menores em moléculas de hidrocarbonetos mais pesa- pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo fede-
dos, visando sobretudo à obtenção de gasolina. O primeiro processo de ral. O poço de Lobato produziu 2.089 barris de óleo em 1940.
polimerização utilizava como matérias-primas hidrocarbonetos gasosos Em outubro de 1953 instituiu-se o monopólio estatal da pesquisa, lavra,
não-saturados, principalmente o propileno e o butileno. Outro processo de refinação, transporte e importação do óleo no Brasil, pela Petrobrás (Petró-
polimerização, a alquilação, combina essas duas matérias-primas com o leo Brasileiro S.A.), sob a orientação e a fiscalização do Conselho Nacional
isobutano, hidrocarboneto gasoso saturado. A alquilação contribuiu gran- de Petróleo (CNP). Na década de 1950 e começo da de 1960 descobriram-
demente para a produção de gasolina para aviação. se novos campos, especialmente no Recôncavo Baiano e na bacia de
O terceiro tipo de processo químico é aquele que altera a estrutura das Sergipe/Alagoas. Também se desenvolveram pesquisas nas bacias sedi-
moléculas de hidrocarbonetos, a fim de aumentar o poder de combustão do mentares do Amazonas e do Paraná.
produto. Em meados do século XX, as pesquisas orientaram-se, principal- Em março de 1955, foi encontrado petróleo em Nova Olinda, no médio
mente nos Estados Unidos, para apurar a qualidade da gasolina, o que foi Amazonas. Em seguida, as atividades de perfuração estenderam-se até a
conseguido não só com o desenvolvimento de novos processos de refina- bacia do Acre. Como as quantidades de petróleo obtidas não eram comer-
ção, mas também com a introdução de um aditivo, o chumbo tetraetila. ciais, após seis anos a avaliação dos resultados aconselhou a redução da
Mais tarde, porém, os compostos de chumbo foram retirados da mistura em exploração. Em 1967, as perfurações na bacia amazônica foram suspen-
muitos países por serem altamente poluentes. sas. Com os avanços tecnológicos, a Petrobrás procedeu os levantamentos
Purificação. A terceira classe de processos de refinação compreende geofísicos nas bacias do Paraná e do Amazonas. Alcançaram-se bons
aqueles que purificam os produtos. Há no óleo cru muitos elementos não resultados, em particular descobertas de gás natural na região do rio Juruá,
hidrocarbonados, principalmente enxofre, que lhe conferem propriedades no alto Amazonas, a partir de 1978.
indesejáveis. Vários processos foram criados para neutralizá-los ou remo- Dez anos antes, a empresa iniciara a exploração de petróleo na plata-
vê-los. Por meio da hidrogenação -- processo desenvolvido por técnicos forma continental, com a descoberta de óleo no litoral de Sergipe (campo
alemães para a transformação do carvão em gasolina -- as frações do de Guaricema). Foi, porém, a crise do petróleo, iniciada em 1973, que
petróleo são submetidas a altas pressões de hidrogênio e a temperaturas viabilizou a prospecção em áreas antes consideradas antieconômicas. Na
entre 26o e 538o C, em presença de catalisadores. década de 1970, intensificou-se a exploração de bacias submersas. A
Distribuição. A maioria dos produtos derivados do petróleo é constitu- identificação de petróleo na bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro,
ída de líquidos, na maior parte das condições estáveis, que podem ser duplicou as reservas brasileiras. Mais de vinte campos de pequeno e médio
acondicionados em tanques e bombeados de um lugar para outro. Os portes foram encontrados mais tarde no litoral do Rio Grande do Norte,
produtos que apresentam maiores dificuldades de manuseio são os que se Ceará, Bahia, Alagoas e Sergipe. Em 1981, pela primeira vez, a produção
encontram nas extremidades da escala de ponto de ebulição: gases, gra- dos campos submarinos ultrapassou a dos campos em terra. No início da
xas, combustíveis pesados, parafinas e asfaltos. O gás liquefeito de petró- década de 1980, o Brasil era, depois dos Estados Unidos, o país que mais
leo (GLP) tem de ser armazenado e transportado sob pressão e normal- perfurava no mar, mas, no final do século, ainda precisava importar quase a
mente distribuído ao consumidor em cilindros. Graxas e alguns óleos lubri- metade do petróleo que consumia, apesar de suas reservas provadas de
ficantes são acondicionados em barris e latas. Combustíveis pesados e aproximadamente 3,8 bilhões de barris (0,2% das reservas internacionais).
asfaltos, que se solidificam à temperatura ambiente, têm de ser armazena- O refino de petróleo no Brasil começou em 1932, ao ser instalada a
dos e distribuídos em recipientes aquecidos ou isolados. Destilaria Sul-Riograndense em Uruguaiana RS, com capacidade de 25m3.
Reservas mundiais. Embora os derivados do petróleo sejam consu- Em 1936 inauguraram-se duas outras refinarias: a de São Paulo, com
midos no mundo inteiro, o óleo cru só é produzido comercialmente num capacidade de oitenta metros cúbicos, e a de Rio Grande RS, capaz de
número relativamente diminuto de lugares, e muitas vezes em áreas de produzir o dobro. Em 1959, o CNP instalou em Mataripe BA a Refinaria
deserto, pântanos e plataformas submarinas. O volume total de petróleo Nacional de Petróleo, mais tarde denominada Refinaria Landulfo Alves.
ainda não descoberto em terra e na plataforma continental é desconhecido, Na década de 1990 a Petrobrás contava com uma fábrica de asfalto,
mas a indústria petrolífera desenvolveu o conceito de "reserva provada" em Fortaleza CE, e dez refinarias: Refinaria de Manaus (Reman); de Paulí-
para designar o volume de óleo e gás que se sabe existir e cuja extração é nia (Repkan); Presidente Bernardes (RPBC); Henrique Lage (Revap);
compensadora, considerados os custos e os métodos conhecidos. Confor- Presidente Getúlio Vargas (Repar); Alberto Pasqualini (Refap); Duque de
me relatório das Nações Unidas (Ocean Oil Weekly Report, de 7 de feverei- Caxias (Reduc); Gabriel Passos (Regap); Landulfo Alves (RLAM); e Capu-
ro de 1994), que toma como base a produção média de 1991, o estoque ava (Recap). Em meados da década de 1990, o Brasil produzia cerca de
mundial de óleo estaria esgotado em 75 anos. Das reservas atuais, 65% 750.000 barris de petróleo por dia, com a possibilidade de aumento gradati-
estão no Oriente Médio. Segundo o relatório, o volume de óleo remanes- vo desse número, com a exploração de campos gigantes da bacia de
cente na Terra é de 1,65 trilhões de barris, constituídos de 976,5 bilhões de Campos.

Geografia 21
APOSTILAS OPÇÃO
Carvão uma classificação que toma como base a produção de matéria volátil e a
Até a segunda guerra mundial, o carvão era o combustível mais utili- natureza do resíduo. Assim, há carvões que se destinam à produção de
zado no mundo. A descoberta dos combustíveis derivados do petróleo, gás, de vapor ou de coque, que é um carvão amorfo, resultante da
que permitiu o desenvolvimento dos motores a explosão e abriu maiores calcinação do carvão mineral, e de largo emprego na siderurgia.
perspectivas de velocidade e potência, e o surgimento da energia nucle- Para combustão em caldeira, é preferível o carvão com pequenos
ar, relegaram o carvão a condição de fonte subsidiária de energia. No teores de cinza e quantidades moderadas de matéria volátil, condições
entanto, a disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral e o baixo que proporcionam bom rendimento térmico. É preferível que apresente
custo do carvão vegetal ainda conferem a esse combustível um papel também o mínimo de enxofre e poder calorífico elevado, já que o calor
relevante. por ele gerado vai ser utilizado diretamente ou transformado em outras
Carvão é um material sólido, poroso, de fácil combustão e capaz de formas de energia. Para a produção do coque metalúrgico com proprie-
gerar grandes quantidades de calor. Pode ser produzido por processo dades mecânicas para uso em altos fornos, o carvão mineral precisa
artificial, pela queima de madeira, como o carvão vegetal; ou originar-se apresentar propriedades aglomerantes ainda maiores e teores mais
de um longo processo natural, denominado encarbonização, pelo qual baixos de enxofre e cinza. Na destilação do carvão para produção de
substâncias orgânicas, sobretudo vegetais, são submetidas à ação da gás combustível ou coque metalúrgico, obtêm-se também águas amoni-
temperatura terrestre durante cerca de 300 milhões de anos e transfor- acais, das quais extraem-se a amônia e o alcatrão.
mam-se em carvão mineral. Em função da natureza desses processos, o
carvão vegetal é também chamado de artificial, e o carvão mineral, de Muito embora os derivados de petróleo - como a gasolina, o quero-
natural. sene, o óleo combustível e o diesel - e a energia termonuclear tenham
Carvão Mineral deslocado o carvão mineral como fonte de energia, sobretudo para as
De acordo com a maior ou menor intensidade da encarbonização, o máquinas móveis, ainda é significativa sua participação no total do
carvão mineral - também chamado carvão fóssil ou de pedra - pode ser consumo energético dos países desenvolvidos - cerca de 20% no final
classificado como linhito, carvão betuminoso e sub-betuminoso (ambos do século XX. A entrada em operação de centenas de usinas hidrelétri-
designados como hulha) e antracito. A formação de um depósito de cas e termonucleares não conseguiu diminuir drasticamente, como se
carvão mineral exige inicialmente a ocorrência simultânea de diversas esperava, a participação do carvão, não somente porque essas fontes de
condições geográficas, geológicas e biológicas. Primeiro, deve existir energia representam grandes investimentos iniciais e provocam sérios
uma vegetação densa, em ambiente pantanoso, capaz de conservar a impactos no meio ambiente, mas também porque a disponibilidade de
matéria orgânica. A água estagnada impede a atividade das bactérias e grandes jazidas de carvão mineral é ainda grande.
fungos que, em condições normais, decomporiam a celulose. A massa
vegetal assim acumulada, no prazo de algumas dezenas de milhares de A Energia Nuclear
anos - tempo curto do ponto de vista geológico - transforma-se em turfa,
Em 16 de julho de 1945, ocorreu em Alamogordo, no estado americano
material cuja percentagem de carbono já é bem mais elevada que a da
de Nevada, o primeiro teste de uma bomba nuclear. A experiência prenun-
celulose.
ciou as explosões que destruiriam grande parte das cidades japonesas de
Na etapa seguinte, que leva algumas dezenas de milhões de anos,
Hiroxima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto do mesmo ano. O fundamento
a turfa multiplica seu teor de carbono e se transforma na primeira varie-
físico de tais explosões, a energia nuclear, encontrou mais tarde vasto
dade de carvão, o linhito, cujo nome provém de sua aparência de madei-
campo de aplicações pacíficas.
ra. Na etapa seguinte, surge a hulha, primeiro como carvão betuminoso,
depois como sub-betuminoso. Na fase final, a hulha se transforma em A energia nuclear é a que se obtém por processos de transformação de
antracito, com teores de até 90% de carbono fixo. núcleos atômicos em outros, mediante mecanismos de fissão de núcleos
Quanto maior o teor de carbono, maior também é o poder energéti- pesados em fragmentos menores, ou de fusão de núcleos leves em outros
co. Por isso, a turfa, que tem teores muito baixos e altas percentagens maiores.
de umidade, nem sempre pode ser aproveitada como combustível, e
nesse caso serve para aumentar a composição de matéria orgânica dos História
solos. Encontrada nos baixios e várzeas, ou em antigas lagoas atulha- Logo depois de anunciada a descoberta da fissão nuclear, em 1939,
das, a turfa caracteriza-se pela presença abundante de restos ainda também se observou que o isótopo fissionável que participa da reação é o
conservados de talos e raízes. Já o linhito, muito mais compacto que a urânio-238 e que se emitem nêutrons no processo. Especulava-se na
turfa, é empregado na siderurgia, como redutor, graças a sua capacida- época que uma reação de fissão em cadeia poderia ser explorada como
de de ceder oxigênio para a combustão e transformar-se em metal. É fonte de energia. No entanto, ao iniciar-se a segunda guerra mundial, em
utilizado também como matéria-prima na carboquímica. Quando o linhito setembro de 1939, os físicos voltaram suas pesquisas para tentar usar a
se apresenta brilhante e negro, recebe o nome de azeviche. reação em cadeia para produzir uma bomba.
A hulha é composta de carbono, restos vegetais parcialmente con- No início de 1940, o governo americano destinou recursos para uma
servados, elementos voláteis, detritos minerais e água. É empregada pesquisa que mais tarde se transformou no Projeto Manhattan. Esse proje-
tanto como combustível quanto como redutor de óxidos de ferro e, to incluía trabalhos sobre enriquecimento de urânio para obter urânio-235
graças a suas impurezas, na síntese de milhares de substâncias de uso em altas concentrações e também pesquisas para o desenvolvimento de
industrial. O antracito, última variedade de carvão surgida no processo reatores nucleares. Eram dois os objetivos: compreender melhor a reação
de encarbonização, caracteriza-se pelo alto teor de carbono fixo, baixo em cadeia para projetar uma bomba nuclear e desenvolver uma forma de
teor de compostos voláteis, cor negra brilhante, rigidez e dificuldade com produzir um novo elemento químico, o plutônio, que, segundo se acredita-
que se queima, dada sua pobreza de elementos inflamáveis. É usado va, seria físsil e poderia ser isolado quimicamente a partir do urânio.
como redutor em metalurgia, na fabricação de eletrodos e de grafita O primeiro reator nuclear foi construído na Universidade de Chicago,
artificial. Uma de suas principais vantagens consiste em proporcionar sob a supervisão do físico italiano Enrico Fermi. O equipamento produziu
chama pura, sem nenhuma fuligem. uma reação em cadeia em 2 de dezembro de 1942. Imediatamente após a
O carvão mineral, em qualquer de suas fases, compõe-se de uma segunda guerra mundial, cientistas e engenheiros de vários outros países
parte orgânica, formada de macromoléculas de carbono e hidrogênio e empreenderam pesquisas destinadas a desenvolver reatores nucleares
pequenas proporções de oxigênio, enxofre e nitrogênio. Essa é a parte para a produção de energia em larga escala. Em 1956, o Reino Unido
útil, por ser fortemente combustível. A outra parte, mineral, contém os inaugurou em Calder Hall a primeira usina nuclear totalmente comercial.
silicatos que constituem a cinza. As proporções desses elementos vari- Um ano depois, entrou em operação a primeira usina americana desse tipo.
am de acordo com o grau de evolução do processo de encarbonização: O número de grandes usinas nucleares aumentou rapidamente em
quanto mais avançado, mais alto o teor de carbono na parte orgânica e muitos países industrializados até o final da década de 1970. Depois disso,
menor o teor de oxigênio. houve uma significativa redução no ritmo de utilização da energia nuclear
Em virtude dessa estrutura complexa e variável, o carvão mineral para fins comerciais, por diversas razões: a demanda de energia elétrica
apresenta diversos tipos. Seu emprego para fins industriais obedece a ficou muito abaixo do que se esperava; o custo de construção de novas

Geografia 22
APOSTILAS OPÇÃO
usinas nucleares era alto; a opinião pública pressionava contra a constru- outro isótopo, o urânio-238. Quando um nêutron lento colide com o núcleo
ção de usinas, principalmente depois dos catastróficos acidentes ocorridos do átomo de urânio-235, ele se torna repentinamente instável, divide-se em
na usina de Three Mile Island, nos Estados Unidos, e em Tchernóbil, na dois fragmentos e libera em média dois a três nêutrons. Desses nêutrons,
Ucrânia, então parte da União Soviética. Entretanto, França, Japão, Coreia ao menos um deve produzir outra fissão, caso se pretenda que a reação
do Sul e Tailândia, que dispõem de poucas alternativas energéticas, conti- em cadeia continue. Isso é muito difícil de conseguir com o urânio natural,
nuaram a usar a energia nuclear. porque sua concentração de núcleos de urânio-235 é tão pequena que os
nêutrons podem escapar do combustível nuclear sem colidir com o núcleo
fissionável, ou podem se chocar com o núcleo do urânio-238 e serem
Reações Nucleares. absorvidos.
Três tipos de reações nucleares produzem grandes quantidades de Para reduzir essa possibilidade, usa-se como combustível do reator o
energia: urânio enriquecido, que contém uma percentagem maior de urânio-235 do
(1) a desintegração radioativa, processo segundo o qual um núcleo se que o urânio natural. O enriquecimento se obtém por vários processos,
converte espontaneamente no núcleo de outro isótopo ou elemento; como, por exemplo, difusão gasosa. Como os recursos de urânio-235
existentes no mundo são limitados, projetaram-se reatores regeneradores
(2) a fissão nuclear, pela qual um núcleo pesado se divide em dois ou-
capazes de converter urânio não fissionável e outros elementos em isóto-
tros e libera a energia neles contida;
pos fissionáveis.
(3) a fusão nuclear, segundo a qual dois núcleos atômicos leves, sub-
metidos a temperaturas elevadíssimas, reagem para formar um único Moderadores
núcleo, de peso maior. A maioria dos reatores comerciais de potência requer um moderador
Todos os reatores nucleares produzem energia a partir da reação de para reduzir a velocidade dos nêutrons, de forma a aumentar a possibilida-
fissão, mas os cientistas acreditam que a fusão nuclear controlada pode de de que eles consigam fissionar o urânio-235. Substâncias como a água,
originar uma fonte de energia alternativa relativamente barata de geração o óxido de deutério (água pesada) e a grafita foram consideradas modera-
de eletricidade, o que ajudaria a conservar o suprimento de combustíveis dores eficazes porque conseguem reduzir a velocidade dos nêutrons duran-
fósseis do planeta, em rápido esgotamento. te o processo de fissão sem reduzir muito seu número por absorção.

Barras de controle. O controle sobre a taxa de emissão de nêutrons, e


Produção de energia nuclear. No processo de fissão, um núcleo pe- portanto sobre a reação, se faz mediante a introdução no núcleo dos reato-
sado, como o urânio, absorve um nêutron e se divide em dois fragmentos res de materiais que absorvem os nêutrons. Esses materiais, que podem
de massa aproximadamente idêntica. A reação libera grande quantidade de ser barras de cádmio ou boro, são retirados gradualmente do núcleo do
energia, assim como muitos nêutrons, que colidem com outros núcleos reator antes que uma reação em cadeia se inicie. Elas são reintroduzidas
pesados e provocam sua fissão. A repetição desse processo gera uma sempre que a série de fissões começa a se realizar a alta velocidade, o que
reação em cadeia na qual vários bilhões de núcleos são fissionados numa poderia resultar na liberação de uma quantidade excessiva de energia e
pequena fração de segundos. radiação, causando assim a fusão do núcleo.
Num reator nuclear, essa série de fissões é cuidadosamente controla-
da, o que permite utilizar a enorme quantidade de energia liberada, que Refrigerantes
ocorre em forma de radiação e de energia cinética dos produtos da fissão O calor liberado pelas fissões é removido do núcleo do reator por uma
lançados a altas velocidades. Boa parte dela se transforma em energia substância refrigerante, que pode ser líquida ou gasosa. Os refrigerantes
térmica quando os produtos da fissão entram em repouso. Uma porção devem ter boas propriedades de transferência de calor, assim como fraca
dessa energia é usada para aquecer água e convertê-la em vapor de alta propriedade de absorver nêutrons. Tanto a água leve (comum) quanto a
pressão, que faz funcionar uma turbina. A energia mecânica da turbina é pesada são empregadas como refrigerantes, o que ocorre também com
então convertida em eletricidade por um gerador. metais líquidos (sódio, por exemplo), hélio e várias outras substâncias.
Além de valiosa fonte de energia elétrica para uso comercial, os reato-
res nucleares também servem para impelir alguns tipos de navios militares, Estrutura de contenção. À medida que a reação em cadeia prosse-
submarinos e certas naves espaciais não-tripuladas. Outra importante gue, os produtos da fissão se acumulam no núcleo do reator. A maioria
aplicação dos reatores é a produção de isótopos radioativos, amplamente desses fragmentos é altamente radioativa e emite raios gama e nêutrons.
usados na pesquisa científica, na terapêutica e na indústria. Os isótopos Para proteger os operadores da usina e outras pessoas próximas da radia-
são criados pelo bombardeamento de substâncias não-radioativas com os ção desses fragmentos, e da radiação produzida diretamente pelo processo
nêutrons liberados durante a fissão. de fissão, o reator é cercado por paredes e um piso de concreto bastante
espesso, que constituem a estrutura de contenção.

Rejeitos
O manipulação dos produtos radioativos da fissão é um problema mais
difícil de resolver do que a contenção do núcleo do reator. Alguns desses
resíduos nucleares se mantêm perigosamente radioativos por milhares de
anos e, portanto, devem ser eliminados ou armazenados de forma perma-
nente. Ainda não foi descoberto, no entanto, um método prático e seguro
de tratamento desses resíduos.

Segurança
Como acontece a toda atividade humana, a produção de energia nu-
clear não pode ser considerada absolutamente isenta de riscos. As medi-
das preventivas visam, portanto, minimizar o risco de acidentes. Estudos
realizados nos Estados Unidos na década de 1970 concluíram que era
extremamente baixo o risco de um acidente numa usina nuclear atingir
grande número de pessoas. Em 1979, porém, uma unidade da usina de
Three Mile Island sofreu um grave acidente. Por uma combinação de erros
de operadores da usina, associados à falha de uma válvula, a água refrige-
Combustível rante se perdeu e algumas partes do núcleo do reator fundiram. Grande
O único material presente na natureza pronto para ser fissionado e ca- quantidade de produtos de fissão foi liberada do reator para o interior da
paz de manter uma reação em cadeia é o urânio-235. É um isótopo raro: no estrutura de contenção, que conseguiu reter a maior parte da radioativida-
urânio natural, ocorre na proporção de um para aproximadamente 140 de de. A pequena quantidade que escapou teve sérias consequências.

Geografia 23
APOSTILAS OPÇÃO
Após as investigações, ficou claro que o elemento humano é muito aquecer ambientes, cozinhar alimentos, fazer funcionar máquinas e criar
mais importante como fator de segurança numa usina nuclear do que se mais conforto e até mais saúde. Na busca por melhores formas de ener-
havia reconhecido até então. Por essa razão, foram introduzidas várias gia, aprendemos a utilizar o fogo, o petróleo, a força das águas, o vento, o
mudanças no treinamento de operadores, técnicos e inspetores. Essas sol, gases especiais e até o átomo.
mudanças foram consideradas eficazes para reduzir a probabilidade de Podemos dizer que as principais fontes de energia naturais conheci-
ocorrência de acidentes graves quanto o de Three Mile Island, mas aumen- das são: solar, eólica, fóssil, nuclear e hidráulica. Cada uma dessas fontes
taram sensivelmente os custos de operação das usinas nucleares. apresenta vantagens e desvantagens. De um modo geral, uma fonte é
A questão da importância do elemento humano para o correto funcio- considerada viável quando:
namento das usinas nucleares voltou a ser debatida após a catástrofe de Permite produzir energia na quantidade necessária para manter cons-
Tchernóbil, em 1986. Um dos quatro reatores da usina explodiu e pegou tância no abastecimento;
fogo. Antes que a situação pudesse ser controlada, 31 pessoas haviam O seu custo de produção é compatível com os benefícios que propor-
morrido. Aproximadamente 25% do conteúdo radioativo do reator vazou, ciona;
135.000 pessoas tiveram que ser evacuadas do local e uma imensa área Os riscos para o meio ambiente são inexistentes ou pequenos, po-
na vizinhança da usina foi de tal forma contaminada pela radioatividade que dendo ser controlados e monitorados.
não pode mais ser cultivada. Na época, estimou-se que de quatro mil a Quando a fonte conjuga esses fatores, diz-se que é capaz de oferecer
quarenta mil casos de câncer resultariam desse acidente. “energia firme”.
Para entender a crise de energia, é importante que você conheça as
Fontes alternativas de energia fontes energéticas e as vantagens e desvantagens de cada uma em
EÓLICA relação à produção de energia elétrica.
É a fone e energia alternativa com maior taxa de crescimento. Ainda
assim, só entra com 0,1% da produção total de eletricidade. FONTES DE ENERGIA
É a favorita dos ambientalistas. Solar - A energia solar utiliza os raios do sol para a produção de
PRÓ: poluição zero. Pode ser complementar às redes tradicionais. energia elétrica. Embora seja útil e aplicável em diversas situações, a
CONTRA: instável, está sujeito a variações do tempo e a calmaria. Os energia solar não é firme, pois não é possível prever com precisão se vai
equipamentos são caros e barulhentos. fazer sol ou chuva. Também não permite produzir em grande escala. Seu
uso intensivo exigiria grandes extensões de terra para distribuição de
GEOTÉRMICA painéis coletores, usados para captar os raios de sol e transformá-los em
Aproveita o calor do subsolo da Terra, que aumenta a proporção de 3 energia elétrica. As terras ocupadas por coletores não poderiam ser
graus a cada 100 metros de profundidade. Representa apenas 0,3% da usadas para outros fins, como a agricultura. Ainda que a sua utilização em
eletricidade produzida no planeta. grande escala não seja possível, a energia solar é de fato uma alternativa
PRÓ: custos mais estáveis que os de outras fontes alternativas. É ex- energética. A Cemig está usando a energia solar para o atendimento à
plorada nos E.U.A. , Filipinas, México e Itália região rural, instalando sistemas em pequenas propriedades, escolas,
CONTRA: só é viável em algumas regiões, que não incluem o Brasil. centros comunitários e locais distantes da rede elétrica convencional. Em
É mais usada como auxiliar nos sistemas de calefação. Minas Gerais, já existem mais de cinco mil propriedades contando com
esse benefício.
SOLAR Eólica - A energia elétrica eólica é obtida a partir de um sistema de
Ainda não se mostrou capaz de produzir eletricidade em grande esca- hélices que aproveita a força dos ventos. Mesmo com toda a tecnologia
la. A tecnologia deixa a desejar e o custo da instalação é alto. Para produ- atual, não é possível prever a ação dos ventos e isso pode provocar falhas
zir a mesma energia elétrica de uma hidrelétrica, os painéis solares custa- no abastecimento. Isso faz com que a energia eólica não seja uma energia
riam dez vezes mais. “firme”, mas pode ser uma solução em condições geográficas especiais,
PRÓ: útil como fonte complementar em residências e áreas rurais dis- em locais favorecidos pelos ventos, como o Nordeste do Brasil. A Cemig
tantes da rede elétrica central. Índice zero de poluição. tem uma usina experimental em Gouveia, Minas Gerais, onde pesquisa
CONTRA: o preço proibitivo da produção em média em larga escala. essa fonte energética.
Só funciona bem em áreas muito ensolaradas. Fóssil - A energia elétrica de combustíveis de origem fóssil é obtida a
partir da queima de materiais vegetais decompostos, como o carvão, o
BIOMASSA petróleo, o gás natural e o xisto betuminoso. No Brasil, existem várias
Agrupa várias opções como queima de madeira, carvão vegetal e usinas de geração a carvão mineral e óleo combustível. Para ampliar a
processamento industrial de celulose e bagaço da cana de açúcar. Inclui o capacidade de geração de energia do País, estão sendo projetadas várias
uso de álcool como combustível. Responde 1% da energia elétrica mundi- usinas térmicas a gás, também em Minas Gerais. Em Juatuba, a Cemig
al. possui a usina termelétrica de Igarapé, que será ampliada e convertida
PRÓ: aproveita restos, reduzindo o desperdício. O álcool tem eficiên- para operar com gás natural. A energia fóssil é considerada “firme”, mas
cia equivalente ao da gasolina. Como combustível para automóveis. os recursos utilizados não são renováveis. Uma vez esgotados, não
CONTRA: o uso em larga escala na geração de energia esbarra nos haverá mais possibilidade de utilização dessa fonte no planeta. Além
limites da sazonalidade. A produção de energia cai no período da entresa- disso, o impacto que provoca no meio ambiente para a sua extração deve
fra. Dependendo de que como se queima, pode ser muito poluente. ser cuidadosamente considerado.
Nuclear - A primeira experiência nuclear foi feita em 1942, nos Esta-
B - AS RESERVAS ENERGÉTICAS E MINERAIS CONHECIDAS, A dos Unidos. O processo utilizado atualmente é o de fissão do átomo. A
PRODUÇÃO E O CONSUMO. energia nuclear é uma energia “firme”, mas sua implantação requer uma
Reservas energéticas minerais são massas de minério pesquisadas, tecnologia sofisticada, exige grandes investimentos e envolve sempre
definidas e avaliadas e com um determinado valor econômico. Nos países grandes riscos para o meio ambiente.
mineradores, reservas minerais são aceitas como garantia de financia- Hidráulica - A energia hidrelétrica é obtida a partir do aproveitamento
mento, desde que se submetam a auditoria independente de avaliação da força das águas. Para isso, é necessário construir uma barragem em
que comprove e ateste seu valor. um rio e acumular água em grande quantidade em um reservatório. A
água é conduzida por um túnel e faz girar as turbinas, produzindo eletrici-
C - A PROBLEMÁTICA ENERGÉTICA DA ATUALIDADE. dade. A partir daí, a eletricidade é transportada às subestações por meio
Para entender as causas da crise energética, é preciso conhecer um de linhas de transmissão. Das subestações, a energia chega aos consu-
pouco sobre como a energia é gerada. midores por meio de linhas de distribuição. De todas as fontes de energia,
a hidrelétrica é a mais importante para o Brasil, onde quase 100% de toda
Como a energia é gerada a energia vem de usinas hidrelétricas. Infelizmente, aproximadamente
Ao longo da História da Civilização, o homem sempre buscou formas 18% dessa produção acaba sendo desperdiçada por mau uso na cidade e
de produzir e armazenar energia. Afinal, é graças a ela que é possível no campo.

Geografia 24
APOSTILAS OPÇÃO
Esse desperdício torna ainda mais grave uma situação de crise ener- Artesanato – Estágio em que o produtor (artesão) executava sozi-
gética, como esta que agora afeta o Brasil. nho todas as fases da produção e até mesmo a comercialização do
produto. Não havia divisão do trabalho nem o emprego de máquinas,
AS ATIVIDADES INDUSTRIAIS somente de ferramentas simples. (até o séc. XVII)
A - OS CONCEITOS BÁSICOS: INDÚSTRIA DE BASE, INDÚSTRIA Manufatura – A manufatura corresponde ao estágio intermediário
DE BENS DE CONSUMO, MEIOS DE PRODUÇÃO. entre o artesanato e a maquinofatura. Nesse estágio já ocorria a divisão
A indústria é um espaço de produção. Entre os setores da economia, do trabalho (cada operário realizava uma tarefa ou parte da produção),
representa o setor secundário - o primário corresponde à agricultura e o mas a produção ainda dependia fundamentalmente do trabalho manual,
terciário, ao comércio e aos serviços. embora já houvesse o emprego de máquinas simples. Esse estágio
É difícil definir um termo usado tão amplamente em nossa sociedade: corresponde a fase inicial do capitalismo. (1620-1750).
fala-se da indústria agrícola, quando nos referimos ainda ao setor primá- Maquinofatura – É o estágio atual, iniciado com a Revolução In-
rio, e ainda outras acepções mais figuradas, que se referem a algo produ- dustrial. Podendo ser caracterizado pelo emprego maciço de máquinas
zido em larga escala - afinal, esta é a contribuição da indústria na nossa e fontes de energia modernas (carvão mineral, petróleo, etc.), produção
história. Deste modo, fala-se da indústria do crime e da indústria da fome, em larga escala, grande divisão e especialização do trabalho. (1750 até
quando o assunto são os produtos destas condições. E tem ainda a indús- hoje).
tria cultural - já ouviu falar dela? Refere-se à reprodução em massa de
produtos culturais, possibilitada pelos meios de comunicação. Mas isto é A Revolução industrial
uma outra história, bem interessante por sinal. Vamos ficar, por enquanto, Por Revolução Industrial podemos entender as profundas transfor-
com as indústrias no sentido literal. São estas as comemoradas no Brasil mações resultantes do progresso da técnica aplicada à indústria, ou
hoje! seja, a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma socie-
As indústrias podem ser de vários tipos. dade urbana e industrial. Com o seu desenvolvimento, a indústria se
As indústrias de base são aquelas que servem de base a outras in- expande da Inglaterra, estabelecendo-se em outros países europeus,
dústrias, fornecendo matéria-prima e máquinas. como Alemanha, Bélgica, França e, mais tarde para outra áreas fora da
As indústrias de bens de consumo são aquelas cujos produtos finais Europa Ocidental como Japão, Estados Unidos, Rússia, etc.
vão diretamente para os mercados de consumo (ex. a indústria de confec- As principais causas da Revolução Industrial foram:
ção). • Acumulação de capitais provenientes da expansão comercial
e da política mercantilista.
B - OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO • Transformações na estrutura agrária, liberando mão-de-obra
INDUSTRIAL. para a cidade.
As indústrias buscam localizar-se naquelas zonas que permitem bara- • Acelerado processo de urbanização.
tear seus custos de produção. Tradicionalmente as empresas, sobretudo • Ascensão da burguesia
as pesadas, tendem a localizar-se onde o custo do transporte é menor, • Invenções mecânicas e a utilização de fontes de energia mo-
aproximando-se das fontes de energia ou das matérias-primas.Outros dernas.
setores industriais, especialmente os leves, tendem a localizar-se próxi- Essa etapa da expansão industrial dos países desenvolvidos (séc.
mos aos mercados de consumo. XVIII e XIX) é denominada de industrialização clássica, enquanto o
processo de industrialização dos países desenvolvidos (segunda meta-
C - O ESPAÇO INDUSTRIAL E AS GRANDES REGIÕES INDUS- de do séc. XX) é chamada de industrialização tardia ou retardatária.
TRIAIS. Dentro do estágio da maquinofatura, ocorreram ainda (após a Pri-
Não é exagero afirmar que o espaço geográfico contemporâneo é o meira Revolução Industrial), devido aos grandes avanços tecnológicos,
resultado das transformações introduzidas pela Revolução Industrial em a Segunda Revolução Industrial (1870-1945) e a Terceira Revolução
suas diferentes etapas. O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, Industrial, também chamada de Revolução Técnico-científica (após
fruto das transformações trazidas pela tecnologia industrial. 1945).
Independentemente do fato de um lugar abrigar, ou não, a indústria
em seu espaço físico, ela está presente nos produtos consumidos pela Características da primeira e segunda revolução industrial
população local, nos meios de comunicação e nos meios de transporte. O espaço geográfico, a partir das transformações socioeconômicas
A indústria foi responsável pelas grandes transformações urbanas, dos séculos XV e XVI, passou a ter abrangência mundial. A organização
pela multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a espacial variou de acordo com papel diferenciado que ocuparam as
cidade moderna e pelo desenvolvimento dos meios de transporte e colônias, as metrópoles e outras regiões do globo, com maior ou menor
comunicação, que, nacional e mundialmente, interligaram as regiões. grau de integração ao novo sistema econômico.
Foi responsável também pela maior produtividade, pela consequente Porém, a mais profunda transformação espacial ocorreu com a in-
elevação da produção agrícola e pelo êxodo rural. Além disso, introduziu trodução da indústria moderna na Inglaterra, que marcou o inicio do
um novo modo de vida e novos hábitos de consumo, criou novas profis- capitalismo industrial (concorrencial ou liberal). A industrialização
sões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova não provocou mudanças apenas na forma de produção, mas direcionou
relação desta com a natureza. toda a configuração do espaço atual. Modificou as relações sociais e
O setor secundário foi predominante durante um longo período, mas territoriais, difundiu cultura e técnica, aprofundou a competição entre os
a necessidade de reciclagem constante na área técnico-científica deslo- povos, concentrou a população no espaço e provocou o crescimento
cou as atenções para o setor terciário, que passou a incluir novos servi- cada vez maior das cidades.
ços, como a pesquisa e o desenvolvimento. Com a invenção da máquina a vapor e sua incorporação à produ-
No quadro de desenvolvimento acelerado que caracteriza os tem- ção industrial, os trabalhadores eram obrigados a trabalhar conforme o
pos atuais, a informática e a robótica exercem um papel de destaque, ritmo das máquinas, de maneira padronizada. Outra parte da mão-de-
impulsionando a nova revolução industrial que está em curso: a revolu- obra disponível foi requisitada para trabalhar nas minas de carvão (fonte
ção técno-científica. de energia dessa primeira fase da Revolução Industrial). Nesse período,
o “lucro” não advinha mais da exploração das colônias, mas sim, da
A evolução da indústria produção de mercadorias pelas indústrias, que trazia embutido a explo-
Indústria é o conjunto das atividades realizadas na transformação ração dos trabalhadores através da mais-valia.
de objetos em estado bruto, as chamadas matérias-primas naturais ou Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de peque-
não -, em produtos que tenham uma aplicação e satisfaçam as necessi- nas e numerosas empresas, que competiam por uma fatia do mercado,
dades do homem. sem que o Estado interferisse na economia. Nessa fase (liberal), pre-
Quanto a sua evolução histórica, podemos reconhecer três estágios dominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado deve
fundamentais: o artesanato, a manufatura e a maquinofatura. ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura.

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APOSTILAS OPÇÃO
Dentro das fábricas, mudanças importantes aconteceram: a produti- Os impactos mundiais dos avanços técnico-científicos foram mar-
vidade e a capacidade de produzir aumentaram velozmente; aprofun- cantes a partir da Segunda Guerra Mundial. Foi possível delimitar, a
dou-se a divisão do trabalho e cresceu a produção em série. Nessa partir daí (considerando-se também a relatividade dessa demarcação
época, segunda metade do séc. XIX, ocorreu o que se convencionou temporal), o início de uma Terceira Revolução Industrial.
chamar de Segunda Revolução Industrial. Uma das características A microeletrônica, o microcomputador, o software, a telemática, a
mais importantes desse período foi a introdução de novas tecnologias e robótica, a engenharia genética e os semicondutores são alguns dos
novas fontes de energia no processo produtivo. Pela primeira vez, tendo símbolos dessa nova etapa. Essa fase tem modificado radicalmente as
como pioneiros a Alemanha e os Estados Unidos, a ciência era apropri- relações internacionais e os processos de produção característicos do
ada pelo capital, sendo posta a serviço da técnica, ao contrário da sistema fabril introduzido pela Revolução Industrial, bem como tem
primeira revolução industrial onde as tecnologias eram resultados es- possibilitado a criação de novos produtos e a utilização de novas maté-
pontâneos e autônomos. Agora empresas eram criadas com o fim de rias-primas e fontes de energia.
descobrirem novas técnicas de produção. Há algum tempo, a indústria vem utilizando muitas matérias-primas
Com o brutal aumento da produção, acirrou-se cada vez mais a sintéticas, como a borracha, as fibras de poliéster, o náilon e novos tipos
concorrência. Era cada vez maior a necessidade de se garantirem de ligas que substituem vários metais. Hoje, por exemplo, pode-se
novos mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e utilizar uma nova cerâmica de alta resistência e durabilidade, feita de
novas áreas para investimentos lucrativos. areia e silicone.
Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Os recursos sintéticos permitem a produção das matérias-primas
Ásia e na África, o que consolidou de vez a divisão internacional do nos próprios países desenvolvidos. Esse fato é, ao mesmo tempo,
trabalho. alentador e preocupante. Numa perspectiva de preservação da nature-
Durante a Segunda fase da Revolução Industrial, o desenvolvimen- za, a exploração de recursos minerais não-renováveis diminuirá. No
to da industrialização em outros países e a aplicação de novas tecnolo- entanto, haverá uma consequente queda dos investimentos, em países
gias à produção e ao transporte modificaram profundamente a orienta- subdesenvolvidos, por parte de empresas multinacionais ligadas à
ção liberal. As novas tecnologias foram empregadas nas indústrias mineração e a outras atividades extrativas. Além disso, os países forne-
metalúrgica, siderúrgica, no transporte ferroviário entre outras. Esses cedores de matérias-primas perderão, gradativamente, importantes itens
setores industriais dependiam de investimentos maiores que aqueles de suas pautas de exportação.
realizados na primeira fase da Revolução Industrial. Era necessário a Esse novo contexto criado pelas novas tecnologias de produção al-
união de vários empreendedores para a produção das novas mercadori- teram inclusive os antigos critérios de localização industrial. Atualmente
as. Boa parte da indústria passou a contar com o capital bancário ou a instalação das grandes empresas multinacionais não está necessari-
financeiro. amente associada à proximidade de fontes de matérias-primas e de
No final do séc. XIX, a fusão entre o capital industrial e o financeiro mão-de-obra barata.
e, mesmo a fusão entre indústrias, levou ao aparecimento de empresas Apenas alguns setores industriais, como calçados, têxteis, brinque-
gigantescas, os monopólios e oligopólios (empresas de grande porte dos, montagem de aparelhos de TV e eletroeletrônicos, ainda tiram
que se associam para controlar o mercado), ocorrendo, com isso, um vantagem quanto à sua instalação em regiões onde prevalecem a baixa
enfraquecimento da livre concorrência. Pela baixa competitividade, as qualificação e o custo reduzido da mão-de-obra. Mas esta não é a
pequenas empresas, que não acompanharam essa nova tendência do tendência da economia industrial da Revolução Técníco-cíentífica, cujo
desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram absorvidas pressuposto é produzir cada vez mais, com cada vez menos trabalhado-
pelas grandes. res.
Tanto na Primeira como na Segunda Revolução Industriai, a mar-
A revolução técnico-científica gem de lucro das empresas se elevava à proporção que os salários
A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade in- decresciam. Quanto menor o salário, maior era o lucro retido pela em-
dustrial e às outras atividades econômicas: agricultura, pecuária, servi- presa. O processo de expansão das multinacionais intensificou-se a
ços. É um componente fundamental, pois, para as empresas, o desen- partir da década de 50 em direção aos países do Terceiro Mundo e
volvimento científico e tecnológico é revertido em novos produtos e em seguia este mesmo princípio: a elevação das taxas médias de lucro
redução de custos, permitindo a elas maior capacidade de competição tinha como pressuposto a exploração da mão-de-obra barata desses
num mercado cada. vez mais disputado. países.
As grandes multinacionais possuem seus próprios centros de pes- A Revolução Técnico-científica, movida pela produtividade, ao
quisa e o investimento cientifico, em relação ao conjunto da atividade mesmo tempo em que pode gerar mais riquezas e ampliar as taxas de
produtiva, tem sido crescente. Em meados da década de 80, por exem- lucros, é também responsável pelo desemprego de centenas de milha-
plo. a IBM norte-americana possuía cerca de 400 mil empregados em res de pessoas em todo o mundo.
todo o mundo, entre os quais 40 mil (10%) trabalhavam na área de Entre os diversos processos de automação industrial, a robotização
pesquisa. é o mais avançado. Os países que mais a utilizam são, respectivamen-
O Estado, por meio das universidades e de outras instituições, tam- te, o Japão e os Estados Unidos. O Japão contava, em 1994, com 274
bém estimula o desenvolvimento econômico, preparando pessoas e mil unidades instaladas em suas indústrias, enquanto os Estados Uni-
capacitando-as ao exercício de funções de pesquisa, na área industrial dos possuíam 40 mil. O Brasil, no mesmo ano, contava com. apenas
ou agrícola, assim como no desenvolvimento de tecnologias, transferi- 100 robôs, todos instalados na indústria automobilística.
das ou adaptadas às novas mercadorias de consumo ou aos novos O setor automobilístico apresenta o maior número de robôs da in-
equipamentos de produção. Nesse sentido, a pesquisa cientifica aplica- dústria em geral. N esse setor, no trabalho de solda, atingisse um grau
da ao desenvolvimento de novos produtos tornou-se parte do planeja- de robotização da ordem de 95% nas fábricas mais modernas do mun-
mento estratégico do Estado, visando ao desenvolvimento econômico. do.
Mesmo no tempo da Guerra Fria, quando o investimento tecnológi-
co estava voltado à corrida armamentista ou espacial, boa parte das Os novos processos de produção
conquistas tecnológicas foi adaptada e estendida à criação de uma A necessidade de redução dos custos por parte das empresas para
infinidade de bens de consumo nos países capitalistas. a geração de maiores lucros e o surgimento de novos produtos e recur-
Com a Revolução Técnico-científica., o tempo entre qualquer inova- sos de produção industrial exigiram alterações nas tradicionais práticas
ção e sua difusão, em forma de mercadorias ou de serviços, é cada vez de produção norte-americanas, universais a partir da década de 50, com
mais imediato. Os produtos industriais classificados genericamente a expansão das multinacionais. A especialização do trabalhador em
como de bens de consumo duráveis, especialmente aqueles ligados aos determinada tarefa e a produção em escala, preconizadas pelo fordis-
setores de ponta como a microeletrônica e informática, tornam-se obso- mo e pelo taylorismo, não são os atributos mais adequados à produção
letos devido à rapidez com que são superados pela introdução de novas industrial deste final de século.
tecnologias. O trabalho repetitivo tem sido substtuído pelo trabalho criativo,
que atende às constantes variações do cotidiano da linha de produção.

Geografia 26
APOSTILAS OPÇÃO
Começam a surgir os Círculos de Controle de Qualidade, nos quais uma série de descobertas científicas e tecnológicas: fertilizantes químicos,
grupos de trabalhadores reúnem-se e discutem a melhoria da qualidade melhoramento genético, máquinas e motores à combustão.Estas desco-
do produto e o aumento de produtividade. Em contraste com o fordismo bertas possibilitaram o progressivo abandono das antigas práticas, levan-
e o taylorismo, onde a responsabilidade e a habilidade de cada traba- do a uma especialização dos agricultores tanto nas culturas quanto nas
lhador ficavam restritas a uma única tarefa, nos Círculos de Controle de criações.
Qualidade implantados nas empresas mais modernas, o trabalhador Inaugurava-se uma nova fase nos sistemas agropecuários, na qual a
passa a ter conhecimento de todo o processo produtivo e a nele intervir. forma de conceber e gerenciar a atividade rural passa a ser chamada de
É provável que em pouco tempo o trabalho repetitivo, característico da Agricultura Científica.
indústria até recentemente, fique restrito à ação das máquinas. A agricultura científica é descrita como o conjunto de técnicas produti-
O Japão tem sido pioneiro na criação dos novos métodos de produ- vas que surgiram em meados do século 19, conhecida como a 2ª revolu-
ção, mais ágeis e Flexíveis, que estão sendo adaptados às indústrias ção agrícola, que teve como suporte o lançamento dos fertilizantes quími-
em quase todo o mundo. cos por Liebig.
Por meio desses novos métodos, várias características da mercado- Este sistema expandiu-se após as grandes guerras, com o emprego
ria podem ser modificadas em pouco tempo. Alterações no design, de sementes manipuladas geneticamente para o aumento da produtivida-
introdução ou substituição de componentes e até a produção de uma de, associado ao emprego de agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes) e
outra mercadoria totalmente diferente podem ser feitas a partir de pe- da maquinaria agrícola.
quenas reestruturações no interior da mesma fábrica, utilizando-se os O agricultor é dependente por tecnologias/recursos/capital do setor
mesmos equipamentos. Os recursos da microeletrônica e da informática industrial, que devido seu fluxo unidirecional leva à degradação do ambi-
viabilizam essas frequentes mudanças. ente e á descapitalização, criando uma situação insustentável à longo
Tal flexibilidade da atividade industrial tornou-se necessária num prazo.
mundo em que a evolução da tecnologia provoca uma diminuição fre- Como resultado da agricultura "científica" atual nós temos um enve-
quente da vida útil das mercadorias. A constante modificação c a cria- nenamento continuado da terra, dos rios e das pessoas. Tanto as que
ção de produtos são hoje exigências do próprio mercado de consumo. trabalham com os produtos venenosos quanto as que consomem seus
Esse sistema de produção totalmente adaptado ao mercado ficou produtos.
conhecido pelo nome de just-in-time (tempo justo). No interior da
fábrica, as diferentes etapas de produção, desde a entrada das maté- Meios de produção
rias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada Os meios de produção agrícola são os materiais utilizados para fins
entre fornecedores, produtores c compradores. A quantidade de maté- de produção como equipamentos, veículos, instalações, animais, imóveis,
rias-primas que entram na fábrica corresponde exatamente à quantida- lavouras, florestas cultivadas, produtos agrícolas estocados, sêmen e
de de produtos que serão produzidos. As mercadorias são feitas dentro embriões, insumos, recursos de custeio e obras, inclusive para captação
do prazo estipulado c de acordo com a exigência dos compradores. de água e combate à erosão
Além da eficiência, o sistema just-in-time permite a diminuição do custo
de estocagem e o volume da produção fica diretamente relacionado à B - AS GRANDES REGIÕES DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA.
capacidade de mercado, evitando-se perdas de estoque ou diminuição Região Norte
do preço, caso ocorra uma defasagem tecnológica do produto. Do ponto de vista fundiário, esta região tem duas características bási-
cas, a saber:
Expansão da indústria mundial Uma primeira, diz respeito a sua parca ocupação demográfica e eco-
Já a maioria das novas regiões industriais, mais bem adaptadas aos nômica. Uma segunda, de natureza ambiental, que determina a manuten-
novos processos de produção, encontram-se nas regiões dinâmicas dos ção de grandes áreas como reservas florestais, extrativistas e parques
países do Extremo Oriente, ou ao redor das grandes metrópoles dos nacionais. Estas duas características, aliadas à dimensão geográfica da
países desenvolvidos. Nas últimas décadas, alguns países asiáticos região, determinam toda uma gama de particularidades a região Norte. Na
experimentaram um rápido crescimento econômico. Os denominados década de 70, houve ações públicas na tentativa de colonizar a região,
"Tigres" (entre eles Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul) estão conseguin- sendo esta experiência significativa em Rondônia e no Acre. O mesmo
do consolidar sua posição mundial industrialmente, ainda que as rápidas não ocorreu em toda a região. Já na década de 80, começa um movimen-
transformações socioculturais tenham gerado certos desequilíbrios. to espontâneo de ocupação de terras devolutas na região sul do Pará,
Nos últimos anos, a indústria chinesa também começou a despontar abrangendo o Bico do Papagaio, por populações, afugentadas pela seca
graças à aplicação de novas políticas econômicas. As denominadas ocorrida no Nordeste, principalmente do Maranhão. Este fluxo demográfi-
Zonas Econômicas Especiais do litoral chinês, que gozam de ampla co, foi alimentado pela implantação de Carajás e toda sua infraestrutura,
liberdade econômica, situam-se entre as regiões mais dinâmicas do bem como uma forte expansão da atividade mineradora, em época mais
mundo. recente.
Estes movimentos demográficos-econômicos, além de se atritarem
AS ATIVIDADES AGRÍCOLAS mutuamente, na busca da ocupação e posse da terra, encontraram uma
A - OS CONCEITOS BÁSICOS: AGRICULTURA DE SUBSISTÊN- região ocupada por grandes extensões territoriais, aforadas a, poucas e
CIA, AGRICULTURA CIENTÍFICA E MEIOS DE PRODUÇÃO. tradicionais, famílias da região, o que determinou um conflito fundiário de
Agricultura de subsistência enorme extensão e gravidade e que perdura até hoje. São exemplos deste
Tipo de agricultura, geralmente consorciada (mais de um tipo de pro- conflito Eldorado dos Carajás e Corumbiara.
duto agrícola plantado), e que apesar do avanço da irrigação nos últimos Dada a sua enorme extensão territorial e a seu passado recente, a
20 anos, ainda tem considerável peso na economia rural. Utiliza-se de região Norte é extremamente diferenciada internamente. Como citado
técnicas manuais, sendo que em alguns casos já existem uma mecaniza- anteriormente, há uma região com uma relativa experiência de coloniza-
ção parcial. Os produtos principais são mandioca, milho, batata doce, ção (Rondônia e Acre). Rondônia diferencia-se de todos os outros estados
inhame, amendoim e feijão. Destes, usualmente os mais consorciados são da região Norte, no que diz respeito a estrutura fundiária. A experiência de
a mandioca, de ciclo longo (1 ano ou mais), o milho e o feijão. O amen- colonização neste estado tornou-o um dos mais democráticos, do ponto
doim costuma também ser consorciado à mandioca. de vista fundiário. Seu coeficiente de Gini é de 0,643, um dos menores do
A agricultura de subsistência traz pouco lucro aos seus cultivadores e País. A participação dos 50,0% dos menores imóveis, relativamente a
demanda muito trabalho. Mesmo no caso do milho, dado ao pequeno área, é de 14,1%, a maior participação do país, enquanto que os 10,0%
tamanho das propriedades e consequente desestímulo à mecanização, maiores ocupam 61,0% da área total, a menor da região É tão forte a
seu cultivo deve-se mais à venda imediata, em espiga (verde), do que influência da colonização em Rondônia que, mais de 90,0% de seus
propriamente para a produção em larga escala. municípios, são originários de Projetos Integrados de Colonização (PICs),
Agricultura científica como são exemplos as cidade de Ariquemes e Ouro Preto. Cabe ressaltar,
No final do século XIX e início do século XX, os problemas de escas- no entanto, uma outra característica fundamental da estrutura fundiária
sez crônica de alimentos em solos europeus intensificam-se, levando a deste Estado: sua baixa ocupação. Apenas 5,0 milhões de hectares estão

Geografia 27
APOSTILAS OPÇÃO
cadastradas. A grande maioria de seu território está ocupada por reservas rada", se caracteriza pelo reduzida produtividade de seus imóveis, em
ecológicas, reservas indígenas e terras públicas, que representam mais de todas as categorias.
65,0% da área de Rondônia. Essas características demandam uma política fundiária apropriada.
Já a região sul do Pará, o conflito pela terra é predominante e a ques- São necessários projetos de ocupação adequados à qualidade ambiental
tão da titularidade da posse é o ponto fundamental. Roraima e Amapá são da Amazônia. As querelas titulatórias, entre grileiros, posseiros e grandes
áreas praticamente desocupadas, fronteiras agrícola futuras, vazias de projetos, necessitam definições. Há regiões de conflito, com mais de três
infraestrutura econômica e social e que demandam uma ocupação plane- camadas de títulos superpostos. Há áreas que foram privatizadas através
jada e bem alavancada. O Estado do Amazonas e o resto do Pará, que dos CATPs, onde nenhuma atividade foi desenvolvida, conforme previam
tiveram uma ocupação mais antiga, encontram sua maior dificuldade de os contratos. Isso precisa ser revisto e essas áreas retomadas pelo Poder
desenvolvimento, em achar o equilíbrio entre a atividade economicamente Público. Rondônia e o sul do Pará são casos típicos. Há enormes exten-
rentável, e auto-sustentável do ponto de vista ambiental. sões de terras públicas que não podem ser ocupadas de forma planejada
Finalmente, cabe destacar a incorporação do Estado de Tocantins. e adequada. O extrativismo regional necessita incentivo e políticas públi-
Como um Estado novo, começa realizando um enorme esforço de desen- cas.
volvimento, buscando atrair investimentos e população. Hoje do ponto de Por tudo isso, certamente, a desapropriação não é o instrumento mais
vista fundiário, a distribuição e regularização de terras públicas, nesse adequado para uma intervenção fundiária na região Norte. Desapropriar,
estado, indica um modelo baseado em grandes propriedades especulati- com justa indenização, áreas públicas, privatizadas a preços simbólicos,
vas, por um lado e em grandes projetos econômicos, por outro. Há a sem que tenham cumprido seus compromissos contratuais, é pagar a
necessidade de uma intervenção fundiária pública forte que permita o especulação fundiária. Na década de 80, até terras "aforadas", foram
democrático acesso à terra e uma ocupação demográfica massiva. É uma desapropriadas e indenizadas pelo INCRA. Hoje, são terras originadas de
região onde a experiência de colonização integrada - Estado, União e CATPs não cumpridos.
setor privado - tem uma das melhores oportunidades de dar certo. Está na
mira de grandes projetos agrícolas, mesmo porque, do ponto de vista Região Nordeste:
viário, inevitavelmente, integrará o Norte (Ferrovia Carajá) com o Centro A região Nordeste, assim como o Brasil, já era habitada, antes do
(Hidrovia Araguaia e Tocantins), esse com o Sudeste (Vale do Rio Doce, descobrimento, pelos índios tupi-guarani, que ocupavam os baixios lama-
portos de Vitória e Santos) e todos com o Sul (sistema ferroviário). centos do Maranhão, às longas extensões arenosas do Rio Grande do Sul
A região Norte tem uma superfície de 386,9 milhões de hectares e - praticamente todo o litoral brasileiro - quando, em abril de 1500, Pedro
uma área cadastrada no INCRA de, tão somente, 59,6 milhões de hecta- Alvares Cabral desembarcou nas areias de Porto Seguro.
res, ocupadas por 131.174 imóveis rurais. Assim, enquanto do ponto de A forma de ocupação do Brasil colônia, através de doações de terra a
vista geográfico, ela representa 45,2% da superfície do Brasil, do ponto de uma minoria, que se beneficiou com o regime de Sesmarias, privilegiou o
vista cadastral, sua área representa apenas 19,2% da área cadastrada no processo de concentração fundiária.
INCRA. Sua relação entre área cadastrada e superfície é de 15,4%. No sistema de capitanias hereditárias, a grande propriedade e a ex-
Para as categorias de imóveis rurais (minifúndio, pequena, média e ploração de um produto exportável (cana-de-açúcar) faziam parte da
grande propriedades), a distribuição fundiária da região Norte tem as infraestrutura montada pelos portugueses, após a fase do escambo.
seguintes características. Os minifúndios representam 44,8% do total de A monocultura da cana-de-açúcar foi mais acentuada no Nordeste,
imóveis, ocupando 4,1% da área cadastrada. Já as grande propriedades, devido às condições climáticas, potencialidade do solo e o relevo plano
que representam 4,9% do número de imóveis, ocupam uma área corres- que facilitava o manuseio da colheita. Esta monocultura, escravista, já
pondente a 72,3% da área cadastrada. embutia as características de uma exploração capitalista.
Comparada com as outras regiões, a característica, que se destaca, é A pecuária aparece, como atividade adequada para promover a ocu-
a significativa participação relativa da área ocupada pela grande proprie- pação do interior, a fim de proporcionar alimentos à população e assegu-
dade, só comparada à região Centro-Oeste que, da mesma forma, tem rar o transporte da cana e lenha, que acionavam as moendas. Eram os
uma grande extensão geográfica e uma ocupação mais recente. De outro famosos "carros-de-boi".A expansão do latifúndio pecuário, não se deu
lado, exatamente pela ocupação tardia, a participação do minifúndio é apenas na Bahia e Pernambuco, mas também no Ceará e Maranhão.
baixa, em relação à número de imóveis, 44,8% e em relação a área ocu- Outro fator importante, de concentração da grande propriedade, foi a
pada, 4,1%, também, à semelhança da região Centro-Oeste, 36,1% e introdução da cultura do algodão, inicialmente no Maranhão e na Paraíba,
2,0% respectivamente e diferenciada das demais regiões, de ocupação desbancando o açúcar, como principal fonte de riqueza. A produção era
mais antiga. toda exportada para a Inglaterra, ocupando áreas da pecuária extensiva,
Essa parca ocupação, fundiária e econômica, não se refere tão so- principalmente em 1808, quando os portos brasileiros foram abertos ao
mente a relação entre superfície e área cadastrada. Se tomarmos a área comércio estrangeiro. A cultura do algodão foi introduzida também no Rio
explorável (40,0 milhões de hectares), que representa 67,0% da área Grande do Norte, Ceará e na Bahia.
cadastrada, e evidencia o potencial agrícola da região, e compararmos A terceira grande lavoura foi a do fumo, introduzida no século XVII,
com a área explorada (21,8 milhões de hectares), vemos que essa última possuindo um grau de exigência maior do que a cultura da cana-de-açúcar
representa, apenas, 54,0% daquela. Ou seja, 131 mil imóveis, que decla- e do algodão, o que reduzia as vantagens relativas da cultura em larga
ram ao cadastro do INCRA terem uma área total de 59,0 milhões de escala. Importante citar que o cacau, no sul da Bahia, o arroz e o anil,
hectares e uma área explorável de 40 milhões de hectares, declaram, formaram a agricultura do Brasil colônia, mas não tiveram a importância
ainda, que só exploram metade destas terras. da cana, do algodão e do fumo.
E essa baixa ocupação, segundo declarações dos proprietários de A região Nordeste ocupa 18,3% do território nacional e compreende
imóveis, ao INCRA, não se deve às grandes propriedades improdutivas. nove estados, onde sub-regiões, bem definidas, em seus contornos físi-
Para os imóveis considerados "minifúndios", a área explorada representa cos, podem ser destacadas.
41,8% da área explorável. Portanto, bem abaixo da média da região. Já na O Sertão que representa aproximadamente 60,0% da área nordestina,
grande propriedade, esta relação é de 52,3%. Só para a média proprieda- apresenta clima semiárido quente. Nesta porção, cuja população apresen-
de esta relação supera a média regional, 69,8%. ta um baixíssimo padrão de vida em relação a outras áreas do país, além
Esta característica fica mais evidente se tomarmos o número de imó- das condições ambientais, outros fatores, como a, arcaica, estrutura
veis, classificados como produtivos, sua respectiva área e compararmos fundiária, ausência de soluções racionais e econômicas para os processos
com o número do total de imóveis e área, por categoria de imóvel. Assim de irrigação, bem como a existência de interesses locais, na manutenção
temos que, para a pequena propriedade, apenas 11,0% do total de imó- de relações de produção pré-capitalistas, tem, em muito, contribuído para
veis são produtivos, ocupando 19,3% da área total das pequenas proprie- quadro de pobreza ali existente.Outra sub-região, bastante definida, é a
dades. Para a média, esses índices são, respectivamente, 17,4% e 18,3%. Zona da Mata, faixa costeira que vai do Rio Grande do Norte até o sul da
Finalmente, das grandes propriedades, 22,9% delas são produtivas, Bahia. A elevada pluviosidade, verificada nesta área, originou a Floresta
ocupando 15,2% da área da categoria. disseminação da monocultura canavieira, além do cacau, no sudeste da
Em resumo, a região Norte, além da reduzida ocupação econômica e Bahia.
demográfica, além da baixa relação entre "área explorável" e "área explo-

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APOSTILAS OPÇÃO
Entre o litoral e o interior semiárido, encontra-se uma área de transi- regiões apresentam uma surpreendente semelhança, ainda que pesem
ção, o Agreste, cuja economia baseia-se na pecuária, na cultura do algo- todas as diferenças econômicas, geográficas, ambientais, bem como de
dão e na policultura alimentar, que abastece a faixa urbanizada. colonização. No Ceará, os 50% menores imóveis ocupam 7,6% do total da
O Meio Norte é constituído pelos estados do Maranhão e do Piauí. área, demonstrando o melhor desempenho da pequena propriedade na
Nesta porção, verifica-se uma transformação, onde a caatinga e o cerrado região.
são, gradativamente, substituídos pela floresta amazônica. Nesta região, Quando analisada sob o aspecto temporal é nítida a redução dos va-
marcada pela produção agroextrativa, desenvolveu-se uma importante lores do índice analisado, em praticamente todos os estados da região.
fronteira agrícola, baseada na lavoura comercial do arroz. Notadamente no Maranhão, onde este valor caiu de 0,924, calculado
A economia nordestina ainda é predominantemente agrária, 60,0% de segundo dados do IBGE/85, para 0,756, de acordo com dados do IN-
sua população encontra-se na atividade rural. Os principais produtos CRA/92. Exceção deve ser feita a Bahia onde este índice apresentou certa
agrícolas são o algodão, o açúcar e o cacau. constância no período variando de 0,841, segundo IBGE/85 para 0,819
Na zona canavieira nordestina, ocorreram profundas transformações segundo INCRA/92.
a partir da década de 50, quando as usinas de açúcar substituíram os Tais transformações podem estar associadas, tanto à interferência de
antigos engenhos, e a crescente demanda de terras, para a cultura da órgãos, das esferas federal e estadual do governo, como a alterações nas
cana, pressionada pela expansão da produção açucareira, torna, ainda, formas de produção, decorrentes de fluxos migratórios. Cita-se, como
mais concentrada a propriedade rural na região. exemplo, Balsas no Maranhão.
No Agreste, a coexistência entre a grande propriedade e a pequena
propriedade, sofreu significativas alterações. A partir da década de 60, Região Sudeste:
com a expansão da pecuária, eliminando o sistema de arrendamento, por Três fatos, referentes à região Sudeste, merecem registro: o primeiro,
parte dos grandes proprietários, pelo qual, os pequenos produtores culti- diz respeito à sua ocupação, a mais antiga, juntamente com o nordeste, o
vavam o algodão e as lavouras de subsistência. O fim desta parceria, que permite estabelecer um paralelo entre as duas regiões, quando da
incrementou a pressão demográfica sobre as terras das pequenas propri- análise de seus aspectos fundiários. O segundo é a alta densidade demo-
edades. gráfica e a ocorrência do maior índice de população urbana do país.
No sertão nordestino, verificou-se transformação semelhante àquela Finalmente, cabe lembrar que nessa região, verifica-se o maior grau de
do agreste, no que diz respeito a organização social da produção. Entre- industrialização do país. Tal conjunção de fatores entretanto, não garante
tanto, aqui, ainda se mantém a pequena propriedade.Apesar da criação da um ordenamento fundiário equilibrado à região, ainda que seja melhor do
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste-SUDENE em 1959, que aquele verificado quando da análise do Brasil, como um todo.
que tinha, entre outras finalidades, a ampliação da fronteira agrícola, a A região Sudeste mostra-se, particularmente, heterogênea, quando
irrigação da zona semi-árida, bem como a transformação da economia analisado sob aspectos econômicos, geográficos, ambientais e fundiários.
agrária do litoral, a situação de pobreza, da maioria dos trabalhadores Sob o aspecto econômico. Verifica-se, de um lado, em pontos bastante
rurais nordestinos, definidos, a existência de uma economia industrializada, em bases mo-
pouco se alterou. A região Nordeste tem uma superfície territorial de dernas de organização capitalista.
156,1 milhões de hectares e uma área cadastrada junto ao INCRA de, De outro, uma economia de subsistência, não evoluída, e resistente
60,5 milhões de hectares, distribuindo-se em 780.804 imóveis rurais. às inovações tecnológicas. Exemplo evidente desta dicotomia pode ser
Enquanto que, do ponto de vista geográfico, como antreriormente dito, a observado em Minas Gerais, segundo centro industrial do país, onde o
superfície da região representa pouco mais de 18,0% da superfície do norte compõe uma das regiões mais pobres do país, o polígono das
Brasil, sob o aspecto cadastral, sua área representa 19,5% da área cadas- secas.
trada no INCRA, sendo de 38,7%, a relação entre área cadastrada e Em São Paulo, o contraste é maior na porção oeste do estado, mais
superfície territorial. particularmente no Pontal do Paranapanema, onde a tensão social ali
A relação entre superfície e área cadastrada, que no nordeste mos- verificada levou o INCRA a desencadear uma operação de recadastra-
trou-se ligeiramente superior à média do Brasil, não deve constituir o único mento dos imóveis, acima de 15 módulos fiscais, nos municípios de Eucli-
critério para indicar a ocupação fundiária e econômica. des da Cunha Paulista, Marabá Paulista, Rosana, Sandovalina e Teodoro
Quando a região é analisada, sob o ponto de vista da distribuição dos Sampaio, perfazendo um total de 195 imóveis, abrangendo uma área de
imóveis rurais, por categoria, verifica-se que, os minifúndios representam 284,3 mil hectares.Outro ponto a destacar, e que ressalta ainda mais as
74,2% do total de imóveis rurais, perfazendo apenas 8,6% da área cadas- diferenças inter-regionais, refere-se a pouca significância da atividade
trada no INCRA. As pequenas propriedades, representam 18,9% dos agrícola no estado do Espírito Santo e, notadamente, no estado do Rio de
imóveis e ocupam 23,0% da área. As médias propriedades, tem uma Janeiro, que apresenta um diversificado perfil industrial. Já em São Paulo,
participação de 5,2% do total de imóveis, representando 23,7% da área e, à semelhança de Minas Gerais, é clara a importância desta atividade,
finalmente, as grandes propriedades, que constituem tão somente, 1,4% inclusive para o PIB agropecuário do país.
do total e ocupam quase 40,0% da área cadastrada. Quanto ao aspecto demográfico, merece destaque o estado de São
Se passarmos a considerar, na análise, o potencial agrícola da região, Paulo que, ainda hoje, constitui um importante polo de atração populacio-
através da "área explorável", que é de 51,3 milhões de hectares e que nal, responsável pelo fluxo migratório oriundo da região Nordeste. Esse
representam 84,8% da área cadastrada, comparando-se com a "área fluxo torna abundante a oferta de mão-de-obra expulsa do campo com
efetivamente explorada" de 40,3 milhões de hectares, vemos que, essa pouca ou nenhuma qualificação, e que não é absorvida, nem pelo setor
última, representa 78,5% daquela. Assim, 780.804 imóveis, que segundo primário, nem pelo secundário na região Sudeste. Seu interior desponta,
declarações dos proprietários, ocupam uma área de 60,4 milhões de hoje, como um dos maiores mercados internos do país.
hectares e uma "área explorável" de 51,3 milhões de hectares, declaram, O perfil fundiário, analisado sob ótica do índice de Gini, calculado com
ainda, que exploram quase 80,0% destas terras. base nos dados do Censo Agropecuário de 1985, revela uma estrutura
Essa ocupação, a exemplo da região sul e mesmo da região sudeste, fundiária menos concentrada do que aquela verificada a nível de Brasil.
pode ser explicada pelo percentual de área ocupada pela grande proprie- Não significando entretanto, que seja baixa. O menor valor observado é o
dade que, no nordeste, aproxima-se do valor verificado naquelas regiões, do Espírito Santo, com 0,673, seguido por São Paulo, com 0,772 e Minas
aproximando-se dos 40,0%. A área abrangida, pela pequena e média Gerais que apresenta o mesmo valor. Em contraposição, o Gini/INCRA/92
propriedade não apresenta diferenças significativas, sendo ambos de se situa entre 0,636 e 0,756, para os mesmos estados. Os 50% menores
23,0%. imóveis no Espírito Santo ocupam uma área de 11,8%, refletindo a menor
Quanto ao índice de Gini, calculado de acordo com os dados do reca- desigualdade na região. No Rio de Janeiro, onde verifica-se a maior
dastramento do INCRA de 1992, verifica-se, em todos os estados, valores concentração fundiária da região, o índice alcança 0,816. Esse panorama,
inferiores à média Brasil, fortemente influenciada pelas regiões Norte e confirma a tese de que análises da estrutura fundiária não podem ter por
Centro-Oeste, situando-se entre 0,703, valor observado no Ceará, e 0,819 base indicadores obtidos a partir de dados agregados a nível nacional e,
na Bahia. Estes patamares, certamente, não estão distantes daqueles neste caso em particular, nem mesmo indicadores regionais podem levar
índices, observados nas regiões sul e sudeste, uma vez que em termos de a análises consistentes, dada a heterogeneidade existente dentro da
área ocupada, segundo as categorias de tamanho de imóveis rurais, estas região.

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APOSTILAS OPÇÃO
A região sudeste, abrange uma área de 92,7 milhões de hectares, e nada na região, sendo substituída pelo gado, aproveitando as grandes
detém uma área cadastrada, junto ao INCRA, de 55,3 milhões de hectares propriedades lá existentes. Atualmente, a pecuária foi, em parte substituí-
ocupada por 756.268 imóveis rurais. Sob o ponto de vista geográfico, sua da pela rentabilidade dos grãos, permitindo algum desmembramento das
superfície representa 10,8% do território do Brasil. Em termos de área propriedades.
cadastrada, a região Sudeste ocupa 17,8% do total. A semelhança da Campanha gaúcha, ficou a região central do Para-
Segundo as categorias de imóveis rurais - minifúndio, pequena, média ná, as terras de Guarapuava, como a representante da grande proprieda-
e grande propriedades, o universo de imóveis da região Sudeste apresen- de pecuarista.
ta a seguinte distribuição: 54,7% do total são minifúndios e ocupam ape- Já Santa Catarina, que teve, no passado, o caminho das boiadas fi-
nas 8,6% da área cadastrada. A pequena propriedade representa 31,1% xado em Lages, não pode manter por muito tempo esta atividade, porque
do total de imóveis, abrangendo 22,1% da área. As médias propriedades a região era montanhosa e inadequada para o desenvolvimento de uma
constituem 10,7% do total e corresponde a 28,7% da área cadastrada. pecuária extensiva. Somado a isso, teve uma ocupação de base colonial,
Finalmente, os grandes imóveis rurais compõe 2,8% do total, ocupando em todo o seu oeste, decorrente da expansão da migração colonial gaú-
40,0% da área cadastrada. cha. Já, em seu leste, foram assentados imigrantes europeus, em núcleos
Comparada com as demais regiões, a característica que se destaca é coloniais, bem distribuídos e que deram origem a vários polos de desen-
o percentual de área ocupada pela média propriedade, o maior dentre as volvimento artesanal/industrial, do que são exemplos Joinville, Blumenau,
cinco regiões analisadas. Quanto ao número de médias propriedades, Itajaí, Tubarão. Por isso mesmo, Santa Catarina, a semelhança de Ron-
82,2 mil, o percentual, 10,7% não é grande, representando, por exemplo, dônia na região Norte, é um dos estados com uma estrutura fundiária das
metade do valor verificado na região Centro-Oeste. Outro ponto a ressal- mais democráticas dos País. Seu coeficiente de Gini é 0,646 e os 50,0%
tar, é o de que metade dos imóveis, 54,7% são constituídos por minifún- das propriedades menores, ocupam uma área de 12,0 %, só superada por
dios, propriedade economicamente inviável. Este valor, entretanto, ainda, Rondônia.
é inferior àqueles verificados nas regiões Nordeste e Sul que, da mesma A superfície total da região Sul é de 57,5 milhões de hectares, das
forma, tem uma ocupação antiga. quais 39,8% milhões de hectares estão cadastradas no INCRA/92, o que
A ocupação fundiária e econômica não é mensurada, apenas, pela re- representa 69,0% de toda a superfície. Esta é a maior taxa de ocupação
lação entre do País. Do ponto de vista territorial, é a menor região do País, possuindo
superfície e área cadastrada. Na região Sudeste esta relação mostra- somente 6,7% do território nacional. Mas, em compensação, em área
se bastante próxima daquela verificada na região Centro-Oeste, e abrange cadastrada, dobra a sua representação, para 12,8%, em relação ao total
pouco mais da metade de sua superfície territorial. Quando a "área explo- de área cadastrado do País.
rável", que representa mais de 70,0% da área cadastrada (66,3 milhões A alta ocupação evidencia-se, ainda mais, considerado o número de
de hectares), e reflete o potencial agrícola regional, é comparada com a imóveis. A região Sul possui 1,0 milhão de imóveis, o que representa
"área efetivamente explorada", verifica-se uma surpreendente proporção, 35,5% do total de imóveis cadastrados no Brasil. Desses, praticamente, a
de 97,9% da área explorável. Esta relação torna evidente o emprego do metade está no Rio Grande do Sul.
potencial agrícola da região. Entretanto, ressalte-se, nesse ponto, que tal A variável "área explorável", na região Sul, representa 84,0% da área
ocupação não significa, necessariamente, índices elevados na exploração. cadastrada, num total de 33,6 milhões de hectares. E a "área explorada",
totaliza 32,6 milhões de hectares e representa 97,1% da "área explorável".
Região Sul Esse indicador esgota a demonstração da alta ocupação agrícola da
Essa é a região mais ocupada do Brasil, do ponto de vista fundiário. região Sul. Ou seja, do que é "explorável", 97,0% está sendo "explorado".
Mesmo tendo sido colonizada a quase duzentos anos, mais tarde do que A distribuição fundiária, por categoria de imóveis, na região Sul tem as
as regiões Nordeste e Sudeste, a experiência de colonização estrangeira, seguintes características:
principalmente, nas três últimas décadas do século passado, determinou O "minifúndio" representa 61,0% dos imóveis e ocupa 15,4% da área
rumos bastantes diferenciados à região Sul. cadastrada.
A primeira atividade econômica foi a pecuária, nos idos de 1700, Participação significativa só, levemente, superada no Nordeste. Mas a
quando a ocupação portuguesa desalojou os jesuítas espanhóis e se pequena propriedade, que representa 30,9% dos imóveis, ocupa 26,8% da
apossou da terra e dos rebanhos bovinos, criados pelos índios. Formou-se área cadastrada.
a grande propriedade pecuária,até hoje existente na região da Campanha. Juntos - minifúndio e pequena - tem a maior representação em termos
Esta atividade desenvolveu-se alimentando a atividade mineira, que de área, de uma região: 31,3%. A "grande propriedade", na região, em
se desenvolvia no centro do país. Estruturou-se o caminho das Vacarias, torno de 18 mil imóveis, representa, tão somente, 0,9% dos imóveis. Mas,
indo do sul do Rio Grande do Sul, incorporando Lajes, em Santa Catarina, ocupa 36,5% da área cadastrada. Mesmo assim, é a menor representação
Guarapuava, no Paraná e Sorocaba, em São Paulo. Por aí transitavam as regional da grande propriedade, tanto em número de imóveis, quanto em
boiadas e os rebanhos equinos, que serviriam de comida e transporte para área cadastrada.
a atividade mineira. Neste caminho todo, formou-se a grande propriedade Como está evidenciado, a característica fundamental da região Sul, é
pecuária. sua alta taxa de ocupação, em contraposição a região Norte. E também,
Nos finais do século XIX, começam a chegar os imigrantes italianos, aqui, ao inverso do Norte, essa ocupação é altamente produtiva. Com
engrossando as levas de colonos alemães, que já ocupavam a região de base nas declarações dos proprietários rurais, temos que, na região Sul,
Novo Hamburgo e São Leopoldo. Alojados na região Norte do Rio Grande 46,6% das pequenas propriedades são consideradas "produtivas". Para as
do Sul, desenvolveram uma agricultura de subsistência e diversificada, médias propriedades, esse índice é de 45,5% e das as grandes proprie-
mais tarde, especializando na vitivinicultura, suinocultura, fumo, entre dades, 53,8% são classificadas como "produtivas", com uma área de
outras. Expandiram essas atividades, ocupando todo o Alto Uruguai, 59,0% do total. Temos que, nas três categorias de imóveis, a representa-
sempre com base na pequena propriedade, reproduzindo a família. Já na ção das "produtivas" sobre o total, tanto em termos de número de imóveis,
década de 40, o Rio Grande está praticamente ocupado e a migração como em área, é a maior do País.
começa a avançar para o Oeste de Santa Catarina, Sudoeste e Noroeste Em resumo, a região Sul é a mais ocupada, cadastrada e explorada
do Paraná. Estas regiões, ainda hoje, se caracterizam por uma estrutura pela atividade agropecuária. Apesar de sua ocupação inicial ter sido feita
fundiária fundada na pequena propriedade colonial. pela criação extensiva do gado, gerando a grande propriedade, sua forma
Paraná teve, nos anos 50, uma rica experiência de colonização em de colonização europeia, dirigida ao norte do Rio Grande do Sul e do
sua região Norte (Maringá, Cascavel), com a Companhia de Terras do Paraná, democratizou o acesso à terra. As levas migratórias se espalha-
Paraná, de origem inglesa, e que desenvolveu uma ocupação planejada, ram pela região, conformando uma ocupação massiva - 35% dos imóveis
articulando o assentamento dos colonos em lotes bem distribuídos, com a rurais do Brasil, onde a pequena propriedade é significativa, em termos de
implantação de uma infraestrutura econômica e social, que viabiliza-se a área ocupada (um terço). Isso porque o núcleo familiar, alojado em pe-
fixação daquelas populações. Ainda no Paraná, em sua região nordeste, quenos lotes (colônia), foi modelo de distribuição e ocupação massiva de
avançou a lavoura do café, vinda de São Paulo, implantando grandes terras. As grande propriedade foi sendo, gradativamente, dividida pela
propriedades de cafeicultores, que demandavam mão de obra assalariada. demanda por terras, restringindo-se, hoje, à região da Campanha gaúcha
Posteriormente, com as várias crises do café, essa atividade foi abando- e aos campos de Guarapuava. Hoje, se resumem a 18 mil imóveis rurais,

Geografia 30
APOSTILAS OPÇÃO
metade deles localizados no Rio Grande do Sul, ocupando área seme- áreas de fronteira à economia nacional.
lhante a da pequena propriedade (um terço). Esses quadros configuram Ainda, no período compreendido entre 1947 e 1964, a colonização
um problema fundiário particular, a semelhança da região Sudeste. Há particular teve grande impulso, alavancada pelo governo estadual, em
uma forte demanda por mais terras, de pequenos proprietários e seus atendimento a política do governo federal, que pretendia expandir a fron-
filhos. A reprodução do núcleo familiar, na pequena propriedade, esgotou- teira agrícola, absorvendo assim os excedentes populacionais.
se na região. A terra está toda ocupada e explorada. A ocorrência da Pode-se afirmar, hoje, que esta forma de ocupação não deu bons re-
grande propriedade improdutiva é atípica. Assim, as desapropriações sultados, tendo como consequência a expansão da grande propriedade,
efetuadas nessas regiões, além de caras, pela valorização da terra, são além de não atender à demanda de terra, decorrente da migração espon-
tópicas e precisam de muito apoio para viabilizar o pequeno proprietário tânea.
assentado. Outros instrumentos de ação fundiária, precisam ser aciona- O desenvolvimento de Goiás se deu a partir da década de 60, quando
dos. se consumou a mudança da Capital Federal para Brasília. Tem início o
A experiência em colonização é histórica, nessas populações. Natu- processo de industrialização, e o "boom" da soja. A consolidação, se dá
ralmente, desenvolveu-se um fluxo migratório de gaúchos, passando pelo na década de 70, quando o estado torna-se um polo de atração, obser-
oeste de Sta. Catarina, sudoeste e noroeste do Paraná, Mato Grosso do vando-se uma grande procura por terra no sudeste e no centro goiano,
Sul, Serra dos Parecis, em Mato Grosso, Vilhena e Colorado do Oeste em elevando, sobremaneira, seu preço. Hoje, verifica-se que as áreas do sul
Rondônia, Barreiras no oeste da Bahia, Balsas, no sul do Maranhão, do estado, tradicionalmente de pecuária extensiva, estão sendo ocupadas
engrossado por catarinenses, paranaenses e paulistas. Hoje, computam- pelo plantio de soja e de algodão.
se mais de 2 milhões de gaúchos, de uma população de 9 milhões, que A criação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste-
exploram a terra, fora do Estado. SUDECO, em 1967, foi uma forma de desenvolver a parte norte do estado
A colonização privada, no norte do Paraná, e a pública, a oeste de do Mato Groso, não atingida pela colonização. Exceção deve ser feita ao,
Rondônia, são exemplos de bons resultados e que podem ser imitados, hoje, município de Nova Xavantina, que foi uma das colônias agrícolas da
hoje, através de projetos de colonização bem planejados, com localização década de 40.
estratégica, unindo mercado, infraestrutura pública e bons solos. A futura Nas décadas de 70 e 80, a política fundiária foi marcada pelo contrato
fronteira dos grãos está no norte do Mato Grosso. São milhões de hecta- de compra e venda, bem como pela venda de terras devolutas, combinada
res que podem ser ocupados por produtores carentes de terra que, com o com a regularização fundiária e pela colonização oficial, nas áreas de
apoio do setor público, criarão polos de desenvolvimento, com ocupação conflito, esta executada pelo INCRA. A partir de 1994, com a aceleração
massiva e cidadã, do território nacional. da política de reforma agrária pelo governo federal, o instrumento da
O crédito fundiário é outro instrumento a ser disponibilizado para os desapropriação passa a ser dominante.
colonos e seus filhos que, com o apoio do núcleo familiar e das "coopera- No caso do Mato Grosso, foram discriminados, no período 1977/86,
tivas", com sua bagagem técnica no ramo, tem plenas condições de 1,0 milhão de hectares. Já em Goiás, incluindo o atual estado do Tocan-
cumprir os compromissos financeiros, dele decorrentes, em curto espaço tins, até 1986 foram arrecadados 3,2 milhões de hectares, para 275 imó-
de tempo. veis. Após 1993, as desapropriações somaram 830,0 mil hectares, incluin-
do as desapropriações do atual estado do Tocantins que totalizaram 127
Região Centro-Oeste: imóveis, contra 137 em Goiás.
Do ponto de vista fundiário os Estados que compõem a região Centro- Visto de outro ângulo, conclui-se que o INCRA, que tinha 3,2 milhões
Oeste podem ser analisados sob os seguintes aspectos: de hectares para distribuir, preferiu desapropriar, com justa indenização,
O Mato Grosso do Sul se caracteriza pela presença de médias e 830,0 mil hectares.
grandes propriedades produtivas. Goiás conta com uma menor participa- A região Centro-Oeste tem uma superfície de 161,2 milhões de ha e
ção relativa de grandes imóveis, uma vez que, a expansão da agricultura, uma área cadastrada, no INCRA, de 94,8 milhões de ha, ocupada por
ocupou áreas tradicionalmente destinadas à pecuária, elevando o estado 206.724 imóveis rurais.
à condição de grande produtor de grãos. Estes dois estados, apresentam Do ponto de vista geográfico, ela representa 18,8% da superfície do
características semelhantes às do centro-sul, pois do ponto de vista geoe- Brasil. Do ponto de vista cadastral, sua área representa 30,5% do total da
conômico, o Brasil pode ser dividido em três grandes regiões ou comple- área cadastrada no INCRA. A relação entre área cadastrada e superfície,
xos regionais, ou seja: Norte, Nordeste e Centro-Sul. Em situação oposta, é de 58,7%, só superada pelas regiões Sul e Sudeste.
se encontra o Mato Grosso, com grandes vazios e com imóveis de gran- A distribuição fundiária, por categoria de imóveis, na região Centro-
des extensões de áreas improdutivas, à semelhança do que ocorre na Oeste, tem as seguintes características:
região Norte. O minifúndio, representa 36,6% do imóveis e ocupa 2,0% da área ca-
A exploração da região começou com o movimento dos bandeirantes, dastrada, constituindo a menor participação, dentre as regiões analisadas.
responsáveis pela descoberta das minas do rio Coxipó e Cuiabá, no Mato Mas, a pequena propriedade, que representa 31,3% dos imóveis, ocupa
Grosso, e da minas de diamante, no rio Araguaia, em Goiás. A exploração 6,9% da área cadastrada.
desta região permaneceu estagnada durante um longo período. Durante o Juntos - minifúndio e pequena propriedade - tem a menor representa-
Estado Novo, por meio da denominada "marcha para o oeste", que visava ção, em termos de área, dentro da região: 8,9%.
solucionar os problemas do homem do campo, conquistando o interior do A grande propriedade, na região, em torno de 24 mil imóveis, repre-
país e facilitando o acesso a terra pelos colonos imigrantes, verifica-se a senta, tão somente, 12,3% dos imóveis cadastrados, ocupando 72,9% da
retomada da colonização oficial, especificamente na parte sul do Mato área cadastrada. Esta é a maior representação, tanto em número de
Grosso. imóveis, como de área cadastrada.
A colonização oficial estadual, desenvolvida no final da década de 40 Do ponto de vista econômico, a "área explorável", de 66,0 milhões de
até a metade da década de 60, criou a colônia de Dourados. A partir deste hectares, que representa 70,0% da área cadastrada, evidencia o potencial
projeto, considerado bem sucedido, outros foram implantados, expandindo agrícola da região. Quando comparada com a "área explorada", que
a fronteira agrícola para porção meridional do estado do Mato Grosso, totaliza 57,9 milhões de hectares, observamos que essa área representa
tornando-a mais desenvolvida, se comparada à sua parte norte. Contudo, 87,3% da "área explorável". Ou seja, 206 mil imóveis, declararam, ao
é sabido que, a desordem que se encontra o mosaico fundiário no Mato cadastro do INCRA, que dispõe de 94,0 milhões de hectares exploráveis,
Grosso, é fruto da política desenvolvida no regime militar que, na ânsia de e que exploram, efetivamente, 90,0% dessas terras.
assegurar a soberania nacional, desorganizou o espaço fundiário, dando Essa expressiva ocupação, em oposição à região Norte, não significa,
origem a concentração fundiária, com superposição de áreas. entretanto, produtividade elevada. Tomada cada categoria, e com base
Isto porque a formação do território, assim como a legislação fundiá- nos dados declarados pelos proprietários, observa-se que: das pequenas
ria, foi fruto do interesse das elites dominantes, durante todo o período do propriedades, apenas, 39,4% são produtivas, percentual que se repete
Brasil Colônia, vindo a se consolidar, durante o período republicano, e para as médias, alcançando, nas grandes, 41,2%.
permanecendo até hoje. Analisada pelo coeficiente de Gini, a concentração fundiária da região
A política fundiária estava vinculada as estratégias, utilizadas pelo go- Centro-Oeste era de 0,910, em IBGE/85, apresentando uma brusca que-
verno federal, em seus diversos momentos históricos, na incorporação das da, para 0,806, em INCRA/92. Mas sua diferenciação regional é significa-

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APOSTILAS OPÇÃO
tiva, apesar de, o movimento de queda se fazer presente em todos os vulcões. Através desse processo, conhecido como "Tectônica das Placas",
estados. O coeficiente de Gini, IBGE/85, era de 0,910, 0,861 e 0,767 para a Terra se renova constantemente.
o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já, em INCRA/92, é, respec- Segundo a teoria mais aceita pelos cientistas, logo no início do Sis-
tivamente, de 0,819, 0,816 e 0,727. A maior queda, o dobro dos demais, tema Solar, a Terra era uma grande bola de fogo incandescente, com
ocorreu no Mato Grosso. É provável que o desmembramento, ocorrido temperaturas próximas a 1500 graus Celsius (ºC).
entre 85/92, seja fruto de um processo natural de ocupação, por posse, Com o passar de vários milhões de anos, essa bola incandescente foi
compra e venda ou pelo desenvolvimento de projetos. Mas, a partir de 93, aos poucos se resfriando e se solidificando, formando o que chamamos de
esse desmembramento é feito pela ação desapropriatória do INCRA, que - Litosfera, que corresponde à parte sólida da Terra, em cuja superfície
destinou a área de 156 grandes proprietários, a 28,2 mil famílias. nos encontramos.
O Maciço Goiano-Mato-Grossense, que no Mato-Grosso é demarcado Durante o processo de resfriamento da terra, ela soltou gases e vapo-
pela depressão do res, semelhante ao que acontece quando jogamos água fria em um peda-
Xingu e pela Chapada dos Parecis, desponta como a nova fronteira ço de ferro em brasa.
de grãos capaz de dobrar a produção de soja no Brasil, em 10 anos, tendo Esses vapores deram origem a uma camada de ar, chamada - Atmos-
na Chapada dos Parecis, seu cartão de apresentação. fera, que envolve e protege a Terra.
Por volta de 4,5 bilhões de anos atrás, a temperatura da terra come-
C - A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. çou a baixar, o que deu origem a um grande período de chuvas, devido á
Desde que o homem começou a produzir gêneros agrícolas visando condensação do vapor de água contido na atmosfera.
vender e lucrar com a sua produção, existe o problema da comercializa- A chuva caindo continuamente, foi acumulando-se nas partes mais
ção. No início, havia a troca ou escambo da safra, depois, a venda com baixas da superfície, formando os oceanos.
pagamento em dinheiro ou preciosidades como ouro ou prata. Indepen- As águas marinhas e as continentais (rios, lagos e geleiras) formam a
dente do modo de comercialização, a venda sempre apresentou suas - Hidrosfera, que significa esfera de água.
complicações. Os valores de mercado, muitas vezes, não são justos com Há aproximadamente 3,5 bilhões de anos surgiu a vida na Terra. A vi-
os produtores que, por sua vez, podem aproveitar valores maiores quando da vegetal e animal, que começou a se desenvolver inicialmente nos
a produção é escassa. oceanos graças ao conjunto de influências dessas esferas, deu origem á
Nos dias de hoje, existem cotações, índices variações de mercado quarta esfera - Biosfera ou esfera da vida.
constantes. Numa economia globalizada, quando a produção de um
produto em um país que seja grande exportador diminui, o preço da Fatores Modificadores da Estrutura Geológica
mercadoria aumenta imediatamente em todo o mundo e quando há super • Erupções vulcânicas - Quando os vulcões expulsam o magma,
safras, o preço “despenca”. O agricultor comum não pode controlar nem deixam vazios na crosta terrestre. As rochas se acomodam
influenciar essas flutuações de mercado, portanto o que pode ser feito é nestes vazios, acontecendo terremotos de várias intensidades.
sempre procurar o melhor negócio para sua produção, o que não costuma No Brasil, não existe vulcões ativos, por isso desconhecemos
ser fácil. esse tipo de abalo sísmico.
Os agricultores iniciantes sempre encontram dificuldades em escoar • Placas Tectônicas - A Litosfera, é composta por vários pedaços
sua produção. Para solucionar esse problema, devem seguir alguns de placas, tanto nos continentes como no fundo dos oceanos. A
passos básicos, tentando vender e encontrar um valor razoável para a sua análise mostrou que elas se deslocam constante e lentamente.
safra. Na verdade, esse movimento é imperceptível.
Em primeiro lugar, deve procurar se informar como os produtores da • Terremotos - São movimentos que fazem a terra tremer duran-
região costumam fazer, para quem eles costumam vender. O segundo te alguns segundos. Quando são intensos, podem ser percebi-
passo é procurar se filiar à uma cooperativa de produtores, onde poderá dos pelo homem e chegam a causar grandes estragos. Mas em
manter contato com outros produtores e encontrar assessoria para suas geral são percebidos por um aparelho chamado sismógrafo.
dúvidas técnicas e de comercialização. Algumas cooperativas comerciali- • Dorsais Oceânicos - O fundo dos oceanos não sofre intensa
zam a produção de seus cooperados e, muitas vezes, são elas que efeti- erosão, mas também ocorrem montanhas, depressões e planal-
vamente compram as produções, por já manterem relações com grandes tos submersos. A continuação da superfície dos continentes
compradores que dependem da produção vendida pela cooperativa. Além cobertas por águas constitui a plataforma continental, de largu-
disso, as cooperativas são responsáveis por uma grande parte das expor- ra variável mas sempre mais larga junto a foz dos grandes rios.
tações feitas no País. De uma maneira geral, o agricultor deve “fugir” do • Erosão Marinha - As ondas batem no relevo litorâneo e o des-
atravessador, aquele intermediário que compra a produção e a revende gastam. Depositando sedimentos arenosos, elas ajudam a criar
nas grandes cidades, muitas vezes, diretamente para supermercados. formas nos litorais.
Isso acontece, principalmente com frutas e legumes.
• Epicentro - È o local onde acontece o choque das placas tectô-
Outra possibilidade, mas que só é viável para produtores que façam
nicas.
bons contatos comerciais, é a venda direta para os supermercados e
restaurantes das grandes cidades. Com isso, o produtor rural encontra • Hipocentro - È o lugar onde ocorre as altas temperaturas das
melhores preços e condições de recebimento da mercadoria vendida. placas tectônicas.

AS GRANDES UNIDADES GEOLÓGICAS, MORFOLÓGICAS E FI- Unidades morfológicas


TOCLIMÁTICAS DA TERRA. As teorias mais populares da origem, forma e superfície da terra, su-
Unidades geológicas põem que ela foi esculpida durante vastos períodos de tempo, pelos
A crosta terrestre não é uma camada rochosa inteiriça, é formada de processos erosivos, semelhantes em velocidade, escala e intensidade aos
partes isoladas, ou placas tectônicas. São como gomos de couro de uma processos modernos. A teoria que domina a moderna geomorfologia, foi
bola, com tamanhos variados e espessuras que vai de 10 a 50 Km, que se formulada cerca de cem anos atrás por William Morris Davis, um geólogo
movem pelo globo por correntes de calor do interior do planeta. Elas são de Harvard. Ele supunha que as paisagens não se desenvolviam casual-
móveis e se deslocam lentamente sobre a camada plástica do manto. mente, mas através de uma série de estágios, como as correntes de água
Como os continentes viajam no topo dessas placas , a distribuição da terra lentamente desgastaram os canais nos declives e como os vales foram
está em constante mutação. Há cerca de 200 milhões de anos, todas as progressivamente alargados e aprofundados. De acordo com Davis, no
terras emersas estavam agrupadas em um único supercontinente - Pan- estágio "jovem" da evolução da paisagem, é seguida imediatamente por
geia, que depois se separou formando os continentes modernos. Rochas elevações e é caracterizada pelo escoamento deficiente, e vales estreitos
derretidas, emergindo de elevações que cortam todos os oceanos, conti- em forma de V entre linhas divisórias de largas correntes de águas. De-
nuam a afastar as placas num ritmo similar ao do crescimento de uma pois de alguns milhares de anos de erosão, o estágio máximo do relevo
unha. Onde as placas colidem - como na borda do Pacífico -, a superfície "maduro" seria alcançado com o escoamento bem integrado das correntes
dobra-se, cordilheiras são impelidas para cima e ocorrem terremotos e de água, com vales profundos e largos entre linhas divisórias de águas,
estreitas e arredondadas. Finalmente, se a erosão continuasse ininterrup-

Geografia 32
APOSTILAS OPÇÃO
ta, a paisagem poderia entrar no estágio da "velhice", em que a superfície essas paleoplanícies foram formadas pela erosão, devido a lençóis de
se transforma em uma peneplanície mal drenada, com correntes de água água da superfície (a ideia de "pediplanícies") Atualmente estão sendo
de cursos de baixo declive, sobre extensas planícies aluviais em eleva- destruídas pela erosão redutiva nos canais de água.
ções apenas acima do nível do mar. O que é espantoso, é que essas planícies sobreviveram sem impor-
Embora tenha havido dúvidas ocasionais quanto à teoria de Davis, os tantes erosões de canais de água. Twidale diz: "A sobrevivência dessas
geomorfologistas têm manifestado intensa fascinação para com a noção paleoformas constitui, até certo grau, um embaraço para todos os modelos
da evolução das paisagens. Ela satisfaz alguma evidente necessidade de comumente aceitos de desenvolvimento de paisagens.". Ele observa que
alguns cientistas. O sistema de Davis segue os conceitos do desenvolvi- a teoria de Davis não oferece "nenhuma possibilidade teórica para a
mento orgânico, que também empolgou a comunidade científica no final sobrevivência das paleoformas," e se maravilha diante do "extenso tempo,
do século dezenove (os estágios da "mocidade", "maturidade" e "velhice" para que os aspectos muito antigos, preservados na atual paisagem,
correspondem maravilhosamente à evolução orgânica!). Além disso a fossem erradicados diversas vezes."
simplicidade e os atrativos do sistema, se adaptam bem ao ensino. O
Manual de laboratório mais popular, atualmente usado nos cursos de Correntes Sub-Dimensionadas
geologia, nas escolas secundárias da América apresenta apenas a ideia Teorias evolucionárias sobre a origem das paisagens, aceitam quase
de Davis da evolução das paisagens. uma continuidade de descarga das correntes e uma velocidade constante
A questão básica crucial, para avaliar os méritos das teorias evolucio- que erosão na evolução da paisagem. E com interesse que olhamos para
nistas, para a origem das paisagens é: se as formas paisagísticas que os vales de correntes e rios, em busca de evidências de antigos fluxos de
observamos atualmente tiveram alguma permanência. De acordo com a água. Estudos feitos por G.H. Dury, sobre atuais correntes de água e
teoria de Davis (e outras teorias semelhantes), toda a superfície da terra vales de rios, provam que muitos são grandes demais para as correntes
mudou a sua forma, lenta e continuamente, através de longos períodos de que contêm, Ele argumenta que muitas correntes modernas são "sub-
tempo. Davis, por exemplo, supunha que o ângulo de um declive diminui- dimensionadas" em algum ponto de seus canais. Dury fala de "distribuição
ria, conforme uma área elevada sofresse uma lenta erosão, com a forma continental de correntes sub-dimensionadas". Usando as características
da terra mudando de aparência, até que uma planície de baixo relevo, ao dos meandros dos canais, Dury conclui que as correntes frequentemente
nível do mar, fosse produzida. Resumindo, o ponto de vista de Davis é tinham 20 a 60 vezes a sua atual descarga.
que as paisagens são aspectos transitórios sem permanência; elas evoluí- H.F. Garner chama a nossa atenção para exemplos de todos os con-
ram. Todos os aspectos da superfície da terra são vistos pelo sistema de tinentes de canais secos, associados com correntes sub-dimensionadas
Davis, como estando em diverso estágios, ao longo de uma contínua que alguma vez deveriam conter imensas enchentes de água. Há evidên-
mudança. cias em antigos labirintos de canais ao longo do Rio Mississipi, a leste do
Uma ideia alternativa é a não evolucionária, ou que poderia ser cha- Missouri, no centro do Saara, ao sul de Tibiste, no terraço esculpido do
mada de teoria catastrófica para a origem das paisagens. Em vez de Vale Wright Dry, na Antártica e no solo ao leste do Estado de Washington.
serem produtos de um processo contínuo, operando em velocidade, Os canais anastomóticos do leste de Washington, acredita-se atualmente
escala e intensidade atuais, as paisagens poderiam ser remanescentes, que foram formados por enchentes que mais ou menos, simultaneamente
formadas por processos catastróficos, que atuam com velocidade, escada inundaram 16.090 quilômetros quadrados com água, a uma profundidade
e intensidade significativamente aumentadas, acima do que observamos de mais ou menos 122 metros. Os enormes canais secos, marcas de
atualmente. Os antigos processos, que formaram a paisagem; não existiria gigantescas quedas de água e colossais, camadas de matações e pedre-
continuidade de mudanças, nem estágios de evolução; os processos da gulhos a teste de Washington, são formas de terra antigas, que não foram
moderna erosão, seriam considerados como totalmente destruidores das formadas por processos supérstites, ao longo do Rio Columbia.
antigas paisagens, não transformadora de um estágio de equilíbrio para
outro. Tais paisagens conteriam formas de terra de época s anteriores, Canhões Submarinos e Vales no Fundo do Mar
aspectos da superfície que foram criados pela erosão ou processos sedi- As teorias evolucionistas para a origem das paisagens, também su-
mentares, que já não estão atuando mais. Os aspectos de épocas anterio- põem, que a topografia do solo do oceano evoluiu. A inclinação continental
res sobre a superfície da terra, fariam a paisagem parecer um “museu” e ao longo das margens submersas de todos os continentes, geralmente é
tais aspectos, em contraste com o sistema de Davis, teriam um grande interrompida por incisões, ravinas e vales, sendo a mais espetacular delas
grau de permanência. os canhões submarinos. Como seus correlativos na terra, os canhões
Não se costuma apreciar o que não deixa de ser verdade: a evolução submarinos geralmente têm padrão dendrítico, paredes ingremes, vales
das paisagens simplesmente foi presumida, não comprovada. A teoria sinuosos e cortes transversais em forma de V. Alguns canhões submari-
não-evolucionária ou catastrófica, tem sido muito desprezada ou ignorada nos estão associados com as desembocaduras de grandes rios, (como
pela maioria dos geomorfologistas, como os seus defensores foram su- por exemplo, o Congo, o Colúmbia, o Hudson e o Ródano), e servem
postamente refutados há mais de cem amos atrás. como condutores no transporte de sedimentos terraginosos, dos continen-
Agora, com o renascimento do interesse pela catástrofe, como um tes para a profunda bacia oceânica. Muitos canhões, entretanto, não estão
importante elemento da geomorfologia, a teoria alternativa da paisagem associados com a foz dos rios atuais e alguns nem sequer se encontram
precisa ser reconsiderada. junto aos continentes, mas ocorrem ao redor das ilhas. O grande Canhão
das Baamas, nas Baamas, parece que é o canhão mais profundo do
As Peloplanícies Elevadas mundo, (com uma profundidade de 4.267 metros, uma largura de 74 km e
De acordo com as teorias evolucionistas para a origem das paisa- 232 km de comprimento), tendo mais de duas vezes o tamanho do Grand
gens, as planícies elevadas teriam sido rapidamente entalhadas pela Canyon!
erosão e teriam sofrido um vem desenvolvido sistema de drenagem, em Ainda mais espantosos são os vales no fundo do mar, encontramos
apenas alguns poucos milhões de anos. As superfícies elevadas, de baixo no solo de todos os principais oceanos. Podem ser encontrados ao longo
relevo portanto, seriam evidências de um estágio “jovem” da evolução da de milhares de quilômetros, no solo submarino e sabe-se que contêm
planície, enquanto que as superfícies baixas, de baixo relevo ( as “pene- sedimentos tão rústicos como pedregulhos, que caminham a distâncias
planícies”) indicariam o estágio de “velhice”. C.R. Twidale um geógrafo- inimagináveis de pressupostas fontes continentais.
físico da Austrália, argumenta que os remanescentes de antigas paleosu- A origem dos canhões submarinos e vales submarinos, há muito que
perfícies de baixo relevo (que ela chama de “paleoplanícies”), constituem perturbam os geólogos marítimos. Que processo ou processos poderiam
parte importante de muitas paisagens contemporâneas, em diversas desgastar tais canhões e vales tão abaixo do nível do mar? F.P. Shepard,
partes do mundo. Algumas dessas paleoplanícies elevadas são colocadas que tem estudado os canhões submarinos e os vales há mais de 50 anos,
em era “jurássicas”, ou até mesmo “triássica” (aproximadamente 200 pode fazer poucas declarações definidas acerca de sua origem. Seu livro
milhões de anos nos cálculos uniformitário-evolucionistas do tempo). deixa a origem dos canhões e vales submarinos, como um grande mistério
Exemplos de paleoplanícies elevadas incluem a enorme Superfície sem solução. Correntes túrbidas, episódicas, fluxo de gravidade aquática
Gondwana do sul da África, (uma grande parte da qual fol colocada na era modo de transporte de sedimentos, e possivelmente a erosão de alguns
"cretácea") e diversas paleoplanícies da Austrália central e ocidental, canhões, mas esses fenômenos deveriam acontecer em uma escala
(algumas das quais foram colocadas na era "triássica"). L.C. King crê que extremamente catastrófica, para explicar os cascalhos nos vales submari-

Geografia 33
APOSTILAS OPÇÃO
nos tão longe dos continentes. Os dados indicam, que muitos canhões 15°C). Índice pluviométrico: situa-se entre 1.500 mm e 2.000 mm anuais.
submarinos e vales no fundo muito tempo, não evoluindo numa base Umidade relativa: a média anual está entre 80% (inverno) e 90% (verão).
diária. Polar – Região: Áreas do extremo norte do Canadá e Federação Rus-
sa, pequena parte da Península Escandinava, Alasca e Antártica
Unidades fito climáticas da terra Características: no verão a média é de 4°C e, no inverno, permanece
Clima é o conjunto das diversas condições meteorológicas de uma em torno de -30°C. Índice pluviométrico: 100 mm de neve acumulada
região que, registradas ao longo de pelo menos dez anos, lhe conferem anualmente. Umidade relativa: a média anual está entre 70% (inverno) e
certo tipo de estado atmosférico. O estudo do clima ajuda a entender 80% (verão).
como o mundo se organiza, já que a situação climática de uma região Tropical – Região: Área entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio
determina os tipos de ocupação, habitação, alimentação, atividade eco- Características: clima quente. Temperatura: a média anual é superior
nômica e várias outras características dos povos que a habitam. a 20°C. Índice pluviométrico: as médias anuais de chuvas variam entre
Na definição de clima se consideram temperatura, pressão, umidade, 1.000 mm e 2.000 mm. Quanto mais distante do oceano, menor a quanti-
regime de ventos e correntes marítimas. Também há influência do relevo, dade de chuvas, que são intensas no verão. Umidade relativa: a média
da vegetação, de fenômenos naturais e do homem. Por essa complexida- anual varia de 70% (interior dos continentes) até 90% (litoral).
de, não existe uma única forma de classificar o clima. Uma das classifica- Tropical Árido – Região: Saara, Arábia, centro da Austrália, norte do
ções mais usadas é a de Gaussen e Bagnouls, que adota como critérios a México e Arizona, nos Estados Unidos Ásia Central (Cazaquistão, Uzbe-
distribuição dos climas de acordo com a faixa latitudinal (tropical, tempe- quistão), planalto entre as Montanhas Rochosas e as cadeias costeiras do
rada e fria) e a análise da temperatura, da quantidade de precipitação e da oeste dos EUA e Patagônia, na Argentina.
vegetação dessas faixas. Segundo ela, o clima é dividido em cinco gran- Características: a amplitude térmica diária é de mais de 20°C. Índice
des grupos: quente, temperado, frio, seco e montanhoso. pluviométrico: inferior a 250 mm e irregular ao longo do ano. Umidade
A partir da urbanização, o homem tem provocado alterações no clima relativa: média anual de 40%. Continental Árido Temperatura: contraste
do mundo por meio do desmatamento e da emissão de gases, que contri- térmico entre o verão (média de 17°C) e o inverno (média de -20°C).
buem para o efeito estufa, entre outras atividades. A principal mudança Índice pluviométrico: abaixo de 250 mm ao ano. Umidade relativa: a média
observada é o ligeiro aquecimento da Terra. Em 1996, o Painel Intergo- anual está entre 30% (inverno) e 70% (verão).
vernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), organismo da ONU,
divulga que a temperatura do ar aumentou entre 0,3ºC e 0,6ºC nos últimos B - OS ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO DESENVOLVIMENTO E
cem anos. Com o aquecimento, as temperaturas altas tendem a ser mais DO SUBDESENVOLVIMENTO.
frequentes e as baixas, menos constantes, levando a mudanças no regime Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões
normal de seca e chuva em algumas regiões. O IPCC relaciona o aumento naturais - pela força das coisas - mas por razões históricas - pela força
da temperatura do ar com a elevação do nível do mar – de 10 cm a 25 cm das circunstâncias. Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmen-
neste século – decorrente do aquecimento das águas e do derretimento te o colonialismo político e econômico que manteve estas regiões à mar-
das geleiras. gem do processo da economia mundial em rápida evolução.
Na verdade, o subdesenvolvimento não é a ausência de desenvolvi-
TIPOS DE CLIMA mento, mas o produto de um tipo universal de desenvolvimento mal con-
Continental – Região: Áreas interiores da América do Norte, Europa e duzido. É a concentração abusiva de riqueza - sobretudo neste período
Ásia histórico dominado pelo neocolonialismo capitalista que foi o fator deter-
Características: o inverno é muito rigoroso e o verão curto, porém minante do subdesenvolvimento de uma grande parte do mundo: as
muito quente. Temperatura: médias de 5°C no inverno e 24°C no verão. regiões dominadas sob a forma de colônias políticas diretas ou de colô-
Índice pluviométrico: situa-se entre 500 mm e 1.000 mm anuais. Umidade nias econômicas.
relativa: a média anual está entre 60% e 80%. O subdesenvolvimento é o produto da má utilização dos recursos na-
Continental Frio – Região: Norte do Canadá e vastas áreas da Sibéria turais e humanos realizada de forma a não conduzir à expansão econômi-
(Federação Russa) ca e a impedir as mudanças sociais indispensáveis ao processo da inte-
Características: inverno rigoroso e verão brando. Temperatura: pode gração dos grupos humanos subdesenvolvidos dentro de um sistema
chegar a -15°C no inverno e, no verão, não passa de 10°C. Índice pluvio- econômico integrado. Só através de uma estratégia global do desenvolvi-
métrico: precipitações inferiores a 300 mm anuais. mento, capaz de mobilizar todos os fatores de produção no interesse da
Umidade relativa: a média anual está entre 60% e 90%.
coletividade, poderão ser eliminados o subdesenvolvimento e a fome da
Equatorial – Região: Equador e áreas de baixa latitude
superfície da terra.
Características: clima quente e úmido o ano inteiro. Temperatura: a
média anual é de 25°C. O maior de todos esses erros foi considerar o processo do desenvol-
Índice pluviométrico: acima de 2.000 mm anuais. A chuva é abundan- vimento em toda parte como semelhante ao desenvolvimento dos países
te. Umidade relativa: média anual de 90%. ricos do Ocidente. Uma espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do
Mediterrâneo ou Subtropical – Região: Litoral sul-Pacífico dos Esta- desenvolvimento a assentar as suas ideias e estabelecer os seus siste-
dos Unidos, Golfo do México, sudeste da Austrália, sudeste da China, sul mas de pensamento em concepções de economia clássica que ignoravam
da Europa, norte da África e região de Buenos Aires, na Argentina quase totalmente a realidade socioeconômica das regiões de economia
Características: verões quentes e invernos moderado. Temperatura: ocidental capitalista, uma economia socialista em elaboração acelerada e
as máximas no verão podem chegar a 30°C, enquanto no inverno as uma rede de abastecimento e de venda no resto do mundo. Não se ocu-
mínimas atingem 0°C. Índice pluviométrico: a média situa-se entre 500 pavam, pois, das estruturas econômicas desse resto do mundo, abando-
mm e 1.000 mm anuais. As chuvas são pouco intensas. nado quer aos sociólogos, quer, antes, aos folcloristas.
Umidade relativa: média anual é de 80%. Esta tremenda desigualdade social entre os povos divide economica-
Montanhoso – Região: Áreas elevadas dos Andes, na América do Sul, mente o mundo em dois mundos diferentes: o mundos dos ricos e o
Montanhas Rochosas, na América do Norte, Alpes, na Europa, e Himalaia mundo dos pobres, o mundo dos países bem desenvolvidos e industriali-
Características: é baixa, com uma queda de 6°C a cada 1.000 m de zados e o mundo dos países proletários e subdesenvolvidos. Este fosso
altitude. A neve é constante, acima de 2.000 m. Índice pluviométrico:nas econômico divide hoje a humanidade em dois grupos que se entendem
regiões tropicais atinge 2.000 mm anuais e as precipitações aumentam até com dificuldade: o grupo dos que não comem, constituído por dois terços
1.500 m de altitude. Nas latitudes médias as chuvas sempre aumentam da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o
com a altitude. Umidade relativa: média de 90% (barlavento) e de até 30% grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que
(sotavento). não dormem, com receio da revolta dos que não comem.
Oceânico – Região: Noroeste da Europa, litoral noroeste da América Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões soci-
do Norte e litoral sudoeste do Chile ais reinantes é o desequilíbrio econômico do mundo, com as resultantes
Características: as estações do ano são bem-definidas. Temperatura: desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz o
os invernos são frios (média de -3°C) e os verões, moderados (média de profundo desnível econômico que existe entre os países economicamente

Geografia 34
APOSTILAS OPÇÃO
bem desenvolvidos de um lado, e de outro lado os países insuficientemen- C - CARACTERÍSTICAS HUMANAS E ECONÔMICAS DOS PAÍSES
te desenvolvidos. Desnível que se vem acentuando cada vez mais, inten- CAPITALISTAS E SOCIALISTAS DESENVOLVIDOS.
sificando as dissensões sociais e gerando a inquietação, intranquilidade e Países capitalistas
os conflitos políticos e ideológicos.
O surgimento do capitalismo comercial, no início da Idade Moderna
Ora, o problema do subdesenvolvimento não é exclusivo destes paí-
(entre os séculos XV e XVIII), está fundamentado tanto no progresso
ses; é antes um problema universal, que só pode ter soluções igualmente
econômico dos séculos XVI - XIII quanto na crise dos séculos XIV - XV. O
em escala universal. Viver na opulência, num mundo em que 2/3 estão
primeiro fator contribuiu para a formação da burguesia, o desenvolvimento
mergulhados na miséria, não é apenas perigoso, é um crime. A tensão
da vida urbana, o incremento da produtividade agrícola e artesanal, a
social na qual se vive hoje é, na maior parte das vezes, o produto desta
intensificação do comércio e o despontar de um sistema financeiro. O
conhecida injustiça social, uma vez que os povos dominados tomaram
segundo fator desorganizou de tal maneira a sociedade europeia, que
consciência da realidade socioeconômica do mundo, nesta fase da história
tornou necessária a intervenção do Estado, recém-nascido, para superar
da humanidade que vivemos, fase de transformações explosivas, caracte-
as dificuldades.
rizadas essencialmente por explosões diversas: a explosão psicológica
dos povos explorados, não menos perigosa do que a explosão atômica Num sentido genérico, o capitalismo pode ser definido como um sis-
com a qual se abriu uma nova era no nosso planeta: a era atômica. tema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção
É urgente restabelecer o equilíbrio econômico do mundo aterrando o (terras, máquinas, mercadorias, moeda etc.), os quais são utilizados de
largo fosso que separa os países bem desenvolvidos dos países subde- maneira a se reproduzirem continuamente (lucro). Os indivíduos desprovi-
senvolvidos, sem o que é bem difícil que se consiga a verdadeira paz e a dos de capital integram-se no sistema colocando à venda o único bem que
tranquilidade entre os homens. Nenhuma tarefa internacional se apresenta possuem - sua força de trabalho, vista como uma mercadoria e, portanto,
mais árdua, mas ao mesmo tempo mais promissora para o futuro do tendo valor variável, conforme a sua oferta e procura.
mundo, do que a do desenvolvimento econômico destas áreas mais A expansão ultramarina - A expansão ultramarina europeia represen-
atrasadas, onde os recursos naturais e os potenciais geográficos se tou uma forma de superar a depressão econômicas dos séculos XIV – XV,
conservam relativamente inexplorados. através, fundamentalmente, da busca de trigo e ouro. As técnicas de
A paz depende mais do que nunca do equilíbrio econômica do mundo. navegação estavam sendo aperfeiçoadas, tornando mais simples a ex-
A segurança social do homem é mais importante do que a segurança pansão.
nacional baseada nas armas. O desenvolvimento comercial - As grandes transformações comerciais
Igualmente falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamen- deram-se no plano internacional, com os europeus inaugurando e coorde-
te à base da expansão da riqueza material, do crescimento econômico. O nando um circuito mercantil pela primeira vez verdadeiramente mundial. A
desenvolvimento implica mudanças sociais sucessivas e profundas, que Índia foi, por muito tempo, a zona mais importante desse circuito, graças
acompanham inevitavelmente as transformações tecnológicas do contorno às especiarias ali produzidas.
natural. O conceito de desenvolvimento não é meramente quantitativo, O desenvolvimento artesanal - A evolução da indústria ocorreu quan-
mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que do, devido ao crescimento populacional e à formação de impérios coloni-
concerne. Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é; em linhas ais, o setor produtivo foi pressionado para intensificar suas atividades.
gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil. Consequentemente, a indústria artesanal precisou expandir-se, adotando
Cada vez se pergunta com mais insistência se desenvolver-se signifi- a organização que vinha da Idade Média (as corporações de ofício) e
ca desumanizar-se, nesta frenética busca de riqueza, de acordo com a desenvolvendo outra - o sistema doméstico.
fórmula preconizada pelo Ocidente de maximizar os lucros em vez de O sistema corporativo generalizou-se na Idade Moderna por ser facil-
maximizar as energias mentais que enriquecem com mais rapidez a vida mente controlado pelo Estado, que procurava supervisionar todas as
dos homens e podem dar-lhes muito mais felicidade. atividades econômicas. Cada corporação de ofício era rigidamente dirigida
O problema do desenvolvimento do Terceiro Mundo, e mesmo o do por um conjunto de regulamentos que estabelecia em detalhes as maté-
mundo inteiro que ainda se apresenta subdesenvolvido sob certos aspec- rias-primas a serem utilizadas, as técnicas produtivas, as quantidades e o
tos, é antes de tudo um problema de formação de homens. Se a revolução preço de venda da mercadoria. Comuns em toda a Europa, as corpora-
industrial dominou o século XIX, é a revolução cultural que deve dominar o ções sobreviveram até a industrialização do século XIX.
século XX, isto é, a criação de uma cultura capaz de encontrar verdadei-
Os comerciantes que desejavam escapar das regulamentações cor-
ras soluções para os grandes problemas da humanidade.
porativas elaboraram o sistema doméstico, organização em que o artesão
O subdesenvolvimento é uma forma de subeducação. De subeduca- trabalhava em sua própria casa, com o auxílio de pessoas da família. O
ção, não apenas do Terceiro Mundo, mas do mundo inteiro. Para acabar comerciante fornecia ao trabalhador a matéria-prima, pagando-lhe uma
com ele, é preciso educar bem e formar o espírito dos homens, que foi certa quantia por unidade produzida. Era ele o dono da mercadoria, po-
deformado por toda parte. Só um novo tipo de homens capazes de ousar dendo vendê-la da forma que mais lhe interessasse. Desta maneira, os
pensar, ousar refletir e de ousar passar à ação poderá realizar uma verda- mercadores não só atuavam na área comercial, mas também na produti-
deira economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrado. va.
As contradições do desenvolvimento são múltiplas. Desenvolvimento
O Mercantilismo - Como já mencionamos, a intervenção do Estado
significa ao mesmo tempo mutação e disciplina. Mas a disciplina impede
era a fórmula mais rápida e eficaz para se superar a crise de fins da Idade
muitas vezes a mutação. É o conservantismo das sociedades que alcan-
Média. Enquanto no plano político esse fortalecimento do Estado levou ao
çaram um auto grau de desenvolvimento, que se tomam como modelo
Absolutismo, no econômico gerou o Mercantilismo. Trata-se de uma
ideal de sociedade e passam a combater o desejo da transformação.
política de intervenção econômica praticada pelo Estado Moderno, em
Encarar aspectos isolados do problema na luta contra o subdesenvol- especial na sua forma Absolutista, como instrumento de unificação, de
vimento parece-nos algo ultrapassado, pois sabemos que as fórmulas superação das crises e de engrandecimento nacional.
tradicionais, as medidas isoladas e as concessões limitadas não bastam.
A gravidade do problema requer urgentemente a adoção de uma estraté- O Metalismo - A primeira característica do mercantilismo era o meta-
gia global do desenvolvimento, comportamento e medidas convergentes lismo, ou seja, a concepção de que a prosperidade de cada país estaria
por parte dos países desenvolvidos, assim como dos países em vias de na razão direta da quantidade metais preciosos que possuísse.
desenvolvimento. A Balança Comercial Favorável - Os países que não tivessem suas
Só há um tipo de verdadeiro desenvolvimento: o desenvolvimento do próprias fontes de metais preciosos deveriam obtê-los de outras nações,
homem. O homem, fator de desenvolvimento, o homem beneficiário do através da venda de mercadorias que seriam pagas em metal. Portanto, o
desenvolvimento. É o cérebro do homem a fábrica de desenvolvimento. É fundamental era exportar mais do que importar, de forma que houvesse
a vida do homem que deve desabrochar pela utilização dos produtos saldo positivo na balança comercial.
postos à sua disposição pelo desenvolvimento. O Protecionismo - Dificultar as importações de mercadorias estrangei-
ras era um meio para se obter um saldo favorável na balança comercial.
Assim, adotava-se uma política econômica protecionista, cobrando-se
Geografia 35
APOSTILAS OPÇÃO
altos impostos alfandegários sobre os produtos importados, em especial População urbana em alguns países subdesenvolvidos industria-
aqueles que tivessem similares nacionais. As matérias-primas, contudo, lizados (1989)
escapavam a essa norma, pois eram transformadas em produtos manufa-
turados a serem exportados. País Percentual
O protecionismo mercantilista não só procurava barrar a entrada de Cingapura 100
produtos estrangeiros, mas também impedir a saída de mercadorias
nacionais que pudessem fortalecer e enriquecer outros países, como Argentina 86
certas matérias-primas, ferramentas, navios e armas. Pela mesma razão,
tentava-se proibir que pessoas possuidoras de determinados conhecimen- Brasil 76
tos técnicos saíssem de seu país.
Antes da Primeira Guerra, cinco grandes potências influenciavam os México 72
rumos das demais nações do mundo: Reino Unido, França, Alemanha,
Coreia do Sul 70
Império Austro-Húngaro e Rússia. Estados Unidos e Japão eram, então,
potências emergentes. Esse quadro de forças internacionais, dominado Formosa 67
pela Europa, foi totalmente dissolvido após as duas grandes guerras
mundiais. Em 1945, com a Europa arrasada pela guerra, o panorama
internacional apresentava apenas duas grandes superpotências: Estados • Subdesenvolvidos não-industrializados. Em virtude do predo-
Unidos e União Soviética, representando respectivamente, os blocos mínio das atividades primárias, a maior parte desses países apresenta
capitalista e socialista. baixos índices de urbanização,
Nas conferências de Ialta e Potsdam em 1945, foram estabelecidas
áreas de influência soviéticas e norte-americanas. Os países do Leste Países socialistas
europeu (Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslá- Os países socialistas são relativamente pouco urbanizados. A razão
via e Albânia) ficaram na esfera soviética com o estabelecimento de fundamental está na planificação estatal da economia, que tem permitido
regimes de governo comunistas. Também foi decidida a divisão de Berlim, ao estado controlar e direcionar os recursos (investimentos), podendo
a capital alemã, em quatro zonas de ocupação militar: Estados Unidos, assim exercer maior influência na distribuição geográfica da população.
Reino Unido, França e União Soviética. Os índices de população urbana dos países socialistas desenvolvidos são
Para estabelecer uma zona de influência norte-americana (e capitalis- semelhantes aos do subdesenvolvidos industrializados.
ta) na Europa ocidental, os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall em No século XIX, com a expansão industrial nos países da Europa, a
1947, que injetou bilhões de dólares na região e impulsionou sua recons- classe operária se fortaleceu, passando a lutar contra os baixos salários, o
trução. Também nesse ano, foi assinado o Acordo Geral de Tarifas e desemprego, as longas jornadas de trabalho e a exploração do trabalho
Comércio (Gatt) para promover e regular o comércio entre as nações. Em feminino e do menor, principalmente nas fábricas de tecidos.
contrapartida, a União Soviética criou, em 1949, o Conselho para Assis- As precárias condições de vida dos operários suscitaram também o
tência Econômica Mútua (Comecon). surgimento dos ideais socialistas, voltados para a criação de uma socie-
dade coletivista sem exploradores e explorados.
Países capitalistas desenvolvidos. A maior parte desses países já
Os primeiros pensadores a colocar essa questão foram os chamados
atingiu índices bastante elevados e, praticamente, máximos de urbaniza-
socialistas utópicos: Charles Fourier, Saint-Simon e Robert Owen, entre
ção. A tendência, portanto, é de estabilização em torno de índices entre 80
outros.
e 90%, embora alguns já tenham ultrapassado os 90%.
Com Karl Marx e Friedrich Engels surgiu o socialismo científico. Para
População urbana em alguns países desenvolvidos (1989) eles, o socialismo não seria fruto de planos fantasistas, mas o resultado
da luta política dos trabalhadores contra a ordem capitalista.
Em sua obra O Capital, Marx fez rigorosas análises críticas da eco-
País Percentual nomia capitalista, aponto as contradições que conduziram à sua falência.
Durante a primeira Guerra Mundial, em 1917, foi implantada na Rús-
Bélgica 97,0
sia um regime de inspiração marxista, seguindo-se posteriormente, sua
Reino Unido 92,5 adoção em vários países da Europa e Ásia.

Holanda 88,5 Expansão do Socialismo


A Revolução Russa de 1917 foi a primeira tentativa de criação de um
RFA 86,0 Estado socialista. De 1917 a 1945, a URSS era o único local do mundo
onde tentava-se instalar o socialismo.
Japão 77,0 A incorporação da Europa Oriental ao socialismo não dependeu de
revoluções, como na União Soviética. Tratou-se muito mais de uma impo-
França 74,0 sição o que explica uma resistência ao modelo soviético por parte das
populações daquela área.
EUA 74,0 Os pequenos Partidos Comunistas chegaram ao poder, em governos
de coalizão, graças ao apoio do exército soviético às suas lideranças.
Países capitalistas subdesenvolvidos. Nesse grupo, bastante hete- Mantinham-se pluripartidarismo e, no setor econômico, instalava-se uma
rogêneo, destacamos: economia mista, uma vez que alguns setores foram estatizados enquanto
• Subdesenvolvidos industrializados. A recente e rápida indus- outros continuavam com a iniciativa particular.
trialização gerou acentuado desequilíbrio das condições e da expectativa Apenas depois da doutrina Truman e da criação da OTAN é que este
de vida entre a cidade e o campo, resultando num rapidíssimo processo quadro foi modificado. Às pressões norte-americanas, Stálin respondeu
de urbanização, porém com consequências muito drásticas (subemprego, com a imposição do modelo soviético a toda a Europa Oriental. Implantou-
mendicância, favelas, criminalidade etc.). Isso porque o desenvolvimento se o regime de partido único e a economia foi totalmente estatizada,
dos setores secundário e terciário não acompanhou o ritmo da urbaniza- adotando-se a planificação econômica e a coletivização das terras.
ção, além da total carência de uma firme política de planejamento urbano. A única exceção a este quadro é a Iugoslávia, onde o presidente Tito
Alguns desses países apresentam taxas de urbanização iguais e até discordava da orientação soviética. Desta maneira, a Iugoslávia tornou-se
superiores às de países desenvolvidos, embora, com raras exceções, a socialista sem estar subordinada a Moscou. A experiência iugoslava é
urbanização dos países subdesenvolvidos se apresente em condições interessante, pois baseou-se na autogestão, isto é, os trabalhadores
extremamente precárias (favelas, cortiços etc.). juntamente com burocratas do governo, são responsáveis pela decisões
relativas a produção.

Geografia 36
APOSTILAS OPÇÃO
A União Soviética ingressou na fase do planejamento econômico com Na China, as mudanças econômicas estavam ocorrendo desde os
Stálin no poder. Foi a época dos planos quinquenais inaugurados em anos 70, mas não se faziam acompanhar de modificações políticas, o que
1928. Os planos sucederam e transformaram a União Soviética numa gerou os protestos. Queria-se o fim dos privilégios e mais democracia.
potência industrial. É preciso lembra que Stálin utilizou a violência numa
escala enorme, principalmente nas coletivizações forçadas da terra. O colapso do "Socialismo Real"
Milhões de pessoas foram perseguidas presas e mortas. Sob o governo O processo de mudanças deflagrado por Gorbatchev provocou algu-
de Stálin, a revolução, que fora feita para acabar com a desigualdade e a mas consequências:
injustiça, foi o contrário disso tudo. Stálin perseguiu implacavelmente • a tendência desintegradora da URSS, uma vez que a enorme
todos os seus opositores, a começar por Trótski. Este, banido da União diversidade étnica e cultural dos povos que compunham o im-
Soviética, foi assassinado no México, em 1940, a mando de Stálin. pério soviético começou a manifestar-se com ímpetos separa-
tistas;
Desestalinização • o golpe contra Gorbatchev em agosto de 1991, foi apresentado
e justificado pelos golpistas (a já comentada linha dura do par-
A morte de Stálin ocorreu em 1953. Os novos dirigentes da URSS,
tido) como resultado do afastamento de Gorbatchev devido a
especialmente o primeiro ministro Kruschev, iniciaram o processo de
uma misteriosa doença que este teria contraído. A resistência
liberalização do regime, tomando algumas medidas importantes como:
popular foi intensa e o presidente da Rússia Boris Yeltsin capi-
• controle, pelo partido, das forças policiais; talizou a seu favor a frustrada tentativa golpista.
• denúncia dos crimes cometidos por Stálin;
• a direção deveria ser colegiada; As consequências do frustrado golpe se manifestaram de imediato:
• a revisão do processo da época stalinista; • crescente perda de poder por parte de Gorbatchev;
• dissolução do PCUS;
• anistia e a libertação de presos políticos;
• renúncia do próprio Gorbatchev ao cargo de secretário geral do
• busca de coexistência pacífica com os Estados Unidos. PCUS, já extinto e colocado na ilegalidade;
Verifica-se também que intelectuais, estudantes e operários questio- • fortalecimento da posição de Boris Yeltsin.
nam o regime e procuram avançar mais ainda, pressionando no sentido de A 08 de dezembro de 1991 a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia assi-
se aplicarem as reformas. Em alguns países da Europa Oriental a situação naram o acordo de Minsk, proclamando a formação da Unidade dos
tornou-se crítica, caminhando para uma contestação severa ao regime e Estados Independes - CEI. Esta proclamação, na prática, significava o fim
provocando violenta repressão por parte da URSS. da URSS.
Ao longo de 1922 e 1993 o que se assistiu foi a difícil travessia de
A Crise uma economia de mercado que, se por um lado deu origem a um grupo de
novos ricos, por outro empobreceu terrivelmente a maior parte da popula-
MiKhail Gorbachev era o novo dirigente da URSS, empossado em
ção das repúblicas.
1985 e que trazia um discurso diferente dos líderes anteriores. As palavras
Os reflexos da implosão da União Soviética rapidamente, se fizeram
Perestróika e Glasnost ficaram associadas ao novo líder.
sentir no Leste europeu. A Polônia destacou-se como o país em que a
Perestroika, ou reestruturação, é um nome pelo qual ficaram conheci- crítica foi mais longe. Não por acaso, a classe trabalhadora polonesa foi
das as reformas econômicas. Glasnost significa "grito livre" e passou a pioneira com o confronto com a burocracia, criando a sua própria estrutura
designar a abertura política. de poder. O Solidariedade, que ganhou a confiança do povo com Lech
As razões para essas mudanças econômicas e políticas estavam sem Walesa à frente.
dúvidas na estagnação econômica observada na URSS. O desenvolvi- Outra questão importante quando se examina o desmoronamento dos
mento, ao longo desse século, de uma estrutura econômica dominada por regimes comunistas do Leste europeu é o da reunificação alemã. Se por
uma Burocracia atingia níveis insuportáveis para a sociedade. um lado a reunificação fortaleceu ainda mais o poderio econômico da
Uma ala do Partido Comunista, percebendo que a continuidade do re- Alemanha, por outro, fez ressurgir uma perigosa onda nacionalista que se
gime estava ameaçada pela a insatisfação social, elaborou então o projeto traduz em perseguição a imigrantes, anti-semitismo e racismo.
de mudanças que Gorbachev procurou implementar. A Iugoslávia, localizada na região balcânica, surgiu como Estado so-
No entanto, a resistência às reformas foram muito grandes, pois mui- berano após a primeira Guerra Mundial. Era formada por seis repúblicas:
tos setores não queriam perder seus privilégios. Sérvia, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedô-
nia, além de duas regiões autônomas. Acrescente-se a esta pluralidade
O resultado mais concreto dessa luta entre os reformadores e os con-
étnica e cultural, a existência de quatro línguas diferentes, três religiões e
servadores pode ser visto em agosto de 1991, com a tentativa de golpe
dois alfabetos. Com a morte de Tito e a queda do regime comunista os
para tirar Gorbachev do poder. O fracasso do golpe não impediu que
anseios separatista puderam se manifestar. Em junho de 1991, a Croácia
várias repúblicas iniciassem o processo separatista. Várias tiveram sua
e a Eslovênia declararam-se independentes. As tropas iugoslavas, contro-
independência reconhecida. O governo tentou desesperadamente, impedir
ladas pela Sérvia, iniciam uma guerra contra as duas repúblicas.
a fragmentação da URSS.
A guerra civil tornou-se inevitável. Os países da antiga Iugoslávia
As reformas implantadas por Gorbachev tiveram ressonância no Leste mergulharam num conflito bárbaro, com milhares de mortos e muita des-
europeu. O fato marcante é, sem dúvida a unificação da Alemanha. A truição.
parte da oriental, que fazia parte do bloco soviético, hoje já está incorpo- Em março de 1992, também a Bósnia-Herzegovina e a Macedônia
rada a parte ocidental. Não está sendo muito fácil converter o lado socia- declararam-se independentes. É importante considerar que a população
lista ao capitalismo, devido às diferenças de estruturas econômicas que da Bósnia é composta por muçulmanos, croatas e sérvios. Nesta caso as
existiam. diferenças estão presentes também no plano religioso. Os bósnios são em
Na Hungria e na Polônia, as reformas caminham com mais rapidez. sua maioria muçulmanos, os croatas, católicos e os sérvios, cristãos
Já existe o pluripartidarismo, empresas estrangeiras estão podendo se ortodoxos.
instalar. Enquanto a comunidade internacional manifestava sua perplexidade
Na Romênia, o ditador Ceausescu foi derrubado pela população; na ante os acontecimentos, a ferocidade da guerra civil continuava e o núme-
Tchecoslovaquia elegeu-se um novo governo. A Albânia, que é mais ro de mortos e feridos ultrapassava cem mil. Somente Sarajevo, capital da
resistente às mudanças já começa a demonstrar que não é mais possível Bósnia, calcula-se que 10% dos 380 mil habitantes, em sua maioria mu-
continuar como estava: as mudanças, ainda que lentas, já começaram a çulmanos, foram mortos ou feridos, ao mesmo tempo que planos de paz
ser implementadas. fracassavam.
Os países socialistas da Ásia também experimentam uma crise seme- O mundo socialista passou por grandes transformações nos anos 80.
lhante à dos europeus. Gorbatchev empreendeu uma modernização culminando na própria extin-
ção da URSS e o nascimento da CEI. Por outro lado as condições de vida
da maior parte da população desceu a níveis insustentáveis. O paraíso
Geografia 37
APOSTILAS OPÇÃO
capitalista com base na propriedade privada dos meios de produção eleições livres – todos esses fatos, ausentes por muitas décadas nos
comprovou o seu alto custo. países de formação socialista, tornaram-se comuns na década de 1990.
A concepção de uma sociedade socialista, na qual os interesses soci- As transformações ocorridas nesses países produziram resultados di-
ais prevalecem sobre os interesses individuais e houvesse igualdade entre versos. Alguns antigos países socialistas, com certa homogeneidade
as pessoas, começou a se desenvolver no século XVIII e definiu-se me- étnica e cultural e que, sobretudo, já tinham tradição industrial, asseme-
lhor no século XIX. Concretamente, só no início do século XX foram lham-se agora a países desenvolvidos capitalistas. É o caso da Hungria,
instalados governos socialistas, primeiramente na União Soviética e mais da República Tcheca e da Eslovênia. A maioria deles, contudo, enfrenta
tarde em outros países, em especial no leste da Europa. dificuldades com a instituição do capitalismo, como o surgimento de
O principal objetivo do socialismo é construir uma sociedade com o muitos pobres e miseráveis, ao lado de pessoas que enriqueceram em
mínimo de desigualdades. Para conseguir isso, o socialismo tem como poucos anos. Isso acontece na Rússia, por exemplo. Alguns países mer-
princípio básico a propriedade coletiva dos meios de produção, pelo gulharam em grave crise econômica, social e política, como ocorreu com a
menos dos mais importantes, como as fábricas, os bancos. Além disso, o Albânia, cuja população sofreu um empobrecimento quase generalizado.
sistema não admite que uns se apropriem dos frutos do trabalho dos
outros para fins de enriquecimento. A riqueza, portanto, incluindo suas OS TRÊS MUNDOS
fontes, deve pertencer a toda sociedade. A ampliação do mundo socialista, desde o fim da Segunda Guerra
Como a prática nem sempre corresponde à teoria, o socialismo real, (1945), permitiu uma outra classificação do espaço mundial, baseada em
instituído na União Soviética e no leste europeu, desviou-se do seu objeti- critérios políticos, além de socioeconômicos. Assim, a humanidade foi
vo maior: a construção coletiva de uma sociedade de homens livres e dividida e, três grandes conjuntos de países:
iguais. ¨ Primeiro Mundo – países capitalistas desenvolvidos (Estados Uni-
O governo, intitulando-se representante da sociedade, assumiu o con- dos, França, etc.).
trole de tudo. Não apenas as terras, as fábricas e os bancos, mas até as ¨ Segundo Mundo – países desenvolvidos socialistas (União Soviéti-
pequenas lojas, as oficinas mecânicas, as quitandas, as padarias, as ca, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, etc.).
farmácias, tudo era propriedade do estado. Havendo um único e grande ¨ Terceiro Mundo – países subdesenvolvidos, constituindo um conjun-
patrão, os trabalhadores passaram a ser empregados do governo, rece- to muito heterogêneo (Brasil, Nigéria, Índia, etc.).
bendo salário por seu trabalho. Com as profundas alterações sofridas pelos países socialistas, o Se-
Como senhor absoluto das decisões nacionais, o governo planejava e gundo Mundo desintegrou-se, deixando de existir como tal. Assim, a
dirigia a economia, tendo em vista os interesses e objetivos que ele pró- classificação do espaço mundial em três mundos perdeu a atualidade,
prio estabelecia como sendo de toda sociedade. Agindo assim, estava pois não mais espelha a realidade de hoje.
negando o direito de as pessoas expressarem o que realmente desejavam No entanto, por força da tradição, ainda se usa muito a expressão
para si e para seu país. “Primeiro Mundo”, principalmente para identificar os países mais avança-
Para executar suas numerosas funções, o Estado foi aos poucos cri- dos do ponto de vista do desenvolvimento econômico e tecnológico e da
ando um imenso quadro de funcionários, nem sempre necessários ao bom organização da vida social e política. Também permanece em uso a
desempenho das atividades governamentais. Surgiu assim uma enorme expressão “Terceiro Mundo”, que serve para designar o conjunto de
burocracia, responsável pelo consumo de boa parte dos recursos nacio- países marcados pela subordinação externa (econômica, tecnológica e
nais. Esses recursos seriam mais bem aproveitados se fossem destinados política) e por desigualdades sociais internas.
a obras e serviços em benefício da população. Além disso, os dirigentes
dos órgãos do governo obtiveram vantagens que a maioria da população A OPOSIÇÃO NORTE-SUL
não possuía, como altos salários, residências confortáveis, automóveis, Com a desintegração do Segundo Mundo, a grande divisão do espaço
etc. Desse modo, constituíram um segmento social que se assemelhava à mundial no final do século XX e início do novo milênio é entre países ricos
classe alta dos países capitalistas. e países pobres; as desigualdades entre esses grupos, aliás, acentuaram-
Apesar dos desvios sofridos pelo socialismo, a União Soviética e os se nos anos 80 e 90.
países do leste da Europa passaram a apresentar indicadores econômicos Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, os países ricos, de-
típicos dos países desenvolvidos. E isso graças sobretudo à planificação senvolvidos em graus variados, localizam-se no hemisfério norte. No Sul
econômica introduzida pelo novo sistema. O plano regulava o que, onde, ficam os países pobres, todos subdesenvolvidos. Por isso, os países ricos
como e quando produzir, bem como a forma de distribuir a produção. O são chamados de “países do norte”, enquanto os países pobres são
governo aplicava os lucros da produção em obras para desenvolver a conhecidos como “países do sul”.
economia, corrigir as diferenças regionais e prestar serviços, como assis- Devido ao baixo nível de vida da população, China, Mongólia e Coreia
tência médica e educação, que eram gratuitas. do Norte estão incluídas entre os países do Sul, embora não possuam as
Foi assim que tais países tiveram um grande crescimento econômico, características do subdesenvolvimento.
um considerável avanço da ciência e da tecnologia, uma melhoria subs-
tancial dos transportes e das comunicações. D - DIVERSIDADE POLÍTICA, HUMANA E ECONÔMICA DOS PAÍ-
SES DO TERCEIRO MUNDO.
TEMPO DE REFORMAS A expressão Terceiro Mundo surgiu em 1952. Ela Foi usada pela pri-
No caso da União Soviética, a falta de liberdade e o exagerado poder meira vez pelo demógrafo economista francês Alfred Sauvy para se referir
do governo criaram problemas sérios, que foram se agravando com o aos países pobres do mundo.
tempo. A situação econômica dos países socialistas tornou-se muito difícil. Essa expressão foi criada por Sauvy por comparação com o Terceiro
Faltavam produtos, obrigando as pessoas a enfrentar horas de fila para Estado da França, na época da Revolução Francesa,em 1789.
comprar coisas simples, como papel higiênico ou pão. Além de escassos, Nessa época o regime político da França era a monarquia não absolu-
os produtos eram de má qualidade, antiquados, e os equipamentos funci- tista. Quando a Revolução Francesa substituiu esse regime pela Repúbli-
onavam mal. Havia muita corrupção e muitos privilégios entre altos funcio- ca, as pessoas começaram a se referir à monarquia como o Velho Regi-
nários. me.
Tais problemas causaram grande insatisfação no povo, que passou a Durante o Velho Regime, o clero e a nobreza tinham grande poder po-
reivindicar mudanças profundas. Como consequência das pressões, lítico e econômico.
numerosas e significativas transformações ocorreram nos países de
economia planificada. Uma das mais expressivas foi a extinção da própria Essas duas classes sociais receberam respectivamente o nome de
União Soviética, em 1991. Primeiro Estado e de Segundo Estado. Os trabalhadores, que na sua
As transformações iniciaram-se por volta de 1986, na União Soviética, maioria eram camponeses, e os burgueses, que não tinham poder político,
e atingiram grande intensidade a partir de 1989, tanto no campo econômi- receberam a denominação de Terceiro Estado.
co quanto no social e no político. Propriedade particular, liberdade de Como o tempo, os trabalhadores do campo foram passando em nú-
produção, greves por melhores salários, instalação de empresas multina- mero cada vez maior para o sistema de trabalho assalariado. A burguesia,
cionais, organização de sindicatos, liberdade de imprensa e religião, por sua vez, estava em ascensão naquele momento. Assim, trabalhadores

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APOSTILAS OPÇÃO
e burgueses combatiam o Velho Regime, propondo um "novo", em que esses países ainda constituem um grupo à parte, pois nem são
pudessem ter maior participação nas decisões políticas. E foi isso que a desenvolvidos nem nações tipicamente subdesenvolvidas;
Revolução Francesa fez: pôs fim à monarquia absolutista e aos privilégios • Terceiro Mundo, ou países subdesenvolvidos: países da Amé-
do clero e da nobreza e deu origem a um regime baseado no voto e nas rica Latina, da África e da Ásia, em geral.
eleições. Essa divisão dos países em três "mundos" é resultado de um proces-
Por isso, quando Sauvy compara o Terceiro Mundo com o Terceiro so histórico, iniciado com o desenvolvimento e a expansão do capitalismo
Estado, ele sugere que os países subdesenvolvidos desempenhem um – sistema socioeconômico que nasceu na Europa Ocidental e se difundiu
papel revolucionário semelhante ao que o Terceiro Estado desempenhou por todo o planeta, criando um mundo unificado. O capitalismo trouxe
em 1789. Sauvy quis chamar a atenção para as contradições existentes grande progresso material para a humanidade – desenvolveu a tecnologia
entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. moderna, construindo pontes, edifícios, trens, aviões -, mas também gerou
Alguns estudiosos criaram também a expressão nações proletárias enormes desigualdades entre pessoas e entre países.
para designar o Terceiro Mundo ou o conjunto de países subdesenvolvi- Para corrigir essas desigualdades, foram propostas novas formas de
dos. Com isso queriam sugerir que essas nações desempenhavam o organização da sociedade, especialmente da economia. Nesse sentido, os
papel do proletariado (trabalhadores assalariados) em conflito com os países denominados socialistas procuram planejar as atividades econômi-
patrões, representados pelos países desenvolvidos. cas de maneira que não ocorram diferenças sociais tão grandes entre as
pessoas. Eles surgiram, portanto, como uma tentativa de superar as
Já se passaram quase quarenta anos desde que a expressão Tercei-
contradições do capitalismo.
ro Mundo foi criada. Durante esse tempo ela se popularizou e está sendo
cada vez mais utilizada. Mas seu significado foi aos poucos se tornando
diferente daquele dado por seu criador, originando controvérsias e inter- O que é a economia capitalista?
pretações variadas. A economia capitalista se baseia no mercado.
O que significa isso?
Significa que é a oferta (produção) e a procura (consumo) de merca-
O que significa, hoje, a expressão Terceiro Mundo?
dorias que levam as empresas a tomarem as decisões econômicas.
Desde o início, a comparação do Terceiro Mundo com o Terceiro Es- Numa economia de mercado predominam as empresas particulares.
tado foi criticada pelos estudiosos, pois estes duvidavam que o Terceiro Cada empresa, baseada nas tendências do mercado, planeja o que vai
Mundo fosse uma força revolucionária. produzir tendo em vista a obtenção de lucros. Assim, se houver muita
Essa dúvida surgiu porque eles perceberam que nos países do Ter- procura de eletrodomésticos, por exemplo, será interessante aplicar
ceiro Mundo existem minorias privilegiadas que não querem que ocorram dinheiro na produção desses aparelhos. Por outro lado, se o mercado
grandes mudanças na sociedade. Essas minorias são, portanto, cúmplices estiver saturado desses produtos, ou seja, se poucas pessoas estiverem
da situação de pobreza e dependência desses países. Assim, por exem- comprando eletrodomésticos, não será interessante investir nesse ramo.
plo, não tem sentido opor os Estados Unidos à América Latina, como se Essa é a chamada "lei da oferta e da procura", básica no capitalismo. Por
fossem patrões versus empregados, esquecendo que também nos países isso, dizemos que o capitalismo é uma economia de mercado.
latino-americanos as classes dominantes se beneficiam dos baixos salá- Nesse tipo de economia prevalecem duas classes essenciais:
rios que aí são pagos aos trabalhadores. • os burgueses ou capitalistas, que vivem do lucro das empre-
Por sinal, as classes Dominantes dos países subdesenvolvidos são sas;
geralmente mais ricas e dispõem de mais privilégios do que as classes • os proletários ou trabalhadores assalariados, que vivem de seu
dominantes dos países desenvolvidos. Além disso, os trabalhadores dos trabalho e são fundamentais para o lucro das empresas.
países desenvolvidos também são explorados: eles trabalham para sus-
tentar a classe dominante. Portanto, não seria correta a contraposição É evidente que a realidade é mais complicada do que descrevemos.
entre um país subdesenvolvido e outro desenvolvido, pois em ambos Além das empresas particulares, existem o governo, as empresas públi-
existem dominantes e dominados. cas, as forças armadas etc.
Quando consideramos que nos países desenvolvidos só existem ricos Há também outras classes além da burguesia e do proletário, como
e nos países subdesenvolvidos só existem pobres, estamos fazendo o os profissionais autônomos, os pequenos proprietários que trabalham em
jogo das classes dominantes dos países do Terceiro Mundo. Isso porque base familiar, os subempregados etc.
para essas classes interessa esconder as desigualdades sociais que Mas o que você precisa saber neste momento é que a economia capi-
existem no país e culpar sempre os países ricos pelos problemas aí talista surgiu na Europa Ocidental nos séculos XI e XII e cresceu muito,
existentes. expandindo-se por todo o mundo a partir das grandes navegações, nos
Por isso, a ideia de nações proletárias e a comparação do papel que o séculos XV e XVI.
Terceiro Mundo deveria ter com o papel do Terceiro Estado na época da
Revolução Francesa acabaram sendo esquecidas. No entanto, a expres- A internacionalização do capitalismo.
são Terceiro Mundo permaneceu, ganhando um novo significado. A expansão marítimo-comercial dos europeus no séculos XV e XVI
Basicamente, essa expressão refere-se hoje aos países subdesenvol- criou um mundo unificado, com a descoberta e colonização da América,
vidos, que dependem do sistema capitalista internacional, constituindo a as trocas comerciais na África e na Ásia, que depois também seriam
periferia desse sistema. Por isso, não podemos falar em Terceiro Mundo colonizadas, e a colonização da Oceania no século XVIII.
sem nos referir ao Primeiro e ao Segundo. Ou seja, a expressão Terceiro Esse mundo unificado representou, inicialmente, uma europeização,
Mundo exprime a ideia de que, atualmente, os países estão divididos em ou seja, um domínio do povo, da economia e da cultura europeia sobre os
três grupos, segundo critérios políticos e econômicos. outros povos. Todas as regiões do globo passaram, no decorrer de vários
séculos, a fazer parte de um sistema de trocas imposto pelas potências
europeias da época. Esse processo levou ao massacre de numerosos
Os três mundos
povos, à escravização de outros e à expulsão de muita gente de suas
Tomando como critérios o regime político e o sistema econômico, os
terras.
estudiosos agruparam os países atuais em três conjuntos ou "mundos":
O sistema internacional de trocas de mercadorias, estabelecido a par-
• Primeiro Mundo, formado pelas nações capitalistas desenvolvi-
tir da Europa, foi baseado na economia de mercado. Nesse sistema uns
das: Estados Unidos, Canadá, países da Europa Ocidental, Ja-
levavam vantagem – as metrópoles europeias – e outros desvantagem –
pão, Austrália e Nova Zelândia;
as colônias americanas, as nações asiáticas e africanas subjugadas. Essa
• Segundo Mundo, constituído pelos países socialistas ou de internacionalização do capitalismo unificou os povos e gerou inúmeras
economia planificada: União Soviética (atualmente desmem- desigualdades entre países e entre regiões.
brada), países da Europa Ocidental, Cuba, Vietnã, entre outros. As áreas dominantes ou centrais deram origem ao que hoje chama-
Desde 1989 existe uma profunda crise nas economias planifi- mos de nações desenvolvidas. E as áreas periféricas ou colonizadas
cadas, que passam por grandes transformações. Apesar disso,

Geografia 39
APOSTILAS OPÇÃO
deram origem, a partir da independência dessas nações, aos países hoje Apresentando estas características, e com vista a superar este estado
denominados subdesenvolvidos. de pobreza, muitos países do 3º Mundo viram-se obrigados a recorrer a
ajuda financeira do exterior pois, o nível de acumulação de capital era
O Primeiro e o Terceiro Mundo muito baixo. No entanto, com o decorrer dos anos estes países constatam
As origens do Primeiro Mundo e do Terceiro Mundo estão na expan- que o seu desenvolvimento foi bloqueado em grande parte, pelo peso da
são do capitalismo a partir da Europa ocidental. dívida externa. Como tal, atualmente pede-se a muitos países
O Primeiro Mundo corresponde às áreas onde o capitalismo nasceu, desenvolvidos que perdoem a dívida aos países do 3º mundo.
enquanto o Terceiro Mundo corresponde às áreas onde ele foi imposto por
outras nações. Principais diferenças entre os países desenvolvidos e os países
Os países desenvolvidos ou centrais foram os pioneiros na industriali- subdesenvolvidos
zação. São os países que conheceram a Revolução Industrial do final do Países desenvolvidos Países subdesenvolvidos
século XVIII e do século XIX, feita em grande à custa das matérias-primas Regime alimentar rico e equili- Regime alimentar insuficiente em
baratas vindas do restante do mundo. brado quantidade e em qualidade
Os países capitalistas periféricos, subdesenvolvidos, constituem as Estado sanitário satisfatório Situação sanitária deficiente
áreas que foram colonizadas pelos europeus nesse processo de expansão Baixa taxa de natalidade Elevada taxa de natalidade
mundial do capitalismo. Para atender aos interesses dos colonizadores, Elevada esperança média de Baixa esperança média de vida à
esses países tiveram sua economia e muitos traços culturais destruídos vida à nascença nascença
ou profundamente modificados. Saldo fisiológico baixo Saldo fisiológico elevado
A Índia é um ótimo exemplo desse processo de dominação. No século Baixa taxa de analfabetismo Elevada taxa de analfabetismo
XVIII, a manufatura indiana era superior à europeia, mas os ingleses a Inexistência de trabalho infantil Importância do trabalho assalariado
destruíram para que esse país asiático tivesse de comprar produtos infantil
manufaturados da Inglaterra, pagando elevados preços por eles. Alem Potencialidades naturais conve- Potencialidade naturais inexplorá-
disso, os ingleses não estavam interessados na manufatura indiana e sim nientemente exploradas veis ou mal exploradas
na produção, por baixos preços, de gêneros primários em falta na Europa. Agricultura altamente mecaniza- Agricultura arcaica e manual ocu-
Outro exemplo é o das nações latino-americanas, onde as sociedades da, ocupando uma pequena pando a maior parte da população
indígenas foram em grande parte destruídas pelos colonizadores euro- parcela da população ativa activa
peus, que preferiram organizar outra sociedade em suas colônias, com Grande industrialização Industrialização incipiente
base no trabalho escravo trazido da África. Grande consumo de energia Fraco consumo de energia
Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões Mão-de-obra especializada, com Mão-de-obra não especializada,
naturais, mas por razões históricas. Circunstâncias históricas desfavorá- elevada produtividade com baixa produtividade
veis, principalmente o colonialismo político e econômico que manteve Rede de transportes e vias de Meios de transporte insuficientes,
estas regiões à margem do processo da economia mundial em rápida comunicação diversificada território mal servido em vias de
evolução comunicação
Até ao período dos descobrimentos, existiam em África, na Ásia e na Comércio interno em larga Comércio interno rudimentar
América pré-colombiana grandiosas civilizações. Todavia, nessa altura, escala
entre essas regiões e a Europa não havia desigualdades significativas Comércio externo equilibrado Comércio externo dependente
relativamente à repartição da riqueza. Forte propensão para investir, Fraca propensão para investir.
Com o processo de colonização, as diferenças vão acentuar-se, grande crescimento econômico Fraco crescimento econômico
fundamentalmente após a Revolução Industrial. As colônias europeias Dominação econômica ou políti- Dependência econômica e financei-
passarão a ser fornecedoras de matérias-primas minerais e de bens ca sobre outros países ra
primários como a borracha, o algodão e o café, produzidos pelas Relações sociais arcaicas substi- Sobrevivência de relações sociais
economias de plantação. tuídas por relações sociais arcaicas
Após a independência, os jovens países do 3º Mundo, herdeiros de modernas
estruturas econômicas deformadas, rapidamente se organizam para Tendência para se atenuarem as Fortes assimetrias sociais
resolver os problemas comuns e manter uma posição de “não desigualdades sociais
alinhamento” face ás duas super potências, durante o período da guerra Instituições políticas estáveis Instabilidade política
fria. Em 1955, a conferência de Bandung foi o embrião do Movimento dos Participação dos cidadãos na Afastamento dos cidadãos do
Não Alinhados (MNA). Porém, foi difícil a este movimento manter-se fora tomada de decisões políticas processo da tomada de decisões
do campo de ação da URSS ou do bloco ocidental da Aliança Atlântica. políticas
Ao longo de mais de três décadas as desigualdades Norte/Sul vão
aumentando e o Terceiro mundo acentuará a sua heterogeneidade.
MEIO AMBIENTE
Os países do 3º Mundo, devido ao processo de colonialização que Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
sofreram, apresentam características comuns, entre as quais destacamos Meio ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e
as seguintes: influenciam os seres vivos e as coisas em geral. Os constituintes do meio
♦ forte crescimento populacional ambiente compreendem clima, iluminação, pressão, teor de oxigênio,
♦ subalimentação condições de alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem,
♦ forte dependência externa ao nível comercial, financeiro, político e educação, companhia, etc.
cultural
♦ estado de pobreza de grandes massas populacionais; DEFINIÇÃO
♦ elevadas taxas de analfabetismo; Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os
♦ falta de quadros técnicos; fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um
♦ dualismo econômico; ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo -
♦ desarticulação da economia; chamados fatores abióticos - e os seres vivos que coabitam no mesmo
♦ carência de infraestruturas; biótopo. Os fatores ambientais sem vida, tais como temperatura e luz do
♦ ausência de quadros dirigentes; Sol, formam o meio ambiente abiótico. E os seres vivos ou os que
♦ alto índice de doenças e mortalidade infantil; recentemente deixaram de viver, tais como as algas e os alimentos,
constituem o meio ambiente biótico. Tanto o meio ambiente abiótico
♦ predomínio da agricultura baseada em processos arcaicos;
quanto o biótico atuam um sobre o outro para formar o meio ambiente total
♦ precária industrialização;
de seres vivos e sem vida.
♦ etc.

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APOSTILAS OPÇÃO
MEIO AMBIENTE ABIÓTICO mais um dos membros do chamado Terceiro Mundo, como acreditam
O meio ambiente abiótico inclui fatores como solo, água, atmosfera e outros. É um exemplo de uma potência emergente de âmbito regional,
radiações. É constituído de muitos objetos e forças que se influenciam marcada por muitos aspectos contraditórios.
entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam. Por O Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaços. A veloci-
exemplo, a corrente de um rio pode influir na forma das pedras que fazem dade de incorporação de inovações tecnológicas é extremamente rápida,
ao longo do fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua em parcelas localizadas de seu território, ao mesmo tempo em que se vive
composição química também podem influenciar toda sorte de plantas e em condições primitivas, com ritmos determinados pela natureza, em
animais e sua maneira de viver. Um importante grupo de fatores imensas extensões. Grandes redes nacionais de televisão estabelecem
ambientais abióticos constitui o que se chama de tempo. diariamente a ponte entre passado e futuro, entre garimpeiros isolados na
selva em busca do Eldorado e gerentes de grandes corporações multina-
Sua Influência cionais instalados na Avenida Paulista, a "Wall Street" brasileira, na cidade
Os seres vivos e os destituídos de vida são influenciados pela chuva, de São Paulo.
geada, neve, temperatura quente ou fria, evaporação da água, umidade O Brasil, como parcela da economia mundial, constitui um dos seg-
(quantidade de vapor de água no ar), vento e muitas outras condições do mentos mais dinâmicos, do ponto de vista dos indicadores econômicos.
tempo. Muitas plantas e animais morrem a cada ano por causa das Suas taxas históricas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são
condições do tempo. Os seres humanos constroem casas e usam roupas comparáveis às de economias avançadas desde o final do século passa-
para proteger-se dos climas ásperos. Estudam o tempo para aprender a do. A partir de 1940, o crescimento do PIB manteve-se em uma média de
controlá-lo. Outros fatores abióticos abrangem a quantidade de espaço e 7% ao ano, chegando a 11% entre 1967 e 1973, os anos do chamado
de certos nutrientes (substâncias nutritivas) de que pode dispor um "milagre econômico", quando o restante do mundo dava sinais evidentes
organismo. de arrefecimento no seu ritmo de crescimento.
Todos os organismos precisam de certa quantidade de espaço em Por outro lado, o Brasil é um rico país de pobres. A brutal discrimina-
que possam viver e levar avante as relações comunitárias. Também ção social na apropriação dos benefícios do dinamismo econômico é um
precisam de certa quantidade de nutrientes desprovidos de vida, como por traço dominante na sociedade brasileira, mesmo quando comparada com
exemplo o fósforo, para manter atividades corporais como a circulação e a os outros países da América Latina. É uma das poucas economias no
digestão. mundo cuja parcela dos 10% mais ricos controla mais de 50% da renda
nacional e qualquer indicador de bem-estar social demonstra tal situação.
Meio Ambiente Biótico A discriminação percorre de cima a baixo a estrutura social brasileira.
O meio ambiente biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas O sexismo, isto é, a discriminação por sexo, expressa-se no fato de que
relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar 67,1% das mulheres com mais de 10 anos de idade não têm qualquer
do homem dependem grandemente dos alimentos que come, tais como rendimento, enquanto esse número atinge 24,7% dos homens. Negros e
frutas, verduras e carne. Depende igualmente de suas associações com pardos, que em 1987 representavam 45% da população brasileira, são
outros seres vivos. Por exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo social e economicamente discriminados quanto às oportunidades de
do homem ajudam-no a digerir certos alimentos. mobilidade social, constituindo o grosso do contingente de mão-de-obra
Os fatores sociais e culturais que cercam o homem são uma parte com menor qualificação profissional, em oposição ao que ocorre com os
importante de seu meio ambiente biótico. Seu sistema nervoso altamente imigrantes asiáticos e descendentes, principalmente os japoneses. A
desenvolvido tornou possível a memória, o raciocínio e a comunicação. Os discriminação étnica também está presente no que diz respeito aos 20 mil
seres humanos ensinam a seus filhos e aos seus companheiros o que indígenas que sobreviveram aos massacres do colonizador - seus direitos
aprenderam. Pela transmissão dos conhecimentos, o homem desenvolveu são restritos e sua capacidade de auto-determinação é submetida à tutela
a religião, a arte, a música, a literatura, a tecnologia e a ciência. A herança burocrática do Estado.
cultural e a herança biológica do homem possibilitaram-lhe progredir além A recente industrialização levou o Brasil a se destacar na América La-
de qualquer outro animal no controle do meio ambiente. Nas últimas tina. O país suplantou largamente a Argentina e foi acompanhado com
décadas, ele começou a explorar o meio ambiente do espaço cósmico. menor intensidade pelo México.
Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução A associação com o capital internacional foi um traço comum ao de-
de acordo com o seu patrimônio hereditário. A reação evolução sobre o senvolvimento da região; mas, no Brasil, o Estado teve papel decisivo na
patrimônio leva à individualização dos seres e a sua adaptação ao modo aceleração do ritmo de crescimento, avançando à frente do setor privado e
de vida. Quando o meio muda, o organismo reage através de uma nova mantendo elevadas taxas de investimento. Em contrapartida, o Brasil é
adaptação (dentro da faixa permitida pelo patrimônio hereditário) que, também um dos maiores devedores, em termos absolutos, do sistema
segundo Lamarck, seria sempre eficaz, mas que, na realidade, pode ser financeiro mundial.
prejudicial e agravar as consequências da mudança. Por exemplo, O modelo de industrialização latino-americano, baseado na substitui-
alterações bruscas como as que geralmente ocorrem em lagoas ção de importações, procurou administrar o mercado interno como princi-
acarretam muitas mortes. pal atrativo para as grandes corporações multinacionais, sem se preocu-
A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos diásporos, no reino par com os objetivos básicos de justiça social. O Brasil atingiu etapas mais
vegetal, permitem às espécies instalarem-se em novos ambientes, mais avançadas nesse processo, chegando a consolidar um parque industrial
favoráveis. É o aspecto principal da migração. O organismo pode, diversificado - em grande parte devido ao potencial de sua economia -
também, diminuir as trocas ou contatos com um meio hostil através da cuja capacidade de atração de capitais foi viabilizada e ampliada pela
reclusão (construção de um abrigo, enquistamentos, anidrobiose, etc.) atuação do Estado. Isso, no entanto, não reduziu as condições de miséria
Enfim, uma espécie pode organizar seu meio por iniciativa própria de amplos contingentes da população que permaneceram à margem do
(insetos sociais, castor e espécie humana). desenvolvimento.

A - O ESPAÇO NATURAL: GEOLOGIA, RELEVO, CLIMA, VEGE-


O Espaço Humano: demografia: teorias demográficas, TAÇÃO E HIDROGRAFIA.
estrutura da população, crescimento demográfico; tran- GEOLOGIA
sição demográfica e migrações; urbanização: processo O Brasil está totalmente contido na Plataforma Sul-Americana, cujo
de urbanização, espaço urbano e problemas urbanos; e embasamento de evolução geológica é muito complexo, remontando à era
Arqueano. Teve a sua consolidação completada entre o período Protero-
os principais indicadores socieconômicos. zóico Superior e o início do período Paleozóico, com o encerramento no
ciclo Brasiliano.
O Brasil é pouco conhecido, mesmo por aqueles que nele vivem e O embasamento da Plataforma Sul-Americana acha-se essencialmen-
trabalham. A rapidez das transformações que se processaram nos últimos te estruturado sobre rochas metamórficas de fácies anfibolito a granutlito e
quarenta anos dificulta a compreensão de suas reais dimensões. Ele não granitóides de idade arqueana, associado às unidades proterozóicas que
é um gigante adormecido, como pregam alguns, nem tampouco apenas são representadas por faixas de dobramentos normalmente de fácies

Geografia 41
APOSTILAS OPÇÃO
xisto-verde e coberturas sedimentares e vulcânicas, pouco o nada meta- Região Nordeste
morfizadas e diversos granitóides. O Nordeste do Brasil, em relação ao regime térmico, apresenta tem-
Esse embasamento acha-se extensamente exposto em grandes es- peraturas elevadas cuja média anual varia de 20° a 28°C. Nas áreas
cudos, separados entre si por coberturas fanerozóicas, cujos limites se situadas acima de 200m e no litoral oriental as temperaturas variam de
estendem aos países vizinhos. Destacam-se os escudos das Guianas, 24° a 26°C. As médias anuais inferiores a 20°C encontram-se nas áreas
Brasil Central e Atlântico. mais elevadas da chapada Diamantina e da Borborema. A distribuição da
O escudo das Guianas compreende o norte da bacia do Amazonas. O pluviosidade da região nordeste é muito complexa, não só em relação ao
escudo do Brasil-Central, ou Guaporé, estende-se pelo interior do Brasil e período de ocorrência (três meses, podendo às vezes nem existir), como
sul dessa bacia, enquanto o escudo Atlântico expõe-se na porção oriental em seu total anual, que varia de 300 a 2.000 mm. Quanto ao período de
atingindo a borda atlântica. Esses escudos estão expostos em mais de ocorrência, o máximo ocorre no outono-inverno e o mínimo na primavera-
50% da área do Brasil. verão, ao longo do litoral oriental e na encosta do planalto do Rio Grande
Sobre essa plataforma desenvolveram-se no Brasil, em condições es- do Norte à Bahia.
táveis de ortoplataforma, a partir do Ordoviciano-Siluriano, as coberturas
sedimentares e vulcânicas que preencheram espacialmente três estensas Região Sudeste
bacias com caráter de sinéclise: Amazonas, Paraíba e Paraná. Além O clima dessa região é bastante diversificado no que diz respeito à
dessas bacias, diversas outras bacias menores, inclusive bacias costeiras temperatura, em função de três fatores principais: a posição latitudinal, a
e outras áreas de sedimentação ocorrem expostas sobre a plataforma. topografia acidentada e a influência dos sistemas de circulação perturba-
da. Corresponde a uma faixa de transição entre climas quentes das baixas
RELEVO latitudes e os climas mesotérmicos das latitudes médias, mas suas carac-
O relevo do Brasil, de acordo com a classificação de Aziz Ab'Saber, é terísticas mais fortes são de clima tropical. A temperatura média anual
dividido em duas grandes áreas de planalto e três de planície, a saber: está entre 20°C na divisa entre São Paulo e Paraná, a 24°C ao norte de
Planalto das Guianas, abrangendo a região serrana e o Planalto Minas Gerais. Nas áreas mais elevadas das serras do Espinhaço, Manti-
Norte Amazônico. Localizado no extremo norte do país, é parte integrante queira e do Mar, a média chega a ser inferior a 18°C. A pluviosidade é tão
do escudo das Guianas, apresentando rochas cristalinas do período Pré- importante quanto a temperatura, com predominância de duas áreas
Cambriano. É nessa área que se situa o pico culminante do Brasil - Pico bastante chuvosas: a primeira acompanha o litoral e a Serra do Mar e a
da Neblina, com altitude de 3.014 m. outra vai do oeste de Minas Gerais até o município do Rio de Janeiro. A
Planalto Brasileiro, subdividido em Central, Maranhão-Piauí, Nor- pluviosidade nessas áreas é sempre superior a 1.500 mm. Na Serra da
destino, serras e planalto do Leste e Sudeste, Meridional e Uruguaio- Mantiqueira as chuvas ultrapassam 1.750 mm e no alto do Itatiaia alcan-
Riograndense, é formado por terrenos cristalinos bastante desgastados e çam 2.398 mm. Em São Paulo, na Serra do Mar, chove em média mais de
por bolsões sedimentares. Localiza-se na parte central do país, estenden- 3.600 mm. Já foi registrado o máximo de chuva no país (4.457,8 mm),
do-se por grandes áreas do território nacional. próximo a Paranapiacaba. No restante da região Sudeste, a pluviosidade
Planícies e terras baixas amazônicas. Localizadas na Região Nor- atinge os 1.500 mm e nos vales do Jequitinhonha e Doce cerca de 900
te do país, logo abaixo do Planalto das Guianas, apresenta três níveis mm.
altimétricos distintos - várzeas, constituídas por terrenos de formação
recente situadas próximo às margens dos rios; teços ou terraços fluviais, Região Sul
com altitudes máximas de 30 m e periodicamente inundados; e baixos- Além do relevo e da posição geográfica, os sistemas de circulação
planaltos ou platôs, formados por terrenos de Terciário. atmosférica influenciam bastante na caracterização climática da região Sul
Planície do Pantanal, localizada na porção oeste do estado do Mato que apresenta duas características próprias: a primeira é a homogeneida-
Grosso do Sul e sudoeste de Mato Grosso, é formada por terrenos do de quanto as chuvas e seu regime, e a outra a unidade climática. Em
Quartenário. relação às temperaturas, o inverno é frio e o verão quente. A temperatura
Planícies e terras baixas costeiras, acompanhando a costa brasi- média anual fica entre 14° e 22°C e nos locais acima de 1.100 m, cerca
leira do Maranhão ao sul do país, é formada por terrenos do Terciário e de 10°C. No verão, nos vales dos rios Paranapanema, Paraná, Ibicuí e
por terrenos atuais do Quartenário. Jacuí, a média de temperatura é acima de 24°C e nas áreas mais eleva-
Deve-se ressaltar que o relevo brasileiro não apresenta formação de das é inferior a 20°C. Nas áreas baixas as temperaturas máximas chegam
cadeias montanhosas muito elevadas, predominando altitudes inferiores a a alcançar 40°C, ultrapassando esses valores nos vales acima referidos e
500 m, uma vez que o mesmo se desenvolveu sobre uma base geológica no litoral. No inverno, a temperatura média oscila entre 10° e 15°C, exceto
antiga, sem movimentações tectônicas recentes. nos vales do Paranapanema-Paraná, Ribeira do Iguape, litoral do Paraná
e Santa Catarina, onde as médias oscilam entre 15° e 18°C. A pluviosida-
CLIMA de média anual situa-se entre 1.250 e 2.000 mm, excetuando-se o litoral
Em consequência de fatores variados, a diversidade climática do terri- do Paraná e o oeste de Santa Catarina, onde vai além de 2.000 mm.
tório brasileiro é muito grande. Dentre eles, destaca-se a fisionomia geo- Numa pequena área litorânea de Santa Catarina e no norte do Paraná, a
gráfica, a extensão territorial, o relevo e a dinâmica das massas de ar. média anual de chuva é inferior a 1.250 mm.
Este último fator é de suma importância porque atua diretamente tanto na
temperatura quanto na pluviosidade, provocando as diferenciações climá- Centro-Oeste
ticas regionais. As massas de ar que interferem mais diretamente são a A região é bastante diversificada quanto à temperatura, em conse-
equatorial (continental e atlântica), a tropical (continental e atlântica) e a quência do relevo, extensão longitudinal, continentalidade e circulação
polar atlântica. atmosférica. Já em relação à pluviosidade é mais homogênea. Nos extre-
mos norte e sul da área, a temperatura média anual é de 22°C; nas cha-
O Brasil apresenta: padas situa-se entre 20° e 22°C. O inverno é brando, com ocorrência de
Características regionais temperaturas baixas em função da "friagem" (invasão de ar polar). A
Quanto ao regime térmico, a região Norte do Brasil apresenta clima temperatura média do mês mais frio situa-se entre 15° e 24°C. A pluviosi-
quente com temperatura média anual variando entre 24° e 26°C na maior dade na região depende quase exclusivamente do sistema da circulação
parte do ano. Nas áreas serranas as médias anuais são inferiores a 24°C atmosférica. A média anual de chuvas varia entre 2000 e 3.000 mm ao
e ao longo do baixo e médio Amazonas as médias ultrapassam os 26°C. norte de Mato Grosso e vai diminuindo para leste e sul, chegando a alcan-
No que diz respeito à pluviosidade, não há uma distribuição espacial çar 1.500 mm a leste de Goiás e 1.250 mm no Pantanal Mato-Grossense.
homogênea como acontece com a temperatura. O total pluviométrico Apesar dessa diferença, a região tem bom índice de pluviosidade. A
anual excede os 3.000 mm na foz do rio Amazonas, no litoral do Pará e a predominância de chuvas ocorre no verão, pois mais de 70% do total das
ocidente da região; já o corredor menos chuvoso, com total pluviométrico chuvas caem entre novembro e março. O inverno é muito seco e as chu-
anual de 1500 a 1.700 mm, encontra-se na direção noroeste-sudeste de vas são raras. À medida que se caminha para o interior o período da
Roraima e leste do Pará. estação seca cresce, chegando até quatro meses

Geografia 42
APOSTILAS OPÇÃO
VEGETAÇÃO Áreas das formações pioneiras de influencia marinha ( vegetação de
A variedade climática, associada ás condições do solo e ás bacias hi- restinga e manguezal ) - as áreas de influência marinha são representadas
drográficas, reflecte-se na vegetação brasileira. Na bacia amazónica e ao pelas restingas ou cordões litorâneos e pela dunas que ocorrem ao longo
longo da costa atlântica, onde o regime de chuvas é muito intenso, encon- da costa. São formados pela deposição de areias, aí ocorrendo desde
tra-se a floresta tropical, com árvores perenes, de folhas grandes e largas, formações herbáceas até arbóreas. Os manguezais sofrem influência
que crescem em abundância. Nas planícies e nas regiões de planalto da fluviomarinha onde nasce uma vegetação de ambiente salúbre que tam-
parte oriental, onde as chuvas são um poucomais escassas e a estação bém apresenta fisionomia arbória e arbustiva. são encontradas em quase
seca é muito marcante, encontra-se um tipo de mata onde as árvores são todo o litoral brasileiro, mas as maiores concentrações aparecem no litoral
menores do que aquelas da floresta tropical e perdem as suas folhas na norte e praticamente desaparecem, a partir do sul da ilha de Sª. Catarina,
estação seca. pois é vegetação típica de litorais tropicais.
Na área de clima equatorial húmido, a formação vegetal dominante é Áreas das formações pioneiras ou de influência fluvial ( vegetação
a floresta espessa chamada Hylaea ( hileia ) por Humboldt. Caracteriza-se aluvial ) - é um tipo de vegetação que ocorre nas áreas de acumulação
pela exuberância e elevado número de espécies por unidade territorial, o dos cursos dos rios, lagoas ou assemelhados; a fisionomia vegetal pode
que torna díficil a exploração de determinadas essências. Apresenta ser arbórea arbustiva ou herbácea, formando ao longo dos cursos dos rios
andares de vegetação ou estratos. A composição floristíca difere bastante as Matas-Galerias. A vegetação que se instala varia de acordo com a
com a tipografia e com a posição ( há plantas que só se encontram no alto intensidade e duração da inundação
e no baixo Amazonas, ao norte ou ao sul do rio principal, na bacia deste Refugios Ecológicos ( Campos de altitude ) - qualquer tipo de vegeta-
ou daquele afluente ). Muitas árvores têm raízes pouco profundas. Para se ção diferente do contexto geral da flora da região é considerada como um
sustentar, desenvolvem-se raízes-escoras. " refúgio ecológico ". Este é o caso da vegetação que se localiza, no
A vegetação brasileira pode ser classificada em três grupos principais: Brasil, acima de 1800m de altitude.
formações floorestais ou arbóreas, formações arbustivas e herbáceas e O cerrado é uma savana tropicl coberta por uma vegetação rasteira,
formações complexas e litorâneas. Quanto aos tipos de vegetação, encon- formada principalmente por gramíneas.
tramos no território brasileiro os seguintes:
A Savana estépica ( vegetação chaquenha, campos de Roraima e Espécies exóticas
campanha Gaúcha ) - é um tipo de vegetação constítuida por uma cober- Além das espécies nativas, a flora brasileira recebeu aportes significa-
tura arbórea e várias cactáceas, que recobre um estrato graminoso. No tivos de outras regiões tropicais, trazidos pelos portugueses durante o
Brasil ocupa três áreas bem diversas geométricamente, o Pantanal Mato- período colonial. Várias dessas espécies de plantas restringiram-se ás
Grossense, os campos de Roraima e a Campanha Gaúcha. A primeira áreas agrícolas, com o arroz, a cana do açúcar, a banana e as frutas
situa-se entre a Serra da Bodoquena e o Rio Paraguai, sendo a maior de cítricas. Outras, entretanto, adaptaram-se muito bem e espalharam-se
ocorrência no Brasil desse tipo de vegetação. A segunda, a de Roraima, pelas florestas nativas a tal ponto que frequentemente são confundidas
aparece entre as áreas dissecadas do monte Roraima e a planície do Rio com espécies nativas. O coqueiro que forma verdadeiras florestas ao
Branco. E a terceira a parte sul-sudeste do Rio Grande do Sul, fazendo longo do litoral nordestino brasileiro, é originário da Ásia da mesma forma,
parte da campanha Gaúcha. a fruta pão e a jaqueira, originário da região indo-malaia, são integrantes
A vegetação lenhosa oligotrófica dos pântanos e das acumulações comuns da Mata Atlântica. Além dessas podemos citar a mangueira, a
arenosas - esse tipo de vegetação restringe-se ás áreas amazónicas do mamona e o cafeeiro.
alto rio Negro e os seus afluentes adjacentes, recobrindo as áreas depri-
midas e embrejadas, caracterizada por agruppamentos de formações Plantas medicinais
arbóreas altas e finas. A diversidade da flora brasileira é amplamente utilizada pela popula-
A floresta ombrófila densa ( floresta Amazônica/floresta Atlântica ) - ção, embora pouco se conheça cientificamente sobre os seus usos. Por
ocupa parte da Amazônia, estendendo-se pelo litoral desde o sul de Natal exemplo, um estudo recente feito pelo museu Paraense Emilio Goeldi na
, Rio Grande do Norte até ao Espirito Santo, entre o litoral e as serras pré- ilha de Marajó, no Pará, identificou quase duzentas espécies de plantas de
cambrianas que margeiam o Atlântico, estendendo-se ainda pelas encos- uso terapêutico pela população local. A população indígena também
tas, até á região de Osório, no Rio Grande do Sul. A floresta Atlântica já foi utilizou e ainda utiliza a flora brasileira, porém tal conhecimento tem se
quase totalmente devastada, restando a apenas poucos locais onde se perdido com sua aculturação.
encontra a floresta original. Esse tipo de vegetação nas duas áreas (
Amazónia e Atlântica ) consiste de árvores que variam de médio a grande HIDROGRAFIA
porte e com géneros tipicos que as caracterizam. O Brasil é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, sendo que
A floresta ombrófila aberta ( floresta de transição ) - encontra-se entre muitos de seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade.
a Amazônia e a área extra amazônica. É constituida de árvores mais Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto
espassadas, com estrato arbustivo pouco denso. Trata-se de uma vegeta- que apresentam em seu leito rupturas de declive, vales encaixados, entre
ção de transição entre a floresta Amazônica húmida a oeste, a caatinga outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração
seca a leste e o cerrado semi-húmido ao sul. Essa região fitoecológica de energia elétrica. Quanto à navegabilidade, esses rios, dado o seu perfil
domina, principalmente os estados do maranhão e Piauí, aparecendo não regularizado, ficam um tanto prejudicados. Dentre os grandes rios
também no Ceará e Rio Grande do Norte. nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de
Floresta ombrófila mista ( Mata semicadusifólia ) - esse tipo de vege- planície e largamente utilizados para a navegação. Os rios São Francisco
tação, também conhecida por " Mata dos Pinhais ou de araucárias ", e Paraná são os principais rios de planalto.
encontrada concentrada no Planalto Meridional, nas áreas mais elevadas De maneira geral, os rios têm origem em regiões não muito elevadas,
e mais frias, com pequenas ocorrências e isoladas nas serras do Mar e exceto o rio Amazonas e alguns de seus afluentes que nascem na cordi-
Mantiqueira ( partes altas ). Destacam-se os géneros Auraucária, Podo- lheira andina.
carpus e outros de menos importância. Em termos gerais, como mostra o mapa acima, pode-se dividir a rede
Floresta estacional semi-decidual ( Mata semi-caducifólia ) - esse tipo hidrográfica brasileira em sete principais bacias, a saber: a bacia do rio
de vegetação está ligado ás estações climáticas, uma tropical, com chu- Amazonas; a do Tocantins - Araguaia; a bacia do Atlântico Sul - trechos
vas de verão e estiagem acentuada, e outra subtropical, sem periodo seco norte e nordeste; a do rio São Francisco; a do Atlântico Sul - trecho leste;
mas com seca fisiológica por causa do frio do Inverno. Ocorrem nas áreas a bacia Platina, composta pelas sub-bacias dos rios Paraná e Uruguai; e a
brasileiras com esses tipos climáticos. do Atlântico Sul - trechos sudeste e sul.
Floresta estacional decidual ( Mata caducifólia ) - ocorre no território O vapor d’água contido na atmosfera, ao condensar-se, precipita. Ao
brasileiro dispressivo e sem continuidade, pois só aparece em áreas contato com a superfície, a água possui três caminhos: evapora, infiltra-se
caracterizadas por duas estações climáticas be defenidas, chuvosa e no solo ou escorre. Caso haja evaporação a água retorna à atmosfera na
seca. o estrato arbóreo é predominante caducifólio ( perdem as folhas na forma de vapor; a água que se infiltra e a que escorre, pela lei da gravida-
seca ). de, dirigem-se às depressões ou parte mais baixas do relevo - é justamen-

Geografia 43
APOSTILAS OPÇÃO
te aí que surgem os lagos e os rios, que possuem como destino, ou nível O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no estado de Mato Grosso,
de base, no Brasil, o oceano. possui cerca de 2.600 km, e desemboca no rio Tocantins na localidade de
País de grande extensão territorial e boas condições de pluviosidade, São João do Araguaia, logo antes de Marabá. No extremo nordeste do
o Brasil dispõe de uma vasta e rica rede fluvial, cujas características estado de Mato Grosso, o rio divide-se em dois braços, rio Araguaia, pela
gerais são: margem esquerda, e rio Javaés, pela margem direita, por aproximadamen-
• Rios na maior parte de planalto, o que explica o enorme poten- te 320 km, formando assim a ilha de Bananal, a maior ilha fluvial do mun-
cial hidráulico existente no país. do. O rio Araguaia, é navegável cerca de 1.160 km, entre São João do
• Existência de importantes redes fluviais de planície e navegá- Araguaia e Beleza, porém não possui neste trecho qualquer centro urbano
veis como a Amazônica e Paraguaia. de grande destaque.
• Rios, na maioria perenes, embora existam também rios tempo-
Bacia do Atlântico Sul - trechos norte e nordeste
rários no Sertão nordestino semiárido.
Vários rios de grande porte e significado regional podem ser citados
• Drenagem essencialmente exorréica, isto é, voltada para o como componentes dessa bacia, a saber: rio Acaraú, Jaguaribe, Piranhas,
mar. Potengi, Capibaribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru,
• Regime dos rios essencialmente pluvial, isto é, dependente das Mearim e Parnaíba.
chuvas e, como o clima predominante é o tropical, a maioria Em especial, o rio Parnaíba é o formador da fronteira dos estados do
dos rios tem cheias durante o verão e vazante no inverno. Piauí e Maranhão, por seus 970 km de extensão, desde suas nascentes
na serra da Tabatinga até o oceano Atlântico, além de representar uma
Bacia do rio Amazonas importante hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.
Em 1541, o explorador espanhol Francisco de Orellana percorreu,
desde as suas nascentes nos Andes peruanos, distante cerca de 160 km Bacia do rio São Francisco
do Oceano Pacífico, até atingir o Oceano Atlântico, o rio que batizou de A bacia do rio São Francisco, nasce em Minas Gerais, na serra da
Amazonas, em função da visão, ou imaginação da existência, de mulheres Canastra, e atravessa os estados da 88Bahia, Pernambuco, Alagoas e
guerreiras, as Amazonas da mitologia grega. Sergipe. O rio São Francisco possui uma área de drenagem superior a
Este rio, com uma extensão de aproximadamente 6.500 km, ou supe- 630.000 km2 e uma extensão de 3.160 km, tendo como principais afluen-
rior conforme recentes descobertas, disputa com o rio Nilo o título de mais tes os rios Paracatu, Carinhanha e Grande, pela margem esquerda, e os
extenso no planeta. Porém, em todas as possíveis outras avaliações é, rios Salitre, das Velhas e Verde Grande, pela margem direita.
disparado, o maior. De grande importância política, econômica e social, principalmente
Sua área de drenagem total, superior a 5,8 milhões de km2, dos quais para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde
3,9 milhões no Brasil, representa a maior bacia hidrográfica mundial. O Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso, em função
restante de sua área divide-se entre o Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, da construção de hidrelétricas com grandes lagos e eclusas, como é o
Guiana e Venezuela. Tal área poderia abranger integralmente o continente caso de Sobradinho e Itaparica.
europeu, a exceção da antiga União Soviética.
O volume de água do rio Amazonas é extremamente elevado, descar- Bacia do Atlântico Sul - trecho leste
regando no Oceano Atlântico aproximadamente 20% do total que chega Da mesma forma que no seu trecho norte e nordeste, a bacia do
aos oceanos em todo o planeta. Sua vazão é superior a soma das vazões Atlântico Sul no seu trecho leste possui diversos cursos d'água de grande
dos seis próximos maiores rios, sendo mais de quatro vezes maior que o porte e importância regional. Podem ser citados, entre outros, os rios
rio Congo, o segundo maior em volume, e dez vezes o rio Mississipi. Por Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas e
exemplo, em Óbidos, distante 960 km da foz do rio Amazonas, tem-se Paraguaçu.
uma vazão média anual da ordem de 180.000 m3/s. Tal volume d'água é o Por exemplo, o rio Paraíba do Sul está localizado entre os estados de
resultado do clima tropical úmido característico da bacia, que alimenta a São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os de maior significado econô-
maior floresta tropical do mundo. mico no país, possui ao longo do seu curso diversos aproveitamentos
Na Amazônia os canais mais difusos e de maior penetrabilidade são hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte, como Campos, Volta Redonda e
utilizados tradicionalmente como hidrovias. Navios oceânicos de grande São José dos Campos, bem com industrias importantes como a Compa-
porte podem navegar até Manaus, capital do estado do Amazonas, en- nhia Siderúrgica Nacional.
quanto embarcações menores, de até 6 metros de calado, podem alcan-
çar a cidade de Iquitos, no Peru, distante 3.700 km da sua foz. Bacia Platina, ou dos rios Paraná e Uruguai
O rio Amazonas se apresenta como um rio de planície, possuindo A bacia platina, ou do rio da Prata, é constituída pelas sub-bacias dos
baixa declividade. Sua largura média é de 4 a 5 km, chegando em alguns rios Paraná, Paraguai e Uruguai, drenando áreas do Brasil, Bolívia, Para-
trechos a mais de 50 km. Por ser atravessado pela linha do Equador, esse guai, Argentina e Uruguai.
rio apresenta afluentes nos dois hemisférios do planeta. Entre seus princi- O rio Paraná possui cerca de 4.900 km de extensão, sendo o segundo
pais afluentes, destacam-se os rios Iça, Japurá, Negro e Trombetas, na em comprimento da América do Sul. É formado pela junção dos rios
margem esquerda, e os rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu, na Grande e Paranaíba. Possui como principais tributários os rios Paraguai,
margem direita. Tietê, Paranapanema e Iguaçu. Representa trecho da fronteira entre Brasil
e Paraguai, onde foi implantado o aproveitamento hidrelétrico binacional
Bacia do rio Tocantins - Araguaia de Itaipu, com 12.700 MW, maior usina hidrelétrica em operação do mun-
A bacia do rio Tocantins - Araguaia com uma área superior a 800.000 do. Posteriormente, faz fronteira entre o Paraguai e a Argentina. Em
km2, se constitui na maior bacia hidrográfica inteiramente situada em função das suas diversas quedas, o rio Paraná somente possui navega-
território brasileiro. Seu principal rio formador é o Tocantins, cuja nascente ção de porte até a cidade argentina de Rosário.
localiza-se no estado de Goiás, ao norte da cidade de Brasília. Dentre os O rio Paraguai, por sua vez, possui um comprimento total de 2.550
principais afluentes da bacia Tocantins - Araguaia, destacam-se os rios do km, ao longo dos territórios brasileiro e paraguaio e tem como principais
Sono, Palma e Melo Alves, todos localizados na margem direita do rio afluentes os rios Miranda, Taquari, Apa e São Lourenço. Nasce próximo à
Araguaia. cidade de Diamantino, no estado de Mato Grosso, e drena áreas de
O rio Tocantins desemboca no delta amazônico e embora possua, ao importância como o Pantanal mato-grossense. No seu trecho de jusante
longo do seu curso, vários rápidos e cascatas, também permite alguma banha a cidade de Assunción, capital do Paraguai, e forma a fronteira
navegação fluvial no seu trecho desde a cidade de Belém, capital do entre este país e a Argentina, até desembocar no rio Paraná, ao norte da
estado do Pará, até a localidade de Peine, em Goiás, por cerca de 1.900 cidade de Corrientes.
km, em épocas de vazões altas. Todavia, considerando-se os perigosos O rio Uruguai, por fim, possui uma extensão da ordem de 1.600 km,
obstáculos oriundos das corredeiras e bancos de areia durante as secas, drenando uma área em torno de 307.000 km2. Possui dois principais
só pode ser considerado utilizável, por todo o ano, de Miracema do Norte formadores, os rios Pelotas e Canoas, nascendo a cerca de 65 km a oeste
(Tocantins) para jusante.

Geografia 44
APOSTILAS OPÇÃO
da costa do Atlântico. Fazem parte da sua bacia os rios Peixe, Chapecó, modo de vida da população brasileira.
Peperiguaçu, Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini. O custo de vida nas cidades é mais elevado do que nas áreas rurais
O rio Uruguai forma a fronteira entre a Argentina e Brasil e, mais ao tradicionais e também eleva os gastos para a criação dos filhos, o que
sul, a fronteira entre Argentina e Uruguai, sendo navegável desde sua foz exige das famílias urbanas uma renda mais elevada.
até a cidade de Salto, cerca de 305 km a montante. Na medida em que a mulher ingressou no mercado de trabalho formal
, ela dispõe de um tempo menor para se dedicar à educação dos filhos e
Bacia do Atlântico Sul - trechos sudeste e sul foi obrigada a colocá-los muito cedo em creches ou berçários. Como a
A bacia do Atlântico Sul, nos seus trechos sudeste e sul, é composta renda média dos brasileiros não é elevada, o trabalho feminino transfor-
por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribeira do Iguape, entre outros. mou-se numa necessidade familiar e até mesmo as famílias que gostariam
Os mesmos possuem importância regional, pela participação em ativida- de ter um maior número de filhos estão optando por evitá-los. Isso contri-
des como transporte hidroviário, abastecimento d'água e geração de buiu para a redução da natalidade após 1970, quando esses processos se
energia elétrica. tornaram mais destacados.

B - A POPULAÇÃO: COMPORTAMENTO DEMOGRÁFICO, ES- Distribuição espacial e mobilidade


TRUTURA, DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E MOBILIDADE. No período pós-Segunda guerra Mundial, o Brasil ingressou na Se-
Comportamento demográfico gunda fase do ciclo demográfico, ou seja, na etapa de maior crescimento
Brasil está colocado no quinto lugar entre os países mais populosos populacional.
do mundo, com uma população absoluta de167 milhões, segundo o Censo O explosivo crescimento populacional ocorrido no período situado en-
2000. tre a década de 40 e a de 80 resultou da seguinte combinação de variá-
Em nosso país também foi observado um fenômeno comum aos paí- veis demográficas: redução muito lenta da natalidade e a queda acentua-
ses subdesenvolvidos, relativo à brusca aceleração do ritmo de cresci- da da mortalidade.
mento populacional nas décadas que sucederam a Segunda Guerra Entre 1940 e 1980, enquanto a taxa de natalidade passou de 44% pa-
Mundial. Como a contribuição do imigrante para o povoamento do país foi ra 33%, a taxa de mortalidade passou desabou de 25,3% para 8,1%. Em
pouco significativa na segunda metade do século XX, atribuiu-se o cresci- consequência, a taxa de crescimento populacional que era da ordem de
mento da população à Revolução Médico-Sanitária , que produziu uma 1,8% em 1940, saltou para quase 2,5% em 1980. Na década de 50, a taxa
redução nas taxas de mortalidade e o aumento do crescimento vegetativo. de crescimento atingiu quase 3% ao ano, uma das mais elevadas do
mundo, na época.
O comportamento demográfico da população brasileira No período de 1940-1980, a taxa média de crescimento anual da po-
pulação brasileira situou-se em tono de 2,6%.
Recenseamento População Para se ter uma ideia do que isso significa em termos de aumento po-
1872 9.930.478 pulacional, observe que:
1940 41.236.315 • Para uma taxa de crescimento anual de 3%, a população dupli-
1950 51.944.397 ca a cada 23 anos;
1960 70.191.370 • Para uma taxa de 2,5%, a população duplica a cada 28 anos;
1970 93.139.037
• Para uma taxa de 1%, a população duplica a cada setenta
1980 119.002.706 anos.
1991 146.825.475 Em apenas trinta anos, por exemplo, no período de 1950-1980, a po-
Fonte: IBGE pulação brasileira mais que dobrou: passou de 51,9 para 119 milhões de
pessoas (133% de aumento no período). Entre 1940 e 1980, a população
Durante as décadas de 1950 e 1960 o país atingiu o apogeu do seu quase triplicou: passou de 41 para quase 120 milhões.
ritmo de incremento populacional. A popularização da Medicina , a difusão Essa bomba humana, conhecida pelo nome de explosão demográfica,
das práticas de Higiene social e as campanhas médico-sanitárias levaram não foi privilégio do Brasil. No período pós-Segunda Guerra Mundial, ela
à redução das taxas de mortalidade. Por outro lado, as taxas de natalida- atingiu todo o terceiro Mundo. De 1940 a 1980, a população mundial mais
de permaneceram elevadas, o que contribuiu para que o crescimento que dobrou: passou de 2 bilhões para quase 4,5 bilhões de pessoas
vegetativo da população brasileira fosse muito acelerado, como demonstra (125% de aumento). Cerca de 90% desse aumento coube ao Terceiro
o quadro abaixo, que apresenta o comportamento demográfico da popula- mundo.
ção brasileira desde o primeiro recenseamento. Observe com atenção as As razões dessa explosão demográfica ocorrida no terceiro mundo
taxas de crescimento vegetativo entre 1950 e 1970. são aquelas já mencionadas no caso do Brasil: persistência se elevadas
taxas de natalidade e redução acentuada das taxas de mortalidade.
O comportamento demográfico brasileiro A rápida e acentuada queda das taxas de mortalidade no Terceiro
(índices médios anuais - períodos intercensitários ) Mundo resultou de várias causas, tais como: progresso mundial da medi-
1872 1891 1901 1921 1941 1951 1961 1971 1981 cina e da bioquímica, urbanização dos países subdesenvolvidos, acompa-
a1890 a1900 a1920 a1940 a1950 a1960 a1970 a1980 a1991 nhada da melhoria das condições médico-hospitalares e higiênico-
Taxa de Natali- 46 46 45 44 43 43 39 33 27
dade (%o)
sanitárias, combate às doenças de massas etc.
Taxa de Mortali- 30 27 26 26 19 13 10 8 7,7 Por outro lado, a persistência de elevadas taxas de natalidade está re-
dade(%o) lacionada a fatores que dificultam a adoção de métodos artificiais de
Crescimento 1,6 1,9 1,9 1,9 2,4 3,0 2,9 2,5 1,9 controle da natalidade, como, por exemplo: influência religiosa, baixa
Vegetativo(%o)
escolaridade da população, pobreza, elevado contingente de população
Fonte: Censo Demografico de 1991 ( IBGE ) rural etc.

O quadro anterior também demonstra que houve um declínio gradati- Distribuição espacial e mobilidade
vo da natalidade a partir do final dos anos 60, que levou o país a uma A Região Nordeste caracterizou-se pela emigração durante todo o sé-
situação de desaceleração demográfica. culo XX, enviando trabalhadores para diversas atividades, como a cons-
Esse comportamento refletiu a urbanização da população brasileira e trução de Brasília na década de 1950, a expansão da economia urbano-
a difusão do planejamento familiar, que possibilitou à maioria da popula- industrial das grandes cidades do Sudeste entre 1950 e 1985, a ocupação
ção o acesso às práticas contraceptivas, como as pílulas anticoncepcio- da Amazônia na década de 1970.
nais, os Dispositivos Intra-Uterinos ( DIUs ), a laqueadura e a vasectomia.
É importante destacar que a urbanização e a ampliação da participa- Nos anos 90 constatou-se uma importante mudança neste padrão. O
ção da mulher no mercado de trabalho foram fatores decisivos para a nordestino está emigrando menos do que nas décadas anteriores, o
redução da natalidade, pois produziram uma drástica modificação no crescimento populacional desta região aumentou e hoje observamos um
movimento de retorno desta população em direção à sua região original.
Geografia 45
APOSTILAS OPÇÃO
Esse processo refletiu a crise econômica nacional da década de 1980, que ção de grãos. A produção de alimentos básicos, como milho, arroz e feijão
limitou as oportunidades de trabalho no sudeste do país, e a expansão da era voltado para a subsistência, e os poucos excedentes dirigidos ao
economia urbana nas grandes cidades nordestinas , que atualmente mercado eram insuficientes para formar uma forte cadeia do agronegócio
oferecem mais trabalho do que décadas atrás. dentro dos moldes hoje conhecidos.
Outro movimento importante corresponde ao deslocamento de popu- O notável crescimento da produção de grãos (principalmente da soja)
lações originárias dos estados do sul do país em direção à Amazônia. foi a força motriz no processo de transformação do agronegócio brasileiro
Este movimento não é recente, pois acompanhou a expansão da fronteira e seus efeitos dinâmicos foram logo sentidos em toda a economia. Inicial-
agrícola brasileira a partir do início dos anos 70, mas é interessante ob- mente surgiu um imenso parque industrial para a extração do óleo e do
servar que ele perdura até os dias atuais. Hoje podemos observar que farelo da soja e outros grãos. A disponibilidade de grande quantidade de
grande parte da população do estado de Rondônia é paranaense; a diás- farelo de soja e milho permitiu o desenvolvimento de uma moderna e
pora gaúcha também é destacada e encontra-se espalhada pelos estados sofisticada estrutura para a produção de suínos, aves e leite, bem como a
da Amazônia, do Centro-Oeste e na Bahia. instalação de grandes frigoríficos e fábricas para a sua industrialização.
A emigração dos sulistas pode ser explicada pela mecanização da Foi criado também um sistema eficiente de suprimento de insumos mo-
agricultura, que gerou o desemprego na zona rural; pelo processo de dernos (fertilizantes, defensivos, maquinários agrícolas etc) e uma rede de
concentração de terras , que acompanhou a modernização da agricultura distribuição que inclui desde as grandes cadeias de supermercados até os
e pelo esgotamento da estrutura fundiária da Região Sul , que dificulta o pequenos varejistas locais.
acesso à terra e impossibilita à população rural a prática da agricultura em Inicialmente calcado na expansão da área plantada, principalmente
sua própria região de origem. Como os sulistas querem continuar a viver nas regiões de fronteira, a partir da década de noventa o crescimento da
como agricultores , eles fazem a opção pelo deslocamento e passam a produção, em bases competitivas, passou a depender cada vez mais da
desenvolver esta atividade em outras regiões do país. adoção de novas tecnologias no processo produtivo.
Os movimentos migratórios dos anos 90 refletem a descentralização A política agrícola a partir de 1995 foi a de combinar, de forma eficien-
espacial das atividades econômicas, com a criação de novos polos de te, a utilização de instrumentos econômicos como o crédito rural e os
desenvolvimento. Com isto, é possível observar a constituição de um novo programas de suporte à comercialização com instrumentos estruturais
padrão, com movimentos populacionais de pequena distância, de caráter como a pesquisa agropecuária.
intra-estadual e intra-regional, o que contribui para a expansão do grupo O crédito rural oficial foi reformulado para estimular uma participação
das cidades médias, o que mais cresce no Brasil contemporâneo. maior do setor privado. As dívidas anteriores foram securitizadas e a
estrutura governamental de apoio à comercialização passou por profundas
C - O ESPAÇO RURAL: IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES AGRÍ- mudanças com a criação de instrumentos mais modernos e menos inter-
COLAS NA ECONOMIA, ESTRUTURA FUNDIÁRIA, POLÍTICA AGRÍ- vencionistas. Na pesquisa agropecuária foram adotadas várias medidas
COLA E MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA. para torná-la mais afinada com o mercado e portanto mais objetiva em
Importância das atividades agrícolas na economia termos de áreas a serem pesquisadas e de produtos a serem desenvolvi-
dos.
O desenvolvimento do agronegócio no Brasil acompanhou o cresci-
mento da produção de grãos, iniciado em larga escala a partir de meados Tal esforço foi decisivo para que o Brasil elevasse sua safra de grãos
da década de sessenta. Antes, a economia agrícola brasileira era caracte- de 73,5 milhões de toneladas, em 1995, para 98,3 milhões de toneladas,
rizada pelo predomínio do café e do açúcar. Pouca importância que se em 2001.A produção brasileira de grãos aumentou de 32%, no período,
dava ao projeto de se utilizar a imensa base territorial brasileira na produ- enquanto que o crescimento da área plantada foi de apenas 2,9%.

Produção Brasileira de Grãos (Mil Toneladas)


1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01
Algodão 761,6 524,0 763,4 923,8 1.187,4 1.521,9
Arroz 10.037,9 9.546,8 8.462,9 11.582,2 11.533,8 10.386,0
Feijão 2.992,7 2.969,0 2.206,3 2.870,8 3.079,8 2.587,1
Milho 32.644,6 36.166,8 30.187,8 32.417,2 31.640,8 41.535,2
Soja 23.189,7 26.160,0 31.369,9 30.765,0 31.886,6 37.218,3
Trigo 3.197,5 2.402,3 2.187,7 2.402,8 1.747,7 3.194,2
Outros 934,7 1.149,5 1.351,8 1.475,4 1.710,6 1.869,0
Total 73.758,7 78.918,4 76.529,8 82.437,2 82.786,7 98.311,7

Fonte:CONAB
O algodão, que com a abertura comercial muitos acreditavam ser um A soja teve um ganho de produtividade de 21% no período, alcançan-
produto com cultivo em extinção, foi o de melhor desempenho quanto a do 35% na Região Norte/Nordeste, graças às cultivares de soja adaptadas
produtividade, passando de 1.230 Kg/ha, em 1995/96, para 2.659 Kg/ha, às várias regiões do Brasil, principalmente aos Cerrados.
em 2000/01, com um incremento de 116% no período. Os ganhos no O feijão registrou um ganho de 20%, alcançando um incremento de
Norte/Nordeste foram ainda mais surpreendentes, chegando a 140% no 37% na Região Centro-Sul. A produtividade nas lavouras gaúchas aumen-
período. O lançamento da Cultivar BR 200 Marrom, algodão de fibra tou 43% graças as variedades criadas pela Embrapa. As atividades de-
colorida, cuja cotação da pluma é cerca de 30% superior à do algodão de senvolvidas beneficiaram 850 mil famílias gaúchas. Tecnologias desenvol-
pluma de coloração normal, traz grandes perspectivas para a agricultura vidas em parceria com outras instituições públicas de pesquisa se consoli-
familiar no Nordeste. Além disso, esta variedade de ciclo trienal poderá ser daram em sistemas de produção, aumentando em 68% a área de cultura
de grande importância estratégica para a convivência do pequeno produ- do feijão irrigado no Brasil.
tor com a seca. A Embrapa está fomentando a formação de consórcios de Finalmente, o trigo logrou um incremento médio de 8%, no período.
indústrias de confecção e de artesanatos, que estão exportando para a Outrossim, 28 variedades obtidas pela Embrapa estão plantadas em 55%
Europa coleções de moda e artesanato usando o algodão colorido como da área tritícola nacional, garantindo inclusive que a qualidade do produto
matéria-prima, com benefícios para todos os componentes da cadeia atenda às exigências do mercado.
produtiva.
O arroz logrou um incremento de 24%, com um ganho ainda mais no- Estrutura fundiária
tável na Região Centro-Sul, da ordem de 28%. Apenas com o ecossistema A estrutura fundiária é a forma como se organizam no espaço rural, o
de várzea, a Embrapa lançou 53 variedades de arroz. São grãos de alta conjunto das construções, as estradas, os riachos e as benfeitorias (me-
produtividade, resistentes às principais doenças e de excelente qualidade lhoramentos fundiários, plantações).
industrial e culinária.

Geografia 46
APOSTILAS OPÇÃO
Assume um papel fundamental nos resultados obtidos pelas explora- Cabe aqui, discutir um pouco do resultado deste processo. Tornou-se
ções agrícolas, devido à influência que tem no aproveitamento da mão de consenso que, o modelo modernizador-conservador evidenciou a não
obra, no rendimento das máquinas agrícolas e na diversificação das necessidade da reforma agrária, para o desenvolvimento da agricultura.
opções produtivas. Isto é, parcialmente, verdadeiro. Obviamente que, para os grandes produ-
A questão agrária tem permeado a vida nacional e esteve presente tores, isto foi uma verdade incontestável. Mas, hoje, os assistimos a
em todos os clamar não mais por algum incentivo público, mas, dramaticamente, elo
seus momentos, vindo a constituir-se em um dos fatores determinan- perdão das dívidas. Para o país, como um todo, a contabilidade está a
tes dos rumos tomados pelo país. indicar um sinal negativo. O custo da marginalidade urbana é, certamente,
A ocupação colonial foi caracterizada pelo regime de sesmarias, da maior do que o custo do inédito programa de reforma agrária implementa-
monocultura e do trabalho escravo, fatores estes que, conjugados, deram do por este governo. Essa marginalidade, do custo referido, compromete a
origem ao latifúndio, propriedade rural sobre a qual centrou-se a ocupação qualidade de vida de todos os segmentos urbanos.
do espaço agrário brasileiro. Este quadro é tão verdadeiro que, já no final da década de 70, Ignácio
Ao longo deste secular processo, ciclos bem definidos podem ser des- Rangel clamava por uma reforma agrária que, pelo menos, contemplasse
tacados, lembrando que a cada um sempre esteve associado uma forma as carências da marginalidade urbana, reorganizando os núcleos familia-
particular de latifúndio. res.
Inicialmente, ocorre a extração do pau-brasil, caracterizada pelo es- A avaliação da estrutura agrária brasileira, tanto sob a ótica do INCRA
cambo entre o índio e o colonizador português. Esta fase estendeu-se por que, como anteriormente ressaltado, identifica a distribuição do espaço
aproximadamente trinta anos. A exploração da madeira entretanto, esteve agrário segundo seus detentores, como sob a visão do Instituto Brasileiro
presente durante todo o período colonial. de Geografia e Estatística-IBGE, cujo dado reflete a ocupação deste
A seguir, quando do início da ocupação efetiva do território brasileiro espaço pelos produtores, evidencia o elevado grau de concentração da
por Portugal, é instituído o regime das Sesmarias e adotado o sistema de terra em ambas as situações, ainda que pesem as diferenças conceituais.
capitanias hereditárias, sendo a produção do açúcar a atividade econômi-
ca imperante. Saliente-se o fato de que já nesse período era patente a PERFIL DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA NO BRASIL: CARACTERI-
preocupação de entregar a terra a quem se dispusesse a lavrar e a seme- ZAÇÃO GERAL
ar. Fruto, em parte, de seu passado de ocupação colonial e, pela sua
Com o surgimento da pecuária, atividade adequada à promoção da forma de ocupação recente, o Brasil apresenta uma estrutura fundiária
ocupação das áreas interioranas, a tendência à formação de imensos extremamente concentrada, vista com uma abrangência nacional, mas
latifúndios foi acentuada e gerou o denominado latifúndio pastoril. geograficamente muito diferenciada, tanto em seu uso, como em sua
A cultura do café, com toda sua representatividade econômica desen- posse, quando analisada pelas suas grandes regiões. Dois exemplos dão
cadeou uma onda de concessão de sesmarias, disseminando a presença uma ideia desta diferenciação regional. Um primeiro nos diz que, o Rio
do latifúndio nas regiões sudeste e sul. A pequena propriedade, surge Grande do Sul tem 18,6 milhões de hectares cadastrados, enquanto
somente com a chegada dos imigrantes europeus, no sul do país. Rondônia tem, somente, 4,9 milhões de hectares cadastrados. Um outro,
Assim, a divisão da denominada "grande fazenda d’el Rey" em aproxi- no mesmo sentido, nos diz que na região Sul estão 35,5% dos imóveis
madamente três milhões de imóveis rurais, hoje cadastrados junto ao Siste- rurais do Brasil, ocupando uma área equivalente a, tão somente 12,8%, da
ma Nacional de Cadastro Rural-SNCR, decorreu da confluência de elemen- área cadastrada e, 6,8% da superfície do País.
tos de natureza econômica, política, demográfica e legal, responsáveis por Estas diferenças regionais foram sendo escritas durante toda a histó-
um complexo processo, que teve início com a inserção das relações de ria da ocupação deste país. A região Nordeste e a parte mais litorânea da
trabalho e de exploração econômica existentes no velho mundo, em uma região Sudeste, começaram a ser colonizadas desde o descobrimento do
terra povoada por coletividades indígenas que ainda viviam na pré-história. Brasil. Já a região Sul e Minas Gerais tiveram sua ocupação iniciada no
Nos últimos tempos, a questão da reforma agrária ganhou considerá- século XVIII. De outra parte, o Paraná e Santa Catarina foram ocupados, e
vel impulso, decorrência tanto das pressões sociais, como de iniciativas de forma diferenciada estadualmente, entre o fim do século passado e a
governamentais que pretendem modificar o perfil da estrutura fundiária primeira metade deste século. Do mesmo modo, e como extensão desta
brasileira, por meio da desapropriação e da redistribuição de terras. ocupação, Mato Grosso do Sul e o oeste de São Paulo são ocupados nos
A partir de 1960, verifica-se uma revolução no campo, com a incorpo- anos 30 e 40.No Centro Oeste, o Mato Grosso, teve sua área titulada nos
ração de novas tecnologias à atividade rural, o que, dentre outras conse- anos 70, mas Mato Grosso, mantém-se vazio até hoje, enquanto Goiás
quências, incrementou sobremaneira a produtividade tanto na agricultura recebe o fluxo dos grãos, vindos do Sul.
como na pecuária. No Norte, temos uma ocupação do início do século, com o ciclo da
A penetração capitalista no campo, a partir da década de 60, se deu borracha, nos estados do Pará e Amazonas. Os outros, mantém-se como
através do "modelo prussiano", que se caracteriza pela transição da território até a Constituição de 1988. Rondônia e Acre sofreram uma
grande propriedade improdutiva para a grande empresa capitalista e pela experiência colonizadora, por parte do INCRA, nos anos 70, resultando-os
exclusão da maioria das pequenas e médias propriedades. O cerne deste muito diferenciados do resto da região Norte. Roraima e Amapá continuam
modelo é a modernização conservadora, que tem como pilar modernizar a vazios. A porção abandonada de Goiás deu origem ao estado do Tocan-
grande propriedade, com a consequente manutenção de uma estrutura tins, recentemente incorporado à região Norte, passando por uma política
fundiária concentrada; exigindo-se qualidade e produtividade, que estão de atração de investimentos e fluxos migratórios, para poder desenvolver-
atreladas à adubação química e mecanização, tendo em vista o mercado se.
externo e as demandas da indústria nacional, as quais passaram a deter- Mesmo o Nordeste, citado como de ocupação mais antiga é uma re-
minar o perfil da agricultura brasileira. gião bastante heterogênea se analisada do ponto de vista físico. Podemos
Neste processo de desenvolvimento, não foi previsto um espaço para definir quatro grandes zonas: o meio-norte, a zona da mata, o agreste e o
a incorporação da pequena e da média propriedade que, sem qualquer sertão.
diretriz de política econômica a seu favor, sofreram um processo de espo- O meio-norte envolve os estados do Maranhão e Piauí, predominando
liação maior do que o normal, pois, excluídos de crédito e de comerciali- características de região amazônica. A zona da mata se localiza próxima
zação, se fragilizaram, dando origem ao grande êxodo rural ocorrido nas do litoral e se estende desde o Rio Grande do Norte até a Bahia. O agres-
décadas de 70 e 80, após a consolidação deste modelo. te, faixa de transição entre a zona da mata e sertão, que se caracteriza
O problema fundiário, mantido pela modernização conservadora, foi, à pelas chuvas esparsas e secas periódicas.
época, agravado pelo incentivo a especulação fundiária (Fundo 157, Do ponto de vista da ocupação, diferencia-se a região conhecida co-
Contrato de Alienação de Terras Públicas-CATP) incentivada pelo mesmo mo meio-norte e oeste baiano. Esta região teve uma ocupação mais
governo que modernizou a grande propriedade, só que agora, em dimen- recente, com distribuição de terras públicas superposta à posse existente,
sões capitalistas em ambos os sentidos ou seja, grandes extensões, para onde a questão fundiária é mais sensível, antepondo posseiro a "grileiros
grandes grupos econômicos, que sem vinculação com a atividade rural, legais". Exceção é feita ao Oeste da Bahia que, só nos anos 80, começa a
ocuparam a ex-futura fronteira agrícola das regiões Norte e Centro-Oeste. receber o fluxo dos grãos, a semelhança da região de Balsas, no sul do
Maranhão, que passa a ser ocupada nos anos 90. já é possível adiantar

Geografia 47
APOSTILAS OPÇÃO
que, a próxima estação do fluxo dos grãos, está localizado no norte de Modernização da agricultura
Mato Grosso, de Rondônia a Tocantins, com a inclusão de ambos. A busca do incremento da produção e da produtividade agrícola no
bojo da chamada "revolução verde", em curso nos países desenvolvidos,
A superfície de nosso território é de 854,0 milhões de hectares, en- constituiu o mote econômico principal para a deflagração da modernização
quanto a área constante do cadastro do INCRA/92, totaliza 310,0 milhões agrícola no país.
de hectares, ou seja, 36,7% da superfície total. É importante entender, que Diversamente do que ocorria com os complexos rurais, o caráter natu-
neste total de área cadastrada, não estão incluídas as terras públicas, ral e artesanal da produção passa a dar lugar à tecnificação das atividades
exceção de cerca de 2,0 milhões de hectares em Roraima e 2,0 milhões agrícolas pela via de suas progressivas mecanização e quimificação.
no Pará. Isso porque, a partir de 92, o INCRA criou um Cadastro de Terras Altera-se, portanto, a própria maneira de produzir e incluem-se novos
Públicas, com formulário próprio (DTP), dando maior transparência a seus produtos à pauta da produção agrícola e, ainda, novas variedades mais
Cadastro. Esta área cadastrada é ocupada por 2.924.204 imóveis rurais. especializadas desses produtos passam a ser incorporadas ao processo
Quando olhamos o dado que indica que apenas 36,7% da superfície do produtivo.
Brasil é ocupada e cadastrada, com imóveis rurais, é preciso ponderar as Nas suas primeiras etapas, a modernização desenvolve-se com o
diferenças regionais. Assim, a região Norte, que representa 45,0% da concurso das importações de tratores e insumos químicos, fato que findou
superfície do País, tem uma relação área cadastrada/superfície, de ape- limitando esse processo, nesta fase inicial, à capacidade de exportação do
nas 15,0%, enquanto a região Sul, que tem uma relação área cadastra- país.
da/superfície de 70,0%, representa apenas 6,7% da superfície do Brasil. Ainda que, desde essa fase, os determinantes da dinâmica da agricul-
tura deslocassem progressivamente para o plano do mercado interno, já
Política Agrícola em moderada expansão, ao contrário, portanto, do que ocorria com os
A respeito da política agrícola brasileira, veja o que nos diz a Consti- complexos rurais, a modernização da base técnica da produção mantinha-
tuição Federal: se condicionada ao setor externo.
Artigo 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da Esse fato permanece com tal configuração até a implantação e o de-
lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produto- senvolvimento, no país, das indústrias mecânica e química, o que ocorre a
res e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de partir da segunda metade da década de 1950 no bojo da política de substi-
armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: tuição de importações. A partir de então, a modernização da agricultura
I - os instrumentos creditícios e fiscais; passa a ser condicionada endogenamente, potencializado assim, a sua
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de ampla massificação, como acabou ocorrendo.
comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Modernização e Industrialização da Agricultura e, Formação dos
IV - a assistência técnica e extensão rural; Complexos Agroindustriais
V - o seguro agrícola; Deve-se diferenciar o processo de modernização (pós-guerra, até
VI - o cooperativismo; meados da década de 1960), da fase seguinte de industrialização da
VII - a eletrificação rural e irrigação; agricultura (meados da década de 1960 a meados da década de 1970),
VIII - a habitação para o trabalhador rural. bem como, do período mais recente de formação/consolidação dos com-
§ 1.º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroindustri- plexos agroindustriais (pós-1975).
ais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2.º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de refor- É comum tratar-se os processos de industrialização da agricultura e
ma agrária. de formação dos complexos agroindustriais como estágios diferenciados
do processo de modernização. A rigor, não é bem assim.
Artigo 188. Como já referimos antes, a modernização veio alterar a base técnica
A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com da produção agrícola nacional e, subjacentemente, contribuir decisivamen-
a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. te, para a formação de um amplo mercado interno no país como estratégia
§ 1.º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas para a viabilização do desenvolvimento industrial, em curso. Ao transferir o
com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou fornecimento de máquinas e insumos, do interior das unidades produtivas
jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação - como ocorria nos complexos rurais - para outros setores, a moderniza-
do Congresso Nacional. ção veio concorrer para o desenvolvimento da indústria de bens de capital
§ 2.º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou e insumos agrícolas.
as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária. "O longo processo de transformação da base técnica chamado de
modernização, culmina na própria industrialização da agricultura.
Artigo 189.
Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária Três transformações básicas diferenciam a modernização da agricul-
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo tura desse processo de industrialização. Primeiro, não se trata apenas de
prazo de dez anos. usar crescentemente insumos modernos, mas também - e principalmente -
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão con- , de mudar as relações de trabalho. Mesmo com a modernização havia
feridos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do espaço para a pequena produção independente onde o proprietário (ou o
estado civil, nos termos e condições previstos em lei. parceiro ou arrendatário), utilizando insumos modernos, seguia produzindo
de maneira artesanal. Ele modernizava seu processo de produção e
Artigo 190. estabelecia uma nova divisão de trabalho dentro da família.
A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade Na agricultura industrializada, a relação de trabalho é basicamente
rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que uma relação de trabalho coletivo (cooperativo); não há mais o trabalhador
dependerão de autorização do Congresso Nacional. individual, há um conjunto de trabalhadores assalariados que trabalham
coletivamente ou cooperativamente numa determinada atividade.
Artigo 191.
Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua O trabalhador não mais cuida do plantar ou colher: ele se especializa;
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em são turmas que plantam, são turmas que colhem. Existe uma divisão de
zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por trabalho, como uma posição dentro da empresa para o trabalhador braçal,
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a para o trabalhador técnico com diferentes níveis de qualificação, mas é um
propriedade. trabalho coletivo. A segunda mudança qualitativa é a mecanização. A
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- modernização da agricultura brasileira no pós-guerra é basicamente pelo
capião. trator, que passa de substituto da força animal para substituto da mão do
homem, da força de trabalho. Aí há então um salto qualitativo no processo

Geografia 48
APOSTILAS OPÇÃO
de produção: as atividades passam a ser mecanizadas não mais em quanto a urbana, ou às vezes mais que a população das cidades. A urba-
função da substituição da força física, mas substituindo, por exemplo, a nização só começa de fato a existir quando a indústria se torna o setor
habilidade manual substituindo a destreza do trabalhador. Este salto mais dinâmico da economia, fato esse que só aconteceu plenamente no
qualitativo no processo de modernização da agricultura brasileira ocorre século XX.
nos anos 60, quando se introduz a mecanização de todo o processo Afirma-se comumente que a urbanização brasileira não é uma decor-
produtivo, do plantio à colheita (inclusive carregamento e transporte) e à rência direta da industrialização, que não gera emprego em número sufici-
mecanização dos tratos culturais se soma à quimificação. A terceira ente para o grande volume do êxodo rural e que provoca, assim, o de-
transformação que muda qualitativamente o processo de modernização da semprego e o subemprego em grande escala nas cidades. De fato, quan-
agricultura brasileira nos anos 60 é a integralização do D1, ou seja, dos do comparamos a urbanização do Brasil com a que ocorreu nos países
setores produtores de insumos, máquinas e equipamentos para a agricul- capitalistas desenvolvidos na época da Revolução Industrial, verificamos
tura. Com a implantação da indústria de base (siderurgia, petroquímica, que aqui o setor secundário ou industrial absorveu menos mão-de-obra. E
borracha, plásticos, química fina, bioquímica, etc) nos anos 50-60, os que também aqui o setor terciário se tornou hipertrofiado, ou "inchado",
setores que produzem insumos modernos, máquinas e equipamentos para sendo pouco capitalizado e com atividades de pequeno porte que podem,
agricultura foram internalizados no país e, a partir daí, a capacidade de muitas vezes, até ser classificadas como subemprego. Isso se explica ao
modernização da agricultura passou a ser endógena. grande número de vendedores ambulantes, aos guardadores e lavadores
É a partir dessas três transformações que ocorrem nos anos 60 que o de carros nas ruas, a quantidade excessiva de empregadas domésticas
processo de modernização da agricultura brasileira se torna irreversível etc.
iniciando-se assim a industrialização da agricultura." (Ângela Kageyama e No Brasil, assim como em outros países de industrialização tardia,
outros). essa tecnologia importada agravou o problema de desemprego e subem-
prego, já que o declínio das taxas de natalidade é bem mais recente e
No período que se inicia em meados da década de 1970, são fixadas menos acentuado do que nos países onde ela foi elaborada.
as condições para a fase de criação/consolidação dos Complexos Agroin-
dustriais - CAIs). Tendências recentes
A partir da constituição dos CAIs, favorecida pelas condições vigentes Apesar das diferentes taxas regionais de urbanização apresentadas
no mercado internacional para várias commodities agrícolas, a agricultu- na tabela abaixo, podemos afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbaniza-
ra passa a constituir basicamente num ramo da indústria. do. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices
de população urbana vêm aumentando sistematicamente em todo o país
Das sementes e das matrizes a serem utilizadas na agropecuária,
ao ponto de a Região Norte, a menos urbanizada, apresentar o significati-
passando pelo fornecimento de máquinas e insumos, até a determinação
vo índice de 59% de população urbana. Desde os primórdios do processo
do que e, em que escala produzir e, a que preços, tudo enfim que envolve
de povoamento, as cidades se concentravam na faixa litorânea, mas, a
os agregados do processo produtivo agrícola passa a ser ditado, em
partir da década de 60, passaram por um processo de dispersão espacial,
última instância, pela dinâmica industrial.
à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas
Há, portanto, o estreitamento absoluto das interconexões industriais, à atividades agropecuárias.
montante e à jusante, do processo produtivo agrícola, conduzindo assim, à
crescente subordinação da agricultura à indústria. BRASIL: TAXA DE URBANIZAÇÃO POR REGIÕES (%)
Região 1950 população 1970 população 1995 população
Já não são mais os capitais originalmente agrários que hegemonizam
urbana urbana urbana
a composição do PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário. São, agora, os
Sudeste 44,5 72,7 88,33
capitais financeiros e industriais que se territorializaram no bojo do modelo Sul 29,5 44,3 77,26
econômico implantado nos anos 60, que levou à consolidação do padrão Nordeste 26,4 41,8 63,00
de desenvolvimento agrícola em consideração. Centro-Oeste 24,4 48,0 81,33
É evidente que o Estado foi o grande artífice e operador desse pro- Norte 31,5 45,1 N/d
cesso de transformação da base de organização da estrutura produtiva da Brasil 36,2 55,9 78,98
agricultura brasileira ao longo do período considerado. Isto se deu, via a (Anuário Estatístico do Brasil, 1994./PNAD, 1995.)
instrumentalização de um conjunto de instrumentos incentivadores da
agricultura capitalista em escala (crédito subsidiado, proteção do mercado Atualmente, em lugar da velha distinção entre população urbana e ru-
ral, usa-se a noção de população urbana e agrícola. É considerável o
interno, incentivos especiais aos produtos exportáveis, incentivos fiscais),
número de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas
por sua vez, indutores da expansão industrial, no campo.
cidades. As greves dos trabalhadores boias-frias acontecem nas cidades,
o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que nasceram e cresceram
D - A URBANIZAÇÃO: TENDÊNCIAS RECENTES, METROPOLI-
em áreas do país que têm a agroindústria como mola propulsora das
ZAÇÃO E PROBLEMAS URBANOS.
atividades econômicas secundárias e terciárias.
Urbanização
É comum ocorrer em alguns livros e revistas o equívoco de se con- Em virtude da modernização do campo, verificada em diversas regi-
fundir urbanização com crescimento urbano, que na realidade são dois ões agrícolas, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que
processos distintos. encontram nas grandes cidades o seu único refúgio. Como as indústrias
O crescimento urbano ou das cidades pode existir sem que, necessa- absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresenta um
riamente, haja uma urbanização. Esta última só ocorre quando o cresci- lado moderno, que exige qualificação profissional, e outro marginal, que
mento urbano é superior ao normal, ou seja, quando há migrações rural- remunera mal e não garante estabilidade, a urbanização brasileira vem
urbana e a população das cidades aumenta proporcionalmente em relação caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração
à população do campo. crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos.
Em alguns países desenvolvidos, como a Inglaterra, a urbanização já Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços, têm acesso a
cessou, passando a ocorrer apenas o crescimento urbano. Aí, a popula- serviços de infraestrutura precários (saneamento básico, hospitais, esco-
ção urbana já chegou aos 83% do total e prevalece um equilíbrio, com las, sistema de transporte coletivos etc.). O espaço urbano, amplamente
uma visível diminuição da migração rural-urbana, que, por vezes, chega dominado pelos agentes hegemônicos, que impõem investimentos direci-
até a ser inferior à migração urbana-rural. A urbanização, portanto, tem um onados para seus interesses particulares, está organizado tendo em vista
limite, um ponto final, ao passo que o crescimento das cidades pode o tráfego de veículos particulares, a informação, a energia e as comunica-
continuar a ocorrer indefinidamente. ções, relegando os investimentos sociais e, assim, excluindo os pobres da
Dessa forma, é errado falar-se em urbanização no Brasil durante a modernização. O espaço urbano, quando não oferece oportunidades,
época colonial, quando existia de fato um crescimento de cidades mas multiplica a pobreza.
não uma urbanização, na medida em que a população rural crescia tanto
Geografia 49
APOSTILAS OPÇÃO
Metropolização Paulo, no Rio de Janeiro e em outras cidades do país. Muitas favelas são
Apenas a partir da década de 40, juntamente com a industrialização e desmanchadas para dar lugar a construção de algum edifício no terreno;
a instalação de rodovias, ferrovias e novos portos, integrando o território e em alguns casos parte da população favelada acaba indo residir em
o mercado, é que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até conjuntos habitacionais feitos com recursos públicos, mas o aparecimento
então, o Brasil era formado por "arquipélagos regionais" polarizados por de novas favelas e o aumento das já existentes sempre superam o final de
suas metrópoles e capitais regionais. As atividades econômicas, que algumas. O mesmo ocorre com os cortiços, moradias pobres onde se
impulsionam a urbanização, desenvolviam-se de forma independente e amontoam várias pessoas num espaço reduzido, e que também tiveram
esparsa pelo território. A integração econômica entre São Paulo (região seu número multiplicado nas últimas décadas. Além disso, essas popula-
cafeeira), Zona da mata nordestina (cana-de-açúcar, cacau e tabaco), ções transferidas de favelas ou cortiços para grandes conjuntos habitacio-
Meio-Norte (algodão, pecuária e extrativismo vegetal) e região Sul (pecuá- nais quase sempre acabam retornando à vida em favelas ou cortiços (ou,
ria e policultura) era extremamente frágil. Com a modernização da econo- às vezes, em casas precárias na periferia), pois o aumento das prestações
mia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, da moradia é sempre superior aos salários. Assim, nas últimas décadas,
depois, incorporou o Nordeste e mais, recentemente, também o Norte e o foi sempre comum que os conjuntos habitacionais construídos para abri-
Centro-Oeste. garem populações de baixa renda acabassem ficando em poder da classe
Assim, desde a década de 40, havia forte tendência à concentração média.
urbana em escala regional, que deu origem a importantes polos. Estes
encontravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o E - A INDÚSTRIA: IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE INDUSTRIAL NA
poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Forta- ECONOMIA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL; A INDÚSTRIA E A ORGANI-
leza, recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba ZAÇÃO DO ESPAÇO.
e Porto Alegre, todas as capitais de estados e, posteriormente, reconheci- Processo de expansão industrial ocorrido no Brasil nas décadas de 40
das como metrópoles. Essas cidades abrigavam, em 1950, aproximada- e 50. A partir da segunda metade dos anos 50, o setor passa a ser o
mente 18% da população do país; em 1970 cerca de 25% e, em 1991, carro-chefe da economia do país.
mais de 30%. Os primeiros esforços para a industrialização do Brasil vêm do Impé-
A partir da década de 40, à medida que a infraestrutura de transportes rio. Durante o Segundo Reinado (1840-1889), empresários brasileiros
e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a como Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, e grupos estran-
tendência à concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, geiros, principalmente ingleses, investem em estradas de ferro, estaleiros,
atingindo o país como um todo. Assim, os grandes polos industriais da empresas de transportes urbanos e gás, bancos e seguradoras. A política
região Sudeste, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, passaram econômica, porém, privilegia a agricultura exportadora. Beneficiadas pelo
a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não investimento de parte das rendas do café e da borracha, as atividades
acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram me- industriais limitam-se a marcenarias, tecelagens, chapelarias, serrarias,
trópoles nacionais. Essas duas cidades, por não atenderem às necessida- moinhos de trigo, fiações e fábricas de bebidas e conservas . Metalúrgicas
des de investimento em infraestrutura urbana, tornaram-se centros caóti- e fundições são raras. O país importa os bens de produção e parte dos
cos. Após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, até bens de consumo.
meados da década de 70, o governo federal concentrou investimentos de Indústria de base - Os efeitos da crise de 1929 sobre a agricultura ca-
infraestrutura industrial (produção de energia e implantação de sistema de feeira e as mudanças geradas pela Revolução de 1930 modificam o eixo
transportes) na região Sudeste, que, em consequência, se tornou o gran- da política econômica, que assume um caráter mais nacionalista. Já em
de centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região 1931, Getúlio Vargas anuncia a determinação de implantar uma "indústria
recebeu eram, em sua esmagadora maioria, constituída por trabalhadores de base". Com ela, o país poderia produzir insumos e equipamentos
desqualificados e mal remunerados, que foram se concentrando na perife- industriais e reduzir sua importação, estimulando a produção nacional de
ria das grandes cidades, em locais totalmente desprovidos de infraestrutu- bens de consumo. As medidas concretas para a industrialização, contudo,
ra urbana. são tomadas durante o Estado Novo, em 1937.
Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precarie- As dificuldades causadas pela 2ª Guerra Mundial (1939-1945) ao co-
dade do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda mércio mundial favorecem essa estratégia de substituição de importações.
a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles. Atualmen- Em 1943, é fundada no Rio de Janeiro a Fábrica Nacional de Motores. Em
te, 65% dos habitantes da Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro 1946, começa a operar o primeiro alto-forno da Companhia Siderúrgica
moram em cortiços, favelas, loteamentos clandestinos ou imóveis irregula- Nacional (CSN), em Volta Redonda, no estado do Rio. A Petrobras, que
res. detém o monopólio da pesquisa, extração e refino de petróleo, é criada em
outubro de 1953. Todas elas são empresas estatais.
A partir de então, durante as décadas de 70 e 80, essas duas metró- Anos JK - O nacionalismo da era Vargas é substituído pelo desenvol-
poles passaram a apresentar índices de crescimento populacional inferio- vimentismo dos anos JK (governo Juscelino Kubitschek , de 1956 a 1961).
res à média brasileira. Em todas as metrópoles regionais, exceto Recife, O governo implanta uma política tarifária protecionista. Amplia os serviços
foram verificados índices superiores a essa mesma média. No Centro-Sul de infraestrutura, como transportes e fornecimento de energia elétrica,
do país, as cidades estão plenamente conectadas, o que intensifica a atraindo grandes investimentos de capital estrangeiro. Com os investimen-
troca de mercadorias, informações e ordens entre a população e os agen- tos externos estimula a diversificação da economia nacional, aumentando
tes econômicos. Já nas regiões mais atrasadas, a conexão entre as a produção nacional de insumos, máquinas e equipamentos pesados para
cidades é esparsa e a relação de troca é incipiente. mecanização agrícola, fabricação de fertilizantes, frigoríficos, transporte
ferroviário e construção naval. A industrialização consolida-se com a
Problemas urbanos implantação da indústria de bens de consumo duráveis, sobretudo eletro-
O processo de urbanização no Brasil, fruto de uma industrialização domésticos e veículos, com o efeito de multiplicar o número de fábricas de
tardia ou retardatária, realizada num país de capitalismo dependente ou peças e componentes. No início dos anos 60, o setor industrial supera a
subdesenvolvido, trouxe uma série de problemas que não surgiram (ou média dos demais setores da economia brasileira.
então surgiram, mas com intensidade bem menor) nas cidades dos países
"Milagre econômico" - O desenvolvimento acelera-se e diversifica-se
desenvolvidos. Esses problemas urbanos normalmente estão relacionados
no período do chamado "milagre econômico" (1968-1974). A disponibilida-
com o tipo de desenvolvimento que vem ocorrendo no país há várias
de externa de capital e a determinação dos governos militares de fazer do
décadas, no qual, por um lado, aumenta a riqueza de uma minoria e, por
Brasil uma "potência emergente" viabilizam pesados investimentos em
outro, agrava-se a pobreza da maioria dos habitantes.
infraestrutura (rodovias, ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidre-
Um desses problemas é a moradia. Enquanto em algumas áreas das
létricas, usinas nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderur-
grandes cidades brasileiras surgem ou crescem novos bairros ricos, com
gia), de transformação (papel, cimento, alumínio, produtos químicos,
residências moderníssimas, em outras, ou, às vezes, até nas vizinhanças,
fertilizantes), equipamentos (geradores, sistemas de telefonia, máquinas,
multiplicam-se as favelas, os cortiços e demais habitações precárias. Nas
motores, turbinas), bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) e na
últimas décadas ocorreu um aumento da população favelada em São

Geografia 50
APOSTILAS OPÇÃO
agroindústria de alimentos (grãos, carnes, laticínios). Em 1973, a econo- BASE DE DADOS.
mia apresenta resultados excepcionais: o Produto Interno Bruto (PIB) Os dados foram extraídos do BEN/97 e registram a evolução da de-
cresce 14%, e o setor industrial, 15,8%. manda de energia elétrica pelo setor industrial. Como a geração elétrica
Já em meados dos anos 70, a crise do petróleo e a alta internacional no Brasil é de base hídrica, o que restringe o comércio de energia com
nos juros desaceleram a expansão industrial. Inicia-se uma crise que leva outros países, podemos considerar o sistema de geração e de uso da
o país, na década de 80, ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e ao eletricidade como sendo isolado, nos termos das restrições estabelecidas
descontrole da inflação. O Brasil mergulha numa longa recessão que na dedução probabilística da lei logística ( E&E, número 1). Repetindo o
praticamente bloqueia a industrialização. No início dos anos 90, a produ- algoritmo já aplicado em outros estudos, calculam-se as demandas mé-
ção industrial é praticamente a mesma de dez anos atrás. Indicadores dias em intervalos de tempo uniformes, suficientemente longos para alisar
sociais - Sustentada na urbanização e em um modelo industrial, a moder- os dados e suficientemente curtos para se dispor de amostra estatistica-
nização da economia brasileira é conservadora. Apesar de deixar de ser mente representativa. A contabilidade energética sistemática no Brasil é
apenas um país agrário, exportador de alimentos e matérias-primas, e de relativamente recente (o Balanço Energético Nacional começou a ser
desenvolver uma apreciável base industrial e tecnológica, há uma grande editado em 1970), de forma que, para satisfazer os requisitos da metodo-
distorção na distribuição de renda. logia, foram usadas as taxas trienais de variação da demanda. Com séries
A política industrial favorece alguns setores, como os de bens de capi- históricas mais longas é possível elaborar projeções mais "lisas" como no
tal e bens de consumo durável. Ao mesmo tempo, concentra os investi- caso da reserva de petróleo apresentada em número anterior da E&E. O
mentos nas regiões Sul e Sudeste, principalmente em setores geradores ajuste das taxas calculadas à equação diferencial da lei logística dN/dt = a
de empregos e com efeito multiplicador da economia. No Nordeste os N ( N* - N ) em que N é a demanda do ano mediano do intervalo conside-
investimentos limitam-se a setores de consumo não-durável, como a rado , dN/dt é a taxa média de variação da demanda no intervalo e N* é o
indústria têxtil, que não tem um efeito dinâmico sobre a economia.O valor máximo da demanda, permite determinar a demanda máxima dentro
resultado é um alargamento das diferenças econômicas entre as regiões do modelo de desenvolvimento em exame. Se a taxa média de variação
geográficas brasileiras e, dentro de cada região, entre as classes sociais. se ajusta à lei parabólica, pode-se calcular a demanda final como o dobro
A situação torna-se crítica sobretudo nas áreas de saúde pública, habita- da demanda na qual ocorre o máximo da taxa de crescimento da mesma (
ção, alimentação e educação. vd. E&E, n0 1 ).
Os dados elaborados a partir do BEN estão registrados na tabela se-
Importância da atividade industrial na economia guinte:
Em tempos de crise, aumenta o desejo de se prever o desenvolvimen- ANO MEDIANO 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1992
to da atividade econômica. O problema é especialmente importante para DEMANDA Twh 29,5 43,5 62,0 71,5 96,5 110 115 125
países que têm potencial para desenvolver atividades diversificadas, como TAXA TRIENAL
é o caso do Brasil que, dispondo de extensão continental, recursos ocio- 3,88 5,86 4,52 6,50 5,93 2,47 3,40 2,25
Gwh/a
sos de mão de obra não qualificada, ou escassamente qualificada, sofre
de carência crônica de capital. Portanto, é o caso de se discutir os possí-
veis modelos de desenvolvimento.
O sucesso das economias industrializadas desperta tendências de
mimetização que talvez não se justifiquem à vista da mudança contínua do
ambiente em que se dá a produção. Na década de 50, o Presidente Jus-
celino Kubistcheck , entendendo que o país deveria se industrializar para
proporcionar melhores condições de vida para o povo, lançou um progra-
ma de metas apoiando-o em ambicioso programa de geração de energia
elétrica. Os anos JK ainda despertam saudades em amplos setores da
sociedade e vários Presidentes tentaram reavivar a mística do desenvol-
vimento pela via industrial. O modelo industrial fez crescer o PIB à taxa
média de 5,4% ao ano, entre 1960 e 1990, mas produziu alguns resulta-
dos indesejados, como a concentração aguda de renda, a urbanização
além dos limites permitidos pela infraestrutura de nossas cidades e a
perda de qualidade de vários serviços públicos, como os de educação e
de saúde. Retomar o modelo exigiria a reavaliação do ambiente econômi-
co mundial.
Se aceitarmos a premissa de Marx, de que os modos de produção de-
terminam a organização da sociedade, caberia investigar se os nossos O ajuste parabólico dos dados da tabela está mostrado no gráfico
problemas sociais não estariam relacionados, de alguma forma, com o acima.
modelo de desenvolvimento industrial, e exacerbados pelo desejo de Apesar do pequeno número de dados, vê-se que o ajuste é razoável
"inserção competitiva na economia global". Para tanto, faltam-nos capital e (r= 0,838), permitindo usar o indicador de demanda de eletricidade para
educação técnica (reconhecida como um modo de capitalização), enquan- um exame exploratório da perspectiva de desenvolvimento.
to sobram terras cultiváveis e pessoas desejosas de encontrarem uma A taxa de variação da demanda é máxima para a demanda de cerca
forma de sobreviver dignamente, à custa do próprio trabalho. Discutir a de 69 TWh/a, de forma que N*= 138 TWh/a. Determinado este parâmetro,
viabilidade do modelo industrial é, portanto, uma questão central para a pode-se prever a evolução da demanda através do ajuste dos dados
condução de nossa sociedade. observados à função integral que é a função N = N* / (1 + k e - a N* t ),
É da tradição dos modelos econômicos usar indicadores do volume sendo k uma constante de integração a ser determinada para se comple-
da produção. A demanda de energia elétrica é um indicador interessante tar a projeção . Usando os pares de valores de N e t, calculam-se os
por representar, ao mesmo tempo, uma medida da quantidade e da quali- valores de k correspondentes aos pontos observados e finalmente toma-
dade da demanda, de vez que os processos de produção modernos, se o valor médio de k para concluir a projeção (resultados abaixo)
exigindo controles estritos, são cada vez mais dependentes da eletricida- ANO 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994... 2000 2010 2020
de. Assim, propomos o exame das perspectivas da indústria brasileira,
N observ. 29,5 42,5 62,0 71,0 96,0 110 115 125 - - -
usando como indicadores a demanda de energia elétrica, indicadores de
volume de produção e de participação do produto industrial no PIB. Com N ajuste 29,0 42,3 58,3 75,5 92,0 106 117 124 133 136 137
os dados do Balanço Energético Brasileiro (versão 1997) e a metodologia
de projeção logística, já apresentada em edições anteriores da E&E , Conforme se depreende do gráfico abaixo, a demanda tenderá assin-
procura-se delimitar o horizonte de desenvolvimento econômico pela via toticamente para 138 TWh/a. No intervalo 1994-2020, a taxa média de
industrial. crescimento da demanda será da ordem de 0,4% ao ano. A produção

Geografia 51
APOSTILAS OPÇÃO
industrial, se mantida a proporcionalidade com o consumo de energia Em "Brasil:o Crescimento Possível"- Ed. Bertrand Brasil/1996). Entre 89 e
constatada por diversos autores, crescerá no mesmo ritmo. 90, registrou-se queda brusca da produção seguida de um novo pulso de
crescimento, ficando a produção, todavia, inferior à produção esperada
segundo a linha de tendência do período anterior. Aparentemente, a
queda registrada em 90 adiou por cerca de 5 a 6 anos a saturação na
produção antecipada pela sequência anterior (82-89).

PARTICIPAÇÃO DO PRODUTO INDUSTRIAL NO PIB.


O produto industrial tem participação decrescente no PIB, como mos- Como o Brasil é um dos maiores exportadores de aço do mundo, ca-
tra o gráfico seguinte elaborado com dados retirados da excelente seção " beria indagar se a atual estagnação da produção brasileira seria reflexo da
Energia e Sócio Economia" do Balanço Energético de 1998. crise econômica interna ou se, pelo contrário, refletiria uma tendência
internacional. A resposta é encontrada nas estatísticas internacionais. O
gráfico a seguir foi elaborado a partir de dados do Iron and Steel Statistcs
Bureau/ 1997 e mostra que a tendência à saturação é mundial, sendo
inócuos os esforços internos para aumentar a produção no Brasil. A
retomada do crescimento da produção siderúrgica depende da ocorrência
de fatos novos, de caráter essencial, que poderiam favorecer o produto
brasileiro no quadro da estagnação mundial. Uma nova queda de preços
seria desastrosa para a indústria nacional e mais ainda para a sociedade
brasileira, a braços com o problema de desemprego. A propósito, o núme-
ro de empregos na siderurgia brasileira caiu cerca de 20% entre 1992 e
1997, como consequência da busca da competitividade no mercado
internacional que força a automação e a informatização da indústria.

O novo indicador também aponta para a saturação do modelo de


crescimento econômico com base na indústria, o que explica a dificuldade
que Governo e Empresas vêm encontrando na tentativa de retomar o
crescimento do produto. A coincidência de resultados dos dois indicadores
sugere, como medida de cautela, o exame do indicador de volume de
produção. Escolhemos para esta finalidade dois sub-setores da indústria
de transformação que têm peso considerável no produto industrial: a
indústria siderúrgica e a indústria automobilística, ambas notoriamente em
crise como se vê no noticiário de jornais e da televisão. Além disto, a
concessão de favores do Governo à Ford, para se instalar na Bahia, vem
provocando polêmica candente entre favorecidos e prejudicados, sendo
portanto este sub-setor um importante termômetro das tendências de curto
prazo.

PRODUÇÃO SIDERÚRGICA.
O interesse pela produção siderúrgica é devido, em parte, pela deli-
cada situação ambiental da Bacia do Rio Piracicaba, objeto de um estudo No que interessa a siderurgia brasileira, o fato novo poderia provir do
do CETEC, com o patrocínio da FAPEMIG, com o objetivo principal de esforço internacional de abatimento da emissão de gases de efeito estufa
definir a tipologia dos rejeitos da produção conforme o modelo econômico que favoreceria a retomada do uso do carvão vegetal. É sabido que os
preponderante. Nesta bacia situa-se o chamado Vale do Aço onde são combustíveis da biomassa não contribuem essencialmente para esse
produzidas cerca de 6 milhões de toneladas de ferro-gusa e aço. Á per- efeito (a não ser pelo uso de fertilizantes e de pesticidas eventualmente
cepção de que a produção siderúrgica mundial está se aproximando da produzidos a partir do petróleo), visto que o carbono emitido é reciclado
saturação coloca dois problemas importantes para a região: quais seriam através da foto-síntese. Assim, se o Brasil vier a ser beneficiado pela
as soluções econômicas para a população do Vale, onde a densidade política de concessão de bônus para a produção de combustíveis da
demográfica é cerca de 5 vezes a densidade média no Estado de Minas, e biomassa, a indústria siderúrgica estará em condições de representar
qual será o impacto ambiental de uma possível mudança radical na estru- papel mais importante do que a indústria de álcool combustível.
tura de produção? Para examinar esta questão, foi feito um levantamento
expedito da evolução da produção siderúrgica nos últimos 15 anos, com INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA.
dados do BEN/98. Os resultados estão mostrados no gráfico a seguir. A produção de veículos automotivos para a exportação é um meio de
adicionar valor aos produtos da siderurgia. Vale, pois, investigar a possibi-
O gráfico mostra o rápido crescimento da produção de aço na década lidade de expansão da indústria automobilística em âmbito mundial. Este
de 80, possivelmente influenciada pela política de exportação adotada tema foi tratado por Cesare Marchetti, empregando a metodologia de
pelo Governo brasileiro para compensar a queda de preços dos nossos projeção logística, que concluiu haver a indústria automobilística atingido a
produtos de exportação no mercado mundial (cf. Carlos Feu Alvim et al. taxa máxima de crescimento da produção na década de 70. Reproduzi-

Geografia 52
APOSTILAS OPÇÃO
mos, a seguir, estudo elaborado por nós a partir de dados da Motor Vehi- - Eixos Industriais- Dutra, Anhanguera, Washington Luiz, Castelo
cle Manufacturers Association of the United States, Inc (edição de 1990) Branco, Raposo Tavares, e Anchieta.
apresentados em Seminário sobre Transportes e Meio Ambiente, promo- - Rio de Janeiro - 10 % da produção Nacional.
vido pela Scania em São Paulo (Set/1991). - Áreas com destaque no RJ= Grande Rio, Volta Redonda, Barra
Mansa, Barra do Pirai, Nova Friburgo e Campos.
A produção mundial de veículos pode ser estudada como sistema iso- - Minas Gerais - 3. lugar com 8,4% produto nacional.
lado, nos termos da metodologia logística, em face da preponderância do
automóvel como veículo de transporte na sociedade moderna. A base de - Região Sul
dados usada neste trabalho abrange o intervalo de 1960 a 1990, favorável - 2. região mais industrializada = 16% .
à projeção pela metodologia logística. - Áreas industrializadas no Rio Grande do Sul: Grande Porto Alegre,
Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria.
- Áreas mais industrializadas do Paraná: Grande Curitiba, Londrina,
Ponta Grossa, Apucarana, Maringá.
- Áreas mais industrializadas de Santa Catarina: Blumenau, Joinville,
Brusque, Itajaí, São Francisco do Sul, Criciúma, lajes, Florianópolis.

- Região Nordeste
- 3. região produtora - 8%.
- Bahia: Distrito Industrial de Aratu, e Polo Petroquímico de Camaçari.
- Pernambuco: Grande Recife, Caruaru,Petrolina,Garanhuns.

- Região Centro Oeste e Norte


- Juntas contribuem com 3,4% da ind. nacional.
- Norte: Manaus - Zona Franca - Belém, Macapá, Porto Velho.
- Centro Oeste: Brasília, Goiânia, Corumbá, Campo Grande.

A indústria e a organização do espaço


A concentração industrial do Brasil está no Sudeste.
Os motivos para esse fato são:
- O ciclo da mineração que permitiu a mudança da capital para o Rio
de Janeiro.
- A expansão cafeeira.
- O fluxo imigratório para a região.
- futura mão de obra industrial.
- aumento do mercado consumidor.
- aumento da urbanização.
- Desenvolvimento dos transportes criado com a finalidade de escoar
a produção cafeeira.
- Posição geográfica de São Paulo - tendo fácil ligação com o litoral e
interior.
- Desenvolvimento da atividade comercial e bancaria , juntamente
com a concentração financeira em São Paulo, fruto do dinamismo imposto
pelo café.
Os gráficos mostram que a inflexão da curva de produção ocorreu pa- - Criação de melhor infraestrutura.
ra a frota equivalente a 69 carros/1.000 habitantes e que, em consequên-
cia, a frota máxima será de cerca de 140 carros por 1.000 habitantes ou 1 F - A ENERGIA E OS RECURSOS MINERAIS: FONTES ENERGÉ-
carro para cada 7 pessoas. Vemos, pois, que a indústria automobilística, TICAS, ESTRUTURA DA PRODUÇÃO E DEMANDA; A MINERAÇÃO
pela qual alguns Governos estaduais vêm mantendo verdadeira guerra NA ECONOMIA BRASILEIRA.
fiscal, estará produzindo, em futuro próximo, apenas para a reposição da No Brasil, embora o aproveitamento dos recursos eólicos tenham sido
frota e enquanto durar o petróleo. A frota brasileira já atinge a cerca de 14 feito tradicionalmente com a utilização de cata-ventos multipás para bom-
milhões de automóveis e veículos comerciais leves, prevendo-se a sua beamento d'água, algumas medidas precisas de vento, realizadas recen-
saturação em cerca de 17 milhões ( cf. Carlos Feu Alvim et al., Economia temente em diversos pontos do território nacional, indicam a existência de
& Energia, número 7), ou seja, em 1 veículo por 10 habitantes. um imenso potencial eólico ainda não explorado.
Os indicadores usados mostram que a idade da indústria está comple- Grande atenção tem sido dirigida para o estado do Ceará por este ter sido
tando o seu pulso de crescimento iniciado com o fim da Segunda Guerra um dos primeiros locais a realizar um programa de levantamento do potencial
Mundial, ou como preferem alguns, um ciclo de Kondratiev está se encer- eólico através de medidas de vento com modernos anemógrafos computadori-
rando (2.000-1.945=55anos). Apostar todas as fichas na indústria, como zados .Entretanto, não foi apenas na costa do Nordeste que áreas de grande
vem fazendo o Governo brasileiro é aparentemente um erro secular. O potencial eólico foram identificados. Em Minas Gerais, por exemplo, uma
ambiente que favoreceu o desenvolvimento industrial mudou, o petróleo central eólica está em funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais
começa a escassear e o rendimento do capital está em regressão. Nos de 1000 km da costa) com excelentes condições de vento.
países mais avançados o setor de serviços vem ocupando o lugar da A capacidade instalada no Brasil é de 20,3 mw, com turbinas eólicas
indústria como carro-chefe do desenvolvimento. de médio e grande portes conectadas à rede elétricas. Além disso, exis-
tem dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte funcionando em locais
Distribuição espacial isolados da rede convencional para aplicações diversas: Bombeamento,
- Região Sudeste. carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural.
- 73% das industrias do pais. O aproveitamento dos recursos minerais no Brasil estão definidos e
- São Paulo 53% das industrias do pais. consolidados na atual Constituição Federal, promulgada em 1988, e na
- Destacam-se: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Emenda Constitucional n° 6, de 15 de agosto de 1995.
Diadema, Mauá, São José dos Campos, Sorocaba, Campi- À luz da Carta Magna, o arcabouço legal da atividade minerária está
nas,Ribeirão Preto. assim delineado:
Os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União;

Geografia 53
APOSTILAS OPÇÃO
As jazidas, minas e demais recursos minerais constituem propriedade rizar e fiscalizar os aspectos técnicos, econômicos e administrativos das
distinta da do solo, para efeito de exploração e aproveitamento; cerca de 70 estatais do setor.
A pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efe- Em 11 de março de 1999, dez dias depois de iniciada a privatização
tuadas mediante autorização ou concessão do Governo Federal, por da coordenação do sistema de geração, transmissão e distribuição de
brasileiro ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua energia elétrica, ocorre o maior blecaute da história do país. Cerca de 76
sede e administração no País, garantida ao concessionário a propriedade milhões de habitantes de dez estados das regiões Sul e Sudeste e parte
do produto da lavra; do Centro-Oeste, além do Distrito Federal, ficam no escuro. Em alguns
Constituem monopólio da União: deles, o fornecimento de energia só volta ao normal quatro horas e quinze
 a pesquisa e a lavra de jazidas de petróleo, gás natural e outros hi- minutos depois. Grande parte do Paraguai, que é servido pela Hidrelétrica
drocarbonetos fluidos; de Itaipu, também sofre as consequências do apagão .
 a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industria- ENERGIA NUCLEAR – Em 1999, a única usina nuclear em atividade
lização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus deriva- no país, Angra I, produz 3.265 gigawatts/hora (GWH) – quantidade cor-
dos; respondente a 30% da geração de eletricidade do estado do Rio de Janei-
Ao proprietário do solo é assegurada a participação nos resultados da ro, de acordo com estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro
lavra; (UFRJ) e das Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobrás). As receitas
Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o da Eletrobrás Termonuclear S/A (Eletronuclear), que opera a central,
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo crescem 55% em relação a 1997. Desde o início de suas atividades co-
órgão competente; merciais, em 1985, a usina produz cerca de 25 milhões de mega-
A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado; watts/hora (MWH). Gerada com regularidade, essa energia seria suficiente
A autorização de pesquisa e a concessão de lavra não poderão ser para abastecer uma cidade com cerca de 1,2 milhão de habitantes. Falhas
cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do nos equipamentos, porém, levam Angra I a frequentes paralisações na
poder concedente; produção. Relatório da Eletronuclear de 1999 revela que problemas no
As cooperativas organizadas para o exercício da atividade de garim- sistema de segurança da usina interrompem 11 vezes o funcionamento do
pagem terão prioridade na autorização e concessão para pesquisa e lavra reator em menos de um ano.
dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas fixadas pelo Em outubro de 1999, as obras de construção de Angra II, iniciadas em
Governo Federal; 1976, estavam 95% concluídas, e previa-se sua inauguração para feverei-
Compete ao Congresso Nacional autorizar, em terras indígenas, a ro de 2000 com o dobro de capacidade de Angra I. Com a entrada em
pesquisa e a lavra de recursos minerais; funcionamento de Angra III, estimada para 2005, as três usinas devem
Compete ao Governo Federal legislar sobre jazidas, minas, outros re- gerar metade da energia consumida no estado do Rio de Janeiro.
cursos minerais e metalurgia. PETRÓLEO – Em 1998 cresce a produção de petróleo brasileiro, que
corresponde a 64% do total consumido no país. Em 1995, esse índice era
FONTES ENERGÉTICAS de 56%. De janeiro a agosto de 1999 são produzidos 41.946.000 metros
Apesar de possuir uma grande diversidade de fontes de energia, o cúbicos de petróleo – no mesmo período de 1998 a produção foi de
Brasil não gera o suficiente para atender à demanda interna. Em 1998, a 36.397.000 metros cúbicos. Para suprir o déficit, recorre-se à importação.
produção é de 196,1 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) e Por outro lado, o país exporta a produção excedente de alguns de seus
o consumo final, de 228,2 milhões de tep, o que representa um déficit de derivados, como gasolina, óleos combustíveis, combustíveis para navios e
32,1 milhões de tep, suprido por meio de importações. A produção nacio- graxas lubrificantes, que totalizam 6.538.000 metros cúbicos em 1998.
nal está concentrada nas formas de energia primária renováveis – como As principais reservas de petróleo do Brasil são Campos (RJ), Espírito
energia hidráulica, lenha e derivados de cana-de-açúcar –, que corres- Santo (ES), Camamu-Almada (BA), Cumuruxatiba (BA) e Amazonas (AM),
pondem a 68,4% do total. As fontes não renováveis, que incluem petróleo, em mar; Paraná (PR), em terra; e Potiguar (RN), em terra e mar.
gás natural, carvão e urânio (U308), são responsáveis por 31,6%. Nos Em setembro de 1999 é anunciada a descoberta de um campo na ba-
últimos anos, no entanto, se verifica uma tendência de diminuição do uso cia de Santos (SP). Os cálculos preliminares da Petrobras indicam reser-
de fontes renováveis, principalmente da lenha, que cai de 19% para 10,8% vas potenciais de 600 milhões a 700 milhões de barris, que representam
do total entre 1990 e 1998, enquanto aumenta o de formas não renová- 10 bilhões de dólares a ser explorados em 20 anos. O início da retirada do
veis, sobretudo o petróleo (variação de 21,5% para 25,31% no período). produto está previsto para 2001. A busca por petróleo na bacia de Santos
Em relação ao consumo, cresce a participação da eletricidade e dos começou em 1969 e somente reservas de gás haviam sido descobertas.
derivados de petróleo (de 37,3% para 39% e de 32,9% para 35,3% entre Fim do monopólio – Em 1997 é sancionada a lei que permite a entra-
1990 e 1998, respectivamente), ao passo que diminui a da lenha (9,1% da da iniciativa privada nacional e internacional no setor petrolífero. Com
para 5,7%). isso, a Petrobras, fundada em 1953, deixa de ter o monopólio em todos os
Processada em hidrelétricas e refinarias, a energia primária transfor- seus segmentos: pesquisa, produção, refino, importação, exportação e
ma-se em eletricidade, gasolina, óleo diesel, entre outros. transporte. Para promover a regulamentação, a contratação e a fiscaliza-
ENERGIA ELÉTRICA – Do total da energia elétrica gerada no Brasil, ção dessas atividades, é criada a Agência Nacional de Petróleo (ANP). As
as usinas térmicas respondem por 8% e as hidrelétricas, por 92%. Em empresas candidatas a atuar na área precisam submeter-se a um proces-
1998, a produção (321,5 milhões de megawatts/hora) e o consumo (306,9 so de licitação.
milhões de megawatts/hora) crescem cerca de 4% em relação a 1997. A Em junho de 1999, a ANP realiza licitação para a exploração de petró-
indústria, setor que mais utiliza a eletricidade, é responsável por 44,4% do leo no país. Das 27 áreas oferecidas em oito bacias sedimentares, 12 são
consumo total. Do total de residências, 93% possuem eletricidade. O vendidas por um valor total de 321,6 milhões de reais. Para atrair concor-
crescimento no consumo é impulsionado pelos segmentos comercial rentes, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(8,9%) e residencial (7,2%). Para isso concorrem a expansão e a moder- (BNDES) se propõe a financiar 10 bilhões de dólares em investimentos
nização dos serviços, com a abertura de grandes centros comerciais, a nos próximos dez anos. A própria Petrobras é a maior compradora, isola-
instalação de novas ligações residenciais e a difusão do uso de bens de damente ou em consórcios, arrematando 42% do que é leiloado. As novas
consumo duráveis pelas classes de menor poder aquisitivo. A indústria operadoras do setor são a Agip do Brasil, YPF, Kerr McGee, Amerada
registra uma pequena elevação no consumo de energia (0,7%), o que é Hess, Texaco Brasil, Esso do Brasil, Unocal, British Borneo, Shell e BT. A
explicado por seu fraco desempenho econômico. segunda apresentação de ofertas está prevista para o segundo trimestre
A privatização da área elétrica começa em 1995, quando são promul- de 2000.
gadas as Leis de Concessões, autorizando o início do processo de venda GÁS NATURAL – A produção de gás natural, utilizado para fins indus-
das empresas de energia elétrica. A primeira a ser negociada é a Espírito triais, comerciais e domésticos, chega a 10,8 bilhões de metros cúbicos
Santo Centrais Elétricas S/A (Escelsa), negociada por 520 milhões de em 1998. No ano anterior, havia sido de 9,8 bilhões de metros cúbicos.
dólares. Até outubro de 1999, 20 empresas haviam sido privatizadas. Em Em 1999, o acumulado até agosto é de 7,9 bilhões de metros cúbicos.
1996 é criada a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para regula- Como a produção é maior que o consumo (6,7 bilhões de metros cúbicos),
uma parte do excedente é reinjetada nos poços. O volume de gás natural

Geografia 54
APOSTILAS OPÇÃO
consumido, no entanto, deve crescer. A estimativa é de que até 2005 Durante a queima, além da liberação de energia, a reação de oxida-
cerca de 10% do total da energia consumida no país seja gerada pelo gás ção produz substâncias poluentes, que dependendo da concentração
natural, especialmente graças à finalização do gasoduto Brasil-Bolívia. prejudica a saúde dos seres vivos (animais e vegetais) e causa alterações
As principais reservas em terra são Taquaré e Jatobá (AM), na bacia na biosfera (camada de solo, água e atmosfera onde existe vida).
do Solimões, e a de Campo de Barra Bonita (PR), na bacia do Paraná. No Apesar dos problemas citados no topo desta página quanto à energia
mar, destacam-se as descobertas nos poços CES-141 e 142, na bacia solar, existem aplicações em que a utilização direta desta forma de ener-
Potiguar (RN), e SES-121, em Sergipe. gia é competitiva. A energia solar usada nesta forma direta se constitui em
Gasoduto Brasil-Bolívia – Inaugurado em 1999, é considerado um dos uma fonte de energia renovável.
maiores projetos de infraestrutura do mundo, orçado em 2 bilhões de A absorção dos raios solares pela atmosfera, solo e água gera vento,
dólares. Entram em atividade 1.968 quilômetros da extensão total de que dependo da velocidade e constância pode se constituir em uma fonte
3.150 quilômetros, ligando os municípios de Santa Cruz de la Sierra, na de energia renovável, denominada energia eólica.
Bolívia, e Guararema, no interior de São Paulo. Embora as tubulações A vaporização de água e posteriormente com o deslocamento das
permitam o transporte de até 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia, massas de ar no movimento atmosférico e precipitação em locais eleva-
o acordo inicial prevê o fornecimento de 9 milhões de metros cúbicos dos, resulta na fonte renovável de energia hidráulica.
diários. A Eletrobrás espera que a participação do gás natural como fonte A energia nuclear é obtida através da fissão núcleo de átomos de nú-
energética no Brasil chegue a 11,3%. A construção do gasoduto tem início mero e massa atômica elevada. Esta quebra do núcleo libera energia.
em 1997, quatro anos após a assinatura do contrato entre os dois países. Esta energia pode ser utilizada em uma usina térmica para gerar energia
A conclusão da segunda parte do percurso, que vai até Porto Alegre (RS), elétrica.
estava prevista para dezembro de 1999. A fusão de dois núcleos, por exemplo de hidrogênio resultando em
A obra é uma das tentativas do governo brasileiro de diversificar a núcleo de hélio libera uma grande quantidade de energia, mas devido a
matriz energética do país com o objetivo de aumentar a participação do dificuldades construtivas ainda não existem equipamentos que viabilizam
gás natural e diminuir o consumo de petróleo e de energia hidrelétrica. a utilização desta fonte de energia de uma forma útil.
ÁLCOOL – A produção de álcool etílico em 1998 é de 14,1 milhões de Geração de Energia Elétrica:
metros cúbicos, valor um pouco inferior ao produzido em 1997. Nos últi- A Geração de energia elétrica se dá por vários meios e o principal de-
mos anos, o consumo de álcool se mantém em 14 milhões de metros les no Brasil é por meio hidrelétrico, esta geração transforma energia
cúbicos, levando à formação de grandes estoques. A principal razão mecânica em energia elétrica.
dessa estagnação é a redução da produção de veículos novos movidos a
álcool, que passam de 96% do total em 1985 para 0,5% em 1998, de Demanda de Energia
acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automo- Devido ao tamanho do Brasil, à amplidão de recursos naturais e ao
tores (Anfavea). grande crescimento na demanda de energia, o setor de energia do Brasil
atraiu investimentos significativos tanto de fontes locais quanto do exterior.
Em 1999, porém, o mercado automobilístico de veículos a álcool volta Embora o Brasil possua a segunda maior reserva de petróleo na América
a crescer, incentivado pelo próprio governo. No estado de São Paulo, por do Sul (1,8 milhões de barris), o país continua sendo importador líquido,
exemplo, o governo anuncia a isenção do Imposto sobre Propriedade de em especial de produtos especializados do petróleo. A Agência Nacional
Veículos Automotores (IPVA) para quem comprar automóveis a álcool até de Petróleo regula o setor do petróleo, que é dominado pela Petrobrás,
o final desse ano. Em contrapartida, os produtores de álcool e cana devem uma empresa estatal. O Brasil tem reservas de gás natural de 8,2 trilhões
manter o nível de emprego no setor. De janeiro a setembro de 1999 são de pés cúbicos, porém, recentemente buscou gás adicional em países
vendidos 5,4 mil automóveis a álcool, conforme a Anfavea, o que repre- vizinhos com reservas de gás maiores, através de oleodutos internacio-
senta um aumento de 43% em relação à soma dos dois anos anteriores. nais.
Ainda assim, sua participação no total da frota nacional é de apenas 0,7%. O Brasil possui cerca de 80 GW (junho 2001) de capacidade de gera-
ção instalada, cerca de 90% da qual provém de energia hidrelétrica.
Estrutura da produção e demanda Apesar de a energia hidrelétrica ser uma fonte bastante custosa, as recen-
A maior fonte de energia é o sol. No entanto a energia proveniente do tes secas ocorridas no ano de 2001 deixaram o país com escassez de
sol apresenta baixa densidade e é variável em uma forma determinística energia, forçando-o a aplicar o racionamento de energia. Tal situação
(devido à variação da hora do dia) e em uma forma ‘aleatória’ (devido às pode ser parcialmente atribuída a um sub-investimento no setor, pois de
variações do tempo: nebulosidade...). A baixa densidade implica em 1990 a 1999, a demanda de energia aumentou 55%, enquanto a capaci-
equipamentos de grande porte para se conseguir uma potência razoável, dade aumentou somente 25%. Embora a maioria dos distribuidores de
o que resulta em alto custo de capital. A variação de intensidade resulta eletricidade tenha sido privatizada, alguns dos principais ativos de geração
em equipamentos com reduzido tempo de uso, implicando em custo de continuam fazendo parte da Eletrobrás, a empresa de eletricidade do
um capital que não é utilizado plenamente. governo.
No entanto a fotossíntese transforma a energia do sol, calor na forma Como resultado da escassez, o setor de energia recebeu uma parcela
de ondas eletromagnéticas, em energia interna (parcela química) de maior de interesse do governo e dos investidores. Nesse ínterim, a estru-
substâncias realizando uma grande concentração (por unidade de massa tura regulamentar ainda está sendo avaliada para determinar quais mu-
e de volume). Das substâncias orgânicas assim geradas se obtém os danças deverão ser implementadas. Em tal contexto, a energia sustentá-
combustíveis. Se o tempo de geração for relativamente curto (até uma vel representa uma oportunidade de mercado significativa no Brasil, pois
dezena de anos) tem-se fontes renováveis de combustíveis (lenha, carvão pode adicionar capacidade, especialmente em áreas remotas em que a
vegetal, álcool, bagaço de cana,...). No caso de petróleo, carvão mineral e expansão da rede exige subsídios. Além disso, com a preocupação cres-
gás natural o tempo de geração, estima-se que, é de milhões de ano, cente em relação ao meio ambiente e incentivos como a criação de crédi-
portanto estes combustíveis provém de fontes não renováveis de energia. tos de carbono estarem sendo criados para estimular tais investimentos, a
oportunidade de mercado aumenta. Ademais, as fontes de energia susten-
Os combustíveis são substâncias que têm energia acumulada na for-
tável costumam ser a solução mais prática para os cerca de 20 milhões de
ma de energia interna (parcela química). Esta energia é liberada princi-
brasileiros que não têm acesso às fontes modernas de energia.
palmente através da queima (oxidação com o ar atmosférico). Para ser
considerada um combustível com utilização no setor de transporte, a
A mineração na economia brasileira
substância deve ter uma alta concentração de energia por unidade de
O setor de mineração representa cerca de 1% do PIB do Brasil em
massa (peso) e por unidade de volume ocupado.
1997, com um crescimento de 7,5%. Esse resultado corresponde ao
A energia acumulada nos combustíveis tem como origem o sol. Todos quinto ano consecutivo de taxas positivas. No setor, as exportações de
os combustíveis fósseis e os artificiais provenientes de biomassa podem bens primários atingem US$ 3,3 bilhões e as exportações de produtos
ser considerados como reservatórios de energia solar, encarregando-se industrializados (semimanufaturados, manufaturados e compostos quími-
da coleta desta forma dispersa de energia e de seu armazenamento. cos) alcançam US$ 8 bilhões. As importações de produtos manufaturados
crescem 18,4%, com um total de US$ 4,8 bilhões.
Geografia 55
APOSTILAS OPÇÃO
O Brasil é um dos países com maior potencial mineral do mundo, jun- nas cidades, porque facilitam o acesso das populações aos centros de
tamente com Federação Russa, Estados Unidos, Canadá, China e Austrá- ensino e saúde; nas zonas rurais, porque permitem a penetração dos
lia, segundo estudos do Departamento Nacional de Produção Mineral meios de divulgação cultural, técnico-profissional e sanitária necessários à
(DNPM), principal órgão controlador da mineração nacional. O país desta- melhoria das condições de trabalho e de produtividade.
ca-se na produção de amianto, bauxita, cobre, cromo, estanho, ferro, Os marcos mais importantes da operação econômica das diversas
grafita, manganês, níquel, ouro, potássio, rocha fosfática, zinco. modalidades de transporte são: invenção da máquina a vapor (1807);
A produção de minério de ferro, de grande importância econômica, al- início do transporte ferroviário (1830); início do transporte dutoviário
cança 187,9 milhões de t, com um crescimento de 7,8% em relação ao ano (1865); início da utilização comercial do automóvel (1917); e início da
anterior, resultando em maior volume exportado (8,2%). Sete grandes em- aviação comercial (1926)
presas respondem por 94% da produção nacional de ferro: Cia. Vale do Rio Nossa intenção levar a todos o conhecimento a respeito do transporte
Doce; Minerações Brasileiras Reunidas S.A.; Mineração da Trindade; Ferte- no Brasil, os meios de transportes são um dos mais importantes para
co Mineração S.A.; Samarco Mineração S.A.; Cia Siderúrgica Nacional; e todos nós, em nosso caso especificamente o transporte rodoviário, que ao
Itaminas Comércio de Minérios S.A. Existem no Brasil cerca de 1,4 mil mesmo torna-se apaixonante uma vez que falamos da 2ª malha rodoviária
empresas mineradoras ativas que extraem aproximadamente 80 substâncias do mundo e por nossas estradas passam o equivalente a quase 50% do
minerais, sendo que 65,5% se concentram na Região Sudeste. No estado PIB bem como 95 % de todos os passageiros que circulam através das
de São Paulo está o maior número de minas, seguido de Minas Gerais e do rodovias no Brasil.
Rio de Janeiro. Atualmente, a maior parte das indústrias minerais do país é
parcial ou inteiramente de propriedade de investidores privados. É por que não se dizer um fator de integração nacional e regional do
país, uma vez que interliga cidades, estados, municípios, não importando
Legislação – Todo recurso mineral do subsolo pertence à União, que a distância.
controla a exploração e o aproveitamento do solo por meio do DNPM. A
autorização de pesquisa é concedida a qualquer cidadão ou empresa que Desde os primórdios da humanidade os seres humanos foram obriga-
cumpra as exigências do Código de Mineração, tem prazo de validade de dos a transportar, muitas vezes em suas próprias costas, alimentos,
três anos e pode ser renovada apenas uma vez. E abrange todas as roupas e etc, com o passar dos tempos e com a tecnologia proveniente da
substâncias minerais, com exceção das nucleares, únicas que continuam inteligência humana, os meios de transportes foram se moldando as
sob monopólio estatal. Quando a pesquisa constata a existência de uma realidades de cada época, passando desde a tração animal, até os dias de
jazida com possibilidade de aproveitamento econômico, apenas empresas hoje onde quase se pode afirmar que existe o transporte virtual.
mineradoras podem requerer a concessão de lavra, válida até a exaustão Entende-se por transporte urbano o movimento de pessoas e merca-
da jazida. Os depósitos cuja lavra não exige pesquisa podem ser explora- dorias no interior de uma cidade, com utilização de meios de transporte
dos com a permissão de lavra garimpeira, dada a cidadãos brasileiros ou coletivos ou individuais. A característica essencial do transporte de mas-
a cooperativas de garimpeiros autorizadas a funcionar como empresa de sas é que muitas pessoas são transportadas por ônibus ou trens. Isso
mineração. Seu prazo é de cinco anos e pode ser renovada. Para subs- permite que muitas pessoas se desloquem pelo mesmo corredor viário
tâncias minerais de utilização imediata na construção civil, como pedras, é com maior eficiência, o que resulta em custos menores para o usuário
exigido apenas o licenciamento, concedido ao proprietário do solo ou a individual ou, desde que os custos são divididos entre um grande número
alguém autorizado por ele. de indivíduos, em disponibilidade maior de verbas para aplicar na melhoria
O proprietário da terra onde vai ser realizada uma pesquisa mineral do serviço.
tem direito a uma renda pela ocupação do terreno (semelhante a um Os serviços de transporte urbano de massas afetam diretamente a
aluguel) e a uma indenização pelos danos causados à propriedade. Du- qualidade de vida de uma cidade, porque definem as alternativas de
rante o período de extração, além de receber a indenização pelos prejuí- deslocamento que os habitantes têm a sua disposição, as atividades de
zos da exploração, ele tem direito a uma participação nos resultados, que podem participar e os locais aonde podem ir. Os transportes disponí-
fixada em metade do valor devido pelo minerador aos estados, Distrito veis ao usuário são o resultado conjunto de políticas governamentais, da
Federal, municípios e órgãos da administração da União. Quando a pes- demanda global por deslocamentos numa região, da competição entre os
quisa e a extração acontecem em terrenos públicos, as empresas ficam diversos tipos de transportes e dos recursos disponíveis ao indivíduo para
dispensadas do pagamento pela ocupação do terreno. a compra dos serviços.
Meio ambiente e mineração – Uma das exigências feitas pela legisla- Na Idade Média europeia, o homem preferiu o cavalo a outros veícu-
ção atual é que a empresa interessada na exploração mineral apresente los, mais utilizados pelas damas da nobreza. Difundiu-se o uso da baster-
um relatório de impacto ambiental e um plano de recuperação da área na, aristocrática liteira medieval puxada por mulas ou cavalos. Em meados
degradada pela mineração, que fica sujeito a análise e aprovação. Isso do século XV, surgiu na Hungria um novo tipo de veículo, o coche. Mais
porque um dos maiores problemas causados pela atividade mineradora é leve, com as rodas traseiras mais altas que as dianteiras e suspensão de
a devastação ambiental. Ocorrem desde alterações na paisagem até a carroceria por meio de correntes e correias, o novo modelo representou
contaminação da água por metais como o mercúrio. A mineração pode maior conforto para os passageiros.
afetar também a qualidade do ar e do solo, destruir espécies animais e O êxito da suspensão contribuiu para a difusão da carruagem. Con-
vegetais e causar poluição sonora. vertida em elemento de prestígio e ostentação, ela se tornou o meio de
transporte urbano por excelência da alta sociedade no século XVII. Foi na
G - A CIRCULAÇÃO E O TRANSPORTE: REDES RODOVIÁRIAS E Itália que a carruagem alcançou a máxima difusão. Chegou-se a contar
FERROVIÁRIA, OUTROS TIPOS DE TRANSPORTES UTILIZADOS; OS em Milão, no fim do século XVII, mais de 1.500 veículos desse tipo. Diante
TRANSPORTES E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO. da ocorrência de acidentes e atropelamentos, a autoridade se viu obrigada
a limitar a velocidade das carruagens e a proibir que menores de 18 anos
A circulação e o transporte as conduzissem.
A rapidez e facilidade dos deslocamentos de um ponto geográfico a O transporte coletivo urbano, praticamente inexistente durante todo
outro sempre determinaram as condições de vida dos grupos humanos. esse longo período, surgiu entre os séculos XVIII e XIX, com a utilização
Os meios de transporte tornaram o homem independente do meio em que de ônibus ou bondes que circulavam sobre trilhos de ferro puxados por
vivia, permitiram-lhe ocupar todo o planeta, afetaram o aproveitamento cavalos. Nas cidades situadas à margem de rios, como Londres, Paris ou
dos recursos naturais e bens de produção e impulsionaram o comércio. Budapest, ou em cidades marítimas de características especiais, como
Transporte, em sentido geral, é a ação ou o efeito de levar pessoas Veneza e Estocolmo, o transporte em barcaças, lanchas e botes a remo
ou bens de um lugar a outro. ou vela foi sempre comum.
O sistema de transportes é vital para o comércio interno e externo, a A ferrovia foi o primeiro meio de transporte urbano de tração mecâni-
fixação dos custos de bens e serviços, a composição dos preços, a regula- ca. Assegurado seu sucesso como substituto inigualável da diligência no
rização dos mercados, utilização terra e urbanização. É um elemento transporte interurbano, a partir de 1825 pensou-se em utilizá-la como meio
fundamental para a solução de problemas básicos de saúde e educação; de transporte nas cidades da era industrial, em constante crescimento.

Geografia 56
APOSTILAS OPÇÃO
Surgiram assim os bondes puxados por pequenas locomotivas, em substi- barragens e eclusas, além de a cabotagem precisar ser reformulada dos
tuição aos cavalos. Com o advento da tração elétrica, as locomotivas navios aos portos.
foram substituídas por motores elétricos, não poluentes, alimentados por Outros tipos de transportes utilizados
cabos aéreos. Uma modalidade que não circula sobre trilhos é o trolebus,
movido a energia elétrica transmitida por cabos aéreos. São seis os modais de transportes:
A explosão demográfica sofrida pelas principais cidades do mundo no – sistema aquaviário, composto dos transportes marítimo, fluvial e la-
século XIX, devido sobretudo à imigração provocada pela rápida industria- custre, realizados respectivamente em mares e oceanos, rios e lagos;
lização, logo mostrou que o transporte de superfície, individual ou coletivo, – sistema terrestre, formado pelos transportes rodoviário e ferroviário;
não conseguiria atender às necessidades da população. Para enfrentar e
esse problema, Londres inaugurou, em 1863, a primeira linha de transpor- – aéreo.
te subterrâneo do mundo, quase trinta anos antes do metropolitano (me-
trô) de Chicago, o segundo a ser construído.
CONTAINER
Carl Friedrich Benz, em 1885, e Gottlieb Daimler, em 1886, concluí-
ram na Alemanha os primeiros modelos de automóveis com motor de Conceito
combustão interna a gasolina. Em pouco tempo as vendas desses veícu- O Container é, primordialmente, uma caixa, construída em aço, alu-
los alcançaram cifras impressionantes. Utilizado como símbolo de prestí- mínio ou fibra, criada para o transporte utilizado de mercadorias e suficien-
gio social, tal como no século XVII havia ocorrido com a carruagem, o temente forte para resistir ao uso constante.
automóvel se fez presente com rapidez não só nas estradas como, princi- O container é identificado com marcas do proprietário e local de regis-
palmente, nas grandes cidades. Na Europa, o automóvel se impôs rapi- tro, número, tamanho, tipo, bem como definição de espaço e peso máximo
damente, mas foi nos Estados Unidos que alcançou a máxima difusão e que pode comportar etc.
deu origem a uma poderosa indústria, de repercussão imediata no cresci-
mento demográfico urbano. Ele foi se transformando na sua concepção e forma, deixando de ser
apenas uma caixa fechada, para apresentar diversos tipos, dependendo
O moderno transporte urbano apresenta sérios problemas nas gran- da exigência de cada mercadoria.
des cidades, algumas das quais não reúnem condições adequadas para a
circulação de automóveis. A poluição produzida pelo escapamento de
motores, os engarrafamentos originados pelo excessivo número de veícu- Padronização e características gerais
los e os acidentes que provocam, assim como o amplo espaço de que As unidades de medidas utilizadas para a padronização das dimen-
necessitam para estacionamento, levaram as autoridades de muitas sões dos containers são pés (’) e polegadas ("). No inglês significam feet
cidades a adotarem medidas de restrição do uso urbano de automóveis e (pés) e inches (polegadas).
de incentivo do transporte coletivo
As medidas dos containers referem-se sempre às suas medidas ex-
ternas e o seu tamanho está associado sempre ao seu comprimento.
Redes rodoviária e ferroviária Podem apresentar-se em diversos comprimentos e alturas, porém,
As possibilidades comerciais do transporte rodoviário ficaram eviden- com apenas uma largura.
tes durante a primeira guerra mundial. A produção em larga escala de Quanto ao tipos, podem variar de totalmente fechados a totalmente
veículos militares ocorria na mesma época de seu aproveitamento no abertos, passando pelos containers com capacidade para controle de
transporte de soldados e apetrechos para as diversas frentes de guerra. temperatura e tanques.
Os táxis de Paris, por exemplo, foram requisitados para o rápido transpor-
As capacidades volumétricas dos containers são medidas em metros
te de tropas para a batalha do Marne em setembro de 1914.
cúbicos (m3) ou pés cúbicos (cubic feet).
A partir de então, e especialmente depois da segunda guerra mundial,
Quanto à capacidade em peso, são definidos em quilogramas e libras
o setor se expandiu de forma extraordinária. Foi intensa a diversificação
(medida inglesa).
dos modelos de transporte automotivo de passageiros e carga, aumentou
de modo constante e acelerado em todos os países a produção dos mais Os containers são modulares, e os de 20’ (vinte pés) são considera-
variados veículos e ampliou-se a malha rodoviária. O uso comercial do dos como um módulo, sendo denominados TEU – Twenty Feet or Equiva-
transporte rodoviário cresceu em proporção muito superior à da via férrea. lent Unit – unidade de vinte pés ou equivalente, e são considerados o
Os governos nacionais, conscientes da importância estratégica das ferro- padrão para a definição de tamanho de navios porta-containers.
vias na movimentação de tropas em tempo de guerra, seu papel essencial
no transporte de carga pesada das indústrias e seu valor social na movi- Tipos de serviços
mentação de passageiros, preocuparam-se em manter as redes ferroviá-
rias em condições de funcionamento adequado e eficiente. Os tipos de serviços referem-se à estufagem, desova e utilização, e
são divididos como segue:
As rodovias federais interligam, normalmente, dois ou mais Estados
da Federação e são construídas e conservadas pelo Governo Federal. A – quanto ao local de operação, por meio dos termos H/H, H/P, P/P e
decisão de conceder sua exploração à iniciativa privada deve partir do P/H, sendo "H" house (armazém/casa) e "P" pier (porto); e
Ministério dos Transportes, de acordo com planos e estudos desenvolvi- – quanto à responsabilidade pela ova e desova, com a utilização dos
dos pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, e se termos FCL/FCL, LCL/LCL, FCL/LCL e LCL/FCL, sendo FCL full container
enquadra no Programa de Desestatização. load (carga total de container) e LCL less than a container load (menos
As rodovias estaduais tem início e fim dentro dos limites geográficos que uma carga de container).
de um mesmo Estado, sendo sua construção e conservação atribuição do
governo estadual respectivo, que também decide sobre sua exploração TRANSPORTE MARÍTIMO
pela iniciativa privada. Equiparam-se às rodovias estaduais as federais
Tipos de navegação e empresas intervenientes
transferidas aos estados por um ato de delegação do governo federal.
O transporte marítimo pode ser dividido em longo curso e cabotagem.
Os sistemas viários municipais podem incluir rodovias e vias expres-
sas, pontes e túneis que interligam localidades dentro de um mesmo As empresas intervenientes mais importantes que operam no trans-
município. porte marítimo são o armador, agência marítima, NVOCC, transitário de
carga, operador de transporte multimodal e cargo broker.
A concessão desses bens públicos para exploração pela iniciativa pri-
vada constitui uma decisão do governo municipal Tipos de navios
As ferrovias transportam 33% da carga (minério de ferro e granéis) e Os navios podem ser de vários tamanhos, tipos, finalidades e configu-
já apresentam expansão em sua malha. Para que haja uma rede de rações, adequando-se sempre às especificações necessárias.
hidrovias eficiente (dada a rica e extensa hidrografia), são necessárias
Geografia 57
APOSTILAS OPÇÃO
Em face da grande diversidade de cargas, vários tipos de navios fo- realizado de forma nacional, dentro de um país, ou internacional, abran-
ram sendo criados e construídos, ao longo do tempo, entre os quais os de gendo dois ou mais países.
carga geral, seca ou com controle de temperatura, graneleiro para sólidos
ou líquidos, tanque, petroleiro, roll-on roll-off e porta-container. Vantagens
A simplicidade de funcionamento do transporte rodoviário é o seu
Conhecimento de embarque ponto forte, pois não apresenta qualquer dificuldade e está sempre dispo-
nível para embarques urgentes. Este transporte permite às empresas
O conhecimento de embarque é um dos documentos mais importan- exportadoras e importadoras terem flexibilidade, oferecendo algumas
tes do comércio exterior, sendo de emissão do armador. O seu preenchi- vantagens, como venda porta a porta, menor manuseio da carga, rapidez
mento deve ser feito no seu verso, e nele deve constar várias informações etc.
pertinentes ao armador e ao embarque. Os conhecimentos podem repre- O rodoviário é peça fundamental da multimodalidade e intermodalida-
sentar um transporte regular de carga, e ser porto a porto ou multimodal, de.
este referindo-se a carga ponto a ponto. Pode também ser um conheci-
mento de afretamento, ou seja, charter party bill of lading. Tipos de veículos e produtos transportados
Quanto à finalidade é um contrato de transporte, recibo de entrega da Os veículos utilizados são basicamente caminhões e carretas. Cami-
carga e título de crédito. nhão é monobloco, podendo ter de dois a três eixos. Carreta é um conjun-
Pode ser consignado à ordem, à ordem de alguém ou diretamente a to formado por cavalo, que é o veículo de tração, e o semirreboque, que é
alguém, podendo ser endossado em branco, o que o torna ao portador, ou a unidade para a carga, podendo variar de três a seis eixos. Pode ser
em preto, a alguém definido. também articulado, isto é, treminhão, que é composto por um cavalo,
O conhecimento pode ser emitido em quantas vias originais forem ne- semirreboque e reboque, tendo mais de seis eixos, apropriados para
cessárias e solicitadas pelo embarcador. Normalmente é emitido em três transporte de dois containers.
vias.
Os pagamentos de frete marítimo ao armador, referente ao transporte Conhecimento de transporte
de carga, podem ser feitos de três maneiras: pré-pago, a pagar e pagável Como nos demais modais, o conhecimento de transporte rodoviário,
no destino. que é o CRT – Conhecimento de Transporte Internacional por Rodovia
Um conhecimento de embarque limpo é aquele que não faz menção a (Carta de Porte Internacional por Carretera), é o documento mais impor-
uma condição defeituosa da mercadoria ou da sua embalagem. tante no sistema, e tem a função de contrato de transporte terrestre, recibo
Linhas regulares e não-regulares de entrega da carga e título de crédito. É emitido em três vias originais,
Linhas regulares de navegação são aquelas estabelecidas pelos ar- sendo uma do transportador, uma do embarcador e uma que segue com a
madores, cujos navios fazem sempre a mesma rota. É comum, entre as carga.
empresas de navegação, o estabelecimento de joint services.
Linhas não-regulares são aquelas cujos navios não têm uma rota re- MIC/DTA
gular estabelecida, inversamente ao que ocorre com as linhas regulares. A O transporte rodoviário possui um documento denominado MIC/DTA –
sua rota é estabelecida à conveniência de armadores e/ou embarcadores, Manifesto Internacional de Carga Rodoviária/Declaração de Trânsito
podendo ser diferente a cada viagem, e os navios podem ser afretados ou Aduaneiro, um formulário único, e que faz a combinação do Manifesto de
tramps. Carga com o Trânsito Aduaneiro. Ele pode ser utilizado quando a quanti-
dade de carga for suficiente para a lotação de um veículo. Com isso,
Tipos de afretamento eliminam-se os atrasos no cruzamento da fronteira, bem como transferem-
Os afretamentos/fretamentos podem ser de vários tipos, quais sejam: se e postergam-se os desembaraços e pagamentos dos impostos das
voyage charter, time charter e charter by demise, envolvendo os termos mercadorias.
demurrage, despatch e ship broker.
TRANSPORTE AÉREO
Condições de frete Tipos de transporte e intervenientes
Assim como as vendas internacionais têm o seu conjunto de condi- O transporte aéreo é uma atividade que envolve com facilidade vários
ções de entrega da mercadoria, englobadas e uniformizadas nos Inco- países, devido à velocidade do meio utilizado. Quanto aos tipos, pode ser
terms – International Commercial Terms, as contratações de frete também um transporte nacional (doméstico ou cabotagem), ou internacional (ope-
possuem suas próprias condições, criadas pelos armadores. rações de Comércio Exterior). O transporte aéreo é baseado em normas
Elas visam estabelecer responsabilidades sobre algumas despesas da Iata – International Air Transport Association, e em acordos e conven-
que podem fazer parte do frete cotado mas que, porém, não são específi- ções internacionais. A associação das empresas aéreas na Iata é voluntá-
cas do próprio transporte das mercadorias. ria.
Elas referem-se às despesas envolvidas no embarque, estiva e de- Essa associação representa as companhias aéreas, estabelece tarifas
sembarque das mercadorias, que poderão estar ou não computadas no máximas de fretes e divide o globo em três conferências operacionais.
preço do frete. Os principais intervenientes no transporte aéreo são as empresas de
Estes termos são os conhecidos free in, free out, free in and out e lin- navegação aérea e os agentes de carga, e também a Infraero, que detém
er terms, podendo ter algumas variações equivalentes como free in and o monopólio da administração dos aeroportos e seus armazéns de carga.
stowed, liner in free out, free in out and stowed, free in liner out, free in out
stowed and trimmed. Tipos de aeronaves e ULD
São vários os modelos de aviões utilizados na navegação aérea, po-
Frete rém, todos eles são classificados em três tipos quanto a sua configuração
Os fretes, no modal marítimo, podem ser cotados na base tonelada ou e utilização: all cargo – full cargo (somente carga), combi (aeronave mista)
metro cúbico, sendo a sua paridade um por um, ou seja, paga-se por e full pax (avião de passageiros). A configuração da aeronave é determi-
aquilo que for maior entre uma tonelada e um metro cúbico. nada pelo deck superior.
Também podem ser cotados lumpsum, ou seja, de forma global, como ULD – Unit load devices, são equipamentos de unitização de cargas,
ocorre no embarques de containers ou nos afretamentos. ou seja, os containers e pallets utilizados na carga aérea. Estes distin-
Os fretes podem ser cotados como básicos, neste caso, comportando guem-se, em formatos e tamanhos, bem como em sua concepção e
adicionais como taxas e sobretaxas. utilização, daqueles utilizados no transporte marítimo. A variedade é muito
maior e suas medidas são dadas em polegadas.
TRANSPORTE RODOVIÁRIO
Tipos de transporte Conhecimento de embarque aéreo (airway bill)
Transporte rodoviário é aquele realizado em estradas de rodagem, O transporte aéreo comercial de carga é sempre documentado atra-
com a utilização de veículos como caminhões e carretas. Ele pode ser vés de conhecimento aéreo (AWB – airway bill), que a exemplo dos de-

Geografia 58
APOSTILAS OPÇÃO
mais modais, é o documento mais importante do transporte. Ele tanto Simbologia e identificação
pode ser um conhecimento aéreo companhia, ou ser um conhecimento A marcação de volumes é a identificação das mercadorias e do lote a
neutro, quando é do agente de carga. Pode estar na forma de um AWB – ser embarcado, que permite a individualização das mesmas. É interessan-
airway bill, representando uma carga embarcada diretamente, ou o con- te que os volumes também sejam numerados. Outro ponto importante é a
junto MAWB – master airway bill, e HAWB – house airway bill, represen- identificação dos pesos dos volumes. Todos os volumes devem ser identi-
tando cargas consolidadas. Além das funções normais, conforme os ficados quanto a sua periculosidade, por meio de etiquetas apropriadas e
demais modais, este documento ainda pode representar fatura de frete e internacionais de classificação de sua natureza. Também devem ser
certificado de seguro. identificadas para manuseio quanto a sua condição de carga frágil, que
não pode ser molhada, rolada etc.
Cálculos de frete
As tarifas de fretes aéreos são estabelecidas de comum acordo entre Os transportes e a organização do espaço
as empresas de transporte aéreo, devidamente fiscalizadas e controladas A primeira abordagem é a relação entre o processo de urbanização e
pela Iata. os transportes urbanos, com sua função social de produzir o acesso do
O frete é cobrado pelo peso da carga, calculado por quilo, porém, o cidadão à cidade e aos outros.
volume também é considerado no caso da carga exceder 6.000 cm3 por Grosso modo, pode-se afirmar que existem duas grandes dimensões
quilograma. Neste caso o volume é transformado em peso/volume para no processo de urbanização que o Brasil experimenta. A primeira está
cálculo do frete. relacionada com suas causas (concentração da propriedade rural, mecani-
São as seguintes as tarifas de frete: tarifa mínima; tarifa geral, dividida zação agrícola, necessidade de mão-de-obra barata para a produção
em normal e, quantitativa; tarifa para mercadorias específicas, tarifa industrial). A segunda, com modelagem do espaço urbano e as forças que
classificada. o produzem (localização e porte das atividades econômicas, especulação
imobiliária, valores da terra e dos imóveis urbanos e os interesses dos
Consolidação de carga fabricantes de equipamentos).
Consolidação de carga é um ato abstrato, e significa que a mercado- Estas forças, fabricaram e continuam produzindo este processo de ur-
ria recebida pelo agente de carga aérea, de diversos embarcadores, é bano-metropolização “caótico”, onde o espaço pessoal de cada um foi
considerada como uma única carga e enquadrada na tarifa adequada. dissolvido e fragmentado em centros distintos e distanciados uns dos
Desta maneira, há uma redução do frete por quilo, já que o transporte outros: a casa; o trabalho; os serviços; o lazer. Entre estes locais, espaços
aéreo tem uma tabela de fretes por faixas de peso, sendo que quanto mortos, sem sentido, degradados estética e ambientalmente, que cada um
maior a quantidade de carga menor o frete. procura transpor o mais rápido possível, através dos meios de transportes.
Com isto, os embarcadores conseguem ter um frete menor, obtido pe- Entretanto, o mais incrível é que a própria existência dos meios de
lo agente por meio da consolidação de carga, já que esta redução é transportes elimina os freios e os limites que poderiam se opor à desinte-
rateada entre os interessados. gração do espaço e tempo urbanos. Na verdade os transportes urbanos
são um dos instrumentos decisivos para que essas forças consigam de fato
EMBALAGEM produzir esta realidade urbana de fragmentação do espaço, onde a auto-
Objetivos da embalagem nomia é progressivamente atrofiada pela criação de distância e obstáculos.
O objetivo da embalagem de um produto é dar a ele uma forma para A capacidade autônoma de acesso ao mundo de cada cidadão não pode
sua apresentação, proteção, movimentação e utilização, de modo que ele ser substituída pelo desenvolvimento de uma “mobilidade disponível”, que
possa ser comercializado e manipulado durante todo o seu ciclo de vida. A para a grande maioria custa caro, é demorada, desconfortável e raramente
embalagem pode ser primária, ou seja, de consumo, e proteger diretamen- está “disponível”.
te o produto, ou secundária, de transporte, servindo para proteger a emba- Assim os transportes urbanos, ao contrário do que acredita o senso
lagem primária. comum, são contraproducentes socialmente, porque na realidade diminuem
o acesso dos cidadãos à cidade e dificultam a comunidade entre as pesso-
Ela pode ter os mais variados tamanhos e formatos e ser de vários ti- as, criando distâncias e obstáculos que só eles pretendem superar.
pos de materiais. A embalagem necessita ser apropriada para a proteção Não é sem motivo que as pesquisas mostram que a taxa de mobilidade
da mercadoria contra perecimento, roubo, avaria, contaminação etc. (viagens/pessoa/dia) diminui significativamente nas grandes cidades, onde
há mais transportes e os sistemas em funcionamento são comparativamen-
Proteção das embalagens te muito mais “eficientes” - e permitem distância absurda.
As embalagens podem ser protegidas com a utilização de filmes en- O quadro a seguir mostra o resultado de pesquisas de taxas de mobili-
colhíveis (shrink) ou estiráveis (stretch), bem como pelo uso de fitas dade para cidades brasileiras.
simples de plástico ou metal passadas em volta da pilha, de cima a baixo
etc. Podem, também, ser protegidas através da paletização ou unitização TAXA DE MOBILIDADE - CIDADES BRASILEIRAS – 1980
em containers. TIPO DE CIDADE MOBILIDADE % DA MÉDIA MUNDIAL
Regiões Metropolitanas 1,3 63
Fatores que podem afetar as embalagens Demais capitais 1,5 73
Ao definir as embalagens das mercadorias, é necessário notar que Cidades porte médio 1,8 87
elas podem ser afetadas pelos movimentos de embarque, desembarque e TOTAL 1,4 58
transporte, das mais diversas maneiras. No transporte internacional, ela FONTE: GEIPOT
poderá sofrer as variações climáticas, dos veículos, vibrações, más condi-
ções das estradas etc. No Transporte Marítimo, por exemplo, poderá
sofrer os movimentos de balança, arfagem, cabeceio etc. Pesquisa realizada pelo Metrô de São Paulo em 1987 levantou que a
taxa de mobilidade é de 1,07 viagens motorizadas por habitantes/dia,
Mercadorias perigosas (dangerous goods) número que representa uma redução de 30% nos últimos 10 anos.
A embalagem deve ser apropriada para o transporte de mercadorias Para se viabilizar e legitimar sua extensão indefinida os transportes
perigosas, e deve ser tratada em parceria com o transportador. propagam o mito da fusão dos espaços, através da anulação dos espaços
mortos que só servem para serem superados. Mesmo contra todas as
O transporte de mercadoria perigosa é regulado pelos seguintes or- evidências, que estes espaços mortos tendem a ocupar todo o espaço
ganismos: disponível (cerca de 50% dos espaços das cidades é utilizado pelos
– Marítimo: International Maritime Dangerous Goods Code, da IMO; transportes), os instrumentos da velocidade conseguem disfarçar os
– Aéreo: Dangerous Goods Regulations, da Iata; efeitos dos transportes na desintegração do espaço urbano. Conseguem,
– Terrestre: Legislações específicas de cada país de embarque, des- em todos os pontos, passar uma imagem de si mesmo, independência e
tino e trânsito das mercadorias, podendo ser unificadas quando se tratar autonomia, realidade de congestionamento, dependência dos transportes
de blocos comerciais. e dos comportamentos dos outros.

Geografia 59
APOSTILAS OPÇÃO
Fecha-se assim o ciclo vicioso dos transportes urbanos: para viver no lhores para os usineiros do que o preço do álcool combustível do
tempo e no espaço urbano industrial (desintegrado) a utilização do trans- país
porte passa a ser uma necessidade da qual o endivido depende para sua • frutas tropicais: caju e castanha de caju (produzido na região nor-
própria sobrevivência, transportes estes que são um dos instrumentos deste - estados da Paraíba e Ceará), cacau (estados do Espírito
decisivos para a produção do próprio espaço urbano (desintegrado). Santo (ao norte do estado) e Bahia (sul, próximo à divisa c/ Espírito
“A disposição do espaço continua a desintegração do homem come- Santo); como exemplos de destaque
çada pela divisão do trabalho na fábrica. Ela corta o indivíduo em rodelas, • café: foi o principal produto de exportação do final do século XIX até
corta seu tempo, a sua vida em fatias bem separadas para que em cada a Crise Econômica mundial de 1929. Atualmente perde para a Co-
uma delas, você seja um consumidor passivo, entregue sem defesa aos lômbia em volume exportado, e para a soja e laranja em valor eco-
“mercadores”, para que nunca lhe venha a ideia que trabalho, cultura, nômico da exportação
comunicação, prazer, satisfação das necessidades e vida pessoal podem Produz ainda arroz, milho, mandioca, feijão, cebola, principalmente
e devem ser uma só e mesma coisa: a unidade de uma vida, que tem para o mercado interno, entre outros. Pode às vezes importar arroz e/ou
como suporte o tecido social da comunidade” . feijão, em alguns períodos, conforme as safras. Produz também uva e
vinho, principalmente no RS (região de Bento Gonçalves) e SP para o
H - O COMÉRCIO: MERCADO INTERNO E RELAÇÕES COMERCI- mercado interno, às vezes exportando.
AIS EXTERNAS. A MINERAÇÃO responde por 8,3% do PIB total do país. Destacam-
O Brasil já não é mais um país "essencialmente agrícola" desde os se:
anos 50/60. Atualmente, os componentes "indústria" responde por parcela • Ferro (em Carajás, estado do Pará, e no Quadrilátero Ferrífero,
do Produto Interno Bruto significativamente maior que a agricultura até há de Minas Gerais). Em 1998 foi superior a 190 milhões de tonela-
alguns anos. Comércio e Serviços possuem participação ainda maior. das de minério. É o SEGUNDO PRODUTOR MUNDIAL, com
Pode-se destacar na INDÚSTRIA os seguintes setores: 18% da produção do planeta, atrás da China
• alimentos e bebidas (no país como um todo); • Petróleo (a produção atualmente atende mais de 65 % das ne-
• ferro e aço (siderurgia) - principalmente estados do Sudeste: Mi- cessidades do país). Cerca de 60% da produção é feita na Bacia
nas Gerais, Rio de Janeiro e S.Paulo; de Campos, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Destacam-se
• produtos químicos, metalurgia, derivados de petróleo, cimento, ainda Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe
papel e celulose, fertilizantes (em geral no Sudeste - SP, MG e • Alumínio (bauxita): com destaque a produção de Carajás, no Pa-
RJ, mas às vezes também com unidades nas outras regiões); rá, e a de Minas Gerais.
• veículos e autopeças: A indústria automobilística concentra-se em • Manganês: novamente destaca-se o Pará, com mais de 1 milhão
São Paulo (Ford, GM, Volkswagen, Honda, Toyota), Minas Gerais de toneladas. E também Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Ba-
(Fiat, Mercedes-Benz, JPX) e Paraná (Renault, Audi, Chrysler). hia.
Já a fabricação de motocicletas e motonetas (destacando-se a • Estanho (cassiterita): estados do Amapá, Amazonas e Rondônia.
Honda e Yamaha) concentra-se na Zona Franca de Manaus. As • Nióbio (pirocloro): o Brasil é o maior produtor mundial, respon-
autopeças concentram-se em São Paulo e Minas Gerais - os mais dendo por 90% da demanda do planeta. Concentra a produção
antigos produtores automobilísticos do país - porém há unidades em Minas Gerais e Goiás. O nióbio é usado na indústria automo-
em outros estados. bilística.
• calçados, tecidos e confecções: disseminam-se pelo país e são A produção brasileira de Ouro concentra-se em Minas Gerais e no Pa-
ainda grandes empregadoras de mão-de-obra, apesar da concor- rá, e em menor escala em Tocantins, Mato Grosso e Goiás. Já o cobre
rência asiática. (aquém da necessidade brasileira) é produzido principalmente na Bahia. O
• eletro-eletrônicos (rádios, CD-players, televisores, videocassetes, carvão mineral (cerca de 4 milhões de toneladas, aquém da necessidade
microondas, geladeiras, máquinas de lavar...): na Zona Franca de do país) em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Outros minérios de
Manaus (principalmente aparelhos de som e tv); em São Paulo e destaque (em tonelagem produzida) são a rocha fosfática, a gipsita, o
no Paraná (Refripar-Electrolux). caulim, a magnesita, o cloreto de potássio, a fibra de amianto, o talco, o
Os ramos de eletro-eletrônicos e de autopeças contam não apenas zinco, o minério de cromo, a fluorita e a grafita. E ainda o gás natural da
com empresas de origem estrangeira, mas também com empresas nasci- Bacia de Campos e o da Bacia Amazônica, explorados pela Petrobrás. As
das no país. Muitas destas empresas hoje estão associadas ou foram principais empresas mineradoras no país são a Petrobrás (petróleo e gás
adquiridas por estrangeiras no processo de "globalização". Como exem- natural), Cia. Vale do Rio Doce, ALCOA (alumínio no Pará) e a Mineração
plos: Gradiente e a CCE, fabricantes de videocassetes, TVs (na antiga de Trindade - Samitri.
filial brasileira da Telefunken), aparelhos de som e fornos de microondas; Na PECUÁRIA, destacam-se os rebanhos bovinos leiteiros de melhor
Brastemp e Prosdócimo (fábricantes de geladeiras e máquinas de lavar. A qualidade nos estados de S.Paulo(SP), Minas Gerais (sul e Triângulo
Prosdócimo hoje pertence à sueca Electrolux); ou a Metal Leve, fabricante Mineiro)(MG) e Rio de Janeiro(RJ); e os rebanhos de corte do oeste de
de pistões automotivos, adquirida pela alemã Mahle. SP, Mato Grosso do Sul (MS), Goiás (GO) e Rio Grande do Sul (RS). Os
Na AGRICULTURA, destacam-se, para o mercado Externo: rebanhos de SP, RS e MG, principalmente, recebem em muitos casos
• Soja: atualmente concentrada nos estados do Centro-Oeste - Goi- melhorias genéticas devido ao cruzamento com raças de gado como zebu,
ás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas também no oeste do simental e charolês. Já o rebanho Suíno tem produção destacada em
Paraná, sul do Tocantins e Maranhão, oeste de Minas Gerais e da Santa Catarina (SC) e no RS, pela qualidade (abatido e industrializado
Bahia para exportação inclusive). A criação de Aves destaca-se também em
• Laranja: (na forma de suco concentrado industrializado) - a produ- S.Paulo, Minas Gerais e Sta. Catarina - neste último estado, no município
ção de laranja para exportação de suco concentra-se no estado de de Concórdia, situa-se a fábrica do frigorífico Sadia voltada para a expor-
S.Paulo, próxima às cidades de Barretos, Bebedouro, Limeira e Ma- tação de carne de frango e derivados para os países do Oriente Médio.
tão, no norte do estado. O cultivo da laranja, da soja, e também da COMÉRCIO: VAREJO: além dos milhares de pequenos e médios es-
cana-de-açúcar para produção de álcool (usado como combustível tabelecimentos pelo país, destacam-se grandes redes de supermercados
e aditivo à gasolina) é feito segundo técnicas modernas de cultivo, de capital nacional (como os Grupo Pão de Açúcar e Sendas) ou estran-
mecanização e administração dos investimentos e dos lucros obti- geiro (Sonae (dono dos Hipermercados Cândia e Big) e Carrefour (mais
dos, formando o genericamente chamado "agribusiness" de 40 lojas no país, de origem francesa). Nas grandes lojas e magazines,
• cana-de-açúcar: ora produz mais açúcar para exportação (conforme destacam-se: Casas Pernambucanas (fundada pela família Lundgren, de
preços internacionais), ora mais álcool para o mercado automobilís- origem sueca, na 1-a década do século XX); Casas Bahia; Arapuã; Lojas
tico interno. O Brasil fez uma experiência pioneira de utilização do Americanas; Casa Anglo-Brasileira (Mappin); Ponto Frio; Lojas Marisa
álcool hidratado obtido a partir da cana-de-açúcar (etanol) como (vestuário feminino) (todas varejistas, de origem brasileira). Dentre as
substituto da gasolina em motores automotivos, o conhecido Proál- estrangeiras, C&A.
cool, atualmente sofrendo descrédito após crise de abastecimento A quantidade de Shopping Centers no país, de pequeno, médio ou
em 1989/1990, quando os preços do açúcar no exterior eram me- grande porte supera as duas centenas. As cidades de São Paulo e Rio de
Geografia 60
APOSTILAS OPÇÃO
Janeiro já possuem cada uma mais de 20 estabelecimentos deste tipo, de As polêmicas mais recentes envolvem a exportação de calçados e
grande porte, alguns deles a reduzidas distâncias uns dos outros. frangos do Brasil para a Argentina, que acusou o país de dumping (con-
No comércio ATACADISTA há redes locais (Atacado Vila Nova e Ata- corrência desleal de preços, com venda abaixo do valor de custo) e resol-
cadão S/A) e também estrangeiras: Makro (de origem holandesa), Sam's veu estabelecer preços-base para a entrada dos produtos. Hoje, o quilo do
Club e Wal Mart (norte-americanas). frango brasileiro, por exemplo só pode entrar na Argentina a US$ 0,98.
Ainda podem ser lembradas as redes e franquias de origem brasileira Com isso, a remessa se reduziu à metade e houve uma perda de receita
nos ramos de: "Fast Food" (Habib's, Mister Sheik, Bon Grilé, Spedini); da ordem de US$ 1,2 bilhões. O Brasil promete recorrer formalmente à
perfumaria e cosméticos (Boticário, Água de Cheiro, Farmaervas, Veado OMC caso a Argentina não retire a restrição.
D'Ouro); farmácias (FarMais, Drogasil, Drogaria São Paulo, Drogão); Nafta (North American Free Trade Agreement) – O acordo que já
distribuição de combustível (Ipiranga, Posto São Paulo). existia entre Estados Unidos e Canadá desde 1989 foi ampliado com a
Relações comerciais externas inclusão do México. Em 1994 começou a vigorar o acordo que prevê a
Assim como o Brasil, todas as nações do planeta buscam avidamente eliminação das barreiras alfandegárias em quinze anos, mas cerca de 50
um objetivo em comum: incrementar o volume de exportações e importa- foram rompidas logo no primeiro ano.
ções. Para isso, tentam, assim como as empresas, fechar parcerias com Hoje o Nafta representa 88% do PIB continental. Para tentar atenuar
outros países, a fim de conseguir reduzir os custos e buscar suprir as impactos maiores causados pela progressiva competitividade que o Méxi-
próprias necessidades e as dos parceiros.<BR. co vem ganhando em alguns setores, o Brasil vem tentando retomar
A partir desse conceito se chegou ao que chamamos dos mercados alguns acordos bilaterais que já manteve com o país. Mesmo assim, com
comuns, que são área de negociação livre de impostos, parcial ou total- a progressividade da eliminação das barreiras do México para os EUA, a
mente, e com legislação mais flexível para estimular a negociação e exportação do Brasil para este último deve ser afetada.
diminuir o volume de negócios concretizados fora dessa área. Atualmente, o Nafta é o maior mercado integrado mundial e os países
Para se ter uma ideia, antes da criação das organizações multilaterais membros já tomam também algumas providências contra prejuízos sociais
na década de 50, com a convenção de Bretton Woods, o comércio inter- – principalmente o desemprego - que possam ocorrer com o acordo. Uma
nacional respondia por 10% apenas do PIB mundial. Em 1998, o volume já das medidas tomadas é a criação do Banco Norte-Americano de Desen-
representava 25%. volvimento.
Em tempos de economia globalizada, a necessidade de estabelecer Alca (Área de Livre Comércio das Américas) - A proposta dos Es-
parcerias e fortalecer as relações comerciais virou uma necessidade cada tados Unidos é criar esta área de livre comércio que seria uma espécie de
vez maior para os países. No Brasil, a importância da balança comercial união entre os países do Mercosul e do Nafta. Com isso, segundo o
para o equilíbrio das contas tem se tornado crucial e vital para o cumpri- coordenador do Ibmec, Márcio Fortes, a América Latina poderia se trans-
mento das metas com o FMI. Mas não é só: as relações comerciais exter- formar numa grande plataforma de exportação para os EUA, que sozi-
nas afetam diretamente os setores e empresas, mexendo com toda a nhos, já respondem por 78% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente.
economia e o mercado financeiro. Por conta disso, o Brasil vem tentando postergar os prazos inicialmente
Mas eliminar obstáculos aduaneiros e fortalecer as exportações são propostos pelos Estados Unidos e tentando barganhar melhores acordos
apenas alguns dos benefícios iniciais que os acordos de comércio interna- para a entrada dos produtos brasileiros naquele país.
cional podem ofercer. De acordo com Márcio Sette Fortes, coordenador do Mercado Comum Europeu – Inspirado a partir do sucesso do Plano
recém-criado MBA em Negócios Internacionais do Ibmec, no Rio, existem Marshall, com o objetivo de criar uma economia de larga escala para a
normalmente cinco estágios até se chegar a ser um bloco econômico com região e proporcionar a flexibilização das barreiras tarifárias e alfandegá-
interação econômica. “O primeiro é a criação de uma zona de livre comér- rias dos países da região, o Mercado Comum Europeu é a hoje o modelo
cio, que elimina basicamente obstáculos aduaneiros. mais efetivo de integração regional. Os países membros da União Euro-
É o caso do Nafta, mas neste caso há outros acordos específicos en- peia têm seus interesses defendidos pelo Parlamento Europeu, onde além
volvidos”, explica ele. “ O segundo passo é a união aduaneira, como é o das relações comerciais, assuntos como direitos humanos, aliança militar,
caso do Mercosul, na qual, além das vantagens aduaneiras, os países políticas sociais e públicas integradas são debatidos e deferidos. Apesar
membros acordam uma política comercial uniforme também com outras de ainda não ter sido adotada por todos os países membros, o Euro, a
nações que estão for a do acordo. Uma espécie de padronização da pauta moeda da União Europeia, já é apontada como modelo de integração total
de importações”. econômica. Os países que compõem o bloco são Inglaterra, Irlanda,
O terceiro passo, segundo Fortes, é a transformação em mercado França, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Holanda, Itália, Bélgica, Alema-
comum. Neste estágio, são eliminadas restrições de capital e trabalho, há nha, Áustria, Dinamarca, Suécia, Finlandia e Grécia.
livre circulação entre os países envolvidos. Na etapa seguinte, ocorre a
união econômica, ou seja, as políticas econômicas começam a ser padro-
nizadas. Por fim, se dá a integração econômica completa, que seria o
quinto e último estágio. “As políticas monetária, fiscal e social são unifor-
mizadas e é criada uma autoridade com autonomia para regular. 3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODU-
Na Europa, por exemplo, com o mercado comum hoje só se fala em ÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO. 3.1. A
Banco Central Europeu, parlamento europeu etc, são órgãos independen- formação territorial do Brasil e sua
tes dos países integrantes do bloco”, explica Fortes. “Mesmo assim ainda relação com a natureza. 3.2. O processo
há sempre a necessidade de fazer ajustes, porque as bases industriais e de industrialização brasileira e a inter-
as políticas dos países antes da união eram muito diferentes em vários nacionalização do capital. 3.2.1. Urbani-
casos”. zação, metropolização e qualidade de
Os blocos econômicos mais relacionados com a economia brasi- vida. 3.2.2. Estrutura e produção agrária
leira: e impactos ambientais. 3.2.3. População:
Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) – União aduaneira entre crescimento, estrutura e migrações,
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Começou em março de 1991, com o condições de vida e de trabalho. 3.3. O
chamado Tratado de Assunção. No continente americano, no entanto, os papel do Estado e as políticas territori-
quatro países do Mercosul representam apenas 8% do PIB contra o ais. 3.4. A regionalização do Brasil: de-
gigante Nafta (veja abaixo) que responde por 88% do PIB continental. senvolvimento desigual e combinado.
Mesmo assim, antes do início do acordo, em 1990, as trocas entre os
quatro países membros eram de US$ 3,9 bilhões e em 1995 já haviam
pulado para US$ 12,4 bilhões, mais do que o triplo. As relações, no entan- O Brasil, oficialmente República Federativa do Brasil, é uma república
to, tornaram-se complicadas e o acordo chegou a tender ao colapso, mas federativa presidencialista, localizada na América do Sul, formada pela
foi relançado no último ano. A meta é criar uma comunidade econômica união de 26 estados federados e pelo Distrito Federal. O país conta com
entre os quatro países, para facilitar e incrementar o comércio, com a 5.565 municípios, 191.480.630 habitantes, bem como uma área de
eliminação cada vez maior das barreiras aduaneiras. 8.514.876,599 km², equivalente a 47% do território sul-americano. Em

Geografia 61
APOSTILAS OPÇÃO
comparação com os demais países do globo, dispõe do quinto maior de Santa Cruz, Nova Lusitânia, Cabrália, etc. Em 1967, com a primeira
contingente populacional e da quinta maior área.Oitava maior economia Constituição da ditadura militar, o Brasil passou a chamar-se República
do planeta e maior economia latino-americana, o Brasil tem hoje forte Federativa do Brasil, nome que a Constituição de 1988 conserva até hoje.
influência internacional, seja em âmbito regional ou global. Encontra-se na Antes, na época do império, era Império do Brasil e depois, com a
39ª posição entre os países com melhor qualidade de vida do proclamação da República, Estados Unidos do Brasil.
planeta,além de possuir entre 15 e 20% de toda biodiversidade mundial,
sendo exemplo desta riqueza a Floresta Amazônica, com 3,6 milhões de Os habitantes naturais do Brasil são denominados brasileiros, cujo
quilômetros quadrados, a Mata Atlântica, o Pantanal e o Cerrado. gentílico é registrado em português a partir de 1706.
Fonte - Wikipédia
Faz fronteira a norte com a Venezuela, com a Guiana, com o
ESTADO
Suriname e com o departamento ultramarino da Guiana Francesa; ao sul
com o Uruguai; a sudoeste com a Argentina e com o Paraguai; a oeste Em todas as sociedades humanas, a convivência pacífica só é possí-
com a Bolívia e com o Peru e, por fim a noroeste com a Colômbia. Os vel graças à existência de um poder político instituído acima dos interes-
únicos países sul-americanos que não têm uma fronteira comum com o ses e vontades individuais. O estado, organização que monopoliza esse
Brasil são o Chile e o Equador. O país é banhado pelo oceano Atlântico ao poder nas civilizações desenvolvidas, tem alcançado o bem comum ao
longo de toda sua costa norte, nordeste, sudeste e sul. Além do território longo da história pelo emprego de formas diferentes de governo.
continental, o Brasil também possui alguns grandes grupos de ilhas no
oceano Atlântico como exemplo: Penedos de São Pedro e São Paulo, Conceito geral
Fernando de Noronha (território especial do estado de Pernambuco) e Estado é a organização política de um país, ou seja, a estrutura de
Trindade e Martim Vaz no Espírito Santo. Há também um complexo de poder instituída sobre determinado território ou população. Poder, território
pequenas ilhas e corais chamado Atol das Rocas (que pertence ao estado e povo (ou nação) são, consequentemente, os elementos componentes do
do Rio Grande do Norte). conceito de estado, que com eles deve estar identificado.
Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, o Brasil Poder é a capacidade que o aparelho institucional tem para impor à
apresenta uma das mais baixas densidades populacionais. A maior parte sociedade o cumprimento e a aceitação das decisões do governo ou
da população se concentra ao longo do litoral, enquanto o interior do país órgão executivo do estado. O território, espaço físico em que se exerce o
ainda hoje é marcado por enormes vazios demográficos. poder, está claramente delimitado com relação ao de outros estados e
coincide com os limites da soberania. A nação ou povo sobre o qual atua o
De colonização portuguesa, o Brasil é o único país de língua estado é uma comunidade humana que possui elementos culturais, víncu-
portuguesa do continente americano. A religião com mais seguidores é o los econômicos, tradições e histórias comuns. Isso configura um espírito
catolicismo, sendo o país com maior número de pessoas declaradamente solidário que geralmente é anterior à formação da organização política.
católicas do mundo, havendo parcela significativa da população de Dessa forma, o estado e a nação nem sempre coincidem: há estados
confissão evangélica, além do expressivo aumento da desfiliação religiosa plurinacionais (com várias nacionalidades) - como a Espanha, a Suíça e o
nos últimos anos. A sociedade brasileira é uma das mais multirraciais do Canadá - e nações repartidas entre vários estados - como no caso do
mundo, sendo formada por descendentes de europeus, indígenas, povo árabe.
africanos e asiáticos.
O aparelho de estado é composto de três elementos básicos de orga-
Etimologia nização: a administração, as forças armadas e a fazenda. A administração
é a organização encarregada de tomar as decisões políticas e de fazer
As raízes etimológicas do termo "Brasil" são de difícil reconstrução. O
com que elas sejam cumpridas por intermédio de uma série de órgãos ou
filólogo Adelino José da Silva Azevedo postulou que se trata de uma
departamentos (governo, ministérios, governos territoriais ou regionais,
palavra de procedência celta (uma lenda que fala de uma "terra de
polícia, previdência social etc.). A função das forças armadas é defender o
delícias", vista entre nuvens), mas advertiu também que as origens mais
estado. A manutenção de todo o aparelho estatal exige a arrecadação de
remotas do termo poderiam ser encontradas na língua dos antigos
fundos mediante a contribuição dos membros da sociedade, função que
fenícios.
corresponde à fazenda.
Na época colonial, cronistas da importância de João de Barros, Frei Nenhum poder político pode manter-se durante muito tempo pelo uso
Vicente do Salvador e Pero de Magalhães Gândavo apresentaram exclusivo da força. O que legitima o poder do estado é o direito, ordem
explicações concordantes acerca da origem do nome "Brasil". De acordo jurídica que regula o funcionamento das instituições e o cumprimento das
com eles, o nome "Brasil" deriva de "pau-brasil", a designação de um tipo leis pelas quais deve reger-se a coletividade. Ao mesmo tempo em que
de madeira empregada na tinturaria de tecidos. Na época dos legitima o estado, o direito limita sua ação, pois os valores que orientam o
descobrimentos, era comum aos exploradores guardar cuidadosamente o corpo jurídico emanam, direta ou indiretamente, do conjunto da sociedade.
segredo de tudo quanto achavam ou conquistavam, a fim de explorá-lo As normas consuetudinárias, os códigos de leis e, modernamente, as
vantajosamente, mas não tardou em se espalhar na Europa que haviam constituições definem os direitos e deveres dos cidadãos, além das fun-
descoberto certa "ilha Brasil" no meio do Atlântico, de onde extraíam o ções e limites do estado. Nos estados liberais e democráticos, as leis são
pau-brasil (madeira cor de brasa). elaboradas e aprovadas pelos corpos legislativos, cujos membros, eleitos
De acordo com a tradição, o nome Brasil é oriundo do pau-brasil. pelos cidadãos, representam a soberania nacional. A lei está acima de
Porém só a tradição não basta, devido desde 1339 (século XIV) o termo todos os indivíduos, grupos e instituições. Esse é o significado da expres-
Brasil já aparecer em mapas. Nos planisférios dos cartógrafos Mediceu, são "império da lei".
Solleri, Pinelli e Branco mostravam uma Ilha Brasil (a oeste da ilha de O julgamento sobre o cumprimento ou não-cumprimento das leis e o
Açores). estabelecimento das penas previstas para punir os criminosos compete ao
poder judiciário, exercido nos tribunais.
O gentílico "brasileiro" surgiu no século XVI, referindo-se inicialmente
apenas aos que comercializavam pau-brasil. Passou depois a ser usado Evolução histórica do estado
informal e costumeiramente para identificar os nascidos na colônia e
Origem do estado. Nas sociedades matriarcais, anteriores ao surgi-
diferenciá-los dos vindos de Portugal; entretanto foi só em 1824, na
mento da família monogâmica e da propriedade privada, o poder social
primeira constituição brasileira, que o gentílico "brasileiro" passou
era distribuído de forma hierarquizada, a partir dos conselhos de anciãos e
legalmente a designar as pessoas naturais do Brasil. Há ainda a
das estruturas tribais. As relações entre os membros das sociedades eram
possibilidade do uso do gentílico brasiliano para designar os naturais da
de tipo pessoal e a coesão do grupo se baseava em práticas religiosas e
República Federativa do Brasil.
ritos sociais de tipo tradicional.
Antes de ficar com a designação atual "Brasil" as novas terras
O surgimento da agricultura e a consequente distribuição de terras en-
descobertas foram designadas de: Monte Pascoal (quando os
tre os membros da sociedade favoreceu a criação da propriedade privada,
portugueses avistaram terras pela primeira vez), ilha de Vera Cruz, Terras
Geografia 62
APOSTILAS OPÇÃO
dos direitos hereditários e, por conseguinte, da família patriarcal. Nela, a tuído de uma população ampla, que normalmente reúne características
descendência devia ser assegurada por meio de um sólido vínculo matri- nacionais, estabelecida num território definido e regida por um poder
monial de caráter monogâmico (a mulher só podia ter um marido). Os soberano.
primeiros estados, no Egito, na Mesopotâmia, na China, na Índia, na
América Central, nos Andes etc. surgiram como uma delegação do poder A partir do século XVI, o estado conheceu as seguintes configura-
social, numa estrutura política capaz de assegurar o direito de propriedade ções: estado autoritário, estado absoluto, estado liberal, estado socialista
frente a inimigos internos (ladrões) ou externos (invasores). Tiveram ou comunista, estado fascista e estado democrático.
origem ainda como organização destinada a tornar possível a realização A primeira fase do estado moderno se caracterizou pelo fortalecimen-
dos trabalhos coletivos (construção de canais, barragens, aquedutos etc.) to do poder real, embora seus meios de ação política tenham sido limita-
necessários para a comunidade. dos pela privatização dos cargos públicos. O exemplo mais conhecido de
Esses primeiros estados se caracterizaram por exercer um poder ab- estado autoritário foi o império hispânico de Filipe II. No processo de
soluto e teocrático, no qual os monarcas se identificavam com uma divin- secularização e racionalização do poder, o absolutismo (séculos XVII e
dade. O poder se justificava por sua natureza divina e era a crença religio- XVIII) promoveu a desvinculação definitiva do estado com relação tanto
sa dos súditos que o sustentava. aos poderes do império e do papado, quanto da nobreza e das corpora-
ções urbanas. A soberania, capacidade de criar o direito e de impor a
A primeira experiência política importante no mundo ocidental foi rea- obediência às leis, ficou concentrada no estado, identificado com o mo-
lizada na Grécia por volta do século V a.C. A unidade política grega era a narca absoluto. Luís XIV da França foi o expoente máximo do absolutismo
polis, ou cidade-estado, cujo governo foi, em alguns momentos, democrá- monárquico.
tico. Os habitantes que alcançavam a condição de cidadãos - da qual
estavam excluídos os escravos - participavam das instituições políticas. A ascensão econômica da burguesia criou, na segunda metade do
Essa democracia direta teve sua expressão mais genuína em Atenas. século XVIII, a necessidade de encontrar fórmulas políticas que abranges-
sem as propostas burguesas sobre a configuração da sociedade e do
Para os filósofos gregos, o núcleo do conceito de estado se achava estado: participação, igualdade jurídica, liberdades individuais e direito de
representado pela ideia de poder e de submissão. Platão, em A república propriedade. Novas teorias políticas contribuíram para compor a ideologia
e As leis, afirmou que a soberania política devia submeter-se à lei. Para da burguesia revolucionária. Thomas Hobbes, defensor do estado absolu-
ele, somente um estado em que a lei fosse o soberano absoluto, acima tista, introduziu o individualismo radical no pensamento político e estabe-
dos governantes, poderia tornar os cidadãos felizes e virtuosos. Platão leceu as bases teóricas do conceito moderno de contrato social, que seria
esboçou o modelo de uma cidade-estado ideal, na qual a lei exercia uma desenvolvido, posteriormente, por Jean-Jacques Rousseau. John Locke
função educadora tanto dos cidadãos como do estado. Aristóteles distin- afirmou o caráter natural do direito à vida e à propriedade e defendeu uma
guiu várias formas de governo e de constituição, mas admitiu limites ao divisão de poderes voltada para combater a centralização absolutista.
exercício do poder por intermédio do direito e da justiça. Montesquieu definiu a configuração clássica dessa divisão de poderes em
executivo, legislativo e judiciário.
A organização política de Roma foi, no início, semelhante à grega. A
civitas (cidade) era o centro de um território reduzido, onde todos os Estados contemporâneos. A revolução francesa teve como conse-
cidadãos participavam do governo. Com a expansão do império e das leis quência a criação de uma nova estrutura política adaptada às transforma-
gerais promulgadas por Roma, respeitaram-se as leis específicas dos ções econômicas que a sociedade estava experimentando com o desen-
povos dominados. Marco Túlio Cícero, orador e filósofo romano, afirmou volvimento do capitalismo. Para garantir as liberdades individuais, a igual-
que a justiça é um princípio natural e tem a missão de limitar o exercício dade jurídica e o direito de propriedade, foram limitadas as prerrogativas
do poder. reais e a atuação estatal foi submetida à lei. Com o precedente das consti-
tuições americana e francesa, logo começaram a surgir, nos países euro-
Os arquétipos políticos gregos e as ideias de Cícero exerceram in- peus e americanos, textos constitucionais em que se consagrava o fracio-
fluência decisiva sobre santo Agostinho e em todos os seguidores de sua namento do poder como garantia efetiva dos direitos do indivíduo. A
doutrina. Para santo Agostinho, o estado é uma comunidade de homens missão principal do estado liberal se baseava na proteção das liberdades
unida pela igualdade de direitos e pela comunhão de interesses: não pode individuais e na manutenção de uma ordem jurídica que permitisse o livre
existir estado sem justiça. Apenas a igreja, modelo da cidade celeste, jogo das forças sociais e econômicas. Para cumprir essa missão, o estado
pode orientar a ação do estado na direção da paz e da justiça. se valia dos meios legais estabelecidos pela constituição.
Na Idade Média, a teoria de que o poder emanava do conjunto da O crescimento do proletariado industrial e os conflitos imperialistas
comunidade surgiu como elemento novo. O rei ou o imperador, portanto, entre as potências europeias favoreceram a deterioração e o descrédito
deviam ser eleitos ou aceitos como tais por seus súditos, para que sua dos regimes liberais a partir do final do século XIX. O socialismo utópico e,
soberania fosse legítima. O enfoque de que o poder terreno era autônomo depois, o anarquismo e o marxismo negaram a legitimidade do estado
com relação à ordem divina permitiu o surgimento da doutrina de um liberal e propuseram novos modelos de sociedade nos quais o homem
"pacto" que devia ser realizado entre soberano e súditos, em que eram poderia desenvolver plenamente suas capacidades.
estabelecidas as condições do exercício do poder e as obrigações mútuas
para alcançar o bem comum. A lei humana, reflexo da lei divina, devia O anarquismo criticou diretamente o estado por considerá-lo um ins-
apoiar-se na razão. Santo Tomás de Aquino expõe essa concepção do trumento de opressão dos indivíduos. Os anarquistas sustentavam que
poder na Summa theologica. todo o poder era desnecessário e nocivo. Propunham a substituição das
relações de dominação estabelecidas pelas instituições estatais por uma
Desenvolvimento do estado moderno. A concepção antropocêntrica colaboração livre entre indivíduos e coletividades. Max Stirner, Pierre-
do mundo adotada pelos renascentistas levou à secularização da política. Joseph Proudhon, Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin foram importantes
Maquiavel, em O príncipe, defendeu um estado secular forte, capaz de representantes das diferentes correntes anarquistas.
fazer frente ao poder temporal do papado. Segundo Maquiavel, o estado
tem sua própria razão como guia: a razão de estado, independente da Para Karl Marx, Friedrich Engels e os marxistas que vieram depois, a
religião e da moral. O estado renascentista tinha as seguintes característi- igualdade jurídica e as declarações formais de liberdade nos estados
cas: existência de um poder independente, com um exército, uma fazenda liberais encobriam a desigualdade econômica e a situação de exploração
e uma burocracia a seu serviço; superação da atomização política medie- de determinadas classes sociais por outras. O estado capitalista era o
val; base territorial ampla; e separação entre o estado e a sociedade. meio de opressão da burguesia sobre o proletariado e as demais classes
populares. Segundo a teoria do materialismo histórico, o próprio desenvol-
No século XVI, Jean Bodin incorporou a noção de soberania à ideia vimento do capitalismo e o crescimento do proletariado desembocariam na
de independência do poder político: o estado é soberano e não tem que destruição do estado burguês e em sua substituição por um estado transi-
reconhecer na ordem temporal nenhuma autoridade superior que lhe dê tório, a ditadura do proletariado. Essa finalmente se extinguiria para dar
consistência jurídica. A esse conteúdo racional, trazido pelo Renascimen- lugar à sociedade sem classes. A revolução russa e, posteriormente, a
to, se deve a aparição do estado moderno, que se distingue por ser consti- chinesa, a cubana e outras procuraram colocar em prática o estado socia-

Geografia 63
APOSTILAS OPÇÃO
lista, ou comunista, da ditadura proletária em suas diferentes interpreta- mesma nação coexistam adeptos de várias crenças. A fé religiosa partici-
ções. pa de uma ordem transcendental, enquanto a nação é resultado de um
vínculo que pertence ao domínio das coisas terrenas. A nação fundamen-
Na primeira metade do século XX, a crítica ao estado liberal se de- ta-se na consciência de uma missão comum, alimentada pela recordação
senvolveu também a partir das ideologias fascistas, baseadas em uma de tradições e de glórias que remontam às gerações anteriores, sobrevi-
concepção radical do nacionalismo. Tanto o fascismo italiano quanto o vem na geração presente e projetam-se nas futuras. A solidariedade
nacional-socialismo alemão defenderam os interesses da nação sobre a psicológica daí resultante ainda encontra exteriorização imediata na
liberdade dos indivíduos. O estado, encarnação do espírito nacional, devia identidade de linguagem. Essa identidade, que não exclui, entretanto,
concentrar todas as energias individuais a fim de atingir seus objetivos algumas variações idiomáticas e mesmo um eventual bilinguismo, especi-
últimos e transcendentes. Historicamente, o fascismo representou uma almente em regiões de fronteira, é por si só índice seguro de um longo
reação contra o auge do movimento operário e o comunismo internacional passado de vida em comum e de uma unidade básica de cultura e educa-
depois da revolução russa. Também significou uma justificativa ideológica ção.
para o imperialismo de dois estados que haviam ficado fora da divisão do
mundo promovida pelas outras potências ocidentais. Histórico. A ideia de nação é historicamente recente. Em sentido am-
plo, a concepção de nacionalidade começou a tomar corpo com o Renas-
Depois da segunda guerra mundial, dois sistemas políticos e econô- cimento, movimento dirigido contra o universalismo cristão, que, na Idade
micos disputaram o poder sobre o planeta. No bloco socialista, os estados Média, era representado pelo papado. Sob a influência do humanismo
mantiveram suas características totalitárias, baseadas no poder absoluto renascentista, diferenciaram-se como unidades políticas as comunidades
de um partido único considerado porta-voz dos interesses da classe culturais, cujo elemento unificador era a figura do rei. A Inglaterra, a Fran-
trabalhadora. No bloco ocidental, o estado liberal se consolidou mediante ça e a Espanha passaram então a apresentar, com alguma nitidez, os
a adoção, desde o início do século, de diversos princípios democráticos e contornos clássicos de nação, possuidora de identidade externa própria e
sociais: sufrágio universal (antes o voto era censitário, ou seja, só para as de objetivos definidos no plano interno. O rei era o símbolo da nacionali-
classes ricas), voto feminino, desenvolvimento dos serviços públicos e dade e responsável pela manutenção do elo unificador.
sociais, intervenção estatal na economia etc. A tradicional divisão de
poderes se manteve formalmente, mas o fortalecimento do poder executi- A revolução francesa foi o fenômeno que liberou toda a carga emoci-
vo se generalizou em quase todos os países. onal encerrada no conceito de nação, fazendo-o aparecer associado às
ideias de liberdade e progresso. Em nome da revolução transferiu-se a
A partir de 1990, a reunificação dos dois estados alemães, o esface- soberania do rei para o povo, e o ideal libertário veio despertar e desenca-
lamento da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas repre- dear o nacionalismo na Europa e na América.
sentaram não só o fim da divisão do mundo em dois blocos antagônicos,
como também a abertura política e econômica dos países do leste e o A história encarregou-se de demonstrar, entretanto, que nem todas as
acirramento de movimentos nacionalistas. Sob intensas disputas, os nacionalidades -- grupos com características próprias de língua e cultura --
mapas políticos da Europa e da antiga União Soviética foram redefinidos, podem erigir-se em nação, entidade que se deseja instituir como núcleo
de tal forma que os limites territoriais dos estados passaram a coincidir, na de um estado, com personalidade autônoma na cena internacional. O
maioria dos casos, com as fronteiras nacionais. A perspectiva de unifica- crivo dos acontecimentos mostrou que a coincidência da unidade cultural
ção europeia poderia representar uma alteração no equilíbrio de forças da com a política é mais exceção do que regra.
nova ordem mundial na virada do século. ©Encyclopaedia Britannica do
Brasil Publicações Ltda. Nação e estado. Apesar do desajuste entre a concepção teórica da
doutrina das nacionalidades e a realidade política da vida internacional,
Nação onde os estados se formam segundo critérios ditados pelas estruturas de
poder, o princípio subjacente da nacionalidade persiste como elemento
Uma nação é sempre o resultado da história, uma obra de séculos. influente e muitas vezes dominante na conformação da unidade política e
Desenvolve-se por meio de provações, de sentimentos experimentados seu relacionamento externo. Nação e estado, por um laborioso processo
pelos homens, não raro do emprego da força, ou ainda pela interação de histórico, tendem eventualmente a coincidir, embora um estado possa
elementos raciais e culturais. compreender elementos de diversas nacionalidades; e nada impede que
A nação é a comunidade natural de homens que, reunidos num mes- uma nação esteja dividida em mais de um estado.
mo território, possuem em comum a origem, os costumes e a língua e Estado é um conceito político: compreende os indivíduos congrega-
estão conscientes desses fatos. Tal definição, que sintetiza o consenso da dos em determinado território sob um governo comum. Nação é um con-
maioria dos especialistas, engloba os elementos essenciais para a consti- ceito cultural: refere-se à soma das pessoas que comungam na origem,
tuição da nacionalidade: tradição comum de cultura, origem e raça (fatores língua e história. O âmbito do estado não coincide necessariamente com o
objetivos), e a consciência do grupo humano de que esses elementos da nação. A nação é um grupo culturalmente homogêneo, que pode não
comunitários estão presentes (fator subjetivo). gozar de independência política, mas ser apenas parte de um estado mais
É o segundo fator, fundamental para a existência da nação, que une amplo ou de um império. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
seus membros; mais do que a identidade de idioma ou a convivência num Ltda.
mesmo território, é o vínculo puramente moral ou psicológico representado FORMA DE GOVERNO E FORMA DE ESTADO
por um destino comum, forjado na história da formação da nacionalidade.
Todos os homens pertencentes ao grupo estão unidos não apenas porque O caput do art. 1º da CF estabelece que em relação à forma de
seus antepassados também o estiveram, mas porque assim querem governo e à forma de Estado o Brasil é uma República Federativa,
permanecer no presente, para atingir os objetivos comuns no futuro. Esse formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
elemento voluntarista, menos tangível que os componentes objetivos, é Federal.
essencial.
A forma de governo indica a maneira como se dá a instituição do
Elementos constitutivos. A própria fluidez do conceito de nação torna poder na sociedade e a relação entre o povo e seus governantes. As
difícil determinar, em termos rigorosamente científicos, seus elementos formas mais comuns de governo são a Monarquia (poder singular),
constitutivos. O elemento étnico, sempre apontado de início, não é, entre- caracterizada pela ascensão automática, hereditária e vitalícia ao trono, e
tanto, inteiramente aceitável, em face das misturas raciais verificadas ao a República (poder plural), cuja marca principal é a eletividade periódica
longo da história -- tanto de indivíduos quanto de grupos inteiros em do Chefe de Estado para um mandato cujo prazo é fixado na Constituição.
consequência do comércio, das conquistas militares e das migrações.
Na Monarquia absoluta o rei ou o imperador exerce o poder de forma
Costuma-se ainda indicar como elementos constitutivos da nação a ilimitada. Na Monarquia constitucional, mais comum na atualidade, o rei ou
tradição histórica, a cultura, o idioma e a religião. Tais elementos, da o imperador deve observar os limites traçados no ordenamento jurídico do
mesma forma, não são essenciais. Uma religião comum, por exemplo, Estado.
pode vincular homens de diferentes nações, mas nada impede que numa
Geografia 64
APOSTILAS OPÇÃO
A responsabilidade dos governantes, em especial dos chefes do Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as medidas de fiscalização
Poder Executivo, é da essência da forma republicana de go- necessárias para:
verno. I — evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de
imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial;
Velha República é a denominação dada ao período que abrange
desde a proclamação dessa forma de governo no Brasil até a Revolução II — reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou
de 1930. no seu mar territorial.
• Zona econômica exclusiva (ZEE): compreende uma faixa que se
Denomina-se Nova República o período iniciado com a eleição de
estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das
Tancredo Neves para a Presidência da República em 15 de janeiro de
linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.
1985 e o fim do regime militar instituído em 1964.
FEDERAÇÃO. A UNIÃO, OS ESTADOS, O DF, OS MUNICÍPIOS E
Montesquieu também cita o despotismo como forma de governo. OS TERRITÓRIOS (ART. 18 DA CF)
Neste o monarca reina fora da ordem jurídica e baseado no medo que
impõe ao povo. No Brasil, a Federação nasceu de forma artificial, pois primeiro foi
criado o Estado Central e depois foram criadas as Unidades Federativas
A forma de Estado (Estado federado, composto, ou Estado unitário, (federalismo por segregação). Nos Estados Unidos da América do Norte,
simples) indica a existência ou não de uma divisão territorial do poder. ao contrário, havia Estados soberanos preexistentes que se agregaram
para constituir a Federação (federalismo por agregação).
O Estado unitário é caracterizado pela concentração do poder em um
órgão central. Pode ser puro (poder totalmente concentrado no órgão E é na perspectiva da Federação que deve ser estudada a
central), descentralizado administrativamente (são designados órgãos organização político-administrativa, quando é afirmada a autonomia dos
para executar as deliberações já tomadas pelo poder central) ou entes que compõem o Estado e se lhes garantem competências próprias.
descentralizado política e administrativamente (quando os órgãos
União
executores das medidas do poder central possuem maior liberdade de
execução). A União é componente da República Federativa do Brasil, em
Na Federação há poderes regionais, que desfrutam da autonomia que conjunto com Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios. Diga-se, no
lhes confere a Constituição Federal, e um poder central aglutinador, que entanto, que o modelo trilhado pelo constituinte pátrio não é usual, já que
representa a soberania nacional. Nas Federações é comum a existência a Federação pressupõe apenas a reunião de Estados-Membros, sendo
de um órgão judiciário de competência nacional, que dirime inclusive atípica e própria do modelo brasileiro a elevação dos Municípios à
conflitos entre os Estados federados e entre estes e o poder central (no categoria de ente da Federação.
Brasil, o STF), e de um Senado com representação idêntica de todas as Na perspectiva interna, a União é ente da Federação, dotado de
unidades da Federação (atualmente temos 26 Estados e 1 Distrito autonomia política, administrativa e de autolegislação, sendo pessoa
Federal, sendo que cada um elege 3 dos nossos 81 senadores). jurídica de direito público interno (art. 41, I, do CC). Sob prisma diverso,
Federalismo assimétrico é aquele que busca acomodar as ela representa a República Federativa, é instrumento de exteriorização da
desigualdades regionais por meio de incentivos e repartições de receitas, soberania do Estado brasileiro (art. 21, I a IV, da CF).
medidas que preservam a própria existência da unidade nacional.
O patrimônio da União é formado pelos bens indicados
Manoel Gonçalves Ferreira Filho cita a seguinte lição de Sampaio exemplificativamente a partir do art. 20 da CF, como as terras devolutas
Dória: “O poder que dita, o poder supremo, aquele acima do qual não haja indispensáveis à defesa da fronteira, indispensáveis à preservação
outro, é a soberania. Só esta determina a si mesma os limites de sua ambiental; o mar territorial; os potenciais de energia hidráulica; os terrenos
competência. A autonomia, não. A autonomia atua dentro dos limites que de marinha; os recursos naturais da plataforma continental, dentre outros.
a soberania lhe tenha transcrito”.
A Emenda Constitucional n. 46 alterou o inciso IV do art. 20 da
Constituição Federal. A redação atual estabelece que são bens da União
CONCEITO DE ESTADO as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as
O Estado é a pessoa jurídica que tem como elementos básicos a
que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
soberania, o povo (elemento humano), o território (base) e o governo
serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II,
(poder condutor); é a sociedade politicamente organizada dentro de
da própria Constituição.
determinado espaço físico e que tem por fim o bem-estar de todos.
• Povo: é o conjunto dos cidadãos, daqueles que mantêm um vínculo O rol não é, nem poderia ser, taxativo, pela impossibilidade lógica de
jurídico com o Estado. o constituinte antecipar fatos e mutações impostas pelo desenvolvimento
nacional e mesmo pelo desenvolvimento tecnológico e científico, que
• Cidadão: em sentido estrito, é aquele que detém o poder de podem importar em novas formas de descoberta de bens e atribuição de
participação nos negócios do Estado por estar no gozo dos seus importância ou valor até então desconhecidos.
direitos políticos.
Sendo, no entanto, bens públicos, integram necessariamente o
• População: é conceito meramente demográfico.
patrimônio público deferido à pessoa jurídica de direito público interno
• Nação: é um conceito político-sociológico que indica a existência de representativa da União Federal.
uma comunidade unida por laços históricos.
A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
• Território: é a extensão sobre a qual o Estado exerce sua soberania. Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, nos
Por República Federativa do Brasil entende-se o território brasileiro, o termos do § 4º do art. 225 da CF. Referido dispositivo, contudo, não
espaço aéreo nacional, o mar territorial (12 milhas marítimas, nos converte em bens públicos os imóveis particulares existentes nas áreas
termos da Lei n. 8.617/1993), o subsolo, os navios e aeronaves de especificadas, nem tampouco impede a utilização destes, desde que
guerra brasileiros em qualquer lugar que se encontrem, os navios observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias
mercantes brasileiros em alto-mar ou de passagem em mar territorial à preservação ambiental (STF, RE 134.297).
estrangeiro e as aeronaves civis brasileiras em vôo sobre o alto-mar
ou de passagem sobre águas internacionais ou espaços aéreos Os símbolos do País são a bandeira, o hino, as armas e o selo
estrangeiros. nacionais, sem prejuízo de os Estados-Membros, o DF e os Municípios
• Zona contígua brasileira: é a faixa que se estende das doze às vinte e adotarem símbolos próprios. Aos índios, o art. 231 da CF garante o uso
quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que das suas línguas.
servem para medir a largura do mar territorial.

Geografia 65
APOSTILAS OPÇÃO
Competência material Em matéria tributária, porém, a competência residual foi atribuída à
União, que mediante lei complementar poderá instituir impostos não
A competência administrativa, também denominada material ou não previstos expressamente na CF, nos termos do seu art. 154, I.
legislativa, impõe o dever ou a possibilidade de atuação material da União
em áreas e matérias expressas na Constituição, podendo ser: exclusiva Estados-Membros
(art. 21) ou comum a outros Entes Federados (art. 23). São hipóteses de
atuação da máquina administrativa, regida em regra por normas de direito Integrantes da Federação, os Estados-Membros também são dotados
público (especialmente de direito tributário, de direito administrativo, de de autonomia política, administrativa e de competência para legislar, e são
direito previdenciário). Trata-se da gestão da coisa pública, da atividade pessoas jurídicas de direito público interno.
administrativa. A competência para o governO próprio e a competência para legislar
é que estabelecem a distinção entre o Estado unitário e o Estado federal,
Conforme leciona José Afonso da Silva, “podemos classificar as já que a autonomia que lhes é deferida é exercida sem concessão pelo
competências primeiramente em dois grandes grupos e suas subclasses: poder central (não há poder do Estado por concessão da União). Detêm,
(1) competência material, que pode ser: (a) exclusiva (art. 21, a exemplo no entanto, apenas autonomia (e não soberania), o que resulta a
de emitir moeda); e (b) comum, cumulativa ou paralela (art. 23, a exemplo necessidade de atendimento das diretrizes fixadas antes na Constituição
de cuidar da saúde); (2) competência legislativa, que pode ser: (a) da República.
exclusiva (art. 25, §§ 1º e 2º); (b) privativa (art. 22); (e) concorrente (art.
24); (d) suplementar (art. 24, § 2º)”. Auto-organização corresponde à possibilidade de os Estados organi-
zarem-se por suas Constituições. Trata-se de poder decorrente, chamado
A diferença que se faz entre competência exclusiva e competência por muitos “poder constituinte derivado decorrente”, como já visto.
privativa é que a exclusiva é indelegável e a privativa, delegável. Tal poder pode ser reconhecido como “constituinte” porque, de fato,
Divisão da competência legislativa institui poderes estatais (o Legislativo, o Judiciário, o Executivo), mas não
é originário, pois deriva da Constituição.
As regras previstas nos arts. 22, 24, 25 e 30 da Constituição Federal A limitação ao exercício desse poder constituinte está fixada na
são pertinentes à competência legislativa, ou seja, à atribuição obrigatória observância de princípios constitucionais.
constitucional de cada um dos entes políticos (assim entendidos os
dotados de Poder Legislativo) no poder de editar leis. Os princípios limitativos, aos quais a Constituição dos Estados está
atrelada, classificam-se em duas espécies:
Havendo dúvida quanto à atribuição de cada ente político, deve ser a) princípios constitucionais sensíveis, que são aqueles enumerados
observado o princípio da predominância de interesse (nacional, regional expressamente (CF, art. 34, VII);
ou local) na matéria.
b) princípios constitucionais estabelecidos, que são aqueles que
À União compete legislar privativamente sobre as matérias previstas encerram algumas vedações ou determinam alguns procedimentos ou
no art. 22 da CF, embora o parágrafo único do dispositivo autorize a União regem a Administração Pública.
a delegar aos Estados e ao DF, por lei complementar, poderes para Os princípios constitucionais sensíveis estão previstos no art. 34, VII,
legislar sobre questões específicas das matérias ali arroladas. e são assim denominados porque a infringência de qualquer deles
O art. 24, por sua vez, disciplina a denominada competência sensibiliza o Estado Federal a tal ponto que provoca a sua intervenção na
legislativa concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal. entidade violadora.
Quanto a essas matérias, cabe à União estabelecer normas gerais — Autogoverno característica do Estado federal, o autogoverno
(diretrizes gerais de abrangência nacional), enquanto Estados e Distrito garante aos Estados a capacidade de administrar seus interesses e de
Federal recebem atribuição para suplementar as normas gerais e editar estabelecer a regência de seus negócios, sem prévia delegação ou
leis disciplinando as especificações de cada matéria, garantindo assim a descentralização havida do poder central.
aplicabilidade das regras no âmbito regional. Incorporação, subdivisão e desmembramento dos EstadosMembros
A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui A incorporação (a exemplo do Estado da Guanabara, incorporado pe-
a competência suplementar dos Estados, os quais devem apenas lo Rio de Janeiro em 1975, cf. LC n. 20/1974), a subdivisão (o ente origi-
preencher as lacunas ou adaptar as regras gerais às peculiaridades nário desaparece e seu território forma um ou mais novos Estados) ou o
regionais, sem afrontar a legislação federal. desmembramento (o ente originário subsiste, mas parte de seu território
forma um novo Estado, a exemplo de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
Inexistindo lei federal sobre as normas gerais previstas no art. 24,
Goiás e Tocantins) de um Estado-Membro, para incorporação a outro, ou
Estados e Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena
mesmo para a criação de um novo Estado-Membro ou de um Território
(legislarão supletivamente sobre as normas gerais e exercerão sua
Federal, depende da aprovação da população interessada, via plebiscito
competência própria quanto às especificações). A superveniência de lei
convocado por decreto legislativo (aprovado por maioria simples), cuja
federal sobre normas gerais suspenderá (mas não revogará) a eficácia da
proposta é de iniciativa de 1/3 dos deputados federais ou dos senadores
lei estadual, no que lhe for contrária.
(Lei n. 9.709/1998).
Aos Municípios compete legislar sobre assuntos de interesse local e Havendo consentimento popular, o Congresso Nacional, por
complementar (suplementar) à legislação federal e à legislação estadual intermédio da Casa pela qual começou a tramitar o projeto de lei, deve
no que couber, respeitando as suas diretrizes básicas. colher a manifestação (que não vincula a decisão do Parlamento Nacional)
Nos termos da Súmula 645 do STF, é competente o Município para da(s) Assembleia(s) Legislativa(s) das regiões envolvidas, nos termos do
fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. art. 48, VI, da CF e da Lei n. 9.709/1998.
Ao final, a proposta dependerá da aprovação do Congresso Nacional,
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas por lei complementar federal.
reservadas aos Estados e Municípios, exceto quanto à organização do
Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Os Municípios
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, nos termos dos incisos XIII e
Atipicamente, a estrutura brasileira prevê que também os Municípios
XIV do art. 21 da CF (que serão organizados por lei federal).
integram a Federação, pois gozam de ampla autonomia política,
Por fim, temos a denominada competência residual dos Estados- financeira, legislativa e administrativa (art. 18). A auto-organização dos
Membros, ou seja, são reservadas aos Estados as competências que a Municípios é primordialmente expressa na elaboração de sua própria lei
Constituição Federal não lhes veda nem atribui à União ou aos Municípios orgânica.
(art. 25, §§1º e 2º). A competência residual também é denominada
Hely Lopes Meirelles sustenta que diante de sua grande importância e
exclusiva.
autonomia na federação brasileira o Município é uma “entidade estatal de

Geografia 66
APOSTILAS OPÇÃO
terceiro grau, integrante e necessária ao nosso sistema federativo”, ou Os Territórios podem ser divididos em Municípios (art. 33, § 1º, da CF)
seja, nossa Federação é trina (tríplice), e não dualista.. No mesmo sentido e não são considerados entes da Federação (como são os Estados-
decidiu o C. STF na ADIn-MC 2.38 1/RS, DJU, 14-12-2001. O art. 87 do Membros). São uma descentralização administrativa e territorial da União,
ADCT, inserido pela EC n. 37/2002, e a Lei de Responsabilidade Fiscal com natureza de mera autarquia. O Território não elege senador (pois não
(art. 2º da LC n. 101/2000) incluem os Municípios entre os entes da é ente federado), mas sua população elege quatro deputados federais
Federação. (representantes do povo do Território).
José Afonso da Silva, por sua vez, leciona que “o município é O governador do Território é nomeado pelo Presidente da República,
componente da Federação mas não entidade federativa”, destacando que após a aprovação do seu nome pelo Senado Federal (inciso XIV do art. 84
por onze vezes (entre elas o § 1º do art. 5º e o inciso II do art. 60) a da CF), e naqueles Territórios Federais com mais de cem mil habitantes
Constituição Federal utiliza as expressões unidades da Federação e haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instâncias, membros do
unidade federada sem incluir os Municípios. Ministério Público e defensores públicos federais (§ 3º do art. 33 da CF).
Entre outros requisitos das unidades federadas, os Municípios não Conforme estabelece o parágrafo único do art. 110 da CF, “nos
dispõem de Poder Judiciário próprio ou representante exclusivo no Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
Senado Federal. federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei”.
A criação, incorporação, fusão (dois ou mais Municípios são extintos e A Lei n. 8.185/1991 dispõe sobre a organização judiciária do Distrito
formam uma nova cidade) ou desmembramento de Municípios depende Federal e dos Territórios. O Distrito Federal integra a Federação, elege
de estudos quanto à viabilidade do ente que se quer formar (EC n. 15, de senadores e deputados federais, tem eleição direta para governador, mas
12-9-1996), da aprovação, por plebiscito, das populações dos Municípios não pode ser desmembrado em Municípios (art. 32, caput, da CF). Nele
envolvidos (segundo prevalece na doutrina e consta do art. 7º da Lei n. está situada a Capital Federal, Brasília, embora a sede do governo federal
9.709/1998, população da área desmembrada e da área que poderá ser possa ser temporariamente transferida pelo Congresso Nacional (art. 48,
emancipada), da observância dos requisitos previstos em lei VII, da CF).
complementar federal que disciplina a matéria e de lei estadual.
Discute-se a natureza jurídica do Distrito Federal, prevalecendo tratar-
Havendo empate no plebiscito, fica vedada a criação do novo se de pessoa jurídica criada diretamente pela Constituição Federal e que
Município, conforme já decidiu o STF no julgamento da Ação Rescisória n. se equipara aos Estados-Membros, desfrutando das competências
798/1983. legislativas municipais e estaduais.
Prevalece atualmente que a EC n. 15/1996 depende de Tem capacidade de se autoconstituir, elaborando sua própria lei
regulamentação por nova lei complementar, razão por que inúmeras orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e
Assembleias Legislativas suspenderam os procedimentos aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Legislativa, que a promulgará
emancipacionistas. Quem sustenta a aplicabilidade imediata das regras da (art. 32 da CF). O povo do DF elege autoridades próprias (Câmara
EC n. 15/1996 argumenta que as normas anteriores (LC n. 1/1967 e Dec.- Legislativa, onde estão os deputados distritais, além de governador e vice-
Lei n. 411/1969) foram recepcionadas e disciplinam a questão. governador eleitos, nos termos do art. 32, §§ 2º e 3º). Funciona como
sede das decisões do Estado Federal.
O C. Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a ADIn-MC 2.38 l/RS,
concluiu: “Embora não seja auto-aplicável o § 4º do art. 18 da CF (nova Observe-se, porém, que a autonomia do Distrito Federal não é tão
redação dada pela EC 15/96) — que sujeita à lei complementar federal os ampla quanto aquela verificada nos Estados-Membros, já que parte de
critérios para criação, incorporação, fusão e desmembramento de sua estrutura administrativa é organizada e mantida pela União (Poder
municípios —, é imediata sua eficácia mínima, de modo a impedir a Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Polícia
instauração e conclusão de processos de emancipação de municípios em Militar e Bombeiro Militar, nos termos dos incisos XIII e XIV do art. 21 da
curso, ate que advenha a lei complementar federal”. No mesmo sentido a CF). José Afonso da Silva classifica o Distrito Federal como “uma unidade
liminar concedida pelo C. STJ no Mandado de Segurança n. 2.812-A, federada com autonomia parcialmente tutelada”.
suspendendo plebiscito emancipatório.
SECESSÃO
Em São Paulo, onde os projetos de emancipação estão
temporariamente suspensos na Assembleia Legislativa aguardando a Destaque-se, ainda, que a Federação brasileira é indissolúvel
nova lei complementar federal, a questão é disciplinada pela LC estadual (princípio da indissociabilidade — art. 1º, caput) . Essa indivisibilidade
n. 651/1990. integra o conceito de Federação, forma de Estado explicitada como
cláusula pétrea. Nem sequer por emenda constitucional, portanto, admite-
Ao julgar o Conflito de Competência n. 2.530/1992, o STJ concluiu se a secessão (separação de um dos entes da Federação para a
que compete à Justiça Estadual, e não à Justiça Eleitoral, processar e formação de um novo Estado soberano).
julgar mandado de segurança contra ato do plenário da Assembleia
Legislativa que determina a realização de plebiscito objetivando a De acordo com o art. 11 da Lei n. 7.170/1983, tentar desmembrar
emancipação de distrito. A competência da Justiça Eleitoral, no processo uma parte do Brasil para a formação de um novo país é crime punido com
emancipacionista, restringe-se a prestar informações sobre o eleitorado da reclusão de quatro a doze anos.
área e a proceder à realização e apuração do plebiscito. “Crime contra a Segurança Nacional, contra a Ordem Política e Social
O art. 29 da CF dispõe que o Município se regerá por lei orgânica — Movimentos separatistas. Caracterização em tese do crime previsto no
votada em dois turnos, com o intervalo mínimo de dez dias e aprovada por art. 11 da Lei n. 7.170/83 — Providências requeridas pelo Ministro da
2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará. Justiça — Conduta que não se reveste de ilegalidade do abuso de poder
Habeas corpus preventivo denegado” (STJ, j. 3-6-1993, RT, 705/373).
Compete ao Senado autorizar operações externas de natureza
OS TERRITÓRIOS E O DISTRITO FEDERAL
financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Para a criação de um Território (tramitam propostas de criação de Territórios e dos Municípios, nos termos do art. 52, V, da CF,
Territórios na Região Amazônica), exige-se a aprovação da proposta pela regulamentado pela Resolução n. 43/2001.
população diretamente interessada, mediante plebiscito (a ser proposto
por 1/3 dos deputados federais ou por 1/3 dos senadores), e a aprovação
pelo Congresso Nacional por lei complementar — que exige o voto AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTER-
favorável da maioria dos membros das Casas Legislativas (arts. 18, § 3º, e VENTIVA
69 da CF), depois de ouvida(s) a(s) Assembleia(s) Legislativa(s) das áreas
afetadas (parecer não vinculante — art. 48, VI, da CF). Essa ação, por vezes denominada representação interventiva, tem
por objetivo garantir a observância dos princípios constitucionais

Geografia 67
APOSTILAS OPÇÃO
sensíveis, podendo culminar com a intervenção federal em um Estado ou intervenção vinculada ocorre em duas hipóteses: a) quando de requisição
no DF, a intervenção federal em Município de Território ou, ainda, a de um dos Tribunais Superiores indicados na Constituição; b) ou quando
intervenção estadual em um Município. de provimento de representação interventiva”.
São princípios constitucionais sensíveis, nos termos do art. 34, VII, da Além da intervenção decorrente da representação interventiva,
Constituição Federal: (intervenção provocada e vinculada), o art. 34 da CF autoriza a
intervenção federal em um Estado ou no Distrito Federal para:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
I — manter a integridade nacional (intervenção espontânea e sujeita à
b) direitos da pessoa humana; apreciação do Congresso Nacional);
c) autonomia municipal; II — repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; outra (intervenção espontânea e sujeita à apreciação do Congresso
Nacional);
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção III — pôr termo a grave comprometimento da ordem pública
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (intervenção espontânea e sujeita à apreciação do Congresso Nacional);
O único legitimado para propor essa ação junto ao STF, visando à IV — garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades
intervenção federal em um Estado, no DF ou em Município de Território da Federação. Trata-se de intervenção provocada ou pelo Poder
Federal, é o Procurador-Geral da República, nos termos do inciso III do Executivo ou pelo Poder Legislativo de uma unidade da Federação,
art. 36 da Constituição Federal. Qualquer interessado pode encaminhar- cabendo ao Presidente da República acolher ou não o pedido dentro da
lhe representação nesse sentido. sua discricionariedade. Caso decrete a intervenção federal, o Presidente
da República deve dar ciência do ato ao Congresso Nacional em vinte e
A intervenção é medida excepcional que restringe a autonomia quatro horas, o qual manterá ou revogará o ato.
conferida pela CF aos Estados, ao DF e aos Municípios.
Caso o poder impedido de exercer livremente suas atividades seja o
De acordo com a Lei n. 4.337/1964 (parcialmente recepcionada pela Judiciário, cabe ao Presidente do respectivo tribunal coagido solicitar pro-
CF de 1988), a autoridade ou o órgão responsável pelo ato impugnado vidências ao STF, o qual poderá requisitar a intervenção ao Presidente da
terá trinta dias para se manifestar. Em seguida, o relator terá trinta dias República (intervenção provocada e vinculada);
para elaborar seu relatório.
V — reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
Não há previsão de liminar em ação declaratória de
inconstitucionalidade interventiva da União nos Estados-Membros e no a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
Distrito Federal, mas o relator, em caso de urgência decorrente de consecutivos (ou seja, por um mínimo de três anos seguidos), salvo
relevante interesse da ordem pública, poderá requerer, com prévia ciência motivo de força maior. Dívida fundada é aquela de exigibilidade superior a
das partes, a imediata convocação do Tribunal para deliberar sobre a doze meses, nos termos do art. 98 da Lei n. 4.320/64 e dos arts. 29 a 42
questão. da Lei Complementar n. 10 1/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal);
Na sessão de julgamento pelo Tribunal Pleno poderão manifestar-se o b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Procurador-Geral da República e o procurador da unidade cuja Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei. Os arts. 157 a 162
intervenção se requer. da Constituição de 1988 e 83 a 94 do Código Tributário Nacional cuidam
da chamada repartição de receitas, também conceituada como
Dando provimento ao pedido, o STF requisitará a intervenção ao federalismo cooperativo.
Presidente da República, a quem incumbe decretar e executar o ato (art.
84, X, da CF). Nos dois casos (alíneas a e b) a intervenção é espontânea e está
sujeita à apreciação do Congresso Nacional;
Inicialmente, o decreto pode apenas suspender a execução do ato
impugnado, não dependendo de qualquer manifestação do Congresso VI— prover a execução de Lei Federal. A intervenção é provocada e a
Nacional (art. 36, § 3º, da CF). É a denominada intervenção normativa. requisição ao Presidente da República parte do STF (e não mais do STJ,
conforme se verificava antes da EC n. 45/2004), após representação do
Caso a suspensão do ato se mostre insuficiente, será decretada a no- Procurador-Geral da República.
meação de um interventor, afastando-se a autoridade local (Chefe do
Executivo, Legislativo ou Judiciário) do cargo até que cessem os motivos VII— prover a execução de ordem ou decisão judicial. A intervenção é
determinantes da medida. provocada e a requisição ao Presidente da República pode ser feita pelo
STF, STJ ou TSE.
A intervenção que decorre de requisição do Poder Judiciário não está
sujeita a controle político pelo Congresso Nacional, ainda que implique o Intervenção em município
afastamento do Chefe de um dos Poderes, conforme sustenta Manoel De acordo com o art. 35 da CF, o Estado não intervirá em seus
Gonçalves Ferreira Filho e consta do § 3º do art. 36 da CF. Michel Temer Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal,
leciona em sentido contrário, sempre exigindo a prévia manifestação do exceto quando:
Congresso Nacional para que seja consumada a intervenção federal.
I — deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas consecutivos, a dívida fundada (intervenção espontânea e sujeita à
retornam aos seus cargos, salvo impedimento legal. apreciação da Assembleia Legislativa para a sua manutenção);
A intervenção federal é uma das limitações circunstanciais ao Poder II — não forem prestadas contas devidas (observados os requisitos
de Emenda (art. 60, § 1º, da CF). legais), na forma da lei (intervenção espontânea e sujeita à apreciação da
Outras hipóteses de intervenção federal Assembleia Legislativa para a sua manutenção);
Conforme leciona Hugo Nigro Mazzilli, “há dois tipos de intervenção, a III— não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
espontânea, em que o Presidente da República age de ofício, e a manutenção e desenvolvimento do ensino (mínimo de 25% das receitas
provocada, quando o presidente agirá, conforme o caso, de forma dos impostos próprios e transferidos, nos termos do art. 212 da CF) e nas
discricionária ou vinculada. Será discricionária quando de solicitação do ações e serviços públicos de saúde (15% da receita dos impostos próprios
Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, porque se e transferidos, nos termos do art. 77, III, do ADCT). Trata-se de
aterá o presidente a critérios de oportunidade e conveniência, não estando intervenção espontânea e sujeita à apreciação da Assembleia Legislativa
obrigado a decretá-la se entender que não é o caso. Por último, a para a sua manutenção;

Geografia 68
APOSTILAS OPÇÃO
IV — o Tribunal de Justiça der provimento a representação para tos como a própria palavra “Direito” e designar tantas organizações quanto
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, aquelas a que se aplica a palavra “Estado”. Assim, acrescenta ele, há um
ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. Trata- Estado de Direito feudal, outro estamental, outro burguês, outro nacional,
se de intervenção provocada e vinculada, não dependendo sua outro social, além de outros de acordo com o Direito natural, com o Direito
manutenção da Assembleia Legislativa. racional e com o Direito histórico. Disso deriva a ambiguidade da expres-
são Estado de Direito, sem mais qualificativo que lhe indique conteúdo
Na hipótese de inobservância dos princípios indicados na Constituição material. Em tal caso, a tendência é adotar-se a concepção formal do
do Estado ou da inexecução da lei, a iniciativa da Ação Direta de Estado de Direito à maneira de Forsthoff, ou de um Estado de Justiça,
Inconstitucionalidade interventiva junto ao Tribunal de Justiça do Estado é tomada a justiça como um conceito absoluto, abstrato, idealista, espiritua-
exclusiva do Procurador-Geral de Justiça (chefe do Ministério Público no lista, que, no fundo, encontra sua matriz no conceito hegeliano do Estado
Estado). Contudo, na hipótese de descumprimento de ordem ou de Ético, que fundamentou a concepção do Estado fascista: “totalitário e
decisão judicial, qualquer interessado pode requerer a intervenção ao TJ. ditatorial em que os direitos e liberdades humanos ficam praticamente
A decisão do TJ do Estado que requisita do governador a intervenção anulados e totalmente submetidos ao arbítrio de um poder político onipo-
em um Município, em decorrência do descumprimento de ordem judicial, tente e incontrolado, no qual toda participação popular é sistematicamente
não está sujeita a recurso extraordinário, pois de acordo com o C. negada em benefício da minoria (na verdade, da elite) que controla o
Supremo Tribunal Federal não se reveste de caráter jurisdicional (Súmula poder político e econômico.” Diga-se, desde logo, que o Estado de Justiça,
637 do STF). CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Ricardo Cunha na formulação indicada, nada tem a ver com o Estado submetido ao poder
Chimenti e outros – Editora Saraiva, SP judiciário, que é um elemento importante do Estado de Direito. Estado
submetido ao juiz é Estado cujos atos legislativos, executivos, administra-
tivos e também judiciais ficam sujeitos ao controle jurisdicional no que
O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO tange à legitimidade constitucional e legal. É também uma abstração
José Afonso Da Silva confundir Estado de Direito com uma visão jus naturalista do Estado.

1. DEMOCRACIA E ESTADO DE DIREITO Por outro lado, se se concebe o Direito apenas como um conjunto de
normas estabelecidas pelo legislativo, o Estado de Direito passa a ser
A democracia, como realização de valores (igualdade, liberdade e digni- Estado de Legalidade, ou Estado legislativo, o que constitui uma redução
dade da pessoa) de convivência humana, é conceito mais abrangente do que o deformante do Estado de Direito. Se o princípio da legalidade é um ele-
de Estado de Direito, que surgiu como expressão jurídica da democracia mento importante do conceito de Estado de Direito, nele não se realiza
liberal. Seu conceito é tão histórico como o de democracia, e se enriquece de completamente.
conteúdo com o evolver dos tempos. A evolução histórica e a superação do
liberalismo, a que se vinculou o conceito de Estado de Direito, colocam em A concepção jurídica de Kelsen também contribuiu para deformar o
debate a questão da sua sintonia com a sociedade democrática. O reconheci- conceito de Estado de Direito. Para ele, Estado e Direito são conceitos
mento de sua insuficiência gerou o conceito de Estado Social de Direito, nem idênticos. Na medida em que ele confunde Estado e ordem jurídica, todo
sempre de conteúdo democrático. Chega-se agora ao Estado Democrático de Estado há de ser Estado de Direito. Por isso, vota significativo desprezo a
Direito que a Constituição acolhe no artigo 1o como um conceito-chave do esse conceito. Como na sua concepção, só é Direito o direito positivo,
regime adotado, tanto quanto o são o conceito de Estado de direito democráti- como norma pura, desvinculada de qualquer conteúdo, chega-se, sem
co da Constituição da República Portuguesa (artigo 2o) e o de Estado social e dificuldade, a uma ideia formalista do Estado de Direito ou Estado Formal
democrático de Direito da Constituição Espanhola (artigo 1o). de Direito, que serve também a interesses ditatoriais, como vimos. Pois,
se o Direito acaba se confundindo com mero enunciado formal da lei,
O Estado Democrático de Direito concilia Estado Democrático e Estado destituída de qualquer conteúdo, sem compromisso com a realidade
de Direito, mas não consiste apenas na reunião formal dos elementos des- política, social, econômica, ideológica enfim (o que, no fundo, esconde
ses dois tipos de Estado. Revela, em verdade, um conceito novo que incor- uma ideologia reacionária), todo Estado acaba sendo Estado de Direito,
pora os princípios daqueles dois conceitos, mas os supera, na medida em ainda que seja ditatorial. Essa doutrina converte o Estado de Direito em
que agrega um componente revolucionário de transformação do status quo. mero Estado Legal. Em verdade, destrói qualquer ideia de Estado de
Para compreendê-lo, no entanto, teremos que passar em revista a evolução Direito.
e características de seus componentes, para, no final, chegarmos ao concei-
to-síntese e seu real significado. 3. ESTADO SOCIAL DE DIREITO

2. ESTADO LIBERAL DE DIREITO O individualismo e o abstencionismo ou neutralismo do Estado liberal


provocaram imensas injustiças, e os movimentos sociais do século passa-
Na origem, como é sabido, o Estado de Direito era um conceito tipicamen- do e deste, especialmente, desvelando a insuficiência das liberdades
te liberal. Constituía uma das garantias das constituições liberais burguesas. burguesas, permitiram que se tivesse consciência da necessidade da
Daí falar-se em Estado Liberal de Direito. Tinha como objetivo fundamental justiça social, conforme nota Lucas Verdù, que acrescenta: “Mas o Estado
assegurar o princípio da legalidade, segundo o qual toda atividade estatal havia de Direito, que já não poderia justificar-se como liberal, necessitou, para
de submeter-se à lei. Suas características básicas foram: a) submissão ao enfrentar a maré social, despojar-se de sua neutralidade, integrar, em seu
império da lei, que era a nota primária de seu conceito, sendo a lei considerada seio, a sociedade, sem renunciar ao primado do Direito. O Estado de
como ato emanado formalmente do poder legislativo, composto de represen- Direito, na atualidade, deixou de ser formal, neutro e individualista, para
tantes do povo, mas do povo-cidadão; b) divisão de poderes, que separa, de transformar-se em Estado material de Direito, enquanto adota uma dog-
forma independente e harmônica, os poderes legislativo, executivo e judiciário, mática e pretende realizar a justiça social.” Transforma-se em Estado
como técnica que assegure a produção das leis ao primeiro e a independência Social de Direito, onde o “qualificativo social refere à correção do individu-
e imparcialidade do último em face dos demais e das pressões dos poderosos alismo clássico liberal pela afirmação dos chamados direitos sociais e
particulares; c) enunciado e garantia dos direitos individuais. Essas exigências realização de objetivos de justiça social”. Caracteriza-se no propósito de
continuam a ser postulados básicos do Estado de Direito, que configura uma compatibilizar, em um mesmo sistema, anota Elías Díaz, dois elementos:
grande conquista da civilização liberal. o capitalismo, como forma de produção, e a consecução do bem-estar
social geral, servindo de base ao neocapitalismo típico do Welfare State.
A concepção liberal do Estado de Direito servira de apoio aos direitos do
homem, convertendo os súditos em cidadãos livres, consoante nota Verdù, a Os regimes constitucionais ocidentais prometem, explícita ou implici-
qual, contudo, se tornara insuficiente, pelo que a expressão Estado de Direito tamente, realizar o Estado Social de Direito, quando definem um capítulo
evoluíra, enriquecendo-se com conteúdo novo. de direitos econômicos e sociais. Expressas são as Constituições da
República Federal Alemã e da Espanha, definindo os respectivos Estados
Houve, porém, concepções deformadoras do conceito de Estado de como sociais e democráticos de Direito.
Direito, pois é perceptível que seu significado depende da própria ideia
que se tem do Direito. Por isso, cabe razão a Carl Schmitt quando assina- Mas ainda é insuficiente a concepção do Estado Social de Direito,
la que a expressão “Estado de Direito”, pode ter tantos significados distin- ainda que, como Estado Material de Direito, revele um tipo de Estado que

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APOSTILAS OPÇÃO
tende a criar uma situação de bem-estar geral que garanta o desenvolvi- Schmitt sob a Constituição de Weimar, após ter sido abandonado sob a
mento da pessoa humana. Sua ambiguidade, porém, é manifesta. Primei- influência de Laband, surgindo, em seu lugar, a divisão das leis em for-
ro, porque a palavra social está sujeita a várias interpretações. Todas as mais e materiais. Essa restauração tem sentido ideológico preciso, pois
ideologias, com sua própria visão do social e do Direito, podem acolher que, como lembra Franz Neumann, a teoria de que o Estado só pode
uma concepção do Estado Social de Direito, menos a ideologia marxista governar por meio de leis gerais se aplica a um sistema econômico de
que não confunde o social com o socialista. A Alemanha nazista, a Itália livre concorrência, e “o renascimento, sob a Constituição de Weimar, da
fascista, a Espanha franquista, Portugal salazarista, a Inglaterra de Chur- noção da generalidade das leis e sua aplicação indiscriminada às liberda-
chill e Attlee, a França, com a Quarta República, especialmente, e o Brasil, des pessoais, políticas e econômicas, foi assim usado como um dispositi-
desde a Revolução de 30 – bem observa Paulo Bonavides – foram “Esta- vo para restringir o poder do Parlamento que já não mais representava
dos sociais”, o que evidencia, conclui, “que o Estado social se compadece exclusivamente os interesses dos grandes latifundiários, dos capitalistas,
com regimes políticos antagônicos, como sejam a democracia, o fascismo do exército e da burocracia. E então, o direito geral, dentro da esfera
e o nacional-socialismo”. Em segundo lugar, o importante não é o social, econômica, era usado para conservar o sistema de propriedade existente
qualificando o Estado, em lugar de qualificar o Direito. Talvez até por isso e para protegê-lo contra intervenção, sempre que esta fosse julgada
se possa dar razão a Forsthoff, quando exprime a ideia de que Estado de incompatível com os interesses dos grupos mencionados acima”.
Direito e Estado Social não podem fundir-se no plano constitucional. O Invoca-se, com frequência, a doutrina da vontade geral de Rousseau
próprio Elías Díaz, que reconhece a importância histórica do Estado Social para fundamentar a afirmativa de que a igualdade só pode ser atingida por
de Direito, não deixa de lembrar a suspeita quanto a “saber se e até que meio de normas gerais, mas esquece-se de que ele discutia o direito geral
ponto o neocapitalismo do Estado Social de Direito não estaria em reali- com referência a uma sociedade em que só haveria pequenas proprieda-
dade encobrindo uma forma muito mais matizada e sutil de ditadura do des ou propriedades comuns. Não é, pois, fundamento válido para o
grande capital, isto é, algo que no fundo poderia denominar-se, e tem-se postulado da generalidade que embasa o liberalismo capitalista. De fato, a
denominado, neofascismo”. Ele não descarta essa possibilidade, admitin- “propriedade particular, que é sagrada e inviolável, de acordo com Rous-
do que “o grande capital encontrou fácil entrada nas novas estruturas seau, só é propriedade até onde permanece como um direito individual e
demoliberais, chegando assim a constituir-se como peça chave e central discriminado. Se for considerada comum a todos os cidadãos, ficará
do Welfare State. Ainda que institucionalizado no chamado Estado Social sujeita a volonté générale e poderá ser infringida ou negada. Assim o
de Direito, permanece sempre sob este – representada por seus grupos soberano não tem o direito de tocar na propriedade de um ou de diversos
políticos e econômicos mais reacionários e violentos – essa tendência e cidadãos, embora possa legitimamente tomar a propriedade de todos”.
propensão do capitalismo ao controle econômico monopolista e à utiliza-
ção de métodos políticos de caráter totalitário e ditatorial, visando a evitar, Conclui-se daí que a igualdade do Estado de Direito, na concepção
sobretudo, qualquer eventualidade realmente socialista”. clássica, se funda num elemento puramente formal e abstrato, qual seja a
generalidade das leis. Não tem base material que se realize na vida con-
Por tudo isso, a expressão Estado Social de Direito manifesta-se car- creta. A tentativa de corrigir isso, como vimos, foi a construção do Estado
regada de suspeição, ainda que se torne mais precisa quando se lhe Social de Direito, que, no entanto, não foi capaz de assegurar a justiça
adjunta a palavra democrático como fizeram as Constituições da Repúbli- social nem a autêntica participação democrática do povo no processo
ca Federal da Alemanha e da República Espanhola para chamá-lo Estado político, de onde a concepção mais recente do Estado Democrático de
Social e Democrático de Direito. Mas aí, mantendo o qualificativo social Direito, como Estado de legitimidade justa (ou Estado de Justiça material),
ligado a Estado, engasta-se aquela tendência neocapitalista e a petrifica- fundante de uma sociedade democrática, qual seja a que instaure um
ção do Welfare State, com o conteúdo mencionado acima, delimitadora de processo de efetiva incorporação de todo o povo nos mecanismos do
qualquer passo à frente no sentido socialista. Talvez, para caracterizar um controle das decisões, e de sua real participação nos rendimentos da
Estado não socialista preocupado, no entanto, com a realização dos produção.
direitos fundamentais de caráter social, fosse melhor manter a expressão
Estado de Direito que já tem uma conotação democratizante, mas, para 5. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
retirar dele o sentido liberal burguês individualista, qualificar a palavra A configuração do Estado Democrático de Direito não significa apenas
Direito com o social, com o que se definiria uma concepção jurídica mais unir formalmente os conceitos de Estado Democrático e Estado de Direito.
progressista e aberta, e então, em lugar de Estado Social de Direito, Consiste, na verdade, na criação de um conceito novo, que leve em conta
diríamos Estado de Direito Social. Assim dissemos de outra feita, com os conceitos dos elementos componentes, mas os supera na medida em
base na Constituição de 1969, mas, não satisfeitos, acrescentamos: “Por que incorpora um componente revolucionário de transformação do status
que não avançar um pouco mais e chegar a um conceito de Estado de quo. E aí se entremostra a extrema importância do art.1o. da Constituição
Direito Econômico?” de 1988, quando afirma que a República Federativa do Brasil se constitui
4. O ESTADO DEMOCRÁTICO em Estado Democrático de Direito, não como mera promessa de organizar
As considerações supra mostram que o Estado de Direito, quer como tal Estado, pois a Constituição aí já o está proclamando e fundando.
Estado Liberal de Direito, quer como Estado Social de Direito, nem sem- A Constituição portuguesa instaura o Estado de Direito Democrático,
pre caracteriza Estado Democrático. Este se funda no princípio da sobe- com o “democrático” qualificando o Direito e não o Estado. Essa é uma
rania popular que “impõe a participação efetiva e operante do povo na diferença formal entre ambas as Constituições. A nossa emprega a ex-
coisa pública, participação que não se exaure, como veremos, na simples pressão mais adequada, cunhada pela doutrina, em que o “democrático”
formação das instituições representativas, que constituem um estágio da qualifica o Estado, o que irradia os valores da democracia sobre todos os
evolução do Estado Democrático, mas não o seu completo desenvolvi- seus elementos constitutivos e, pois, também, sobre a ordem jurídica. O
mento”. Visa, assim, realizar o princípio democrático como garantia geral Direito, assim, imantado por esses valores, se enriquece do sentir popular
dos direitos fundamentais da pessoa humana. Nesse sentido, na verdade, e terá que ajustar-se ao interesse coletivo. Contudo, o texto da Constitui-
contrapõe-se ao Estado Liberal, pois, como lembra Paulo Bonavides, “a ção portuguesa dá ao Estado de Direito Democrático o conteúdo básico
ideia essencial do liberalismo não é a presença do elemento popular na que a doutrina reconhece ao Estado Democrático de Direito, quando
formação da vontade estatal, nem tampouco a teoria igualitária de que afirma que ele é “baseado na soberania popular, no respeito e na garantia
todos têm direito igual a essa participação ou que a liberdade é formal- dos direitos e liberdades fundamentais e no pluralismo de expressão e
mente esse direito”. organização política democráticas, que tem por objetivo assegurar a
O Estado de Direito, como lembramos acima, é uma criação do libera- transição para o socialismo mediante a realização da democracia econô-
lismo. Por isso, na doutrina clássica, repousa na concepção do Direito mica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participati-
natural, imutável e universal; daí decorre que a lei, que realiza o princípio va”(art. 2o).
da legalidade, essência do conceito de Estado de Direito, é concebida A democracia que o Estado Democrático de Direito realiza há de ser
como norma jurídica geral e abstrata. A generalidade da lei constituía o um processo de convivência social numa sociedade livre, justa e solidária
fulcro do Estado de Direito. Nela se assentaria o justo conforme a razão. (art. 3o, I), em que o poder emana do povo, deve ser exercido em proveito
Dela, e só dela, defluiria a igualdade. “Sendo regra geral, a lei é regra para do povo, diretamente ou por seus representantes eleitos (art.1o, parágrafo
todos.” O postulado da generalidade das leis foi ressuscitado por Carl único); participativa, porque envolve a participação crescente do povo no
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processo decisório e na formação dos atos de governo; pluralista, porque a) princípio da constitucionalidade, que exprime, em primeiro lugar,
respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe assim o que o Estado Democrático de Direito se funda na legitimidade de uma
diálogo entre opiniões e pensamentos divergentes e a possibilidade de Constituição rígida, emanada da vontade popular, que, dotada de supre-
convivência de formas de organização e interesses diferentes na socieda- macia, vincule todos os poderes e os atos deles provenientes, com as
de; há de ser um processo de liberação da pessoa humana das formas de garantias de atuação livre da jurisdição constitucional;
opressão que não depende apenas do reconhecimento formal de certos
direitos individuais, políticos e sociais, mas especialmente da vigência de b) princípio democrático que, nos termos da Constituição, há de
condições econômicas suscetíveis de favorecer o seu pleno exercício. constituir uma democracia representativa e participativa, pluralista, e que
seja a garantia geral da vigência e eficácia dos direitos fundamentais
Não é Estado de democracia popular subordinado ao personalismo e (art.1o);
ao monismo político, mas tende a realizar a síntese do processo contradi-
tório do mundo contemporâneo, manifestado entre os Estados capitalistas c) sistema de direitos fundamentais individuais, coletivos, sociais e
ou neocapitalistas do ocidente e os Estados coletivistas do leste. Será, culturais (Títs. II, VII e VIII);
neste quadrante, o tipo de Estado do futuro, superador das atuais antíte- d) princípio da justiça social, referido no art.170, caput, no art. 193,
ses Leste-Oeste e Norte-Sul. É nesse sentido o pronunciamento de Elías como princípio da ordem econômica e da ordem social; como dissemos, a
Díaz: Constituição não prometeu a transição para o socialismo mediante a
“Desta forma, e sem querer chegar com isso apressadamente ‘à realização da democracia econômica, social e cultural e o aprofundamento
grande síntese final’ ou a qualquer outra forma de ‘culminação da História’ da democracia participativa, como o faz a Constituição portuguesa, mas
(isto deve ficar bem claro), cabe dizer que o Estado Democrático de abre-se ela, também, para a realização da democracia social e cultural,
Direito aparece como a fórmula institucional em que atualmente, e sobre- embora não avance significativamente rumo à democracia econômica;
tudo para um futuro próximo, pode vir a concretizar-se o processo de
e) princípio da igualdade (art. 5o, caput, e inciso I);
convergência em que podem ir concorrendo as concepções atuais da
democracia e do socialismo. A passagem do neocapitalismo ao socialismo f) princípio da divisão de poderes (art. 2o) e da independência do ju-
nos países de democracia liberal e, paralelamente, o crescente processo iz (art. 95);
de despersonalização e institucionalização jurídica do poder nos países de
democracia popular, constituem em síntese a dupla ação para esse pro- g) princípio da legalidade (art. 5o, II);
cesso de convergência em que aparece o Estado Democrático de Direito.” h) princípio da segurança jurídica (art. 5o, XXXV a LXXII).
O mesmo autor, em outra obra, define-o como a institucionalização do
poder popular ou realização democrática do socialismo. 8. TAREFA FUNDAMENTAL DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DI-
REITO
A Constituição de 1988, contudo, não chegou a estruturar um Estado
Democrático de Direito de conteúdo socialista, mas abre as perspectivas A tarefa fundamental do Estado Democrático de Direito consiste em
de realização social profunda pela prática dos direitos sociais que ela superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime demo-
inscreve e pelo exercício dos instrumentos que oferece à cidadania que crático que realize a justiça social.
possibilita concretizar as exigências de um Estado de justiça social funda-
do na dignidade da pessoa humana. FRONTEIRAS

6. A LEI NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Antecedentes

O princípio da legalidade é também um princípio basilar do Estado Demo- Considerando-se como marco inicial da expansão marítima europeia
crático de Direito. É da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição a conquista de Ceuta, no norte d'África, em 1415, a baixa lucratividade
e fundar-se na legalidade democrática. Sujeita-se, como todo Estado de Direi- daquela conquista levou a que Portugal empreendesse a busca das fontes
to, ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da justiça, de ouro presumidas ao sul do deserto do Saara, projeto coordenado pelo
não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições dos Infante D. Henrique (1394-1460). As descobertas resultantes, os altos
socialmente desiguais. Deve-se, pois, ser destacada a relevância da lei no investimentos exigidos e o desejo da exclusividade dos lucros resultantes,
Estado Democrático de Direito, não apenas quanto ao seu conceito formal de diante da disputa com Castela, conduziram à mediação pela Santa Sé,
ato jurídico abstrato, geral, obrigatório e modificativo da ordem jurídica existen- verdadeira autoridade supranacional reconhecida pelos reinos cristãos.
te, mas também à sua função de regulamentação fundamental, produzida Desse modo, o Papa Nicolau V (janeiro de 1450 confirmou os direitos de
segundo um procedimento constitucional qualificado. A lei é efetivamente o ato Portugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante
oficial de maior realce na vida política. Ato de decisão política por excelência, é D. Henrique o monopólio da exploração até à Índia. A Bula "Romanus
por meio dela, enquanto emanada da atuação da vontade popular, que o poder Pontifex" (8 de Janeiro de 1454), do mesmo pontífice, legitimou os
estatal propicia ao viver social modos predeterminados de conduta, de maneira objetivos expansionistas portugueses, definindo a conquista colonial como
que os membros da sociedade saibam, de antemão, como guiar-se na realiza- um instrumento da expansão do cristianismo, ao conceder ao rei de
ção de seus interesses. Portugal e ao Infante o direito a todas as suas conquistas marítimas,
nomeadamente a Madeira, os Açores, Cabo Verde e São Tomé e
É precisamente no Estado Democrático de Direito que se ressalta a Príncipe.
relevância da lei, pois ele não pode ficar limitado a um conceito de lei,
como o que imperou no Estado de Direito clássico. Pois ele tem que estar Uma nova etapa iniciou-se após a morte do Infante. Foi marcada pela
em condições de realizar, mediante lei, intervenções que impliquem dire- negociação e assinatura do Tratado de Toledo (6 de Março de 1480),
tamente uma alteração na situação da comunidade. Significa dizer: a lei entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, Fernando de Aragão e
não deve ficar numa esfera puramente normativa, não pode ser apenas lei Isabel de Castela. Por este diploma, em troca da posse do arquipélago
de arbitragem, pois precisa influir na realidade social. E se a Constituição das Canárias para a Espanha, estes soberanos deixavam para Portugal
se abre para as transformações políticas, econômicas e sociais que a todas as terras descobertas ou por descobrir das "Canárias para baixo,
sociedade brasileira requer, a lei se elevará de importância, na medida em contra a Guiné". Este tratado confirmava o Tratado de Alcáçovas (ou das
que, sendo fundamental expressão do direito positivo, caracteriza-se como "Parcerias do Moura"), que encerrou a guerra dinástica na península
desdobramento necessário do conteúdo da Constituição e aí exerce Ibérica (4 de Setembro de 1479) e foi ratificado pela Bula "Aeterni Regis",
função transformadora da sociedade, impondo mudanças sociais demo- do Papa Sisto IV (21 de Junho de 1481).
cráticas, ainda que possa continuar a desempenhar uma função conser- Um terceiro momento é definido após a descoberta de Cristóvão
vadora, garantindo a sobrevivência de valores socialmente aceitos. Colombo, a serviço dos Reis Católicos, em 1492. As incertezas
7. OS PRINCÍPIOS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO decorrentes da posse dessas novas terras a Ocidente, perturbaram o
equilíbrio de poderes no Oceano Atlântico. Desse modo, a diplomacia
Limitar-nos-emos a indicar esses princípios, sem entrar em pormeno- espanhola obteve do Papa Alexandre VI (o aragonês Rodrigo Bórgia) uma
res. São os seguintes: série de Bulas:

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• Bula "Eximiae Devotionis" e "Inter Coetera" (3 de Maio de 1493), que Dado o relativo insucesso das chamadas "expedições guarda-costas"
concediam à Espanha o direito às terras não pertencentes aos de Cristóvão Jaques, a Coroa Portuguesa investe na colonização,
príncipes cristãos; recorrendo à fórmula já ensaiada com sucesso nas suas ilhas atlânticas: a
implantação do sistema de Capitanias hereditárias com a introdução da
• a segunda Bula "Inter Coetera" (4 de Maio de 1493), que concedia à cana-de-açúcar como gênero capaz de garantir suporte econômico à
Espanha as terras, descobertas e a descobrir, a oeste de um ocupação. O relativo sucesso deste sistema, por sua vez, conduziu ao
meridiano 100 léguas a oeste e ao meio-dia (sul) das ilhas dos Açores estabelecimento do Governo Geral, em Salvador (1548).
e Cabo Verde;
Durante a Dinastia Filipina (1580-1640), se por um lado cessam as
• Bula "Dudum Siquidem" (26 de Setembro de 1493), que confirma as disputas sobre as fronteiras terrestres, estas são dilatadas com a
bulas anteriores. conquista do litoral da região Nordeste do Brasil em direção à foz do rio
Amazonas, concluída com o estabelecimento do Forte do Presépio (1616)
Insatisfeito com a arbitragem pontifícia, João II de Portugal negocia e em seguida, com a conquista da própria foz do Amazonas, campanha
diretamente com os Reis Católicos e assina, na povoação castelhana de que se estenderá por cerca de uma década, entre 1625 e 1635. Em 1636
Tordesillas, o Tratado denominado oficialmente como "Capitulación de la tem lugar a épica viagem de Pedro Teixeira que partindo de Belém do
partición del mar Oceano" (7 de Junho de 1494). Este novo diploma dividia Pará sobe o curso do Amazonas alcançando Quito, no Equador. Ao
o mundo descoberto e a descobrir, estabelecendo um meridiano a 370 mesmo tempo, registram-se:
léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde entre as Coroas de Portugal (a
quem cabia o Este) e da Espanha (a quem cabia o Oeste), preservando os • as invasões do Nordeste Brasileiro pelas forças da Companhia
interesses de cada uma das Coroas. Como curiosidade, assinou como Neerlandesa das Índias Ocidentais, em duas vagas: 1624-1625 e
testemunha por Portugal, Duarte Pacheco Pereira, futuro autor do roteiro 1630-1654.
de navegação "Esmeraldo de situ orbis" (1505), a quem se atribui o
descobrimento do Brasil em 1498 (BUENO, 1998:131). Coincidentemente • a conquista das reduções jesuíticas na bacia do rio Paraguai, no sul.
ou não, pelo novo Tratado, pertenceriam a Portugal parte das terras do Da restauração da Independência ao Tratado de Madrid
Brasil, que só seriam descobertas seis anos mais tarde, em 1500.
Assinado dois anos após o descobrimento da América por Colombo, mas No contexto da Restauração da Independência Portuguesa, novas
seis anos antes da descoberta do Brasil por Vicente Yáñez Pinzón, Diego questões se colocam quanto às fronteiras do Brasil Colonial. Inicialmente
de Lepe e Pedro Álvares Cabral, este diploma assegurava os interesses é necessário fazer face à chamada "Guerra Brasílica". Para esse fim, foi
de Portugal no périplo africano e na descoberta do caminho marítimo para assinado o Tratado de paz entre os Países Baixos e Portugal (Haia, 6 de
a Índia. Agosto de 1661). Por ele, os neerlandeses reconheceram formalmente a
perda de suas possessões no Nordeste do Brasil e na costa ocidental
Embora o Tratado tenha sido aprovado pelo Papa Júlio II, em 1506, africana (São Tomé e Príncipe e Luanda), em troca de uma indenização
através da Bula "Ea Quae Pro Bono Pacis", os seus termos jamais foram de quatro milhões de cruzados, da devolução da sua artilharia, da cessão
reconhecidos pelas demais potências europeias, por ele excluídas das de algumas colônias no Oriente e de vantagens comerciais.
conquistas e riquezas do Novo Mundo. Adicionalmente, a indeterminação
do meridiano e subsequentes conflitos gerados na América (pela posse da Em 1668 estabelecia-se a paz com a Espanha, encerrando-se a
bacia do rio da Prata) e no Oceano Pacífico (pela posse das ilhas Guerra da Restauração na península. Uma década mais tarde, em 1678, a
Molucas), levaram à aquisição das Ilhas Molucas (inclusive as Filipinas, Coroa Portuguesa determina a ocupação da margem esquerda do Rio de
Timor e Solor) por Portugal à Espanha através da Capitulação de Prata, que se materializa com o estabelecimento da Colónia do
Saragoça (23 de Abril de 1529). Sacramento (22 de Janeiro de 1680), reabrindo as disputas territoriais com
a Espanha no sul da colónia. Com a sua conquista por tropas espanholas
O Brasil Colônia oriundas de Buenos Aires (7 de Agosto de 1680), o Tratado Provisional de
Do início da colonização à Dinastia Filipina Lisboa (7 de Maio de 1681) devolvia a Portugal a Colônia.
O meridiano mais oriental é definido pela Bula "Inter Coetera"; o mais Poucos anos mais tarde, no extremo oposto da colónia, em Maio de
ocidental pelo Tratado de Tordesilhas; a localização das cidades actuais é 1697, tropas francesas sob o comando do marquês de Ferroles,
meramente indicativa. governador da Guiana Francesa, invadiram a região do Amapá,
conquistando os fortes de Macapá e do Araguari. No desenvolvimento do
As oscilações que se observam na linha de Tordesilhas a partir do conflito, são assinados dois diplomas:
século XVI devem-se não apenas à imprecisão dos meios cartográficos da
época, mas também a erros intencionais, de caráter político-ideológico. Da • o Tratado Provisional e Suspensivo de Lisboa (4 de Março de 1700) -
sua análise, percebe-se a existência de um projeto português que firmado entre Portugal e a França, declarou indefinida a posse das
pretendia definir os limites do seu território americano pelo controle dos terras entre o Forte de Macapá e o rio Oiapoque (ou Vicente Pinzón),
seus dois grandes cursos fluviais: o rio Amazonas ao norte e o rio da estipulando a demolição do Forte de Macapá e a do Forte do
Prata, ao sul. Essa visão foi sustentada pelo historiador e diplomata Jaime Araguari, e a retirada de tudo o que neles houvesse. Esse tratado
Cortesão, que demonstrou que a cartografia portuguesa do Brasil refletiu a jamais foi cumprido formalmente pela Coroa Portuguesa, em virtude
lenda de uma unidade territorial como uma grande ilha, envolvida pelas de instruções secretas em contrário, transmitidas ao Governador e
águas dos dois grandes rios, cujas fontes se situariam em um lago central, Capitão General do Pará, Fernão Carrilho.
unificador. Desta forma, a união das duas grandes bacias hidrográficas
possivelmente mostrava o desejo português de que o meridiano de • 1º Tratado de Utrecht (11 de Abril de 1713) - firmado entre a Grande
Tordesilhas constituísse também uma fronteira natural. Mesmo que Aliança (Inglaterra, Países Baixos e Áustria) e a França de Luís XIV,
provado que a linha lindeira ficasse mais a leste, não se poderia discutir o derrotada no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1701-
fato "inquestionável" dos limites naturais. 1713). Este diplma pretendeu estabelecer um sistema político
europeu estável, baseado no equilíbrio de poder entre aquelas
A lenda da "Ilha Brasil" foi sendo progressivamente superada, à potências. Com o apoio da Inglaterra, João V de Portugal obteve, pelo
medida que se registrava a interiorização da colonização e principalmente artigo VIII do Tratado, que a França desistisse das suas pretensões
pelas observações dos padres jesuítas Diogo Soares (1684-1748) e às terras do Cabo Norte, e que o rio Oiapoque (ou Vicente Pinzón)
Domenico Capacci (1694-1736) na primeira metade do século XVIII. passasse a ser a fronteira entre a Guiana Francesa e o Brasil.
Ainda com relação aos termos de Tordesilhas, os questionamentos A partir deste Tratado estreitou-se a relação entre Portugal e a
das demais nações europeias no tocante ao domínio dos mares levará à Inglaterra, em processo idêntico ao que se registou entre a Espanha e a
disputa do litoral inicialmente com franceses, posteriormente com ingleses França. Deste modo, as nações ibéricas conseguirão manter os
e neerlandeses, que se utilizarão largamente do corso, aliados ao não aos respectivos domínios coloniais face à rivalidade anglo-francesa durante
indígenas, como instrumento para obterem acesso às riquezas coloniais. todo o século XVIII, até ao Congresso de Viena (1815).
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APOSTILAS OPÇÃO
Ainda no contexto das negociações diplomáticas em Utrecht, é A região da bacia do Prata, que na banda espanhola se mantivera
assinado um segundo diploma, entre Portugal e a Espanha, a 6 de como uma dependência do Vice-Reino do Peru, a partir de 1776 foi
Fevereiro de 1715, encerrando o conflito luso-espanhol. Por ele a elevada a Vice-Reino do Rio da Prata. Com isso, até então dependente
Espanha devolveu a Portugal a Colônia do Sacramento (reconquistada economicamente da rota de abastecimento do Pacífico (a partir da
pela Espanha em 1705). Espanha via istmo do Panamá, Oceano Pacífico e Chile), passou a utilizar
a rota do Oceano Atlântico para o escoamento dos seus produtos (couros
Tendo o conflito se reacendido no sul da Colónia Brasileira, com o e charque). Nesse contexto ocorreu, em 1777, uma nova invasão
sítio Espanhol da Colónia do Sacramento desde 3 de Outubro de 1735, foi espanhola que, sob o comando de D. Pedro de Cevallos, destruiu as
assinado um armistício, a 2 de Setembro de 1737, entre as duas Coroas. fortificações da Colônia do Sacramento, obstruindo o seu porto, e
Entretanto, o momento culminante da diplomacia envolvendo as conquistou a ilha de Santa Catarina (3 de Junho). Estas ações conduziram
fronteiras do Brasil Colônia, que lhe assegurou a atual configuração foi o à assinatura do Tratado de Santo Ildefonso (1777), entre Maria I de
Tratado de Madrid (13 de Janeiro de 1750). Firmado entre João V de Portugal e a Espanha. Pelos seus termos, restabeleceram-se as linhas
Portugal e Fernando VI da Espanha para definir os limites entre as gerais do Tratado de Madrid (1750) para a região Norte do Brasil e, na
respectivas colônias sul-americanas, sucedeu a Bula "Inter Coetera" região Sul, onde a presença militar espanhola era mais forte, a Colônia do
(1493), o Tratado de Tordesilhas (1494), a Capitulação de Saragoça Sacramento, o território das Missões e parte do atual Rio Grande do Sul
(1529), o Tratado Provisional de Lisboa (1681), e o 2º Tratado de Utrecht foram cedidos à Espanha, em troca da restituição da ilha de Santa
(1715). Foi defendido por um brasileiro, Alexandre de Gusmão, Catarina a Portugal.
considerado por essa razão o "avô dos diplomatas brasileiros". Partia das Posteriormente, no contexto das Guerras Napoleônicas, Portugal foi
seguintes premissas: invadido por um exército franco-espanhol, no episódio conhecido como
• o Tratado de Tordesilhas jamais havia sido demarcado; Guerra das Laranjas. Para encerrá-la, foi assinado o Tratado de Badajoz
(5 de Junho de 1801) entre Portugal e a Espanha. Por este diploma,
• as bandeiras de apresamento, especialmente durante a Dinastia acordava-se a paz entre ambas as Coroas: a Espanha mantinha a praça-
Filipina (1580-1640), e as de prospeção mineral, alargaram o território forte conquistada de Olivença (1801), na península Ibérica (ver Questão
brasileiro além do meridiano de Tordesilhas; de Olivença). Na América do Sul, Portugal permaneceu em poder dos
territórios conquistados (as Missões e parte do atual Rio Grande do Sul),
• a presença portuguesa na bacia do rio da Prata tornou-se ostensiva, a fixando a fronteira sul do Brasil na linha Quaraí-Jaguarão-Chuí. A Espanha
partir do estabelecimento da Colônia do Sacramento (1680). continuou na posse da Colônia do Sacramento. Note-se que este tratado
não ratificou o Tratado de Santo Ildefonso (1777), nem determinou
• baseava-se no chamado Mapa das Cortes, privilegiando a utilização restabelecer o "statu quo ante bellum".
de acidentes naturais (rios e montanhas) para demarcação dos
limites; Ainda no contexto das Guerras Napoleónicas, após a vinda da Família
Real Portuguesa para o Brasil, deliberou-se a conquista da Guiana
• consagrava o princípio do direito privado romano do "uti possidetis, ita Francesa (1808, ocupada militarmente até 1817, após anos de
possideatis" ("quem possui de fato, deve possuir de direito"), negociação, já que os portugueses se recusaram em desocupar o território
delineando os contornos aproximados do Brasil atual. sem que se definisse previamente os limites definitivos. Nas negociações
Pelos seus termos, Portugal entregava a Colônia do Sacramento à do tratado de Viena em 1815, ficou posteriormente estabelecido que
Espanha (art. XIII), recebendo os territórios do Sul, pela linha de [Monte] Portugual deveria devolver o território conquistado à França. A diplomacia
Castilhos Grande, às nascentes do rio Ibicuí, as Missões, a margem direita portuguesa contestou, no entanto, tal solução, principalmente pelo fato de
do rio Guaporé e cedendo o território ocidental do rio Japurá ao rio parte da representação dos interesses lusitanos ter sido exercido pela
Amazonas e a navegação do rio Içá (art. XIV); complementarmente, em Inglaterra. Portugal exigia uma indenização referente ao esforço militar de
caso de guerra entre as Coroas de Portugal e da Espanha, na Europa, os ocupação e definições precisas das fronteiras na região. O principal
seus vassalos na América do Sul permaneceriam em paz (art. XXI). objetivo da Coroa Portuguesa era o de estabelecer limites territoriais
seguros para a posse da foz do rio Amazonas.
Do Tratado de Madrid à Independência
O Brasil Império
Na prática, as demarcações que deveriam ter tido lugar em virtude da
assinatura do Tratado de Madrid jamais tiveram lugar. Por essa razão, Com a proclamação da Independência do Brasil (1822), a unidade
uma série de diplomas se sucedeu, com variadas disposições: territorial foi assegurada, internamente, no desenvolvimento da chamada
Guerra da Independência (1823-1824). No plano externo, as fronteiras do
O primeiro deles foi o Tratado de El Pardo (12 de Fevereiro de 1761), novo país ficaram definidas pelo diploma que a reconheceu, o Tratado de
assinado entre José I de Portugal e Carlos III de Espanha no contexto do Paz e Aliança (29 de Agosto de 1825). Este diploma foi firmado entre o
chamado Pacto de Família (15 de Agosto de 1761) que uniu os Bourbon Brasil e Portugal, com a interveniência da Inglaterra. Pelos seus termos:
da França, da Espanha, de Nápoles e de Parma e acirrou a tensão entre
Portugal e a Espanha. Face às dificuldades nos trabalhos de demarcação • João VI de Portugal cedeu a soberania ao Brasil, e tomou para si o
de limites - a norte, na Amazônia, e a sul, com a eclosão da chamada título de Imperador, ao que Pedro I do Brasil, seu filho, anuiu;
Guerra Guaranítica (1753-1756) -, Portugal se recusou a tomar posse do
território conflagrado dos Sete Povos das Missões, e se negou a devolver • O soberano brasileiro prometeu não aceitar proposições de quaisquer
a Colônia do Sacramento à Espanha. O tratado anulou as disposições do colônias portuguesas para se unirem ao Império do Brasil;
Tratado de Madrid (1750), e deixou em suspenso as questões de limites • Estabeleceu a paz e a mais perfeita amizade (art. IV), definindo
na Colónia Brasileira. direitos dos súditos no outro país, e a restituição ou indenização de
Em seguida, foi importante para as fronteiras do Brasil o Tratado de todos os bens confiscados ou destruídos durante a Guerra da
Paris (10 de Fevereiro de 1763). Firmado entre a Inglaterra e a França, Independência;
este diploma colocava fim à Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Pelos
• Restabeleceu o comércio bilateral, taxado à base de 15% "ad
seus termos, a França cedeu à Inglaterra as terras do Canadá, o vale do
valorem" sobre todas as mercadorias;
rio Ohio, e a margem esquerda do rio Mississipi, abdicando de qualquer
pretensão na Índia, e a Espanha cedeu à Inglaterra a região da Flórida. O diploma foi acompanhado pela chamada Convenção Pecuniária (ou
Em virtude deste diploma, Portugal recebeu de volta a Colônia do Adicional), firmada na mesma data como se fosse um anexo ao Tratado,
Sacramento, conquistada pelos espanhóis desde 30 de Outubro de 1762, mas mantida em segredo para o público até à abertura da Assembleia
que, entretanto, permaneceram em posse de outras áreas na região do Legislativa de 1826. Ela estabelecia um pagamento de dois milhões de
Rio Grande do Sul. Este tratado consolidou a supremacia inglesa nas libras esterlinas a título de indenização de reclamações do governo
relações internacionais. português (art. I).

Geografia 73
APOSTILAS OPÇÃO
Ambos os diplomas tiveram o mérito de restabelecer a paz e o A Questão do Amapá (1894-1900)
comércio entre Brasil e Portugal, garantindo os interesses financeiros da
Inglaterra e os interesses coloniais de Portugal na África. Por outro lado, à Embora o 1º Tratado de Utrecht (1713) houvesse estabelecido os
opinião pública brasileira desagradou o uso, por D. João VI de Portugal, limites entre o Brasil e a Guiana Francesa pelo rio Oiapoque ou de Vicente
do título de "Imperador do Brasil", e, sobretudo a partir de 1826, a Pinzón, esse limite havia sido contestado após a Revolução Francesa,
divulgação dos termos da Convenção Pecuniária. Os limites territoriais do sucessivamente pelo Diretório, pelo Consulado, e pelos impérios de
Brasil eram mantidos implicitamente, o que era ratificado pela Constituição Napoleão I e Napoleão III de França, sendo questionada a identidade
brasileira de 1824. daquele rio. A expansão colonialista europeia do final do século XIX
suscitou novos conflitos na região, com o surgimento da República de
Ainda no contexto da Guerra da Independência, no tocante à Cunani e choques armados no rio Calçoene (1894).
província Cisplatina, o Tenente-general Carlos Frederico Lecor, barão da O Tratado de 10 de Abril de 1897 escolheu para árbitro da Questão o
Laguna, entrou com as suas forças em Montevidéu (1824), obtendo que o presidente do Conselho Federal Suíço, Walter Hauser.
cabildo da cidade jurasse a Constituição do Império, obtendo desse modo Os argumentos brasileiros foram expostos pelo barão do Rio Branco,
a sua anexação oficial ao Império do Brasil. Esta ocupação foi efêmera, encarregado em 1898 da Questão. A mesma já vinha sendo estudada
uma vez que, tendo os seus interesses prejudicados localmente, muitos informalmente pelo barão desde 1895 que, ao chegar a Berna, apresentou
cisplatinos, com o apoio das Províncias Unidas do Rio da Prata (que uma memória de sete volumes: A questão de limites entre o Brasil e a
também desejavam incorporar a Cisplatina) iniciaram conflitos (inclusive a Guiana Francesa (1899-1900).
guerra de corso) contra as forças brasileiras. Após diversos choques
desfavoráveis ao Brasil, em 1828, com a intermediação do Reino Unido, A sentença arbitral, datada de 1 de Dezembro de 1900, foi favorável
uma Convenção Preliminar de Paz, ratificada nos anos seguintes, tratava ao Brasil, mantendo-se a fronteira pelo rio Oiapoque. A popularidade de
do comum acordo de desistência das duas partes do controle da região e Rio Branco atingiu uma dimensão nacional, e ele assumiu a Pasta das
a independência da República Oriental do Uruguai. Relações Exteriores (1902-1912).

À época do Segundo Reinado foi assinado o Tratado de limites entre A Questão da ilha da Trindade (Janeiro de 1895 - Agosto de 1896)
o Brasil e o Uruguai (1851), acordando-os praticamente como o são hoje,
sendo modificadas posteriormente apenas algumas disposições do A ilha da Trindade foi ocupada por forças do Almirantado britânico.
mesmo. Diante da reclamação diplomática brasileira, o "Foreign Office" informou
que a ilha fora tida como abandonada, e que se pretendia a instalação de
Com relação às fronteiras com o Paraguai, estas foram estabelecidas um cabo telegráfico submarino para Buenos Aires, na Argentina.
ao final da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) quando, em 1872, foi O Brasil recusou o arbitramento do litígio, previsto inclusive pela
firmado um Tratado de Paz, no qual constavam os respectivos limites com Constituição de 1891, considerando que não havia o que contestar sobre
o Brasil. Segundo o historiador brasileiro Hélio Vianna, este diploma a soberania brasileira da ilha. Diante do impasse aceitou, entretanto, a
respeitava os convênios da época colonial e reivindicava para o Brasil mediação diplomática de Portugal, uma vez que este país dispunha de
apenas as terras já ocupadas ou exploradas por portugueses e brasileiros. documentação histórica sobre o descobrimento e posse da ilha, além de
No contexto da Guerra da Tríplice Aliança, com a assinatura do fortes relações com o Executivo britânico. A Grã-Bretanha desistiu de sua
Tratado de Ayacucho (23 de Novembro de 1867), o Império do Brasil pretensão (3 de Agosto de 1896), desocupando a ilha.
reconheceu a região do atual estado do Acre e sudoeste do Amazonas
como pertencente à Bolívia. A Questão do Acre (1899-1903)
O povoamento da região, no contexto do Ciclo da Borracha, foi feito
por seringueiros com o apoio de seringalistas do Amazonas.
O Brasil República O governo da Bolívia determinou a ocupação da região, levando à
Após a Proclamação da República Brasileira (1889), os seus proclamação do Estado Independente do Acre pela população brasileira
governantes defrontaram-se com a questão dos seus limites territoriais (1899), também com o apoio de seringalistas amazonenses. O processo
que, embora definidos pela Constituição brasileira de 1891, não se foi liderado pelo jornalista espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias, e o
encontravam delimitados. Por essa razão, a chamada República Velha vê- regime instaurado uma república, com capital em Puerto Alonso, atual
se envolvida numa série de questões de limites, tendo o seu máximo Porto Acre.
expoente na figura de José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio A questão agravou-se em 1901 com o arrendamento da região a um
Branco. Foram essas questões: consórcio estadunidense: o "Bolivian Syndicate", com amplos poderes. O
brasileiro José Plácido de Castro liderou uma nova reação, registrando-se
A Questão da Zona de Palmas (ou das Missões) (1890-1895) choques armados que culminaram com a derrota das forças bolivianas
A Argentina reivindicava a região Oeste dos atuais estados do Paraná (1902). Em função dos mesmos, tropas do Exército brasileiro
e de Santa Catarina, pretendendo as fronteiras pelos rios Chapecó e concentraram-se em Corumbá.
Chopim, supostamente com base no Tratado de Madrid (1750). Na iminência de um conflito armado internacional, o Chanceler
brasileiro, barão do Rio Branco, iniciou negociações com a Bolívia, tendo
Pouco antes da proclamação da República, ambos os países haviam préviamente indenizado a Companhia estadunidense em 110 mil libras
acordado que o litígio seria solucionado por arbitramento. Nesse contexto, esterlinas pelo abandono de suas pretensões.
Quintino Bocaiúva, então Ministro das Relações Exteriores do Governo
O Tratado de Petrópolis (17 de Novembro de 1903) encerrou a
Provisório, assinou o Tratado de Montevidéu (25 de Janeiro de 1890), que
questão: mediante a retificação de pequenos trechos da linha de fronteira,
dividia a região entre ambos. O Congresso Nacional Brasileiro não
o Brasil ficava com a região, mediante o pagamento de dois milhões de
ratificou o Tratado (1891), e a questão foi submetida ao arbitramento do
libras esterlinas e da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
presidente estadunidense Grover Cleveland (1893-1897), cujo laudo foi
inteiramente favorável ao Brasil (5 de Fevereiro de 1895), definindo-se as O Tratado do Rio de Janeiro (1909) incorporava o restante da região
fronteiras pelos rio Peperiguaçu e Santo Antônio. acreana ao Brasil, mediante a permuta de terras com o Peru.

Nesta questão, estreou como advogado do Brasil, a partir de 1893, o


A Questão do Pirara (1904)
barão do Rio Branco, escolhido pelo presidente marechal Floriano Peixoto
(1891-1894) para substituir o barão Aguiar de Andrade, falecido no No século XIX acentuou-se a presença inglesa na fronteira com
desempenho da Questão. Rio Branco apresentou ao presidente Cleveland Roraima, a pretexto da indefinição de fronteiras, e de proteção aos
uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis missionários britânicos na catequese de populações indígenas.
volumes: A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina Submetida ao arbitramento do rei Vítor Emanuel III da Itália, este
(1894). dividiu a área pleiteada entre as partes (1904), cabendo a parte maior à
Grã-Bretanha.
Geografia 74
APOSTILAS OPÇÃO
Atuou como advogado pelo Brasil, Joaquim Nabuco. longo do meridiano de 45º. Dados os problemas que resultariam daí, para
Os limites com a Guiana Holandesa (1906) facilitar a questão, convencionou-se, neste caso, que o fuso de duas
Os limites com a Guiana Holandesa foram fixados diretamente entre o horas, o qual engloba as ilhas oceânicas do Brasil, não incorpore aquela
barão do Rio Branco e o representante dos Países Baixos, Frederico parte do continente, entregando-a ao fuso de três horas. igualmente, esse
Palm. meridiano de 45º, no seu limite ocidental, cortaria o Amapá, o Pará, Mato
Grosso, Goiás , o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Ficou
Os limites com a Colômbia (1907) também convencionado que o limite coerente dos fusos de três e quatro
Os limites com a Colômbia foram fixados através do Tratado de horas deveria passar pela linha que, de norte para sul, deixando todo o
Limites e Navegação Fluvial em 1907. Amapá para este, e, em seguida seguindo pelo rio Xingu até encontrar a
Os limites com o Uruguai (1908) geodésica que divide o Pará e Mato Grosso, continuando por esta divisó-
Por iniciativa do barão do Rio Branco, foi concedido ao Uruguai o ria até o rio Araguaia, pelo qual prosseguiria, deixando os Estados do
condomínio da lagoa Mirim e do rio Jaguarão. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para o fuso de quatro horas e, final-
Os limites com o Peru (1909) mente, cedendo os Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Gran-
de do Sul para o fuso de três horas.
Os limites com o Peru foram fixados através do Tratado do Rio de
Janeiro (1909), baseado no princípio do "uti possidetis". De igual maneira, muitos países resolvem as suas diferenças horárias
Os nossos dias conforme as suas peculiaridades e interesses. Exemplo disso é o caso da
Atualmente discute-se se a demarcação das terras indígenas nas Argentina, que teoricamente, se acha no fuso de quatro horas, mas que
fronteiras pode vir a representar um problema para a segurança nacional. resolveu ficar situada no fuso de três horas, igual ao tempo de Brasília.
Também em nossos dias, procuram-se ampliar as fronteiras marítimas,
visando otimizar a exploração da Zona Econômica Exclusiva Brasileira no
A federação brasileira
Oceano Atlântico, nomeadamente no tocante aos recursos da pesca e da
exploração de gás e petróleo. Fonte – Wikipedia Federalismo
Fusos Horários
Uma das concepções mais importantes para a organização político-
Compreende a área que, em qualquer da faixa teoricamente limitada administrativa do estado moderno, o federalismo surgiu nos séculos XVIII
por dois meridianos, conserva a mesma hora referida ao meridiano de e XIX, e seus princípios são decisivos para a compreensão da história de
origem. países como os Estados Unidos e a República Federal da Alemanha.
Cada fuso tem, geralmente, 15º de longitude, cujo centro é um meridi-
ano cuja longitude é exatamente divisível por 15º. Como o círculo terrestre Federalismo é a corrente ideológica que preconiza a federação ou
tem 360º, e o movimento de rotação é executado em 24 horas, temos 360 união de estados ou unidades políticas autônomas, formando um sistema
÷ 24 = 15, o que significa que cada hora do Globo se acha situada numa nacional comum, em contraposição à ideia de um poder unitário ou centra-
faixa de 15º. lista, considerado propenso ao despotismo.
Os fusos são referidos ao Meridiano Internacional de Origem (0º - Nessa estrutura política, a União constitui um poder complexo, a que
Greenwich), bem como ao antimeridiano (180º), em torno do qual está a se integram os estados ou territórios federados e que com ela coexistem e
Linha de Mudança de Data. que possuem esferas de decisão totalmente autônomas. Ao mesmo
Devido ao movimento do planeta, do ocidente para o oriente, de 0º a tempo, as unidades da federação compartilham outras esferas de ação ou
180º (este ou leste), as horas aumentam, e de 0º a 180º (oeste ou west) de poder com a União, que exerce função supra-ordenadora.
diminuem. De Londres a Brasília são três fusos. Assim, quando é meio-dia Trata-se de uma forma composta de organização política, em que os
em Londres, são 9 horas em Brasília. Por outro lado, havendo quatro estados federados mantêm sua diversidade característica e integridade
fusos entre Londres e Teerã, por exemplo, meio-dia em Londres equivale política dentro da unidade representada pela União, que assume a sobe-
a 16 horas em Teerã. rania nacional em relação ao exterior e se incumbe de manter as relações
O sistema de fusos horários foi estabelecido pelo Decreto nº 2.784, de com outros estados. Cada unidade da federação deve gerir seus assuntos
18 de junho de 1913, o qual define, igualmente a hora legal, a qual, tam- internos, e os assuntos cujo interesse ultrapassa os limites de cada uma
bém chamada hora oficial, é o intervalo de tempo igual para um determi- delas são geridos pela União, que atua como coordenadora.
nado fuso horário. Já hora local é a hora referida a um meridiano local,
comparada com a hora referida ao meridiano dum fuso horário, ou o São grandes as diferenças genéricas entre o estado unitário e o fede-
meridiano de Greenwich. rativo. Enquanto no estado centralista ou unitário todos os poderes ema-
nam de um único centro de decisão, e as determinações que partem dos
centros periféricos não passam de meras delegações do poder unitário,
nos estados federativos existe entre o poder central e os estados federa-
dos uma distribuição de competência que assume diversas formas e gera
frequentes conflitos de jurisdição.
As teorias jurídicas procuram explicar a União de acordo com os di-
versos aspectos das relações entre os elementos que o compõem. Há
duas teorias básicas: a da soberania divisível, ou co-soberania, que tem
origem em Alexis de Tocqueville e segundo a qual os estados membros
cedem parte de sua soberania à União. A outra teoria, do americano John
C. Calhoun, parte do princípio de que a soberania é indivisível e considera
que apenas cada um dos membros da União é verdadeiramente estado e
soberano.
Todo sistema federativo tem características específicas, dentre as
quais merecem destaque a existência de uma constituição escrita de
É preciso que se saiba que a hora de cada fuso tem, em seus meridi- caráter geral, a divisão do poder em áreas e a existência de componentes
anos, limites teóricos. Em outras palavras, a hora é aparente. Nem sempre geográficos e culturais que mantêm tanto a federação como a descentrali-
uma linha imaginária, sobre um país, pode marcar, sem embaraços, um zação. O federalismo é uma solução que estabelece um sistema político
limite-horário indiscutível. Senão, vejamos: o meridiano de 45º que marca, em que se assegura o respeito pelas tradições administrativas e jurídicas
no Brasil, o fuso de três horas, cortaria, no seu limite oriental, os Estados locais ou regionais, e também pelas peculiaridades das minorias étnicas.
do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, A União, por sua vez, toma a seu cargo as funções gerais, pertinentes ao
o que significaria, para cada um destes Estados, uma diferença horária ao interesse comum, como a política externa e a defesa, entre outras.

Geografia 75
APOSTILAS OPÇÃO
Federalismo nacional e internacional. Na doutrina federalista e em su- livro A província (1870). No mesmo ano, o manifesto republicano, redigido
as realizações históricas assinalam-se dois grandes aspectos: o primeiro é por Quintino Bocaiúva e Saldanha Marinho, considerava o sistema federa-
o do federalismo interno ou nacional e refere-se aos estados federativos, tivo essencial à mudança do regime. Em 1885, Joaquim Nabuco apresen-
em oposição aos estados unitários; o segundo é o federalismo externo ou tou na Câmara dos Deputados seu projeto federalista - único meio, a seu
internacional. ver, de salvar a monarquia constitucional contra a onda republicana, que
se avolumava com as leis de emancipação dos escravos. Em 1889, no
Podem-se apontar como origem remota do estado federativo as anfic- último congresso do Partido Liberal, Rui Barbosa defendeu as mesmas
tionias gregas. Formadas em torno de um centro religioso, reuniam-se ideias, apoiado por José Antonio Saraiva, embora sem conseguir sensibili-
periodicamente para tratar de assuntos comuns, mantendo o compromisso zar a maioria, fiel à orientação centralizadora do visconde de Ouro Preto.
de observar certos princípios de direito intertribal. Também se podem Com a vitória da república, o decreto no 1 do governo provisório declarou
achar antecedentes em associações medievais, como a Liga Lombarda. definitivamente instaurado no Brasil o regime federalista. O sistema foi
Nos tempos modernos, foi a Suíça o primeiro país a contar com um ti- consagrado pela constituição de 1891, embora sua prática se tenha des-
po de governo federal, embora este não se definisse como tal até 1848. A virtuado no chamado "estadualismo", com a predominância dos grandes
organização federativa moderna foi proclamada pela primeira vez na sobre os pequenos estados. A constituição de 1937, de fundo autoritário,
constituição dos Estados Unidos, em 1787, e originou-se da evolução era, em vez disso, centralizadora. Durante o período de 1937 a 1945, em
política das 13 colônias britânicas estabelecidas na América do Norte. que vigorou o Estado Novo, o Brasil teve interrompida não apenas a
Outro modelo de estado federativo foi o da Alemanha unificada, a partir de democracia representativa, mas a própria tradição federalista. As consti-
1871. Esse estado desapareceu com a ascensão do nazismo, e refez-se, tuições subsequentes, desde a de 1946 até a de 1988, mantiveram o
após a segunda guerra mundial, com a República Federal da Alemanha. A princípio de que o Brasil é uma república federativa. ©Encyclopaedia
antiga União Soviética também se constituiu, em 1922, como organização Britannica do Brasil Publicações Ltda.
política federativa.
___________________________________
Outros estados federativos são a Austrália, a Argentina, o Brasil, o
Canadá, a Índia, o México e a Venezuela. Cada um desses países tem ___________________________________
características próprias, com respeito à determinação e extensão das
___________________________________
faculdades e poderes das distintas unidades administrativas e a sua
dinâmica interna. ___________________________________
O federalismo externo ou internacional, ou a união de diferentes esta- ___________________________________
dos soberanos, que começou a acontecer no primeiro quarto do século
XX, desenvolveu-se vigorosamente após a segunda guerra mundial, a _______________________________________________________
partir da ideia de que o federalismo entre as nações é a melhor expressão _______________________________________________________
do direito internacional, e o instrumento mais eficiente da paz entre os
povos. O político francês Aristide Briand foi, seguramente, a figura mais _______________________________________________________
destacada desse pacifismo internacional, a partir de 1920. _______________________________________________________
Outros vultos ilustres, como Paul Reynaud, Paul-Henri Spaak, Robert _______________________________________________________
Schuman, Jean Monnet e Winston Churchill advogaram a ideia. Como
fruto daqueles movimentos, surgiu uma tendência cada vez maior para a _______________________________________________________
criação de organizações que, de uma forma ou de outra, adotam as teori-
as federalistas. Na Europa, criaram-se vários organismos supranacionais _______________________________________________________
com o objetivo de promover a união econômica e política das nações do _______________________________________________________
continente. Estão entre estes o Conselho Europeu, a CECA (Comunidade
Europeia de Carvão e Aço), a EFTA (Associação Europeia de Livre Co- _______________________________________________________
mércio), a UE (União Europeia) e outras. No continente americano, o _______________________________________________________
espírito do federalismo internacional inspirou a criação da OEA (Organiza-
ção dos Estados Americanos) e da ODECA (Organização dos Estados _______________________________________________________
Centro-Americanos), entre outras.
_______________________________________________________
Federalismo no Brasil. A influência das ideias federalistas no Brasil
_______________________________________________________
começou com a Inconfidência Mineira. Um exemplar da constituição dos
Estados Unidos, que pertenceu a Tiradentes, figura como uma das provas _______________________________________________________
das intenções dos conspiradores. Todas as rebeliões de fundo nativista
que se lhe seguiram, mesmo depois de consumada a independência, _______________________________________________________
tiveram caráter federalista, principalmente a Confederação do Equador _______________________________________________________
(1824), a cabanagem (1831) e revolução dos farrapos (1835).
_______________________________________________________
A constituição do império, de 1824, estabelecia, porém, um regime de
rigorosa centralização. Os então presidentes das províncias eram nomea- _______________________________________________________
dos pelo imperador. O ato adicional de 1834 fez importantes concessões _______________________________________________________
no sentido de atenuar o centralismo: transformou os antigos conselhos de
província, cujos atos dependiam da aprovação da assembleia geral, em _______________________________________________________
assembleias provinciais, com amplos poderes. Em 1837, com a ascensão
dos conservadores, o movimento centralizador retomou a precedência. _______________________________________________________
Sob a inspiração de Paulino José Visconde de Sousa, visconde do Uru- _______________________________________________________
guai, doutrinador e legislador do unitarismo, o poder central passou a
nomear também os vice-presidentes das províncias, faculdade que antes _______________________________________________________
competia às assembleias locais. Em 1841, a criação da polícia também _______________________________________________________
centralizada completou o dispositivo legal unificador da administração
imperial. _______________________________________________________
A reação contra o unitarismo, frequentemente chamado de "imperia- _______________________________________________________
lismo", teve novo alento com a campanha de Tavares Bastos, com seu
_______________________________________________________
Geografia 76
LÍNGUA PORTUGUESA
APOSTILAS OPÇÃO
d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de
árvore que produz o látex).

Língua Portuguesa e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar,


enchapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são
grafadas com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou
seja, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchen-
te, encher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar:
en + radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; encha-
1. NORMA ORTOGRÁFICA pelar: en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço).

As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas 2. Escrevem-se com CH:
que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre-
modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua. buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal-
Eis algumas observações úteis: sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, ca-
DISTINÇÃO ENTRE J E G chimbo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar,
mochila, piche, pichar, tchau.
1. Escrevem-se com J:
b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que
a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajes-
possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia
te, canjerê, pajé, etc.
se distingue pelo contraste entre o x e o ch.
b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
Exemplos:
cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
• brocha (pequeno prego)
c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei, • broxa (pincel para caiação de paredes)
despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
• chá (planta para preparo de bebida)
d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc. • xá (título do antigo soberano do Irã)
e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais • chalé (casa campestre de estilo suíço)
mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija. • xale (cobertura para os ombros)
2. Escrevem-se com G: • chácara (propriedade rural)
a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem, • xácara (narrativa popular em versos)
ferrugem, etc. • cheque (ordem de pagamento)
b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO: • xeque (jogada do xadrez)
estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc. • cocho (vasilha para alimentar animais)
c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir. • coxo (capenga, imperfeito)

DISTINÇÃO ENTRE S E Z DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C


1. Escrevem-se com S: Observe o quadro das correlações:
a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc. Correlações Exemplos
t-c ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial
b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios ter-tenção abster - abstenção; ater - atenção; conter - contenção, deter -
ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu- detenção; reter - retenção
guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa, rg - rs aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir - submersão;
burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc. rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão
c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc. pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repulsão
corr - curs correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incursão
d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for sent - sens sentir - senso, sensível, consenso
erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exe- ced - cess ceder - cessão - conceder - concessão; interceder - intercessão.
gese análise, trombose, etc. exceder - excessivo (exceto exceção)
gred - gress agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão - progres-
e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa, so - progressivo
causa. prim - press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir - repressão.
f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical tir - ssão admitir - admissão; discutir - discussão, permitir - permissão.
termina em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso), (re)percutir - (re)percussão
etc.
g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão;
pretender: pretensão; repreender: repreensão, etc. PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES
2. Escrevem-se em Z.
ONDE-AONDE
a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o
Emprega-se AONDE com os verbos que dão ideia de movimento. Equi-
mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
vale sempre a PARA ONDE.
organizado; realizar: realização, realizado, etc.
AONDE você vai?
b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados AONDE nos leva com tal rapidez?
de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc.
c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro, Naturalmente, com os verbos que não dão ideia de “movimento” empre-
chapeuzinho, cãozito, etc. ga-se ONDE
ONDE estão os livros?
Não sei ONDE te encontrar.
DISTINÇÃO ENTRE X E CH:
1. Escrevem-se com X MAU - MAL
a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote, MAU é adjetivo (seu antônimo é bom).
feixe, etc. Escolheu um MAU momento.
Era um MAU aluno.
c) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica,
etc.
Língua Portuguesa 1
APOSTILAS OPÇÃO
MAL pode ser: 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da
a) advérbio de modo (antônimo de bem). República, etc.
Ele se comportou MAL.
Seu argumento está MAL estruturado 5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação,
b) conjunção temporal (equivale a assim que). Estado, Pátria, União, República, etc.
MAL chegou, saiu 6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
c) substantivo: órgãos públicos, etc.:
O MAL não tem remédio, Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras,
Ela foi atacada por um MAL incurável. Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc.

CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO 7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e


científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os
CESSÃO significa o ato de ceder.
Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
Manhã, Manchete, etc.
A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos os
torcedores. 8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente,
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião: 9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos
Assistimos a uma SESSÃO de cinema. do Oriente, o falar do Norte.
Reuniram-se em SESSÃO extraordinária. Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o
SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Lemos a notícia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos. Escrevem-se com letra inicial minúscula:
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos,
HÁ / A nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval,
Na indicação de tempo, emprega-se: ingleses, ave-maria, um havana, etc.
HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
HÁ dois meses que ele não aparece. 2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando
Ele chegou da Europa HÁ um ano. empregados em sentido geral:
A para indicar tempo futuro: São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
Daqui A dois meses ele aparecerá.
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio
Ela voltará daqui A um ano. Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc.

FORMAS VARIANTES 4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta:
Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer "Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis)
uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos. "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso,
aluguel ou aluguer hem? ou hein? mirra." (Manuel Bandeira)
alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
amídala ou amígdala infarto ou enfarte
assobiar ou assoviar laje ou lajem
assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula Divisão Silábica
azaléa ou azaleia nenê ou nenen
bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
bílis ou bile quatorze ou catorze
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU,
cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar GU.
carroçaria ou carroceria taramela ou tramela 1- chave: cha-ve
chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear aquele: a-que-le
debulhar ou desbulhar ou relampar palha: pa-lha
fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem manhã: ma-nhã
guizo: gui-zo
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresen-
EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS tam a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço
Escrevem-se com letra inicial maiúscula: reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar
1) a primeira palavra de período ou citação. flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma
Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua." globo: glo-bo fraco: fra-co
No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
letra maiúscula. atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so
prato: pra-to
2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil, Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC.
Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via- 3- correr: cor-rer desçam: des-çam
Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. passar: pas-sar exceto: ex-ce-to
O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno. fascinar: fas-ci-nar
3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas Não se separam as letras que representam um ditongo.
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência 4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro
do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc. cárie: cá-rie
Língua Portuguesa 2
APOSTILAS OPÇÃO
Separam-se as letras que representam um hiato. Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o diante a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil.

Não se separam as letras que representam um tritongo.


Alfabeto
6- Paraguai: Pa-ra-guai
saguão: sa-guão A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo
as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma
Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e
que a antecede. palavras importadas do idioma inglês, como:
7- torna: tor-na núpcias: núp-cias km – quilômetro,
técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter kg – quilograma
absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.

Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à síla-


ba que a segue Trema
8- pneumático: pneu-má-ti-co Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita mui-
gnomo: gno-mo to textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever
psicologia: psi-co-lo-gia linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus
derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não vai
No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamen- deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste
te, mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam caso, o “ü” lê-se “i”)
em sílabas separadas.
9- sublingual: sub-lin-gual QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
sublinhar: sub-li-nhar 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas
sublocar: sub-lo-car ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)”
ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos
Preste atenção nas seguintes palavras: abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
trei-no so-cie-da-de Ex.
gai-o-la ba-lei-a
Chá Mês nós
des-mai-a-do im-bui-a
ra-diou-vin-te ca-o-lho Gás Sapé cipó
te-a-tro co-e-lho Dará Café avós
du-e-lo ví-a-mos Pará Vocês compôs
a-mné-sia gno-mo
vatapá pontapés só
co-lhei-ta quei-jo
pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co Aliás português robô
dig-no e-nig-ma dá-lo vê-lo avó
e-clip-se Is-ra-el recuperá-los Conhecê-los pô-los
mag-nó-lia
guardá-la Fé compô-los
réis (moeda) Véu dói
méis céu mói
Acentuação gráfica pastéis Chapéus anzóis
ninguém parabéns Jerusalém

ORTOGRAFIA OFICIAL Resumindo:


Por Paula Perin dos Santos Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e
Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário “atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas
internacional. Sua implementação no Brasil segue os seguintes parâme- nestas palavras.
tros: 2009 – vigência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação 2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de 2013 – vigên- • L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
cia obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que esse “Novo
Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países • N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que • R – câncer, caráter, néctar, repórter.
teve sua implementação.
• X – tórax, látex, ônix, fênix.
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que
uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar • PS – fórceps, Quéops, bíceps.
que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e • Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos • ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio • I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
de Leis ou Acordos. • ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de- • UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui
• US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra,
o ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou, Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos cres-
na melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra. centes (semivogal+vogal):

Língua Portuguesa 3
APOSTILAS OPÇÃO
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio. CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas. artigo A:
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân- Viajaremos à Colômbia.
temo, público, pároco, proparoxítona. (Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia)
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasí-
lia, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri,
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS Veneza, etc.
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando: Viajaremos a Curitiba.
• Formarem sílabas sozinhos ou com “S” (Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba).
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
modifique.
Ela se referiu à saudosa Lisboa.
IMPORTANTE Vou à Curitiba dos meus sonhos.
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, • Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida:
se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos? Às 8 e 15 o despertador soou.
Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tôni- • Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras
cos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectiva- “moda” ou "maneira":
mente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando natural- Aos domingos, trajava-se à inglesa.
mente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso. Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo.
• Antes da palavra casa, se estiver determinada:
5. Trema Referia-se à Casa Gebara.
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só • Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar.
vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estran- Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa).
geira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”) • Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo.
Voltou à terra onde nascera.
6. Acento Diferencial Chegamos à terra dos nossos ancestrais.
Mas:
O acento diferencial permanece nas palavras:
Os marinheiros vieram a terra.
pôde (passado), pode (presente) O comandante desceu a terra.
pôr (verbo), por (preposição) • Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente:
verbo está no singular ou plural: Vou até a (á ) chácara.
SINGULAR PLURAL Cheguei até a(à) muralha
• A QUE - À QUE
Ele tem Eles têm
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino
Ele vem Eles vêm ocorrerá crase:
Houve um palpite anterior ao que você deu.
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, co- Houve uma sugestão anterior à que você deu.
mo: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc. Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não
ocorrerá crase.
Não gostei do filme a que você se referia.
Não gostei da peça a que você se referia.
4. CRASE O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrati-
vo A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes
do de:
Crase é a fusão da preposição A com outro A. Meu palpite é igual ao de todos
Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem. Minha opinião é igual à de todos.
EMPREGO DA CRASE
• em locuções adverbiais: NÃO OCORRE CRASE
à vezes, às pressas, à toa... • antes de nomes masculinos:
• em locuções prepositivas: Andei a pé.
em frente à, à procura de... Andamos a cavalo.
• em locuções conjuntivas:
• antes de verbos:
à medida que, à proporção que...
• pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, Ela começa a chorar.
a, as Cheguei a escrever um poema.
Fui ontem àquele restaurante. • em expressões formadas por palavras repetidas:
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão: Estamos cara a cara.
Refiro-me àquilo e não a isto. • antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza.
A CRASE É FACULTATIVA Escrevi a Vossa Excelência.
• diante de pronomes possessivos femininos:
Dirigiu-se gentilmente à senhora.
Entreguei o livro a(à) sua secretária
• diante de substantivos próprios femininos: • quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
Dei o livro à(a) Sônia. Não falo a pessoas estranhas.
Jamais vamos a festas.
Língua Portuguesa 4
APOSTILAS OPÇÃO

SUBSTANTIVOS
2. MORFOSSINTAXE.
2.1. Classes de palavras. 2.2. Pro- Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá
nome aos seres em geral.
cessos de derivação. 2.3. Processos
São, portanto, substantivos.
de flexão verbal e nominal.
a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em vários b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
elementos chamados elementos mórficos ou elementos de estrutura das trabalho, corrida, tristeza beleza altura.
palavras.
Exs.: CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
cinzeiro = cinza + eiro
a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espé-
endoidecer = en + doido + ecer
cie: rio, cidade, pais, menino, aluno
predizer = pre + dizer
Os principais elementos móficos são: b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemen-
to. Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula:
RADICAL Tocantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair.
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra. c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não,
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer propriamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc.
enterrar = en + terra + ar Verifique que é sempre possível visualizar em nossa mente o substanti-
pronome = pro + nome vo concreto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira,
caneta, fada, bruxa, saci.
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é,
Exs.: anti - herói in - feliz só existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo,
pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos
SUFIXO vão, portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como
É o elemento mórfico que vem depois do radical. seres: trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
Exs.: med - onho cear – ense Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou ad-
jetivos:
trabalhar - trabalho
correr - corrida
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
alto - altura
belo - beleza
A Língua Portuguesa, como qualquer língua viva, está sempre criando
novas palavras. Para criar suas novas palavras, a língua recorre a vários
meios chamados processos de formação de palavras.
FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
Os principais processos de formação das palavras são: a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua
DERIVAÇÃO portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
É a formação de uma nova palavra mediante o acréscimo de b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
elementos à palavra já existente: florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
a) Por sufixação: c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve,
Acréscimo de um sufixo. Exs.: dent - ista , bel - íssimo. ódio, tempo, sol.
b) Por prefixação: d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
Acréscimo de um prefixo. Exs.: ab - jurar, ex - diretor. colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
c) Por parassíntese:
Acréscimo de um prefixo e um sufixo. Exs.: en-fur-ecer, en-tard- COLETIVOS
ecer. Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um gru-
d) Derivação imprópria: po de seres da mesma espécie.
Mudança das classes gramaticais das palavras. Veja alguns coletivos que merecem destaque:
Exs.: andar (verbo) - o andar (substantivo). alavão - de ovelhas leiteiras
contra (preposição) - o contra (substantivo). alcateia - de lobos
fantasma (substantivo) - o homem fantasma (adjetivo). álbum - de fotografias, de selos
oliveira (subst. comum) - Maria de Oliveira (subst. próprio). antologia - de trechos literários escolhidos
armada - de navios de guerra
COMPOSIÇÃO armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc)
É a formação de uma nova palavra, unindo-se palavras que já existem arquipélago - de ilhas
na língua: assembleia - de parlamentares, de membros de associações
a) Por justaposição : atilho - de espigas de milho
Nenhuma das palavras formadoras perde letra. atlas - de cartas geográficas, de mapas
Exs.: passatempo (= passa + tempo); tenente-coronel = tenente + banca - de examinadores
coronel). bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios
b) Por aglutinação: bando - de aves, de pessoal em geral
Pelo menos uma das palavras perde letra. cabido - de cônegos
Exs.: fidalgo (= filho + de + algo); embora (= em + boa + hora). cacho - de uvas, de bananas
cáfila - de camelos
HIBRIDISMO cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves
É a criação de uma nova palavra mediante a união de palavras de cancioneiro - de poemas, de canções
origens diferentes. caravana - de viajantes
Exs.: abreugrafia (português e grego), televisão (grego e latim), cardume - de peixes
zincografia (alemão e grego). clero - de sacerdotes
Língua Portuguesa 5
APOSTILAS OPÇÃO
colmeia - de abelhas Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, de-
concílio - de bispos vemos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa fêmea
congregação - de professores, de religiosos 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes
congresso - de parlamentares, de cientistas que designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo
conselho - de ministros artigo, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante,
consistório - de cardeais sob a presidência do papa a estudante, este dentista.
constelação - de estrelas 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
corja - de vadios pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por
elenco - de artistas artigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o
enxame - de abelhas cônjuge, a pessoa, a criatura.
enxoval - de roupas Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
esquadra - de navios de guerra uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
esquadrilha - de aviões
AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
falange - de soldados, de anjos São masculinos São femininos
farândola - de maltrapilhos o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
fato - de cabras o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
fauna - de animais de uma região o teorema o ágape a análise a usucapião
o trema o caudal a cal a bacanal
feixe - de lenha, de raios luminosos o edema o champanha a cataplasma a líbido
flora - de vegetais de uma região o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus o lança-perfume o formicida a comichão a hélice
o fibroma o guaraná a aguardente
girândola - de fogos de artifício o estratagema o plasma
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros o proclama o clã
junta - de bois, médicos, de examinadores
júri - de jurados Mudança de Gênero com mudança de sentido
legião - de anjos, de soldados, de demônios
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
malta - de desordeiros
Veja alguns exemplos:
manada - de bois, de elefantes o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
matilha - de cães de caça o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
ninhada - de pintos o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão)
panapaná - de borboletas o lotação (veículo) a lotação (capacidade)
pelotão - de soldados o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
penca - de bananas, de chaves
pinacoteca - de pinturas Plural dos Nomes Simples
plantel - de animais de raça, de atletas 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S:
quadrilha - de ladrões, de bandidos casa, casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
ramalhete - de flores 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
réstia - de alhos, de cebolas a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; cora-
récua - de animais de carga ção, corações; grandalhão, grandalhões.
romanceiro - de poesias populares b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
resma - de papel guardiães.
revoada - de pássaros c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão,
súcia - de pessoas desonestas cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
vara - de porcos Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma for-
vocabulário - de palavras ma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charla-
tães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.
3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,
grau.
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen,
hífens (ou hífenes).
Gênero Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones.
Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femi- 5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal,
nino: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta. animais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis.
Podemos classificar os substantivos em: Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules.
a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas, 6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
uma para o masculino, outra para o feminino: fósseis; réptil, répteis.
aluno/aluna homem/mulher Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril,
menino /menina carneiro/ovelha barris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis.
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos:
Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas o pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tô-
pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo: nicos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugue-
padrinho/madrinha bode/cabra ses; burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases.
cavaleiro/amazona pai/mãe São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também,
os substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o
b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única ônix, os ônix.
forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o
em:
substantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substanti-
1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
vo primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho,
animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
cãezitos.
Língua Portuguesa 6
APOSTILAS OPÇÃO
Substantivos só usados no plural Analítico
afazeres anais Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama-
arredores belas-artes nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
cãs condolências
confins exéquias Sintético
férias fezes Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
núpcias óculos
olheiras pêsames Principais sufixos aumentativos
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes) AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
Plural dos Nomes Compostos povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu-
1. Somente o último elemento varia: ça.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; cla-
raboia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substanti- montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim,
vo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guar- pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo,
da-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, homúncula, apícula, velhusco.
sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela,
mela-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
Observações:
2. Somente o primeiro elemento é flexionado: • Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, ad-
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de- quirem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha,
leite; pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro- etc. Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, foga-
sem-rabo, burros-sem-rabo; réu, etc.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalida- • É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor
de ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos- afetivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada; • Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente
banana-maçã, bananas-maçã. formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: car-
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos- taz, ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc. • Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho,
3. Ambos os elementos são flexionados: bonzinho, pequenito.
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas- Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu-
compromissos. gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor- diferentes para designar o sexo:
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara- bode - cabra genro - nora
pálida, caras-pálidas. burro - besta padre - madre
carneiro - ovelha padrasto - madrasta
São invariáveis: cão - cadela padrinho - madrinha
a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o cavalheiro - dama pai - mãe
pisa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo; compadre - comadre veado - cerva
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não- frade - freira zangão - abelha
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem- frei – soror etc.
desocupa-o-copo;
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o
perde-ganha, os perde-ganha. ADJETIVOS
Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
FLEXÃO DOS ADJETIVOS
por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa- Gênero
dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate. a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne-
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu-
lher simples; aluno feliz - aluna feliz.
Adjetivos Compostos
Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino,
Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
outra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / ho-
americanos; cívico-militar, cívico-militares.
mem alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa
1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quan-
Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se-
do o segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa,
melhante a dos substantivos.
tecidos amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam:
surdos-mudos > surdas-mudas. Número
3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho. a) Adjetivo simples
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
substantivos simples:
Graus do substantivo
pessoa honesta pessoas honestas
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os
regra fácil regras fáceis
quais podem ser: sintéticos ou analíticos.
homem feliz homens felizes

Língua Portuguesa 7
APOSTILAS OPÇÃO
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO
invariáveis: ABSOLUTO RELATIVO
blusa vinho blusas vinho bom melhor ótimo
camisa rosa camisas rosa melhor
mau pior péssimo
b) Adjetivos compostos pior
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último grande maior máximo
elemento varia, tanto em gênero quanto em número: maior
acordos sócio-político-econômico acordos sócio-político-econômicos pequeno menor mínimo
causa sócio-político-econômica causas sócio-político-econômicas menor
acordo luso-franco-brasileiro acordo luso-franco-brasileiros
lente côncavo-convexa lentes côncavo-convexas Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
camisa verde-clara camisas verde-claras acre - acérrimo ágil - agílimo
sapato marrom-escuro sapatos marrom-escuros agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
Observações:
áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica in- audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
variável: benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
camisa verde-abacate camisas verde-abacate célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
sapato marrom-café sapatos marrom-café cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invari- frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
áveis: incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
blusa azul-marinho blusas azul-marinho íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo
elementos variam: negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
menina surda-muda meninas surdas-mudas possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
Graus do Adjetivo sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex- salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
pressas em dois graus: simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
- o comparativo terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
- o superlativo velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
Comparativo
Adjetivos Gentílicos e Pátrios
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma Argélia – argelino Bagdá - bagdali
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
igual, superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo: Bóston - bostoniano Braga - bracarense
- Comparativo de igualdade: Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Bucareste - bucarestino, -
Buenos Aires - portenho, buenairense
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. bucarestense
- Comparativo de superioridade: Cairo - cairota Campos - campista
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro. Canaã - cananeu Caracas - caraquenho
Catalunha - catalão Ceilão - cingalês
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico. Chicago - chicaguense Chipre - cipriota
- Comparativo de inferioridade: Coimbra - coimbrão, conimbri-
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro. Córdova - cordovês
cense
Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável. Córsega - corso Creta - cretense
Croácia - croata Cuiabá - cuiabano
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de inten- Egito - egípcio EI Salvador - salvadorenho
sidade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo: Equador - equatoriano Espírito Santo - espírito-santense, capixaba
- Superlativo absoluto Filipinas - filipino Évora - eborense
Florianópolis - florianopolitano Finlândia - finlandês
Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser: Fortaleza - fortalezense Formosa - formosano
Esta cidade é poluidíssima. Gabão - gabonês Foz do lguaçu - iguaçuense
Esta cidade é muito poluída. Genebra - genebrino Galiza - galego
- Superlativo relativo Goiânia - goianense Gibraltar - gibraltarino
Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a Groenlândia - groenlandês Granada - granadino
a outros seres: Guiné - guinéu, guineense Guatemala - guatemalteco
Este rio é o mais poluído de todos. Himalaia - himalaico Haiti - haitiano
Este rio é o menos poluído de todos. Hungria - húngaro, magiar Honduras - hondurenho
Iraque - iraquiano Ilhéus - ilheense
João Pessoa - pessoense Jerusalém - hierosolimita
Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico: La Paz - pacense, pacenho Juiz de Fora - juiz-forense
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade - Lima - limenho
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc. Macapá - macapaense Macau - macaense
- Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti- Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe
quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc. Madri - madrileno Manaus - manauense
Marajó - marajoara Minho - minhoto
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compa- Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco
Montevidéu - montevideano Natal - natalense
rativo e o superlativo, as seguintes formas especiais:

Língua Portuguesa 8
APOSTILAS OPÇÃO
Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano PRONOMES DE TRATAMENTO
Pequim - pequinês Pisa - pisano Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro
tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano PRONOME ABREV. EMPREGO
Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano Vossa Eminência V .Ema cardeais
Veneza - veneziano Vitória - vitoriense Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral
Vossa Magnificência V. Mag a reitores de universidades
Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
Locuções Adjetivas Vossa Santidade V.S. papas
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs- Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
ser substituídas por um adjetivo correspondente.
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
PRONOMES cês.

Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que re- EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
presenta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
discurso. Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
de pronome substantivo. Considera-se errado seu emprego como complemento:
• Ele chegou. (ele) Convidaram ELE para a festa (errado)
• Convidei-o. (o) Receberam NÓS com atenção (errado)
EU cheguei atrasado (certo)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ELE compareceu à festa (certo)
extensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
• Esta casa é antiga. (esta) pronomes retos:
• Meu livro é antigo. (meu) Convidei ELE (errado)
Chamaram NÓS (errado)
Convidei-o. (certo)
Classificação dos Pronomes Chamaram-NOS. (certo)
Há, em Português, seis espécies de pronomes: 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de prepo-
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas sição, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se
de tratamento: correto seu emprego como complemento:
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões; Informaram a ELE os reais motivos.
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo; Emprestaram a NÓS os livros.
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde; Eles gostam muito de NÓS.
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá- 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou- errado seu emprego como complemento:
trem, nada, cada, algo. Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
interrogativas. Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas
PRONOMES PESSOAIS oblíquas MIM e TI:
Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis- Ninguém irá sem EU. (errado)
curso: Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado)
1ª pessoa: quem fala, o emissor. Ninguém irá sem MIM. (certo)
Eu sai (eu) Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo)
Nós saímos (nós) Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e
Convidaram-me (me) TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam
Convidaram-nos (nós) como sujeito de um verbo no infinitivo.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito)
2ª pessoa: com quem se fala, o receptor. Deram o livro para TU leres (leres: sujeito)
Tu saíste (tu) Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é
Vós saístes (vós) obrigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática
Convidaram-te (te) de sujeito.
Convidaram-vos (vós) 5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente. somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção
Ele saiu (ele) em que os referidos pronomes não sejam reflexivos:
Eles sairam (eles) Querida, gosto muito de SI. (errado)
Convidei-o (o) Preciso muito falar CONSIGO. (errado)
Convidei-os (os) Querida, gosto muito de você. (certo)
Preciso muito falar com você. (certo)
Os pronomes pessoais são os seguintes:
NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os
singular 1ª eu me, mim, comigo
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos:
2ª tu te, ti, contigo
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe Ele feriu-se
plural 1ª nós nós, conosco Cada um faça por si mesmo a redação
2ª vós vós, convosco O professor trouxe as provas consigo
3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes

Língua Portuguesa 9
APOSTILAS OPÇÃO
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan-
tais pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: do falamos dessa pessoa:
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios. Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As
combinações possíveis são as seguintes: 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
me+o=mo me + os = mos VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
te+o=to te + os = tos pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
lhe+o=lho lhe + os = lhos pronomes de terceira pessoa:
nos + o = no-lo nos + os = no-los Você trouxe seus documentos?
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
lhes + o = lho lhes + os = lhos
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini- Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
nos a, as. NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
me+a=ma 1. Antes do verbo – próclise Eu te observo há dias.
me + as = mas 2. Depois do verbo – ênclise Observo-te há dias.
te+a=ta 3. No interior do verbo – mesóclise - Observar-te-ei sempre.
te + as = tas
- Você pagou o livro ao livreiro? Ênclise
- Sim, paguei-LHO.
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que
direto ou indireto.
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
O pai esperava-o na estação agitada.
Expliquei-lhe o motivo das férias.
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
indiretos:
1. Quando o verbo iniciar a oração:
O menino convidou-a. (V.T.D )
Voltei-me em seguida para o céu límpido.
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões) Como eu achasse muito breve, explicou-se.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como
as construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento 3. Com o imperativo afirmativo:
de verbos transitivos diretos: Companheiros, escutai-me.
Eu lhe vi ontem. (errado) 4. Com o infinitivo impessoal:
Nunca o obedeci. (errado) A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Eu o vi ontem. (certo) destino na mesa.
Nunca lhe obedeci. (certo)
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM:
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.
como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar, 6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética.
sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de
infinitivo: meio franco.
Deixei-o sair.
Vi-o chegar. Próclise
Sofia deixou-se estar à janela. Na linguagem culta, a próclise é recomendada:
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos,
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desen- interrogativos e conjunções.
volvendo as orações reduzidas de infinitivo: As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Deixei-o sair = Deixei que ele saísse. Tudo me parecia que ia ser comida de avião.
10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos: Quem lhe ensinou esses modos?
A mim, ninguém me engana. Quem os ouvia, não os amou.
A ti tocou-te a máquina mercante. Que lhes importa a eles a recompensa?
Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleo- Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.
nasmo vicioso e sim ênfase.
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi- Papai do céu o abençoe.
vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal: A terra lhes seja leve.
Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos. 3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen- Em se animando, começa a contagiar-nos.
tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse.
modéstia:
Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen- 4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja
tes. pausa entre eles.
Vós sois minha salvação, meu Deus! Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra.

Língua Portuguesa 10
APOSTILAS OPÇÃO
Mesóclise O nosso homem não se deu por vencido.
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presen- Chama-se Falcão o meu homem
te e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
estejam precedidos de palavras que reclamem a próclise. Eu cá tenho minhas dúvidas
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. Cornélio teve suas horas amargas
Dir-se-ia vir do oco da terra. 4. Afetividade, cortesia
Mas: Como vai, meu menino?
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Jamais se diria vir do oco da terra. No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de pa-
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: rentes de família.
Lembrarei-me (!?)
É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Diria-se (!?)
Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
de.
O Pronome Átono nas Locuções Verbais
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal. não sabia o que dizer.
Podemos contar-lhe o ocorrido.
Podemos-lhe contar o ocorrido. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Não lhes podemos contar o ocorrido. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
O menino foi-se descontraindo. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
O menino foi descontraindo-se. Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra per-
O menino não se foi descontraindo. to de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclíti- que o livro está longe de ambas as pessoas.
co ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio.
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a Os pronomes demonstrativos são estes:
Descartes ." ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
Tenho-me levantado cedo. ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
Não me tenho levantado cedo. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o MESMO (e variações), próprio (e variações)
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta. SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na Emprego dos Demonstrativos
linguagem escrita. 1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
fala).
PRONOMES POSSESSIVOS
Este documento que tenho nas mãos não é meu.
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu-
Isto que carregamos pesa 5 kg.
indo-lhes a posse de alguma coisa.
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
livro pertence a 1ª pessoa (eu)
Este coração não pode me trair.
Eis as formas dos pronomes possessivos:
Esta alma não traz pecados.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
Tudo se fez por este país..
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
c) Para indicar o momento em que falamos:
1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
Neste instante estou tranquilo.
2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
Deste minuto em diante vou modificar-me.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
momento em que falamos:
(seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile.
você).
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem.
Um dia destes estive em Porto Alegre.
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambi-
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no
guidade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
qual se inclui o momento em que falamos:
Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
Nesta semana não choveu.
A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Neste mês a inflação foi maior.
Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
Este ano será bom para nós.
Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos
Este século terminará breve.
pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando:
suas mãos).
Este assunto já foi discutido ontem.
Não me respeitava a adolescência.
Tudo isto que estou dizendo já é velho.
A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar:
Só posso lhe dizer isto: nada somos.
Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos.
1. Cálculo aproximado, estimativa:
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se:
2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma histó-
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com
ria
quem se fala):
Língua Portuguesa 11
APOSTILAS OPÇÃO
Esse documento que tens na mão é teu? nha QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases
Isso que carregas pesa 5 kg. como Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo
DE QUAL ou OUTRO TAL:
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Suas manias eram tais quais as minhas.
Esse teu coração me traiu. A mãe era tal quais as filhas.
Essa alma traz inúmeros pecados. Os filhos são tais qual o pai.
Quantos vivem nesse pais? Tal pai, tal filho.

c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que É pronome substantivo em frases como:
desejamos distância: Não encontrarei tal (= tal coisa).
O povo já não confia nesses políticos. Não creio em tal (= tal coisa)
Não quero mais pensar nisso.
PRONOMES RELATIVOS
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: Veja este exemplo:
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
O que você quer dizer com isso? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
casa é um pronome relativo.
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já
falamos: referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
Um dia desses estive em Porto Alegre. A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Comi naquele restaurante dia desses. No exemplo dado, o antecedente é casa.
Outros exemplos de pronomes relativos:
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio. O lugar onde paramos era deserto.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distante. Traga tudo quanto lhe pertence.
Leve tantos ingressos quantos quiser.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se Eis o quadro dos pronomes relativos:
á 3ª. VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Aquele documento que lá está é teu?
Masculino Feminino
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
o qual a qual quem
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante. os quais as quais
Naquele instante estava preocupado. cujo cujos cuja cujas que
Daquele instante em diante modifiquei-me. quanto quanta quantas onde
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele quantos
século, para exprimir que o tempo já decorreu.
Observações:
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, 1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
variações) para a primeira: O médico de quem falo é meu conterrâneo.
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso 2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
e aquela tranquila. sempre um substantivo sem artigo.
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE, 3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural: de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose? Tenho tudo quanto quero.
Com um frio destes não se pode sair de casa. Leve tantos quantos precisar.
Nunca vi uma coisa daquelas. Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter EM QUE.
reforçativo:
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos. A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO, PRONOMES INDEFINIDOS
ISSO ou AQUELE (e variações). Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro. modo vago, impreciso, indeterminado.
O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres. 1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO,
Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames. SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO
A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os Exemplos:
homens superiores. Algo o incomoda?
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve.
8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante: Não faças a outrem o que não queres que te façam.
A menina ia cair, nisto, o pai a segurou Quem avisa amigo é.
Encontrei quem me pode ajudar.
9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE, Ele gosta de quem o elogia.
ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO. 2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS,
Tal era a situação do país. CERTA CERTAS.
Não disse tal. Cada povo tem seus costumes.
Tal não pôde comparecer. Certas pessoas exercem várias profissões.
Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu- Certo dia apareceu em casa um repórter famoso.
des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompa-

Língua Portuguesa 12
APOSTILAS OPÇÃO
PRONOMES INTERROGATIVOS 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se falante em relação ao fato que comunica. Há três modos em portu-
de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. guês.
Exemplos: a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Que há? A cachorra Baleia corria na frente.
Que dia é hoje? b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
Reagir contra quê? Talvez a cachorra Baleia corra na frente.
Por que motivo não veio? c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
Quem foi? pedido
Qual será? Corra na frente, Baleia.
Quantos vêm?
Quantas irmãs tens? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tem-
po, em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos
são:
VERBO a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Fecho os olhos, agito a cabeça.
CONCEITO b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando- em que se fala:
as no tempo. Fechei os olhos, agitei a cabeça.
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, fari- O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
nha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro presente.
elas. Assim fiz. Morreram.” Veja o esquema dos tempos simples em português:
(Clarice Lispector) Presente (falo)
INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: Imperfeito (falava)
a) Estado: Mais- que-perfeito (falara)
Não sou alegre nem sou triste. Futuro do presente (falarei)
Sou poeta. do pretérito (falaria)
b) Mudança de estado: Presente (fale)
Meu avô foi buscar ouro. SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
Mas o ouro virou terra. Futuro (falar)
c) Fenômeno: Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
Chove. O céu dorme. se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esque-
ma dos tempos simples.
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de Infinitivo impessoal (falar)
estado e fenômeno, situando-se no tempo. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
FLEXÕES Particípio (falado)
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle-
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer 5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica: a) agente do fato expresso.
• a ação de cantar. O carroceiro disse um palavrão.
• a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós). (sujeito agente)
• o número gramatical (plural). O verbo está na voz ativa.
• o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito). b) paciente do fato expresso:
• o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
no passado (indicativo). (sujeito paciente)
• que o sujeito pratica a ação (voz ativa). O verbo está na voz passiva.
c) agente e paciente do fato expresso:
Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz. O carroceiro machucou-se.
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural: (sujeito agente e paciente)
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular). O verbo está na voz reflexiva.
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural).
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais: rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser Falo - Estudam.
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço. Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme- fora do radical.
cemos. Falamos - Estudarei.

2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser 7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em:
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces. a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme- conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto -
ceis. cantei - cantarei – cantava - cantasse.
3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou
a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse.
adormece. c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa,
b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe-
Eles adormecem. nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc.

Língua Portuguesa 13
APOSTILAS OPÇÃO
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o Não pode haver umas sem as outras.
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: Parecia haver mais curiosos do que interessados.
matado - morto - enxugado - enxuto. Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
conjugação. construída de três modos:
verbo ser: sou - fui Hajam vista os livros desse autor.
verbo ir: vou - ia Haja vista os livros desse autor.
Haja vista aos livros desse autor.
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
explícito. Quase todos os verbos são pessoais. Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
O Nino apareceu na porta. sentido da frase.
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implí- Exemplo:
cito ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
etc. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ati-
Garoava na madrugada roxa. va passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva,
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer: conservando o mesmo tempo.
Houve um espetáculo ontem. Outros exemplos:
Há alunos na sala. Os calores intensos provocam as chuvas.
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
claros. Eu o acompanharei.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. Ele será acompanhado por mim.
Fazia dois anos que eu estava casado. Todos te louvariam.
Faz muito frio nesta região? Serias louvado por todos.
Prejudicaram-me.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Fui prejudicado.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente Condenar-te-iam.
na 3ª pessoa do singular - quando significa: Serias condenado.
1) EXISTIR
Há pessoas que nos querem bem. EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá. a) Presente
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios. Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores. - um fato que ocorre no momento em que se fala.
2) ACONTECER, SUCEDER Eles estudam silenciosamente.
Houve casos difíceis na minha profissão de médico. Eles estão estudando silenciosamente.
Não haja desavenças entre vós. - uma ação habitual.
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos. Corra todas as manhãs.
- uma verdade universal (ou tida como tal):
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado: O homem é mortal.
Há meses que não o vejo. A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
Haverá nove dias que ele nos visitou. - fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava. maior realce à narrativa.
O fato aconteceu há cerca de oito meses. Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis".
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no É o chamado presente histórico ou narrativo.
pretérito imperfeito, e não no presente: - fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada. Amanhã vou à escola.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos. Qualquer dia eu te telefono.
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava. b) Pretérito Imperfeito
4) REALIZAR-SE Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar:
Houve festas e jogos. - um fato passado contínuo, habitual, permanente:
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos. Ele andava à toa.
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba. Nós vendíamos sempre fiado.
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
seguido de infinitivo): Era uma vez...
Em pontos de ciência não há transigir. - um fato presente em relação a outro fato passado.
Não há contê-lo, então, no ímpeto. Eu lia quando ele chegou.
Não havia descrer na sinceridade de ambos.
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas. c) Pretérito Perfeito
E não houve convencê-lo do contrário. Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já
Não havia por que ficar ali a recriminar-se. ocorrido, concluído.
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de Estudei a noite inteira.
há muito (= desde muito tempo, há muito tempo): Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até
De há muito que esta árvore não dá frutos. o momento presente.
De há muito não o vejo. Tenho estudado todas as noites.
O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
d) Pretérito mais-que-perfeito
ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em
pessoa do singular:
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado):
Vai haver eleições em outubro.
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou.
Começou a haver reclamações.
Língua Portuguesa 14
APOSTILAS OPÇÃO
e) Futuro do Presente MOSCAR
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais, muscam
futuro em relação ao momento em que se fala. Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mosqueis,
musquem
Irei à escola.
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U
f) Futuro do Pretérito
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: RESFOLEGAR
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais,
- Eu jogaria se não tivesse chovido. resfolgam
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis,
- Seria realmente agradável ter de sair? resfolguem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às
vezes, ironia. NOMEAR
- Daria para fazer silêncio?! Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis,
Modo Subjuntivo
nomeavam
a) Presente Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes,
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: nomearam
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem
Talvez eles estudem... não sei. Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem
- um desejo, uma vontade: Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores.
COPIAR
b) Pretérito Imperfeito Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram
hipótese, uma condição. Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá-
Se eu estudasse, a história seria outra. reis, copiaram
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo. Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem
e) Pretérito Perfeito
Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar ODIAR
um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam
características do modo subjuntivo). Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odiavam
Que tenha estudado bastante é o que espero. Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiáreis,
d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que- odiaram
perfeito do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem
fato passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo sub- Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar
juntivo:
Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui- CABER
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
lamente. Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam
e) Futuro Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos,
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já coubéreis, couberam
concluído em relação a outro fato futuro. Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubés-
Quando eu voltar, saberei o que fazer.
seis, coubessem
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, coube-
VERBOS IRREGULARES rem
DAR O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no
Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão imperativo negativo
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram CRER
Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem
Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam
Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam
Conjugam-se como crer, ler e descrer
MOBILIAR
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobiliam DIZER
Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem
Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram
AGUAR Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, dissé-
Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam reis, disseram
Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão
Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam
MAGOAR Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam dissesse
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem
magoaram Particípio dito
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer
Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar
FAZER
APIEDAR-SE Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem
Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-nos, apiedais- Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram
vos, apiadam-se Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis,
Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-nos, apiedei- fizeram
vos, apiedem-se Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão
Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam

Língua Portuguesa 15
APOSTILAS OPÇÃO
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis,
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam reouveram
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos,
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem reouvésseis, reouvessem
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse apre-
PERDER senta a letra v
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
SABER
Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais, percam
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem
Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos,
PODER soubéreis, souberam
Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam
Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubés-
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam seis, soubessem
Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem
puderam
Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam VALER
Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem
pudessem Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham
Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham
Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Gerúndio podendo TRAZER
Particípio podido Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam
imperativo negativo Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos,
PROVER trouxéreis, trouxeram
Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam
Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam
Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam
provêreis, proveram Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxés-
Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão seis, trouxessem
Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem
proveriam Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem
Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam Gerúndio trazendo
Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais, provejam Particípio trazido
Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis,
VER
provessem
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem
Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram
Gerúndio provendo
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram
Particípio provido
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam
QUERER Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem
Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram Particípio visto
Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quisé-
reis, quiseram ABOLIR
Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem
Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisésseis, Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam
quisessem Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram
Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis,
aboliram
REQUERER Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, abolirão
Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, reque- Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, aboliriam
rem Presente do subjuntivo não há
Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste, Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis,
requereram abolissem
Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requerera- Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
mos, requerereis, requereram Imperativo afirmativo abole, aboli
Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requere- Imperativo negativo não há
reis, requererão Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, reque- Infinitivo impessoal abolir
reríeis, requereriam Gerúndio abolindo
Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram Particípio abolido
Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical há E ou
requeiram I.
Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos,
requerêsseis, requeressem, AGREDIR
Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
requerem Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam
Gerúndio requerendo Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam
Particípio requerido Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substituído por I.
O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
COBRIR
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem
REAVER
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram
Presente do indicativo reavemos, reaveis
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram
Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram

Língua Portuguesa 16
APOSTILAS OPÇÃO
Particípio coberto Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
FALIR Gerúndio rindo
Presente do indicativo falimos, falis Particípio rido
Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam Conjuga-se como rir: sorrir
Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram VIR
Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Presente do subjuntivo não há Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram
Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão
Imperativo afirmativo fali (vós) Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam
Imperativo negativo não há Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham
Gerúndio falindo Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem
Particípio falido Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
FERIR Gerúndio vindo
Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem Particípio vindo
Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
SUMIR
MENTIR Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem
Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam
Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir
Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.

FUGIR
Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem ADVÉRBIO
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad-
IR vérbio, exprimindo uma circunstância.
Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão Os advérbios dividem-se em:
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram 1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures,
Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde,
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão avante, através, defronte, aonde, etc.
Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam 2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão
Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante,
Gerúndio indo demasiado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tan-
Particípio ido
to, bem, mal, quase, apenas, etc.
OUVIR 5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efetivamente, etc.
Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem 6) NEGAÇÃO: não.
Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam
Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam 7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto,
Particípio ouvido provavelmente, etc.
PEDIR Há Muitas Locuções Adverbiais
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à
Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam entrada, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam 2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à
Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir noite, às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por
fim, de repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
POLIR
Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem 3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência,
Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam em geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a
olhos vistos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
REMIR 4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem
Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
RIR 6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem etc.
Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram 7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram
Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão Advérbios Interrogativos
Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam

Língua Portuguesa 17
APOSTILAS OPÇÃO
Palavras Denotativas LXX 70 setenta septuagési- setenta avos
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, mo
terão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão, LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc. XC 90 noventa nonagésimo noventa avos
C 100 cem centésimo centésimo
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc. CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc. CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen-
4) DE DESIGNAÇÃO - eis. tos tésimo tésimo
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc. D 500 quinhentos quingentési- quingentési-
mo mo
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc. DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési-
Você lá sabe o que está dizendo, homem... mo mo
Mas que olhos lindos! DCC 700 setecentos septingenté- septingenté-
Veja só que maravilha! simo simo
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté-
simo simo
NUMERAL CM 900 novecen- nongentési- nongentési-
tos mo mo
Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração. M 1000 mil milésimo milésimo
O numeral classifica-se em:
- cardinal - quando indica quantidade.
- ordinal - quando indica ordem. Emprego do Numeral
- multiplicativo - quando indica multiplicação. Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc.
- fracionário - quando indica fracionamento. empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
Exemplos: João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro)
Silvia comprou dois livros. Luis X (décimo) ano I (primeiro)
Antônio marcou o primeiro gol. Pio lX (nono) século lV (quarto)
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
O galinheiro ocupava um quarto da quintal. De 11 em diante, empregam-se os cardinais:
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze)
QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
Algarismos Numerais Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
Roma- Arábi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionários
nos cos tivos Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
I 1 um primeiro simples - XX Salão do Automóvel (vigésimo)
II 2 dois segundo Duplo meio VI Festival da Canção (sexto)
dobro lV Bienal do Livro (quarta)
III 3 três terceiro tríplice terço XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto emprego do ordinal.
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo Hoje é primeiro de setembro
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo Não é aconselhável iniciar período com algarismos
IX 9 nove nono nônuplo nono 16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
X 10 dez décimo décuplo décimo
XI 11 onze décimo onze avos A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos or-
primeiro dinais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e
XII 12 doze décimo doze avos dois (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam
segundo nesse caso porque está subentendida a palavra número. Casa número
XIII 13 treze décimo treze avos vinte e um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever
terceiro também: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense,
XIV 14 quatorze décimo quatorze vemos o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
quarto avos
XV 15 quinze décimo quinze avos
quinto
ARTIGO
XVI 16 dezesseis décimo sexto dezesseis
avos
XVII 17 dezessete décimo dezessete
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determi-
sétimo avos ná-los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos Dividem-se em
oitavo • definidos: O, A, OS, AS
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove • indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
XX 20 vinte vigésimo vinte avos Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
XL 40 quarenta quadragési- quarenta Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
mo avos geral.
L 50 cinquenta quinquagé- cinquenta Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
simo avos terminado).
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta Isoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
avos

Língua Portuguesa 18
APOSTILAS OPÇÃO

CONJUNÇÃO A culpa não a atribuo a vós, senão a ele.


O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado.
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais.
Conjunções Coordenativas
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico.
1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
Hoje não atendo, em todo caso, entre.
2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão,
no entanto, etc.
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou,
3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc.
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc.
4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por conse-
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos.
quência.
Ou você estuda ou arruma um emprego.
5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo.
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando.
Conjunções Subordinativas
"Já chora, já se ri, já se enfurece."
1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc. (Luís de Camões)
2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, 4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por
etc. conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc. As árvores balançam, logo está ventando.
5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável.
que, etc. O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te.
6) INTEGRANTES: que, se, etc.
7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc. 5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que,
8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo).
de forma que, de modo que, etc. Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto causar incêndios.
mais, etc. Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adver-
sativo:
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde."
Examinemos estes exemplos: (Jorge Amado)
1º) Tristeza e alegria não moram juntas.
2º) Os livros ensinam e divertem. Conjunções subordinativas
3º) Saímos de casa quando amanhecia. As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma
à outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: que traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição
é uma conjunção. ou hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
Abrangem as seguintes classes:
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligan- 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como,
do orações: são também conjunções. já que, uma vez que, desde que.
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da
efeito).
mesma oração.
Como estivesse de luto, não nos recebeu.
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma depen- Desde que é impossível, não insistirei.
da da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a
conjunção E é coordenativa. 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como,
(tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que,
No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à (tanto) quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o
outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção mesmo que (= como).
QUANDO é subordinativa. Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa.
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas. "Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias."
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (Paulo Mendes Campos)
As conjunções coordenativas podem ser: "Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas (Antônio Olavo Pereira)
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. "E pia tal a qual a caça procurada."
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. (Amadeu de Queirós)
Não aprovo nem permitirei essas coisas. "Por que ficou me olhando assim feito boba?"
Os livros não só instruem mas também divertem. (Carlos Drummond de Andrade)
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polini- Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
zam as flores. Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
Os governantes realizam menos do que prometem.
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com-
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
apesar disso, em todo caso. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. (= embora não).
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.

Língua Portuguesa 19
APOSTILAS OPÇÃO
Beba, nem que seja um pouco. Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo,
Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo. portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no
Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse. contexto. Assim, a conjunção que pode ser:
Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas 1) Aditiva (= e):
afirmações. Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite. A nós que não a eles, compete fazê-lo.
2) Explicativa (= pois, porque):
4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que Apressemo-nos, que chove.
(= se não), a não ser que, a menos que, dado que. 3) Integrante:
Ficaremos sentidos, se você não vier. Diga-lhe que não irei.
Comprarei o quadro, desde que não seja caro. 4) Consecutiva:
Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo. Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
"Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos Não vão a uma festa que não voltem cansados.
que os mosquitos se opusessem." Onde estavas, que não te vi?
(Ferreira de Castro) 5) Comparativa (= do que, como):
A luz é mais veloz que o som.
5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas Ficou vermelho que nem brasa.
não são como (ou conforme) dizem. 6) Concessiva (= embora, ainda que):
"Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar." Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo.
(Machado de Assis) Beba, um pouco que seja.
7) Temporal (= depois que, logo que):
6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto, Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de 8) Final (= pare que):
forma que, de maneira que, sem que, que (não). Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
Minha mão tremia tanto que mal podia escrever. 9) Causal (= porque, visto que):
Falou com uma calma que todos ficaram atônitos. "Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vival-
Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí. do Coaraci)
Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar. A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe-
7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que). disse. (sem que = embora não)
Afastou-se depressa para que não o víssemos. 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito.
Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse. (sem que = se não,caso não)
Fiz-lhe sinal que se calasse. 3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados.
(sem que = que não)
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quan- 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não)
to mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
(tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve. PREPOSIÇÃO
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo.
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados.
Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois
Observação: termos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medi- segundo, um subordinado ou consequente.
da que e na medida em que. A forma correta é à medida que: Exemplos:
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." Chegaram a Porto Alegre.
(Maria José de Queirós) Discorda de você.
Fui até a esquina.
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre Casa de Paulo.
que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora
que, etc. Preposições Essenciais e Acidentais
Venha quando você quiser. As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CON-
Não fale enquanto come. TRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB,
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra. SOBRE e ATRÁS.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. outras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais:
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante,
cânti) salvo, segundo, senão, tirante, visto, etc.

10) Integrantes: que, se. INTERJEIÇÃO


Sabemos que a vida é breve.
Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem
Veja se falta alguma coisa.
ser:
- alegria: ahl oh! oba! eh!
Observação:
- animação: coragem! avante! eia!
Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
- admiração: puxa! ih! oh! nossa!
chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
- aplauso: bravo! viva! bis!
porém, não consigna esta espécie de conjunção.
- desejo: tomara! oxalá!
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem - dor: aí! ui!
que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que, - silêncio: psiu! silêncio!
etc. - suspensão: alto! basta!

Língua Portuguesa 20
APOSTILAS OPÇÃO
LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo O sabiá voou alto.
valor de uma interjeição. Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento.
Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam! • Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim! de proposição.
Minha equipe venceu a partida.
• Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com
auxílio de preposição.
Ele precisa de um esparadrapo.
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao
2.6. Coordenação e subordinação. mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de
complemento com auxilio de preposição.
Damos uma simples colaboração a vocês.
3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo
FRASE intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais
Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo. predicativo do sujeito.
O tempo está nublado. Os rapazes voltaram vitoriosos.
Socorro! • Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal,
Que calor! ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Ele morreu rico.
ORAÇÃO • Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal,
Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal. ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto
A fanfarra desfilou na avenida. direto ou indireto.
As festas juninas estão chegando. Elegemos o nosso candidato vereador.
PERÍODO TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Período é a frase estruturada em oração ou orações. Chama-se termos integrantes da oração os que completam a
O período pode ser: significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à
• simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta). compreensão do enunciado.
Fui à livraria ontem. 1. OBJETO DIRETO
• composto - quando constituído por mais de uma oração. Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
Fui à livraria ontem e comprei um livro. transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou PEIXE.
2. OBJETO INDIRETO
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
São dois os termos essenciais da oração: transitivo indireto.
As crianças precisam de CARINHO.
SUJEITO
3. COMPLEMENTO NOMINAL
Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa.
Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de
Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes)
um nome com auxílio de preposição. Esse nome pode ser representado
O sujeito pode ser:
por um substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio.
- simples: quando tem um só núcleo
Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo)
As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas;
O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
núcleo: rosas)
Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE
- composto: quando tem mais de um núcleo
(advérbio).
O burro e o cavalo saíram em disparada.
(suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo) 4. AGENTE DA PASSIVA
- oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo
Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu) na voz passiva.
- indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal A mãe é amada PELO FILHO.
Come-se bem naquele restaurante. O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO.
- Inexistente: quando a oração não tem sujeito Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
Choveu ontem.
Há plantas venenosas. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma
PREDICADO função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo
Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito. alguma circunstância.
O predicado classifica-se em:
1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais São termos acessórios da oração:
predicativo do sujeito. 1. ADJUNTO ADNOMINAL
Nosso colega está doente. Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os
Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER, substantivos. Pode ser expresso:
PERMANECER, etc. • pelos adjetivos: água fresca,
Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a • pelos artigos: o mundo, as ruas
comunicar estado ou qualidade do sujeito. • pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas
Nosso colega está doente. • pelos numerais: três garotos; sexto ano
A moça permaneceu sentada. • pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos
2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou 2. ADJUNTO ADVERBIAL
transitivo. Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de
O avião sobrevoou a praia. tempo, lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou
Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento. advérbio.
Língua Portuguesa 21
APOSTILAS OPÇÃO
Cheguei cedo. 3. ALTERNATIVAS:
José reside em São Paulo. Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a
outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
3. APOSTO Mudou o natal OU MUDEI EU?
Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
desenvolve ou resume outro termo da oração. OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
Dr. João, cirurgião-dentista, (C. Meireles)
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. 4. CONCLUSIVAS:
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE,
4. VOCATIVO etc).
Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
interpelar alguém ou alguma coisa. Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
Tem compaixão de nós, ó Cristo.
Professor, o sinal tocou. 5. EXPLICATIVAS:
Rapazes, a prova é na próxima semana. Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro
que a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.)
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR.
PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS.

No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta. ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE
Fui ao cinema. É aquela que vem entre os termos de uma outra oração.
O pássaro voou. O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos:
PERÍODO COMPOSTO CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
No período composto há mais de uma oração.
(Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens ORAÇÃO PRINCIPAL
folgam.) Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
por um conectivo.
Período composto por coordenação ELES DISSERAM que voltarão logo.
Apresenta orações independentes. ELE AFIRMOU que não virá.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.) PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)
Período composto por subordinação
ORAÇÃO SUBORDINADA
Apresenta orações dependentes.
Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
(É bom) (que você estude.)
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
Período composto por coordenação e subordinação nem sempre é a primeira do período.
Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este Quando ele voltar, eu saio de férias.
período é também conhecido como misto. Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.) Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR

ORAÇÃO COORDENADA ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


Oração coordenada é aquela que é independente. Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
de um substantivo.
As orações coordenadas podem ser:
- Sindética: Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção substantivas classificam-se em:
coordenativa. 1) SUBJETIVA (sujeito)
Viajo amanhã, mas volto logo. Convém que você estude mais.
Importa que saibas isso bem. .
- Assindética: É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é
Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou necessária.
ponto e vírgula.
Chegou, olhou, partiu. 2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto)
Desejo QUE VENHAM TODOS.
A oração coordenada sindética pode ser: Pergunto QUEM ESTÁ AI.

1. ADITIVA: 3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto)


Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas, Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS.
também: Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE.
Ele falava E EU FICAVA OUVINDO. Daremos o prêmio A QUEM O MERECER.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ. 4) COMPLETIVA NOMINAL
Complemento nominal.
2. ADVERSATIVA:
Ser grato A QUEM TE ENSINA.
Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
Sou favorável A QUE O PRENDAM.
contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto,
etc).
5) PREDICATIVA (predicativo)
A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
Não sou QUEM VOCÊ PENSA.

Língua Portuguesa 22
APOSTILAS OPÇÃO
6) APOSITIVAS (servem de aposto) ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE) QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
7) AGENTE DA PASSIVA Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR) Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM.
ORAÇÕES REDUZIDAS
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de nominais: gerúndio, infinitivo e particípio.
um adjetivo. Exemplos:
• Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO.
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: • Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
1) EXPLICATIVAS: • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, conseguirás.
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente, • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS ATENTOS.
atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe • AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO,
uma informação. entristeceu-se.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará. • É interesse ESTUDARES MAIS = É interessante QUE ESTUDES MAIS.
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria. • SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure-me.
2) RESTRITIVAS:
Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo
indispensáveis ao sentido da frase:
Pedra QUE ROLA não cria limo.
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui. 2.4. Concordância nominal e verbal.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS


Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de
um advérbio. Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinan-
te se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões.
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:
Principais Casos de Concordância Nominal
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE. 1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em
O tambor soa PORQUE É OCO. gênero e número com o substantivo.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico.
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma 2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão
comparação. normalmente para o plural.
O som é menos veloz QUE A LUZ. Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio.
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA. 3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai
para o masculino plural.
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios.
admite: 4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. próximo:
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. Trouxe livros e revista especializada.
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava. 5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próximo.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos.
4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o
SE O CONHECESSES, não o condenarias.
sujeito.
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
Meus amigos estão atrapalhados.
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato 7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predi-
com outro: cativo no gênero da pessoa a quem se refere.
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. Sua excelência, o Governador, foi compreensivo.
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI. 8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo
vão para o singular ou para o plural.
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado: Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros).
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS. 9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA! precedido de artigo e o segundo não vão para o plural.
Tenho medo disso QUE ME PÉLO! Já estudei o primeiro e segundo livros.
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural.
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto: Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro.
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. 11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR. que se referem.
Ela mesma veio até aqui.
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:
Eles chegaram sós.
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
Eles próprios escreveram.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere.
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso Muito obrigado. (masculino singular)
na oração principal: Muito obrigada. (feminino singular).

Língua Portuguesa 23
APOSTILAS OPÇÃO
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
fica invariável quando é advérbio. sujeito.
Quero meio quilo de café. Deu uma hora.
Minha mãe está meio exausta. Deram três horas.
É meio-dia e meia. (hora) Bateram cinco horas.
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o subs- Naquele relógio já soaram duas horas.
tantivo a que se referem. 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
A expressão em anexo é invariável. Ela é que faz as bolas.
Trouxe em anexo estas fotos. Eu é que escrevo os programas.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substi- 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
tuem advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. um pronome relativo.
Vocês falaram alto demais. Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
O combustível custava barato. Fui eu que fiz a lição
Você leu confuso. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possíveis.
Ela jura falso. • que: Fui eu que fiz a lição.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjeti- • quem: Fui eu quem fez a lição.
vos, sofrem variação normalmente. • o que: Fui eu o que fez a lição.
Esses pneus custam caro. 14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na
Conversei bastante com eles. terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem
Conversei com bastantes pessoas. a este sua impessoalidade.
Estas crianças moram longe. Chove a cântaros. Ventou muito ontem.
Conheci longes terras. Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões.

CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER


CASOS GERAIS 1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e
O menino chegou. Os meninos chegaram. PARECER concordam com o predicativo.
2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular. Tudo são esperanças.
O pessoal ainda não chegou. Aquilo parecem ilusões.
A turma não gostou disso. Aquilo é ilusão.
Um bando de pássaros pousou na árvore. 2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER
3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
ao plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural. Que são florestas equatoriais?
Os Estados Unidos são um grande país. Quem eram aqueles homens?
Os Lusíadas imortalizaram Camões. 3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará
Os Alpes vivem cobertos de neve. com a expressão numérica.
Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular. São oito horas.
Flores já não leva acento. Hoje são 19 de setembro.
O Amazonas deságua no Atlântico. De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica. 4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER
4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome fica no singular.
no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indife- Três batalhões é muito pouco.
rentemente. Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios. 5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular.
A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram). Maria era as flores da casa.
5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o O homem é cinzas.
sujeito paciente. 6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER
Vende-se um apartamento. concorda com o predicativo.
Vendem-se alguns apartamentos. Dançar e cantar é a sua atividade.
6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o Estudar e trabalhar são as minhas atividades.
verbo para a 3ª pessoa do singular. 7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
Precisa-se de funcionários. concorda com o pronome.
7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha A ciência, mestres, sois vós.
no singular e o verbo no singular ou no plural. Em minha turma, o líder sou eu.
Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem) 8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infiniti-
8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural. vo, apenas um deles deve ser flexionado.
Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul. Os meninos parecem gostar dos brinquedos.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
Mais de um jurado fez justiça à minha música.
10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando 2.5. Regência verbal e nominal
empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
no singular.
As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati-
calmente do outro.
Língua Portuguesa 24
APOSTILAS OPÇÃO
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
e adjetivos). • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
Exemplos: O secretário procedeu à leitura da carta.
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM 14. ESQUECER E LEMBRAR
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR • quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
PARA = passagem Esqueci o nome desta aluna.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. Lembrei o recado, assim que o vi.
• quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA Esqueceram-se da reunião de hoje.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) Lembrei-me da sua fisionomia.
• pretender (transitivo indireto) 15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
No sítio, aspiro o ar puro da montanha. • perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã. • pagar - Pago o 13° aos professores.
2. OBEDECER - transitivo indireto • dar - Daremos esmolas ao pobre.
Devemos obedecer aos sinais de trânsito. • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
3. PAGAR - transitivo direto e indireto • ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.
Já paguei um jantar a você. • agradecer - Agradeço as graças a Deus.
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto. • pedir - Pedi um favor ao colega.
Já perdoei aos meus inimigos as ofensas. 16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto O amor implica renúncia.
Prefiro Comunicação à Matemática. • no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposi-
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto. ção COM: O professor implicava com os alunos
Informei-lhe o problema. • no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a prepo-
7. ASSISTIR - morar, residir: sição EM:
Assisto em Porto Alegre. Implicou-se na briga e saiu ferido
• amparar, socorrer, objeto direto 17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição
A:
O médico assistiu o doente.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
• PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA:
Assistimos a um belo espetáculo.
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa
Assiste-lhe o direito. como sujeito:
8. ATENDER - dar atenção O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª
Atendi ao pedido do aluno. pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto dificuldade, será objeto indireto.
Atenderam o freguês com simpatia. Custou-me confiar nele novamente.
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto Custar-te-á aceitá-la como nora.
A moça queria um vestido novo.
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
O professor queria muito a seus alunos.
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto 5. Pontuação
Todos visamos a um futuro melhor.
• APONTAR, MIRAR - objeto direto
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita
O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
as pausas da linguagem oral.
• pör o sinal de visto - objeto direto
O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia. PONTO
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase de-
Devemos obedecer aos superiores. clarativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos
Desobedeceram às leis do trânsito. casos comuns ele é chamado de simples.
Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
• exigem na sua regência a preposição EM
O armazém está situado na Farrapos. PONTO DE INTERROGAÇÃO
Ele estabeleceu-se na Avenida São João. É usado para indicar pergunta direta.
13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo. Onde está seu irmão?
Essas tuas justificativas não procedem. Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
• no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se A mim ?! Que ideia!
com a preposição DE.
Língua Portuguesa 25
APOSTILAS OPÇÃO
PONTO DE EXCLAMAÇÃO TRAVESSÃO
É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas. Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar
Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória! palavras ou frases
Ó jovens! Lutemos! – "Quais são os símbolos da pátria?
– Que pátria?
VÍRGULA – Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos).
A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena – "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra
pausa na fala. Emprega-se a vírgula: vez.
• Nas datas e nos endereços: – a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma
São Paulo, 17 de setembro de 1989. coisa". (M. Palmério).
Largo do Paissandu, 128. • Usa-se para separar orações do tipo:
• No vocativo e no aposto: – Avante!- Gritou o general.
Meninos, prestem atenção! – A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.
Termópilas, o meu amigo, é escritor. Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam
uma cadeia de frase:
• Nos termos independentes entre si:
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões. • A ponte Rio – Niterói.
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste • A linha aérea São Paulo – Porto Alegre.
caso é usado o duplo emprego da vírgula:
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- ASPAS
droeira. São usadas para:
• Após alguns adjuntos adverbiais: • Indicar citações textuais de outra autoria.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. "A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles)
• Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo empre- • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
go da vírgula: expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaísmo, formas populares:
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. Há quem goste de “jazz-band”.
• Após a primeira parte de um provérbio. Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
O que os olhos não vêem, o coração não sente. • Para enfatizar palavras ou expressões:
• Em alguns casos de termos oclusos: Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
• Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate.
"Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.
• Em casos de ironia:
RETICÊNCIAS A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
Não me disseste que era teu pai que ...
• Para realçar uma palavra ou expressão. PARÊNTESES
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... Empregamos os parênteses:
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. • Nas indicações bibliográficas.
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também... "Sede assim qualquer coisa.
serena, isenta, fiel".
(Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
PONTO E VÍRGULA
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
alguma simetria entre si.
"Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desco- fora das órbitas. Amália se volta)".
nhecido, guardando consigo a ponta farpada. " (G. Figueiredo)
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu
interior. • Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-lo, morrendo de
mais calmo, resolveu o problema sozinho. fome."
(C. Lispector)
DOIS PONTOS
• Enunciar a fala dos personagens: • Para isolar orações intercaladas:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? "Estou certo que eu (se lhe ponho
• Para indicar uma citação alheia: Minha mão na testa alçada)
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de Sou eu para ela."
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar- (M. Bandeira)
que".
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão COLCHETES [ ]
anterior: Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
• Enumeração após os apostos: ASTERISCO
O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido.
alguma nota (observação).

Língua Portuguesa 26
APOSTILAS OPÇÃO
BARRA (atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura
A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas (situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar) -
abreviaturas. discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear
(passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) -
desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que
germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que
percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) -
9. SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) /
descrição - discrição / onicolor - unicolor.
 Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de
Semântica apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de
graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida.
 Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e
origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo ser) -
São (santo)
Conotação e Denotação:
 Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de
pedra.
 Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das
rochas.

Semântica (do grego σηµαντικός, sēmantiká, plural neutro de Sinônimo


sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico
sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e
símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. cachorro.
O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se
A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que
para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica se tornem enfadonhos.
incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e
semiótica. Eufemismo
A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar o impacto,
primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem
sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo conhecida como eufemismo).
é expresso(por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção
de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica Exemplos:
formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica • gordo - obeso
cognitiva, fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. • morrer - falecer
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em
consideração: Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos
Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos.
mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os
sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante - Sinônimos Perfeitos
afastado, remoto. Se o significado é idêntico.
Exemplos:
Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou
• avaro – avarento,
mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os
• léxico – vocabulário,
antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim.
• falecer – morrer,
Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de
• escarradeira – cuspideira,
possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica,
• língua – idioma
ou seja, os homônimos:
• catorze - quatorze

As homônimas podem ser: Sinônimos Imperfeitos


 Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Se os signIficados são próximos, porém não idênticos.
Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso
indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa
singular presente indicativo do verbo consertar); Antônimo
 Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado
Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão contrário (também oposto ou inverso) à outra.
(substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo);
O emprego de antônimos na construção de frases pode ser um recurso
 Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) /
que chame atenção do leitor ou do ouvinte.
cedo (verbo) - cedo (advérbio);
Palavra Antônimo
 Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais aberto fechado
palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas
na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro - alto baixo
cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura bem mal

Língua Portuguesa 27
APOSTILAS OPÇÃO
bom mau Exemplos
bonito feio Ele janta (verbo) / A janta está pronta (substantivo); No caso,
demais de menos janta é inexistente na língua portuguesa por enquanto, já que
deriva do substantivo jantar, e está classificado como
doce salgado
neologismo.
forte fraco Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que fizemos foi
gordo magro bonito (substantivo).
salgado insosso Parônimo
amor ódio Parônimo é uma palavra que apresenta sentido diferente e forma
seco molhado semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão.
grosso fino Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com
significados diferentes.
duro mole
O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a
doce amargo pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.Palavras parônimas
grande pequeno são aquelas que têm grafia e pronúncia parecida.
soberba humildade Exemplos
louvar censurar Veja alguns exemplos de palavras parônimas:
bendizer maldizer acender. verbo - ascender. subir
ativo inativo acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para sentar-se
cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa
simpático antipático
comprimento. extensão - cumprimento. saudação
progredir regredir coro (cantores) - couro (pele de animal)
rápido lento deferimento. concessão - diferimento. adiamento
sair entrar delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender
sozinho acompanhado descrição. representação - discrição. reserva
concórdia discórdia descriminar. inocentar - discriminar. distinguir
pesado leve despensa. compartimento - dispensa. desobriga
destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato)
quente frio
emergir. vir à tona - imergir. mergulhar
presente ausente eminência. altura, excelência - iminência. proximidade de ocorrência
escuro claro emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar
inveja admiração enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar
enformar. meter em fôrma - informar. avisar
Homógrafo entender. compreender - intender. exercer vigilância
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes lenimento. suavizante - linimento. medicamento para fricções
na pronúncia. migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar um país para
Exemplos morar em outro - imigrar. entrar num país vindo de outro
• rego (subst.) e rego (verbo); peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo
• colher (verbo) e colher (subst.); recrear. divertir - recriar. criar de novo
• jogo (subst.) e jogo (verbo); se. pronome átono, conjugação - si. espécie de brinquedo
• Sede: lugar e Sede: avidez; vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa
• Seca: pôr a secar e Seca: falta de água. venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho
vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do singular
Homófono
Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais. Existem dois
tipos de palavras homófonas, que são: DENOTAÇAO E CONOTAÇAO
• Homófonas heterográficas A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a
seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original.
• Homófonas homográficas
A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se
Homófonas heterográficas
no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia),
interpretações.
mas heterográficas (diferentes na escrita).
Exemplos
Observe os exemplos
• cozer / coser;
Denotação
• cozido / cosido; As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro.
• censo / senso
• consertar / concertar Conotação
• conselho / concelho As estrelas do cinema.
• paço / passo O jardim vestiu-se de flores
• noz / nós O fogo da paixão
• hera / era
• ouve / houve
• voz / vós SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
• cem / sem
• acento / assento As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
figurado:
Homófonas homográficas Construí um muro de pedra - sentido próprio
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), e Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
homográficas (iguais na escrita). A água pingava lentamente – sentido próprio.

Língua Portuguesa 28
APOSTILAS OPÇÃO
Metaplasmo
As palavras, tanto no tempo quanto no espaço, estão sujeitas a alte-
rações fonéticas, que chegam por vezes a desfigurá-las. Só se admite que
8. FIGURAS DE LINGUAGEM a palavra "cheio" era, em sua origem latina, o vocábulo plenus, porque leis
fonéticas e documentos provam essa identidade.
Metaplasmo é a alteração fonética que ocorre na evolução dos fone-
Consideradas pelos autores clássicos gregos e romanos como inte- mas, dos vocábulos e até das frases. Os metaplasmos que dizem respeito
grantes da arte da retórica, de grande importância literária, as figuras de aos fonemas são vários. Na transformação do latim em português alguns
linguagem contribuem também para a evolução da língua. foram frequentíssimos, como o abrandamento, a queda, a simplificação e
a vocalização.
Figuras de linguagem são maneiras de falar diferentes do cotidiano No caso do abrandamento, as consoantes fortes (proferidas sem voz)
comum, com o fim de chamar a atenção por meio de expressões mais tendem a ser proferidas com voz, quando intervocálicas (lupus > lobo,
vivas. Visa também dar relevo ao valor autônomo do signo linguístico, o defensa > defesa). Na queda, as consoantes brandas tendem a desaparer
que é característica própria da linguagem literária. As figuras podem ser na mesma posição (luna > lua, gelare > gear). Excetuam-se m, r, e por
de dicção (ou metaplasmos), quando dizem respeito à própria articulação vezes g (amare > amar, legere > ler, regere > reger). O b, excetuando-se
dos vocábulos; de palavra (ou tropos), quando envolvem a significação também, muda-se em v (debere > dever).
dos termos empregados; de pensamento, que ocorre todas as vezes que
se apresenta caprichosamente a linguagem espiritual; ou de construção, Ocorre a simplificação quando as consoantes geminadas reduzem-se
quando é conseguida por meios sintáticos. a singelas (bucca > boca, caballus > cavalo). O atual digrama ss não
constitui exceção, porque pronunciado simplesmente como ç (passus >
Metaplasmos. Todas as figuras que acrescentam, suprimem, permu- passo). Quanto ao rr, para muitos conserva a geminação, na pronúncia
tam ou transpõem fonemas nas palavras são metaplasmos. Assim, por trilada, como no castelhano (terra > terra); para outros os dois erres se
exemplo, mui em vez de muito; enamorado, em vez de namorado; cuido- simplificam num r uvular, muito próximo do r grasseyé francês.
so, em vez de cuidadoso; desvario, em vez de desvairo. Consiste a vocalização na troca das consoantes finais de sílabas inte-
Figuras de palavras. As principais figuras de palavras são a metáfora, riores em i, ou u: (acceptus > aceito, absente > ausente). Muitos brasilei-
a metonímia e o eufemismo. Recurso essencial na poesia, a metáfora é a ros estendem isso ao l, como em "sol", que proferem "çóu", criando um
transferência de um termo para outro campo semântico, por uma compa- ditongo que não existe em português.
ração subentendida (como por exemplo quando se chama uma pessoa Os vocábulos revelam, em sua evolução, metaplasmos que se classi-
astuta de "águia"). A metonímia consiste em designar um objeto por meio ficam como de aumento, de diminuição, e de troca. Como exemplos de
de um termo designativo de outro objeto, que tem com o primeiro uma acréscimos anotam-se os fonemas que se agregam às antigas formas. Em
dentre várias relações: (1) de causa e efeito (trabalho, por obra); (2) de "estrela" há um e inicial, e mais um r, que não havia no originário stella.
continente e conteúdo (garrafa, por bebida); (3) lugar e produto (porto, por Observem-se essas evoluções: foresta > floresta, ante > antes. "Brata",
vinho do Porto); (4) matéria e objeto (cobre, por moeda de cobre); (5) oriundo de blatta, diz-se atualmente "barata". Decréscimos são supres-
concreto e abstrato (bandeira, por pátria); (6) autor e obra (um Portinari, sões como as observadas na transformação de episcopus em "bispo". Ou
por um quadro pintado por Portinari); (7) a parte pelo todo (vela, por em amat > ama, polypus > polvo, enamorar > namorar.
embarcação). O eufemismo é a expressão que suaviza o significado Apontam-se trocas em certas transformações. Note-se a posição do r
inconveniente de outra, como chamar uma pessoa estúpida de "pouco em: pigritia > preguiça, crepare > quebrar, rabia > raiva. Os acentos também
inteligente", ou "descuidado", ao invés de "grosseiro". se deslocam às vezes, deslizando para a frente (produção), como em júdice
Figuras de construção e de pensamento. Tanto as figuras de constru- > juiz, ou antecipando-se (correpção), como em amassémus > amássemos.
ção quanto as de pensamento são às vezes englobadas como "figuras A crase (ou fusão) é um caso particular de diminuição, característico aliás da
literárias". As primeiras são: assindetismo (falta de conectivos), sindetismo língua portuguesa, e consiste em se reduzirem duas ou três vogais consecu-
(abuso de conectivos), redundância (ou pleonasmo), reticência (ou inter- tivas a uma só: avoo > avô, avoa > avó, aa > à, maior > mor, põer > pôr. A
rupção), transposição (ou anástrofe, isto é, a subversão da ordem habitual crase é também normal em casos como "casa amarela" (káz ãmáréla).
dos termos). As principais figuras de pensamento são a comparação (ou Os metaplasmos são, em literatura, principalmente na poesia, figuras de
imagem), a antítese (ou realce de pensamentos contraditórios), a grada- dicção. Os poetas apelam para as supressões, para as crases, para os
ção, a hipérbole (ou exagero, como na frase: "Já lhe disse milhares de hiatos, como para recursos de valor estilístico. A um poeta é lícito dizer no
vezes"), a lítotes (ou diminuição, por humildade ou escárnio, como quando Brasil: "E o rosto of'rece a ósculos vendidos" (Gonçalves Dias). Quando
se diz que alguém "não é nada tolo", para indicar que é esperto). Bilac versifica: "Brenha rude, o luar beija à noite uma ossada" dá ao encontro
u-a um tratamento diferente daquele que lhe notamos adiante em: "Contra
Figuras de sintaxe. Quando se busca maior expressividade, muitas esse adarve bruto em vão rodavam "no ar". No ar reduzido a um ditongo
vezes usam-se lacunas, superabundâncias e desvios nas estruturas da constitui uma sinérese. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
frase. Nesse caso, a coesão gramatical dá lugar à coesão significativa. Os Ltda.
processos que ocorrem nessas particularidades de construção da frase
chamam-se figuras de sintaxe. As mais empregadas são a elipse, o ze-
ugma, o anacoluto, o pleonasmo e o hipérbato. FIGURAS DE ESTILO
Na elipse ocorre a omissão de termos, facilmente depreendidos do METÁFORA = significa transposição. Consiste no uso de uma palavra
contexto geral ou da situação ("Sei que [tu] me compreendes."). Zeugma é ou expressão em outro sentido que não o próprio, fundamentando-se na
uma forma de elipse que consiste em fazer participar de dois ou mais íntima relação de semelhança entre coisas e fatos. A metáfora é sempre
enunciados um termo expresso em apenas um deles ("Eu vou de carro, uma imagem, isto é, representação mental de uma realidade sensível. É
você [vai] de bicicleta."). O anacoluto consiste na quebra da estrutura uma espécie de comparação latente ou abreviada. Por exemplo: Paulo é
regular da frase, interrompida por outra estrutura, geralmente depois de um touro.
uma pausa ("Quem o feio ama, bonito lhe parece."). O pleonasmo é a COMPARAÇÃO = consiste em comparar dois termos, em que vêm
repetição do conteúdo significativo de um termo, para realçar a ideia ou expressos termos comparativos, constituindo-se em intermediário entre o
evitar ambiguidade ("Vi com estes olhos!"). Hipérbato é a inversão da sentido próprio e o figurado. Por exemplo: Paulo é forte como um touro.
ordem normal das palavras na oração, ou das orações no período, com METONÍMIA = significa mudança de nome. Consiste na troca de um
finalidade expressiva, como na abertura do Hino Nacional Brasileiro: nome por outro com o qual esteja em íntima relação por uma circunstân-
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / de um povo heróico o brado cia, de modo que um implique o outro. Há metonímia quando se emprega:
retumbante. ("As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumban- • o efeito pela causa = Sócrates tomou a morte(= o veneno).
te de um povo heróico.") ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações • a causa pelo efeito = Vivo do meu trabalho(= do produto de meu
Ltda. trabalho).
Língua Portuguesa 29
APOSTILAS OPÇÃO
• o autor pela obra = Eu li Castro Alves(= a obra de Castro Alves). EUFEMISMO = consiste no uso de uma expressão em sentido figura-
• o continente pelo conteúdo = Traga-me um copo d’água(= a água do para suavizar, atenuar uma expressão rude ou desagradável. Por
do copo). exemplo: Ficou rico por meios ilícitos (= roubou).
• a marca pelo produto = Comprei um gol(= carro). HIPÉRBOLE = consiste em exagerar a realidade, a fim de impressio-
• o conteúdo pelo continente = As ondas fustigavam a areia(= a nar o espírito de quem ouve. Por exemplo: Ele se afogava num dilúvio de
praia). cartas.
• o instrumento pela pessoa = Ele é um bom garfo(= comilão). PROSOPOPEIA = consiste na personificação de coisas e evocação de
deuses ou de mortos. Por exemplo: As estrelas disseram-me: aqui estamos.
• o sinal pela coisa significada = A cruz dominará o Oriente(= Cris-
tianismo).
• o lugar pelo produto = Ele só fuma Havana(= cigarro da cidade de ANTONOMÁSIA = substituição de um nome próprio por um nome
Havana). comum, por uma apelido ou por um título que tornou a pessoa conhecida.
SINÉDOQUE = consiste em alcançar ou restringir a significação pró- Por exemplo: O Mártir da Inconfidência (para Tiradentes).
pria de uma palavra. É o emprego do mais pelo menos ou vice-versa, isto PERÍFRASE = rodeio de palavras, circunlóquio: por exemplo: A mais
é, a troca de um nome pelo outro de modo que um contenha o outro. antiga das profissões (a prostituição).
• a parte pelo todo = No horizonte surgia uma vela(= um navio). SINESTESIA = figura que se baseia na soma de sensações percebi-
• o todo pela parte = O mundo é egoísta(= os homens). das por diferentes órgãos dos sentidos. Por exemplo: A ondulação sonora
• o singular pelo plural = O homem é mortal(= os homens). e táctil entrava pelos meus ouvidos.
• a espécie pelo gênero = Ganhei o pão com o suor do rosto(= ali- PARADOXO = expressão contraditória. Por exemplo: Ia divina, num
mento). simples vestido roxo, que a vestia como se a despisse (Raul Pompéia).
• o indivíduo pela classe = Ele é um Atenas(= cidade culta). APÓSTROFE = é uma invocação, um chamado emotivo. Por exem-
• a espécie pelo indivíduo = No entender do Apóstolo…(São Pau- plo: Deuses impassíveis… Por que é que nos criastes? (Antero de Quen-
lo). tal).
• a matéria pelo instrumento = Ela possui lindos bronzes(= objetos). GRADAÇÃO = é a disposição das ideias numa ordem gradativa. Por
• o abstrato pelo concreto = A audácia vencerá(= os audaciosos). exemplo: Homens simples, fortes, bravos… hoje míseros escravos sem ar,
sem luz, sem razão… (Castro Alves).
CATACRESE = é o desvio da significação de uma palavra por outra,
ante a inexistência de vocábulo apropriado. Origina-se da semelhança ASSÍNDETO = é a ausência de conectivos numa sequência de frases.
formal entre dois objetos, dois seres. É uma metáfora estereotipada. Por Por exemplo: Destrançou os cabelos, soltou-os, trançou-os de novo (Pe-
exemplo: Dente de alho; pernas da mesa. dro Rabelo).
ELIPSE = é a omissão de um termo da frase facilmente subentendido. HIPÉRBATO = é uma inversão dos termos da frase, uma alteração na
Por exemplo: "Na terra tanta guerra, tanto engano, tanta necessidade ordem direta. Por exemplo: Já da morte o palor me cobre o rosto (Álvares
aborrecida, no mar tanta tormenta e tanto engano"(Camões). Os casos de Azevedo).
mais comuns são de verbos (ser e haver), a conjunção integrante(que), a ANÁFORA = é a repetição de um termo no início das frases ou ver-
preposição(de) das orações subordinadas substantivas indiretas e comple- sos. Por exemplo: Tem mais sombra no encontro que na espera. Tem
tivas nominais, sujeito oculto. mais samba a maldade que a ferida (Chico Buarque de Holanda).
ZEUGMA = é a omissão de um termo já expresso anteriormente na ALITERAÇÃO = é a repetição de sons consonantais iguais ou seme-
frase. Por exemplo: Nem ele entende a nós, nem nós a ele. lhantes. Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos fogem
PLEONASMO = consiste na repetição de uma mesma ideia por meio fluidas, fluindo à fina flor dos fenos (Eugênio de Castro).
de vocábulos ou expressões diferentes. Por exemplo: Resta-me a mim ASSONÂNCIA = é a repetição de sons vocálicos iguais ou semelhan-
somente uma esperança. tes. Por exemplo: Até amanhã, sou Ana da cama, da cana, fulana, sacana
POLISSÍNDETO = é a repetição de uma conjunção. Por exemplo: E (Chico Buarque de Holanda).
rola, e rebola, como uma bola. PARANOMÁSIA = é o encontro de duas palavras muito semelhantes
ANACOLUTO = consiste na interrupção do esquema sintático inicial quanto à forma. Por exemplo: Ser capaz, como um rio, (…) de lavar do
da frase, que termina por outro esquema sintático. Por exemplo: Este, o límpido a mágoa da mancha (Thiago de Mello).
rei que têm não foi nascido príncipe(Camões). Fonte: http://www.micropic.com.br/noronha/grama_fig.htm
ONOMATOPEIA = consiste no uso de palavras que imitam o som ou
a voz natural dos seres. Graças a seu valor descritivo, é também excelen-
te subsídio da linguagem afetiva. Por exemplo: Os sinos bimbalhavam
ruidosamente. Funções da linguagem.
RETICÊNCIA = consiste na proposital suspensão do pensamento,
quando se julga o silêncio mais expressivo que as palavras. Por exemplo:
Nós dois … e, entre nós dois, implacável e forte. Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se ne-
SILEPSE = concordância ideológica. A concordância não é feita com cessário o estudo dos elementos da comunicação.
o elemento gramatical expresso, mas sim com a ideia, com o sentido real. Elementos da comunicação
A silepse pode ser: de gênero = Vossa Majestade mostrou-se genero- • emissor - emite, codifica a mensagem
so. (V.Majestade = feminino e generoso = masculino); de número = O • receptor - recebe, decodifica a mensagem
povo lhe pediram que ficasse. (o povo = singular e pediram = plural); de • mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor
pessoa = Os brasileiros somos nós.(os brasileiros = 3ª pessoa e somos = • código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da
1ª pessoa). mensagem
ANTÍTESE = consiste na exposição de uma ideia através de conceitos • referente - contexto relacionado a emissor e receptor
ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os. • canal - meio pelo qual circula a mensagem
Por exemplo: Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas. Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes
IRONIA = consiste no uso de uma expressão, pela qual dizemos o con- e exercem influência sobre a comunicação
trário do que pensamos com intenção sarcástica e entonação apropriada.
Por exemplo: A excelente D. Celeste era mestra na arte de judiar dos alu- Funções da linguagem
nos. Função emotiva (ou expressiva)
Língua Portuguesa 30
APOSTILAS OPÇÃO
Centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela 2) Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de
prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a lingua- uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser representado
gem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. pelas letras z, s, x:
Exemplos:
Função referencial (ou denotativa) zebra
centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informa- casamento
ções da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa exílio
do singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos.
3) Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fo-
nema. A letra x, por exemplo, pode representar:
Função apelativa (ou conativa)
centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comporta- - o fonema sê: texto
mento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso - o fonema zê: exibir
de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. - o fonema chê: enxame
Usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente
- o grupo de sons ks: táxi
ao consumidor.
4) O número de letras nem sempre coincide com o número de fone-
mas.
Função fática
centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato Exemplos:
com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas tóxico fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
telefônicas, saudações e similares.
1234567 123456
Função poética galho fonemas: /g/a/lh/o/ letras: g a l h o
centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados 12 3 4 12345
pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se 5) As letras m e n, em determinadas palavras, não representam fo-
as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em nemas. Observe os exemplos:
obras literárias, letras de música, em algumas propagandas etc.
compra
Função metalinguística conta
centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A Nessas palavras, m e n indicam a nasalização das vogais que as an-
poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comen- tecedem.
ta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalin- Veja ainda:
guagem.
nave: o /n/ é um fonema;
Obs.: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da lingua-
gem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita
então defini-lo. pelas letras a e n.
6) A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.
Exemplos:
hoje fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
Sons e letras. 1 2 3 1234
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
FONEMA Vogais
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono ( "som, As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar
voz") e log, logia ( "estudo", "conhecimento") . Significa literalmente " que passa livremente pela boca. Em nossa língua, desempenham o papel
estudo dos sons" ou "estudo dos sons da voz". O homem, ao falar, emite de núcleo das sílabas. Assim, isso significa que em toda sílaba há neces-
sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar esses sons no sariamente uma única vogal.
ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são
estudadas pela Fonética. Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais
podem ser:
Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos a) Orais: quando o ar sai apenas pela boca.
exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre os pares de Por Exemplo:
palavras: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
amor - ator b) Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
morro - corro Por Exemplo:
vento - cento /ã/: fã, canto, tampa
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que / /: dente, tempero
está em sua memória: a imagem acústica que você, como falante de / /: lindo, mim
português, guarda de cada um deles. É essa imagem acústica, esse
referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema. Os fonemas formam /õ/ bonde, tombo
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparecem represen- / / nunca, algum
tados entre barras. Assim: /m/, /b/, /a/, /v/, etc. c) Átonas: pronunciadas com menor intensidade.
Fonema e Letra Por Exemplo:
1) O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, até, bola
representamos os fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto,
letra é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo, d)Tônicas: pronunciadas com maior intensidade.
a letra s representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra s Por Exemplo:
representa o fonema /z/ (lê-se zê). até, bola

Língua Portuguesa 31
APOSTILAS OPÇÃO
Quanto ao timbre, as vogais podem ser: b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal.
Abertas Por Exemplo:
Exemplos: pai (a = vogal, i = semivogal)
pé, lata, pó c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca.
Fechadas Exemplos:
Exemplos: pai, série
mês, luta, amor d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras. Por Exemplo:
Exemplos: mãe
dedo, ave, gente 2) Tritongo
Quanto à zona de articulação: É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivo-
gal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal.
Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao palato
duro (céu da boca). Exemplos:
Exemplos: Paraguai - Tritongo oral
é, ê, i quão - Tritongo nasal
Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao palato mo-
le (véu palatino). 3) Hiato
Exemplos: É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a
ó, ô, u sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba.
Médias - A língua fica baixa, quase em repouso.
Por Exemplo: Por Exemplo:
a saída (sa-í-da)
Crase 2) Semivogais poesia (po-e-si-a)
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoi-
ados em uma vogal, formando com ela uma só emissão de voz (uma Encontros Consonantais
sílaba). Nesse caso, esses fonemas são chamados de semivogais. A O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediá-
diferença fundamental entre vogais e semivogais está no fato de que estas ria, recebe o nome de encontro consonantal.Existem basicamente dois
últimas não desempenham o papel de núcleo silábico. tipos:
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa-pai. Na - os que resultam do contato consoante + l ou r e ocorrem numa
última sílaba, o fonema vocálico que se destaca é o a. Ele é a vogal. O mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, cri-se...
outro fonema vocálico i não é tão forte quanto ele. É a semivogal.
- os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a síla-
Outros exemplos: bas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta...
saudade, história, série. Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos;
Obs.: os fonemas /i/ e /u/ podem aparecer representados na escri- são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,psi-có-lo-go...
ta por" e", "o" ou "m".
Veja: Dígrafos
pães / pãis mão / mãu/ cem /c i/ De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por ape-
3) Consoantes nas uma letra.
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos Por Exemplo:
pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.
que as consoantes sejam verdadeiros "ruídos", incapazes de atuar como
núcleos silábicos. Seu nome provém justamente desse fato, pois, em
português, sempre consoam ("soam com") as vogais. Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas
letras.
Exemplos:
Por Exemplo:
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.
bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono2.php
Na palavra acima, para representar o fonema | xe| foram utilizadas
duas letras: o c e o h.
Encontros Vocálicos Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para repre-
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sentar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa língua, há
sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-
corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o los em dois tipos: consonantais e vocálicos.
ditongo, otritongo e o hiato.
Dígrafos Consonantais
1) Ditongo
Letras Fonemas Exemplos
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa
mesma sílaba. Pode ser: lh lhe telhado
a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. nh nhe marinheiro
Por Exemplo: ch xe chave
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)

Língua Portuguesa 32
APOSTILAS OPÇÃO

rr Re (no interior da palavra) carro contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste
ss se (no interior da palavra) passo caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
qu que (seguido de e e i) queijo, quiabo ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e
esclareçam o sentido.
gu gue (seguido de e e i) guerra, guia
sc se crescer Como Ler e Entender Bem um Texto
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e
sç se desço
de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira
xc se exceção cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura,
extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o pró-
ximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe
Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais
destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma
nasais.
palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de proce-
Fonemas Letras Exemplos dimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.
ã am tampa
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti-
an canto va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
em templo fim de responder às interpretações que a banca considerou como perti-
nentes.
en lenda
im limpo No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tex-
to com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
in lindo
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
õ om tombo tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida.
on tonto Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio-
gráfica da fonte e na identificação do autor.
um chumbo
un corcunda A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não,
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono4.php exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do
"mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento
proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à per-
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. gunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL. haver uma outra alternativa mais completa.
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência.
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmen-
to do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali- ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A des-
dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve contextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a
necessitar de um bom léxico internalizado. posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta manei-
ra a resposta será mais consciente e segura.
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de
em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
confronto entre todas as partes que compõem o texto.
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá
por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento até o fim, ininterruptamente;
justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do 03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos
autor diante de uma temática qualquer. umas três vezes ou mais;
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
Denotação e Conotação 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (ex- 06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
pressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma 07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor com-
convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + preensão;
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação. 08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto
correspondente;
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná- 09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras 10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre- incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi- aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. perguntou e o que se pediu;
11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
Os textos literários exploram bastante as construções de base conota- exata ou a mais completa;
tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
diferenciadas em seus leitores. lógica objetiva;
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis- 14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;

Língua Portuguesa 33
APOSTILAS OPÇÃO
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a lugares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa con-
resposta; ter informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são
definindo o tema e a mensagem; extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex-
17. O autor defende ideias e você deve percebê-las; tos narrativo.
18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan- • Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
tíssimos na interpretação do texto. determinado tempo, que consiste na identificação do momento,
Ex.: Ele morreu de fome. dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa-
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realiza- lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas rela-
ção do fato (= morte de "ele"). ções podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos
Ex.: Ele morreu faminto. fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontra- um fato que aconteceu depois.
va quando morreu.;
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tem-
ideias estão coordenadas entre si; po material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da
Cunegundes sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no
seu espírito.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
TEXTO NARRATIVO • Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis-
• As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, semos, é a personagem que está a contar a história. A posição
forças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desen- em que se coloca o narrador para contar a história constitui o fo-
rolar dos fatos. co, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser ca-
racterizado por:
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou - visão “por detrás”: o narrador conhece tudo o que diz respeito
heroína, personagem principal da história. às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos
acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do pro- - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar-
tagonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal rativa que é feito em 1a pessoa.
contracena em primeiro plano. - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar- sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra- dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
ção. • Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
O narrador que está a contar a história também é uma personagem, qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor- feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.
Formas de apresentação da fala das personagens
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não três maneiras de comunicar as falas das personagens.
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma di- • Discurso Direto: É a representação da fala das personagens
mensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas através do diálogo.
reações perante os acontecimentos. Exemplo:
“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou des-
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, cendi: dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e
o desenlace ou desfecho. etc.; e de travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas
ou rápidas os verbos de locução podem ser omitidos.
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente, • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, Exemplo:
a história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
interesses entre as personagens. que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os
menos sombrios por vir”.
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfe- • Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem
cho, ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos. se mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narra-
ção. Exemplo:
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o
alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento coti-
lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensas-
diano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um
sem que estivesse doido. Como poderia andar um homem
romance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato
àquela hora, sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco
central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá-
de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
rios, relacionados ao principal.
(José Lins do Rego)
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos
Língua Portuguesa 34
APOSTILAS OPÇÃO
TEXTO DESCRITIVO to. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem
Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais ca- ocorrer em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos,
racterísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc. hipótese e opinião.
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida;
As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan- é a obra ou ação que realmente se praticou.
tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude - Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou
que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so-
para que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido.
imagem unificada. - Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, va- tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem
riando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a a respeito de algo.
pouco.
Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra
técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
O TEXTO ARGUMENTATIVO
Baseado em Adilson Citelli
• Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-
transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os
através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a sub-
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar
jetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas prefe-
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto
rências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras
que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo obje-
do tipo de texto solicitado.
tivo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
• Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário
personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de
pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera-
um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a
mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu-
sua análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão
ral, social e econômico.
do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação
• Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja
observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama, transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do
para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que
partes mais típicas desse todo. fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em
• Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o
ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem
visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos o convencimento do ponto de vista de algo/alguém.
e típicos.
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas.
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca- Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerên-
bulário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. cia é de relevada importância para a produção textual, pois nela se dará
É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer uma sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem expla-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca- nadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitá-
nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc. vel, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em
seus objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os
TEXTO DISSERTATIVO mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação unidade da formação textual.
consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou
questão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos
escrever com clareza, coerência e objetividade. verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por
recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados.
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persua-
dir o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que
ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfati- outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argu-
zando o contexto. mentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto,
estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em: comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- Persuasão).
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e
objetiva da definição do ponto de vista do autor. Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co- sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o
locadas na introdução serão definidas com os dados mais rele- propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
vantes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e dão tornem esta produção altamente evocativa.
desencadeia a conclusão.
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
ideia central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retoman- um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia,
do a introdução e os fatos resumidos do desenvolvimento do tex- a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se
Língua Portuguesa 35
APOSTILAS OPÇÃO
algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfra- equilíbrio; segue com a intervenção de uma força, com a aparição de um
se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de conflito, que dá lugar a uma série de episódios; encerra com a resolução
argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes desse conflito que permite, no estágio final, a recuperação do equilíbrio
diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a perdido.
junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário
ter na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, Todo conto tem ações centrais, núcleos narrativos, que estabelecem
bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo, entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem elementos de
daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu históri- recheio (secundários ou catalíticos), cuja função é manter o suspense.
co uma relação interdiscursiva e intertextual. Tanto os núcleos como as ações secundárias colocam em cena persona-
gens que as cumprem em um determinado lugar e tempo. Para a apresen-
As metáforas, metomínias, onomatopeias ou figuras de linguagem, tação das características destes personagens, assim como para as indica-
entram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias ções de lugar e tempo, apela-se a recursos descritivos.
capazes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é Um recurso de uso frequente nos contos é a introdução do diálogo
muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características das personagens, apresentado com os sinais gráficos correspondentes
salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias, (os travessões, para indicar a mudança de interlocutor).
valores da oposição, tudo isto em forma de piada.
A observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a
Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na
através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito, apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao
mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou futuro).
conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e A demarcação do tempo aparece, geralmente, no parágrafo inicial. Os
concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerí- contos tradicionais apresentam fórmulas características de introdução de
vel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação... temporalidade difusa: "Era uma vez...", "Certa vez...".
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo”
São Paulo SP, Editora. Scipione, 1994 - 6ª edição. Os tempos verbais desempenham um papel importante na construção
e na interpretação dos contos. Os pretéritos imperfeito e o perfeito predo-
minam na narração, enquanto que o tempo presente aparece nas descri-
TIPOLOGIA TEXTUAL ções e nos diálogos.
A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles O pretérito imperfeito apresenta a ação em processo, cuja incidência
verbais e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia chega ao momento da narração: "Rosário olhava timidamente seu preten-
intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os dente, enquanto sua mãe, da sala, fazia comentários banais sobre a
interlocutores. história familiar." O perfeito, ao contrário, apresenta as ações concluídas
no passado: "De repente, chegou o pai com suas botas sujas de barro,
Esses interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um olhou sua filha, depois o pretendente, e, sem dizer nada, entrou furioso na
texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo sala".
falamos sozinhos.
A apresentação das personagens ajusta-se à estratégia da definibili-
É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos dade: são introduzidas mediante uma construção nominal iniciada por um
quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos artigo indefinido (ou elemento equivalente), que depois é substituído pelo
saber que existem tipos textuais e gêneros textuais. definido, por um nome, um pronome, etc.: "Uma mulher muito bonita
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado entrou apressadamente na sala de embarque e olhou à volta, procurando
ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre determinado assunto, alguém impacientemente. A mulher parecia ter fugido de um filme român-
ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e ainda, fazemos um tico dos anos 40."
retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver. O narrador é uma figura criada pelo autor para apresentar os fatos
É exatamente nestas situações corriqueiras que classificamos os que constituem o relato, é a voz que conta o que está acontecendo. Esta
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e voz pode ser de uma personagem, ou de uma testemunha que conta os
Dissertação. fatos na primeira pessoa ou, também, pode ser a voz de uma terceira
pessoa que não intervém nem como ator nem como testemunha.
Para melhor exemplificarmos o que foi dito, tomamos como exemplo
um Editorial, no qual o autor expõe seu ponto de vista sobre determinado Além disso, o narrador pode adotar diferentes posições, diferentes
assunto, uma descrição de um ambiente e um texto literário escrito em pontos de vista: pode conhecer somente o que está acontecendo, isto é, o
prosa. que as personagens estão fazendo ou, ao contrário, saber de tudo: o que
fazem, pensam, sentem as personagens, o que lhes aconteceu e o que
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois lhes acontecerá. Estes narradores que sabem tudo são chamados onisci-
se conceituam como gêneros textuais as diversas situações entes.
sociocomunciativas que participam da nossa vida em sociedade. Como
exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma
monografia, e assim por diante. Respectivamente, tais textos classificar- A Novela
se-iam como: instrucional, correspondência pessoal (em meio eletrônico),
texto do ramo jornalístico e, por último, um texto de cunho científico. É semelhante ao conto, mas tem mais personagens, maior número de
complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos. As
Mas como toda escrita perfaz-se de uma técnica para compô-la, é personagens adquirem uma definição mais acabada, e as ações secundá-
extremamente importante que saibamos a maneira correta de produzir rias podem chegar a adquirir tal relevância, de modo que terminam por
esta gama de textos. À medida que a praticamos, vamos nos converter-se, em alguns textos, em unidades narrativas independentes.
aperfeiçoando mais e mais na sua performance estrutural. Por Vânia
Duarte
A Obra Teatral
Os textos literários que conhecemos como obras de teatro (dramas,
O Conto tragédias, comédias, etc.) vão tecendo diferentes histórias, vão desenvol-
É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de três momentos per- vendo diversos conflitos, mediante a interação linguística das persona-
feitamente diferenciados: começa apresentando um estado inicial de gens, quer dizer, através das conversações que têm lugar entre os partici-

Língua Portuguesa 36
APOSTILAS OPÇÃO
pantes nas situações comunicativas registradas no mundo de ficção progressão temática do texto: com frequência, desenvolvem uma unidade
construído pelo texto. Nas obras teatrais, não existe um narrador que informativa vinculada ao tema central.
conta os fatos, mas um leitor que vai conhecendo-os através dos diálogos
e/ ou monólogos das personagens. Os trabalhos dentro do paradigma e do sintagma, através dos meca-
nismos de substituição e de combinação, respectivamente, culminam com
Devido à trama conversacional destes textos, torna-se possível en- a criação de metáforas, símbolos, configurações sugestionadoras de
contrar neles vestígios de oralidade (que se manifestam na linguagem vocábulos, metonímias, jogo de significados, associações livres e outros
espontânea das personagens, através de numerosas interjeições, de recursos estilísticos que dão ambiguidade ao poema.
alterações da sintaxe normal, de digressões, de repetições, de dêiticos de
lugar e tempo. Os sinais de interrogação, exclamação e sinais auxiliares TEXTOS JORNALÍSTICOS
servem para moldar as propostas e as réplicas e, ao mesmo tempo, Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu por-
estabelecem os turnos de palavras. tador ( jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da
As obras de teatro atingem toda sua potencialidade através da repre- função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no
sentação cênica: elas são construídas para serem representadas. O momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta primazia da
diretor e os atores orientam sua interpretação. atualidade, condena-os a uma vida efêmera. Propõem-se a difundir as
novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais
Estes textos são organizados em atos, que estabelecem a progressão variados temas.
temática: desenvolvem uma unidade informativa relevante para cada
contato apresentado. Cada ato contém, por sua vez, diferentes cenas, De acordo com este propósito, são agrupados em diferentes seções:
determinadas pelas entradas e saídas das personagens e/ou por diferen- informação nacional, informação internacional, informação local, socieda-
tes quadros, que correspondem a mudanças de cenografias. de, economia, cultura, esportes, espetáculos e entretenimentos.

Nas obras teatrais são incluídos textos de trama descritiva: são as A ordem de apresentação dessas seções, assim como a extensão e o
chamadas notações cênicas, através das quais o autor dá indicações aos tratamento dado aos textos que incluem, são indicadores importantes
atores sobre a entonação e a gestualidade e caracteriza as diferentes tanto da ideologia como da posição adotada pela publicação sobre o tema
cenografias que considera pertinentes para o desenvolvimento da ação. abordado.
Estas notações apresentam com frequência orações unimembres e/ou Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais co-
bimembres de predicado não verbal. muns são as notícias, os artigos de opinião, as entrevistas, as reporta-
O Poema gens, as crônicas, as resenhas de espetáculos.

Texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição es- A publicidade é um componente constante dos jornais e revistas, à
pacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão medida que permite o financiamento de suas edições. Mas os textos
relevância aos espaços em branco; então, o texto emerge da página com publicitários aparecem não só nos periódicos como também em outros
uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos meios amplamente conhecidos como os cartazes, folhetos, etc.; por isso,
misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz nos referiremos a eles em outro momento.
alta, para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem Em geral, aceita-se que os textos jornalísticos, em qualquer uma de
que pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados suas seções, devem cumprir certos requisitos de apresentação, entre os
pelo poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções, quais destacamos: uma tipografia perfeitamente legível, uma diagramação
sua versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrea- cuidada, fotografias adequadas que sirvam para complementar a informa-
lismo, relatar epopeias (como nos romances tradicionais), ou, ainda, para ção linguística, inclusão de gráficos ilustrativos que fundamentam as
apresentar ensinamentos morais (como nas fábulas). explicações do texto.
O ritmo - este movimento regular e medido - que recorre ao valor so- É pertinente observar como os textos jornalísticos distribuem-se na
noro das palavras e às pausas para dar musicalidade ao poema, é parte publicação para melhor conhecer a ideologia da mesma. Fun-
essencial do verso: o verso é uma unidade rítmica constituída por uma damentalmente, a primeira página, as páginas ímpares e o extremo supe-
série métrica de sílabas fônicas. A distribuição dos acentos das palavras rior das folhas dos jornais trazem as informações que se quer destacar.
que compõem os versos tem uma importância capital para o ritmo: a Esta localização antecipa ao leitor a importância que a publicação deu ao
musicalidade depende desta distribuição. conteúdo desses textos.
Lembramos que, para medir o verso, devemos atender unicamente à O corpo da letra dos títulos também é um indicador a considerar sobre
distância sonora das sílabas. As sílabas fônicas apresentam algumas a posição adotada pela redação.
diferenças das sílabas ortográficas. Estas diferenças constituem as cha-
madas licenças poéticas: a diérese, que permite separar os ditongos em
suas sílabas; a sinérese, que une em uma sílaba duas vogais que não A Notícia
constituem um ditongo; a sinalefa, que une em uma só sílaba a sílaba final Transmite uma nova informação sobre acontecimentos, objetos ou
de uma palavra terminada em vogal, com a inicial de outra que inicie com pessoas.
vogal ou h; o hiato, que anula a possibilidade da sinalefa. Os acentos
finais também incidem no levantamento das sílabas do verso. Se a última As notícias apresentam-se como unidades informativas completas,
palavra é paroxítona, não se altera o número de sílabas; se é oxítona, que contêm todos os dados necessários para que o leitor compreenda a
soma-se uma sílaba; se é proparoxítona, diminui-se uma. informação, sem necessidade ou de recorrer a textos anteriores (por
exemplo, não é necessário ter lido os jornais do dia anterior para interpre-
A rima é uma característica distintiva, mas não obrigatória dos versos, tá-la), ou de ligá-la a outros textos contidos na mesma publicação ou em
pois existem versos sem rima (os versos brancos ou soltos de uso fre- publicações similares.
quente na poesia moderna). A rima consiste na coincidência total ou
parcial dos últimos fonemas do verso. Existem dois tipos de rimas: a É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa
consoante (coincidência total de vogais e consoante a partir da última pelo fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três
vogal acentuada) e a assonante (coincidência unicamente das vogais a partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimen-
partir da última vogal acentuada). A métrica mais frequente dos versos vai to. O título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a
desde duas até dezesseis sílabas. Os versos monossílabos não existem, atenção do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal
já que, pelo acento, são considerados dissílabos. El País, 1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze
palavras. A introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser
As estrofes agrupam versos de igual medida e de duas medidas dife- um resumo de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes
rentes combinadas regularmente. Estes agrupamentos vinculam-se à que não aparecem na introdução.

Língua Portuguesa 37
APOSTILAS OPÇÃO
A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à ções causais para as fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos
margem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da efeitos, concessivas e condicionais.
primeira pessoa do singular nem do plural. Isso implica que, além de omitir
o eu ou o nós, também não deve recorrer aos possessivos (por exemplo, Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura
não se referirá à Argentina ou a Buenos Aires com expressões tais como ideológica do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob
nosso país ou minha cidade). que circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação
exposta. Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos
Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veraci- utilizar estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica
dade: somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue dos dados do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta
comprovar de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a das entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito.
certas fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está des-
cartado que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte, Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias
recorre ao discurso direto, como, por exemplo: mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um
texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor
O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas,
dos Deputados durante a próxima semana. cenas e opiniões como positivas ou negativas.
O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal.
Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações
enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar A Reportagem
das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que,
é frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foram perseguidos pela para informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma
polícia; e das formas impessoais: A perseguição aos delinquentes foi feita figura-chave para o conhecimento deste tópico.
por um patrulheiro.
A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a
A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o publicação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a
quê? quem? como? quando? por quê e para quê? atenção dos leitores.
A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, reali-
O Artigo de Opinião zada com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo.
As perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para
Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atu- divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador.
alidade que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já
é considerado, ou merece ser, objeto de debate.
Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pes- A Entrevista
quisa e as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expres-
sam a posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente me-
ideologia, enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as diante uma trama conversacional, mas combina com frequência este
opiniões de seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas tecido com fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior
vezes, opiniões divergentes e até antagônicas em uma mesma página. liberdade, uma vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta-
resposta, mas detém-se em comentários e descrições sobre o entrevista-
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se do e transcreve somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- travessões a mudança de interlocutor. É permitido apresentar uma intro-
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- dução extensa com os aspectos mais significativos da conversação manti-
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de da, e as perguntas podem ser acompanhadas de comentários, confirma-
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a ções ou refutações sobre as declarações do entrevistado.
justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição
adotada no início do texto. Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessa-
riamente incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a
A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos conversação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas
argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usa- destas entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a
das para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as temas derivados.
seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações,
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe
distância através do uso das construções impessoais, para dar objetivida- uma garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez
de e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos - de quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo
detalhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de de propostas e de réplicas.
pesquisa estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das
fontes da informação. Todos eles são recursos que servem para funda-
mentar os argumentos usados na validade da tese. TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
A progressão temática ocorre geralmente através de um esquema de Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ci-
temas derivados. Cada argumento pode encerrar um tópico com seus ências em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam-
respectivos comentários. se tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apre- Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa des-
sentam uma preeminência de orações enunciativas, embora também tas ciências, os textos têm algumas características que são comuns a
incluam, com frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua todas suas variedades: neles predominam, como em todos os textos
trama argumentativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o informativos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e prefere-se
valor da informação de base, o assunto em questão; as últimas, para a ordem sintática canônica (sujeito-verbo-predicado).
convencer o leitor a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decor-
Incluem frases claras, em que não há ambiguidade sintática ou se-
rer destes artigos, opta-se por orações complexas que incluem proposi-
mântica, e levam em consideração o significado mais conhecido, mais
difundido das palavras.

Língua Portuguesa 38
APOSTILAS OPÇÃO
O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocá- exemplo: descreve-se "mamífero" como membro da classe dos vertebra-
bulos a que possam ser atribuídos um multiplicidade de significados, isto dos; depois, são apresentados os traços distintivos de suas diversas
é, evitam os termos polissêmicos e, quando isso não é possível, estabele- variedades: terrestres e aquáticos.
cem mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído
ao termo polissêmico nesse contexto. Uma vez que nestas notas há predomínio da função informativa da
linguagem, a expansão é construída sobre a base da descrição científica,
que responde às exigências de concisão e de precisão.
A Definição
As características inerentes aos objetos apresentados aparecem atra-
Expande o significado de um termo mediante uma trama descritiva, vés de adjetivos descritivos - peixe de cor amarelada escura, com man-
que determina de forma clara e precisa as características genéricas e chas pretas no dorso, e parte inferior prateada, cabeça quase cônica,
diferenciais do objeto ao qual se refere. Essa descrição contém uma olhos muito juntos, boca oblíqua e duas aletas dorsais - que ampliam a
configuração de elementos que se relacionam semanticamente com o base informativa dos substantivos e, como é possível observar em nosso
termo a definir através de um processo de sinonímia. exemplo, agregam qualidades próprias daquilo a que se referem.
Recordemos a definição clássica de "homem", porque é o exemplo O uso do presente marca a temporalidade da descrição, em cujo teci-
por excelência da definição lógica, uma das construções mais generaliza- do predominam os verbos estáticos - apresentar, mostrar, ter, etc. - e os
das dentro deste tipo de texto: O homem é um animal racional. A expan- de ligação - ser, estar, parecer, etc.
são do termo "homem" - "animal racional" - apresenta o gênero a que
pertence, "animal", e a diferença específica, "racional": a racionalidade é o
traço que nos permite diferenciar a espécie humana dentro do gênero O Relato de Experimentos
animal.
Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em
Usualmente, as definições incluídas nos dicionários, seus portadores manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos
mais qualificados, apresentam os traços essenciais daqueles a que se que descrevem experimentos.
referem: Fiscis (do lat. piscis). s.p.m. Astron. Duodécimo e último signo ou
parte do Zodíaco, de 30° de amplitude, que o Sol percorre aparentemente O ponto de partida destes experimentos é algo que se deseja saber,
antes de terminar o inverno. mas que não se pode encontrar observando as coisas tais como estão; é
necessário, então, estabelecer algumas condições, criar certas situações
Como podemos observar nessa definição extraída do Dicionário de La para concluir a observação e extrair conclusões. Muda-se algo para cons-
Real Academia Espa1ioJa (RAE, 1982), o significado de um tema base ou tatar o que acontece. Por exemplo, se se deseja saber em que condições
introdução desenvolve-se através de uma descrição que contém seus uma planta de determinada espécie cresce mais rapidamente, pode-se
traços mais relevantes, expressa, com frequência, através de orações colocar suas sementes em diferentes recipientes sob diferentes condições
unimembres, constituídos por construções endocêntricas (em nosso de luminosidade; em diferentes lugares, areia, terra, água; com diferentes
exemplo temos uma construção endocêntrica substantiva - o núcleo é um fertilizantes orgânicos, químicos etc., para observar e precisar em que
substantivo rodeado de modificadores "duodécimo e último signo ou parte circunstâncias obtém-se um melhor crescimento.
do Zodíaco, de 30° de amplitude..."), que incorporam maior informação
mediante proposições subordinadas adjetivas: "que o Sol percorre aparen- A macroestrutura desses relatos contém, primordialmente, duas cate-
temente antes de terminar o inverno". gorias: uma corresponde às condições em que o experimento se realiza,
isto é, ao registro da situação de experimentação; a outra, ao processo
As definições contêm, também, informações complementares relacio- observado.
nadas, por exemplo, com a ciência ou com a disciplina em cujo léxico se
inclui o termo a definir (Piscis: Astron.); a origem etimológica do vocábulo Nesses textos, então, são utilizadas com frequência orações que co-
("do lat. piscis"); a sua classificação gramatical (s.p.m.), etc. meçam com se (condicionais) e com quando (condicional temporal):

Essas informações complementares contêm frequentemente Se coloco a semente em um composto de areia, terra preta, húmus, a
abreviaturas, cujo significado aparece nas primeiras páginas do Dicionário: planta crescerá mais rápido.
Lat., Latim; Astron., Astronomia; s.p.m., substantivo próprio masculino, etc. Quando rego as plantas duas vezes ao dia, os talos começam a
O tema-base (introdução) e sua expansão descritiva - categorias bá- mostrar manchas marrons devido ao excesso de umidade.
sicas da estrutura da definição - distribuem-se espacialmente em blocos, Estes relatos adotam uma trama descritiva de processo. A variável
nos quais diferentes informações costumam ser codificadas através de tempo aparece através de numerais ordinais: Em uma primeira etapa, é
tipografias diferentes (negrito para o vocabulário a definir; itálico para as possível observar... em uma segunda etapa, aparecem os primeiros brotos
etimologias, etc.). Os diversos significados aparecem demarcados em ...; de advérbios ou de locuções adverbiais: Jogo, antes de, depois de, no
bloco mediante barras paralelas e /ou números. mesmo momento que, etc., dado que a variável temporal é um componen-
Prorrogar (Do Jat. prorrogare) V.t.d. l. Continuar, dilatar, estender te essencial de todo processo. O texto enfatiza os aspectos descritivos,
uma coisa por um período determinado. 112. Ampliar, prolongar 113. apresenta as características dos elementos, os traços distintivos de cada
Fazer continuar em exercício; adiar o término de. uma das etapas do processo.

A Nota de Enciclopédia O relato pode estar redigido de forma impessoal: coloca-se, colocado
em um recipiente ... Jogo se observa/foi observado que, etc., ou na primei-
Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de tra- ra pessoa do singular, coloco/coloquei em um recipiente ... Jogo obser-
ma descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela vo/observei que ... etc., ou do plural: colocamos em um recipiente... Jogo
amplitude desta expansão. observamos que... etc. O uso do impessoal enfatiza a distância existente
entre o experimentador e o experimento, enquanto que a primeira pessoa,
A progressão temática mais comum nas notas de enciclopédia é a de
do plural e do singular enfatiza o compromisso de ambos.
temas derivados: os comentários que se referem ao tema-base constitu-
em-se, por sua vez, em temas de distintos parágrafos demarcados por
subtítulos. Por exemplo, no tema República Argentina, podemos encontrar
os temas derivados: traços geológicos, relevo, clima, hidrografia, biogeo- A Monografia
grafia, população, cidades, economia, comunicação, transportes, cultura, Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre
etc. um determinado tema é recolhida em diferentes fontes.
Estes textos empregam, com frequência, esquemas taxionômicos, Os textos monográficos não necessariamente devem ser realizados
nos quais os elementos se agrupam em classes inclusivas e incluídas. Por com base em consultas bibliográficas, uma vez que é possível terem como

Língua Portuguesa 39
APOSTILAS OPÇÃO
fonte, por exemplo, o testemunho dos protagonistas dos fatos, testemu- Estes textos são empregados com frequência na escola, para apre-
nhos qualificados ou de especialistas no tema. sentar ou a vida ou algumas etapas decisivas da existência de persona-
gens cuja ação foi qualificada como relevante na história.
As monografias exigem uma seleção rigorosa e uma organização coe-
rente dos dados recolhidos. A seleção e organização dos dados servem Os dados biográficos ordenam-se, em geral, cronologicamente, e, da-
como indicador do propósito que orientou o trabalho. Se pretendemos, por do que a temporalidade é uma variável essencial do tecido das biografias,
exemplo, mostrar que as fontes consultadas nos permitem sustentar que em sua construção, predominam recursos linguísticos que asseguram a
os aspectos positivos da gestão governamental de um determinado per- conectividade temporal: advérbios, construções de valor semântico adver-
sonagem histórico têm maior relevância e valor do que os aspectos nega- bial (Seus cinco primeiros anos transcorreram na tranquila segurança de
tivos, teremos de apresentar e de categorizar os dados obtidos de tal sua cidade natal Depois, mudou-se com a família para La Prata), proposi-
forma que esta valorização fique explícita. ções temporais (Quando se introduzia obsessivamente nos tortuosos
caminhos da novela, seus estudos de física ajudavam-no a reinstalar-se
Nas monografias, é indispensável determinar, no primeiro parágrafo, o na realidade), etc.
tema a ser tratado, para abrir espaço à cooperação ativa do leitor que,
conjugando seus conhecimentos prévios e seus propósitos de leitura, fará A veracidade que exigem os textos de informação científica mani-
as primeiras antecipações sobre a informação que espera encontrar e festa-se nas biografias através das citações textuais das fontes dos dados
formulará as hipóteses que guiarão sua leitura. Uma vez determinado o apresentados, enquanto a ótica do autor é expressa na seleção e no modo
tema, estes textos transcrevem, mediante o uso da técnica de resumo, o de apresentação destes dados. Pode-se empregar a técnica de acumula-
que cada uma das fontes consultadas sustenta sobre o tema, as quais ção simples de dados organizados cronologicamente, ou cada um destes
estarão listadas nas referências bibliográficas, de acordo com as normas dados pode aparecer acompanhado pelas valorações do autor, de acordo
que regem a apresentação da bibliografia. com a importância que a eles atribui.
O trabalho intertextual (incorporação de textos de outros no tecido do Atualmente, há grande difusão das chamadas "biografias não -
texto que estamos elaborando) manifesta-se nas monografias através de autorizadas" de personagens da política, ou do mundo da Arte. Uma
construções de discurso direto ou de discurso indireto. característica que parece ser comum nestas biografias é a inten-
cionalidade de revelar a personagem através de uma profusa acumulação
Nas primeiras, incorpora-se o enunciado de outro autor, sem modifi- de aspectos negativos, especialmente aqueles que se relacionam a defei-
cações, tal como foi produzido. Ricardo Ortiz declara: "O processo da tos ou a vícios altamente reprovados pela opinião pública.
economia dirigida conduziu a uma centralização na Capital Federal de
toda tramitação referente ao comércio exterior'] Os dois pontos que pre-
nunciam a palavra de outro, as aspas que servem para demarcá-la, os
traços que incluem o nome do autor do texto citado, 'o processo da eco- TEXTOS INSTRUCIONAIS
nomia dirigida - declara Ricardo Ortiz - conduziu a uma centralização...') Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais di-
são alguns dos sinais que distinguem frequentemente o discurso direto. versas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou
Quando se recorre ao discurso indireto, relata-se o que foi dito por ou- animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc.
tro, em vez de transcrever textualmente, com a inclusão de elementos Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas
subordinadores e dependendo do caso - as conseguintes modificações, culinárias até os complexos manuais de instrução para montar o motor de
pronomes pessoais, tempos verbais, advérbios, sinais de pontuação, um avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: além de
sinais auxiliares, etc. receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instru-
ções, etc. Mas todos eles, independente de sua complexidade, comparti-
Discurso direto: ‘Ás raízes de meu pensamento – afirmou Echeverría - lham da função apelativa, à medida que prescrevem ações e empregam a
nutrem-se do liberalismo’ trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa
empreendida.
Discurso indireto: 'Écheverría afirmou que as raízes de seu
pensamento nutriam -se do liberalismo' A construção de muitos destes textos ajusta-se a modelos convencio-
nais cunhados institucionalmente. Por exemplo, em nossa comunidade,
Os textos monográficos recorrem, com frequência, aos verbos dis- estão amplamente difundidos os modelos de regulamentos de co-
cendi (dizer, expressar, declarar, afirmar, opinar, etc.), tanto para introduzir propriedade; então, qualquer pessoa que se encarrega da redação de um
os enunciados das fontes como para incorporar os comentários e opiniões texto deste tipo recorre ao modelo e somente altera os dados de identifi-
do emissor. cação para introduzir, se necessário, algumas modificações parciais nos
Se o propósito da monografia é somente organizar os dados que o direitos e deveres das partes envolvidas.
autor recolheu sobre o tema de acordo com um determinado critério de Em nosso cotidiano, deparamo-nos constantemente com textos ins-
classificação explícito (por exemplo, organizar os dados em tomo do tipo trucionais, que nos ajudam a usar corretamente tanto um processador de
de fonte consultada), sua efetividade dependerá da coerência existente alimentos como um computador; a fazer uma comida saborosa, ou a
entre os dados apresentados e o princípio de classificação adotado. seguir uma dieta para emagrecer. A habilidade alcançada no domínio
Se a monografia pretende justificar uma opinião ou validar uma hipó- destes textos incide diretamente em nossa atividade concreta. Seu em-
tese, sua efetividade, então, dependerá da confiabilidade e veracidade das prego frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de
fontes consultadas, da consistência lógica dos argumentos e da coerência abordagem e de produção de algumas de suas variedades, como as
estabelecida entre os fatos e a conclusão. receitas e as instruções.
Estes textos podem ajustar-se a diferentes esquemas lógicos do tipo
problema /solução, premissas /conclusão, causas / efeitos. As Receitas e as Instruções
Os conectores lógicos oracionais e extra-oracionais são marcas lin- Referimo-nos às receitas culinárias e aos textos que trazem instru-
guísticas relevantes para analisar as distintas relações que se estabele- ções para organizar um jogo, realizar um experimento, construir um artefa-
cem entre os dados e para avaliar sua coerência. to, fabricar um móvel, consertar um objeto, etc.
Estes textos têm duas partes que se distinguem geralmente a partir
A Biografia da especialização: uma, contém listas de elementos a serem utilizados
(lista de ingredientes das receitas, materiais que são manipulados no
É uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s) experimento, ferramentas para consertar algo, diferentes partes de um
pessoa(s). Quando o autor conta sua própria vida, considera-se uma aparelho, etc.), a outra, desenvolve as instruções.
autobiografia.

Língua Portuguesa 40
APOSTILAS OPÇÃO
As listas, que são similares em sua construção às que usamos habi- com as dubitativas, desiderativas, interrogativas, exclamativas, para
tualmente para fazer as compras, apresentam substantivos concretos manifestar a subjetividade do autor. Esta subjetividade determina também
acompanhados de numerais (cardinais, partitivos e múltiplos). o uso de diminutivos e aumentativos, a presença frequente de adjetivos
qualificativos, a ambiguidade lexical e sintática, as repetições, as interjei-
As instruções configuram-se, habitualmente, com orações bimembres, ções.
com verbos no modo imperativo (misture a farinha com o fermento), ou
orações unimembres formadas por construções com o verbo no infinitivo
(misturar a farinha com o açúcar). A Solicitação

Tanto os verbos nos modos imperativo, subjuntivo e indicativo como É dirigida a um receptor que, nessa situação comunicativa estabeleci-
as construções com formas nominais gerúndio, particípio, infinitivo apare- da pela carta, está revestido de autoridade à medida que possui algo ou
cem acompanhados por advérbios palavras ou por locuções adverbiais tem a possibilidade de outorgar algo que é considerado valioso pelo
que expressam o modo como devem ser realizadas determinadas ações emissor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc.
(separe cuidadosamente as claras das gemas, ou separe com muito Esta assimetria entre autor e leitor um que pede e outro que pode ce-
cuidado as claras das gemas). Os propósitos dessas ações aparecem der ou não ao pedido, — obriga o primeiro a optar por um estilo formal,
estruturados visando a um objetivo (mexa lentamente para diluir o conteú- que recorre ao uso de fórmulas de cortesia já estabelecidas con-
do do pacote em água fria), ou com valor temporal final (bata o creme com vencionalmente para a abertura e encerramento (atenciosamente ..com
as claras até que fique numa consistência espessa). Nestes textos inclui- votos de estima e consideração . . . / despeço-me de vós respeitosamente
se, com frequência, o tempo do receptor através do uso do dêixis de lugar . ../ Saúdo-vos com o maior respeito), e às frases feitas com que se inici-
e de tempo: Aqui, deve acrescentar uma gema. Agora, poderá mexer am e encerram-se estes textos (Dirijo-me a vós a fim de solicitar-lhe que ...
novamente. Neste momento, terá que correr rapidamente até o lado O abaixo-assinado, Antônio Gonzalez, D.NJ. 32.107 232, dirigi-se ao
oposto da cancha. Aqui pode intervir outro membro da equipe. Senhor Diretor do Instituto Politécnico a fim de solicitar-lhe...)
As solicitações podem ser redigidas na primeira ou terceira pessoa do
singular. As que são redigidas na primeira pessoa introduzem o emissor
TEXTOS EPISTOLARES através da assinatura, enquanto que as redigidas na terceira pessoa
identificam-no no corpo do texto (O abaixo assinado, Juan Antonio Pérez,
Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por es- dirige-se a...).
crito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeça-
lho. Pode tratar-se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de A progressão temática dá-se através de dois núcleos informativos: o
uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos primeiro determina o que o solicitante pretende; o segundo, as condições
designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora). que reúne para alcançar aquilo que pretende. Estes núcleos, demarcados
por frases feitas de abertura e encerramento, podem aparecer invertidos
Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que, em algumas solicitações, quando o solicitante quer enfatizar suas condi-
de forma metonímica, denomina-se carta, convite ou solicitação, depen- ções; por isso, as situa em um lugar preferencial para dar maior força à
dendo das características contidas no texto. sua apelação.
Apresentam uma estrutura que se reflete claramente em sua organi- Essas solicitações, embora cumpram uma função apelativa, mostram
zação espacial, cujos componentes são os seguintes: cabeçalho, que um amplo predomínio das orações enunciativas complexas, com inclusão
estabelece o lugar e o tempo da produção, os dados do destinatário e a tanto de proposições causais, consecutivas e condicionais, que permitem
forma de tratamento empregada para estabelecer o contato: o corpo, parte desenvolver fundamentações, condicionamentos e efeitos a alcançar,
do texto em que se desenvolve a mensagem, e a despedida, que inclui a como de construções de infinitivo ou de gerúndio: para alcançar essa
saudação e a assinatura, através da qual se introduz o autor no texto. O posição, o solicitante lhe apresenta os seguintes antecedentes... (o infiniti-
grau de familiaridade existente entre emissor e destinatário é o princípio vo salienta os fins a que se persegue), ou alcançando a posição de... (o
que orienta a escolha do estilo: se o texto é dirigido a um familiar ou a um gerúndio enfatiza os antecedentes que legitimam o pedido).
amigo, opta-se por um estilo informal; caso contrário, se o destinatário é A argumentação destas solicitações institucionalizaram-se de tal ma-
desconhecido ou ocupa o nível superior em uma relação assimétrica neira que aparece contida nas instruções de formulários de emprego, de
(empregador em relação ao empregado, diretor em relação ao aluno, etc.), solicitação de bolsas de estudo, etc.
impõe-se o estilo formal. Texto extraído de: ESCOLA, LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS, Ana Maria
Kaufman, Artes Médicas, Porto Alegre, RS.

A Carta
As cartas podem ser construídas com diferentes tramas (narrativa e
argumentativa), em tomo das diferentes funções da linguagem (informati- 10. LITERATURA BRASILEIRA:
va, expressiva e apelativa).
desde as origens até a atualidade.
Referimo-nos aqui, em particular, às cartas familiares e amistosas, is-
to é, aqueles escritos através dos quais o autor conta a um parente ou a
um amigo eventos particulares de sua vida. Estas cartas contêm aconte-
cimentos, sentimentos, emoções, experimentados por um emissor que Condicionada pela tradição cultural e pelo devir histórico, a literatura
percebe o receptor como ‘cúmplice’, ou seja, como um destinatário com- tem, no entanto, uma dimensão que não se define somente pelas circuns-
prometido afetivamente nessa situação de comunicação e, portanto, capaz tâncias em que se produz. Nela, o talento individual do artista e a sensibi-
de extrair a dimensão expressiva da mensagem. lidade para os problemas de seu tempo são determinantes para mostrar,
Uma vez que se trata de um diálogo à distância com um receptor co- discutir ou criticar os principais aspectos de uma cultura.
nhecido, opta-se por um estilo espontâneo e informal, que deixa transpa-
Literatura é o conjunto de todas as manifestações verbais (orais ou
recer marcas da oraljdade: frases inconclusas, nas quais as reticências
escritas), e de intenção estética, seja do espírito humano em geral, seja de
habilitam múltiplas interpretações do receptor na tentativa de concluí-las;
uma dada cultura ou sociedade. Na origem, a literatura de todos os povos
perguntas que procuram suas respostas nos destinatários; perguntas que
foi oral, caráter que manteve mesmo após a invenção e difusão da escrita.
encerram em si suas próprias respostas (perguntas retóricas); pontos de
As primeiras obras literárias conhecidas são registros escritos de compo-
exclamação que expressam a ênfase que o emissor dá a determinadas
sições oriundas de remota tradição oral. Todas as literaturas do Ocidente
expressões que refletem suas alegrias, suas preocupações, suas dúvidas.
têm em comum, fundamentalmente, a herança grega e latina. Preserva-
Estes textos reúnem em si as diferentes classes de orações. As das, transformadas e difundidas pelo cristianismo, as obras da Grécia
enunciativas, que aparecem nos fragmentos informativos, alternam-se
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APOSTILAS OPÇÃO
antiga e de Roma foram transmitidas para as línguas vernáculas da Euro- sentimento cristãos. Numerosas baladas, em países diversos, também
pa e das regiões colonizadas pelos europeus. revelam uma antiga tradição nativa de declamação oral.
Literatura antiga. O fato indiscutível sobre a literatura ocidental antiga Entre os mais conhecidos dos muitos gêneros que surgiram nas litera-
é que a maior parte dela se perdeu. O fogo, as guerras e a destruição pela turas vernáculas medievais estão o romance e a lírica amorosa, que
passagem do tempo subtraíram suas obras à posteridade, e são poucas combinavam elementos das tradições orais populares com as da literatura
as peças que os paleontólogos resgatam de tempos em tempos. refinada. O romance usou fontes clássicas e arturianas numa narrativa
poética que substituiu os épicos heróicos da sociedade feudal, como a
Cada uma das cinco civilizações mais antigas que se conhecem -- Canção de Rolando, lenda sobre o heroísmo dos cavaleiros. No romance,
Babilônia e Assíria, Egito, Grécia, Roma e a cultura dos israelitas na temas complexos como amor, lealdade e integridade pessoal se juntaram
Palestina -- entrou em contato com uma ou mais dentre as outras. Nas na busca da verdade espiritual, amálgama encontrado em todas as litera-
duas mais antigas, a assírio-babilônica, com suas tábulas de argila que- turas ocidentais europeias da época.
bradas, e a egípcia, com seus rolos de papiro, não se encontra relação
direta com a idade moderna. Na Babilônia, porém, se produziu o primeiro A lírica amorosa teve antecedentes heterogêneos. As origens do amor
código completo de leis e dois épicos de mitos arquetípicos -- o Gilgamesh cortês são discutíveis, como o é a influência de uma tradição de poesia
e o Enuma elish que vieram a ecoar e ter desdobramentos em terras bem popular amorosa. Fica claro, porém, que os poetas do sul e norte da
distantes. França, que cantavam a mulher idealizada, foram imitados ou reinterpre-
tados em toda a Europa: na escola siciliana da Itália, nos Minnesingers
O Egito, que detinha a intuição mística de um mundo sobrenatural, (trovadores) da Alemanha, nos versos latinos da Carmina Burana e nos
atiçou a imaginação dos gregos e romanos. Da cultura hebraica, a princi- cancioneiros portugueses, espanhóis e galegos do século XIII ao XVI.
pal herança literária para o Ocidente veio de seus primeiros manuscritos,
como o Antigo Testamento da Bíblia. Essa literatura veio a influenciar Grande parte da literatura medieval, no entanto, é anônima e dificil-
profundamente a consciência ocidental por meio de traduções para as mente datável. Autores como Dante, Chaucer, Petrarca e Boccaccio, que
línguas vernáculas e para o latim. Até então, a ensimesmada espirituali- surgiram no fim do período, foram os mais abalizados comentaristas da
dade do judaísmo mantivera-a afastada dos gregos e romanos. cena medieval, ao mesmo tempo que anunciavam os grandes temas e
formas da literatura renascentista.
Embora influenciada pelos mitos religiosos da Mesopotâmia, da Ana-
tólia e do Egito, a literatura grega não tem antecedentes diretos e aparen- Renascimento. O despertar de um novo espírito de curiosidade inte-
temente se originou em si mesma. Nos gregos, os escritores romanos lectual e artística foi a característica dominante do Renascimento. Esse
buscaram inspiração para seus temas, tratamento e escolha de verso e fenômeno político, religioso e filosófico postulou o ressurgimento do espíri-
métrica, valores que transmitiu para os primeiros tempos da Idade Média, to da Grécia antiga e de Roma. Na literatura, isso significou um interesse
quando a cultura da Grécia já fora absorvida pela tradição latina, para só renovado e a releitura dos grandes escritores clássicos. Acadêmicos
no Renascimento ser redescoberta. buscaram e traduziram textos antigos "perdidos", cuja disseminação foi
possível graças aos progressos da imprensa na Europa, a partir de 1450.
Todos os gêneros importantes de literatura -- épica, lírica, tragédia,
comédia, sátira, história, biografia e prosa narrativa -- foram criados pelos A arte e a literatura atingiram no Renascimento uma estatura nunca
gregos e romanos, e as evoluções posteriores são, na maioria, extensões vista em períodos anteriores. A época foi marcada por três situações
secundárias. O épico grego de Homero foi o modelo do épico latino de históricas principais: primeiramente, o novo interesse pelo saber, repre-
Virgílio; os fragmentos líricos de Alceu e Safo encontraram continuidade sentado pelos acadêmicos clássicos conhecidos como humanistas, que
na obra de Catulo e Ovídio; e à história de Tucídides seguiu-se a de Tito forneceram modelos clássicos de grande interesse para os novos escrito-
Lívio e a de Tácito. res; segundo, a nova forma do cristianismo, iniciada pela Reforma protes-
tante liderada por Lutero, que chamou a atenção dos homens para o
O ideal humano que transparece nas literaturas grega e latina, forma- indivíduo e sua vida interior, a ponto de gerar nos países católicos a
do após a civilização ter emergido dos séculos iniciais de barbárie, ainda réplica da Contra-Reforma; em terceiro lugar, as grandes navegações, que
seria transformado, antes do fim do mundo antigo, no ideal do espiritua- culminaram com a descoberta da América em 1492 por Colombo, com
lismo judaico-cristão, cujos escritores prenunciaram a literatura medieval. repercussão nos países que fundaram impérios ultramarinos, assim como
Literatura medieval. O surgimento do cristianismo nos territórios que na imaginação e consciência da maior parte dos escritores da época.
haviam formado o Império Romano incutiu na Europa a atitude geral para A esses devem adicionar-se muitos outros fatores, como o progresso
com a vida, a literatura e a religião dos primeiros doutores da igreja. No da ciência e da astronomia, e a situação política da Itália no fim do século
Ocidente, a fusão das filosofias cristã e clássica formou a base do hábito XV. A nova liberdade e o espírito inquiridor nas cidades-estados italianas
medieval de interpretar simbolicamente a vida. Por intermédio de santo favoreceram o aparecimento dos grandes precursores do Renascimento:
Agostinho, os pensamentos platônico e cristão reconciliaram-se. A organi- Dante, Petrarca e Boccaccio. Na França, o Renascimento manifestou-se
zação permanente e uniforme do universo grego recebeu forma cristã e a na poesia dos componentes do grupo conhecido como Pléiade e nos
natureza tornou-se um sacramento, revelação simbólica da verdade ensaios de Michel de Montaigne, enquanto em Portugal o grande poeta
espiritual. épico Camões marcava a fundo o século XVI e, na Espanha de meio
A igreja não apenas estabeleceu o objetivo da literatura, como cuidou século depois, revelava-se Cervantes.
de preservá-la. Ao longo dos tempos, os mosteiros criados nos séculos VI No século XVI, o acadêmico holandês Erasmo sintetizou a evolução
e VII conseguiram preservar a literatura clássica do Ocidente, enquanto a do humanismo, que incorporava o espírito da curiosidade crítica, o inte-
Europa era varrida por godos, vândalos, francos e, mais tarde, escandina- resse pelo saber clássico, a intolerância para com a superstição e um
vos. Os autores clássicos romanos assim preservados e as obras que profundo respeito pelo homem como a mais complexa das criações de
continuavam a ser escritas em latim predominaram sobre as obras verná- Deus. Um aspecto da influência da Reforma protestante na literatura foi a
culas durante quase toda a Idade Média. A Cidade de Deus, de santo grande quantidade, nesse período, de traduções da Bíblia em línguas
Agostinho; a História eclesiástica, do venerável Beda; e a crônica dina- vernáculas, o que estabeleceu novos modelos para a prosa. O ímpeto
marquesa de Saxo Grammaticus, por exemplo, foram todas escritas em renascentista manteve-se vigoroso até o século XVII, quando John Milton
latim, como a maioria das principais obras sobre filosofia, teologia, história sintetizou o espírito do humanismo cristão.
e ciência.
Século XVII. Na política e na sociedade, tanto quanto na literatura, o
A literatura europeia pré-cristã tinha uma tradição oral que foi resga- século XVII foi um período de grandes turbulências. O Renascimento
tada na Edda poética e nas sagas, ou épicos heróicos, da Islândia, no preparara o ambiente receptivo essencial para a disseminação das ideias
Beowulf anglo-saxônico e na Hildebrandslied (Canção de Hildebrando) da nova ciência e da filosofia. Uma retrospectiva autêntica dessa fase
alemã. Todas essas obras pertenciam a uma tradição comum alemã, mas também precisa levar em conta o efeito das convulsões sociais e políticas
foram registradas por escribas cristãos muito depois do evento histórico ocorridas do início aos meados do século. Na Inglaterra, houve a guerra
que relatam. Seus elementos pagãos se fundiram com o pensamento e
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APOSTILAS OPÇÃO
civil (1642-1651) e a restauração da monarquia (1660); na França, as a revolução francesa e a revolução industrial foram dois dos principais
insurreições da Fronde (1648-1653), nas quais estava envolvido La Fon- fatores políticos e sociais a influenciar os poetas românticos da Inglaterra
taine; na Alemanha, os conflitos religiosos e políticos da guerra dos trinta do início do século XIX, muitos traços do romantismo na literatura surgi-
anos (1618-1648); e, nos Países Baixos, a luta pela independência da ram a partir de fontes literárias e filosóficas.
Espanha (1568-1648).
Os antecedentes filosóficos foram fornecidos no século XVIII princi-
As lutas civis, políticas e religiosas que dominaram a primeira metade palmente por Jean-Jacques Rousseau, cuja ênfase no indivíduo e no
do século eram também uma resposta à Contra-Reforma. Referências ao poder da inspiração influenciou Wordsworth e também escritores românti-
conflito religioso se infiltraram nas formas e temas da literatura. Uma cos da primeira fase: Hölderlin e Ludwig Tieck, na Alemanha; e o francês
reação a isso -- particularmente na Itália, na Alemanha e na Espanha, mas Jacques-Henri Bernardin de Saint-Pierre, cujo Paul et Virginie (1787)
também na França e na Inglaterra -- foi o desenvolvimento de um estilo antecipou alguns dos excessos sentimentais do romantismo do século
em arte e literatura conhecido como barroco, mais peculiar à obra de XIX. Os românticos acreditavam que a verdade das coisas poderia ser
Giambattista Marino, na Itália, Luis de Góngora na Espanha e Martin Opitz explicada somente por meio do exame de suas próprias emoções no
von Bobenfeld na Alemanha. Na Inglaterra, a poesia metafísica era a contexto da natureza e das condições primitivas. Por causa da ênfase na
principal tendência do verso inglês da primeira metade do século. Essa inspiração, o poeta assumiu o papel central -- como profeta e visionário.
denominação, primeiramente aplicada por Dryden à obra de John Donne, Ao mesmo tempo, rejeitava-se a imitação dos clássicos. Duas posições
é hoje utilizada para designar um grupo de poetas diferençados por seus típicas do poeta romântico eram a mística visionária de Keats e o super-
estilos individuais, altamente intelectualizados, que tinham afinidades com homem de Lord Byron.
a literatura barroca, especialmente no caso de Richard Crashaw.
A corrente romântica atravessou toda a Europa e chegou à Rússia.
Possivelmente, o traço mais vivo do século XVII tenha sido o conflito Em poesia, o estilo se manifesta em Musset, Lamartine e Victor Hugo, na
entre a tendência a continuar imitando os clássicos do Renascimento e a França; José de Espronceda y Delgado, na Espanha; Niccoló Ugo Foscolo
aspiração à novidade trazida pelos cientistas e pensadores, bem como e Giacomo Leopardi, na Itália, onde se identificou com os sentimentos
pelas novas experiências com novas formas literárias. Em todos os paí- nacionalistas; Aleksandr Puchkin, na Rússia; e Adam Mickiewicz, na
ses, delineou-se o conflito entre antigos e modernos, estes a exigir um Polônia. O sentimento nacionalista também se acha na obra do português
estilo de prosa mais adequado aos novos tempos de ciência e exploração. Almeida Garrett e, nos Estados Unidos, nas histórias de James Fenimore
Os modernos, na França, eram seguidores de Descartes. Na Inglaterra, Cooper, na poesia de Walt Whitman e na obra de Henry Wadsworth
encontrava-se uma tendência similar no trabalho da Royal Society, que Longfellow.
incentivava o uso de uma linguagem mais simples, uma maneira de falar
mais transparente e natural, adequada ao discurso racional, comparável O ímpeto da poesia romântica começou a esgotar-se aproximada-
às grandes realizações da prosa de Milton e Dryden. mente após 1830 e abriu caminho para estilos mais objetivos, porém
muitos de seus temas e artifícios, tais como o do artista incompreendido
Século XVIII. Sobre o século XVIII pesaram, quase nas mesmas pro- ou do amante infeliz, continuaram a ser empregados.
porções, dois impulsos básicos: razão e paixão. O respeito à razão se
revelava na busca da ordem, da simetria, do decoro e do conhecimento Pós-romantismo. O primeiro poeta pós-romântico foi possivelmente
científico; o cultivo dos sentimentos estimulou a filantropia, a exaltação um alemão, Heinrich Heine, mas a poesia alemã de meados do século XIX
das relações pessoais, o fervor religioso e o culto da sensibilidade. Na em sua maior parte seguiu Wordsworth, embora novas tendências fossem
literatura, o impulso racional favoreceu a sátira, o debate, a inteligência e a encontradas em Karl August von Platen-Hallermunde e no austríaco
prosa simples; a paixão inspirou o romance psicológico e a poesia do Nikolaus Lenau. A principal corrente pós-romântica apareceria na França,
sublime. onde ganhou força um movimento conhecido como parnasianismo.

O culto da inteligência, da sátira e do debate fez-se evidente, na Ingla- Originado com Théophile Gautier, o parnasianismo, mais que uma re-
terra, nas obras de Alexander Pope, Jonathan Swift e Samuel Johnson, ação ao romantismo, foi de certa maneira um seu desdobramento. Ao
em conformidade com a tradição de Dryden, do século XVII. O romance concentrar-se nos elementos puramente formais da poesia, na estética e
tornou-se uma forma de arte maior na literatura inglesa, em parte pelo na "arte pela arte", mudou a direção da poesia francesa e teve muita
realismo racionalista das obras de Henry Fielding, Daniel Defoe e Tobias influência em outros países. Um de seus mais ilustres representantes,
Smollett e, em parte, pela perquirição psicológica dos romances de Samu- Charles Baudelaire, capaz de acreditar que "tudo que não fosse arte era
el Richardson e do Tristram Shandy, de Laurence Sterne. Na França, as feio e inútil", processou ao mesmo tempo uma ruptura profunda com o
obras mais representativas do período são os textos filosóficos e políticos movimento e anunciou os caminhos da poesia moderna.
do Iluminismo, sobretudo os de Voltaire e de Rousseau, de profunda Outro precursor dos modernos foi o americano Edgar Allan Poe, tra-
influência em toda a Europa e prenúncios teóricos da revolução que se duzido para o francês pelo próprio Baudelaire. Difundiram-se, pouco
avizinhava. depois, os movimentos impressionista e simbolista, tomados de emprésti-
Na Alemanha, que por algum tempo seguiu os modelos francês e in- mo à pintura, à escultura e à música. Paul Verlaine, o primeiro dos im-
glês, a grande época da literatura veio no fim do século, quando o cultivo pressionistas, usava a sugestão e ritmos fugazes para conseguir seus
dos sentimentos e da grandeza emocional encontrou sua mais poderosa efeitos. O simbolismo -- uso seletivo das palavras e imagens para evocar
expressão no movimento conhecido como Sturm und Drang (Tempestade atmosferas e significados sutis -- aparece ainda nas obras de Mallarmé e
e Tensão). Dois grandes nomes da literatura alemã e universal, Goethe e Rimbaud.
Schiller, autores de teatro e poesia, avançaram muito além da turbulência A democratização da educação aumentou a procura do romance. No
do Sturm und Drang. começo do século XIX, Jane Austen já satirizara os excessos do romance
Século XIX. Um dos períodos mais interessantes e vitais de toda a gótico, precursor do romantismo medievalizante do fim do século XVIII. Na
história das literaturas foi o século XIX, de especial interesse por ser a França, o conflito entre inteligência e emoção apareceu nas obras de
época de formação de muitas tendências literárias modernas. Nesse Benjamin Constant (Adolphe, 1816), mais notavelmente em Le Rouge et le
período, nasceram ou começaram a se formar o romantismo, o simbolis- noir (1830; O vermelho e o negro) de Stendhal e, posteriormente, em
mo e o realismo, assim como algumas das vertentes do modernismo do Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. O realismo da obra de
século XX. Flaubert e de Honoré de Balzac foi levado adiante por Guy de Maupassant
na França, Giovanni Verga na Itália e Eça de Queirós em Portugal. Culmi-
Romantismo. O movimento literário dominante no início do século XIX nou no naturalismo de Émile Zola, que classificou sua prosa, em roman-
foi o romantismo que, na literatura, teve origem na fase do Sturm und ces como Thérèse Raquin (1867), de "autópsia literária".
Drang na Alemanha. Essa afirmativa é uma importante correção da noção
habitual que se tem da literatura romântica como se tivesse começado Realismo e nacionalismo, contudo, parecem menos relevantes na vi-
com a poesia inglesa de Wordsworth e Coleridge, e a publicação, em são de outros grandes escritores que se seguiram, como George Eliot,
1798, das Lyrical Ballads de ambos. Além disso, embora seja verdade que Charles Dickens e Thomas Hardy na Inglaterra e especialmente os russos

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APOSTILAS OPÇÃO
Nikolai Gogol, Lev Tolstoi, Anton Tchekhov e Fiodor Dostoievski. Em tais Dadas as condições extraordinárias em que trabalha o escritor mo-
escritores, observa-se uma aguda opção pela literatura de inquirição derno, não é surpreendente que seja difícil julgar a qualidade de sua
psicológica e social, estimulada pelas forças do liberalismo, do humanismo produção, nem que a experimentação radical tenha seduzido grande
e do socialismo de muitos países ocidentais. número de autores. As formas tradicionais da escrita perdem suas carac-
terísticas essenciais e se dissolvem umas nas outras, como os romances
Século XX. Quando o século XX começou, as condições sociais e cul- cuja linguagem adquire características de poesia, ou os que são transfor-
turais que predominavam na Europa e na América não eram muito diferen- mados numa espécie de reportagem, enquanto a experimentação gráfico-
tes daquelas de meados e fim do século XIX. Pouco depois, porém, Jo- visual deu aos poemas a aparência de pinturas verbais.
seph Conrad, Henry James e D. H. Lawrence anunciavam em sua obra
literária a transição de um mundo relativamente estável para uma época A experimentação formal, no entanto, é apenas um aspecto da ques-
turbulenta, que começou com a primeira guerra mundial, em que se dava tão literária contemporânea, e afirmar que a literatura moderna desde a
o despertar de uma nova consciência moral na literatura e nas artes. segunda guerra mundial foi essencialmente experimental seria ignorar
outras tendências que se manifestaram no início do século e que ainda
É o que se encontra sobretudo na ficção de A la recherche du temps continuam a ser discutidas. Na opinião da maior parte dos bons críticos,
perdu (Em busca do tempo perdido), de Marcel Proust -- cujo primeiro apesar da escassez de grandes nomes e da natureza possivelmente
volume, Du côté de chez Swann (No caminho de Swann), é de 1913; em transitória de muito do que se escreve nesta época de temas e estilos tão
Les Caves du Vatican (1914; Os subterrâneos do Vaticano), de André variados, é muito provável que uma boa literatura esteja sendo produzida.
Gide; no Ulysses (1922), de James Joyce; em Der Prozess (O processo, ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
publicado postumamente em 1925), de Franz Kafka; e em Der Zauberberg
(1924; A montanha mágica), de Thomas Mann.
Literatura Brasileira
Várias influências que marcaram grande parte da literatura posterior a
1920 já estavam em evolução na obra desses escritores. Seu trabalho, Ao analisarem a origem da literatura brasileira, a crítica e história lite-
como o de alguns outros da mesma época, mostrava interesse pelo in- rária têm adotado duas orientações básicas. Uma, de pressupostos histo-
consciente e o irracional. Duas importantes fontes dessa literatura foram ricistas, tende a vê-la como uma expressão da cultura que foi gerada no
Friedrich Nietzsche, filósofo alemão a quem tanto Gide quanto Mann, por seio da tradição portuguesa. Sendo muito pequena, nos primórdios, as
exemplo, muito deviam, e Freud, cujos estudos psicanalíticos, por volta da diferenças entre a literatura lusitana e a praticada no Brasil, essa corrente
década de 1920, exerceram poderosa influência sobre os intelectuais do salienta o processo da formação literária brasileira a partir de uma multipli-
Ocidente. cidade de coincidências formais e temáticas.
O abandono das tendências e estilos do século XIX não se limitou aos O ponto de vista historicista encontra apoio no fato de ser a literatura
escritores de ficção. O primeiro Manifeste du surréalisme (1924), de André considerada, por seu aspecto orgânico, como um conjunto de obras
Breton, foi a afirmação inicial de um movimento que pedia espontaneidade ligadas em sistema enquanto expressão do complexo histórico, social,
e ruptura total com a tradição. No surrealismo, a influência de Freud geográfico e racial.
transparecia pela importância atribuída aos sonhos, na escrita automática
e em outros métodos não lógicos e, embora tenha durado pouco como A outra corrente crítica, cujos critérios se inclinam à aferição predomi-
movimento formal, teve efeito duradouro na arte e na poesia do século XX. nantemente estética, assinala as divergências que se acumularam na
psique do homem americano, desde o início, e influíram na composição
As incertezas da nova época e a diversidade de tentativas de lidar das obras. Aqui, considerando-se que a situação do colono tinha de
com ela ou lhe conferir coerência artística também pode ser observada em engendrar uma nova concepção da vida e das relações humanas, com
Duineser Elegien (1922; Elegias de Duíno) e Sonette an Orpheus (1923; uma correspondente visão dessa realidade, pretende-se valorizar o esfor-
Sonetos a Orfeu), de Rainer Maria Rilke; em Waste Land (1922; A terra ço pelo desenvolvimento das formas literárias no Brasil, em busca de uma
inútil) de T. S. Eliot; e na obra de Fernando Pessoa. expressão própria e, tanto quanto possível, original.
O período internacionalista e experimental da literatura do Ocidente Estabelecer a autonomia literária é descobrir, portanto, os momentos
nas décadas de 1910 e 1920 foi importante não apenas pelas grandes em que as formas e artifícios da escrita serviram para fixar a nova visão
obras então produzidas, mas também porque estabeleceu um padrão para estética dessa realidade nova. De tal modo, ao invés de conter-se em
o futuro. Nas maiores obras da fase, revelou-se bem o senso progressivo períodos cronológicos, a literatura deverá ser dividida de acordo com os
de crise e de urgência, além das dúvidas com relação à estabilidade estilos correspondentes às suas diversas fases: barroco, arcadismo,
psicológica da personalidade individual e do questionamento profundo de neoclassicismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbo-
todas as soluções filosóficas e religiosas para os problemas humanos. lismo, modernismo e concretismo.
Na década de 1930, essas características do pensamento próprias do Dos primórdios ao fim do século XVIII
século XX persistiram e se expandiram para o domínio da política, na
medida que os escritores se dividiam entre os que apoiavam o engaja- Primeiros textos. Os primeiros documentos escritos produzidos no
mento político em seus textos e aqueles que reagiam conservadoramente Brasil não pertencem à literatura, mas à história e à sociologia. São obras
contra a dominação da arte pela política. Nem a segunda guerra mundial "sobre" o país, de conhecimento e valorização da terra, escritas para os
solucionou esse impasse. Questões semelhantes a essa ainda permane- europeus. Algumas se enquadram no "ciclo dos descobrimentos" da
ciam em discussão no final do século. literatura portuguesa, dedicando-se ao relato da expansão pelos mares e
suas consequências morais e políticas, ora com fins de catequese, ora
Literatura após 1945. Seria tentador explicar a aparente escassez de com um fundo econômico (caça ao escravo, conquista e desbravamento
grandes escritores no período imediatamente posterior à segunda guerra de novas terras, mercados e fontes de riqueza).
mundial como resultado inevitável da pressão acumulada pelo impacto
dos progressos sociais e tecnológicos que se aceleraram em virtude do Desses motivos saíram as "primeiras letras" escritas na colônia acer-
conflito. Sob tais circunstâncias instáveis e incertas, não pareceria total- ca de fatos, coisas e homens: a obra dos jesuítas, com uma parte tipica-
mente estranho que os atos de escrever e ler, tal como são tradicional- mente literária, lírica ou dramática, outra composta pelo acervo de cartas e
mente entendidos, sofressem interrupção. informes em torno das condições da colônia; a literatura dos viajantes e
descobridores, os roteiros náuticos, os relatos de naufrágios, as observa-
De fato, em certos países de alto desenvolvimento tecnológico, como ções geográficas, as descrições da natureza e do selvagem; e as tentati-
os Estados Unidos, a palavra impressa, em si, pareceu a alguns críticos vas de epopeias com assunto local __ tudo marcado por uma tendência à
ter perdido sua posição central, deslocada na mente popular para uma exaltação lírica da terra ou da paisagem, espécie de crença num eldorado
cultura eletrônica e visual que não exige a participação intelectual da ou paraíso terrestre.
audiência. Assim, os meios de comunicação criaram uma cultura popular
internacional em vários países ocidentais, mas em nada contribuíram para Pero Vaz de Caminha, Bento Teixeira, Gândavo, Gabriel Soares de
responder às questões sobre a importância contemporânea da literatura. Sousa, Fernandes Brandão, Rocha Pita, Vicente do Salvador, Botelho de

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APOSTILAS OPÇÃO
Oliveira, Itaparica, Nuno Marques Pereira são manifestações da série de riquezas aumentaram, a população cresceu, a vida das cidades melhorou,
cânticos genetlíacos, da "cultura e opulência" ou "diálogo das grandezas", a cultura se difundiu. O espírito nacionalista desabrochou por toda parte.
ou roteiros de viagens, que constituem essa literatura de catalogação,
exaltação e conhecimento da terra, expressões do espírito nativista em Combate ao barroquismo. As academias, embora exprimindo uma li-
ascensão. teratura encomiástica e um barroco decadente, testemunharam um arre-
medo de movimento cultural organizado, com letrados e salões. O espírito
Não tendo um cunho de invenção, essas obras, em sua maioria, não neoclássico, que se infiltrou nas mentes luso-brasileiras de então, procu-
pertencem à literatura no sentido estrito. Correspondem à ânsia do brasi- rou combater o barroquismo em nome dos ideais de precisão, lógica e
leiro do século XVII de conhecer e revelar a terra brasílica. Mas delas medida, com a restauração das normas clássicas, codificadas em tratados
proveio o conhecimento dos fatores geográficos, econômicos e sociais de preceptística, verdadeiros códigos mecanizados e rígidos, baseados na
sobre os quais se erigiu a civilização brasileira. E delas derivou a produ- lei da imitação ou no espírito didático, a governar a criação.
ção de um vasto campo de trabalho, o dos estudos brasileiros, que iria
adquirir com o tempo extraordinária importância. Esse ideal neoclassicista dominou o final do século XVIII e princípios
do século XIX, aparecendo em alguns escritores tingido de cores "ilustra-
Os textos dos primeiros tempos, contudo, não se livraram da impreg- das" e de liberalismo ideológico, ou então de elementos pré-românticos,
nação do estilo artístico em vigor, o barroquismo, nem de expressar o mito como o sentimentalismo e o nacionalismo.
ufanista. Justifica-se por isso o estudo dos principais autores que tiveram, De todas as manifestações neoclássicas, foi a corrente arcádica de
nessa fase, sentido estético, alguns dos quais são bastante representati- procedência italiana a que maior importância assumiu no Brasil, com o
vos do barroco literário, a que não escaparam nem mesmo os historiado- chamado grupo, plêiade ou "escola mineira" (denominação aliás imprópria,
res e pensadores, como Vicente do Salvador e Rocha Pita, ou os escrito- pela inexistência de escola no sentido literário estrito): Cláudio Manuel da
res políticos, os oradores, os autores de panegíricos ou de trabalhos Costa, Basílio da Gama, Santa Rita Durão, Alvarenga Peixoto, Tomás
jurídicos ou militares. Os gêneros literários mais cultivados foram o diálo- Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga. Seu início é assinalado pela publica-
go, a poesia lírica e a epopeia, ao lado da historiografia e da meditação ção das Obras poéticas (1768) de Cláudio Manuel da Costa.
pedagógica. De todos o barroco tirou o melhor partido, misturando o
mitológico ao descritivo, o alegórico ao realista, o narrativo ao psicológico, Parece fora de dúvida que não houve uma Arcádia brasileira e que os
o guerreiro ao pastoral, o solene ao burlesco, o patético ao satírico, o brasileiros foram "árcades sem Arcádia", como disse Alberto Faria, pois
idílico ao dramático, sem falar no mestiçamento da linguagem, necessário nenhum documento idôneo comprova a existência da Árcadia Ultramarina,
à própria evangelização e resultante da nova sensibilidade linguística de de que falam alguns historiadores. De todos os árcades, o único que
que decorrerá a diferenciação de um estilo brasileiro. pertenceu a uma corporação dessa natureza foi Basílio da Gama, filiado à
Arcádia Romana.
Sob o signo do barroco. A literatura brasileira nasceu sob o signo do
barroco, definido não só como um estilo de arte senão também como um A reação clássica relativa ao arcadismo significava uma volta à sim-
complexo cultural e um estilo de vida. Mais precisamente, foi pela voz plicidade e pureza dos antigos, segundo os modelos anacreôntico e
barroca dos jesuítas que ela teve início. Descontada a literatura de conhe- pindárico. Realizava-se sobretudo através do verso solto, em odes e
cimento da terra, a primeira manifestação de sentido estético foi a literatu- elegias, numa identificação com a natureza, onde residiriam o bem e o
ra jesuítica, de missão e catequese, produzida sobretudo por Anchieta, o belo. Daí a valorização da vida pastoril, simples, pura e pacífica.
fundador da literatura brasileira. Na obra de padre Antônio Vieira e em O século XVIII, com as descobertas e exploração das minas, transfe-
Gregório de Matos encontram-se as expressões máximas, respectivamen- riu o eixo econômico, no Brasil, para a província de Minas Gerais, onde se
te, da prosa e da poesia barroca no Brasil. A importância da vida social, já desenvolveu uma sociedade dada ao fausto e à cultura, principalmente na
existente na cidade de Salvador, com os primeiros sintomas de organiza- capital da província, a antiga Vila Rica. Aí a fermentação econômica e
ção literária que irá dar no movimento das academias, levou alguns histo- cultural permitiu que se reunisse um grupo de intelectuais e artistas, entre
riadores a falar em "escola baiana", denominação imprópria para arrolar os quais se destacaram os referidos acima. Constituem eles o início do
os homens que se dedicavam à cultura no século XVII e tinham a poesia lirismo brasileiro, pela transformação do veio nativista e da exaltação da
como atividade central. natureza, pela adaptação da temática clássica ao ambiente e ao homem,
Formaram o grupo: Bernardo Vieira Ravasco, Eusébio de Matos, Do- com sentimentos e emoções peculiares. Ocorreu em suma, nesse proces-
mingos Barbosa, Gonçalo Soares da França, Gregório de Matos, Manuel so, a fusão do individualismo com o sentimento da natureza e o ideal
Botelho de Oliveira, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco e João de clássico.
Brito e Lima. Com raras exceções, em especial a de Gregório, cultivaram Até o desabrochar do romantismo, foi justamente graças ao espírito
um barroco inferior, de imitação, que se prolongou pelas academias arcádico que se manteve o ideal nativista, contrabalançando a tendência
setecentistas. A literatura barroca estendeu-se, no Brasil, do final do passadista do neoclassicismo, cuja marca exterior mais forte foi o gosto da
século XVI ao final do século XVIII, quando se misturou com o arcadismo linguagem arcaizante, quinhentista, dita "clássica". E isso se deve também
e o neoclassicismo. ao fato de, pela primeira vez, se reunir um grupo de artistas conscientes
O espírito nacionalista. O espírito do barroco, dominante no século de seu ofício e superiormente dotados de valor. O arcadismo confunde-se
XVII, deteve a marcha da corrente inaugurada com o Renascimento na com o que hoje se chama o rococó literário: culto sensual da beleza,
Itália e que, na literatura, atingiu seu ponto culminante na França das afetação, refinamento, frivolidade, elegância, linguagem melodiosa e
últimas décadas do século XVII, com o chamado classicismo francês da graciosa, sentimentalismo, lascívia, gosto da natureza, intimismo. Passa-
época de Luís XIV. Mas essa tendência classicista penetrou pelo século se com ele da época cortês para o subjetivismo da era da classe média.
XVIII, criando focos de neoclassicismo nas literaturas ocidentais. Gonzaga, o vate de Marília, é o modelo brasileiro da literatura arcádica e
rococó.
Ao gosto barroco do grandioso e da ostentação sucedeu a procura
das qualidades clássicas da medida, conveniência, disciplina, simplicidade Uma literatura autônoma
e delicadeza, que desaguaram no arcadismo. No final do século também Romantismo. O espírito autonômico e nativista desde cedo conduziu a
entraram em cena correntes que reivindicavam o sentimento, a sensibili- literatura brasileira para uma diferenciação cada vez maior, num processo
dade, o irracionalismo, ao lado de pontos de vista racionalistas e "ilustra- de adaptação ao meio físico, à nova situação histórica, ao homem novo
dos" que produziriam o iluminismo da revolução francesa de 1789. que havia surgido e se achava em desenvolvimento. De Bento Teixeira a
O Brasil, no século XVIII, atingiu um momento decisivo de sua histó- Gregório de Matos, a Botelho de Oliveira, ao movimento academicista do
ria. Foi a época de criação da consciência histórica no brasileiro. A desco- século XVIII, ao rococó arcádico, o processo nativista foi-se estruturando
berta e posse da terra, as façanhas dos bandeirantes e a defesa contra os para se consolidar, no século XIX, com o romantismo.
invasores deram margem a uma consciência comum, a um sentimento da Foi então que a literatura brasileira, tendo lançado suas bases no sé-
figura do "brasileiro", mestiço de sangue e alma, já falando uma língua culo XVI, tornou-se realmente autônoma. Daí a importância extraordinária
bastante diversa daquela da metrópole. Os recursos econômicos e as do movimento romântico no Brasil, pois entre 1800 e 1850 a literatura
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APOSTILAS OPÇÃO
brasileira saiu da fase incaracterística do neoclassicismo, do barroco e do realista, positiva e científica combateu o romantismo já exangue. A ficção,
Iluminismo para a integração artística, com formas novas e temas nacio- superando os métodos anteriores, encaminhou-se para assumir as formas
nais, além de consciência técnica e crítica dessa situação. ditadas pela observação do mundo externo, fosse à maneira urbana,
regionalista ou naturalista. Por volta de 1880 surgiram os primeiros reben-
Herdado em grande parte da Europa, através da influência de autores tos importantes do novo complexo estilístico que se desenvolveu contra o
como Chateaubriand, Victor Hugo, Lamartine, Musset e Byron, e também subjetivismo anterior para concretizar-se, na prosa e na poesia, sob as
graças à transferência para Paris do foco de irradiação situado antes em rubricas de realismo, naturalismo e parnasianismo.
Lisboa, o romantismo assumiu no Brasil um feitio peculiar, devido às
condições locais. Na prosa, José de Alencar lhe serviu de centro. Estimu- O materialismo e o cientificismo biológico e sociológico serviram de
lou a renovação, pondo em relevo os interesses brasileiros, os temas e base ao sistema de ideias condicionantes, expressas no darwinismo,
motivos locais, a linguagem do país, a paisagem física e social, distanciou- doutrina da evolução, culto do progresso, teoria da seleção natural, espíri-
se dos gêneros neoclássicos e criou uma ficção autônoma, no mesmo to de observação, crença em leis mecânicas, determinismo biológico,
instante em que o lirismo se fixava com Gonçalves Dias e os poetas geográfico e racial, negação dos valores espirituais e sobrenaturais. Essa
surgidos nos rumos por ele desbravados, de Álvares de Azevedo a Castro foi a concepção de mundo que orientou a chamada geração do materia-
Alves. As condições políticas e sociais, decorrentes da permanência da lismo, que entrou em cena a partir de 1870 para realizar o novo período
corte portuguesa no Brasil (1808-1821) e, logo a seguir, da independência estético e histórico.
(1822), favoreceram a fermentação intelectual, com a inauguração de Tanto a prosa realista e naturalista quanto a poesia parnasiana obe-
estudos superiores e a instalação da imprensa. deceram às mesmas regras de objetividade, exatidão, minúcia, fidelidade
Anunciado pelo pré-romantismo (1808-1836), o romantismo no Brasil ao fato, economia de linguagem e amor à forma. O realismo prestou
divide-se em quatro fases distintas: a de iniciação (1836-1840); a indianis- grande serviço à ficção brasileira. Procurando ser o retrato fiel da realida-
ta (1840-1850); a do individualismo e subjetivismo (1850-1860); e a liberal de, no ambiente e nos personagens, e mais independente da ideologia
e social (1860-1870). O apogeu se situa entre 1846 e 1856. Essas fases materialista do que o naturalismo, já havia começado de fato antes de
correspondem às chamadas gerações românticas, cada qual caracteriza- 1870, por intermédio do costumbrismo de Manuel Antônio de Almeida e
da menos por uma doutrina homogênea do que por um corpo de tendên- Martins Pena, do realismo de transição do visconde de Taunay e Franklin
cias visíveis nas personalidades que as representam. Távora ou do coloquialismo e da pintura da vida cotidiana de Joaquim
Manuel de Macedo. A partir de 1880, o realismo passou a produzir algu-
O pré-romantismo, no qual estão englobados os antecessores ou pre- mas das mais altas expressões da ficção brasileira, com Machado de
cursores, fundiu algumas qualidades tipicamente românticas a recursos Assis e Raul Pompéia, prolongando-se enquanto tradição nas obras de
formais do passado. O jornalismo político e literário, a oratória sacra e caráter regionalista do final do século XIX e do século XX.
profana, a poesia lírica e a história foram gêneros cultivados pelos pré- O naturalismo, como escola, existiu somente na própria década de
românticos, dentre os quais se destacaram José Bonifácio de Andrada e 1880. Iniciou-se com O mulato (1881), de Aluísio Azevedo, a que se
Silva e frei Francisco de Mont'Alverne. seguiram outros livros do autor, de Adolfo Caminha, Inglês de Sousa e
A fase de iniciação se deve ao grupo fluminense, que lançou o mani- Domingos Olímpio, sob forma regional ou urbano-social.
festo romântico de 1836, com a revista Niterói. No mesmo ano saiu o livro O parnasianismo, caracterizado pela ânsia de uma forma perfeita,
Suspiros poéticos e saudades, de Domingos José Gonçalves de Maga- classicizante, impassível, pela tendência às descrições nítidas, pelas
lhães, a principal figura dessa fase, ao lado de Manuel de Araújo Porto concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima, pela manutenção
Alegre, ambos cultores da poesia lírica. O indianismo da segunda fase, na de gêneros fixos como o soneto e a preferência pelo verso alexandrino,
busca da temática nacional, elevou o selvagem a símbolo da civilização surgiu no Brasil pela mesma época, contido no mesmo clima filosófico-
nova. Praticando a poesia lírica e narrativa, o teatro e a ficção, Gonçalves científico, realista e materialista.
Dias, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e Bernardo Guimarães
são autores bem representativos da tendência. O nome da escola veio de Paris e se referia a antologias francesas
publicadas a partir de 1866, sob o título de Parnasse contemporain, que
É sobretudo pela poesia que se caracteriza a terceira fase, em que o incluíam poemas de Gautier, Banville e Lecomte de Lisle. Depois de
lirismo individualista do "mal do século", influenciado por europeus como Teófilo Dias, cujas Fanfarras (1882) são vistas como o primeiro livro do
Musset, Byron, Leopardi, Espronceda e Lamartine, manifesta-se nas obras parnasianismo brasileiro, a escola teve mestres seguros em Olavo Bilac,
de Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Casimiro de Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Francisca Júlia. Renovada pelo
Abreu. A quarta fase, a do romantismo liberal, de cunho político e naciona- lirismo de Vicente de Carvalho, perdurou até as duas primeiras décadas
lista, liga-se às lutas pelo abolicionismo e à guerra do Paraguai (1864- do século XX com as produções amaneiradas e cada vez menos interes-
1870). Na poesia, ora prevaleceu o lirismo intimista e amoroso, ora o santes dos chamados neoparnasianos, como Goulart de Andrade e Her-
condoreiro, assim chamado pelo uso frequente de metáforas arrebatadas, mes Fontes.
por influência do francês Victor Hugo. Castro Alves foi o grande poeta a
incorporar essa prática. Simbolismo. Como reação ao sistema de ideias e normas estéticas
implantado pela geração materialista de 1870, surgiu um movimento em
O romantismo foi uma revolução literária que deu ênfase à tendência nome da subjetividade contra o objetivismo realista, do indivíduo contra a
brasileira ao sentimentalismo lírico, à exaltação da individualidade, à sociedade, da interiorização contra a exteriorização. Essas ideias novas,
inspiração. Daí sua popularidade e a repercussão que o levou a adentrar- mas que continham, sem dúvida, fortes resíduos da postura romântica,
se, em manifestações tardias, pelas primeiras décadas do século XX. começaram a circular no Brasil a partir de 1890, também por influência
Imbuído de espírito contemplativo, o romantismo antecipou certos enfo- francesa, e concretizaram-se no simbolismo, que desde então teve exis-
ques ecológicos ao destacar a natureza tropical e a paisagem americana. tência paralela à do parnasianismo e seus prolongamentos.
Aos gêneros, deu autonomia estética. Além disso, valorizou a linguagem
brasileira, dignificou a profissão de escritor e ampliou as faixas de público, Embora diferisse do parnasianismo na linguagem, no estilo, na atitude
consolidando a literatura brasileira, em suma, como entidade própria com espiritual e na postura ante o mundo, o simbolismo mesclou-se não pou-
diferente visão do mundo e formas peculiares de expressão. cas vezes com ele na obra de muitos escritores, como B. Lopes. Com
Um capítulo à parte é constituído pela poesia satírica entendida como nitidez, sua autonomia se afirmou com nomes de primeira grandeza que
arma de combate às convenções sociais, na qual se distinguiu Luís Gama; lhe deram impulso, como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
e pelos textos e fragmentos circunstanciais nos quais os poetas românti- Rotuladas de decadentistas, as ideias simbolistas entraram em voga
cos, todos bem jovens, revelam sua condição de dissidentes da sociedade desde 1887, mas foi em 1891, no jornal Folha Popular, do Rio de Janeiro,
burguesa em formação. que se constituiu o primeiro grupo simbolista. No Ceará, em 1892, sob as
Naturalismo-realismo. De 1870 em diante desencadeou-se forte rea- mesmas inspirações, fundou-se a sociedade literária Padaria Espiritual.
ção anti-romântica. Os gêneros adquiriram maior autonomia estética, Em 1893, Cruz e Sousa publicou Broquéis e ainda um livro de poemas em
libertando-se da política e do jornalismo. Uma mentalidade objetivista,

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APOSTILAS OPÇÃO
prosa, Missal, nos quais indicou com força e originalidade os rumos que sos como Humberto de Campos, Emílio de Meneses, Álvaro Moreira ou
seriam seguidos. João do Rio (Paulo Barreto) conquistaram público e fama.
Com laivos de revivescência do espírito romântico, o simbolismo foi Modernismo. A apoteose do novo, com toda a carga de agressividade
uma revolta contra o positivismo e o objetivismo, revolta que através de que costuma envolvê-la, foi o vetor que sustentou a implantação do mo-
uma linguagem ornada, altamente metafórica e muitas vezes exótica iria dernismo no Brasil, como aliás ocorreu com o futurismo na Itália, o cubis-
dar grande relevo às preocupações espirituais. Nos termos da evolução mo e o surrealismo na França, o expressionismo na Alemanha. E a ex-
europeia, que continuava a se refletir no Brasil, o simbolismo reagiu às pressão mais vistosa desse estado de espírito, a Semana de Arte Moder-
correntes analíticas de meados do século XIX, assim como o romantismo na, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922, ficaria lembrada como
reagira ao Iluminismo que havia triunfado no fim do século XVIII. Ambos uma espécie de mise-en-scène, cheia de humor e provocação, de um
os movimentos exprimiram a desilusão em face das vias racionalistas e programa único: o da modernidade como ruptura.
mecânicas que se vinculavam na prática à ascensão da burguesia.
A mudança dos meios expressivos, quer na literatura, quer, em plano
Na esteira de Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, que foram paralelo, nas artes plásticas, correspondia à maturação de uma crise mais
as matrizes diretas do simbolismo brasileiro, surgiram em diferentes geral, que envolvia toda a estrutura sócio-econômica de um país que ia
estados poetas de dicção bem própria, como os paranaenses Emiliano deixando de ser uma vasta fazenda exportadora de matérias-primas para
Perneta e Dario Veloso, os gaúchos Felipe d'Oliveira e Alceu Wamosy, o assumir uma feição diversa, especialmente em São Paulo. A primeira obra
baiano Pedro Kilkerry e o piauiense Da Costa e Silva, um isolado precur- poética modernista chamou-se Pauliceia desvairada, de Mário de Andra-
sor do concretismo com o poema "Madrigal de um louco", do livro Sangue de, e em estilo urbano-internacional foram vazados os romances auto-
(1908). satíricos de Oswald de Andrade, as Memórias sentimentais de João
Miramar e Serafim Ponte Grande.
A revista Fon-Fon, editada no Rio de Janeiro, foi a mais influente das
muitas então fundadas para difundir a produção simbolista. Seus animado- O período heróico do movimento, o tempo que vai da Semana de
res, tendo à frente o poeta Mário Pederneiras, diluíram o verso e usaram- 1922 à revolução de 1930, foi pontilhado de intenções nacionalistas que
no frequentemente para a expressão de conteúdos intimistas. Sob rótulos atuaram de vários modos. É fundamental apontar: a pesquisa folclórica
como penumbrismo, que serviram para caracterizar seus prolongamentos, sistemática de Mário de Andrade, voltada para a elaboração de uma
o simbolismo se manteve ainda atuante, se bem que exposto não raro a práxis linguística e melódica brasileira; a proposta de um ideal de vida e
hibridações e metamorfoses, até a fase modernista. A seus preceitos de cultura primitivista e "antropofágico", explícito no roteiro de Oswald de
fundamentais se ligaram, de uma forma ou de outra, autores cuja adesão Andrade e implícito na poesia mítica de Raul Bopp; e o apelo às matrizes
ao modernismo nunca foi radical, como Ribeiro Couto, Murilo Araújo, da raça tupi e cabocla difuso em obras de Guilherme de Almeida, Cassia-
Olegário Mariano, Guilherme de Almeida ou Onestaldo de Pennafort. no Ricardo e Plínio Salgado. Entre 1922 e 1930 houve grupos e revistas
cujos nomes valiam por si sós como manifestos nativistas: Terra Roxa e
A estética do século XX Outras Terras, Pau-Brasil, Bandeira, Revista de Antropofagia, Verde e
Transição eclética. Uma fase de absoluto ecletismo estende-se do al- Anta.
vorecer do século XX a 1922, ano em que dois eventos -- a Semana de No mesmo período, obras de Antônio de Alcântara Machado, Manuel
Arte Moderna e o centenário da independência -- tiveram reflexos profun- Bandeira, Menotti del Picchia e Ronald de Carvalho contribuíram para
dos sobre a evolução literária. A Semana rompeu com todo o passado e ampliar o campo de expressão modernista. Na trilha aberta por Klaxon,
abriu caminho para a criação de um estilo, o modernista, que em meio a mensário de arte moderna que circulou em maio de 1922, surgiu em 1924
variações momentâneas seria a marca do século. A independência, ao a revista Estética, lançada no Rio de Janeiro por Sérgio Buarque de
fazer cem anos, aguçou o espírito nacionalista e, como no tempo dos Holanda e Prudente de Morais Neto.
românticos, fez a literatura embevecer-se com a exaltação do Brasil.
Tornaram-se comuns, por um lado, os estudos sobre o país e suas tradi- Como contracorrente, dentro do modernismo, é necessário lembrar o
ções em gestação recente. Por outro, com o furacão iconoclasta do mo- grupo e a revista Festa, fundada em 1927, por Tasso da Silveira, com um
dernismo, essas mesmas tradições foram contestadas no que traziam de programa espiritualista ainda próximo das fontes simbolistas. O grupo da
mais óbvio como acomodação e mesmice. Anta, importante pelo peso de suas conotações políticas, encarregou-se
de difundir um verde-amarelismo de tendências direitistas.
Foi aproximando-se já desses limites que as duas primeiras décadas
do século XX foram marcadas por poetas de posição singular, como De São Paulo e Rio de Janeiro o processo de atualização literária
Augusto dos Anjos ou Raul de Leoni, ou por prosadores da estirpe de caminhou para os estados, revelando nomes já em perfeita sintonia com a
Euclides da Cunha, Graça Aranha ou Adelino Magalhães. A ausência de modernidade, como os gaúchos Augusto Meyer e Mário Quintana. No
um estilo unificador nessa fase seria preenchida por mesclas de maneiras Nordeste surgiu um poeta regionalista como Ascenso Ferreira. Em um
passadas, com vestígios românticos, parnasianos e simbolistas agregan- segundo tempo, operou-se uma absorção das liberdades modernistas na
do-se em obras de aparência nova. O grosso da produção eclética, é prosa social de José Américo de Almeida em diante, até Raquel de Quei-
verdade, perderia todo o interesse com a estética do modernismo, mas rós.
muitos autores isolados chegaram a uma dicção convincente na criação
de seus textos. A partir de 1930, um momento de recomposição de valores, em busca
de novas sínteses, parece ter sucedido ao individualismo extremado e à
Em linha derivada da prosa realista, autores como Lima Barreto, Mon- inventividade quase anárquica dos anos heróicos do modernismo. Tentati-
teiro Lobato, Antônio Torres ou Gilberto Amado caracterizaram claramente vas de compreensão dos problemas do país e de uma criação mais elabo-
um espírito pré-modernista, seja pela desenvoltura dos textos, seja por rada manifestaram-se então com romancistas como Graciliano Ramos e
suas posições ostensivas contra a escrita empolada que lembrava com José Lins do Rego, poetas como Carlos Drummond de Andrade, Murilo
insistência os movimentos passados. No outro extremo, o da adesão às Mendes, Dante Milano e Joaquim Cardozo, ensaístas sociais como Caio
velhas formas, triunfou na mesma época a prosa preciosa de Coelho Neto. Prado Jr., Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda e Alceu Amoroso
Lima. Para todos eles, o modernismo fora uma porta aberta. Mesmo a
O teatro evoluiu e, na senda aberta por Martins Fontes e Artur Azeve- lírica antipitoresca e antiprosaica de Cecília Meireles, Augusto Frederico
do, abrasileirou-se a passos largos. A ficção regionalista, que, após sub- Schmidt, Vinícius de Morais e Henriqueta Lisboa, próxima do neo-
meter-se à revisão modernista, seria um dos filões mais explorados duran- simbolismo europeu, só foi possível porque tinha havido uma abertura a
te o século XX, lançou marcos de significação expressiva com o baiano todas as experiências modernas no Brasil pós-1922.
Afrânio Peixoto, o mineiro Afonso Arinos ou o gaúcho Simões Lopes Neto.
A morte de Mário de Andrade, em 1945, pode ser tomada como o
Ainda na fase de transição eclética para o modernismo, a imprensa marco final do modernismo propriamente dito. No mesmo ano operou-se
assumiu grande influência sobre o destino das letras. Foi em parte graças na poesia um decidido retorno à tradição. Com a chamada geração de 45,
a uma ativa presença nos jornais da belle époque que autores tão diver- integrada por Ledo Ivo, José Paulo Moreira da Fonseca, Domingos Carva-

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APOSTILAS OPÇÃO
lho da Silva, Afonso Félix de Sousa, Bueno de Rivera, Tiago de Melo e Na década de 1970, a da chamada poesia marginal, que se inseriu no
Marcos Konder Reis, entre muitos outros, a poesia voltou a ser composta movimento internacional da contracultura, a expressão dos primeiros
sem transgressões à forma, reativando o uso de seus antigos recursos, modernistas voltou à ordem do dia. Escrever versos de qualquer maneira
como a rima e a métrica. João Cabral de Melo Neto, cronologicamente e, se possível, com forte entonação satírica passou a ser a nova moda
incluído na mesma geração, dela se distinguiu no entanto por escrever numa época em que o inimigo comum, sob todas as suas formas, era a
com rigor sem incidir no já visto. Sua obra se tornaria, após a de Carlos repressão. Daí para a frente, a herança do concretismo ora mesclou-se ao
Drummond de Andrade, a mais elogiada e influente desde meados do coloquialismo em produções híbridas, ora inspirou uma poesia sucinta, de
século. versos curtos, que se requintava ao tentar dizer o máximo com o uso de
muito poucas palavras.
Caminhos da ficção. Contrapondo-se à ficção regionalista, que deitara
fundas raízes, o romance introspectivo ou psicológico definiu-se em con- Os avanços da crítica. A consciência histórica e crítica do modernismo
tornos nítidos, graças a nomes como Cornélio Pena, Lúcio Cardoso, José foi expressa de início pelos próprios criadores da época mais dotados de
Geraldo Vieira e Otávio de Faria. Com Clarice Lispector, essa linha de espírito analítico, como Mário de Andrade. Fora do grupo, mas voltada
ficção intimista deu um salto do psicológico ao existencial, da notação para a inteligência da arte nova, avultou a obra de Tristão de Ataíde,
individual à meditação sobre o ser. Os enredos e cenários urbanos, her- pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, que acompanhou com simpatia a
dados da tradição realista, nutriram obras marcantes como os romances melhor literatura publicada após a década de 1920.
de Marques Rebelo e os contos de João Antônio.
Álvaro Lins foi, em seguida, um dos críticos mais ativos e percucien-
Tal qual a desses e muitos outros autores, a prosa de Jorge Amado, tes, muito próximo do estilo dos franceses pelo gosto da análise psicológi-
José Lins do Rego e Érico Veríssimo, tríade da mais alta expressão, ca e moral. A Afrânio Coutinho coube o mérito de divulgar no Brasil os
beneficiou-se amplamente da descida à linguagem oral, aos brasileirismos princípios do New Criticism anglo-americano e sistematizar algumas ideias
e regionalismos léxicos e sintáticos que o típico estilo modernista havia e informações sobre o barroco.
preparado. O filão dos temas regionais levou a uma vasta produção de
romances onde o aspecto documentário sobressai com frequência, como A tarefa de repensar a literatura brasileira à luz de critérios novos,
os escritos por Dalcídio Jurandir, Herberto Sales, Adonias Filho, Amando atentos à gênese e à estrutura interna, foi superiormente cumprida nas
Fontes, Mário Palmério, Josué Montelo, Bernardo Élis e José Cândido de várias obras de Antônio Cândido. Com Augusto Meyer o ensaísmo brasi-
Carvalho. leiro recebeu um estilo pessoal, reflexivo e irônico. Os estudos comparatis-
tas devem a Eugênio Gomes alguns achados de valor: foi ele o primeiro a
Com Guimarães Rosa, a costumeira oposição entre romance regiona- detectar com precisão fontes inglesas em escritores brasileiros, rastrean-
lista e romance psicológico resolveu-se em termos puramente estéticos, do-as sobretudo na obra de Machado de Assis. Este, pelo lugar central
no plano das estruturas narrativas e, sobretudo, no plano da criatividade que ocupa, foi objeto de minuciosos estudos por críticos de formação bem
linguística. Uma acentuada preocupação com a originalidade da forma e diversa, como Astrojildo Pereira, José Aderaldo Castelo e Miécio Tati.
as invenções estilísticas surgiu por outro lado como traço em comum entre
ficcionistas de orientações bem distintas, como Osman Lins, Campos de Cumpre lembrar que a erudição de tipo universitário, relativamente
Carvalho, Dalton Trevisan, Sérgio Santana, Ivan Ângelo, Raduan Nassar e nova no Brasil, deu frutos consideráveis no trato da historiografia literária.
Hilda Hilst. Graças a trabalhos monográficos sobre períodos, gêneros e autores, já se
pode acompanhar com relativa segurança o desenvolvimento de toda a
Nas últimas décadas do século XX, criada frequentemente em sinto- literatura nacional. Destaquem-se ainda, na evolução da crítica, os nomes
nia com as grandes correntes internacionais, a ficção brasileira projetou-se de importantes pesquisadores como Andrade Murici, Fábio Lucas, Mário
no mundo, sendo extensa a lista de traduções então feitas para diversas da Silva Brito, Cavalcanti Proença, Franklin de Oliveira, Francisco de Assis
línguas. Além dos nomes citados, convém lembrar, pela repercussão de Barbosa, Antônio Houaiss, Brito Broca, Wilson Martins, José Guilherme
suas obras, autores como Rubem Fonseca, Antônio Calado, Autran Dou- Merquior, Eduardo Portela, Péricles Eugênio da Silva Ramos e Fausto
rado, Inácio de Loiola Brandão, Ana Miranda, Nélida Piñon, Lígia Fagun- Cunha. Entre os críticos nacionalizados, é indispensável citar Otto Maria
des Teles, Márcio de Sousa e Moacir Scliar, já publicados também no Carpeaux, Paulo Rónai e Anatol Rosenfeld. Menção à parte merece o
exterior. trabalho de crítica historiográfica desenvolvido pelos irmãos Augusto e
Haroldo de Campos, que levou à redescoberta de valores como Sousân-
Do concretismo à poesia marginal. A partir da década de 1950, o te- drade, Pedro Kilkerry e Patrícia Galvão. ©Encyclopaedia Britannica do
ma e a ideologia do desenvolvimento assumiram grande relevo no Brasil, Brasil Publicações Ltda.
à medida que a industrialização se processava em ritmo cada vez mais
intenso. Nesse contexto foi formulado o concretismo, que se propunha
como vanguarda para os novos tempos e abolia a escrita discursiva,
instaurando em seu lugar uma expressão consubstanciada em signos e
representações gráficas que pretendiam dizer mais que as palavras.
11. LITERATURA PORTUGUESA:
Aos paulistas Décio Pignatari e Augusto e Haroldo de Campos uni- desde as origens até o Primeiro
ram-se poetas radicados no Rio de Janeiro como Ferreira Gullar, Vlademir Modernismo (século XX).
Dias Pino e Ronaldo Azeredo, para o lançamento oficial do movimento,
feito em São Paulo, em 1956, com a I Exposição Nacional de Arte Concre-
ta. Nos anos seguintes, enquanto os irmãos Campos se orientavam para
especializar-se em obras de erudição e tradução de poesia, o grupo Não obstante as variadas influências que recebeu ao longo dos sécu-
carioca, com Ferreira Gullar à frente, distanciou-se das origens comuns los, a literatura portuguesa mantém uma individualidade nítida que con-
para lançar no Rio de Janeiro o movimento neoconcreto. Na década de trasta notavelmente com a da vizinha Espanha, não somente na natureza
1960, alguns poetas antes comprometidos com a linguagem visual do do seu desenvolvimento, mas ainda nos gêneros divergentes em que
concretismo voltaram a escrever versos, que tinham porém agora um repousam suas maiores realizações.
ostensivo sabor de panfletagem política. A literatura portuguesa caracteriza-se desde os primórdios pela rique-
Renovou-se simultaneamente o gosto da arte regional e popular, fe- za e variedade na poesia lírica, pela qualidade literária dos escritos históri-
nômeno paralelo a certas ideias motrizes dos românticos e dos modernis- cos e pela relativa pobreza no teatro, na biografia e no ensaio. É precisa-
tas, os quais, no afã de redescobrirem o Brasil, haviam também se dado à mente a veia lírica amorosa uma constante da literatura portuguesa:
pesquisa e ao tratamento histórico do folclore. Mas dessa vez, graças ao cantam suas "coitas" de amor e saudade, com o mesmo vigor e sentimen-
novo contexto sócio-político, toda a atenção foi reservada ao potencial to, reis e plebeus, poetas anônimos. A lírica medieval, as crônicas de
revolucionário da cultura popular. Fernão Lopes, as peças de Gil Vicente, a História trágico-marítima, os
versos e a prosa bucólicos do século XVI e, acima de tudo, as Rimas e Os

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lusíadas, de Camões, são expressões diferentes de um temperamento e com o fim de fortalecer os hábitos, a segurança e a unidade da corte.
claramente definido que cedo talhou sua expressão original. São representativos O livro da montaria (c. 1415), de D. João I, A ensi-
nança de bem cavalgar toda sela e O leal conselheiro, de D. Duarte, e A
Primeiros passos. Os cancioneiros primitivos atestam a existência, já virtuosa benfeitoria, do infante D. Pedro.
no século XI, de uma escola de poesia amorosa que se expandiu, com a
língua, através da Espanha. Quando Afonso VI de Leão constituiu o A ênfase na cavalaria significou um esforço para retemperar a disci-
Condado Portucalense em 1097, a literatura oral em galego-português já plina cortesã, afrouxada pela infiltração burguesa. Nesse contexto apare-
existia ali há cerca de dois séculos, como em outras regiões da península. ceu Fernão Lopes, autor das crônicas dos dez primeiros reis portugueses,
As primeiras composições escritas só surgiram, porém, no final do século das quais se conservam apenas três, as de D. Pedro, D. João I e D.
XII. Eram poesias em torno de motivos amorosos, compostas por pessoas Fernando. Fernão Lopes influenciou outros cronistas, como Gomes Eanes
de diversos estados sociais e apresentadas por jograis e trovadores em de Zurara e Rui de Pina, mediante seu estilo vigoroso e os avançados
espetáculos que incluíam música e dança. critérios historiográficos. Em contrapartida, ainda no século XV, destacam-
se em português os livros de caráter místico como os Laudes e cantigas
Os poetas galego-portugueses estavam presentes no século XIII tanto espirituais, de André Dias, o Boosco deleitoso, impresso em 1515, e o
na corte portuguesa de D. Afonso III como na do rei de Castela. O próprio Horto do esposo, de autores desconhecidos e demarcados pelo tema
Afonso X o Sábio foi autor de cantigas em galego-português. Os três teológico.
gêneros praticados eram: a cantiga de amor, na qual o poeta se dirige a
uma mulher; a cantiga de amigo, em que uma mulher, no texto, se dirige a No princípio do século XVI, um dos primeiros livros portugueses pro-
seu amado; e a cantiga de escárnio e maldizer, na qual o poeta, no primei- duzidos em tipografia foi o Cancioneiro geral (1516), em português e
ro caso, satiriza uma pessoa sem identificá-la e, no segundo, a ataca castelhano, de Garcia de Resende, o qual compilou a poesia palaciana
diretamente. dos reinados de Afonso V, D. João II e D. Manuel. O acervo traz obras do
próprio Garcia de Resende, de Nuno Pereira, de Diogo Brandão, do conde
A cantiga de amor era, em geral, de caráter mais culto, de âmbito pa- de Vimioso, de João Rodrigues de Castelo Branco.
laciano, e sua tradição remontava às raízes provençais. Na cantiga de
amigo percebem-se com clareza os tons de fundo popular, a liberdade Renascimento. Com os primeiros sinais do humanismo, o mundo oci-
bucólica, aldeã, as circunstâncias do dia-a-dia e a paroquial, em referên- dental despertou para uma era em que o espírito de inquirição e o sentido
cias a lugares onde se marcavam encontros ou que sinalizavam as expec- do real deram a máxima amplitude àquilo que já na baixa Idade Média
tativas e pretensões da mensagem sentimental, como as igrejas, os fermentava, e sobretudo à luta contra o domínio cultural da igreja. Literal-
bosques e os lagos. Bem diferentes de ambas eram as cantigas de escár- mente, o Renascimento não pode ser caracterizado apenas como renova-
nio e maldizer, as quais chegavam com frequência ao obsceno ou à ção formal, seja no sentido de "ressuscitar" a antiguidade, seja no de criar
invectiva política já que assumiam sentido pessoal, de crítica e ironia. A novas formas; o mais importante é a nova visão do homem a que tais
alusão, quando não a referência declarada, a fatos reais, muitas vezes novidades correspondem. A renovação, aliás, sofreu em certos países,
com pormenores grosseiros e até obscenos, explica-se talvez pelo fato de como Portugal, limitações diversas; acabou por realçar os aspectos for-
serem obra de jograis, homens de condição social inferior; já a poesia mais do classicismo, em prejuízo de posições humanísticas, sendo trava-
idealizada das cantigas de amor e de amigo é obra de trovadores, quase das pelo espírito reacionário da Contra-Reforma.
sempre fidalgos.
Em Portugal, o crescimento econômico decorrente dos descobrimen-
Uma boa mostra desses poemas foi preservada nos cancioneiros, tos e da intensificação do comércio favoreceu a burguesia e enriqueceu
manuscritos preciosos tanto pela grafia como pelos ornamentos e iluminu- também a vida intelectual, mas não proporcionou livre acesso aos ideais
ras, os quais refletem as relações humanas e os costumes de seu tempo. do renascimento e do humanismo. Estes ideais, na península ibérica,
Há três coleções destes cancioneiros, talvez versões de uma única cole- foram obscurecidos pela Inquisição e pela Companhia de Jesus. Apesar
tânea ampliada aos poucos: Cancioneiro da Vaticana, Cancioneiro da dessas forças repressoras, ergueram-se vultos como Sá de Miranda, que
Biblioteca Nacional de Lisboa (ou de Colocci-Brancuti) e o Cancioneiro da tornou definitivo o influxo renascentista ao incorporar o lirismo português a
Ajuda, editados pela primeira vez respectivamente em 1875, 1880 e 1904. versos e formas aprendidas em viagem à Itália; Antônio Ferreira, o autor
O primeiro é o códice 4803, uma compilação de manuscritos da biblioteca de Castro, a primeira grande tragédia da dramaturgia ibérica; Gil Vicente e
Vaticana descoberta por Fernando Wolf por volta de 1840. O segundo Camões, os quais apostavam no homem e na razão, na liberdade e na
reúne obras de poetas anteriores e contemporâneos a D. Afonso III, de D. arte.
Dinis, sexto rei de Portugal, e de seus filhos. O da Ajuda, mais limitado,
não chega a D. Dinis, no século XIV. O conde de Barcelos, que morreu em Em Gil Vicente, a poesia lírica e o teatro exprimem sentimentos e si-
1354, cronologicamente foi o último dos trovadores apresentados nos tuações vividas em toda a realidade peninsular. O dramaturgo levou para
cancioneiros. o palco representantes das diversas classes sociais da região. Numa
linguagem de cunho popular, as obras de Gil Vicente mostram ainda
Prosa em ascensão. Ainda nesse período inicial, os livros de linha- características medievais e revelam domínio da sátira e da comicidade,
gem, em que se levantava a genealogia de famílias nobres, chamam a como em Comédia do viúvo (1524).
atenção pelas descrições de façanhas e batalhas de certos reis, embora a
prosa literária tenha levado mais tempo para se firmar. Há, nessa fase, em O idioma português atingiu a maturidade estética com Camões. Em
Portugal e outros países europeus, interesse pela "matéria da Bretanha", Os lusíadas (1572), o poeta exalta a história de Portugal, desde as suas
que envolve as lendas do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. A origens orientada à missão da expansão da fé. A nação inteira é a prota-
principal tradução portuguesa de uma parte do ciclo, Demanda do Santo gonista, sem que os deuses do Olimpo, que estruturam a ação, possam
Graal, é do final do século XIII e anterior à versão castelhana. É provável evitar que se cumpra seu destino. Na obra lírica, como na épica, o gênio
que se tenha baseado, como outras traduções peninsulares, em adapta- de Camões foi reconhecido como dos mais completos realizadores da
ção realizada para a leitura pública dos jograis. Já no caso do Amadis de literatura renascentista. Camões ainda contribuiu para mostrar que o
Gaula, a novela de cavalaria mais famosa, cujo primeiro texto subsistente realismo histórico, apontado em sua obra por Voltaire, é compatível com a
de 1508 é em castelhano, foi atribuída ao português Vasco de Lobeira. invenção poética e a fantasia. Nessa óptica, Camões constitui a primeira
Perto da severa moral religiosa da obra anterior, a sensualidade existente lição de engajamento do artista.
no Amadis anuncia os valores do Renascimento. Apesar do Santo Ofício e dos jesuítas, a prosa do século XVI em Por-
No início do século XV, Portugal entrava em sua idade de ouro preo- tugal não desconsiderou os padrões e conquistas do Renascimento. A
cupado com a náutica e com a ciência, com a observação objetiva e com literatura de viagens tornou-se abundante. Em Peregrinação (1614),
o relato histórico, após ter reconquistado o território, unificado o poder real publicada postumamente, Fernão Mendes Pinto conta suas aventuras
e resolvido as crises internas na opção por D. João I, primeiro monarca da fantásticas na Ásia, porém sem idealizar o empreendimento português.
casa de Avis. Sob essa dinastia, paralelamente à ascensão da história e a Seguem-se, no gênero, narrativas como a Verdadeira informação das
certo declínio da produção e apresentação de poesia lírica, difundem-se terras do Preste João das Índias, de Francisco Álvares, Itinerário da Terra
tratados de intenção moral e pedagógica, escritos para leitores palacianos Santa, de frei Pantaleão de Aveiro, Tratado das coisas da China e de

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APOSTILAS OPÇÃO
Ormuz, de frei Gaspar da Cruz, a Relação do novo caminho pela Arábia e o Condestabre de Portugal (1610), de Francisco Rodrigues Lobo, e Mala-
pela Síria, do padre Manuel Godinho. ca conquistada, de Sá de Meneses. Ainda no século XVI, essa influência
está patente em André Falcão de Resende e em Rodrigues Lobo Soropita.
Inserem-se nesse ponto os títulos da literatura referentes ao Brasil, Este, a figura mais característica desse período, influenciou, tanto pelo
com destaque para a carta do achamento, de Pero Vaz de Caminha, o exemplo como pela teorização, o espírito barroco. No século seguinte
Tratado da Terra do Brasil e História da Província de Santa Cruz, de Pero aparece na poesia de D. Francisco de Portugal, autor de uma Arte de
de Magalhães Gândavo, e o Tratado descritivo do Brasil em 1587, de galanteria, obra de certo modo afim à Corte na aldeia de Rodrigues Lobo,
Gabriel Soares de Sousa. Alguns autores de roteiros, escritos em lingua- e de Divinos e humanos versos.
gem menos literária merecem lembrança aqui, como o navegador João de
Castro, do Roteiro de Lisboa a Goa, do Roteiro do mar Roxo e outros. A perda da nacionalidade entre 1580 e 1640, decorrente da União
Ibérica, juntamente com outros fatores, foram responsáveis pela pífia
A renovação da lírica portuguesa ocorreu paralelamente à renovação historiografia conventual, que fez os estudos históricos regredirem. Na
do teatro nacional, no qual se destacou Sá de Miranda, o introdutor do Monarquia lusitana de frei Bernardo de Brito, que teria como continuador
teatro clássico em Portugal, com Os estrangeiros (1527), comédia em frei Antônio Brandão e, já na Restauração, frei Francisco Brandão, o
prosa no estilo de Plauto e Terêncio. Antônio Ferreira aplicou com êxito as espírito fantasioso é característico nas partes em que não se limita a
regras da tragédia clássica em Castro (de aproximadamente 1557), onde refazer a obra dos historiadores quinhentistas.
tratou o tema nacional dos amores e morte de Inês de Castro. Jorge
Ferreira de Vasconcelos, influenciado pela comédia clássica e autos de Gil Com exceção do Auto do fidalgo aprendiz, de Francisco Manuel de
Vicente, compôs um retrato realista da sociedade de sua época em obras Melo, primeiro escritor que adota expressamente o ideário do barroco em
como Eufrosina (1540), Aulegrafia (1555) e Ulissipo (anterior a 1561). Portugal, o teatro seiscentista teve apenas uma obra importante, a de
Antônio José da Silva, o qual, embora escritor brasileiro, não pode deixar
A novela medieval de cavalaria ressurgiu em Portugal com João de de ser referido. A perda da independência teve direta influência nessa
Barros, autor de Crônica do imperador Clarimundo (1520), ao qual se crise, pois com a ausência da corte o teatro ficou sem seu principal estí-
seguiu Memorial das proezas da segunda távola redonda (1567) de Jorge mulo e, ao mesmo tempo, sem garantia de liberdade. Para a decadência
Ferreira de Vasconcelos. A prosa de ficção nessa época foi acrescida pelo do gênero contribuíram ainda os jesuítas, com representações em latim,
poeta Bernardim Ribeiro, introdutor da poesia e do romance pastoril. de finalidade pedagógica e proselitista.
Neste último gênero, Bernardim escreveu o Livro das saudades (1554-
1557), mais conhecido como Menina e moça, no qual a primeira parte da Embora a literatura panfletária fosse clandestina na maior parte, ob-
narrativa adquire tom elegíaco mediante uma psicologia da emoção amo- tém realce na época do barroco. Esse tipo de literatura apresenta-se sob
rosa que se contrapõe à moral ascética da Idade Média. Para muitos, a as mais diversas formas, desde o ataque ao opressor estrangeiro, durante
atmosfera do texto é uma antecipação de quase três séculos dos princi- o domínio filipino, aos escritos de caráter messiânico. A literatura panfletá-
pais componentes do romantismo. ria teve início com as Trovas do Bandarra, na primeira metade do século
XVI, e foi, portanto, anterior ao desastre de Alcácer-Quibir e à consequen-
Na historiografia distingue-se o cronista João de Barros, com Décadas te crença no regresso de D. Sebastião, origem da lenda do Encoberto. No
da Ásia (1552), em que descreve a conquista da Ásia com rigor documen- entanto, as mais importantes produções panfletárias são as que atacam a
tal e zelo nacionalista. Diogo do Couto, continuador do trabalho de João Inquisição, a nobreza, o fisco, o arbítrio e todas as espécies de corrupção.
de Barros, aperfeiçoou a objetividade em Soldado prático, a ponto de A mais conhecida é sem dúvida a Arte de furtar (Da arte de furtar, espelho
registrar mazelas da administração portuguesa na Índia, com observações de enganos, teatro das verdades, mostrador de horas minguadas, gazua
sobre as causas da decadência portuguesa no Oriente. Tal liberdade geral dos reinos de Portugal), durante muito tempo atribuída ao padre
reflete o exemplo de um mestre humanista um pouco anterior, Damião de Antônio Vieira e cujo autor se crê tenha sido Antônio de Sousa Macedo.
Góis, figura cosmopolita, autor da Crônica do rei D. Manuel (1556-1557),
que foi mutilada pela censura inquisitorial. De gênero difícil de classificar são As Monstruosidades do tempo e da
fortuna. Supostamente de frei Alexandre da Paixão, a obra é uma espécie
Outros cronistas ou historiadores representativos foram Antônio Gal- de diário dos acontecimentos entre 1662 e 1680. Mais significativa ainda é
vão, do Tratado dos descobrimentos; Duarte Galvão, da Crônica de D. a Fastigímia, de Tomé Pinheiro da Veiga, relato da estada do autor na
Afonso Henriques, latinistas como o bispo Jerônimo Osório, que homena- corte de Espanha, em 1605, com impiedosa crítica à sociedade da época
geou em livro os vastos empreendimentos de D. Manuel; Gaspar Correia, e com observações pessoais, nas quais o autor se revela sutil analista do
das Lendas da Índia; Fernão Lopes de Castanheda, da História do desco- comportamento humano.
brimento e conquista da Índia (1551-1561), cuja veracidade e isenção lhe
valeram repressão e proibições por parte da nobreza. O escritor por excelência do conceptismo e do barroco em Portugal é
o padre Antônio Vieira. Seus Sermões e suas Cartas atestam uma lucidez
Maneirismo e barroco. Na segunda metade do século XVI e primeiras e independência rara entre os religiosos da época, quase sempre imbuí-
décadas do XVII, a literatura portuguesa passou por uma crise de transi- das de princípios progressistas.
ção caracterizada pelo maior domínio da língua literária em detrimento da
capacidade criadora e a consequente subserviência aos modelos, como o Caso menos difícil, mas ainda incerto, é o do depoimento autobiográ-
de Camões. São tendências que coincidem com a ascensão ainda tumul- fico Monstruosidades do tempo e da fortuna, sobre fatos que vão de 1662
tuosa da burguesia, com o esmorecimento político e a perda da nacionali- a 1680, com autoria atribuída a frei Alexandre da Paixão.
dade em decorrência de mais de sessenta anos de dominação da coroa
espanhola, a partir de 1580. Apesar das marcas deixadas pela repressão Iluminismo. Esse período, também designado como Século das Lu-
da Contra-Reforma, da Inquisição e do jesuitismo, é de ressaltar-se que zes, corresponde de fato à segunda metade do século XVIII e aos primei-
em Portugal, ao contrário do que houve na Espanha, foram raros os ros anos do XIX. Mais importante no campo geral da cultura do que pelas
autores que se devotaram à elaboração de uma obra mística ou religiosa. suas criações literárias, é marcado em Portugal sobretudo pela imitação
francesa, e por certas antecipações do Romantismo. Sobretudo nestas,
As influências estrangeiras, que haviam tido importância como fator surgem expressões literárias que permitem dar por finda a crise que
de renovação no início do Renascimento, constituíram elemento de asfixia durante quase dois séculos abafara a capacidade criadora sob o peso
quando, com a vitória da Contra-Reforma, todas as expressões estéticas duma tradição sem vitalidade.
tornaram-se sujeitas a uma concepção imobilista do mundo, em oposição
à evolução das ideias na Europa culta. As tensões de classe são mais agudas no século XVIII, pois a aristo-
cracia se mantém semifeudal e a burguesia busca mudanças de fora para
Tanto na lírica como na épica, a influência de Camões é predominan- dentro, daí se chamarem "estrangeirados" os que preconizavam reformas.
te em toda essa época. Entre 1580 e 1650 foram escritos mais de cin- A estes Portugal deve em grande parte o ter saído das trevas; são quase
quenta arremedos de Os lusíadas, como o Segundo cerco de Dio, de sempre foragidos da Inquisição que, em ambiente fecundado por novas
Jerônimo Corte Real, a Elegíada, de Luís Pereira Brandão, a Crônica de ideias, forjam as armas da libertação da cultura nacional. Com os "estran-
D. João III, um relato histórico em oitavas-rimas de Francisco de Andrade, geirados", a crítica, a renovação do panorama mental do país, as novas

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APOSTILAS OPÇÃO
ideias sobre economia, sobre o ensaio, a filosofia, a moral, a religião -- Ao lado de um romantismo muito de aparência ou maviosamente va-
graças sobretudo ao espírito de livre análise -- abrem novos caminhos que zio, lírico ou narrativo, o de Antônio Feliciano de Castilho, de João de
só com o Romantismo mostrarão toda a sua fecundidade. Lemos ou de Bulhão Pato, projeta-se Tomás Ribeiro com seu D. Jaime e
Antônio Augusto Soares de Passos, com o célebre poema O firmamento.
Personalidades como Ribeiro Sanches, Francisco Xavier Leitão, Ja- As preocupações políticas e sociais surgem na poesia de Faustino Xavier
cob de Castro Sarmento, o abade Antônio da Costa, Francisco Xavier de Novais, de Alexandre da Conceição, e dos irmãos Alexandre e Gui-
Oliveira, Luís Antônio Verney, quando não se exilaram para salvar a vida, lherme Braga.
fizeram-no para salvar a liberdade de pensar e escrever; ou então, como
D. Luís da Cunha, Alexandre de Gusmão e José da Cunha Brochado, Em todo o período romântico duas tendências se defrontam e se pro-
ministros que puderam e souberam contribuir para que a renovação da longam até o fim do século, já em pleno naturalismo: o lirismo pessoal,
cultura fosse pouco a pouco introduzida na vida nacional. Dentre todos confessional, e o de inspiração universalista -- seja religiosa, social ou
eles se destaca a figura de Verney, o qual, em o Verdadeiro método de científica. Essa contradição ainda será encontrada em Guerra Junqueiro,
estudar, combateu o formalismo do ensino jesuítico mediante uma propos- embora este pertença cronologicamente à Geração de 70. Da mesma
ta de reforma inspirada em Newton e Locke. forma, pode-se classificar como romântica a poesia de Antero de Quental.
De fato, só com Cesário Verde (O livro de Cesário Verde, póstumo),
Em contraste à primeira vista incompreensível, a escola dominante na contemporâneo de ambos, o Romantismo foi ultrapassado. Ambivalência
literatura propõe a imitação dos poetas gregos e latinos; mas com isso semelhante encontra-se no romance com Camilo Castelo Branco, autor
pretendia reagir contra o conceptismo e o cultismo barrocos, em luta por de, entre outros, Amor de perdição, Onde está a felicidade?, Queda de um
uma expressão clara, nítida e objetiva. anjo, Coração cabeça, estômago, Novelas do Minho, A Brasileira de
Ao mesmo tempo absolutista e estrangeirado, o marquês de Pombal, Prazins.
ministro de José I, instituiu uma reforma educacional que, junto a outras Fenômeno característico de reação às vertentes mais verdadeiras do
atitudes progressistas, contribuiu para a fundação da Arcádia Lusitana ou romantismo é o que, em Portugal, se denominou academismo romântico,
Ulissiponense, fundada em 1756 por Antônio Dinis da Cruz e Silva e com reminiscências arcádicas, linguagem preciosista e convencional. Seu
outros. Essa associação teve entre seus membros de maior projeção representante mais conhecido foi Castilho. Críticos desse comportamento
Antônio Correia Garção e Domingos dos Reis Quita. As doutrinas adota- e de todo o período respectivo foram seus contemporâneos Latino Coelho
das pelo grupo têm o seu código na Arte poética de Cândido Lusitano, e Lopes de Mendonça.
criptônimo de Francisco José Freire. Os princípios democráticos usados
nas eleições da sociedade são indício da nova mentalidade expressa no À medida que se entra na segunda fase do movimento ocorrem mani-
acesso da burguesia à "dignidade" intelectual, embora nada houvesse de festações bem distintas, como a do ultra-romântico Soares de Passos,
revolucionário nos princípios desses árcades, puramente teóricos. A mórbido e convincente, ou a do romantismo social e satírico de Xavier de
contradição entre uma teoria literária formalista e aspirações iluministas é Novais e a agressiva passagem dos poetas panfletários. Na verdade, aos
patente nas suas obras, entre as quais, além de Cantata de Dido e outras, poucos se chega ao terreno indeterminado em que a opção romântica dá
de Correia Garção, a mais notável é Hissope (1802), de Cruz e Silva. Mas lugar à vigência das escolas realista e naturalista. Na segunda metade do
a todos esses poetas faltava o poder criador que faria de Manuel Maria du século XIX, esta transição pode ser observada na obra de um mesmo
Bocage o grande poeta do século. escritor, na poesia em que se opõe o lirismo confessional e a poesia social
ou, em alguns casos, parnasiana.
O espírito do arcadismo prolonga-se ainda nos chamados "Dissiden-
tes da Arcádia", Paulino Antônio Cabral, abade de Jazente, João Xavier Geração de 70, realismo. O espírito contemporâneo nas letras portu-
de Matos, Curvo Semedo. Destacaram-se, entre eles, Nicolau Tolentino, guesas teve seu ingresso mediante uma polêmica que resumiu antago-
poeta satírico que soube rir de si próprio e de todos os ridículos da vida nismos ideológicos e literários: a Questão Coimbrã, surgida em 1865. Em
lisboeta, e o panfletário José Agostinho de Macedo. Surgem ainda os nome do status quo, o academicista Antonio Feliciano de Castilho atacou,
precursores do romantismo, José Anastácio da Cunha, autor de Composi- em carta, a temática de poetas publicados por um editor de Coimbra e, na
ções poéticas, e Leonor de Almeida, marquesa de Alorna, figura insepará- ocasião, fez referências depreciativas a Teófilo Braga e Antero de Quen-
vel da introdução da literatura romântica em Portugal e cuja produção foi tal. Este último, em carta aberta a Castilho, sob o título Bom senso e bom
reunida nas Obras poéticas. gosto, taxou a poesia de Castilho de imobilista e provinciana e defendeu
as ideias e ideais do fim do século, a ciência, o realismo e as consequen-
Romantismo. Na evolução da literatura portuguesa não se encontra tes mudanças na literatura. Com outro texto, A dignidade das letras e as
movimento mais complexo do que o romantismo. Esse movimento religa- literaturas oficiais, Antero aprofundou a questão e, por sua agressividade,
se às revoluções sociais pelas quais a burguesia se impôs às monarquias dividiu a opinião dos intelectuais. Camilo Castelo Branco e Ramalho
europeias e dominou o processo político. Entre as ideias da burguesia, é Ortigão intervieram a favor de Castilho, enquanto Eça de Queirós apoiou
decisivo o liberalismo, o qual subentende o triunfo de outra ideia determi- Antero de Quental.
nante para o desenvolvimento das artes e para o movimento romântico: o
individualismo. Em Portugal, o romantismo apresenta as mesmas caracte- No meio de intensas atividades político-partidárias e às voltas com
rísticas gerais que teve no resto da Europa: individualismo, sentimento da problemas para manter e administrar seus domínios na África, Portugal
natureza, inquietação religiosa, espírito nacionalista, ideias revolucioná- vivia na década de 1870 uma enorme movimentação intelectual, que se
rias, identificação com a causa liberal na luta contra o absolutismo. O traduzia numa profusão de debates e publicações. A afirmação conjunta
romantismo, em suas diversas etapas e modalidades, é a primeira arran- mais poderosa do século é a da chamada Geração de 70, uma das mais
cada do individualismo na produção intelectual. fecundas e brilhantes da literatura portuguesa -- a que reuniu Antero de
Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Teófilo
As duas grandes figuras românticas, Almeida Garrett e Alexandre Braga, Guerra Junqueiro. A Geração de 70 propunha-se discutir as gran-
Herculano, foram ambos emigrados liberais durante o governo de D. des transformações da Europa, em particular na França, na Alemanha e
Miguel e voltaram à pátria como soldados do exército libertador. Garrett na Inglaterra, e incorporá-las na base de seu trabalho.
destacou-se como autor de teatro e como poeta, com Camões (1825) e
Dona Branca (1826). Herculano escreveu em prosa, principalmente nove- O romantismo sobrevivia a duras penas, enquanto se debatia Jules
las históricas, como O monge de Cister (1841), O bobo (1843) e Eurico o Michelet, Ernest Renan, Proudhon, Schelling, Hegel, Feuerbach, Darwin.
presbítero (1844). O romantismo, preso ainda a influências arcádicas, só Importavam-se livros em quantidade, traduzia-se; a igreja tornava-se
manifesta em parte, em Portugal, esse espírito de identificação da literatu- objeto de invectivas virulentas, como em A velhice do Padre Eterno, de
ra com o homem que constitui um dos seus elementos essenciais. O Guerra Junqueiro. Sucediam-se os romances de Eça de Queirós, O crime
caminho iniciado por Garrett e Herculano é a via da sua evolução. O do padre Amaro, O primo Basílio, A ilustre casa de Ramires, Os Maias, A
romance histórico é a forma privilegiada da ficção romântica e nele so- relíquia, A cidade e as serras, os sonetos alegóricos e autobiográficos de
bressaem Rebelo da Silva, com A mocidade de D. João V e Contos e Antero de Quental, a poesia política de Gomes Leal, a crítica de Teófilo
lendas, João de Andrade Corvo, Antônio da Silva Gaio e Arnaldo Gama. Braga em Contos tradicionais do povo português, assim como em As

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APOSTILAS OPÇÃO
modernas ideias na literatura portuguesa, a historiografia de Oliveira mais tarde conhecido pelo pseudônimo Miguel Torga --, Luís de Montalvor,
Martins, a poesia isolada de João de Deus. Vitorino Nemésio, Alberto de Serpa, Fernando Namora. Os colaboradores
dessa revista literária combatiam o academismo e defendiam, entre outras
Também a definição de poeta simbolista está sujeita a discussão, coisas, a crítica livre. Dos "presencistas" saíram tentativas de renovação
uma vez que o introdutor desse movimento em Portugal, Eugênio de do romance, sobretudo com Jogo da cabra-cega, de José Régio. Outros,
Castro, revelou-se mais superficialmente simbolista do que um poeta como João Gaspar Simões e, sobretudo, Branquinho da Fonseca, tentari-
como Antônio Nobre, ou o Guerra Junqueiro de Os simples, ou Camilo am, por caminhos diversos, tanto no romance como no conto, ultrapassar
Pessanha. O fim do século XIX testemunhou o choque das influências o realismo, cuja influência ainda é determinante na obra de Ferreira de
naturalistas com um nacionalismo do culto da terra e das virtudes do Castro. A revolução estética em curso só alcançou o grande público
passado, o qual em geral se confunde com o simbolismo, como em Alber- depois que a geração da revista Presença exerceu parte do seu esforço
to d'Oliveira, que pretendeu fazer do Só de Antônio Nobre a bandeira crítico no sentido de tornar conhecida a obra de Pessoa e as novas ten-
dessa corrente, representada posteriormente por Antônio Sardinha, Afon- dências.
so Lopes Vieira e outros, cuja manifestação no romance é a obra de
Malheiro Dias. Uma importante corrente neo-realista afirmava-se com os livros de
Ferreira de Castro -- como A selva (1930) --, de Agustina Bessa-Luís, de
Em meio às discussões e tendências, uma renovação mais profunda Urbano Tavares Rodrigues, José Rodrigues Miguéis, Cardoso Pires, ou
foi tentada por Teixeira de Pascoais e seus companheiros da revista A com o teatro de Bernardo Santareno. Na poesia, há a geração do Novo
Águia, ao mesmo tempo que a obra de Aquilino Ribeiro privilegiava o Cancioneiro, com Carlos de Oliveira e José Gomes Ferreira. O neo-
naturalismo e a de Raul Brandão parecia prolongar as tendências simbo- realismo abriu outro caminho, em que o predomínio das preocupações
listas. O naturalismo, na virada para o século XX, chegou à expressividade sociais fez do romance e da poesia um instrumento de luta, ao mesmo
decadentista de Fialho de Almeida. Antes disso, o conde de Ficalho, autor tempo que os continuadores do modernismo procuravam preservar a
de contos alentejanos, reuniu-se aos Vencidos da Vida, grupo "inter ami- literatura de uma sujeição que poderia desvirtuar-lhe os fins e invalidar a
cos" liderado por Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro que visava o con- necessária estrutura estética.
vívio de mentalidades afins. Entre ressentimentos e mudanças fundas, a
fase parecia chegar ao fim, pelo menos no que tinha de mais autêntico. Nessa diversidade e, muitas vezes, oposição de tendências, a poesia
revela, além de José Régio e Miguel Torga, um José Gomes Ferreira, um
O domínio das tendências naturalistas e realistas estendeu-se pelo Vitorino Nemésio, também romancista e contista, um Carlos Queirós, um
século XX, embora as influências de outras tendências tornem frequente- Antônio Navarro e outros. A obra de José Rodrigues Miguéis, principal-
mente difícil a exata definição dos autores, como é o caso de Antônio mente contista, é afim às tendências neo-realistas, cuja melhor expressão
Patrício e Manuel Teixeira Gomes. O parnasianismo não teve expressões se acha nos romances de Soeiro Pereira Gomes e Virgílio Ferreira.
muito caracterizadas, e só se podem chamar parnasianos a Gonçalves
Crespo (Miniaturas, Noturnos) e, mais modernamente, a Antônio Feijó, A retórica ainda subsistente nas gerações da Presença e do neo-
autor de Transfigurações, Líricas e Bucólicas. Menos significativos foram realismo foi abandonada por quase todos os poetas surgidos na década
outros poetas da mesma tendência, como Cristóvão Aires, Antônio Foga- de 1940, em cuja linguagem, pouco discursiva, houve o predomínio de
ça, Macedo Poupança, o conde de Monsarás, Paulino de Oliveira e Cân- imagens, donde a denominação atribuída a essa corrente literária: ima-
dido Guerreiro. gismo. Nos Cadernos de Poesia, o imagismo tem o apoio da obra de
Jorge de Sena, cuja contribuição ao mesmo tempo clássica e barroca,
Modernismo e tendências atuais. A literatura portuguesa recebeu um tradicional e revolucionária abrange poesia, ficção, ensaio, história literá-
espírito especificamente novo com o modernismo de Fernando Pessoa, ria.
Mário de Sá-Carneiro e José de Almada-Negreiros. Com estes, Luís de
Montalvor, Raul Leal, Mário Sá e Armando Cortes Rodrigues constituíram Como movimento, o surrealismo chegou tardiamente a Portugal, por
uma geração que se exprimiu quase exclusivamente pela poesia. volta de 1947, por intermédio da atuação de um grupo de escritores,
encabeçados por Antônio Pedro, o qual se limitaria a promover a edição
O modernismo na literatura portuguesa surgiu em Lisboa, influenciado de alguns poucos cadernos e a realizar exposições, debates e conferên-
e associado às artes plásticas. Esse movimento estético questionou as cias. Sobressaiu-se então Mário Cesariny de Vasconcelos. Entretanto, a
relações tradicionais entre autor e obra, lançou uma nova concepção da tradição de um lirismo alheio tanto ao modernismo como ao neo-realismo
literatura como linguagem e suscitou um aprofundamento dos poderes e é representada, no segundo quartel do século XX, por poetas como Gui-
limitações dos homens, quando confrontados com um mundo em crise. lherme de Faria, Florbela Espanca, Antônio Boto, José Duro, Fausto
Marco da introdução do modernismo em Portugal, a revista Orfeu, de Guedes Teixeira, João Lúcio, Cabral do Nascimento e muitos outros.
1915, teve apenas dois números, sendo o segundo dirigido pelas figuras
mais representativas da poesia portuguesa moderna, Fernando Pessoa e Poesia experimental. À fase de relativa estagnação entre 1950 e
Mário de Sá-Carneiro. 1960, em que há apenas a registrar o aparecimento de revistas literárias
como Távola Redonda, Cadernos de Poesia, Serpente e Árvore, entre
Com os seus heterônimos, Pessoa contribuiu com quatro poetas ex- outras, seguiu-se, na literatura portuguesa de vanguarda, a abertura de
traordinários: ele mesmo, que vai do ocultismo e do nacionalismo messiâ- novos caminhos, que levariam à denominada poesia experimental. Dessa
nico à aguda reflexão psicológica e metafísica; Alberto Caeiro, naturista fase em diante, em grande diversidade de caminhos, destacam-se o
desmitificador e encantatório; Ricardo Reis, pagão estóico de odes horaci- íntimo registro do cotidiano na poesia de Sofia de Melo Breyner Andresen,
anas e perfeitas; e Álvaro de Campos, cantor da técnica e da vida moder- as obras poéticas de Natércia Freire, particularmente as perspectivas da
nas e triturador niilista das ilusões e fantasias humanas. Por sua vez, Poesia Experimental onde começou a se apresentar a poética de Herberto
Mário de Sá-Carneiro parece ter vivido em sua própria autodestruição as Helder.
dissociações dos heterônimos pessoanos, mas em seus poemas encar-
nou todos os dramas da pátria. Este, mais tarde, subverteria a ordem do discurso literário em Vox e
Photomaton ao cruzar as fronteiras que dividem o consciente e o incons-
Uma das facetas do modernismo em Portugal, a vertente futurista ciente. Distinguiram-se, nesse movimento, entre outros, Ernesto M. de
compreendeu poetas como Almada-Negreiros e Santa Rita Pintor. Com a Melo e Castro, Ana Hatherley, Maria Alberta Meneses, Pedro Tamen e
proposta de romper com o o passado e de exprimir na arte o dinamismo Salette Tavares. Um segundo neo-realismo surgiria, em seguida, com
da vida moderna aparece o único número da revista Portugal Futurista, Alexandre Pinheiro Torres, Papiniano Carlos, Vasco Miranda e Luís Veiga
sendo nesta que Álvaro de Campos publicou seu "Ultimatum" (1917), um Leitão, este último enfatizando o regresso ao imediato da experiência
dos manifestos literários mais demolidores de todos os tempos. Depois, a comum.
partir de 1927, é na revista Presença, que se encontram outros modernos
do reconhecido valor na poesia, na ficção ou na crítica literária, como João Prosa. No romance e no conto prevaleceram nas últimas décadas do
Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro, José Régio e Branquinho da século XX tendências neo-realistas, conjugadas, em alguns casos, a
Fonseca, Afonso Duarte, Antônio de Navarro, Carlos Queirós, Antônio processos experimentais em busca de uma nova ética e estética, numa
Boto -- o poeta das Canções (1920) --, o contista e poeta Adolfo Rocha -- tentativa de superar o tradicional moralismo burguês. São nomes a citar

Língua Portuguesa 52
APOSTILAS OPÇÃO
Augusto Abelaira e Luís de Sttau Monteiro, dramaturgo e romancista cuja ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocí-
obra denuncia preconceitos e ilusões dominantes na sociedade portugue- nio.
sa. José Cardoso Pires, este um prosador que assimilou a técnica da short - busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contra-
story americana e reagiu contra a sentimentalidade ainda persistente no curvas, colunas retorcidas;
neo-realismo tradicional, e Agustina Bessa-Luís figuram entre as roman- - entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
cistas que lograram obter sucesso de crítica. Quanto ao noveau roman, - violentos contrastes de luz e sombra;
representam-no Alfredo Margarido, Artur Portela Filho e Almeida Faria. - pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de
ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.
Crítico e teorizador da poesia experimental, Gastão Cruz usa o corpo http://www.historiadaarte.com.br/barroco.html
como metáfora, para expressar a angústia de um mundo doentio, em
Poesia 1961-1981, coletânea de seus trabalhos. Já Natália Correia retoma Minas Gerais é o berço da mais forte e mais bela expressão de uma
os temas tradicionais do amor, da morte e da passagem do tempo em arte barroca genuinamente brasileira. Um mais alto poder aquisitivo --
Sonetos românticos. Outro nome de relevo é o de Davi Mourão-Ferreira, proporcionado pelo ouro, cuja exploração acabaria por destruir a rigidez
ligado a uma corrente da poesia dedicada à revalorização do mito, à social, colocando juntos, na mesma atividade mineratória, senhores e
apologia da imaginação, da aventura existencial e da ambiguidade, com escravos -- e uma aguda sensibilidade artística foram os principais fatores
base numa doutrina sobre a especificidade poética segundo a qual a que animaram a produção de arte em Minas Gerais, propiciando o apare-
função representativa da linguagem, a de objetificação das coisas, seria cimento de figuras exponenciais como o Aleijadinho, Manuel da Costa
distinta da sua função expressiva, relacionada à criação de valores. Ataíde, Bernardo Pires, João Batista Figueiredo, o guarda-mor José
Soares de Araújo e tantos outros. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
Na poesia de Fernando Guedes há reação a um cético passadismo Publicações Ltda.
mediante o tratamento de temas líricos religiosos. Antônio Ramos Rosa ARCADISMO
afastou-se teoreticamente do realismo social, mas a ele serve através de O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século
tangências e ambiguidades metafísicas. XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica
A busca de novo estilo e nova linguagem adaptados às mudanças do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No
que ocorreram em Portugal depois da revolução dos cravos de 1974, inclui Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do
a fábula política e o romance regional, assim como a literatura experimen- século XVIII.
tal. Nessa procura insere-se a originalidade da obra de José Saramago, A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de
que rompe com as fórmulas e códigos narrativos do neo-realismo numa tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao
descrição não-linear, em dois planos, o da realidade e o da fantasia. Com arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o
o mesmo sentido, Américo Guerreiro de Sousa, em Os cornos de Cronos, ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).
usa os artifícios da narrativa tradicional, para em seguida desacreditá-los Características
mediante a combinação do ridículo e do absurdo. Predomínio da razão
O tema da recuperação da memória está presente em Para sempre, Adoção de lemas latinos: fugere urbem (fuga da cidade), locus
do existencialista Virgílio Ferreira, cujo trabalho exemplifica a constante amoenus (lugar aprazível), carpe diem (aproveita o dia)
busca de novos meios de expressão, e em Amadeu, de Mário Cláudio. Pastoralismo
Paulo de Castilho explora, no romance Fora de horas, as tensões e confli- Imitação de modelos artísticos greco-romanos
tos de uma geração perdida entre as agitações estudantis de maio de
1968 e a revolução dos cravos.
Arcadismo no Brasil.
Numa alegoria do estado do Portugal contemporâneo inscreve-se o O arcadismo, no Brasil, apareceu quase ao mesmo tempo que em
romance O cais das merendas, de Lídia Jorge. Olga Gonçalves, faz o Portugal, propiciado pelo ciclo do ouro e seu embrião de classe média
relato da experiência vivida pelos homens e mulheres de Portugal, em urbana, letrada e inconfidente. Seus representantes estudaram com os
todos os níveis sociais, desde a revolução de abril, em Ora esquerdas, jesuítas e quase todos em Coimbra. Há duas fases e atitudes distintas, a
obra de estrutura fragmentária. Agustina Bessa-Luís escreve uma fábula épica e neoclássica, representada pelas contribuições de Santa Rita
política em O mosteiro, com analogias sutis entre os homens e mulheres Durão, Cláudio Manuel da Costa e José Basílio da Gama, e a ilustrada e
de uma família decadente e a casa real portuguesa. pré-romântica, com Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva
Almeida Faria, em Conquistador, elabora uma fábula sobre a desco- Alvarenga.
berta do eu e a percepção da condição humana através do erotismo. Santa Rita Durão foi o autor do épico Caramuru (1781), primeiro poe-
Joaquim Manuel Magalhães descreveu os anos que antecedem o fim do ma a tratar dos indígenas brasileiros e seus costumes, embora a partir da
século XX, um tempo de devastação e vazio moral, em A poeira levantada ideologia do catequista e colonizador. Mais propriamente árcade, Cláudio
pelo vento (1993). Manuel da Costa oferece nos sonetos neoclássicos de Obras (1768) o
melhor lirismo do movimento em terras brasileiras. José Basílio da Gama,
que em viagens pela Europa chegou a se filiar à Arcadia de Roma, mos-
Estilos e época tra-se um épico de liberdade às vezes surpreendente em seu Uraguai
BARROCO (1769), que antecipa o indigenismo.
A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irra- Nascido em Portugal, Tomás Antônio Gonzaga foi o mais famoso dos
diar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente árcades brasileiros, por sua Marília de Dirceu (1792). Mereceu essa
americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. distinção, quer pelas cores locais da lírica desse livro, quer pela virulência
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão das Cartas chilenas, que lhe são atribuídas, pois apresenta em uma e
ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram reali- outra obra indícios claros de seu pré-romantismo. Inácio José de Alvaren-
zar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e ga Peixoto, carioca, o mais envolvido na Inconfidência, e destroçado por
não o racionalismo da arte renascentista. ela, teve suas obras publicadas mais de setenta anos depois da morte,
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco tra- mostrando-se um pré-romântico de traços nativistas. O nativismo impõe-
duz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; se com sabor popular nos rondós e madrigais de Glaura (1799), de Silva
Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo Alvarenga, ainda mais pré-romântico que seus pares.
e cristianismo; espírito e matéria. Na entrada do século XIX, com o final sombrio da Inconfidência e do
Suas características gerais são: ciclo do ouro, a vinda da corte portuguesa e tantos motivos de mudança
ou de perplexidade, os ideais arcádicos e a poesia de um modo geral
- emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os senti-
empobreceram. Ainda assim, enquanto o romantismo arregimentava suas
dos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria
forças, a influência arcádica deu alguns epígonos fiéis, que mereceram de

Língua Portuguesa 53
APOSTILAS OPÇÃO
Manuel Bandeira a inclusão em sua antologia Poesia do Brasil (1963). 3º Geração (Condoreira)
Foram eles o padre Antônio Pereira de Sousa Caldas e José Bonifácio de Conhecida também como Condoreira, simbolizado pelo Condor, uma
Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, que ainda nos antigos ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos, ou
moldes da escola adotou o nome arcádico de Américo Elísio. ©En- Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, cujo foi grande
cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. pensador do social. Apresenta linguagem declamatória e vem carregada
de figuras de linguagem. Sentimento Social Liberal e Abolicionista.
ROMANTISMO Apresenta como pricipais autores Castro Alves, Sousândrade e Tobias
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Barreto.
O Romantismo foi um movimento artístico e filosófico surgido nas Castro Alves: Negro, denominado "Poeta dos Escravos", o mais
últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte expressivo representante dessa geração. Obras: Espumas Flutuantes,
do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao Navio Negreiro.
racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um Principais romancistas românticos brasileiros
nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu A
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo Moreninha e também O Moço Loiro.
toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa José de Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos:
a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores Luciola; A Viuvinha; Cinco Minutos; Senhora. Romances regionalistas: O
românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê. Romances históricos: A Guerra
drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. dos Mascates; As Minas de Prata. Romances indianistas: O Guarani,
Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela Iracema e o Ubirajara.
razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do
subjetividade, pela emoção e pelo eu. Realismo. Obras: Memórias de um Sargento de Milícias.
O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, num Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras:
sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece A Escrava Isaura; "O Seminarista"
de sentido objectivo.
Franklin Távora: regionalista. Obra mais importante: O Cabeleira.
Romantismo no Brasil
Visconde de Taunay: regionalista. Obra mais importante: Inocência.
De acordo com o tema principal, os romances românticos no Brasil
podem ser classificados como indianistas, urbanos ou regionalistas. No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880.
Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado
Romance indianista O índio era o foco da literatura, pois era de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período
considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente realista.
idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o
homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de SIMBOLISMO
assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, O Simbolismo, movimento literário que antecedeu a Primeira Guerra
o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo Mundial (1913-1918), surge como reação às correntes materialistas e
retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos. cientificistas da sociedade industrial do início do século XX. A palavra
Romance urbano Os temas desenvolvidos tratam da vida na capital simbolismo é originária do grego, e significa colocar junto. Os simbolistas,
e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos negando os parnasianos, aboliram o culto à forma de suas composições.
membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam Resgatando um ideal romântico, os poetas desse período mergulharam no
sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o inconsciente, na introspecção do eu; entretanto o fizeram de maneira bem
casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço. mais profunda que Garret, Camilo Castelo Branco e outros românticos.
Romance regionalista Propunha uma construção de texto que Origem:
valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que Em 1857, na França, Charles Baudelaire (1821-1867) publicou As Flo-
afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma res do Mal e em 1866 saiu o primeiro número da antologia Le Parnasse
nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, Contemporain. Nesta, foram expostas tanto composições simbolistas
representando a forma de vida e individualidade da população de cada quanto produções parnasianas. A poesia simbolista está ligada à ideia de
parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de decadência, daí seu primeiro nome ter sido Decadentismo; só mais tarde
centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, essa nova estética passou a chamar-se Simbolismo. Jean Moréas, teórico
além de o espaço físico afetar suas condições de vida. do grupo, em 1886 publicou um artigo chamado O século XX, que definia
1º Geração ( Nacionalista- indianista ) o movimento como "não tanto em seu tom decadente quanto em seu
caráter simbólico"; essa publicação colocou um ponto final na nomeação
Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. da nova estética, que passou a chamar-se Simbolismo. Tendo por base as
Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. ideias de Moréas, Eugênio de Castro lançou o movimento em Portugal
Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro e o com Oaristo; o nome dessa obra, em grego, significa "Diálogo intímo". No
primeiro dos grandes poetas. Obras: Canção do Exilio, I Juca Pirama. Brasil, o movimento chegou, sem influências portuguesas, com a publica-
Araújo Porto Alegre - fundou com os outros dois, a Revista Niterói- ção de Missal e de Broqueis, ambas de Cruz e Souza.
Brasiliense Características:
2º Geração ( Mal do Século ), também conhecida como Byroniana ou O Simbolismo representa uma espécie de volta ao Romantismo, es-
Ultra-Romantismo pecificamente ao "mal do século", que marcou a segunda fase romântica.
Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicureia destinada a Mas o mergulho simbolista no universo metafísico foi mais profundo que a
repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Soneto, imersão no movimento anterior. Os simbolistas buscavam integrar a
Lembranças de Morrer, Noites na Taverna poesia na vida cósmica, usando uma linguagem indireta e figurada. Cabe
Casimiro de Abreu. Obras: As Primaveras. Poemas: Pálida á ainda ressaltar que a diferença entre o Simbolismo e o Parnasianismo não
Luz,Poesia e amor, etc. está primeiramente na forma, já que ambos empregam certos formalismos
Fagundes Varela: Embora byroniano, a poesia dele já apresentava (uso do soneto, da métrica tradicional, das rimas ricas e raras e de voca-
algumas características da 3º geração do romantismo. bulário rico), mas no conteúdo e na visão de mundo do artista.
Junqueira Freire - Com estilo dividido entre a homossexualidade e a Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse movimen-
heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do to desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não limitar a arte
século XIX. ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando para
tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Essa
corrente literária deu atenção exclusiva à matéria submersa do"eu", explo-
Língua Portuguesa 54
APOSTILAS OPÇÃO
rando-a por meio de uma linguagem pessimista e musical, na qual a carga Características gerais
emotiva das palavras é ressaltada; a poesia aproxima-se da música Objetividade e impessoalidade
usando aliterações. Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de
O SIMBOLISMO NO BRASIL compromisso, e justifica por sua beleza. Faz referencias ao prosáico, e o
O Simbolismo no Brasil é um movimento que ocorre à margem do sis- texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
tema cultural dominante. Seu próprio desdobramento aponta para provín- Estética/Culto à forma - Como os poemas não assumem nenhum
cias de escassa ressonância: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano
Sul. É como se o gosto dos poetas da escola por neve e névoas, outonos busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz
e longos crepúsculos exigisse regiões frias e nebulosas. para tal. Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
Há quase um fatalismo geográfico: Alphonsus de Guimaraens produz Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há
seus textos nas cidades montanhosas e fantasmagóricas de Minas Gerais. uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos,
No Rio de Janeiro, de grandes sóis e clima tropical, o agrupamento simbo- porém também muito usada as rimas ABBA.
lista, mesmo com o reforço de Cruz e Sousa - que emigrara da antiga Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos,
cidade do Desterro (hoje Florianópolis) - acaba sufocado pela luz, pelo composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes
calor e pela onda parnasiana. de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no ultimo verso.
Os adeptos da nova estética tornam-se alvo de zombarias, quando Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o
não de desprezo. A maioria dos críticos não os compreende e o público mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou
leitor mostra-se indiferente ou hostil frente aquela poética aristocrática, doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou
complicada, pretensiosa. Somente depois do triunfo modernista, alguns apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez
desses poetas seriam revalorizados. sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis
Não se pense contudo que a marginalidade simbolista implica numa sílabas, etc.
mudança das relações de dependência entre os letrados brasileiros e os Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em
valores europeus. A exemplo dos parnasianos - e às vezes é difícil identi- objetos, objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição
ficar diferenças poéticas entre ambos - os simbolistas transplantam uma bem detalhada como "A Estátua" e "Vaso Chinês" de Alberto de Oliveira.
cultura que pouco tem a ver com a realidade local. Daí resulta uma poesia Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no
frequentemente distanciada tanto do espaço social quanto do jeito íntimo Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A
de ser brasileiro. Um pastiche dos "padrões sublimes da civilização". temática abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade
Outra vez estamos diante do velho sonho colonizado: reproduzir aqui Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os
os modelos recentes da arte europeia. A grande exceção neste contexto textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens
parece ser a obra de Cruz e Sousa, embora outros poetas do período marcados na história e até mesmo objetos.
tenham deixado criações isoladas de relativo interesse e qualidade. Cavalgamento ou encadeamento sintático - Ocorre quando o verso
As primeiras experiências de acordo com os novos preceitos são rea- termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não
lizadas por Medeiros e Albuquerque, a partir de 1890. Porém, os textos terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de
que verdadeiramente inauguram o Simbolismo pertencem a Cruz e Souza baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para
que, em 1893, lança duas obras renovadoras: Broquéis e Missal. A primei- priorizar a métrica e o conjunto de rimas.Exemplo:
ra compõe-se de poemas em versos e a segunda de poemas em prosa. "Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada e triste e triste e fatigado eu
vinha."
http://educaterra.terra.com.br/literatura/simbolismo/simbolismo_7.htm
No Brasil
PARNASIANISMO
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do
Modernismo brasileiro. A importância deste movimento no país deve-se não
O parnasianismo é uma escola literária ou estilo de época que se
só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência,
desenvolve na poesia a partir de 1850.
uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida
Origens literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em 1922.
Movimento literário de origem francesa, que representou na poesia o Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e
espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX em mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de
oposição ao romantismo. uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à
Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das
algumas décadas o simbolismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas
montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas, formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.
uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a
da Antiguidade clássica. socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves
versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica e pela Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a
preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O Parnasianismo
linguagem figurada é reduzido, com a valorização do exotismo e da surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior
mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), e firmou-se
paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como definitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), Alberto de
para os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os Oliveira (Meridionais. 1884) e Olavo Bilac (Relicário. 1888).
autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a O parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que
arte devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor, por recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele,
exemplo. pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo
O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não
diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino
lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811- de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o
1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o
José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana, Sully Prudhomme universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita
(1839-1907). Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos
movimento. vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do
determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.

Língua Portuguesa 55
APOSTILAS OPÇÃO
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que NATURALISMO NO BRASIL – No país, a tendência manifesta-se nas
configuraram a chamada tríade parnasiana, o movimento teve outros artes plásticas e na literatura. Não há produção de textos para teatro, que
grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, se limita a encenar peças francesas.
Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Nas artes plásticas está presente na produção dos artistas paisagistas
Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur do chamado Grupo Grimm. Seu líder é o alemão George Grimm (1846-
Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto de Lima, 1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Em 1884, ele
Luís Murat e Mário de Lima. rompe com a instituição, que segue as regras das academias de arte e
A partir de 1890, o Simbolismo começou a superar o Parnasianismo. rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre, sem seguir modelos
O realismo classicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói (RJ). Entre seus
Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de alunos se destaca Antonio Parreiras (1860-1945). Outro naturalista impor-
técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de tante é João Batista da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetivi-
seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo dade a luz e as cores da paisagem brasileira.
ao Modernismo em sua primeira fase. Na literatura, em geral não há fronteiras nítidas entre textos naturalis-
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu tas e realistas. No entanto, o romance O Mulato (1881), de Aluísio Azeve-
movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os do (1857-1913), é considerado o marco inicial do naturalismo no país.
próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de Trata-se da história de um homem culto, mulato, que vive o preconceito
Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o racial ao se envolver com uma mulher branca. Outras obras classificadas
Simbolismo, o Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do como naturalistas são O Ateneu, de Raul Pompéia (1863-1895), e A
século XX, a uma poesia sincretista e de transição. Carne, de Júlio Ribeiro (1845-1890). A tendência está na base do regiona-
Olavo Bilac lismo, que, nascido no romantismo, se consolida na literatura brasileira no
Alberto de Oliveira fim do século XIX e existe até hoje.
Raimundo Correia Pré-Modernismo
Vicente de Carvalho O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não
constitui uma "escola literária", ou seja, não temos um grupo de autores
Luís Delfino afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas caracte-
Mário de Lima rísticas. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa
REALISMO uma vasta produção literária que abrangeria os primeiros 20 anos deste
Movimento artístico que se manifesta na segunda metade do século século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literá-
XIX. Caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realida- rios, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a
de e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico faz com produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regio-
que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para nalismo, além de outros mais preocupados com uma literatura política e
reforçar a denúncia social. O realismo representa uma reação ao subjeti- outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.
vismo do romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteú- Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação
do ideológico leva ao naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se da realidade brasileira e por seu valor estilístico, limitaremos o Pré-
confundem. Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Ara-
No Brasil nha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período
A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os
decadência da economia açucareira no Brasil e o país experimenta sua sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha - e se estende
primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se até o ano de 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna.
origina, aliado a leitura de grandes mestres realistas europeus como A literatura brasileira atravessa um período de transição nas primeiras
Stendhal, Balzac, Dickens e Vitor Hugo, propiciarão o surgimento do décadas do século XX. De um lado, ainda há a influência das tendências
Realismo no Brasil. artísticas da segunda metade do século XIX; de outro, já começa a ser
Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance preparada a grande renovação modernista, que se inicia em 1922, com a
naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Semana de Arte Moderna. A esse período de transição, que não chegou a
Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil). constituir um movimento literário, chamou-se Pré-Modernismo.
Machado de Assis Nas duas primeiras décadas do século, nosso país passou por várias
transformações que apontavam para uma modernização de nossa vida
Raul Pompéia
política, social e cultural.
Aluízio Azevedo
Politicamente, vivia-se o período de estabilização do regime republi-
NATURALISMO cano e a chamada "política do café-com-leite", com a hegemonia de dois
O Naturalismo é um incremento do Realismo, e existe contemporane- Estados da federação: São Paulo, em razão de seu poder econômico, e
amente a ele, como já dito anteriormente. Em Portugal, tendências realis- Minas Gerais, por possuir o maior colégio eleitoral do país.
tas e naturalistas são encontradas em uma mesma obra, como ocorre em Embora não tivesse absorvido toda a mão-de-obra negra disponível
O Primo Basílio, de Eça de Queirós. No Brasil, apesar de haver algumas desde a Abolição, o país recebeu nesse período um grande contingente
divergências e, por exemplo, aspectos naturalistas nas obras realistas de de imigrantes para trabalhar na lavoura do café e na indústria.
Machado de Assis e Raul Pompéia, o processo ocorre mais separadamen-
Os imigrantes italianos, que se concentraram na indústria paulista,
te. Os autores classificados didaticamente realistas são Machado de Assis
trouxeram consigo ideias anarquistas e socialistas, que ocasionaram o
- principalmente - e Raul Pompéia, enquanto os classificados naturalistas aparecimento de greves, de crises políticas e a formação de sindicatos.
são Aluísio Azevedo - o principal, Inglês de Sousa e Adolfo Caminha.
Do ponto de vista cultural, o período foi marcado pela convivência en-
Os romances naturalistas são chamados experimentais, seus fatos
tre várias tendências artísticas ainda não totalmente superadas e algumas
são usados como experiências científicas, e assim é apresentada uma
novidades de linguagem e de ideologia. Esse período, que representou
conclusão, enquanto nos romances realistas, ditos documentais, os fatos
um verdadeiro cruzamento de ideias e formas literárias, é chamado de
são analisados e observados, e o leitor que dá sua conclusão. O Natura- Pré-Modernismo.
lismo defende a exposição do ser humano através de seus instintos natu-
rais, sendo estes os responsáveis pelos seus atos. Percebemos isto, por As novidades
exemplo, em O Cortiço, de Aluízio de Azevedo, no qual, muitas vezes ao Embora os autores pré-modernistas ainda estivessem presos aos
descrever as pessoas, tratavam-nas como animais. modelos do romance realista-naturalista e da poesia simbolista, ao menos
http://www.temploxv.pro.br/literatura.aspx?IDItem=9&IDPai=9 duas novidades essenciais podem ser observadas em suas obras:

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APOSTILAS OPÇÃO
interesse pela realidade brasileira: os modelos literários realistas- 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana de
naturalistas eram essencialmente universalizantes. Tanto na prosa de Arte Moderna.
Machado de Assis e Aluísio Azevedo quanto na poesia dos parnasianos e Características
simbolistas, não havia interesse em analisar a realidade brasileira. A Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma "escola literária",
preocupação central desses autores era abordar o homem universal, sua apresentando individualidades muito fortes, com estilos — às vezes anta-
condição e seus anseios. Aos escritores pré-modernistas, ao contrário, gônicos — como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e de Lima
interessavam assuntos do dia-a-dia dos brasileiros, originando-se, assim, Barreto, podemos perceber alguns pontos comuns às principais obras pré-
obras de nítido caráter social. Graça Aranha, por exemplo, retrata em seu modernistas:
romance Canaã a imigração alemã no Espírito Santo; Euclides da Cunha,
em Os sertões, aborda o tema da guerra e do fanatismo religioso em Apesar de alguns conservadorismos, o caráter inovador de algumas
Canudos, no sertão da Bahia; Lima Barreto detém-se na análise das obras, que representa uma ruptura com o passado, com o academismo; a
populações suburbanas do Rio de Janeiro; e Monteiro Lobato descreve a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteada de palavras "não-poéticas",
miséria do caboclo na região decadente do Vale do Paraíba, no Estado de como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta a. poesia parnasia-
São Paulo. A exceção está na poesia de Augusto dos Anjos, que foge a na ainda em vigor. Lima Barreto ironiza tanto os escritores "importantes"
esse interesse social. que utilizavam uma linguagem pomposa quanto os leitores que se deixa-
vam impressionar: "Quanto mais incompreensível é ela (a linguagem),
a busca de uma linguagem mais simples e coloquial. embora não se mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entende-
verifique essa preocupação na obra de todos os pré-modernistas, ela é ram o escrito" (Os bruzundangas).
explícita na prosa de Lima Barreto e representa um importante passo para
a renovação modernista de 1922. Lima Barreto procurou "escrever brasi- A denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado
leiro", com simplicidade. Para isso, teve de ignorar muitas vezes as nor- do Romantismo e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordes-
mas gramaticais e de estilo, provocando a ira dos meios acadêmicos tino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-
conservadores e parnasianos. Modernismo.
- o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o vale do Paraíba e o
Contexto histórico interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha;
Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o o subúrbio carioca com Lima Barreto.
Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história Os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira,
republicana. Os dois primeiros presidentes do Brasil, após a proclamação os funcionários públicos, os mulatos.
da República, eram militares: o marechal Deodoro da Fonseca e o mare-
chal Floriano Peixoto. O primeiro presidente civil, o paulista Prudente de Uma ligação com fatos políticos, econômicos o sociais contemporâ-
Morais, tomou posse em 1894. Com ele, teve início uma alternância de neos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção. São exemplos:
poder conhecida como "café-com-leite", que se manteve durante as três Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (retrata o governo de
primeiras décadas do século XX. A expressão designa a política estabele- Floriano e a Revolta da Armada), Os sertões, de Euclides da Cunha (um
cida, mediante acordo tácito, pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. relato da Guerra de Canudos), Cidades mortas, de Monteiro Lobato (mos-
A economia do primeiro baseava-se na cultura e exportação do café; a de tra a passagem do café pelo vale do Paraíba paulista), e Canaã, de Graça
Minas Gerais, na produção de café e de laticínios. Aranha (um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo).
O advento da República acentuou ainda mais os contrastes da socie- Como se observa, essa "descoberta do Brasil" é a principal herança
dade brasileira: os negros, recém-libertados, marginalizaram-se; os imi- desses autores para o movimento modernista, iniciado em 1922.
grantes chegavam em razoável quantidade para substituir a mão-de-obra O Pré-Modernismo é uma fase de transição e, por isso, registra :
escrava,- surgia uma nova classe social: o proletariado, camada social Um traço conservador
formada pelos assalariados. A permanência de características realistas/naturalistas, na prosa, e a
Resumindo: de um lado, ex-escravos, imigrantes e proletariado nas- permanência de um poesia de caráter ainda parnasiano ou simbolista.
cente; de outro, uma classe conservadora, detentora do dinheiro e do Um traço renovador
poder. Mas toda essa prosperidade vem acentuar cada vez mais os fortes Esse traço renovador — como ocorreu na música — revela-se no inte-
contrastes da realidade brasileira resse com que os novos escritores analisaram a realidade brasileira de
Da tensão entre esses dois pólos sociais resultou, direta ou indireta- sua época: a literatura incorpora as tensões sociais do período. O regiona-
mente, um panorama nada tranquilo, época de agitações sociais. Do lismo — nascido do Romantismo — persiste nesse momento literário, mas
abandonado Nordeste partem os primeiros gritos de revolta: no final do com características diversas daquelas que o animaram durante o Roman-
século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, tismo. Agora o escritor não deseja mais idealizar uma realidade, mas
de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é palco denunciar os desequilíbrios dessa realidade. Esse tom de denúncia é a
de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim inovação nessa tentativa de "pintar" um retrato do Brasil. Além disso, dois
Ciço"; o sertão vive o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lam- dos mais importantes escritores da época — Lima Barreto e Monteiro
pião. Lobato — deixaram claro sua intenção de escrever numa linguagem mais
Em 1904, o Rio de Janeiro assiste a uma rápida mas intensa revolta simples, que se aproximasse do coloquial.
popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória Na maior parte da obras pré-modernistas é imediata a relação entre o
idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, trata-se de uma revolta contra assunto e a realidade contemporânea ao escritor:
o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há Em Triste fim de Policarpo Quaresma, romance mais importante de
outra importante rebelião, dessa vez dos marinheiros, liderados por João Lima Barreto, o escritor denunciou a burocracia no processo político
Cândido, o "almirante negro", conhecida corno Revolta da Chibata, contra brasileiro, o preconceito de cor e de classe e incorporou fatos ocorridos
o castigo corporal. Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalha- durante o governo do Marechal Floriano.
doras, sob orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por
Em Os Sertões, Euclides da Cunha fez a narrativa quase documental
melhores condições de trabalho.
da Guerra de Canudos.
Embora as tensões sociais explodissem em focos diversos, a riqueza
Em Canaã, Graça Aranha analisa minuciosamente os problemas da
do país aumentava cada vez mais: a economia cafeeira no Sudeste atin-
fixação dos imigrantes em terras brasileiras.
gia seu período áureo, assim como a cultura e a comercialização da
borracha na Amazônia. Em Urupês e Cidades mortas, Monteiro Lobato destaca a decadência
econômica dos vilarejos e da população cabocla do Vale do Paraíba,
A rápida urbanização de São Paulo é um índice da riqueza do país,
durante a crise do café.
concentrada na mão dos poucos indivíduos que compunham a elite.
Na poesia, o único poeta importante a romper com o bem-comportado
Foi nesse contexto, aqui rapidamente delineado, que surgiram mu-
vocabulário parnasiano foi Augusto dos Anjos.
danças na arte brasileira. Essas agitações são sintomas da crise na
"Republicado café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de Fonte:http://www.brasilescola.com/literatura/pre-modernismo.htm

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APOSTILAS OPÇÃO
MODERNISMO (1922-1960) quência das agitações em torno da SAM. Inovadora em todos os sentidos:
http://www.graudez.com.br/literatura/modernismo.html gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.
"Todo este sangue de mil raças / corre em minhas veias / sou brasileiro “— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o pas-
/ mas do Brasil sem colarinho / do Brasil negro / do Brasil índio." sado, caminha para diante, sempre, sempre.”
--Sérgio Milliet Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Iniciou-se no Brasil com a SAM de 1922. Mas nem todos os partici- Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correioda Manhã. Em
pantes da Semana eram modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi 1925, é publicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil de Os-
um dos oradores. Apesar de não ter sido dominante no começo, como wald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasilei-
atestam as vaias da platéia da época, este estilo, com o tempo, suplantou ra, a partir de uma redescoberta do Brasil.
os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação da “— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos
linguagem com a linguagem falada; os de primeira fase eram especial- verdes da Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos.”
mente radicais quanto a isto.
“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A
Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreve-
A Revista (1925-1926)
rência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes
romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo Responsável pela divulgação dos ideais modernistas em MG. Teve
por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso apenas três números e contava com Drummond como um de seus redato-
ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo. res.
Referências históricas Verde-Amarelismo (1926-1929)
Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, É uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil. Grupo formado por
tranquilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano
Neocolonialismo. Ricardo. Criticavam o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua propos-
ta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascis-
Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo
mo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30).
ameaça.
Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o
Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo —
avião. Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
Concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da má- Manifesto Regionalista de 1926
quina, da informação, da velocidade.
1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pe-
Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa. los estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste
Abolir todas as regras. O passado é responsável. O passado, sem (Recife) busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos
perfil, impessoal. Eliminar o passado. novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da
Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir. Recomeçar. região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos
Rever. Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo
originalidade e incompreensão, autenticidade e novidade. nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo
Vanguarda - estar à frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral - na 2ª fase
padrão cultural vigente. modernista.
Primeira fase Modernista no Brasil (1922-1930) Revista Antropofagia (1928-1929)
Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições. Pe- Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928
ríodo rico em manifestos e revistas de vida efêmera. e 1929) direção Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a
segunda foi publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário de
Um mês depois da SAM, a política vive dois momentos importantes:
São Paulo (1929) e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz. É
eleições para Presidência da República e congresso (RJ) para fundação
uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta ao grupo Verde-
do Partido Comunista do Brasil. Ainda no campo da política, surge em
amarelismo. A origem do nome movimento esta na tela “Abaporu” de
1926 o Partido Democrático que teve entre seus fundadores Mário de
Tarsila do Amaral.
Andrade.
1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com
É a fase mais radical justamente em consequência da necessidade de
Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de
definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter
Macunaíma), Carlos Drummons (3º número publicou a poesia “No meio do
anárquico e forte sentido destruidor.
vaminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de
Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia,
2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Má-
Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
rio de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz,
Características Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os alvos das críticas
busca do moderno, original e polêmico (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha,
nacionalismo em suas múltiplas facetas Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.
volta às origens e valorização do índio verdadeiramente brasileiro “SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Fi-
“língua brasileira” - falada pelo povo nas ruas losoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os
paródias - tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De todos
os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question.” (Manifesto
A postura nacionalista apresenta-se em duas vertentes: Antropófago)
nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade, identifica- “A nossa independência ainda não fo proclamada. Frase típica de D.
do politicamente com as esquerdas. João VI: — Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum
nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as corren- aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito
tes de extrema direita. bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.” (Revista de
Manifestos e Revistas Antropofagia, nº 1)
Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923) Outras Revistas
Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a Revista Verde de Cataguazes (MG - 1927-1928)
buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é conse- revista Estética (RJ - 1924)

Língua Portuguesa 58
APOSTILAS OPÇÃO
revista Terra Roxa e outras Terras (SP - 1926, colaborador Mário de Poemas Murais (1950)
Andrade) Sonetos (1952)
revista Festa (RJ - 1927, Cecília Meireles como colaboradora) João Torto e A Fábula (1956)
Autores Arranha-Céu de Vidro (1956)
Alcântara Machado (1901-1935) Poesias Completas (1957)
Foi um importante escritor modernista da primeira fase, apesar de não Montanha Russa (1960)
ter participado da SAM, integrando o grupo somente em 25. Produziu A Difícil Manhã (1960)
prosa ficcional, renovando sua estrutura para construir histórias curtas e
do cotidiano. Privilegia o imigrante, principalmente o italiano, e sua fusão, Jeremias sem Chorar (1964)
ampliando o universo cultural de São Paulo. Prosa:
Apesar de não ser tão radical como os outros modernistas contempo- O Brasil no Original (1936)
râneos seus, usava uma linguagem em seus contos que se aproximava O Negro na Bandeira (1938)
muito do falado. Seus personagens do livro de contos Brás, Bexiga e A Academia e a Prosa Moderna (1939)
Barra Funda falavam uma mistura de italiano e português. Retrata uma Pedro Luís Visto Pelos Modernos (1939)
realidade citadina e realista, num tom divertido, enfatizando a vida difícil
Marcha para o Oeste (1943)
dos imigrantes e sua ascensão.
A Academia e a Língua Brasileira (1943)
Nunca chegou a completar seu romance Mana Maria, que foi publica-
do um ano depois de sua prematura morte. Pouco antes do fim da vida, A Poesia na Técnica do Romance (1953)
rompeu relações com Oswald de Andrade por motivos ideológicos, ao O Homem Cordial (1959)
mesmo tempo em que sua amizade com Mário de Andrade se estreitava. 22 e a Poesia de Hoje (1962)
Brás, Bexiga e Barra Funda - contos com fragmentação de episódios, Reflexos sobre a Poética de Vanguarda (1966)
até registro de cenas sem interesse, mapeamento de São Paulo, exótico Guilherme de Almeida (1890-1969)
nos nomes das personagens, menção a produtos de consumo da época,
Sempre se ajustou aos padrões e foi disciplinado, com mestria sobre
gírias esquecidas etc.
a língua e seus dispositivos técnicos. Exímio poeta que pode ter sua obra
“Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De auto- dividida em três etapas:
móvel ou carro só mesmo em dia de enterro ou casamento. Por isso
Pré-modernista - Nós (só de sonetos, 1917), A Dança das Horas
mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho.
(1919), Messidor (contendo os dois anteriores mais A Suave Colheita,
(...) Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o
1919), Livro de Horas de Sóror Dolorosa (1920) e Era Uma Vez..., (1922) -
pegou. Pegou e matou. / No bonde vinha o pai do Gaetaninho. / A guriza-
influência parnasiano-simbolista, habilidoso artista do verso
da assustada espalhou a notícia na noite. / — Sabe o Gaetaninho? / —
Que é que tem? / — Amassou o bonde! / (...) às dezesseis horas do dia Modernismo - A Frauta que Eu Perdi (subtítulo Canções Gregas,
seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boléia 1924) Meu (1925) e Raça (1925) - versos livres, sonoridade e ressurgir de
de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um algumas rimas. Raça (rapsódia da mestiçagem brasileira) pertence ao
caixão fechado com flores pobres por cima.” nacionalismo estético com nomeação metonímica (português = velho
cavaleiro, índio reluz em cores e preto = samba), versos grandes, frases
Laranja da China - luso-brasileiro toma o lugar do italiano, ainda na li-
nominais e vocábulos mais raros.
nha do cotidiano em suas minúcias. Todos os contos apresentam uma
espécie de paródia desde o título: O Revoltado Robespierre (Sr. Natanael Pós-Modernismo - Você (1930), Acaso (1938), Poesia Vária (1947),
Robespierre dos Anjos). Camoniana (1956) e Pequeno Cancioneiro (1956) - retorno ao ponto de
origem: versos metrificados, rimas raras, sonetos e sentimentalismo.
Obras principais:
Apanágio da técnica, reconstitui a maneira de Camões e dos Cancioneiros
Pathé Baby (1926)
“Há uma encruzilhada de três estradas sob a minha cruz de es-
Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) trelas azuis: / três caminhos se cruzam — um branco, um verde e um
Laranja da China (1928) preto — três hastes da grande cruz. / E o branco que veio do norte, e o
Anchieta na Capitania de São Vicente (1928) verde que veio da terra, e o preto que veio do leste. / derivam num novo
Mana Maria (romance inacabado e publicado pós-morte 1936) caminho, completam a cruz unidos num só, fundidos num vértice. / Fusão
ardente na fornalha tropical de barro vermelho, cozido, estalando ao calor
Cavaquinho e Saxofone (coletânea de artigos e estudos, 1940)
modorrento dos sóis imutáveis: (...)”
Escreveu para Terra Roxa e Outras Terras (um de seus fundadores),
--Minha Cruz!, in Raça
para a Revista Antropofagia e para a Revista Nova (que dirigiu).
Manuel Bandeira (1886-1968)
Cassiano Ricardo (1895-1974)
É uma das figuras mais importantes da poesia brasileira e um dos ini-
Paulista, Cassiano deixou uma obra marcada pelas tendências de seu
ciadores do Modernismo. Do penumbrismo pós-simbolista de A Cinza das
tempo sem, entretanto, deixar um estilo próprio. Iniciou sua carreira com
Horas às experiências concretas da década de 60 de Composições e
Dentro da Noite (1915) neo-simbolismta, passou por tendências parnasia-
Ponteios, a poesia de Bandeira destaca-se pela consciência técnica com
nas em A Frauta de Pã (1917, para integrar-se ao Verde-amarelismo com
que manipulou o verso livre. Participa indiretamente da SAM, quando
Vamos Caçar Papagaios (1926). Com o formalismo de 45, torna-se medi-
Ronald de Carvalho declama seu poema Sapos.
tativo e melancólico. Em 1960, entra para a corrida vanguardista com
experimentalismo e franca adesão ao Concretismo e à Poesia Praxis. Sempre pensando que morreria cedo (tuberculoso), acabou vivendo
muito e marcando a literatura brasileira. Morte e infância são as molas
Obras principais:
propulsoras de sua obra. Ironizava o desânimo provocado pela doença,
Poesia: mas em Cinza das Horas apresenta melancolia e sofrimento por causa da
Dentro da Noite (1915) “dama branca”. Além de ser um poeta fabuloso, também foi ensaísta,
A Frauta de Pã (1917) cronista e tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do "gosto
Vamos Caçar Papagaios (1926) humilde da tristeza".
Martim-Cererê (1928) “Febre, hemoptise, dispnéia, e suores noturnos. / A vida inteira que
Deixa Estar, Jacaré (1931) podia ter sido e que não foi. / Tosse, tosse, tosse. / Mandou chamar o
médico: / — Diga trinta e três. / — Trinta e três... trinta e três... trinta e
O Sangue das Horas (1943) três... / — Respire. (...) / — O senhor tem uma escavação no pulmão
Um Dia depois do Outro (1947) esquerdo e o pulmão direito infiltrado. / — Então, doutor, não é possível
A Face Perdida (1950)

Língua Portuguesa 59
APOSTILAS OPÇÃO
tentar o pneumotórax? / — Não. A única coisa a fazer e tocar um tango Sua faceta de teórico de estética literária pode ser avaliado em A Es-
argentino.” crava que não é Isaura, onde expõe pequenos e paliativos remédios da
--Pneumotórax farmacopéia didático-técnico-poética do Modernismo.
Ritmo Absoluto e Libertinagem são frutos de um processo de integra- “Eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não de-
ção com o Rio. Sua poesia contagia-se de uma visão erótico-sentimental, vemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição. O
resultante da forma de encarar o amor a partir da experiência do corpo. homem atravessa uma fase integralmente política da humanidade. Nunca
Libertinagem usa lirismo solto, repleto de cenas do cotidiano, com verda- jamais ele foi tão ‘momentâneo’ como agora.”
deiras aulas de solidariedade e ternura. --O Movimento Modernista - conferência
“Irene preta / Irene boa / Irene sempre de bom humor. / Imagino Ire- Clã do Jabuti resulta da viagem de descoberta do Brasil, numa apro-
ne entrando no céu: / — Licença, meu branco! / E São Pedro bonachão: / ximação com o folclore como fonte de criação poética. Apoiando-se nas
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.” tradições populares brasileiras, utiliza a toada, o coco, a moda, o samba
para sustentar seus poemas.
--Irene no Céu, in Libertinagem
Seu primeiro romance é Amar, Verbo Intransitivo que penetra na es-
Em Estrela da Manhã, atinge a plenitude de seu lirismo libertário, trutura familiar da burguesia paulistana, sua moral e seus preconceitos.
mostrando que tudo pode ser matéria poética: um clássico esquecido, Aborda, ao mesmo tempo, os sonhos e a adaptação dos imigrantes na
uma frase de criança, uma notícia de jornal, a casa em que morava e até agitada Paulicéia.
mesmo uma propaganda de três sabonetes (Baladas das três mulheres do Já em Macunaíma, Herói sem nenhum caráter, cria um anti-herói com
sabonete Araxá). um perfil indolente, brigão, covarde, sincero, mentiroso, trabalhador,
Obras principais: preguiçoso, malandro, otário - multifacetado. Inspirando-se no folclore
Poesia: indígena da Amazônia, mesclando a lendas e tradições das mais variadas
A Cinza das Horas (1917) regiões do Brasil, constrói-se um herói que encarna o homem latino-
Carnaval (1919) americano. Macunaíma é uma figura totalmente fora dos esquemas tradi-
O Ritmo Dissoluto (1924) cionais da prosa de ficção, uma aglutinação de alguns possíveis tipos
Libertinagem (1930) brasileiros. Sempre na defesa, Macunaíma começa comendo terra e
Estrela da Manhã (1936) acaba sendo comido pela terra.
Lira dos Cinquent’Anos (1940) Renate de Males já evidencia certo distanciamento em relação ao
Belo, Belo (1948) desvairismo inicial. Em Contos de Belazarte, manifesta acentuada preocu-
Mafuá do Malungo (1948) pação com uma análise psicológico-social das relações familiares, revela-
Opus 10 (1952) das através de uma linguagem inovadora (sintático e lexicalmente).
Estrela da Tarde (1963)
Estrela da Vida Inteira (1966) Na obra Lira Paulistana, Mário faz uma interpretação poética de seu
Prosa: destino e integração com a cidade de São Paulo. O reflexo do eu na
Crônicas da Província do Brasil (1937) transparência do rio Tietê mostra as águas do rio como se fosse um
Guia de Ouro Preto (1938) espelho mágico.
Noções de História das Literaturas (1940) Inspiração - “São Paulo! comoção de minha vida ... / Os meus amores
Literatura Hispano-Americana (1949) são flores feitas de original... / Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e
Gonçalves Dias (1952) ouro... / Luz e bruma... Forno e inverno morno... / Elegâncias sutis sem
Itinerário de Pasárgada (1954) escândalos, sem ciúmes... / Perfumes de Paris... Arys!”
De Poetas e de Poesia (1954) --in Poesias Completas
Flauta de papel (1957) O Banquete é um explosivo depoimento sobre as linhas mestras do
Andorinha, Andorinha (seleção de Carlos Drummond de Andrade, pensamento estético de Mário de Andrade, além de constituir uma sátira
1966) sobre certos comportamentos típicos no tempo da ditadura estadonovista.
Colóquio Unilateralmente Sentimental (1968) "Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são."
Mário de Andrade (1893-1945) --Macunaíma
Um dos organizadores do Modernismo e da SAM, foi o que apresen- Obras Principais
tou projeto mais consistente de renovação. Começou escrevendo críticas Poesia
de arte e poesia (ainda parnasiana) com o pseudônimo de Mário Sobral. Há uma Gota de Sangue em casa Poema (1917)
Rompeu com o Parnasianismo e o passado com Paulicéia Desvairada e a Paulicéia Desvairada (1922)
Semana, da qual participou ativamente. Losango Cáqui (1926)
Injetou em tudo que fez um senso de problemático brasileirismo, daí Clã do Jabuti (1927)
sua investida no folclore. De jeito simples, sua coloquialidade desarticulou Remate de males (1930)
o espírito nacional de uma montanha de preconceitos arcaicos. Lutou Poesias (1941)
sempre por uma literatura brasileira e com temas brasileiros. Lira Paulistana (1946)
“O passado é lição para se meditar e não para se reproduzir” - afirma- O Carro da Miséria (1946)
va assim a necessidade de um presente novo, inventivo. Acreditava na Poesias Completas (1955)
arte como instrumento de debate e de combate, comportamento evidenci- Conto
ado em Paulicéia Desvairada. Esta obra oferece uma panorâmica da Primeiro Andar (1926)
cidade e de sua vida, ao criticar a mania obsessiva de posse, aqui tam- Balazarte (1934)
bém satiriza a incompetência dos administradores. Contos Novos (1946)
“Oh! Minhas alucinações” / Vi os deputados, chapéus altos / sob o Romance
pálio vesperal, feito de mangas-rosas, / saírem de mãos dadas do Con- Amar, Verbo Intransitivo (1927)
gresso... / Como um possesso num acesso em meus aplausos / aos Macunaíma (1928)
salvadores do meu estado amado! (...) / Mas os deputados, chapéus altos Ensaio
/ Mudavam-se pouco a pouco em cabras! / Crescem-lhes os cornos, A Escrava que não é Isaura (1925)
decemlhes as barbichas... (...) / se punham a pastar / rente do palácio do O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935)
senhor presidente... / Oh! Minhas alucinações!” O Baile das Quatro Artes (1943)
--O rebanho, in Paulicéia Desvairada Aspectos da Literatura Brasileira (1943)
O Empalhador de Passarinhos (1944)
O Banquete (1978)

Língua Portuguesa 60
APOSTILAS OPÇÃO
Crônicas (B) identificado como aprimoramento tecnológico que resulte em ativi-
Os Filhos da Candinha (1943) dade economicamente viável.
Musicologia e Folclore (C) caracterizado como uma atividade que redunde em maiores lucros
para todos os indivíduos de uma comunidade.
Ensaio sobre Música Brasileira (1928) (D) definido como um atributo da natureza que induz os homens a
Compêndio de História da Música (1929) aproveitarem apenas o que é oferecido em sua forma natural.
Modinhas e Lundus Imperiais (1930) (E) aceito como um processo civilizatório que implique melhor distribui-
Música, Doce Música (1933) ção de renda entre todos os agentes dos setores produtivos.
Namoros com a Medicina (1939)
2. Considere as seguintes afirmações:
Música do Brasil (1941)
I. A banalização do uso da palavra progresso é uma consequência
Danças Dramáticas do Brasil (1959) do fato de que a Ecologia deixou de ser um assunto acadêmico.
Música de Feitiçaria (1963) II. A expressão desenvolvimento sustentável pressupõe que haja
História da Arte formas de desenvolvimento nocivas e predatórias.
Padre Jesuíno de Monte Melo (1946) III. Entende o autor do texto que a magia da palavra progresso advém
do uso consciente e responsável que a maioria das pessoas vem
outros folhetos reunidos nas Obras Completas
fazendo dela.
Em relação ao texto está correto APENAS que se afirmar em
(A) I. (B))II.
EXERCÍCIOS – INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que 3. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente uma frase do
segue. texto em:
No coração do progresso (A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me antecipar a qualquer
conclusão.
Há séculos a civilização ocidental vem correndo atrás de tudo o que (B) continuamos a usar indiscriminadamente a palavrinha mágica =
classifica como progresso. Essa palavra mágica aplica-se tanto à inven- seguimos chamando de mágico tudo o que julgamos sem precon-
ção do aeroplano ou à descoberta do DNA como à promoção do papai no ceito.
novo emprego. “Estou fazendo progressos”, diz a titia, quando enfim (C) para cercear as iniciativas predatórias = para ir ao encontro das
acerta a mão numa velha receita. Mas quero chegar logo ao ponto, e ações voluntariosas.
convidar o leitor a refletir sobre o sentido dessa palavra, que sempre (D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto da qualidade da vida =
pareceu abrir todas as portas para uma vida melhor. práticas alheias ao que diz respeito às condições de vida.
Quando, muitos anos atrás, num daqueles documentários de cinema, (E)) há de adequar-se a um planejamento = deve ir ao encontro do que
via-se uma floresta sendo derrubada para dar lugar a algum empreendimen- está planificado.
to, ninguém tinha dúvida em dizer ou pensar: é o progresso. Uma represa
monumental era progresso. Cada novo produto químico era um progresso. 4. Cada intervenção na natureza há de adequar-se a um planejamento
As coisas não mudaram tanto: continuamos a usar indiscriminadamente a pelo qual se garanta que a qualidade da vida seja preservada.
palavrinha mágica. Mas não deixaram de mudar um pouco: desde que a Os tempos e os modos verbais da frase acima continuarão correta-
Ecologia saiu das academias, divulgou-se, popularizou-se e tornou-se, mente articulados caso se substituam as formas sublinhadas, na
efetivamente, um conjunto de iniciativas em favor da preservação ambiental ordem em que surgem, por
e da melhoria das condições da vida em nosso pequenino planeta. (A) houve - garantiria – é (B) haveria - garantiu - teria sido
(C) haveria - garantisse – fosse (D) haverá - garantisse - e
Para isso, foi preciso determinar muito bem o sentido de progresso. Do (E) havia - garantiu – é
ponto de vista material, considera-se ganho humano apenas aquilo que
concorre para equilibrar a ação transformadora do homem sobre a natureza 5. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas
e a integridade da vida natural. Desenvolvimento, sim, mas sustentável: o na frase:
adjetivo exprime uma condição, para cercear as iniciativas predatórias. Cada (A)) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo à palavra progresso
novidade tecnológica há de ser investigada quanto a seus efeitos sobre o algumas conotações mágicas.
homem e o meio em que vive. Cada intervenção na natureza há de adequar- (B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras sem conhecer seu
se a um planejamento que considere a qualidade e a extensão dos efeitos. sentido real muitos equívocos ideológicos.
Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo, uma avaliação ética e (C) Muitas coisas a que associamos o sentido de progresso não chega
política de todas as formas de progresso que afetam nossa relação com o a representarem, de fato, qualquer avanço significativo.
mundo e, portanto, a qualidade da nossa vida. Não é pouco, mas ainda (D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse de ser investigadas a
não é suficiente. Aos cientistas, aos administradores, aos empresários, fundo, veríamos que são irrelevantes para a melhoria da vida.
aos industriais e a todos nós – cidadãos comuns – cabe a tarefa cotidiana (E) Começam pelas preocupações com nossa casa, com nossa rua,
de zelarmos por nossas ações que inflectem sobre qualquer aspecto da com nossa cidade a tarefa de zelarmos por uma boa qualidade da
qualidade de vida. A tarefa começa em nossa casa, em nossa cozinha e vida.
banheiro, em nosso quintal e jardim – e se estende à preocupação com a
6. Está correto o emprego de ambas as expressões sublinhadas na
rua, com o bairro, com a cidade.
frase:
“Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia o poeta. Mas um (A) De tudo aquilo que classificamos como progresso costumamos
mundo que merece a atenção do nosso coração e da nossa inteligência é, atribuir o sentido de um tipo de ganho ao qual não queremos abrir
certamente, melhor do que este em que estamos vivendo. mão.
Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz progresso, o sentido (B) É preferível deixar intacta a mata selvagem do que destruí-la em
preciso – talvez oculto - da palavra mágica empregada. (Alaor Adauto de nome de um benefício em que quase ninguém desfrutará.
Mello) (C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha receita, não hesitou
em ver como progresso a operação à qual foi bem sucedida.
(D) A precisão da qual se pretende identificar o sentido de uma palavra
1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de progresso, segundo a
depende muito do valor de contexto a que lhe atribuímos.
qual este deve ser
(E)) As inovações tecnológicas de cujo benefício todos se aproveitam
(A)) equacionado como uma forma de equilíbrio entre as atividades
representam, efetivamente, o avanço a que se costuma chamar
humanas e o respeito ao mundo natural.
progresso.

Língua Portuguesa 61
APOSTILAS OPÇÃO
7. Considere as seguintes afirmações, relativas a aspectos da cons- anos praticamente cobririam os 231 km que separam São Paulo de São
trução ou da expressividade do texto: Carlos.
I. No contexto do segundo parágrafo, a forma plural não mudaram A Justiça é o meio mais promissor, em longo prazo, para desestimular
tanto atende à concordância com academias. os protestos abusivos que param o trânsito nos horários mais inconvenien-
II. No contexto do terceiro parágrafo, a expressão há de adequar-se tes e acarretam variados transtornos a milhões de pessoas. É adequada a
exprime um dever imperioso, uma necessidade premente. atitude da CET de enviar sistematicamente ao Ministério Público relatórios
III. A expressão Em suma, tal como empregada no quarto parágrafo, com os prejuízos causados em cada manifestação feita fora de horários e
anuncia a abertura de uma linha de argumentação ainda inexplora- locais sugeridos pela agência ou sem comunicação prévia.
da no texto.
Está correto APENAS o que se afirmar em Com base num documento da CET, por exemplo, a Procuradoria aci-
(A) I. (B)) II. onou um líder de sindicato, o qual foi condenado em primeira instância a
(C) III. (D) I e II. (E) II e III. pagar R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, a título de reparação. O direito à
livre manifestação está previsto na Constituição. No entanto, tal direito não
8. A palavra progresso frequenta todas as bocas, todas pronunciam a anula a responsabilização civil e criminal em caso de danos provocados
palavra progresso, todas atribuem a essa palavra sentidos mágicos pelos protestos.
que elevam essa palavra ao patamar dos nomes miraculosos. O poder público deveria definir, de preferência em negociação com as
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os categorias que costumam realizar protestos na capital, horários e locais
elementos sublinhados, na ordem dada, por: vedados às passeatas. Práticas corriqueiras, como a paralisia de avenidas
(A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam essenciais para o tráfego na capital nos horários de maior fluxo, deveriam
(B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na ser abolidas.
(C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe (Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado)
(D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe elevam
11. De acordo com o texto, é correto afirmar que
(E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam
(A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não sabe mensurar o custo
dos protestos ocorridos nos últimos anos.
9. Está clara e correta a redação da seguinte frase: (B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em razão dos engarrafa-
(A) Caso não se determine bem o sentido da palavra progresso, pois mentos já foram pagos pelos manifestantes.
que é usada indiscriminadamente, ainda assim se faria necessário (C) os protestos de rua fazem parte de uma sociedade democrática e
que reflitamos sobre seu verdadeiro sentido. são permitidos pela Carta de 1988.
(B) Ao dizer o poeta que seu coração não é maior do que o mundo, (D) após a multa, os líderes de sindicato resolveram organizar protestos
devemos nos inspirar para que se estabeleça entre este e o nosso de rua em horários e locais predeterminados.
coração os compromissos que se reflitam numa vida melhor. (E) o Ministério Público envia com frequência estudos sobre os custos
(C) Nada é desprezível no espaço do mundo, que não mereça nossa das manifestações feitas de forma abusiva.
atenção quanto ao fato de que sejamos responsáveis por sua me-
lhoria, seja o nosso quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja. 12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há fórmula perfeita para
(D)) Todo desenvolvimento definido como sustentável exige, para fazer solucionar o conflito entre manifestantes e os prejuízos causados ao
jus a esse adjetivo, cuidados especiais com o meio ambiente, para restante da população. A saída estaria principalmente na
que não venham a ser nocivos seus efeitos imediatos ou futuros. (A) sensatez.
(E) Tem muita ciência que, se saísse das limitações acadêmicas, acaba- (B) Carta de 1998.
riam por se revelarem mais úteis e mais populares, em vista da Eco- (C) Justiça.
logia, cujas consequências se sente mesmo no âmbito da vida prática. (D) Companhia de Engenharia de Tráfego.
(E) na adoção de medidas amplas e profundas.
10. Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período:
(A) Toda vez que é pronunciada, a palavra progresso, parece abrir a 13. De acordo com o segundo parágrafo do texto, os protestos que
porta para um mundo, mágico de prosperidade garantida. param as ruas de São Paulo representam um custo para a popula-
(B)) Por mínimas que pareçam, há providências inadiáveis, ações ção da cidade. O cálculo desses custos é feito a partir
aparentemente irrisórias, cuja execução cotidiana é, no entanto, im- (A) das multas aplicadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego
portantíssima. (CET).
(C) O prestígio da palavra progresso, deve-se em grande parte ao
(B) dos gastos de combustível e das horas de trabalho desperdiçadas
modo irrefletido, com que usamos e abusamos, dessa palavrinha
em engarrafamentos.
mágica.
(C) da distância a ser percorrida entre as cidades de São Paulo e São
(D) Ainda que traga muitos benefícios, a construção de enormes repre-
Carlos.
sas, costuma trazer também uma série de consequências ambien-
tais que, nem sempre, foram avaliadas. (D) da quantidade de carros existentes entre a capital de São Paulo e
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu a teses ambientalis- São Carlos.
tas segundo as quais, o conceito de progresso está sujeito a uma (E) do número de usuários de automóveis particulares da cidade de
permanente avaliação. São Paulo.

14. A quantidade de carros parados nos engarrafamentos, em razão


Leia o texto a seguir para responder às questões de números 11 a 24. das manifestações na cidade de São Paulo nos últimos três anos, é
De um lado estão os prejuízos e a restrição de direitos causados pe- equiparada, no texto,
los protestos que param as ruas de São Paulo. De outro está o direito à (A) a R$ 3,3 milhões.
livre manifestação, assegurado pela Carta de 1988. Como não há fórmula (B) ao total de usuários da cidade de São Carlos.
perfeita de arbitrar esse choque entre garantias democráticas fundamen- (C) ao total de usuários da cidade de São Paulo.
tais, cabe lançar mão de medidas pontuais – e sobretudo de bom senso. (D) ao total de combustível economizado.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em R$ 3 mi- (E) a uma distância de 231 km.
lhões o custo para a população dos protestos ocorridos nos últimos três
anos na capital paulista. O cálculo leva em conta o combustível consumido 15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da Justiça em coibir os
e as horas perdidas de trabalho durante os engarrafamentos causados por protestos abusivos, o texto assume um posicionamento de
protestos. Os carros enfileirados por conta de manifestações nesses três (A) indiferença, porque diz que a decisão não cabe à Justiça.

Língua Portuguesa 62
APOSTILAS OPÇÃO
(B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já tem poder para impedir 24. Transpondo para a voz passiva a frase – A Procuradoria acionou
protestos abusivos. um líder de sindicato – obtém-se:
(C) decepção, porque não vê nenhum exemplo concreto do órgão para (A) Um líder de sindicato foi acionado pela Procuradoria.
impedir protestos em horários de pico. (B) Acionaram um líder de sindicato pela Procuradoria.
(D) confiança, porque acredita que, no futuro, será uma forma bem- (C) Acionaram-se um líder de sindicato pela Procuradoria.
sucedida de desestimular protestos abusivos. (D) Um líder de sindicato será acionado pela Procuradoria.
(E) satisfação, porque cita casos em que a Justiça já teve êxito em (E) A Procuradoria foi acionada por um líder de sindicato.
impedir protestos em horários inconvenientes e em avenidas movi-
mentadas. Leia o texto para responder às questões de números 25 a 34.

16. De acordo com o texto, a atitude da Companhia de Engenharia de DIPLOMA E MONOPÓLIO


Tráfego de enviar periodicamente relatórios sobre os prejuízos cau- Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direito e me-
sados em cada manifestação é dicina no Brasil. É embaraçoso verificar que ainda não foram resolvidos os
(A) pertinente. (B) indiferente. enguiços entre diplomas e carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrên-
(C) irrelevante. (D) onerosa. (E) inofensiva. cia (sob um bom marco regulatório) promove o interesse da sociedade e
que o monopólio só é bom para quem o detém. Não fora essa ignorância,
17. No quarto parágrafo, o fato de a Procuradoria condenar um líder como explicar a avalanche de leis que protegem monopólios espúrios para
sindical o exercício profissional?
(A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998.
(B) deve ser comemorada, ainda que viole a Constituição. Desde a criação dos primeiros cursos de direito, os graduados apenas
(C) é legal, porque o direito à livre manifestação não isenta o manifes- ocasionalmente exercem a profissão. Em sua maioria, sempre ocuparam
tante da responsabilidade pelos danos causados. postos de destaque na política e no mundo dos negócios. Nos dias de
(D) é nula, porque, segundo o direito à livre manifestação, o acusado hoje, nem 20% advogam.
poderá entrar com recurso.
Mas continua havendo boas razões para estudar direito, pois esse é
(E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar dos direitos assegura-
um curso no qual se exercita lógica rigorosa, se lê e se escreve bastante.
dos, um manifestante será punido.
Torna os graduados mais cultos e socialmente mais produtivos do que se
não houvessem feito o curso. Se aprendem pouco, paciência, a culpa é
18. Dentre as soluções apontadas, no último parágrafo, para resolver o
mais da fragilidade do ensino básico do que das faculdades. Diante dessa
conflito, destaca-se
polivalência do curso de direito, os exames da OAB são uma solução
(A) multa a líderes sindicais.
brilhante. Aqueles que defenderão clientes nos tribunais devem demons-
(B) fiscalização mais rígida por parte da Companhia de Engenharia de
trar nessa prova um mínimo de conhecimento. Mas, como os cursos são
Tráfego.
também úteis para quem não fez o exame da Ordem ou não foi bem
(C) o fim dos protestos em qualquer via pública.
sucedido na prova, abrir ou fechar cursos de “formação geral” é assunto
(D) fixar horários e locais proibidos para os protestos de rua.
do MEC, não da OAB. A interferência das corporações não passa de uma
(E) negociar com diferentes categorias para que não façam mais mani-
prática monopolista e ilegal em outros ramos da economia. Questionamos
festações.
também se uma corporação profissional deve ter carta-branca para deter-
minar a dificuldade das provas, pois essa é também uma forma de limitar
19. No trecho – É adequada a atitude da CET de enviar relatórios –,
a concorrência – mas trata-se aí de uma questão secundária. (...)
substituindo-se o termo atitude por comportamentos, obtém-se, de
acordo com as regras gramaticais, a seguinte frase: (Veja, 07.03.2007. Adaptado)
(A) É adequada comportamentos da CET de enviar relatórios.
(B) É adequado comportamentos da CET de enviar relatórios.
25. Assinale a alternativa que reescreve, com correção gramatical, as
(C) São adequado os comportamentos da CET de enviar relatórios.
frases: Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de di-
(D) São adequadas os comportamentos da CET de enviar relatórios.
reito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não
(E) São adequados os comportamentos da CET de enviar relatórios.
foram resolvidos os enguiços entre diplomas e carreiras.
20. No trecho – No entanto, tal direito não anula a responsabilização (A) Faz quase dois séculos que se fundou escolas de direito e medicina
civil e criminal em caso de danos provocados pelos protestos –, a no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os
locução conjuntiva no entanto indica uma relação de enguiços entre diplomas e carreiras.
(A) causa e efeito. (B) oposição. (B) Faz quase dois séculos que se fundava escolas de direito e medici-
(C) comparação. (D) condição. (E) explicação. na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram
os enguiços entre diplomas e carreiras.
21. “Não há fórmula perfeita de arbitrar esse choque.” Nessa frase, a (C) Faz quase dois séculos que se fundaria escolas de direito e medici-
palavra arbitrar é um sinônimo de na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os
(A) julgar. (B) almejar. enguiços entre diplomas e carreiras.
(C) condenar. (D) corroborar. (E) descriminar. (D) Faz quase dois séculos que se fundara escolas de direito e medici-
22. No trecho – A Justiça é o meio mais promissor para desestimular os na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolvera os
protestos abusivos – a preposição para estabelece entre os termos enguiços entre diplomas e carreiras.
uma relação de (E) Faz quase dois séculos que se fundaram escolas de direito e medi-
(A) tempo. (B) posse. cina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolve-
(C) causa. (D) origem. (E) finalidade. ram os enguiços entre diplomas e carreiras.
23. Na frase – O poder público deveria definir horários e locais –, subs- 26. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de
tituindo-se o verbo definir por obedecer, obtém-se, segundo as re- acordo com a norma culta, as frases: O monopólio só é bom para
gras de regência verbal, a seguinte frase: aqueles que _______. / Nos dias de hoje, nem 20% advogam, e ape-
(A) O poder público deveria obedecer para horários e locais. nas 1% ________. / Em sua maioria, os advogados sempre
(B) O poder público deveria obedecer a horários e locais. ________.
(C) O poder público deveria obedecer horários e locais. (A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os postos de destaque
(D) O poder público deveria obedecer com horários e locais. na política e no mundo dos negócios
(E) O poder público deveria obedecer os horários e locais. (B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos postos de destaque
na política e no mundo dos negócios

Língua Portuguesa 63
APOSTILAS OPÇÃO
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram os postos de destaque 32. Assinale a alternativa que reescreve a frase de acordo com a norma
na política e no mundo dos negócios culta.
(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se apropriaram de postos de (A) Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. / Os
destaque na política e no mundo dos negócios graduados apenas ocasionalmente se dedicam a profissão.
(E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram de postos de destaque (B) Os advogados devem demonstrar nessa prova um mínimo de
na política e no mundo dos negócios conhecimento. / Os advogados devem primar nessa prova por um
mínimo de conhecimento.
27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo de oração introduzida (C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não procedeu o exame da OAB.
pela conjunção se, empregado na frase – Questionamos também se (D) As corporações deviam promover o interesse da sociedade. / As
uma corporação profissional deve ter carta-branca para determinar corporações deviam almejar do interesse da sociedade.
a dificuldade das provas, ...
(E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. / Essa é uma forma de
(A) A sociedade não chega a saber se os advogados são muito corpo-
restringir à concorrência.
rativos.
(B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do
ensino básico. 33. Assinale a alternativa em que o período formado com as frases I, II e
(C) O advogado afirma que se trata de uma questão secundária. III estabelece as relações de condição entre I e II e de adição entre I e
(D) É um curso no qual se exercita lógica rigorosa. III.
(E) No curso de direito, lê-se bastante. I. O advogado é aprovado na OAB.
II. O advogado raciocina com lógica.
28. Assinale a alternativa em que se admite a concordância verbal tanto III. O advogado defende o cliente no tribunal.
no singular como no plural como em: A maioria dos advogados (A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele será aprovado na OAB e
ocupam postos de destaque na política e no mundo dos negócios. defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
(A) Como o direito, a medicina é uma carreira estritamente profissional. (B) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso, mas terá
(B) Os Estados Unidos e a Alemanha não oferecem cursos de adminis- de raciocinar com lógica e ser aprovado na OAB.
tração em nível de bacharelado. (C) Como raciocinou com lógica, o advogado será aprovado na OAB e
(C) Metade dos cursos superiores carecem de boa qualificação. defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
(D) As melhores universidades do país abastecem o mercado de traba- (D) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso porque
lho com bons profissionais. raciocinou com lógica e foi aprovado na OAB.
(E) A abertura de novos cursos tem de ser controlada por órgãos (E) Uma vez que o advogado raciocinou com lógica e foi aprovado na
oficiais. OAB, ele poderá defender o cliente no tribunal com sucesso.
29. Assinale a alternativa que apresenta correta correlação de tempo 34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a culpa é mais da fragili-
verbal entre as orações. dade do ensino básico do que das faculdades. – a palavra paciência
(A) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhecimento, vem entre vírgulas para, no contexto,
poderiam defender bem seus clientes. (A) garantir a atenção do leitor.
(B) Embora tivessem cursado uma faculdade, não se desenvolveram (B) separar o sujeito do predicado.
intelectualmente. (C) intercalar uma reflexão do autor.
(C) É possível que os novos cursos passam a ter fiscalização mais (D) corrigir uma afirmação indevida.
severa. (E) retificar a ordem dos termos.
(D) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho poderá ser Atenção: As questões de números 35 a 42 referem-se ao texto abai-
melhor. xo.
(E) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e carreiras se
resolvem brevemente. SOBRE ÉTICA
A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em três acep-
30. A substituição das expressões em destaque por um pronome pessoal ções. Numa, faz-se referência a teorias que têm como objeto de estudo o
está correta, nas duas frases, de acordo com a norma culta, em: comportamento moral, ou seja, como entende Adolfo Sanchez Vasquez,
(A) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. / A concorrên- “a teoria que pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da
cia promove-o. II. Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles que moral, relacionando-a com necessidades sociais humanas.” Teríamos,
lhes defenderão. assim, nessa acepção, o entendimento de que o fenômeno moral pode ser
(B) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. / O governo estudado racional e cientificamente por uma disciplina que se propõe a
fundou elas. II. Os graduados apenas ocasionalmente exercem a descrever as normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciências,
profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente exercem-la. ser capaz de explicar valorações comportamentais.
(C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais cultos. II. É preciso Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma categoria fi-
mencionar os cursos de administração. / É preciso mencionar-lhes. losófica e mesmo parte da Filosofia, da qual se constituiria em núcleo
(D) I. Os advogados devem demonstrar muitos conhecimentos. Os especulativo e reflexivo sobre a complexa fenomenologia da moral na
advogados devem demonstrá-los. II. As associações mostram à so- convivência humana. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto
ciedade o seu papel. / As associações mostram-lhe o seu papel. refletir sobre os fundamentos da moral na busca de explicação dos fatos
(E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis protegem-os. morais.
II. As corporações deviam fiscalizar a prática profissional. / As cor- Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como objeto des-
porações deviam fiscalizá-la. critível de uma Ciência, tampouco como fenômeno especulativo. Trata-se
agora da conduta esperada pela aplicação de regras morais no compor-
31. Assinale a alternativa em que as palavras em destaque exercem, tamento social, o que se pode resumir como qualificação do comporta-
respectivamente, a mesma função sintática das expressões assinala- mento do homem como ser em situação. É esse caráter normativo de
das em: Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. Ética que a colocará em íntima conexão com o Direito. Nesta visão, os
(A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino básico. valores morais dariam o balizamento do agir e a Ética seria assim a moral
em realização, pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especi-
(B) A interferência das corporações não passa de uma prática monopolis-
almente de dignidade. Como se vê, a compreensão do fenômeno Ética
ta.
não mais surgiria metodologicamente dos resultados de uma descrição ou
(C) Abrir e fechar cursos de “formação geral” é assunto do MEC. reflexão, mas sim, objetivamente, de um agir, de um comportamento
(D) O estudante de direito exercita preferencialmente uma lógica rigorosa. consequencial, capaz de tornar possível e correta a convivência. (Adapta-
(E) Boas razões existirão sempre para o advogado buscar conhecimento. do do site Doutrina Jus Navigandi)
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APOSTILAS OPÇÃO
35. As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme se depreende Atenção: As questões de números 43 a 48 referem-se ao texto abai-
da leitura do texto, xo.
(A) aos usos informais que o senso comum faz desse termo.
(B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra.
O HOMEM MORAL E O MORALIZADOR
(C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam. Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas, es-
(D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito. tamos certos disto: o moralizador e o homem moral são figuras diferentes,
(E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmicos. se não opostas. O homem moral se impõe padrões de conduta e tenta
respeitá-los; o moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões
36. A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vasquez é reto- que ele não consegue respeitar.
mada na seguinte expressão do texto:
(A) núcleo especulativo e reflexivo. A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes.
(B) objeto descritível de uma Ciência. Primeiro, o moralizador é um homem moral falido: se soubesse res-
(C) explicação dos fatos morais. peitar o padrão moral que ele impõe, ele não precisaria punir suas imper-
(D) parte da Filosofia. feições nos outros. Segundo, é possível e compreensível que um homem
(E) comportamento consequencial. moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para levar os outros a
adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição forçada de um
37. No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser entendida
padrão moral não é nunca o ato de um homem moral, é sempre o ato de
como aquela em que se considera, sobretudo,
um moralizador. Em geral, as sociedades em que as normas morais
(A) o valor desejável da ação humana.
ganham força de lei (os Estados confessionais, por exemplo) não são
(B) o fundamento filosófico da moral.
regradas por uma moral comum, nem pelas aspirações de poucos e
(C) o rigor do método de análise.
escolhidos homens exemplares, mas por moralizadores que tentam remir
(D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
suas próprias falhas morais pela brutalidade do controle que eles exercem
(E) o rigoroso legado da jurisprudência.
sobre os outros. A pior barbárie do mundo é isto: um mundo em que todos
38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito quando ambos pagam pelos pecados de hipócritas que não se aguentam. (Contardo
revelam, em relação aos valores morais da conduta, uma preocupação Calligaris, Folha de S. Paulo, 20/03/2008)
(A) filosófica. (B) descritiva.
(C) prescritiva. (D) contestatária. (E) tradicionalista. 43. Atente para as afirmações abaixo.
I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador não se
39. Considerando-se o contexto do último parágrafo, o elemento subli- preocupa com os padrões morais de conduta.
nhado pode ser corretamente substituído pelo que está entre parên- II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de conduta, o
teses, sem prejuízo para o sentido, no seguinte caso: homem moral acaba por impô-lo à conduta alheia.
(A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (inclusão) III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato respeitasse os
(B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir (...) (arremate) padrões de conduta que ele cobra dos outros.
(C) (...) qualificação do comportamento do homem como ser em situa- Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em
ção. (provisório) (A) I. (B) II.
(D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo. (nem, ainda) (C) III. (D) I e II.
(E) (...) de um agir, de um comportamento consequencial... (concessivo) (E) II e III.

40. As normas de concordância estão plenamente observadas na frase: 44. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que já decorreu
(A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em torno de três um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas indica um fator
acepções de Ética. determinante para que
(B) As referências que se faz à natureza da ética consideram-na, com (A) concluamos que o homem moderno já não dispõe de rigorosos
muita frequência, associada aos valores morais. padrões morais para avaliar sua conduta.
(C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as leis deixari- (B) consideremos cada vez mais difícil a discriminação entre o homem
am de ter a dignidade humana como balizamento. moral e o homem moralizador.
(D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o efetivo valor (C) reconheçamos como bastante remota a possibilidade de se caracte-
de que se impregna a conduta dos indivíduos. rizar um homem moralizador.
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam as circunstân- (D) identifiquemos divergências profundas entre o comportamento de
cias, atentar para a observância dos valores éticos. um homem moral e o de um moralizador.
(E) divisemos as contradições internas que costumam ocorrer nas
41. Está clara, correta e coerente a redação do seguinte comentário atitudes tomadas pelo homem moral.
sobre o texto:
(A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no texto, uma 45. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais para exempli-
apenas diz respeito à uma área em que conflui com o Direito. ficar uma sociedade na qual
(B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em que, cada (A) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos cidadãos.
um em seu campo, se empenham o jurista e o filósofo. (B) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta de todos.
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir Ética ou (C) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de uma moral
Moral, haja vista que tanto uma quanto outra pretendem ajuizar à si- comum.
tuação do homem. (D) a situação de barbárie impede a formulação de qualquer regra
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do comportamento moral.
humano, a Ética varia conforme a perspectiva de atribuição do (E) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza das leis.
mesmo.
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da Ética, costu- 46. Na frase A distinção entre ambos tem alguns corolários relevan-
mam apresentar divergências de enfoques, em que pese a metodo- tes, o sentido da expressão sublinhada está corretamente traduzido
logia usada. em:
42. Transpondo-se para a voz passiva a frase Nesta visão, os valores (A) significativos desdobramentos dela.
morais dariam o balizamento do agir, a forma verbal resultante de- (B) determinados antecedentes dela.
verá ser: (C) reconhecidos fatores que a causam.
(A) seria dado. (B) teriam dado. (D) consequentes aspectos que a relativizam.
(C) seriam dados. (D) teriam sido dados. (E) fora dado. (E) valores comuns que ela propicia.

Língua Portuguesa 65
APOSTILAS OPÇÃO
47. Está correta a articulação entre os tempos e os modos verbais na (D) o princípio mesmo do comércio = preâmbulo da operação comerci-
frase: al.
(A) Se o moralizador vier a respeitar o padrão moral que ele impusera, (E) Agem para salvaguardar = relutam em admitir.
já não podia ser considerado um hipócrita.
(B) Os moralizadores sempre haveriam de desrespeitar os valores 51. Atente para as afirmações abaixo.
morais que eles imporão aos outros. I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da ponta de um
(C) A pior barbárie terá sido aquela em que o rigor dos hipócritas ser- cação que foi desprezada justificam o emprego de se aventuram, no
visse de controle dos demais cidadãos. primeiro parágrafo.
(D) Desde que haja a imposição forçada de um padrão moral, caracteri-
II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa entrever que o
zava-se um ato típico do moralizador.
autor não compactua com a justificativa dos feirantes.
(E) Não é justo que os hipócritas sempre venham a impor padrões
morais que eles próprios não respeitam. III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira traz a supera-
ção de tudo o que determina a existência de diversas espécies de
48. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na seres humanos.
frase: Em relação ao texto, é correto o que se afirmar APENAS em
(A) O moralizador está carregado de imperfeições de que ele não (A) I. (B) II.
costuma acusar em si mesmo. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.
(B) Um homem moral empenha-se numa conduta cujo o padrão moral
ele não costuma impingir na dos outros.
52. Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um recurso de cons-
(C) Os pecados aos quais insiste reincidir o moralizador são os mes-
trução do texto: no contexto do
mos em que ele acusa seus semelhantes.
(D) Respeitar um padrão moral das ações é uma qualidade da qual não (A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz subentender a
abrem mão os homens a quem não se pode acusar de hipócritas. expressão verbal querem pagar.
(E) Quando um moralizador julga os outros segundo um padrão moral (B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses compradores faz suben-
de cujo ele próprio não respeita, demonstra toda a hipocrisia em tender a existência de “fregueses” que não compram nada.
que é capaz. (C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo está empregada
com o sentido de de toda maneira.
Atenção: As questões de números 49 a 54 referem-se ao texto abai- (D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar está empregada
xo. com o sentido de a fim de resguardar.
(E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido equivalente
FIM DE FEIRA
ao de mesmo não sendo.
Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barracas, começam
a chegar os que querem pagar pouco pelo que restou nas bancadas, ou 53. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural
mesmo nada, pelo que ameaça estragar. Chegam com suas sacolas para preencher de modo correto a lacuna da frase:
cheias de esperança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o (A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não ...... (deixar)
que está pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas folhas de couve de as recolher quem não pode pagar pelas boas e bonitas.
amarelas, a metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os (B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza pública a
fregueses compradores. Há uns que se aventuram até mesmo nas cerca- providência que fará esquecer que ali funcionou uma feira.
nias da barraca de pescados, onde pode haver alguma suspeita sardinha (C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que oferecem as
oculta entre jornais, ou uma ponta de cação obviamente desprezada. sobras de seus produtos, a observação do autor sobre o egoísmo
Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: oferecem-lhes o humano.
que, de qualquer modo, eles iriam jogar fora. (D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos detalhes da
coleta, a que o narrador deu ênfase em seu texto.
Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refu- (E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar o lucro
gos, e chegam a recolhê-los para não os verem coletados. Agem para razoável de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável impiedade de
salvaguardar não o lucro possível, mas o princípio mesmo do comércio. outros.
Parecem temer que a fome seja debelada sem que alguém pague por
isso. E não admitem ser acusados de egoístas: somos comerciantes, não 54. A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
assistentes sociais, alegam.
(A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compreendem a ca-
Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da limpeza e os rência dos mais pobres.
funcionários da prefeitura varrem e lavam tudo, entre risos e gritos. O (B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da tradicional
trânsito é liberado, os carros atravancam a rua e, não fosse o persistente coleta de um fim de feira.
cheiro de peixe, a ninguém ocorreria que ali houve uma feira, frequentada (C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza centralizado
por tão diversas espécies de seres humanos. (Joel Rubinato, inédito) nessa narrativa.
(D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocupação do
49. Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos autor em distinguir os diferentes caracteres humanos.
refugos e não admitem ser acusados de egoístas, o narrador do (E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá também a
texto humilde coleta de que trata a crônica.
(A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos feirantes.
(B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de certos feirantes. RESPOSTAS
(C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse tipo de coleta. 1. A 11. C 21. A 31. E 41. B 51. D
(D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir julgamentos. 2. B 12. A 22. E 32. B 42. A 52. E
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos feirantes. 3. E 13. B 23. B 33. A 43. C 53. D
4. C 14. E 24. A 34. C 44. D 54. A
5. A 15. D 25. E 35. E 45. B
50. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de
6. E 16. A 26. D 36. B 46. A
um segmento do texto em:
7. B 17. C 27. A 37. A 47. E
(A) serviu de chamariz respondeu ao chamado. 8. A 18. D 28. C 38. C 48. D
(B) alguma suspeita sardinha possivelmente uma sardinha. 9. D 19. E 29. B 39. D 49. B
(C) teimoso aproveitamento = persistente utilização. 10. B 20. B 30. D 40. E 50. C

Língua Portuguesa 66
APOSTILAS OPÇÃO
PROVA SIMULADA Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pa-
lavras completam, correta e respectivamente, as frases dadas.
08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento
01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras. estatal ciência e tecnologia.
(A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer. (A) à ... sobre o ... do ... para (B) a ... ao ... do ... para
(B) O chefe deferia da opinião dos subordinados. (C) à ... do ... sobre o ... a (D) à ... ao ... sobre o ... à
(C) O processo foi julgado em segunda estância. (E) a ... do ... sobre o ... à
(D) O problema passou despercebido na votação.
(E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio. 09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a
franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois
02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é: eles devem estar aptos comercializar seus produtos.
(A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz. (A) ao ... a ... à (B) àquele ... à ... à
(C) àquele...à ... a (D) ao ... à ... à
(B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido.
(E) àquele ... a ... a
(C) A colega não se contera diante da situação.
(D) Se ele ver você na rua, não ficará contente. 10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros. norma culta.
(A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso
03. O particípio verbal está corretamente empregado em: trarão grandes benefícios às pesquisas.
(A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos. (B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaboran-
(B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas. do com o meio ambiente.
(C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime. (C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desen-
(D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos. volvendo projetos na área médica.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda. (D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes
apresentadas pelos economistas.
(E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no
04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em litoral ou aproveitam férias ali.
conformidade com a norma culta.
Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do 11. A frase correta de acordo com o padrão culto é:
interior da concha de moluscos reúne outras características interes- (A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido
santes, como resistência e flexibilidade. às chuvas.
(A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de (B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos
componentes para a indústria. reclamações.
(B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de (C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à
componentes para a indústria. cultura.
(C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de com- (D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da
ponentes para a indústria. culpa.
(D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de (E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria.
componentes para a indústria.
(E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os
componentes para a indústria. negócios das empresas de franquia pelo contato direto com os pos-
síveis investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins
05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema de seleção não só permite às empresas avaliar os investidores com
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que relação aos negócios, mas também identificar o perfil desejado dos
ele está empregado conforme o padrão culto. investidores.
(Texto adaptado)
(A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem.
Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substitu-
(B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. ir as expressões: das empresas de franquia, às empresas, os inves-
(C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha. tidores e dos investidores, no texto, são, respectivamente:
(D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro. (A) seus ... lhes ... los ... lhes
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa. (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
(C) seus ... nas ... los ... deles
06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
correta em: (E) seus ... lhes ... eles ... neles
(A) As características do solo são as mais variadas possível.
(B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente. 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
(C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada. com o padrão culto.
(A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações.
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações.
(B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
(E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo.
(C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido.
(D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada.
07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de (E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
flexão de grau.
(A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo. 14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto
(B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá direto e indireto em:
durante as férias. (A) Apresentou-se agora uma boa ocasião.
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos. (B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo.
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que (C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa.
ruim. (D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualida- (E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder.
de.
Língua Portuguesa 67
APOSTILAS OPÇÃO
15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo. 21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do
Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho:
respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é: I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas;
(A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção. II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura
(B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo. pelo Juiz;
(C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção. III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equiva-
(D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção. lente ao da palavra mas;
(E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo. IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do
acórdão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar.
16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação
do Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inaugura- Está correto o contido apenas em
ção de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Dignís- (A) II e IV. (B) III e IV.
simo Secretário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a má- (C) I, II e III. (D) I, III e IV. (E) II, III e IV.
xima urgência na antecipação do envio dos primeiros convites para
o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, o 22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais.
Reverendíssimo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo e os Reito- Ao transformar os dois períodos simples num único período com-
res das Universidades Paulistas, para que essas autoridades pos- posto, a alternativa correta é:
sam se programar e participar do referido evento. (A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
Atenciosamente, Assistente de Gabinete. (B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas (C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais.
são correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por (D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais.
(A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos (E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis.
(B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos
(C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos 23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraque-
(D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos cidos galhos da velha árvore.
(E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente,
sobre o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se (A) Quem podou? e Quando podou?
respeitam as regras de pontuação. (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, reve- (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
lou, que temos uma arrecadação bem maior que a prevista. (D) Que vizinho? e Que galhos?
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (E) Quando podou? e Podou o quê?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada.
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
Policial, confessou sua participação no referido furto. Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimen-
funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia. to correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pon-
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões tuação em:
negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. (A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
(B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
predicado que formam um período simples, se aplica, adequada- (D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
mente, apenas a: (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. 25. Felizmente, ninguém se machucou.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo. Considere:
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames.
I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
modo;
O livro de registro do processo que você procurava era o que esta- III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
va sobre o balcão. fato;
IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, reme- V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
tem a
Está correto o contido apenas em
(A) processo e livro.
(A) I, II e III.
(B) livro do processo.
(C) processos e processo. (B) I, II e IV.
(D) livro de registro. (C) I, III e IV.
(E) registro e processo. (D) II, III e IV.
(E) III, IV e V.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período
acima: 26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o car-
I. há, no período, duas orações; ro..., indicando concessão, é:
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; (A) para poder trabalhar fora.
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; (B) como havia programado.
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (C) assim que recebeu o prêmio.
Está correto o contido apenas em
(D) porque conseguiu um desconto.
(A) II e IV. (B) III e IV.
(C) I, II e III. (D) I, II e IV. (E) I, III e IV. (E) apesar do preço muito elevado.

Língua Portuguesa 68
APOSTILAS OPÇÃO
27. É importante que todos participem da reunião. _______________________________________________________
O segmento que todos participem da reunião, em relação a
_______________________________________________________
É importante, é uma oração subordinada
(A) adjetiva com valor restritivo. _______________________________________________________
(B) substantiva com a função de sujeito. _______________________________________________________
(C) substantiva com a função de objeto direto.
(D) adverbial com valor condicional. _______________________________________________________
(E) substantiva com a função de predicativo. _______________________________________________________

28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação esta- _______________________________________________________
belecida pelo termo como é de _______________________________________________________
(A) comparatividade.
(B) adição. _______________________________________________________
(C) conformidade. _______________________________________________________
(D) explicação.
_______________________________________________________
(E) consequência.
_______________________________________________________
29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de
_______________________________________________________
franquias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão
contempladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos _______________________________________________________
diversificados de acordo com as possibilidades de investimento dos
possíveis franqueados. _______________________________________________________
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e _______________________________________________________
relaciona corretamente as ideias do texto, é:
(A) digo ... portanto ... mas _______________________________________________________
(B) como ... pois ... mas _______________________________________________________
(C) ou seja ... embora ... pois
_______________________________________________________
(D) ou seja ... mas ... portanto
(E) isto é ... mas ... como _______________________________________________________
_______________________________________________________
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos
investidores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulga- _______________________________________________________
dos.
_______________________________________________________
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluí-
rem o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzi- _______________________________________________________
da, sem alterar o sentido da frase, é:
_______________________________________________________
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ...
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ...
_______________________________________________________
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores...
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores _______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS _______________________________________________________
01. D 11. B 21. B _______________________________________________________
02. A 12. A 22. A
03. C 13. C 23. C _______________________________________________________
04. E 14. E 24. E _______________________________________________________
05. A 15. C 25. D
06. B 16. A 26. E _______________________________________________________
07. D 17. B 27. B
08. E 18. E 28. C
_______________________________________________________
09. C 19. D 29. D _______________________________________________________
10. D 20. A 30. B
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Língua Portuguesa 69
APOSTILAS OPÇÃO
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Língua Portuguesa 70
LÍNGUA INGLESA
APOSTILAS OPÇÃO
Nessa frase usamos o verbo “look” como o entendemos em portu-
guês, ou seja, no gerúndio – para indicar uma ação em andamento. Se
acertou, ponto para você. Mas vamos em frente:
Língua Inglesa “I think this park is the most boring place I’ve ever visited.”
Se você acertou a primeira e agora apostar que se trata do mesmo
caso, já errou. Em inglês podemos transformar verbos em adjetivos adici-
onando ing. Nesse caso a palavra “boring” é um adjetivo que significa
chato, que não tem nada interessante e que nos faz sentir sono ou apatia.
Está entendendo onde quero chegar? Então vamos ao terceiro exemplo:
“Working on weekends is the worst thing about this job.”
1. Compreensão geral do sentido e do propósi- Aqui “working” foi transformado em substantivo, que significa “o ato de
to do texto. 2. Compreensão de ideias específi- trabalhar”, ou seja “o trabalho” e é o sujeito da oração.
cas expressas em parágrafos e frases e a rela- Isso é apenas uma pequena mostra de como a falta de prática de vo-
ção entre parágrafos e frases do texto. 3. Loca- cabulário e o desconhecimento da gramática podem nos levar a interpretar
lização e identificação de informações especí- erroneamente um texto em inglês. Se você quer mesmo aprender, não
ficas em um ou mais trechos do texto. 4. Iden- será da noite para o dia, mas garanto que com dedicação em poucos
tificação de marcadores textuais como con- meses você já será capaz de entender textos simples e ao final de seu
junções, advérbios, preposições etc. e com- curso já será um expert. Hope it’s useful! - Zailda Coirano
preensão de sua função essencial no texto.
5. Compreensão do significado de itens lexi-
cais fundamentais para a correta interpreta- 1. Find the main elements of the sentence: subject and verb.
ção do texto seja por meio de substituição (Procure identificar os elementos essenciais da oração - o sujeito e o
(sinonímia) ou de explicação da carga semân- verbo.)
tica do termo ou expressão. 6. Localização de O português se caracteriza por uma certa flexibilidade com relação ao
referência textual específica de elementos, sujeito. Existem as figuras gramaticais do sujeito oculto, indeterminado e
tais como pronomes, advérbios, entre outros, inexistente, para justificar a ausência do sujeito. Mesmo quando não
sempre em função de sua relevância para a ausente, o sujeito frequentemente aparece depois do verbo, e às vezes
compreensão das ideias expressas no texto. até no fim da frase (ex: Ontem apareceu um vendedor lá no escritório).
7. Compreensão da função de elementos lin-
O inglês é mais rígido: praticamente não existem frases sem sujeito e
guísticos específicos na produção de sentido
ele aparece sempre antes do verbo em frases afirmativas e negativas. O
no contexto em que são utilizados. sujeito é sempre um nome próprio (ex: Paul is my friend), um pronome (ex:
He's my friend) ou um substantivo (ex: The house is big).
Pode-se dizer que o pensamento em inglês se estrutura a partir do su-
jeito; em seguida vêm o verbo, o complemento, e os adjuntos adverbiais.
Interpretação de textos em inglês Para uma boa interpretação de textos em inglês, não adianta reconhecer o
Se interpretar um texto em nossa própria língua já é uma tarefa consi- vocabulário apenas; é preciso compreender a estrutura, e para isso é de
derada quase impossível por mais da metade da população, imagine fundamental importância a identificação do verbo e do sujeito.
então interpretar um texto em inglês, que é o que a maioria dos alunos
terão que fazer se quiserem mesmo entrar para uma boa faculdade.
2. Don’t stumble on noun strings: read backwards.
Muitas escolas e cursos pré-vestibular treinam seus alunos apresen-
tando-lhes muitos textos e uma extensa lista de vocabulário para que (Não se atrapalhe com os substantivos em cadeia. Leia-os de trás
aprendam a fazer fazendo. Ótima ideia, mas já pensaram se as faculda- para frente.)
des de medicina também pensassem assim e logo que o aluno entrasse A ordem normal em português é substantivo – adjetivo (ex: casa
no primeiro ano de faculdade lhe dessem logo um bisturi para que fosse grande), enquanto que em inglês é o inverso (ex: big house). Além disto,
aprender fazendo? qualquer substantivo em inglês é potencialmente também um adjetivo,
Eu acredito que antes de começar a interpretar textos é necessário ter al- podendo ser usado como tal. (Ex: brick house = casa de tijolos ; vocabu-
guns instrumentos à mão, e que se saiba usá-los adequadamente. No caso lary comprehension test = teste de compreensão de vocabulário). Sempre
específico da interpretação de textos, não adianta dar listas de vocabulário porque que o aluno se defrontar com um aparente conjunto de substantivos
só aprendemos mesmo o significado de uma palavra se nos habituarmos a usá-la enfileirados, deve lê-los de trás para diante intercalando a preposição
em diversas situações, ou seja: na prática diária. Um aluno que conheça bem "de".
entre 1.000 e 2.000 palavras do idioma terá muito melhores chances do que
aquele que já decorou listas com 3.000 palavras mas não sabe usar nenhuma 3. Be careful with the suffix ...ing.
delas porque só as viu uma vez num texto apresentado em classe.
(Cuidado com o sufixo ...ing.)
Para dominar entre 1.000 e 2.000 palavras em inglês serão necessá-
rios pelo menos 2 anos de estudo, o que significa que se você quer mes- O aluno principiante tende a interpretar o sufixo ...ing unicamente co-
mo aprender a interpretar textos em inglês terá que estudar mesmo e mo gerúndio, quando na maioria das vezes ele aparece como forma
dedicar-se ao máximo. Considere a possibilidade de fazer um curso de substantivada de verbo ou ainda como adjetivo. Se a palavra terminada
inglês durante o ensino médio, que além de ajudar no vestibular lhe dará em ...ing for um substantivo, poderá figurar na frase como sujeito, enquan-
melhores oportunidades de emprego no futuro. to que se for um verbo no gerúndio, jamais poderá ser interpretado como
sujeito nem como complemento. Este é um detalhe que muito frequente-
A segunda ferramenta indispensável para interpretar textos em inglês mente compromete seriamente o entendimento.
é conhecer a gramática. Como você vai saber interpretar se não sabe se a Ex: We are planning to ...
palavra é verbo, substantivo ou adjetivo? Se é sujeito ou objeto? Dê uma gerund –
What are you doing?
olhada nos exemplos abaixo e verá quanto uma frase em inglês pode ser Ex: He likes fishing and camping, and hates ac-
complicada para quem não tem prática no idioma: ...ing noun – counting.
“The woman was looking through the window when he entered the This apartment building is new.
room.” Ex: This is interesting and exciting to me.
adjective –
That was a frightening explosion.

Língua Inglesa 1
APOSTILAS OPÇÃO
4. Get familiar with suffixes.
(Familiarize-se com os principais sufixos.)
A utilidade de se conhecer os principais sufixos e suas respectivas regras de formação de palavras, do ponto de vista daquele que está desenvolvendo
familiaridade com inglês, está no fato de que este conhecimento permite a identificação da provável categoria gramatical mesmo quando não se conhece a
palavra no seu significado, o que é de grande utilidade na interpretação de textos.

Vejam as regras de formação de palavras abaixo e seus respectivos sufixos, com alguns exemplos:
SUBSTANTIVO + ...ful = ADJETIVO (significando full of …, having …)
SUBSTANTIVO + ...less = ADJETIVO (significando without …)
SUBSTANTIVO ...ful ADJETIVO ...less ADJETIVO
care (cuidado) careful (cuidadoso) careless (descuidado)
harm (dano, prejuízo) harmful (prejudicial) harmless (inócuo, inofensivo)
hope (esperança) hopeful (esperançoso) hopeless (que não tem esperança)
meaning (significado) meaningful (significativo) meaningless (sem sentido)
pain (dor) painful (doloroso) painless (indolor)
power (potência) powerful (potente) powerless (impotente)
use (uso) useful (útil) useless (inútil)
beauty (beleza) beautiful (belo, bonito) -
skill (habilidade) skillful (habilidoso) -
wonder (maravilha) wonderful (maravilhoso) -
end (fim) - endless (interminável)
home (casa) - homeless (sem-teto)
speech (fala) - speechless (sem fala)
stain (mancha) - stainless (sem mancha, inoxidável)
top (topo) - topless (sem a parte de cima)
wire (arame, fio) - wireless (sem fio)
worth (valor) - worthless (que não vale nada)

SUBSTANTIVO + …hood = SUBSTANTIVO ABSTRATO (sufixo de baixa produtividade significando o estado de ser). Há cerca de mil anos atrás, no
período conhecido como Old English, hood era uma palavra independente, com um significado amplo, relacionado à pessoa, sua personalidade, sexo,
nível social, condição. A palavra ocorria em conjunto com outros substantivos para posteriormente, com o passar dos séculos, se transformar num sufixo.
SUBSTANTIVO CONTÁVEL …hood SUBSTANTIVO ABSTRATO
adult (adulto) adulthood (maturidade)
brother (irmão) brotherhood (fraternidade)
child (criança) childhood (infância)
father (pai) fatherhood (paternidade)
mother (mãe) motherhood (maternidade)
neighbor (vizinho) neighborhood (vizinhança)

SUBSTANTIVO + …ship = SUBSTANTIVO ABSTRATO (sufixo de baixa produtividade significando o estado de ser). A origem do sufixo _ship é uma história
semelhante à do sufixo _hood. Tratava-se de uma palavra independente na época do Old English, relacionada a shape e que tinha o significado de criar, nomear. Ao
longo dos séculos aglutinou-se com o substantivo a que se referia adquirindo o sentido de estado ou condição de ser tal coisa.
SUBSTANTIVO CONTÁVEL …ship SUBSTANTIVO ABSTRATO
citizen (cidadão) citizenship (cidadania)
dealer (negociante, revendedor) dealership (revenda)
dictator (ditador) dictatorship (ditadura)
friend (amigo) friendship (amizade)
leader (líder) leadership (liderança)
member (sócio, membro de um clube) membership (qualidade de quem é sócio)
owner (proprietário) ownership (posse, propriedade)
partner (sócio, companheiro) partnership (sociedade comercial)
relation (relação) relationship (relacionamento)

ADJETIVO + …ness = SUBSTANTIVO ABSTRATO (significando o estado, a qualidade de).


ADJETIVO …ness SUBSTANTIVO ABSTRATO
dark (escuro) darkness (escuridão)
happy (feliz) happiness (felicidade)
kind (gentil) kindness (gentileza)
polite (bem-educado) politeness (boa educação)
selfish (egoísta) selfishness (egoísmo)
soft (macio, suave) softness (maciez, suavidade)
thick (grosso, espesso) thickness (espessura)
useful (útil) usefulness (utilidade)
weak (fraco) weakness (fraqueza)
youthful (com aspecto de jovem) youthfulness (característica de quem é jovem)

Língua Inglesa 2
APOSTILAS OPÇÃO
ADJETIVO + …ity = SUBSTANTIVO ABSTRATO (significando o mesmo que o anterior: o estado, a qualidade de; equivalente ao sufixo ...idade do
português). Uma vez que a origem deste sufixo é o latim, as palavras a que se aplica são na grande maioria de origem latina, mostrando uma grande
semelhança com o português.
ADJETIVO …ity SUBSTANTIVO ABSTRATO
able (apto, que tem condições de) ability (habilidade, capacidade)
active (ativo) activity (atividade)
available (disponível) availability (disponibilidade)
complex (complexo) complexity (complexidade)
flexible (flexível) flexibility (flexibilidade)
generous (generoso) generosity (generosidade)
humid (úmido) humidity (umidade)
personal (pessoal) personality (personalidade)
possible (possível) possibility (possibilidade)
probable (provável) probability (probabilidade)
productive (produtivo) productivity (produtividade)
responsible (responsável) responsibility (responsabilidade)
sincere (sincero) sincerity (sinceridade)

VERBO + …tion (…sion) = SUBSTANTIVO (sufixo de alta produtividade significando o estado, a ação ou a instituição; equivalente ao sufixo ...ção do
português). A origem deste sufixo é o latim. Portanto, as palavras a que se aplica são na grande maioria de origem latina, mostrando uma grande seme-
lhança e equivalência com o português.
VERBO ...tion SUBSTANTIVO
accommodate (acomodar) accommodation (acomodação)
acquire (adquirir) acquisition (aquisição, assimilação)
act (atuar, agir) action (ação)
administer (administrar) administration (administração)
attend (participar de) attention (atenção)
cancel (cancelar) cancellation (cancelamento)
collect (coletar, colecionar) collection (coleta, coleção)
communicate (comunicar) communication (comunicação)
compose (compor) composition (composição)
comprehend (compreender) comprehension (compreensão)
confirm (confirmar) confirmation (confirmação)
connect (conectar) connection (conexão)
consider (considerar) consideration (consideração)
construct (construir) construction (construção)
contribute (contribuir) contribution (contribuição)
converse (conversar) conversation (conversação)
cooperate (cooperar) cooperation (cooperação)
correct (corrigir) correction (correção)
corrupt (corromper) corruption (corrupção)
create (criar) creation (criação)
define (definir) definition (definição)
demonstrate (demonstrar) demonstration (demonstração)
deport (deportar) deportation (deportação)
describe (descrever) description (descrição)
direct (direcionar) direction (direção)
discuss (discutir) discussion (discussão)
distribute (distribuir) distribution (distribuição)
educate (educar, instruir) education (educação, instrução)
elect (eleger) election (eleição)
evaluate (avaliar) evaluation (avaliação)
exaggerate (exagerar) exaggeration (exagero)
examine (examinar) examination (exame)
except (excluir, fazer exceção) exception (exceção)
explain (explicar) explanation (explicação)
explode (explodir) explosion (explosão)
express (expressar) expression (expressão)
extend (extender, prorrogar) extension (prorrogação)
form (formar) formation (formação)
found (fundar, estabelecer) foundation (fundação)
generalize (generalizar) generalization (generalização)
graduate (graduar-se, formar-se) graduation (formatura)
humiliate (humilhar) humiliation (humilhado)
identify (identificar) identification (identificação)

Língua Inglesa 3
APOSTILAS OPÇÃO

imagine (imaginar) imagination (imaginação)


immerse (imergir) immersion (imersão)
incorporate (incorporar) incorporation (incorporação)
infect (infeccionar) infection (infecção)
inform (informar) information (informação)
inject (injetar) injection (injeção)
inspect (inspecionar) inspection (inspeção)
instruct (instruir) instruction (instrução)
intend (ter intenção, pretender) intention (intenção)
interpret (interpretar) interpretation (interpretação)
introduce (introduzir, apresentar) introduction (introdução, apresentação)
justify (justificar, alinhar texto) justification (justificação, alinhamento de texto)
legislate (legislar) legislation (legislação)
locate (localizar) location (localização)
lubricate (lubrificar) lubrication (lubrificação)
menstruate (menstruar) menstruation (menstruação)
modify (modificar) modification (modificação)
motivate (motivar) motivation (motivação)
nominate (escolher, eleger) nomination (escolha de um candidato)
normalize (normalizar) normalization (normalização)
obligate (obrigar) obligation (obrigação)
operate (operar) operation (operação)
opt (optar) option (opção)
organize (organizar) organization (organização)
orient (orientar) orientation (orientação)
permit (permitir) permission (permissão)
pollute (poluir) pollution (poluição)
present (apresentar) presentation (apresentação)
privatize (privatizar) privatization (privatização)
produce (produzir) production (produção)
promote (promover) promotion (promoção)
pronounce (pronunciar) pronunciation (pronúncia)
protect (proteger) protection (proteção)
qualify (qualificar) qualification (qualificação)
quest (buscar, procurar) question (pergunta)
receive (receber) reception (recepção)
reduce (reduzir) reduction (redução)
register (registrar) registration (registro)
regulate (regular) regulation (regulamento)
relate (relacionar) relation (relação)
repete (repetir) repetition (repetição)
revolt (revoltar-se) revolution (revolução)
salve (salvar) salvation (salvação)
select (selecionar) selection (seleção)
situate (situar) situation (situação)
solve (resolver, solucionar) solution (solução)
transform (transformar) transformation (transformação)
translate (traduzir) translation (tradução)
transmit (transmitir) transmission (transmissão)
transport (transportar) transportation (transporte)

VERBO + …er = SUBSTANTIVO (significando o agente da ação; sufixo de alta produtividade).


VERBO ...er SUBSTANTIVO
bank (banco) banker (banqueiro)
blend (misturar) blender (liquidificador)
boil (ferver) boiler (tanque de aquecimento, caldeira)
call (chamar, ligar) caller (aquele que faz uma ligação telefônica)
compute (computar) computer (computador)
drum (tamborear, tocar bateria) drummer (baterista)
dry (secar) drier (secador)
drive (dirigir) driver (motorista)
erase (apagar) eraser (apagador, borracha)

Língua Inglesa 4
APOSTILAS OPÇÃO
fight (lutar) fighter (lutador, caça)
freeze (congelar) freezer (congelador)
interpret (interpretar) interpreter (intérprete)
kill (matar) killer (matador, assassino)
lead (liderar) leader (líder)
light (iluminar, acender) lighter (isqueiro)
lock (chavear) locker (armário de chavear)
love (amar) lover (amante)
manage (gerenciar) manager (gerente)
paint (pintar) painter (pintor)
photograph (fotografar) photographer (fotógrafo)
print (imprimir) printer (impressora)
prosecute (acusar) prosecuter (promotor)
publish (publicar) publisher (editor)
read (ler) reader (leitor)
record (gravar, registrar) recorder (gravador)
report (reportar) reporter (repórter)
rob (assaltar) robber (assaltante)
sing (cantar) singer (cantor)
smoke (fumar) smoker (fumante)
speak (falar) speaker (porta-voz, aquele que fala)
supply (fornecer) supplier (fornecedor)
teach (ensinar) teacher (professor)
train (treinar) trainer (treinador)
travel (viajar) traveler (viajante)
use (usar) user (usuário)
wait (esperar) waiter (garçom)
wash (lavar) washer (lavador, máquina de lavar)
work (trabalhar) worker (trabalhador, funcionário)
write (escrever) writer (escritor)

VERBO + …able (...ible) = ADJETIVO (o mesmo que o sufixo …ável ou …ível do português; sufixo de alta produtividade). Sua origem é o sufixo
_abilis do latim, que significa capaz de, merecedor de.
VERBO …able (...ible) ADJETIVO
accept (aceitar) acceptable (aceitável)
access (acessar) accesible (acessível)
achieve (realizar, alcançar um resultado) achievable (realizável)
advise (aconselhar) advisable (aconselhável)
afford (proporcionar, ter meios para custear) affordable (que dá para comprar)
apply (aplicar, candidatar-se a) applicable (aplicável)
avail (proporcionar, ser útil) available (disponível)
believe (acreditar, crer) believable (acreditável)
compare (comparar) comparable (comparável)
comprehend (abranger, compreender) comprehensible (abrangente, compreensível)
predict (predizer, prever) predictable (previsível)
question (questionar) questionable (questionável)
rely (confiar) reliable (confiável)
respond (responder) responsible (responsável)
sense (sentir) sensible (sensível)
trust (confiar) trustable (confiável)
understand (entender) understandable (inteligível)
value (valorizar) valuable (valioso)

VERBO + …ive (…ative) = ADJETIVO (o mesmo que o sufixo …tivo ou …ível do português; sufixo de alta produtividade). Sua origem é o sufixo _ivus
do latim, que significa ter a capacidade de.
VERBO …ive (…ative) ADJETIVO
act (atuar) active (ativo)
administrate (administrar) administrative (administrativo)
affirm (afirmar) affirmative (affirmativo)
attract (atrair) attractive (atrativo)
communicate (comunicar) communicative (comunicativo)
conserve (conservar) conservative (conservador)
construct (construir) constructive (construtivo)
expend (gastar) expensive (caro)
explode (explodir) explosive (explosivo)
inform (informar) informative (informativo)
instruct (instruir) instructive (instrutivo)
interrogate (interrogar) interrogative (interrogativo)

Língua Inglesa 5
APOSTILAS OPÇÃO
offend (ofender) offensive (ofensivo)
prevent (prevenir) preventive (preventivo)
produce (produzir) productive (produtivo)

ADJETIVO + …ly = ADVÉRBIO (o mesmo que o sufixo …mente do português; sufixo de alta produtividade).
ADJETIVO …ly ADVÉRBIO
actual (real) actually (de fato, na realidade)
approximate (aproximado) approximately (aproximadamente)
basic (básico) basically (basicamente)
careful (cuidadoso) carefully (cuidadosamente)
careless (descuidado) carelessly (de forma descuidada)
certain (certo) certainly (certamente)
dangerous (perigoso) dangerously (perigosamente)
efficient (eficiente) efficiently (eficientemente)
eventual (final) eventually (finalmente)
exact (exato) exactly (exatamente)
final (final) finally (finalmente)
fortunate (afortunado, feliz) fortunately (felizmente)
frequent (frequente) frequently (frequentemente)
hard (duro, difícil) hardly (dificilmente)
hopeful (esperançoso) hopefully (esperemos que)
important (importante) importantly (de forma importante)
late (tarde, último) lately (ultimamente)
natural (natural) naturally (naturalmente)
necessary (necessário) necessarily (necessariamente)
normal (normal) normally (normalmente)
obvious (óbvio) obviously (obviamente)
occasional (ocasional, eventual) occasionally (ocasionalmente, eventualmente)
original (original) originally (originalmente)
perfect (perfeito) perfectly (perfeitamente)
permanent (permanente) permanently (permanentemente)
quick (ligeiro) quickly (ligeiramente)
real (real) really (realmente)
recent (recente) recently (recentemente)
regular (regular) regularly (regularmente)
sincere (sincero) sincerely (sinceramente)
slow (lento) slowly (lentamente)
successful (bem-sucedido) successfully (de forma bem-sucedida)
sudden (repentino) suddenly (repentinamente)
unfortunate (infeliz) unfortunately (infelizmente)
urgent (urgente) urgently (urgentemente)
usual (usual) usually (usualmente, normalmente)

5. Don’t get thrown off by prepositional verbs: look them up in a dictionary.


(Não se deixe enganar pelos verbos preposicionais.)
Os verbos preposicionais, também chamados de phrasal verbs ou two-word verbs, confundem porque a adição da preposição normalmente altera
substancialmente o sentido original do verbo. Ex:
go off - disparar (alarme)
go - ir
go over - rever, verificar novamente
turn on - ligar
turn off - desligar
turn - virar, girar
turn down - desprezar
turn into - transformar em
put off - cancelar, postergar
put on - vestir, botar
put - colocar, botar put out - apagar (fogo)
put away - guardar
put up with - tolerar

6. Make sure you understand the words of connection.


(Procure conhecer bem as principais palavras de conexão.)
Words of connection ou words of transition são conjunções, preposições, advérbios, etc, que servem para estabelecer uma relação lógica entre frases
e ideias. Familiaridade com estas palavras é chave para o entendimento e a correta interpretação de textos.

7. Be careful with false friends.


(Cuidado com os falsos conhecidos.)
Falsos conhecidos, também chamados de falsos amigos, são palavras normalmente derivadas do latim, que têm portanto a mesma origem e que apa-
recem em diferentes idiomas com ortografia semelhante, mas que ao longo dos tempos acabaram adquirindo significados diferentes.

Língua Inglesa 6
APOSTILAS OPÇÃO
8. Use intuition, don’t be afraid of guesswork, and don’t rely too much on the dictionary.
(Use sua intuição, não tenha medo de adivinhar, e não dependa muito do dicionário.)
Para nós, brasileiros, a interpretação de textos é facilitada pela semelhança no plano do vocabulário, uma vez que o português é uma língua latina e o
inglês possui cerca de 50% de seu vocabulário proveniente do latim. É principalmente no vocabulário técnico e científico que aparecem as maiores seme-
lhanças entre as duas línguas, mas também no vocabulário cotidiano encontramos palavras que nos são familiares. É certo que devemos cuidar com os
falsos cognatos. Estes, entretanto, não chegam a representar 0,1% do vocabulário de origem latina. Podemos, portanto, confiar na semelhança. Por exem-
plo: bicycle, calendar, computer, dictionary, exam, important, intelligent, interesting, manual, modern, necessary, pronunciation, student, supermarket, test,
vocabulary, etc., são palavras que brasileiros entendem sem saber nada de inglês. Assim sendo, o aluno deve sempre estar atento para quaisquer seme-
lhanças. Se a palavra em inglês lembrar algo que conhecemos do português, provavelmente tem o mesmo significado.
Leitura de textos mais extensos como jornais, revistas e principalmente livros é altamente recomendável para alunos de nível intermediário e avança-
do, pois desenvolve vocabulário e familiaridade com as características estruturais da gramática do idioma. A leitura, entretanto, torna-se inviável se o leitor
prender-se ao hábito de consultar o dicionário para todas palavras cujo entendimento não é totalmente claro. O hábito salutar a ser desenvolvido é exata-
mente o oposto. Ou seja, concentrar-se na ideia central, ser imaginativo e perseverante, e adivinhar se necessário. Não deve o leitor desistir na primeira
página por achar que nada entendeu. Deve, isto sim, prosseguir com insistência e curiosidade. A probabilidade é de que o entendimento aumente de forma
surpreendente, à medida em que o leitor mergulha no conteúdo do texto. Ricardo Schutz

Para interpretar o inglês, é preciso entender bem


A compreensão ou intelecção de textos envolve o ato de perceber, conceber, entender -enfim, compreender uma declaração, situação ou problema.
Além de conhecer ou ter noções sobre o assunto a que a passagem se refere, o leitor precisa ser capaz de detectar sutilezas de linguagem, tais como
ironias, desdéns, trocadilhos, associações, referências, ambiguidades etc.
Por sua vez, a interpretação decorre, primeiramente, de um bom entendimento. Ela envolve o ato de deduzir, inferir, julgar -decifrar o teor de uma
mensagem dentro de parâmetros precisos e convincentes.
Em resumo: o que é para compreender está explícito no texto (ou na imagem). O que é para interpretar está implícito. É o que está subjacente, nas
entrelinhas. Há quem prefira abarcar os conceitos de compreensão e de interpretação sob a denominação de "apreensão".
Nos vestibulares ou concursos públicos, geralmente pede-se a compreensão por meio do seguinte enunciado: "De acordo com o texto..." Já as ques-
tões de interpretação, menos frequentes, podem começar com "Infere-se do texto..."
Tomemos como exemplo de questão interpretativa a conhecida fábula de Esopo, "The Ant and the Grasshopper" ("A Cigarra e a Formiga") como o tex-
to dado. (Em inglês, o nome do inseto é gafanhoto, e não cigarra). A questão seria: We may infer that the grasshopper is:
a) lazy; b) masochist; c) smart; d) careless.
Qual a opção correta? A cigarra não era preguiçosa (exercia seu ofício de cantora à exaustão), nem masoquista, nem esperta. Ela era, isto sim, impre-
vidente, descuidada; não pensava no futuro. Letra "d". Wilson Libetaro

COGNATO
Cognatos são palavras que tem, etimologicamente, uma origem comum. Como um adjetivo, a palavra cognato não se limita a palavras, e significa, de
uma forma geral, de mesma origem. Frequentemente, o termo é utilizado para destacar pares de palavras de duas línguas que tem origem comum, e
grafias idênticas ou semelhantes, mas que evoluíram de forma diferente, total ou parcialmente, quanto ao significado.
Falsos cognatos são palavras de grafias semelhantes mas que tem origem distintas. O conceito falso cognato tem sido difundido erroneamente no
Brasil como palavras semelhantes em duas línguas, mas de sentidos diversos. Essa definição é errada porque duas palavras semelhantes de sentidos
diversos podem ser cognatos legítimos, por terem a mesma origem, mesmo que tenham significados distintos. Assim, é preferível utilizar os conceitos de
heterossemânticos ("com significados distintos"), falsos amigos ou falsos conhecidos para esse propósito.
O conceito de falsos amigos foi estabelecido em 1928 pelos linguistas franceses Maxime Koessler e Jules Derocquigny no livro Les Faux-Amis ou Les
trahisons du vocabulaire anglais. O elemento mais importante no processo de modificação é o conteúdo semântico, precisamente a cadeia
significante>significado” que “nos permite compreender [...] o conflito entre essas duas facetas da palavra (1) .
Existem dois tipos principais de falsos amigos: os estruturais e os lexicais. Os falsos amigos estruturais são estruturas gramaticais, de modo especial
sintácticas [...], que apesar de possuírem uma semelhança exterior, essa não se verifica no sentido e ou uso (2). Os exemplos mais típicos são os tempos
verbais cujo uso varia segundo a forma dos verbos: por exemplo, transitivos directos em português em vez de indirectos em outras línguas e vice-versa.
Exemplos de cognatos
Palavra em português Cognatos (idioma)
alto alto (espanhol); alto (italiano); haut (francês); înalt (romeno)
ar aire (espanhol); air (francês); air (inglês); aria (italiano); aer (romeno)
cair caer (espanhol); cadere (italiano); cădea (romeno);
clima Klima (alemão); clima (espanhol); climat (francês); climate (inglês); clima (italiano); climă (romeno)
combate combate (espanhol); combat (francês); combat (inglês); combattimento (italiano); combatere (romeno)
nome Name (alemão); nombre (espanhol); nom (francês); name (inglês); nome (italiano); nume (romeno)
superior superior (espanhol); supérieur (francês); superior (inglês); superiore (italiano); superior (romeno)
trabalho trabajo (espanhol); travail (francês); travaliu (romeno)
verdade verdad (espanhol); vérité (francês); verità (italiano); verity (inglês); adevăr (romeno)
Setembro September (inglês); Septiembre (espanhol); Septembre (francês); Settembre (italiano)

Falsos cognatos e heterossemânticos


Falsos cognatos ou falsos amigos, são pares de palavras que, apesar de semelhantes em duas línguas, possuem origens e significados diferentes.
Um outro conceito relacionado são os heterossemânticos. Estes são pares de palavras de origem comum, ou seja, verdadeiros cognatos, mas que
sofreram evoluções semânticas distintas nas duas línguas, acabando por apresentar significados distintos.
As listas a seguir apresentam tanto os heterossemánticos quanto os falsos cognatos.
Língua Inglesa 7
APOSTILAS OPÇÃO
Falsos cognatos entre a língua portuguesa e a língua inglesa:
Palavra em inglês Falso cognato em português Significado real
anthem antena hino
ingenious ingênuo engenhoso
pregnant impregnada grávida; prenhe
spectacles espetáculos óculos

Heterossemânticos entre a língua portuguesa e a língua inglesa:


Palavra em inglês Heterossemântico em português Significado real
actually atualmente na verdade; realmente
alias aliás pseudônimo; apelido
advert advertir menção; propaganda
appoint apontar marcar
argument argumento discussão; debate
assign assinar atribuir; designar
college colégio faculdade
comprehensive compeensivo abrangente
conceit conceito vaidade; presunção
deception decepção ilusão; fraude
devolve devolver transferir
exquisite esquisito requintado; agudo; sensível
eventually eventualmente mais cedo ou mais tarde
graduate graduação pós-graduação
inhabitable inabitável habitável
injury injúria lesão
intend entender pretender
library livraria biblioteca
physician físico médico
prejudice prejuízo preconceito
pretend pretender fingir
push puxar empurrar
realize realizar perceber
retribution retribuição represália; punição
scholar escolar erudito
sensible sensível sensato
silicon silicone silício
sympathy simpatia compaixão; pena

Falsos amigos entre a língua portuguesa e a língua francesa:


Palavra em francês Falso cognato em português Significado real
depuis depois desde
mot moto palavra
par para por
pourtant portanto entretanto

Falsos amigos entre a língua portuguesa e a língua espanhola:


Palavra em espanhol Falso cognato em português Significado real
absorto absorto distraído
aceitar aceitar untar/lubrificar com óleo
aceite aceite óleo
acordarse acordar lembrar-se/recordar-se
alargar alargar alongar
alias aliás alcunha/nome suposto
anécdota anedota história breve/episódio real
ano ano ânus
apellido apelido sobrenome
azar azar casualidade
balón balão bola
barata barata promoção
bicha bicha serpente
bola bola globo

Língua Inglesa 8
APOSTILAS OPÇÃO
borrar borrar apagar
brincar brincar saltar
cabrón cabra sujeito malandro
cachorro cachorro filhote
calzas calças verbo (tú calzas)/ meias/calções
carroza carroça carruagem
cierto certo verdadeiro
cola cola fila
contaminar contaminar poluir
cuello coelho pescoço
crianza criança criação
desenvolver desenvolver abrir/desembrulhar
doce doce doze
donde de onde onde
embarazar embaraçar engravidar
engrasado engraçado lubrificado/engraxado
escoba escova vassoura
escritorio escritório secretário
exquisito esquisito delicioso/elegante
estufa estufa fogão
feria férias feira
firma firma assinatura
funda funda fronha
jugo jugo suco
largo largo comprido
leyenda legenda lenda
luego logo depois
maestro maestro professor
manteca manteiga banha
mermelada marmelada doce
mirar mirar olhar
oso osso urso
palco palco camarote
pelirrojo perigoso ruivo
patio pátio platéia
propina propina gorjeta
rato rato momento
rojo roxo vermelho
salada salada salgada
tapa bofetada tira-gosto
taza taça xícara

FALSOS COGNATOS
Denominam-se falsos cognatos ou falsos amigos "palavras semelhantes em duas línguas, mas de sentidos totalmente diversos".
Um bom tradutor, além de dominar o assunto do texto a ser traduzido, deve conhecer bem a língua do autor e, melhor ainda, a sua própria, o que, de
modo geral, não se observa em livros médicos traduzidos no Brasil do inglês para o português.
Dentre as muitas dificuldades de tradução estão os falsos cognatos. O tradutor despreparado deixa-se levar pela semelhança gráfica e sônica da pala-
vra nos dois idiomas, adapta morfologicamente o termo ao português, mantendo a acepção original do inglês e conferindo-lhe um significado inexistente
em nosso idioma.
Somando-se a isso os erros gramaticais e as impropriedades sintáticas fica fácil entender o aparecimento de um novo dialeto médico em formação,
misto de português e inglês, que poderíamos chamar de PORTUGLÊS.
O fato é mais raro nas traduções literárias, porquanto nessa área os tradutores são mais bem preparados.
Vejamos alguns exemplos mais comuns de falsos cognatos da língua inglesa encontrados em traduções de textos médicos:
• Assign (v.) - traduz-se por designar e não assinar
• Actually - traduz-se por realmente e não atualmente
• Adherence - adesão e não aderência (ao tratamento)
• Adhesion - aderência e não adesão (visceral)
• Advert - aludir, mencionar e não advertir
• Aperture - abertura, orifício e não apertura, estreitamento
• Appoint (v.) - marcar e não apontar (consulta)
• Application - inscrição, matrícula e não aplicação
• Clearence - depuração e não clareamento
Língua Inglesa 9
APOSTILAS OPÇÃO
• College - Faculdade e não Colégio
• Conference - reunião, associação e não conferência (palestra)
• Confidence - confiança e não confidência (estatística)
• Defer (v.) - adiar e não deferir
• Devolve (v.) - transferir e não devolver
• Discrete - distinto, separado e não discreto
• Disorder - transtorno e não desordem
• Divert (v.) - desviar e não divertir
• Entail (v.) - acarretar e não entalhar
• Exit - saída e não êxito
• Injury - lesão e não injúria (dano a um órgão ou tecido)
• Lecture - conferência, preleção e não leitura
• Library - biblioteca e não livraria
• Morose - mal-humorado e não moroso
• Offensive - desagradável, repugnante e não ofensivo (odor)
• Paper - trabalho publicado e não papel
• Parents - pais e não parentes
• Policy - política, programa e não polícia
• Prejudice - preconceito e não prejuízo
• Process - protuberância e não processo (anatomia)
• Prospect - perspectiva e não prospecto
• Provocative - indutor e não provocativo (teste diagnóstico)
• Realise (v.) - perceber, compreender e não realizar
• Recipient - ganhador, beneficiário e não recipiente
• Record (v.) - registrar e não recordar
• Relapse - recaída, recidiva e não relapso
• Relatives - parentes e não relativos
• Requirement - condição, requisito e não requerimento
• Resume (v.) - retomar, reassumir e não resumir
• Severe - grave, intenso, acentuado e não severo
• Subtle - sutil, tênue e não súbito

Outra dificuldade das traduções reside na polissemia. Denomina-se polissemia a multiplicidade de significações para a mesma palavra. Se o tradutor
não dominar o assunto que está traduzindo, cairá em verdadeiras armadilhas. Vejamos alguns exemplos:
• Affection - Tem o sentido de afecção e também o de afeição
• Affiliate (v.) - tanto pode significar filiar-se (a uma sociedade,) como determinar a paternidade.
• Ambulant (patient) - paciente de ambulatório, ou capaz de caminhar.
• Assume (v.) - assumir e também admitir, aceitar
• Anecdotic - significa não documentado e também anedótico, no sentido de pilhéria, de narrativa jocosa.
• Aspect - além de aspecto significa também lado, face
• Attend - além de atender significa também acompanhar, seguir-se a, provir de
• Casuality - casualidade e também acidente, desastre
• Compass - pode ser compasso ou bússola
• Consistent - pode ser consistente e também compatível, congruente
• Elegant - além de elegante significa precisão científica (pesquisa)
• Envelope - envelope (sobrecarta) e invólucro, envoltório
• Fatality - traduz-se por fatalidade ou morte por acidente
• Figure - traduz-se por figura e também por número
• Forceps - pode ser pinça de modo genérico, ou fórceps obstétrico
• Fluid - traduz-se por líquido ou fluido, dependendo do contexto
• Inoculate (v.) - tanto expressa inocular, como propagar, disseminar
• Instance- Além de instância, tem o significado de exemplo, caso ilustrativo
• Legend - traduz-se por lenda ou legenda, na dependência do contexto
• Medicine - tanto quer dizer medicina como remédio
• Sequel - tanto pode ser sequela, como sequência
• Subject - tanto significa sujeito, como tema, matéria
• Succeed - não é apenas suceder; significa ter êxito, ser bem sucedido

Língua Inglesa 10
APOSTILAS OPÇÃO
Alguns falsos cognatos já estão arraigados no vocabulário médico em suas pseudotraduções, tais como aderência (ao tratamento); assumir, com o
sentido de admitir; injúria, em lugar de lesão; clareamento, em vez de depuração; consistente significando compatível, sugestivo; provocativo, em lugar de
indutor, para os testes diagnósticos que produzem determinados efeitos; severo, em substituição a grave, intenso, acentuado; envelope como termo de
biologia em lugar de invólucro, envoltório; fluido, como sinônimo de líquido, e muitos outros.
http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/falsoscognatos.htm

VOCABULÁRIO INGLÊS - PORTUGUÊS


LISTA COMPLETA DAS 850 PALAVRAS DO INGLÊS BÁSICO
About - - Acerca de, sobre, a respeito de.
Account - - Conta, relação, cálculo.
Acid - - Ácido.
Across - - Através de, por, de um lado a outro.
Act - - Ação, ato, auto, escritura
Addition - - Adição, aumento, acréscimo.
Adjustment – - Adaptação, ajuste, acordo.
Admirable - - Admirável.
Advertisement - - Anúncio, aviso, reclame (comercial).
After - - Depois, após, em seguida.
Again - - Outra vez, novamente, de novo.
Against - - Contra, em oposição a.
Agreement - - Concórdia, ajuste, convênio, pacto.
Air - - Ar, aparência, aspecto.
Ali = - Todo, todos, tudo, completo, perfeito.
Almost - - Quase, aproximadamente, pouco mais de.
Among - - Entre (vários), no meio de.
Amount - - Quantidade, soma, montante, total.
Amusement - - Divertimento, recreação, passatempo.
And - - E.
Angle - - Ângulo, esquina, canto, ponto de vista.
Angry – - Raivoso, irritado, indignado, zangado.
Animal - - Animal, fera.
Answer - - Resposta, réplica.
Ant - - Formiga,
Any - - Algum, qualquer, quaisquer, todo, toda; todo e qualquer,
Apparatus - - Aparelho, maquinismo, aparato,
Apple - - Maça
Approval - - Aprovação, sanção, ratificação.
Arch - - Arco, abóbada celeste.
Argument - - Argumento, discussão, raciocínio, razões.
Arm - - Braço; pata, membro anterior dos mamíferos.
Army - - Exército; multidão, hoste, legião.
Ah - - Arte; perícia, habilidade, destreza.
As - - Como, quanto, qual.
At - - Em, para, junto a, á, ás, ao, aos, até no, na.
Attack - - Ataque, investida, assalto, agressão, ofensa.
Attempt - - Tentativa, experiência, esforço.
Attention - - Atenção, cuidado, cortesia, fineza.
Attraction - - Atração; atrativo; simpatia, encontro.
Authority - - Autoridade; poder, domínio,
Automatic - - Automática, mecânico, maquinal.
Awake - - Acordado, alerta, vigilante, atento.
Baby - - Criancinha de peito, bebê, nené, o caçula.
Back - - Dorso, atrás, costas, lombo, espáduas, parte traseira.
Bad - - Mau, ruim; perverso, malvado.
Bag - - Saco, bolsa, saco de viagem, maleta.
Balance - - Balanço, equilíbrio, estabilidade.
Ball - - Bolsa, globo, esfera, projétil.
Band - - Cadarço, bando, orquestra.
Base - - Base, fundamento, pedestal, alicerce.
Basin - - Bacia, vasilha, lago artificial.
Basket - - Cesto, cesta, obra trançada.
Bath - - Banho; banheira.
Be - - Ser, estar, existir, acorrer, acontecer, permanecer,
Beautiful - - Belo, lindo, formoso, admirável, magnífico.
Because - - Porque, por causa de.
Bed - - Cama, leito; canteiro.
Bee - - Abelha.
Before - - Antes, diante, á frente, na dianteira.
Behaviour - - Procedimento, comportamento, conduta.
Belief - - Fé, crença, credo, confiança.

Língua Inglesa 11
APOSTILAS OPÇÃO
Bell – - Campainha, sino, sineta, guizo.
Bent - - Curvo, torto, curvatura; inclinação.
Berry - - Frutinha, baga, grão (de café)-
Between - - Entre (dois), no meio de (duas pessoas ou coisas).
Bird - - Pássaro, ave.
Birth - - Nascimento, estirpe, linhagem
Bit - - Bocado, pedaço, pouco, pouquinho.
Bite - - Mordedura, dentada; picada.
Bitter - - Amargo, amargoso.
Black - - Preto, negro; escura, tenebroso
Blade - - Lâmina, gume, folha (de faca), navalha.
Blood - - Sangue, raça; sumo, laços de sangue.
Blow - - Golpe, pancada; sopro; murro, sopapo.
Blue - - Azul, roxo (diz-se da pele) triste, abatido, nervoso,
Board - - Prancha, tábua, comissão, cartão, papelão
Boat - - Lancha, barco, bote, embarcação.
Body - - Corpo, sociedade; cadáver; tronco
Boiling - - Fervente, fervura, escaldante,
Bone - - Osso, ossadas, espinha de peixe.
Book - - Livro, tomo; caderno
Boot - - Bota, botina; caixa, porta-malas.
Bottle - - Garrafa, frasco, vidro.
Box - - Caixa, guarita, cabana, boleia, sopapo bofetão,
Boy - - Menino, garoto, rapaz, moço; filho
Brain - - Cérebro, juízo, entendimento, inteligência.
Brake - - Breque, freio, trava.
Branch - - Ramo, bifurcação, filial, subdivisão, ramal, agência.
Brass - - Latão, bronze, placa sepulcral de bronze.
Bread - - Pão, alimento, sustento, hóstia.
Breath - - Fôlego, respiração, sopro, hálito.
Brick - -Tijolo, tablete, pastilha, ladrilho.
Bridge - - Ponte, jogo de cartas (bridge)
Bright - - Brilhante, perspicaz, luminoso, polido.
Broken - - Quebrado, fraturado, despedaçado, acidentado
Brother - - irmão; amigo intimo, companheiro.
Brown - - Castanho, pardo, moreno, trigueiro.
Brush - - Escova, pincel, broxa.
Bucket - - Balde, vaso de metal.
Building - - Edifício, construção.
Bulb - - Globo, bulbo.
Bum - - Queimadura.
Burst - - Explosão, estouro.
Business - - Negócio, ocupação.
But - - Mas, exceto, apenas.
Butler - - Manteiga.
Button - - Botão.
By - - Por, com, em.
Cake - - Bolo, pastel.
Camera - - Máquina fotográfica.
Canvas - - Lona, brim encorpado.
Card - - Cartão, baralho.
Care - - Cuidado, cautela.
Carriage - - Carruagem, transporte.
Cart - - Carroça, carreta.
Cat - - Gato.
Cause - - Motivo, causa.
Certain - - Cerro, exalo.
Chain - - Corrente, cadeia.
Chalk - - Giz.
Chance - - Ocasião, "chance", oportunidade.
Change - - Mudança, variação.
cheap - - Barato, ordinário.
Cheese - - Queijo.
Chemical - - Químico.
Chest - - Peito, caixão, arca.
Chief - - Chefe, principal.
Chin - - Queixo.
Circle - - Circulo, giro.
Clean - - Limpo, asseado.
Clear - - Claro, asseado.
Clock - - Relógio de parede.

Língua Inglesa 12
APOSTILAS OPÇÃO
Cloth - - Pano, tecido.
Cloud - - Nuvem, nevoeiro.
Coal - - Carvão, hulha.
Coat - - Casaco, camada.
Cold - - Frio.
Collar - - Colarinho, gola.
Colour - - Cor.
Comb - - Pente, crista.
Come - - Vir, chegar.
Comfort - - Conforto.
Committee - - Comissão, junta.
Common - - Comum, público
Company - - Companhia, sociedade.
Comparison - - Comparação.
Competition - - Rivalidade, concurso.
Complete - - Completo, parteiro.
Complex - - Complexo, complicado.
Condition - - Condição, estado.
Connection - - Ligação, conexão.
Conscious - - Cônscio, convicto.
Control - - superintendência, controle.
Cook - - Cozinheira.
Copper - - Cobre.
Copy - - Cópia, exemplar.
Cord - - Corda.
Cork - - Rolha, cortiça.
Cotton - - Algodão, tecido.
Cough - - Tosse.
Country - - Província, roça, pais.
Cover - - Capa, coberta, tampa, talhar.
Cow - - Vaca.
Crack - - Fenda, racha, estalo.
Credit - - Crédito, reputação.
Crime - - Crime, delito.
Cruel - - Cruel, terrível.
Crush - - Esmagamento, choque.
Cry - - Grito, choro.
Cup - - xícara, chávena.
Current - - Corrente, correnteza
Curtain - - Cortina, bastidor.
Curve - - Curve, volta.
Cushion - - Almofada, coxim
Cut - - Golpe, cone, cortado.
Damage - - Dano, perda, indenização
Danger - - Perigo, risco. .
Dark - - Escuro, sombrio.
Daughter - - Filha
day - - Dia.
Dead - - Mono, inerte.
Dear - - Querido, caro.
Death - - Mona, óbito.
Debt - - Divida, débito.
Decision - - Decisão, resolução.
deep - - Fundo, profundo.
Degree - - Grau, classe.
Delicate - - Delicado, esmerado.
Dependent - - Dependente, anexo.
Design - - Desenho, modelo, intenção.
Desire - - Desejo, vontade.
Destruction - - Destruição.
Detail - - Particularidade, detalhe.
Development - - Desenvolvimento.
Different - - Diferente, divergente.
Digestion - - Digestão.
Direction - - Direção, instrução.
Dirty - - Sujo, imundo.
Discovery - - Descobrimento, revelação.
Discussion - - Discussão, altercação.
Disease - - Doença, enfermidade.
Disgust - - Desgosto, repugnância.
Distance - - Distância, intervalo.

Língua Inglesa 13
APOSTILAS OPÇÃO
Distribution - - Distribuição.
Division - - Divisão, repartição.
Do - - Fazer, efetuar.
Dog - - Cão, cachorro.
Door - - Porta, entrada.
Doubt - - Dúvida, incerteza.
Down - - Baixo, embaixo, para baixo.
Drain - - Escoadouro, drenagem.
Drawer - - Gaveta
Dress - - vestuário, traje, vestido.
Drink - - Bebida, gole.
Driving - - Direção, impulso.
Drop - - Gota, queda.
Dry - - Seca, enxuto.
Dust - - Pó, poeira.
Ear - - Ouvido, orelha.
Early - - Cedo, precoce.
Earth - - Terra, globo terrestre.
East - - Leste, oriental.
Edge - - Borda, gume, canto.
Education - - Educação, ensino.
Effect - - Efeito, consequência.
Egg - - Ovo.
Elastic - - Elástico.
Electric - - Elétrico.
End - - Fim, conclusão.
Engine - - Máquina, locomotiva.
Enough - - Bastante, suficiente.
Equal - - Igual, proporcionado.
Error - - Erro, engano, pecado.
Even - - Ainda que, pleno, lisa
Event - - Acontecimento, desfecho.
Ever - - Em qualquer tempo, já.
Every - - Cada, todos.
Example - - Exemplo, por exemplo.
Exchange - - Câmbio, troca, bolsa.
Existence - - Existência, vida.
Expansion - - Expansão, dilatação
Experience - - Experiência, prática.
Expert - - Perito, técnico.
Eye - - Olho, vista.
Face - - Rosto, aspecto.
Fact - - Fato, acontecimento.
Fall - - Queda, outono.
False - - Falsa, fingido, postiço.
Family - - Família, parentesco.
Far - - Longe, ao longe.
Farm - - Fazenda, roça.
Fat - - Gordo, corpulento, banha.
Father - - Pai, padre.
Fear - - Medo, susto.
Feather - - Pena, pluma.
Feeble - - Fraco, débil.
Feeling - - Tato, sensação.
Female - - Fêmea, feminino.
Fertile - - Fértil, fecundo.
Fiction - - Ficção, fábula.
Field - - Campo, acampamento.
Fight - - Combate, peleja.
Finger - - Dedo da mão.
Fire - - Fogo, incêndio.
First - - Primeiro, primitivo.
Fish - - Peixe.
Fixed - - Fixo, cerro, determinado.
Flag - - Bandeira, estandarte.
Flame – - Chama, labareda.
Flat - - Canto, plano, moradia.
Flight - - Vôo, fuga.
Floor - - Pavimento, Soalho.
Flower - - Flor.
Fly - - Mosca.

Língua Inglesa 14
APOSTILAS OPÇÃO
Fold - - Dobra, curral.
Food, - - Alimento, comida.
Foolish - - Tolo, irrisório.
Foot - - Pé.
For - - Para, par, porque.
Force - - Força, vigor, violência.
Fork - - Garfo, forquilha.
Form - - Forma, modelo.
Forward - - Adiante, para diante.
Fowl - - Ave, galináceo.
Frame - - Moldura, estruture, aro,
Free - - Livre, grátis.
Frequent - - Frequente, assíduo
Friend - - Amigo, protetor.
From - - De, do, da perto de.
Front - - Frente, fachada, testa.
Fruit - - Fruta.
Full - - Cheio, repleto.
Future - - Futuro, vindouro.
Garden - - Jardim.
General - - Geral, universal.
Get - - Obter, tornar-se, vir.
Girl - - Moça, menina.
Give - - Dar, conceder.
Glass - - Vidro, copo, óculos.
Glove - - Luva.
Go - - Ir, andar, viajar, mover-».
Goat - - Cabra, caprino.
Gold - - Ouro.
Good - - Bom, benigno.
Government - - Governo, poder.
Grain - - Grão, semente, bago.
grass - - Capim, erva.
Great - - Grande, grandioso.
Green - - Verde, fresco.
Grey - - Cinzenta, grisalho.
Grip - - Garra, abrangimento.
Group - - grupo.
Growth - - Crescimento, aumento.
Guide - - Guia, condutor.
Gun - - Espingarda, canhão, revólver.
Hair - - Cabelo, pêlo, crina.
Hammer - - Martelo, malho.
Hand - - Mão, talho de letra.
Hanging - - Suspenso, pendurado.
happy - - Feliz, propicia.
Harbour - - Porto de mar, praia.
Hard - - Duro, difícil.
Harmony - - Harmonia
Hat - - chapéu.
Hate - - Ódio, aborrecimento
Have - - Ter, haver.
He - - Ele, aquele
Head - - Cabeça, diretor.
Healthy - - Sadio, são.
Hearin - - Ação de ouvir, audiência.
Heart - - Coração.
Heat - - Calor, ardor.
Help - - Auxilio, socorro.
Here - - Aqui, neste lugar.
High - - Alto, elevado.
History - - História, crônica.
Hale - - Buraco, orifício.
Hollow - - Oco, côncava.
Hook - - Gancho, farpa.
Hope - - Esperança, expectativa.
Horn - - Chifre, trombeta.
Horse - - Cavalo.
Hospital - - Hospital.
Hour - - Hora.
House - - Casa, residência.

Língua Inglesa 15
APOSTILAS OPÇÃO
How - - Como, quanto.
Humour - - Humor, gênio
I- - Eu.
Ice - - Gelo, sorvete.
Idea - - ideia, pensamento.
lf - - Se, ainda que.
ill - - Doente, mal.
important - - importante.
impulse - - Impulso, sugestão.
In - - Em, a, entre.
Increase - - Aumento, incremento.
Industry - - Indústria, atividade.
Ink - - Tinta.
Insect - - inseto.
insensible - - insensível
instrument - - Instrumento, ferramenta,
Insurance - - Seguro, garantia
interest - - Interesse, pane, juros.
Invention - - invenção.
Iron - - Ferro, ferro de engomar.
island - - ilha.
Jelly - - Geleia.
Jewel - - Jóia, preciosidade.
Join - - União, adesão.
Joumey - - Viagem, jornada.
Judge - - Juiz, árbitro.
Jump - - Salto, pulo.
Keep - - Segurar, conservar, guardar, preservar
Kettle - - Chaleira, caldeira.
Key - - Chave, tom, clave.
Kick - - Coice, pontapé.
Kind - - Amável, amigável.
Kiss - - Beijo, ósculo.
Knee - - Joelho.
Knife - - Faca.
Knot - - Nó, nó de madeira,
Knowledge - - Conhecimento, ciência,
Land - - Terra, terreno, país.
Language - - Língua, idioma.
Last - - Ultimo, passado.
Late - - Tarde, atrasado
Laugh - - Riso, risada.
Law - - Lei, regra, jurisprudência.
Lead - - Chumbo.
Leaf - - Folha (de árvore ou de livro)-
Leaming - - Ciência, instrução.
Leather - - Couro, pele.
Left - - Esquerdo.
Leg - - Perna.
Let - - Deixar.
Letter - - Letra, cana
Level - - Nível, altitude, plano.
Library - - Biblioteca
Lift - - Levantamento, elevador.
Light - - Luz, lampião.
Like - - Semelhante, parecido.
Limit - - Fronteira, limite.
Line - - Linha, risco, fileira.
Linen - - Linho, roupa branca.
Lip - - Lábio, beiço
Liquid - - Liquido, umidade
List - - Lista, catálogo,
Little – - Pequeno, pouco.
Living - - Vivo, vida.
Lock - - Fechadura.
Long - - Longo, comprido,
Look - - Aspecto, aparência, olhar
Loose - - Solto, livre
Lass - - Perda, desaparecimento.
Loud - - Alto, estrondoso.
Lave - - Amor, afeição.

Língua Inglesa 16
APOSTILAS OPÇÃO
Low - - Baixo, degenerado.
Machine - - Máquina. mecanismo.
Make - - Fazer, fabricar, contribuir.
Male - - Macho, masculino.
Man - - Homem, varão, ser humano.
Manager - - Diretor, gerente.
Map - - Mapa, carta geográfica.
Mark - - Marca, sinal.
Market - - Mercado, praça.
Married - - Casado.
Mass - - Massa, conjunto
Match - - Fósforo.
Material - - Material, corporal
May - - Poder (verbo auxiliar de possibilidade)-
Me - - Me. eu
Meal - - Refeição, farinha.
Measure - - Medida, regra. metro
Meat - - Carne.
Medical - - Medicinal, médico
Meeting - - Reunião, sessão.
Memory - - Memória, recordação
Metal - - Metal.
Middle - - Meio, centro
Military - - Militar, militares
Milk - - Leite
Mind - - Mente. pensamento.
Mine - - Mina. caverna.
Minute - - Minuto.
Mist - - Neblina, revoa.
Mixed - - Misturado, turvo.
Money - - Dinheiro, moeda.
Monkey - - Macaco
Month - - Mês.
Moon - - Lua.
Morning - - Manhã.
Mother - - Mãe.
Motion - - Movimento, moção.
Mountain - - Montanha.
Mouth - - Boca, embocadura.
Move - - Mudança, movimento.
Much - - Muito, bastante.
Muscle - - Músculo
Music - - Música, peça musical.
Nail - - Unha, prego.
Name - - Nome, reputação.
Narrow - - Estreito, apertado
Nation - - Nação, nacionalidade.
Natural - - Natural, originário
Near - - Próximo, peno.
Necessary - - Necessário, preciso.
Neck - - Pescoço, gargalo.
Need - - Necessidade, falta.
Needle - - Agulha, ponta
Nerve - - Nervo, coragem
Net - - Rede.
New - - Novo, recente.
News - - Novidades, noticias.
Night - - Noite
No - - Não, nenhum, nada.
Noise – - Ruído, barulho.
Normal - - Normal, regular.
North - - Nona, setentrional.
Nose - - Nariz, focinho.
Not - - Não, nem.
Note - - Nota, apontamento, nota musical.
Now - - Agora, presentemente.
Number - - Número, algarismo.
Nut - - Noz, porca (de Parafuso).
Observation - - Observação, atenção.
Of - - De.
Off - - Longe, distante, livre.

Língua Inglesa 17
APOSTILAS OPÇÃO
Offer - - Oferecimento, oferta
Office - - Escritório, oficio.
Oil - - Óleo, azeite.
Old - - Velho, antigo.
On - - Sobre, em, em cima.
Only - - Somente, único.
Open - - Aberto, livre,
Operation - - Operação, atividade.
Opinion - - Opinião.
3pposite - - Oposto, fronteiro.
Or - - Ou.
Orange - - Laranja, cor de laranja.
3rder - - Ordem, comando.
Organisation - - Organização, companhia.
Ornament - - Ornato, enfeite.
Other - - Outros, outro.
Out - - Fora, para fora,
Oven - - Forno.
Over - - Sobre, por cima.
Owner - - Dono, possuidor
Page - - Página.
Pain - - Dor, sofrimento.
Paint - - Pintura.
Paper - - Papel, jornal.
Parallel - - Paralelo.
Parcel - - Pacote, porção
Pan - - Parte, quinhão
Past - - Passado, último.
Pasta - - Massa, grude, pastel,
Payment - - Pagamento, recompensa.
Peace - - Paz.
Pen - - Pena, redil.
Pencil - - Lápis.
Person - - Pessoa, personagem.
Physical - - Físico, corporal,
Picture - - Pintura, quadro, filme.
Pig - - Leitão, parco,
Pin - - Alfinete, agulha,
Pipe - - Cano, tubo, cachimbo.
Place - - Lugar, sitio, colocação
Plane - - Plaina, plano
Plan: - - Planta, fábrica.
Plate - - Prato, chapa
Play - - Jogo, brinquedo, divertimento
Please - - Faça o favor
Pleasure - - Prazer, deleite, agrado.
Plough - - Arado
Pocket - - Bolso, algibeira.
Point - - Ponta, ponto, lugar.
Poison - - Veneno
Polish - - Graxa, lustre, educação
Political - - Político.
Poor - - Pobre, mísero.
Porter - - Carregador, porteiro.
Position - - Posição, estado, situação
Possible - - Possível,
Pot - - Panela, jarra.
Potato - - Batata.
Powder – - Pó, pólvora,
Power - - Poder, força,
Present - - Presente, atual,
Price - - Preço, recompensa,
Print - - impressão, gravura
Prison - - Prisão.
Private - - Privado, secreto
Probable - - Provável.
Process - - Processo.
Produce - - Produto, fornecimento.
Profit - - Ganho, lucro, proveito.
Property - - Propriedade, bens.
Prose - - Prosa,

Língua Inglesa 18
APOSTILAS OPÇÃO
Protest - - Protesto,
Public - - Público, povo,
Pull - - Puxão, sacudidela,
Pump - - Bomba (de água ou ar).
Punishment- - Punição, castigo
Purpose - - Intento, propósito.
Push - - Empurrão, soco
Put - - Pôr, colocar, empregar.
Quality - - Qualidade.
Question - - Pergunta, problema.
Quick - - Vivo, ágil, ligeiro.
Quiet - - Quieto, pacifico.
Quite - - Inteiramente.
Rail - - Trilho, bitola, corrimão.
Rain - - Chuva.
Range - - Fila, extensão, curso
Rat - - Rato.
Rate - - Preço, taxa, razão, velocidade.
Ray - - Raio.
Reaction - - Reação, oposição.
Reading - - Leitura, revisão ,interpretação.
Ready - - Pronto, expedido, disposto.
Reason - - Razão, causa, motivo.
Receipt - - Recibo, recebimento.
Record - - Recorde, registro, disco
Red - - Vermelho, encarnado.
Regret - - Pesar. sentimento, arrependimento
Regular - - Regular, exalo, pontual.
Relation - - Relação, ligação, Parentesco.
Religion - - Religião, culto.
Representative - - Representante, deputado.
Request - - Pedido, solicitação, indagação.
Respect - - Respeito.
Responsible - - Responsável, encarregado.
Rest - - Repouso, resto, restante.
Reward - - Recompensa, compensação.
Rhythm - - Ritmo, compasso
Rice - - Arroz.
Right - - Direito, justa, mão direita.
Ring - - Anel, circulo, argola.
River - - Rio, correnteza.
Road - - Caminho. estrada.
Rod - - Vara. bastão, bordão.
Roll - - Rolo, cilindro, pão redondo.
Root - - Telhado, abóbada, teto.
Room - - Quarto, espaço, lugar.
Root - - Raiz, fundamento.
Rough - - Desigual, áspero, geral.
Round - - Redondo, ao redor.
Rub - - Fricção, esfregadura.
Rule - - Regra, norma, governo
Run - - Corrida, curso, marcha.
Sad - - Triste, melancólico.
Safe – - Salvo, livre, seguro.
Sail - - Vela de navio, navegação.
Salt - - Sal.
Same - - Mesmo, idêntico.
Sand - - Areia, areal.
Say - - Dizer, afirmar, afirmação.
Scale - - Medida, balança, escala.
School - - Escola, aula, colégio.
Science - - Ciência, sabedoria.
Scissors - - Tesoura.
Screw - - Parafuso.
Sea - - Mar, oceano.
Seat - - Assento, cadeira.
Second - - Segunda (número dois).
Secret - - Secreto, misterioso.
Secretary - - Secretário.
See - - Ver, olhar, perceber
Seed - - Semente, sementeira.

Língua Inglesa 19
APOSTILAS OPÇÃO
Seem - - Parecer, aparentar.
Selection - - Escolha, seleção.
Self - - Mesmo, mesma, próprio, Própria.
Send - - Mandar, enviar
Sense - - Razão, significação, sentido.
Separate - - Separado, apertado.
Serious - - Sério, grave.
Servant - - Criado, criada.
Sex - - Sexo, gênero.
Shade - - Sombra, obscuridade.
Shake - - Abalo, sacudidela.
Shame - - Vergonha, ignominia.
Sharp - - Afiado, atilado, em ponto.
Sheep - - Carneiro, ovelha.
Shelf - - Estante, prateleira.
Ship - - Navio, embarcação.
Shirt - - Camisa (homem).
Shock - - Encontro, choque, abalo.
Shoe - - Sapata, calçado
Short - - Curto.
Shut - - Fechado, cerrado.
Side - - Lado, flanco.
Sign - - Sinal, marca, Placa.
Silk - - Seda, fio de seda.
Silver - - Prata.
Simple - - Simples, singelo.
Sister - - irmã.
Size - - Tamanho, calibre
Skin - - Pele, couro, casca.
Skirt - - Saia, fralda.
Sky - - Céu, firmamento.
Sleep - - Sono, descansa.
Slip - - Escorregadela, descuido.
slope - - Declive, ladeira.
310w - - Vagaroso, lento.
Small - - Pequeno, miúdo.
Smash - - Choque, falência, despedaçamento.
Smell - - Cheiro, olfato, fragrância.
Smile - - Sorriso.
Smoke - - Fumo, fumaça.
Smooth- - Liso, plana.
Snake - - Cobra, serpente.
Sneeze - - Espirro.
Snow - - Neve.
So - - Assim, portanto, deste modo.
soap - - Sabão, sabonete.
Society - - Sociedade, comunidade
Socks - - Meias curtas.
Soft - - Mole, macio.
Solid - - Sólido, firme, verdadeiro.
Some - - Algum, algumas, um pouco de.
Son - - Filho.
Song – - Canto, canção.
Sort - - Qualidade, sorte
Sound - - Som, ressonância.
soup - - Sopa, caldo.
South - - Sul, meridional
Space - - Espaço, extensão, área.
Spade - - Pá, escavadeira.
Special - - Especial.
Sponge - - Esponja.
Spoon - - Colher.
Spring - - Mola, primavera, salto, fonte.
Square - - Quadrado, praça, retângulo.
Stage - - Cena, plataforma, tablado.
Stamp - - Selo, estampilha, carimbo.
Star - - Estrela, asterisco, condecoração.
Start - - Começo, principio.
Statement - - Exposição, relatório.
Station - - Estação, sitio, paragem.
Steam - - Vapor, fumo, exalação.

Língua Inglesa 20
APOSTILAS OPÇÃO
Steel - - Aço.
Stem - - Tronco, haste, cabo, cano.
Step - - Passo, pegada, rastro.
Stick - - Pau, vara, bengala.
Sticky - - Viscoso, meloso
Stiff - - Teso, rijo, áspero.
Still - - Ainda, todavia.
Stitch - - Ponta, costura.
Stockings - - Meias (compridas)
Stomach - - Estômago.
Stone - - Pedra, caroço.
Stop - - Parada, pausa, ponto final.
Store - - Loja, armazém, fornecimento.
Story - - História, narração, conto.
Straight - - Direito, rato, em frente, justo.
Strange - - Estranho, alheio, esquisito.
Street - - Rua.
Stretch - - Extensão, alcance.
Strong - - Forte, robusto
Structure - - Edifício, construção
Substance - - Substância, matéria.
Such - - Tal, semelhante, igual.
Sudden - - Repentino, súbito.
Sugar - - Açúcar.
Suggestion - - Sugestão, proposta
Summer - - Verão, estio.
Sun - - Sol.
Support - - Sustento, apoio.
Surprise - - Surpresa, admiração
Sweet - - Doce, agradável
Swim - - Natação.
System - - Sistema, método
Table - - Mesa, tábua, tabela.
Tail - - Cauda, aba, rabo,
Take - - Tomar.
Talk - - Conversação, discurso
Tall - - Alto, grande,
Taste - - Gosto, sabor
Tax - - imposto, taxa.
Teaching - - Ensino, ensinamento.
Tendency - - Tendência, propensão,
Test - - Prova, exame.
Than - - Que, do que,
That - - Esse, essa, aquele, que
The - - O, a, os, as.
Then - - Então, naquele tempo, pois,
Theory - - Teoria.
There - - Ai, ali, lá,
Thick - - Espesso, denso, grosso.
Thin - - Fino, delgado, magro,
Thing – - Coisa, abjeto
This - - Este, esta, isto.
Though - - Posto que, ainda que.
Thought - - Pensamento, juízo
Thread - - Linha, fibra.
Throat - - Garganta, goela.
Through - - Através de, mediante,
Thumb - - Dedo polegar.
Thunder - - Trovão.
Ticket - - Bilhete.
Tight - - Apertado, firme,
Till - - Até, até que.
Time - - Tempo, vez, compasso,
Tin - - Estanho, lata.
Tired - - Cansado.
To - - Para, para que.
Toe - - Dedo do pé, artelho.
Together - - Junto, juntamente.
Tomorrow - - Amanhã.
Tongue - - Língua, linguagem
Tooth - - Dente.

Língua Inglesa 21
APOSTILAS OPÇÃO
Top - - Cume, alto, cimo,
Touch - - Toque, contato.
Town - - Cidade.
Trade - - Comércio, oficio.
Train - - Trem, cauda, séquito.
Transport - - Transporte, condução.
Tray - - Bandeja, tabuleiro
Tree - - Árvore.
Trick - - Truque, manha, fraude.
Trouble - - Perturbação, embaraço.
Trousers - - Calças.
True - - Verdadeiro, exato.
Turn - - Volta, giro, passeio.
Twist - - Torcedura, falseamento, o tecer,
Umbrella - - Chapéu de chuva, guarda-chuva.
Under - - Embaixo, debaixo.
Unit - - Unidade.
Up - - Em cima, acima, para cima.
Use - - Uso, utilidade.
Value - - Valor, preço
Verse - - Verso, poesia.
Very - - Muito.
Vessel - - Vaso, navio.
View - - Opinião, vista, perspectiva.
Violent - - Violenta.
Voice - - Voz, voto.
Waiting - - Esperando, servindo.
Walk - - Andar, passeio,
Wall - - Parede, muro
War - - Guerra.
Warm -. - Quente, morno.
Wash - - Lavagem, limpeza.
Waste - - Refugo, gasto.
Watch - - Relógio de bolso.
Water - - Água
Wave - - Onda, oceano.
Wax - - Cera.
Way - - Caminho, modo, maneira.
Weather - - Tempo, clima.
Week - - Semana.
Weight - - Peso, carga.
Well - - Bom, bem, sadio.

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS: Os textos literários exploram bastante as construções de base conota-


TIPO DE TEXTO. ELEMENTOS DE COESÃO. tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações
diferenciadas em seus leitores.
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali- Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis-
dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
necessitar de um bom léxico internalizado. ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz... Neste
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e
confronto entre todas as partes que compõem o texto. esclareçam o sentido.
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento Como Ler e Entender Bem um Texto
justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e
autor diante de uma temática qualquer. de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira
cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura,
extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o pró-
Denotação e Conotação
ximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (ex- destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma
pressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de proce-
convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + dimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti-
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná- va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras fim de responder às interpretações que a banca considerou como perti-
é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre- nentes.
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi-
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tex-
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado.
to com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
Língua Inglesa 22
APOSTILAS OPÇÃO
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen- • Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. determinado tempo, que consiste na identificação do momento,
Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio- dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa-
gráfica da fonte e na identificação do autor. lienta as relações passado / presente / futuro do texto, essas rela-
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções ções podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de
exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha um fato que aconteceu depois.
adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tem-
"mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento po material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela
proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à per- natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
gunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da
haver uma outra alternativa mais completa. sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmen- seu espírito.
to do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar • Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis-
ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A des- semos, é a personagem que está a contar a história. A posição
contextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um em que se coloca o narrador para contar a história constitui o fo-
recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a co, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser ca-
posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta manei- racterizado por :
ra a resposta será mais consciente e segura. - visão “por detrás”: o narrador conhece tudo o que diz respeito
às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.
TEXTO NARRATIVO
• As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar-
forças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desen- rativa que é feito em 1a pessoa.
rolar dos fatos. - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
heroína, personagem principal da história. sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do pro-
tagonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal • Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
contracena em primeiro plano. apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-
ção.
O narrador que está a contar a história também é uma personagem, Formas de apresentação da fala das personagens
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor- Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história. três maneiras de comunicar as falas das personagens.
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não TEXTO DESCRITIVO
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais ca-
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma di- racterísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
mensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas
As perspectivas que o observador tem do objeto, é muito importante,
reações perante os acontecimentos.
tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para
a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma
enredo podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou imagem unificada.
quatro estágios progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, va-
complicação, o climax, o desenlace ou desfecho. riando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente, pouco.
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
a história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”),
ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
interesses entre as personagens. transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a sub-
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
jetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas prefe-
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfe-
rências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não
cho, ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.
o que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo ob-
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici- jetivo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o
• Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento coti-
personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos
diano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um
pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera-
romance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato
mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu-
central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá-
ral, social e econômico .
rios, relacionados ao principal.
• Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu-
observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter
para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas
partes mais típicas desse todo.
vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex- • Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos
tos narrativo. ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma

Língua Inglesa 23
APOSTILAS OPÇÃO
visualização das, suas particularidades, de seus traços distintivos Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
e típicos. desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas.
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerên-
cia é de relevada importância para a produção textual, pois nela, se dará
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge-
uma sequência das ideias, e da progressão de argumentos a serem
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca-
explanadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese
bulário mais preciso, se salientando com exatidão os pormenores.
aceitável, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores
É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer
em seus objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão.
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca-
Os mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela
nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
unidade da formação textual.
TEXTO DISSERTATIVO
Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por
consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados.
questão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai
Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é
escrever com clareza, coerência e objetividade.
a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persua- ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e
dir o leitor a respeito dos seus pontos de vista, ou simplesmente, ter com outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argu-
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. mentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto,
A linguagem usada é a referencial, centrada, na mensagem, enfati- estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da
zando o contexto. comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade.
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em: Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
objetiva da definição do ponto de vista do autor. relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co- alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
locadas na introdução serão definidas com os dados mais rele- dão tornem esta produção altamente evocativa.
vantes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia,
num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se
desencadeia a conclusão. algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes, é que a
paráfrase não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da
repetição de argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos,
ideia central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retoman-
sendo estes diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que
do a introdução e os fatos resumidos do desenvolvimento do tex-
simplesmente a junção de palavras a uma frase, requer algo mais que
to. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem
isto. É necessário ter na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado
ocorrer em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos,
de se requisitá-las, bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmen-
hipótese e opinião.
te auto-explicativo, daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emas-
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; sado em seu histórico uma relação interdiscursiva e intertextual.
é a obra ou ação que realmente se praticou.
As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem,
- Hipótese: É a suposição feita a cerca de uma coisa possível ou entram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- capazes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias,
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- valores da oposição, tudo isto em forma de piada.
tos descritos, é um parecer particular,um sentimento que se tem a Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir
respeito de algo. através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou
O TEXTO ARGUMENTATIVO conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e
Baseado em Adilson Citelli. concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerí-
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte- vel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação...
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar SP, Editora. Scipione, 1994 - 6ª edição.
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto
de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras Elementos de coesão
do tipo de texto solicitado. Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um
Para se persuadir através de muitos recursos da língua, o que é ne- texto. Percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que
cessário é que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando
construção de um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de continuidade ao outro.
acordo com a sua análise e esta se dar-se-á a partir do momento em que Os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as
a compreensão do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. frases e os parágrafos.
A formação discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que
Observe a coesão presente no texto a seguir:
se deseja transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de
vista do sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as “Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária
opiniões o que fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém o
no meio em que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito, lança suas opini- ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia,
ões com o simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explana- uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de
ções renderem o convencimento do ponto de vista de algo/alguém. sem-terra.”

Língua Inglesa 24
APOSTILAS OPÇÃO
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacio- - pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo...
nal, 2007, 566 p. - pronomes relativos: que, o qual, onde...
As palavras destacadas no texto têm o papel de ligar as partes do tex- - advérbios de lugar: aqui, aí, lá...
to, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do texto. Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, objeto,
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os principais lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma palavra ou
são: expressão que tenha sentido próximo, evitando a repetição no corpo do
Palavras de transição: são palavras responsáveis pela coesão do texto.
texto, estabelecem a inter-relação entre os enunciados (orações, frases, Ex: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”;
parágrafos), são preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”;
adverbiais.
João Paulo II: Sua Santidade;
Veja algumas palavras e expressões de transição e seus respectivos
sentidos: Vênus: A Deusa da Beleza.
- inicialmente (começo, introdução) Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados agrupados em
conjuntos. Por Marina Cabral
- primeiramente (começo, introdução)
- primeiramente (começo, introdução)
Elementos da boa articulação do texto
- antes de tudo (começo, introdução)
Quando elaboramos um texto escrito, temos mais condições de pen-
- desde já (começo, introdução)
sar sobre a melhor forma de fazer com que a intenção comunicativa
- além disso (continuação) realmente se concretize por meio de formas linguísticas e do gênero
- do mesmo modo (continuação) textual adequados. Isso porque, antes que esse texto chegue ao(s) inter-
- acresce que (continuação) locutor(es), ele pode ser reescrito, quem o escreveu pode tomá-lo como
- ainda por cima (continuação) objeto de reflexão.
- bem como (continuação) Uma das reflexões possíveis poderia ser orientada no sentido de tor-
- outrossim (continuação) nar o texto bem encadeado, ou seja coeso. O que faz de um texto mais ou
menos coeso é o emprego de determinados elementos da língua que
- enfim (conclusão) garantem a coesão - a unidade lógica das partes do todo, a coerência
- dessa forma (conclusão) interna -, ou seja, os elementos que são responsáveis pela boa articulação
- em suma (conclusão) do texto, tornando-o compreensível.
- nesse sentido (conclusão) Um dos elementos de coesão que podem ajudar na nossa reflexão é
- portanto (conclusão) a retomada de palavras: pronomes, artigos, numerais, advérbios, substan-
- afinal (conclusão) tivos, adjetivos e verbos. Para que o tema fique mais claro, propomos que
você numere adequadamente as partes do texto "The end of a dream", a
- logo após (tempo) fim de atribuir a melhor ordem para o relato. Para isso, sugerimos que
- ocasionalmente (tempo) você selecione e imprima numa folha em branco o texto em inglês. Após
- posteriormente (tempo) numerar as frases na sequência que você julgar correta, leia os comentá-
- atualmente (tempo) rios que seguem e ressaltam os elementos que dão coesão ao texto.
- enquanto isso (tempo)
- imediatamente (tempo) The end of a dream
- não raro (tempo) ( ) The first problem was that the bride's father had brought one thou-
- concomitantemente (tempo) sand dollars in cash to pay for the party after the wedding.
- igualmente (semelhança, conformidade) ( ) Everybody looked for the money, but in the end the bride's brother
- segundo (semelhança, conformidade) paid for the party by credit card.
- conforme (semelhança, conformidade) ( ) However, it also showed the father of the groom putting the money
into his pocket.
- assim também (semelhança, conformidade)
( ) The second problem happened when the bride's father decided to ask
- de acordo com (semelhança, conformidade)
the guests to watch the video.
- daí (causa e consequência)
(1) A couple decided that it would be a good idea to make a video of
- por isso (causa e consequência) their wedding.
- de fato (causa e consequência) ( ) That was the end of the marriage.
- em virtude de (causa e consequência) ( ) The tape showed the bride and the groom, all the guests, and the
- assim (causa e consequência) usual things at a wedding.
- naturalmente (causa e consequência) ( ) When the wedding day came, everything started very well, but then
- então (exemplificação, esclarecimento) two things went terribly wrong.
- por exemplo (exemplificação, esclarecimento) ( ) However, when he needed the money, he realized he could not find it.
- isto é (exemplificação, esclarecimento) A sequência comentada
- a saber (exemplificação, esclarecimento) O relato se inicia com "A couple decided that it would be a good idea
- em outras palavras (exemplificação, esclarecimento) to make a video of their wedding." O período de número dois é aquele em
- ou seja (exemplificação, esclarecimento) que o texto começa a abordar o dia do casamento e, assim, repete a
- quer dizer (exemplificação, esclarecimento) palavra wedding, mas como adjetivo (wedding day) e não como substanti-
vo como havia sido mencionada anteriormente. Temos, então, "When the
- rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento).
wedding day came, everything started very well, but then two things went
Coesão por referência: existem palavras que têm a função de fazer terribly wrong."
referência, são elas:
Veja que agora o texto dá uma pista muito clara de como será sua
- pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... continuidade. Dizendo que duas coisas deram errado, podemos supor que
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... o texto abordará cada uma delas. Nesse sentido, temos "The first problem
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... was that the bride's father had brought one thousand dollars in cash to pay

Língua Inglesa 25
APOSTILAS OPÇÃO
for the party after the wedding." Com o uso do advérbio de ordem em "o • Você tem certeza? - Are you sure?
primeiro problema" (the first problem) retomamos uma daquelas duas • Você tem razão. - You are right.
coisas já mencionadas. "Problema" é a palavra utilizada para substituir
• Não tenho medo de cachorro. - I'm not afraid of dogs.
uma das "coisas" e first indica que se fala da primeira.
• O que é que tem de errado? - What's wrong?
Introduzindo e retomando • Não tive culpa disso. - It wasn't my fault.
Note que o "problema" ainda não foi apresentado de fato. Ele surge • Tivemos sorte. - We were lucky.
no período "However, when he needed the money, he realized he could • Tenha cuidado. - Be careful.
not find it." A conjunção however introduz o "problema" (o pai da noiva não • Tenho pena deles (sinto por eles). - I feel sorry for them.
encontrou o dinheiro que havia trazido para pagar a festa) e o pronome he
• Isto não tem graça. - That's not funny.
e o substantivo money, retomam "the bride's father" e "one thousand
dollars in cash", respectivamente. A palavra money ainda é retomada mais • Não tenho condições de trabalhar. / Não estou em condições ... -
uma vez em "Everybody looked for the money, but in the end the bride's I'm not able to work. / I can't work.
brother paid for the party by credit card." No entanto, sabemos que a • Ela tem vergonha de falar inglês. - She's too shy to speak English.
ordem é essa em virtude de uma articulação lógica garantida por "in the • Você tem que ter paciência. - You must be patient.
end", ou seja, todos procuraram pelo dinheiro, mas no final a festa foi
• Ele tem facilidade para línguas. / Tem jeito ... - He's good at lan-
paga com cheque.
guages.
Temos, então, a apresentação do segundo "problema": "The second
problem happened when the bride's father decided to ask the guests to • Este quarto tem 3 metros de largura por 4 de comprimento. - This
watch the video." É o advérbio de ordem (second) que dá a pista de que o room is 3 meters wide by 4 meters long.
texto continua assim. A articulação, agora, é garantida por meio da reto-
mada do substantivo video através do uso de tape. "The tape showed the ESTAR DE ... E ESTAR COM ... - PORTUGUESE "ESTAR DE ..." /
bride and the groom, all the guests, and the usual things at a wedding." E, "ESTAR COM ..." (19)
então, o texto repete a formulação anterior, isto é, não apresenta o "pro- A combinação do verbo estar com as preposições de e com é muito
blema" nesse período, mas no período subsequente por meio da conjun- comum em português, sendo que os significados que essas combinações
ção however: "However, it also showed the father of the groom putting the representam, podem assumir diferentes formas em inglês, conforme os
money into his pocket." seguintes exemplos:
Para concluir, temos "That was the end of the marriage.", em que o • Estou com frio. / ... fome. / ... medo. / ... sono. - I'm cold. / ... hun-
pronome demonstrativo that retoma o segundo problema. gry. / ... afraid. / ... sleepy.
Agora que você encontrou a ordem mais adequada para os períodos • Estou com vontade de beber uma cerveja. - I feel like drinking a
que compõem o texto, procure fazer reflexões semelhantes acerca dos beer. / I'd like to drink ...
textos que você escreve. Celina Bruniera
• Estou com pressa. - I'm in a hurry.
• Estou com dor de cabeça. - I've got a headache. / I have a hea-
DIFERENÇAS IDIOMÁTICAS ENTRE PORTUGUÊS E INGLÊS dache.
Ricardo Schutz • Está com defeito. - It's out of order.
Na linguagem coloquial, nas expressões do linguajar de todos os dias, • Está com jeito de chuva. - It looks like rain.
ocorrem formas peculiares e contrastes acentuados entre os dois idiomas. • Ela está com 15 anos. - She is 15 years old.
A dificuldade surge sempre que nos defrontamos com uma expressão
idiomática, tanto no inglês quanto no português. São formas que não têm • Estou de ressaca. - I've got a hangover. / I have a hangover. / I'm
qualquer semelhança com as formas usadas na outra língua para expres- hung over.
sar a mesma ideia. Existe correspondência no plano da ideia, mas não da • Ela está de aniversário. - Today is her birthday. / She's celebrat-
forma. ing her birthday today.
Esta lista de expressões cotidianas e comuns serve como exemplo da • Estou de férias. - I'm on vacation. / ... on holidays.
necessidade do aprendiz de evitar a todo custo a tendência de fazer • Estou de folga. - It's my day off.
traduções mentais. • Estou de serviço. - I'm on duty.
É importante entretanto lembrar que os idiomas não são rígidos como
• Estou de castigo. - I'm grounded.
as ciências exatas. Existem normalmente várias maneiras de se expressar
uma ideia em qualquer língua; basta ser criativo. Portanto, as formas do • Estou de saída. / ... de partida. - I'm leaving.
inglês aqui usadas não são as únicas possíveis; são apenas as mais • Estou só de passagem. / I was just passing by.
comuns e as mais provavelmente usadas por falantes nativos norte- • Estamos de acordo. - We agree.
americanos.
• Estou com pouco dinheiro. / Estou mal de dinheiro. - I'm short of
Os materiais apresentados aqui nesta página não estão na forma de money.
plano de aula; são apenas materiais de referência para consulta, e úteis
• Está de cabeça para baixo. / Está de pernas para o ar. - It's upsi-
na elaboração de exercícios e planos de aula. These materials are not
de down.
lesson plans. They are mainly resource type materials based on contras-
tive linguistics. • Está tudo misturado. - It's all mixed up.

"TER" AS TO BE (15) LOCUÇÕES IDIOMÁTICAS COTIDIANAS - IDIOMS


O verbo ter do português é largamente usado, aparecendo muito em É muito importante o aspecto idiomático quando duas línguas são
expressões do nosso cotidiano e assumindo frequentemente um papel comparadas em nível de vocabulário. Em português, por exemplo, a
idiomático. O verbo to have, que seria seu correspondente em inglês, tem saudação matinal mais comum é Bom dia, a qual traduzida ao pé da letra
um uso mais restrito, não aparecendo muito em formas idiomáticas. O para o inglês, resultaria num insólito Good day, em vez do correto e usual
verbo to be, por outro lado, cobre em inglês uma grande área de significa- Good morning. Existe uma correspondência perfeita de ideias, mas não
do, aparecendo em muitas expressões do dia a dia, de forma semelhante nas formas usadas para representar essas ideias.
ao verbo ter do português. Portanto, muitas vezes ter corresponde a to Certas expressões idiomáticas frequentemente citadas não são na
be, conforme os seguintes exemplos: verdade muito importantes, porque as ideias que elas representam podem
• Quantos anos você tem? - How old are you? ser facilmente colocadas de outra forma. Outras, entretanto, desempe-
nham um papel de fundamental importância pelo fato de dificilmente
Língua Inglesa 26
APOSTILAS OPÇÃO
poderem ser substituídas, bem como pelo alto grau de cotidianidade e like to go for a drive?
pela frequência com que ocorrem no inglês de native speakers. A maioria • Qualquer um; tanto faz. - Either one. / Whatever. / It doesn't mat-
das expressões aqui relacionadas são indispensáveis para quem deseja ter. / It doesn't make any difference. / It makes no difference.
expressar-se de forma adequada em inglês. Quando oportunamente
• Pode deixar comigo - I'll take care of it.
usadas, conferem ao estudante de EFL (English as a Foreign Language)
precisão, naturalidade, e uma imagem de quem realmente domina o • Me avisa se mudares de ideia. - Let me know if you change your
idioma. Assim como verbos preposicionais, estas expressões devem ser mind.
encaradas cada uma como um elemento indivisível; como um novo vocá- • Lembranças. / Abraços. - Regards. / Give my best.
bulo a ser assimilado. • Vamos manter contato. - Let's keep in touch.
Os exemplos abaixo encontram-se agrupados de acordo com os con- • Passe bem. - Have a nice day.
textos em que ocorrem.
• Boa viagem! - Have a nice trip!
CONSOLANDO E TENTANDO AJUDAR
CONVENCIONALIDADES COMFORTING AND TRYING TO HELP (13)
EXPRESSIONS OF POLITENESS AND GETTING ACQUAINTED (37)
• Você está bem? / Tudo bem contigo? - Are you OK?
• Prazer em conhecê-lo. - Nice to meet you. / I'm glad to know you.
/ It's a pleasure to know you. / How do you do. • Vai ficar tudo bem. / Vai dar tudo certo. - It'll be OK. / It'll be all
right.
• O prazer é meu. - Nice to meet you too.
• Veja o lado bom das coisas. - Look on the bright side.
• Como vai? - How are you? / How are you doing? / How is it go-
ing? • Não se preocupe. / Deixa prá lá. / Não importa. - Don't worry. /
Never mind.
• Oi, tudo bom? - Hi, how's it going?
• Não deixe isso te afetar - Don't let it get to you.
• E aí, como é que é? - Hey, what's up? (informal greeting)
• Te acalma. / Vai com calma. - Take it easy.
• Há quanto tempo! - It's been a long time.
• Felizmente não aconteceu nada. - Fortunately nothing happened.
• Quantos anos você tem? - How old are you?
• Ainda bem que ... / Graças a Deus … - Thank God…/Good thing
• Você tem irmãos? - Do you have any brothers and sisters?

• De nada. / Não há de que. / Disponha. / Tudo bem. / Que é isso! /
• Não foi tua culpa. - It was not your fault.
Capaz! - You're welcome. / That's OK. / Not at all. / Don't mention
it. / It's my pleasure. • Pode contar comigo. - You can count on me. / You can lean on
me.
• Igualmente. - The same to you. / You too.
• Estarei sempre a teu lado. - I'll always be there for you.
• Com licença. / Dá licença. - Excuse me.
• Coitado. / Coitadinho. - Poor thing.
• Como? / O que? (quando não se entende o que o interlocutor dis-
se) - Excuse me? / Pardon? / Beg your pardon? / What? (less po- • Meus pêsames. - My sympathy.
lite) APROVANDO, FELICITANDO, ELOGIANDO OU CELEBRANDO
• Eu já volto. - I'll be right back. APPROVING, PRAISING, CONGRATULATING AND CELEBRAT-
• Até logo. / Até amanhã. - I'll (I will) see you later (tomorrow). / See ING (11)
you. • Isso mesmo. / Exatamente. / Com certeza. - Exactly. / Absolutely.
• Como é que foi o fim de semana? - How did you spend the week- • Boa ideia! / É uma boa. - Good idea! / Sounds good.
end? / How was your weekend? • Ótimo! - Great!
• Parece que vai chover. - It looks like it's going to rain. / It looks like • Bem lembrado. - Good thinking.
rain. • Meus parabéns pelo seu aniversário. / Meus cumprimentos pelo
• Será que vai chover neste fim de semana? - I wonder if it's going ... - Congratulations on your birthday.
to rain this weekend. • Gostei do teu vestido. - I really like your dress.
• Tomara que não chova. - I hope it doesn't rain. • Você está bonita(o). - You look good! / You look great!
• Faça-os entrar. - Show them in. • Consegui! - I got it! / I did it!
• Fique à vontade. / Esteja à vontade. / Faça de conta que está em • São e salvo! - Safe and sound!
casa. / Esteja a gosto. - Make yourself at home. / Make yourself
comfortable. • Bom trabalho! - Good job!
• Sirva-se. - Help yourself. / Be my guest. / Go ahead. (informal) • Ele está se saindo bem. - He's doing all right.
DESCREVENDO PESSOAS
• Você está se divertindo? - Are you having a good time? / Are you
enjoying yourself? / Are you having fun? DESCRIBING PEOPLE (15)
• que você achou da festa? - How did you like the party? / What did • Ele (ela) é muito simpático(a). / ... é muito legal. - He/she's very
you think of the party? nice.
• Não, obrigado; estou satisfeito. / Estou servido. - No, thanks. I'm • Ela é muito gostosa. - AmE: She's hot. / What a babe! / She's a
full. / I've had enough. foxy lady. / She's a looker. / BrE: She's really a nice totty. / She's
really stunning.
• Saúde! (Quando alguém espirra) - God bless you. / Bless you.
• Ela é uma gracinha. / ... bonitinha. - She's cute.
• Saúde! (Brinde) - Cheers!
• Ele é um gostosão. - He's a hunk. / He's hot.
• Pois não? (Que deseja?) - Yes, may I help you? / Can I help you?
/ What can I do for you? / What can I get for you? • Ele está de mau humor hoje. - He is in a bad mood today.
• Pois não! - Sure! / Of course! (acceding to a request). • Ele está fazendo 30 anos. - He's turning 30.
• Você é que resolve. / Você que sabe. - It's up to you. • Ele sofre do coração. - He has a heart condition.
• Por mim, tudo bem. - It's OK with me. • Ele é uma figura. - He's a real character.
• Vamos dar uma volta? - Let's go for a walk. / Let's take a walk. / • Ele é um tremendo cara-de-pau (cara dura). - He's got a lot of
Do you want to go for a walk? / Let's go for a drive. / Would you gall. / ... a lot of balls. / ... a lot of nerve.

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APOSTILAS OPÇÃO
• Ele é um dedo-duro. - He's a snitch. • Temos que nos ajudar um ao outro. / ... nos ajudar uns aos ou-
• Ele tem pavio curto. - He hss a short fuse. tros. - We have to help each other. / We have to help one another.
• Ele é um puxa-saco. - He's an ass-kisser. / He's a brownnoser. / • Cuidado! - Be careful! / Watch out!
He's an apple-polisher. • Te cuida. / Cuide-se (Numa despedida) - Take care. / Take care
• Ele é um tremendo CDF - He's a nerd. of yourself.
• Ele é um chato. - He's a pain. • Opa! (interjeição referente a um pequeno engano ou acidente) -
Oops!
• Ele é uma criança muito mimada - He's a spoiled child.
• É a vida… - That's life …
PERGUNTANDO OU PEDINDO
EXPRESSANDO PENSAMENTOS E SENTIMENTOS
ASKING (10)
EXPRESSING THOUGHTS AND FEELINGS (44)
• Como é que se diz ... em inglês? - What do you call ... in English?
• Tenho saudades de ti (você). - I miss you.
• que é que significa ...? - What's the meaning of ...? / What does ...
• Estou com saudades de casa. - I'm homesick. / I miss home.
mean?
• Tenho muita pena dessa gente. - I'm very sorry for those people.
• Tu estás de carro aí? - Are you driving?
• Acho que sim. - I think so.
• Me dá uma carona? - Can you give me a ride? / Would you ...? /
• Eu acho que não. - I don't think so. / I'm not so sure. Will you ...?
• Espero que sim. / Tomara que sim. - I hope so. • Posso te pedir um favor? / Podes me fazer um favor? - May I ask
• Espero que não. / Tomara que não. - I hope not. you a favor? / Can you do me a favor?
• Suponho que sim. - I guess so. • Me paga uma cerveja? - Will you buy me a beer?
• Suponho que não. - I guess not. • Posso te fazer uma pergunta? - May I ask you a question? / Can I
• Claro! Claro que sim! - Sure! / Of course! ask you something?
• Claro que não! - Of course not! • O que é que está acontecendo por aqui? - What's going on in he-
re?
• Sem dúvida! / Com certeza! / Certamente! - Definitely! / Without
any question! • Como assim? / O que é que você quer dizer com isso? / O que é
que você está querendo dizer? - What do you mean? / What are
• Isso mesmo. / Exatamente. / É bem assim mesmo. - Exactly.
you talking about? / What are you trying to say?
• Pode crer. - You bet.
• Como é que se escreve? - How do you spell it?
• Por mim, tudo bem. - It's OK with me.
• De jeito nenhum! / Não há condições ... / De maneira alguma! - LAMENTANDO, ARREPENDENDO-SE OU DESCULPANDO-SE
No way! / There's no way ... / By no means. / That's impossible.
DECLINING, REGRETTING AND APOLOGIZING (12)
• Deus me livre! - Heaven forbid. / God forbid.
• Que tal numa outra ocasião ...? - Maybe some other time.
• Pode parar! / Dá um tempo! - Give me a break!
• Que pena que tu não me contaste isto antes. / É uma pena ...! / É
• Estou morrendo de fome. - I'm starving. lamentável … - Too bad you didn't tell me this before. / What a
• Não aguento mais isto. - I can't stand it. / I can't stand it any long- pity ...! / What a shame ...!
er. / I'm sick and tired of this. / I'm fed up with it. • É tarde demais. - It's too late.
• Caí no desespero. - My heart sank. / I sank into despair. • Foi tudo em vão. - It was all for nothing.
• Não me sinto à vontade. - I don't feel comfortable. • Desculpa pelo atraso. - Sorry for being late. / Sorry I'm late. / Sor-
• Que vergonha! / Que chato! - What a shame! / How embarrassing! ry to be late.
• Não adianta. - It doesn't help. / It won't help. / It's no use. / It's no • Não faz mal. - That's all right. / No problem.
help. • Não é minha culpa, eu fiz o melhor que pude (possível). - It's not
• Isto não tem lógica; não faz sentido. - It doesn't make any sense. / my fault, I did my best. / ... , I did the best I could.
It's nonsense. • Não tive a intenção de te magoar. - I didn't mean to hurt you.
• Não deixa de aproveitar esta oportunidade. - Don't let this oppor- • A culpa foi minha. - It was my fault.
tunity go by. / Don't let it slip away.
• Eu estava só brincando. - I was just kidding. / I was joking.
• Quem não arrisca, não petisca. - Nothing ventured, nothing
gained. • Você deve desculpar-se. - You should apologize.
• Não queremos abrir precedente. - We don't want to set a prece- • Não me arrependo. / Não estou arrependido. - I don't regret it. /
dent. I'm not sorry.
• Nem toca no assunto. - Don't bring it up.
INFORMANDO OU COMENTANDO
• Em primeiro lugar, ... - First of all, ...
INFORMING OR MAKING COMMENTS (63)
• Em último caso, … - As a last resort …
• Nasci em 1965. - I was born in 1965.
• Finalmente! / Até que em fim! - At last!
• Nós estávamos passeando. - We were taking a walk. / We were
• Cá entre nós … - Just between you and me, … / Just between the
walking around. / We were going for a drive. / We were driving.
two of us, …
• Normalmente vou para a escola a pé, mas às vezes meu pai me
• Pensando bem… - On second thought …
leva. - I usually walk to school but sometimes my father drives me.
• Até certo ponto… - To a certain extent … • Meu pai vai para o trabalho de carro. - My father drives to work.
• Na pior das hipóteses, … - If worse comes to worst … / If worst
• Não tenho nada para fazer. - I don't have anything to do. / I've got
comes to worst … / At worst …
nothing to do.
• Cedo ou tarde… - Sooner or later …
• Não choveu anteontem mas é capaz de chover depois de
• Vamos fazer cara ou coroa. - Let's flip a coin. amanhã. - It didn't rain the day before yesterday but it might rain
• Conto com você. - I'm counting on you. the day after tomorrow

Língua Inglesa 28
APOSTILAS OPÇÃO
• Eu pratico inglês, dia sim dia não. - I practice English every other • Ele deveria estar aqui às 8 horas. - He was supposed to be here 8
day. o'clock.
• Ele não vem hoje. - He isn't coming today. • O cachorro é para ser o melhor amigo do homem. - Dogs are su-
• Isto não vale a pena. - It's not worth it. / It isn't worthwhile. pposed to be man's best friend.
• Nada mais justo. - Fair enough. • Ele tem um carro novo em folha (zerinho). - He has a brand new
car.
• Eu continuo tentando, ainda não desisti. - I'm still trying, I haven't
given up yet. • Fiquei preso num engarrafamento de trânsito. - I was caught in a
traffic jam.
• Até agora, tudo bem. - So far, so good.
• Vamos ficar sem gasolina. - We are going to run out of gas.
• Você tem que pagar até o fim do mês. - You have to pay by the
end of the month. / ... before the end of the month. • Estacionamento proibido. - No parking.
• A secretária está atendendo o telefone. - The secretary is answer- • Furei um pneu. - I got a flat tire.
ing the phone. / ... is on the phone ... • Quanto mais tu estudas, mais aprendes. - The more you study,
• O vendedor está atendendo um cliente. - The salesman is helping the more you learn.
a customer. • A gente combina isso amanhã. - Let's talk about it tomorrow. /
• Dr. Bishop não está atendendo pacientes porque está participan- Let's make all the arrangements tomorrow. / We can settle this
do de uma conferência. - Dr. Bishop isn't examining patients be- tomorrow.
cause he's attending a conference. / Dr. Bishop isn't seeing pa- • Nem eu. / Eu também não. - Me neither. / I don't either. / Neither
tients ... / Dr. Bishop isn't attending to patients ... do I.
• Estou precisando ir ao médico (dentista). - I need to see a doctor • Melhor não arriscar. - Better not take any chances.
(dentista). • Não queremos correr nenhum risco. - We don't want to take any
• Vou cortar o cabelo. - I'm going to get a haircut. / I'm going to get chances. / We don't want to gamble. / ... to take a risk. / ... to run a
my hair cut. risk.
• Aquilo lá são livros. - Those are books. • Você tem que reconhecer a firma deste documento. - You must
• Tem uma pessoa aí que quer falar contigo. - There's somebody have this document notarized.
(someone) who (that) wants to talk (speak) to (with) you. • Ele foi pego em flagrante. - He was caught red-handed.
• Agora é a tua vez. - Now it's your turn. • Não te esquece de puxar a descarga depois de fazer xixi (mijar). -
• Eu trabalho por conta própria. - I work for myself. / I work on my Don't forget to flush the toilet after you pee (take a piss).
own. / I'm self employed.
• Eu me machuquei. - I hurt myself. RECLAMANDO E EXIGINDO, CRITICANDO E REPREENDENDO,
• Eu gosto de andar de pés descalços. - I like to walk barefoot. INSULTANDO OU PRAGUEJANDO
• Eu gosto de tomar banho de mar. - I like to go swimming in the COMPLAINING AND DEMANDING, REPRIMANDING AND CRITI-
CIZING, INSULTING OR CURSING (47)
ocean.
• que há contigo? - What's the matter with you?
• Te deste conta de que o custo de vida está cada dia mais alto? -
Did you realize that the cost of living is getting higher every day? • De que você está reclamando?! - What are you complaining
• Ele está namorando minha irmã. - He's dating my sister. about?!
• Cá entre nós, … - Just between the two of us, … • O que é que você quer dizer com isso?! - What do you mean (by
that)?!
• Extra-oficialmente. - Off the record.
• Qual é a lógica? - What's the point?
• Só para lembrar … - Just for the record … / Just as a reminder …
• Isso não faz (nenhum) sentido! - It doesn't make (any) sense!
• Não sobrou nada. - There's nothing left.
• Seja objetivo. - Get to the point.
• No mínimo … - At least … / At the least …
• Isso não é da tua conta. - This is none of your business. / Mind
• No máximo … - At most … / At the most … your own business. / This doesn't concern you.
• Meio a meio. - Fifty-fifty. / Half and half. • Não se meta nisso. - Stay out of it.
• É meio caro. - It's kind of expensive. • Não me incomoda! / Não enche o saco! - Don't bother me!
• Na maioria das vezes. - Most of the times. • Me deixa fora disso. - Leave me out of this.
• Na maior parte do tempo. - Most of the time. • Me deixa em paz! - Leave me alone.
• No mais tardar. - At the latest. • Larga do meu pé! / Me larga de mão! - Get off my back!
• O quanto antes. - As soon as possible. • Deixe-me ir. - Let me go.
• Quanto tempo tu levaste daqui a Porto Alegre? - How long did it • Cala a boca! - Shut up!
take you to get from here to Porto Alegre?
• Para com isso! - Stop that! / Stop it! / Cut it out!
• Levou uma hora e meia para a gente chegar lá. - It took us an
• Chega! / Basta! - That's enough!
hour and a half to get there.
• Isto não funciona. - It doesn't work. / It's out of order. • Cai fora! - Get lost!
• telefone está ocupado - The line is busy. / The phone is busy. • Rua! - Out!
• O relógio está atrasado/adiantado. - The watch is slow/fast. • Que feio! / Tenha vergonha! - Shame on you!
• O barulho está muito alto. - The noise is too loud. • Veja como fala! - Watch your tongue! / Watch your language!
• Fiquei conhecendo teu irmão ontem. - I met your brother yester- • Que decepção! - What a disappointment!
day. • Que nojo! - How disgusting! / That's gross!
• Você conhece o Rio de Janeiro? - Have you ever been to Rio de • Ele furou a fila. - He cut in line.
Janeiro? / Did you ever go to Rio? • Isto não fica bem. - That's not nice.
• Eu conheço ele de vista. - He looks familiar to me. • Não acho graça nisso. - I don't think that's funny.

Língua Inglesa 29
APOSTILAS OPÇÃO
• Isso não é justo. - That's not fair. • Ah, tá, agora eu entendo - Aha, now I understand! (mild surprise
• Está me achando com cara de bobo? - Do I look like a fool? caused by a discovery or recognition)
• Eu me sinto prejudicado. - I feel cheated / I feel like life has cheated • Nossa! Olha só! - Wow! Look at that! (great surprise, admiration
me. and approval caused by something exciting)
• Não tenho nada para lhe agradecer. - Thanks for nothing. • Ufa! Que dia ...! - Phew, what a day! (expressing relief after a tir-
ing, hard or dangerous experience)
• Fui enganado. / Fui logrado. - I was ripped off.
• Ai ai ai! Que má notícia! - Oh no! That's really bad news. (dismay,
• Fui injustamente acusado. - I was falsely accused.
bad surprise)
• Que sacanagem! / Que golpe baixo! - What a dirty trick!
• Iiii, aí vem tua mãe. - Uh-oh, here comes your Mom. (alarm, dis-
• Que sacanagem! / Que azar! - What a let down! may, concern, or realization of a small difficulty)
• Não tire conclusões precipitadas. - Don't jump to conclusions. • Ôpa! Derramei o leite. - Oops! (Whoops!) I've spilled the milk.
• Guarda tuas coisas e arruma teu quarto. - Put your things away (mild embarrassment caused by a small accident)
and clean up your room. • Ai! Machuquei meu pé. - Ouch! I've hurt my foot. (sudden pain)
• Seu burro! - You, stupid! • Ei! O que que você está fazendo?! - Hey! What are you doing?
• Bem feito! - It serves you right. / You asked for it. (call for attention)
• Filho da puta! - Son of a bitch! / You bastard! • Eka, que nojo! - Yuck! That's disgusting. (expressing rejection or
• Essa não cola! - I don't buy that! disgust)
• Que saco! / Que droga! - That sucks! / What a pain! / What a drag! • Tá bom, vamos fazer assim. - Okay, let's do it. (acceptance and
agreement)
• Droga! / Merda! - Damn it! / Shit!
• Tudo bem, já vou fazer. - All right, I'll do it. (agreement and obedi-
• Vai à merda! Te fode! - Fuck you! / Fuck yourself!
ence)
• Porra! - Fuck!
• Mm hmm, também acho. - Uh-huh, I think so too. (affirmative
• Isto me deixa puto da cara! - It really pisses me off! opinion)
• Isso me deixa louco! - It drives me crazy! • Alô, quem fala? - Hello, who's speaking? (on the telephone)
• Não discute! - Don't argue. • Oi, como vai? - Hi! How are you? (greeting)
• Depressa! / Anda logo! - Hurry up! • Olá, meu amigo. - Hello, my friend. (greeting)

MENOSPREZANDO OU DESCONSIDERANDO
MARKETING E VENDAS
DESPISING OR DISREGARDING (7)
MARKETING (24)
• Sei lá. / Não faço ideia - I have no idea. /I got no idea. / How
• Correspondência comercial. - Business writing. / Business letters.
should I know?
• Os clientes não estão fazendo muitos pedidos. - The customers
• E eu com isso? Não ligo para isso, não estou nem aí! / Não dou a
are not placing many orders.
mínima. (indiferença, desprezo) - I don't care. / I don't give a
damn. / What's that to me? • O vendedor está atendendo um cliente. - The salesman is helping
a customer.
• E daí? ... (em tom de desafio) - And so what? / Who cares?
• Propaganda é a alma do negócio. - It's all marketing. / It pays to
• Não importa; não quer dizer. - It doesn't matter. / No problem.
advertise.
• Eu não me importo. (não me ofendo) - I don't mind.
• O cliente vem sempre em primeiro lugar. / O cliente sempre tem
• Deixa prá lá; não liga para isso; esquece. - Never mind. / Forget it. razão. - The customer is always right.
• Grande coisa! - Big deal! • Encontrar um denominador comum. - Find common ground.
• Está à venda. / Vende-se. - It's up for sale. / For sale.
EXPRESSANDO SURPRESA
• Em liquidação. / Em promoção. - On sale. / Clearance.
EXPRESSING SURPRISE (12)
• Remarcado em 20% - 20% off.
• Adivinha! - Guess what!
• É uma barbada. / É uma pechincha. - It's a good deal. / It's a real
• É mesmo!? - Oh, really?! / Is that right? bargain.
• Não me diga! ... - You don't say! / Don't tell me! • Fiz uma boa compra. - I got a good deal.
• Não acredito! ... - I can't believe it! • É um roubo. - It's a rip-off.
• Tá brincando! ... - No kidding! / You must be joking! • Fui roubado. - I got ripped off.
• Fiquei de boca aberta. / Fiquei de queixo caído. - I was shocked. / • Cheque sem fundo. - Bad check. / Bounced check. / Rubber
I was taken aback. / I was left speechless. / My chin dropped. check.
• Levei um susto. - I got scared. • Cheque pré-datado. - Post-dated check.
• Foi uma grande surpresa. - It came as a complete surprise. • Condições de pagamento - Terms of payment.
• Você está falando sério? - Are you serious? / Do you mean it? • A prazo / Em prestações / No crediário - In installments.
• Prá que!? - What for!? • De entrada / Como sinal - As a down payment.
• Puxa! / Mas que barbaridade! / Meu Deus! / Minha nossa! - Oh my • restante / O saldo - The remaining balance / The balance.
God! / Jesus Christ! / My goodness! / Holy cow!
• Pagar à vista, em dinheiro. - Pay cash.
• Puta merda! - Holy shit!
• Pagar adiantado. - Pay in advance.
INTERJEIÇÕES (REAÇÕES EXPONTÂNEAS DE LINGUAGEM) • No atacado / A preços de atacado - At wholesale. / At wholesale
INTERJECTIONS (UNCONTROLLED LINGUISTIC REACTIONS prices.
THAT EXPRESS EMOTION) (16) • No varejo / A preços de varejo - At retail / At retail prices.
• Ah ... bom, aí já é diferente ... - Oh! That's different. (surprise • Participação de mercado - Market share.
caused by understanding)
Língua Inglesa 30
APOSTILAS OPÇÃO
NO TRABALHO • Estou fazendo um curso de inglês. / Estou tomando aulas de in-
AT WORK (34) glês. - I'm taking an English course. / I'm taking English lessons.
• Normalmente vou a pé para o trabalho, mas quando chove vou de • Estou fazendo faculdade. - I'm going to college.
carro. - I usually walk to work, but when it rains I drive. / ... I take • Estou fazendo 4 cadeiras neste semestre. - I'm taking 4 courses
my car. this semester.
• Ele ganha 1.000 dólares por mês. - He makes a thousand dollars • Estou fazendo um curso de graduação. - I'm going to undergra-
a month. duate school.
• Hoje é dia de pagamento. - Today's payday. • Estou fazendo um pós-graduação. / ... um mestrado. - I'm going to
• A secretária está atendendo o telefone. - The secretary is answer- graduate school.
ing the phone. / ... is on the phone. • Ele está fazendo (estudando) economia. - He's majoring in eco-
• Favor informar - Please let me know nomics. / He's studying economics.
• Você pode deixar um recado na secretária eletrônica. - You can • Temos que decorar o diálogo. - We have to memorize the dialog.
leave a message on the answering machine. • Fiz um exame e me saí bem. - I took an exam (test) and did well.
• Não vou poder assistir à reunião hoje de tarde. - I won't be able to • Eu me saí bem em todas as matérias. - I did well in all subjects. /
attend the meeting this afternoon. / I'm not going to be able ... / I'm ... in all my classes. / ... in all my courses.
not able ... / I can't ... • Tirei uma nota boa. - I got a good grade.
• Proibida a entrada de pessoas estranhas ao serviço. - Personnel • Vai cair na prova. - It'll be on the test.
only. / Unauthorized entry prohibited.
• Ele colou no exame. - He cheated on the test.
• O horário de trabalho (expediente) é das 8 às 12. - Working hours
are from 8 to 12. • Ele falta muito às aulas - He misses class a lot.
• Após o horário de expediente … - After working hours. / After • Ele gosta de matar aula. - He likes to skip classes. / ... to cut clas-
hours. ses.
• Durante o horário comercial. - During business hours. • No final do semestre cada aluno deve fazer um trabalho. - Each
student must write a paper (an essay) at the end of the semester.
• Tenho que fazer hora extra. - I have to work overtime.
• Você já entregou o seu trabalho? - Did you already hand in (turn
• O horário de verão nos EUA vai de abril a outubro. - Daylight sa- in) your paper?
ving time in the US is from April to October.
• professor distribuiu a bibliografia a ser usada no semestre. - The
• Faltam dois dias para eu entrar em férias. - I'll go on vacation (hol- professor handed out the bibliography for the semester.
idays) in two days. / There are two days left before I go on vaca-
tion. • Eu me formei na PUC. - I graduated from PUC.
• Está faltando alguém? - Is anybody missing? • Fiz um estágio na ... - I did an internship at ...
• Está faltando dinheiro no mercado. - There is a shortage of money • Fiz um mestrado em ... - I did my master's in ...
in the market.
• Faz dois anos que eu trabalho aqui. - I've been working here for ASPECTOS GRAMATICAIS: CONHECIMENTO DOS TEMPOS E MO-
two years. DOS VERBAIS. USO DE PREPOSIÇÕES, CONJUNÇÕES, PRONOMES
E MODAIS. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL. FORMAÇÃO E
• Eu trabalhava num banco, antes. - I used to work for a bank.
CLASSE DE PALAVRAS. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBOR-
• Fiquei sabendo que ele foi demitido. / Ouvi dizer que ... - I heard DINAÇÃO.
he was fired. / ... he was dismissed. / I was told that he was ...
Artigos
• Um novo gerente será contratado. - A new manager will be hired.
Tal como em português, em inglês existe o artigo definido (the) e o ar-
• Quem manda aqui sou eu! - I'm the boss around here! tigo indefinido (a / an). Usam-se nos seguintes casos:
• Preencha a ficha (formulário) de inscrição. - Fill out the application
form. Countable nouns* Mass nouns**
• Ele está de plantão. / Ele está de serviço. - He's on call. / He's on Singular Definido The pen The music
duty.
Indefinido A pen Music
• Ele está aqui a serviço. / ... a negócios. - He's here on business.
Plural Definido The pens --------
• Vou tirar uma folga amanhã. - I'm going to take a day off. Indefinido Pens --------
• Ele vai se aposentar. - He's going to retire.
• Ela está de licença. - She's on leave. *Countable nouns - Substantivos que se podem contar e que têm plu-
• Ela está encostada no INPS. / ... de licença para tratamento de ral, por exemplo, bag / bags.**Mass nouns - Substantivos de grande
saúde. - She's on sick leave. quantidade ou que não têm plural, por exemplo, homework, butter.
• sindicato não está cooperando. - The (labor) union is not cooper-
ating. A é usado antes de palavras que começam com o som de uma con-
• Os trabalhadores estão planejando fazer greve. - The workers are soante e an antes de palavras que começam com o som de uma vogal.
planning to go on strike. Por exemplo, a telephone, an elephant.
• A/C (aos cuidados de). - C/O (care of). O artigo definido the nunca muda de forma, ou seja, é invariável em
• Já foi providenciado. - It's been taken care of. gênero e número. Corresponde a o, a, os, as.
Singular Plural
• Todos os funcionários devem bater o cartão-ponto. - All the wor-
kers must punch their time cards. The boy the boys
• O sistema de previdência social está quebrado. - The social secu- The girl the girls
rity system is bankrupt.
Omite-se o artigo definido diante de nomes próprio:
NOS ESTUDOS John is in Rio.
STUDYING (20) Mary speaks Spanish.

Língua Inglesa 31
APOSTILAS OPÇÃO
Exceções: Com estes substantivos não se empregam os artigos indefinidos, ou
The United States. números. Usam-se, ao invés, as expressões:
The Soviet Union. Some, a little, a lot, etc.
The Amazon (o rio e a região)
The Argentine (mas: Argentina) GÉNERO
Não se emprega the com substantivos abstratos, considerados em Em geral, os substantivos em inglês não identificam géneros. Por
sentido geral: exemplo, book não é uma palavra masculina nem feminina. Alguns subs-
Honesaty is the best policy. tantivos definem géneros quando são palavras que se usam para referir
especificamente homens e mulheres, ou machos e fêmeas:
Gold is more valuable than silver.
Masculino Feminino
Omite-se the antes de adjetivos e pronomes possessivos.
Actor Actress
It is my pen.
Monk Nun
That pen is mine.
Hero Heroine
Os artigos indefinidos são: a, an. Diante de palavras iniciadas com
som vocálico, usa-se an. Boy Girl
Diante de palavras iniciadas com som consonantal, usa-se a. Dog Bitch
A woman an egg
A month an umbrella O caso genitivo
O caso genitivo (de posse) é representado por um apóstrofo e s (‘s)
ou apenas pelo apóstrofo.
Substantivos – formação do plural
O carro de João – John’s car.
1) Forma-se o plural da maioria dos substantivos em Inglês, pelo
acréscimo de –s ao singular. O livro de Carlos – Charles’ book.
Singular Plural Nas relações coisa/coisa não se emprega ‘s. Utiliza-se a preposição
of.
Pen pens
The door of the house.
Chair chairs
The foot of the bed.
Car cars
Adjetivos
2) No entanto, existem grupos de palavras que têm formas irregula-
res no plural. Os adjetivos são formados de várias maneiras e não é possível pre-
ver, pela sua estrutura, que palavras são adjetivos. No entanto, os seguin-
Às terminadas em s, x, z, ch e sh acrescenta-se es. tes sufixos são, em geral, indicativos de um adjetivo:
Mutch – mutches Sufixo Exemplos
Box – boxes -y Happy
Nas palavras terminadas em y precedido de consoante, substitui-se o -less Careless
y por i e acrescenta-se es.
-ish Greenish
Baby – babies
-ous Famous
Canary – canaries
-able Comfortable
-al Comical
Às palavras que terminam em – o - precedido de consoante, acres-
centa-se –es. -ic Scientific
Echo – echoes -ful Careful
Tomato – tomatoes
POSIÇÃO
Certas palavras terminadas em –f ou –fe, geralmente mudam esta Existem três posições principais para adjetivos, embora a regra geral
terminação para –ves. seja o adjetivo preceder o substantivo.
Wife – wives Posição Descrição Exemplo
Hoof – hooves Antes de um subs-
Atributivo The careful student
tantivo
Alguma palavras têm formas excepcionais no plural. Como complemento The student is worried
Predicativo
Tooth – teech do sujeito ou objecto I consider him special
Foot – feet Atributivo colocado após
Segue imediatamen- That is something interest-
Mouse – mice o substantivo (post-
te o substantivo ing
Louse – lice positive)
Ox – oxen, oxes (1) Muitos adjetivos podem ser colocados em posições atributivas ou
Man – men predicativas, p. ex: careful.
Child – children (2) Alguns são só atributivos, p. ex: I felt utter astonishment.
Brother-in-law – brothers-in-law (3) Alguns são só predicativos, p. ex: The boys are asleep.
(4) Poucos são só atributivos colocados após o substantivo e são
usados em situações muito específicas, p. ex: the president elect.
Palavras que por seu sentido são “incontáveis”, como líquido, gás, pó,
etc. não admitem terminação no plural.
COMPARAÇÃO
Gas sugar cake
São possíveis três tipos de comparação: ao mesmo grau; a um grau
Water soap toof superior; a um grau inferior.
Coffee hair beer Ao mesmo grau - comparativo de
Tea money rain John is as tired as Jill
igualdade

Língua Inglesa 32
APOSTILAS OPÇÃO
A um grau superior - comparativo de PRONOMES PESSOAIS
Jill is more tired than John
superioridade ou superlativo relativo Sujeito Objeto / Complemento
Jill is the most tired person
de superioridade 1.ª pessoa
A um grau inferior - comparativo de Singular I
Jill is less tired than John
inferioridade ou superlativo relativo Plural We
Jill is the least tired person
de inferioridade
2.ª pessoa
Singular You
As comparações podem ser formadas adicionando -er, -est ao final de
um adjetivo, ou utilizando more / less than ou the most / the least. Plural You
3.ª pessoa
Normal Comparativo Superlativo Singular masculino He
Tall Taller Tallest Singular feminino She
Singular neutro It
Beautiful More beautiful Most beautiful
Plural They

Adjetivos com formas irregulares:


PRONOMES DETERMINANTES POSSESSIVOS
Normal Comparativo Superlativo Pessoa Pronomes Determinantes
Primeira Mine
Good Better Best
Segunda Yours
Bad Worse Worst
Singular Terceira masculina His
Farther Farthest Terceira feminina Hers
Far
Further Furthest
Terceira neutra --------
Primeira Ours
GRAUS - REGRAS DE FORMAÇÃO Plural Segunda Yours
A formação comparativa e superlativa de um adjetivo normalmente Terceira Theirs
dependem do número de sílabas que o adjetivo normal tem.
Número de sílabas Normal Comparativo Superlativo (1) Existem também as formas arcaicas thy / thine: Thy will be done,
1 Old Older Oldest Thine is the Kingdom, que não são utilizadas em inglês corrente mas que
2 Careful More careful Most careful se encontram no inglês antigo e bíblico.
Happier Happiest (2) Quando o sexo de uma pessoa não está especificado pode utili-
2 (acabado em -y) Happy
More happy Most happy zar-se his juntamente com her: A student has to maximise his / her chan-
Narrower Narrowest ces. Muitas vezes este tipo de frase usa-se no plural para evitar uma
2 (acabado em -ow) Narrow estrutura estilisticamente feia: Students must maximise their chances.
More narrow Most narrow
Simpler Simplest
2 (acabado em -le) Simple
More simple Most simple PRONOMES DETERMINANTES DEMONSTRATIVOS
Cleverer Cleverest Referência Singular Plural
2 (acabado em -er) Clever
More clever Most clever 1.ª, 2.ª pessoas This These
Maturer Maturest 3.ª pessoa That Those
2 (acabado em -ure) Mature
More mature Most mature
3 Wonderful More wonderful Most wonderful PRONOMES INTERROGATIVOS E RELATIVOS
Unhappier Unhappiest Definidos Não Definidos
3 (começado em -un) Unhappy
More unhappy Most unhappy
Pessoais Impessoais
(1) A maior parte das formas terminadas em -er e -est podem também Pessoais Impessoais
ser formadas da outra forma, i.e. The more young / younger you are, the
more happy / happier you are. No entanto, cada adjetivo tem uma forma Sujeito Who, that Which, that Who Which
que é habitualmente mais usada. Complemento Whom, that Which, that Whom Which
Fonte: http://www.universal.pt/dicol/GramIN/GIn65.htm Genitivo Whose

O whom é característico do inglês formal e a maior parte dos falantes


nativos da língua tende a utilizar o who, excepto em situações muito
PRONOMES
formais.

Tipos Exemplos Pronomes interrogativos


Pessoal I, we Estes têm a mesma estrutura de wh- que os pronomes relativos, mas
Reflexivo Myself, himself são utilizados de forma diferente.
Possessivo My, yours Definidos:
Recíproco Each other, one another Who is your favourite singer?
Relativo Who, which, that What is your favourite song?
Interrogativo Who, which, that Não Definidos:
Demonstrativo This, these, that, those Which is your favourite singer? (Elvis Presley or Frank Sinatra?)
Indefinido - (positivo) All, both, every Which is your favourite song?
Indefinido - (negativo) None, neither Which é utilizado quando há uma escolha limitada de respostas.

Língua Inglesa 33
APOSTILAS OPÇÃO
PRONOMES INDEFINIDOS
Countable nouns* Mass nouns** NUMERAIS
Pessoais Impessoais
Everyone
Everything All Números Cardinal Ordinal - multiplicativo* Fracionário
Everybody
Someone 1 One First
Something Some
Somebody 2 Two Second / double A or one half
Singular Anyone
Anything Any 3 Three Third / triple A or one third
Anybody
No one 4 Four Fourth / quadruple Fourth
Nothing 5 Five Fifth / quintuple Fifth
Nobody None
None
None 6 Six Sixth / sextuple Sixth
All / both All / both All 7 Seven Seventh / septuple Seventh
Plural Some Some Some 8 Eight Eighth / octuple Eighth
None None None
9 Nine Ninth Ninth
* Countable nouns - Substantivos (ou pronomes) que se podem contar
e que têm plural, por exemplo, Bag / Bags. 10 Ten Tenth Tenth
** Mass nouns - Substantivos (ou pronomes) de grande quantidade ou que 11 Eleven Eleventh Eleventh
não têm plural, por exemplo, tea, homework, butter. 12 Twelve Twelfth Twelfth
13 Thirteen Thirteenth Thirteenth
PRONOMES REFLEXOS 14 Fourteen Fourteenth Fourteenth
1.ª pessoa
Singular Myself 15 Fifteen Fifteenth Fifteenth
Plural Ourselves 16 Sixteen Sixteenth Sixteenth
2.ª pessoa 17 Seventeen Seventeenth Seventeenth
Singular Yourself 18 Eighteen Eighteenth Eighteenth
Plural Yourselves 19 Nineteen Nineteenth Nineteenth
3.ª pessoa
20 Twenty Twentieth Twentieth
Singular masculino Himself
Singular feminino Herself 21 Twenty-one Twenty-first Twenty-first
Singular neutro Itself * Estas formas só são normalmente utilizadas até octuple.
Plural Themselves

Números Cardinal Ordinal - multiplicativo Fraccionário


30 Thirty Thirtieth Thirtieth

40 Fourty Fortieth Fortieth

50 Fifty Fiftieth Fiftieth

60 Sixty Sixtieth Sixtieth

70 Seventy Seventieth Seventieth

80 Eighty Eightieth Eightieth

90 Ninety Ninetieth Ninetieth

100 A / one hundred A / one hundredth A / one hundredth

200 Two hundred Two hundredth Two hundredth

300 Three hundred Three hundredth Three hundredth

400 Four hundred Four hundredth Four hundredth

500 Five hundred Five hundredth Five hundredth

600 Six hundred Six hundredth Six hundredth

700 Seven hundred Seven hundredth Seven hundredth

800 Eight hundred Eight hundredth Eight hundredth

900 Nine hundred Nine hundredth Nine hundredth

1000 A / one thousand A / one thousandth A / one thousandth

10.000 Ten thousand Ten thousandth Ten thousandth


A / one hundred A / one hundred A / one hundred
100.000
thousand thousandth thousandth
1.000.000 A / one million A / one millionth A / one millionth

1.000.000.000 A / one billion* A / one billionth A / one billionth

Língua Inglesa 34
APOSTILAS OPÇÃO
PREPOSIÇÕES

MONOSSILÁBICAS
As At But By
Down For From In
Like Near Of Off
On Out Past Per
Round Through To Up
With

POLISSILÁBICAS
About Above Across After
Against Along Among Around
Before Behind Below Beneath
Beside Between Beyond During
Except Inside Into Onto
Opposite Outside Over Throughout
Toward(s) Under Underneath Until
Upon Within Without

ADVÉRBIOS I arrived an hour after they did. (Eu cheguei uma hora depois que eles
chegaram.)
Advérbio é uma palavra ou grupo de palavras que descreve ou qualifi-
ca um verbo, um adjetivo, um outro advérbio ou uma sentença. Exemplos: "Too" = muito, além do necessário, conveniente (Advérbio)
"little" = menos que, não passa de (Advérbio) These shoes are too big for me. (Estes sapatos são muito grandes pa-
ra mim.)
Ex: That story is little more than gossip. (Esta história não passa de fo-
foca.) "So" = tão (Advérbio)
"Someday" = algum dia (Advérbio) He was so nervous that he couldn't speak. (Ele estava tão nervoso
que não conseguia falar.)
Ex: He'll fall in love someday. (Ele irá se apaixonar algum dia.)
"Neither" = nem (Advérbio)
"Somehow" = de alguma maneira (Advérbio)
I don't speak German. Neither do I. (Eu não falo alemão. Nem eu.)
We'll find the solution for this problem somehow. (Nós acharemos a
solução para este problema de alguma maneira.) "Enough" = suficiente (Advérbio)
"Somewhere" = em algum lugar (Advérbio) Are you confortable enough? (Você está confortável o suficiente?)
It's got to be somewhere! (Tem que estar em algum lugar!) "Still" = ainda (Advérbio)
"Any" = nenhum (Advérbio) Are they still here? (Eles ainda estão aqui?)
It didn't make any difference. (Não fez diferença nenhuma.) "Yet" = ainda (Advérbio)
"Anyhow / anyway" = de qualquer maneira (Advérbio) We haven't done much about it yet, but we will. (Nós não fizemos mui-
to a respeito disso ainda, mas faremos.)
They told them not to do it, but they did it anyhow. (Eles os alertaram
para não fazerem aquilo, mas eles o fizeram de qualquer maneira.) "Since" = desde (Advérbio)
"Anywhere" = em qualquer lugar (Advérbio) I saw her last year, but I haven't seen her since. (Eu a vi no ano pas-
sado, mas não a vi desde então.)
He can be anywhere. (Ele pode estar em qualquer lugar.)
"When" = quando (Advérbio)
"Nothing" = de nenhuma maneira, nada parecido (Advérbio)
When are they coming? (Quando eles virão?)
His ideas are nothing like mine, but I love him anyway. (As ideias dele
não são nem um pouco parecidas com as minhas, porém eu o amo de
qualquer maneira.) VERBOS
"Nowdays" = hoje em dia (Advérbio) Auxiliares
I'm old and nowadays all I want is peace. (Estou velho e a única coisa O que são os tais dos verbos auxiliares? Eles são a base da língua
que quero hoje em dia é paz.) inglesa. Todos os outros milhares de verbos giram em torno deles.
"Nowhere" = de lugar nenhum (Advérbio) Vocês sabiam que não é possível fazer uma oração negativa ou inter-
It seemed to come from nowhere, until we discovered its wisdom. (Pa- rogativa sem usar um deles? Vejam 'do', por exemplo, cuja função é
recia não ter vindo de lugar nenhum, até conhecermos sua sabedoria.) colocar o verbo principal no presente (falar no tempo presente):
"All" = tudo (Advérbio) Eu não gosto de fumar:
He's got it all! (Ele tem tudo / é demais!) I do not like smoking.
"Most" = mais (Advérbio) Do you like smoking?
Which is the most fascinating, to love or to be loved? (O que é mais Se vocês estiverem dominando os auxiliares, o restante é fácil. Se
fascinante, amar ou ser amado?) necessário, é só ir ao dicionário e procurar qualquer outro verbo existente
"No" = não (Advérbio) na língua para construir em cima deles.
Would you like another piece of pie? No, thank you. (Você gostaria de Todos os tempos verbais nascem deles.
um outro pedaço de torta? Não, obrigado.)
"Before" = antes (Advérbio) To be
Haven't we met before? (Nós já não nos encontramos antes?) Present form of the verb to be
"After" = depois (Advérbio) The affirmative

Língua Inglesa 35
APOSTILAS OPÇÃO
I am eu sou, eu estou 2 'do' é usado também em frases interrogativas:
You are você é, está Do you smoke? - Você fuma?
He is ele é, está. Do you want this?
She is ela é, está Do you think it is important?
It is ele é, ela é, está - para objetos Do you go out on Mondays?
We are nós somos, estamos Do you take sugar in your coffee?
You are vocês são, estão Do you smoke or drink?
They are eles, elas são, estão
3 com 'he', 'she' e 'it' acrescentamos 'es' ao 'do':
The negative She doesn't want this.
I am not - I'm not Does he think it is important?
You are not - you're not, you aren't
He is not - he's not, he isn't 'Do' não aparece em frases afirmativas, mas note o seguinte:
She is not - she's not, she isn't They like meat.
It is not - it's not, it isn't He likeS meat
We are not - we're not, we aren't She likeS meat
You are not - you're not, you aren't It likeS meat
They are not - they're not they aren't
Can
The interrogative Can 'poder' físico e 'poder' mental; ou ainda permissão informal.
Am I? Poder físico:
Are you? I can walk - Posso andar;
Is he? Poder mental:
Is she? I can speak English - Sei falar inglês;
Is it? Permissão informal:
Are we? Can I come in? - Posso entrar?
Are you? Nas negativas podemos usar can para sugerir proibição:
Are they? You can not go in there - Você não pode entrar aí.
Past form of the verb to be
The affirmative Could
I was - eu estava, eu era Could é geralmente usado como o passado de can:
You were I couldn't go there - Não pude ir lá.
He was Could you give me your name? - Poderia me dar seu nome?
She was I could swim when I was 10 - Eu sabia nadar quando eu tinha 10
It was anos.
We were
You were Did
They were O passado simples
The negative Nas frases afirmativas usamos a segunda coluna da lista de verbos:
I was not - I wasn't I went to the cinema last night (Fui ao cinema ontem à noite).
You were not - you weren't A negativa é formada por didn't + a primeira coluna:
He was not - he wasn't I didn't go to the cinema by myself last night (Não fui ao cinema sozi-
She was not - she wasn't nho ontem à noite).
It was not - it wasn't
We were not - we weren't A interrogativa:
You were not - we weren't Did you go to the theatre last night? (Você foi ao teatro ontem à noi-
They were not - they weren't te?)

The interrogative O passado simples é sempre usado com uma referência de tempo:
Was I? ontem, hoje pela manhã, ano passado etc.
Were you?
Was he? Will
Was she? 1 Se você estiver conversando com alguém e durante essa conversa
Was it? você decide fazer algo,
Were we? então você deve usar will para expressar essa decisão, uma decisão
Were you? no momento da fala:
Were they? Ok, ok. I will go with her (Tudo bem, eu irei com ela).

Do 2 Usamos will para falarmos sobre fatos definitivos no futuro:


1 'do' é usado em frases negativas para colocar o verbo principal no I will turn 39 next June (Farei 39 anos em junho).
presente:
I don't want this - Não quero isto. 3 Will também é usado para fazer ameaças ou enfatizar uma posição:
I don't think it is important - Não acho que é importante. I will not let you use such methods (Não permitirei que você use tais
I don't go out on Mondays - Não saio nas segundas. métodos).
I don't take sugar in my coffee - Não uso açúcar no café.
I don't smoke or drink - Não fumo nem bebo. 4 - Usamos will para oferecer:
Obs.: usamos 'do' porque não podemos dizer ' I want not, I think not I'll post those letter for you (Colocarei estas cartas no correio para vo-
etc, pois só podemos colocar a partícula 'not' depois de verbos auxilia- cê).
res.
5 - Will é usado com if e when:

Língua Inglesa 36
APOSTILAS OPÇÃO
If you study hard, you will pass (Se você estudar bastante, você pas- I do think you ought to speak to your mother about this.
sará). Realmente acho que você deveria falar com sua mãe sobre isso.
When I arrive, I will have a cold shower (Quando eu chegar, vou tomar
um banho frio). Must (modal verb neg short form mustn't)
1 Must na afirmativa expressa obrigação, geralmente pessoal:
Would I must finish this work in three days' time (Tenho que terminar este
Would é o passado de will, e serve-nos da seguinte forma: trabalho em três dias).

Se no português temos 'gostaria', 'andaria', 'amaria' etc, isto é, sempre 2 Na negativa must expressa proibição:
que tivermos o sufixo 'ia' depois do 'r', temos 'would' em inglês, assim: You mustn't smoke in here (Você não deve fumar aqui - não é permiti-
I would like to go there = I'd like to go there - Eu gostar-ia de ir lá. do).
I wouldn't like to go there. Fonte: http://www.casadoalan.com/Had.html
Would you like to go there?
Podemos usar would para fazer pedidos: ESTUDO ESPECIAL SOBRE VERBOS
Would you give me your address, please?
Você me daria seu endereço, por favor? 1. PRESENTE (Present Tense)
Presente simples (Simple Present Tense)
Shall Forma-se com o infinitivo sem a partícula to.
Shall é mais usado no inglês britânico, mas também aparece com cer-
I go I come
ta frequência no americano. Ele é basicamente usado para fazermos
You go you come
sugestões, assim:
We go we come
Shall we stay home tonight? (Que tal ficarmos em casa hoje? - O que
você acha?) They go they come
Yes, let's. (Sim, vamos). Na 3ª pessoa do singular acrescenta-se –s ao verbo.
Shall I tell him? (Devo dizer a ele? - O que você acha?) He goes he comes
ou para oferecermos: She goes she comes
Shall I get you a beer? (Aceita uma cerveja?) It goes it comes
No, thank you.
Repare que, nesses casos, ele é usado somente nas primeiras pes- O presente simples expressa ações e eventos que acontecem com
soas. certa regularidade ou habitualmente, e é frequentemente acompanhados
dos advérbios:
Should Everyday I come to São Paulo Everyday.
Usamos should como 'deveria', 'deveríamos', etc. Always John always comes with me.
I think you should smoke less - Acho que você deveria fumar menos. Usually I usually have lunch aat noon.
Should I tell her the truth? - Eu deveria (devo) contar a verdade a ela? Often They often goto the movies.
(O que você acha?) = Shall no Inglês britânico Sometimes Frank sometimes goes with them.
He should not be wearing jeans here - Ele não deveria estar usando Rarely I rarely smoke.
jeans aqui. Never We never eat before six o’clock.
Os verbos terminados em ch, sh, s, x, z e y precedido de consoante,
May - (Significa 'poder'; negative: may not) seguem as regras de formação do plural dos substantivos.
1 Para se pedir permissão, formalmente, usa-se may: Pass + es
May I come in? - Posso entrar? Watch + es
No, you may not. Push + es
Yes, you may. Mix + es
Informalmente, deve-se usar can nas situações acima.
Buz + es
Mas: CARRY = CARRIES
2 Quando você quiser falar sobre a possibilidade de que algo venha a
acontecer, você também usa may:
It may rain (Pode chover). PRESENTE CONTÍNUO (Present Continuous Tense)
I may go there, I am not sure (Talvez eu vá, não tenho certeza). Forma-se com o presente do verbo auxiliar to be e o gerúndio
You may want to know more about can & may. do verbo principal (vero + ing).
TO GO
Might - (modal verb negative short form mightn't) I am going
Might é o passado de may, e basicamente o usamos da seguinte for- You are going
ma: He is going
He said he might come (Ele disse que talvez viesse). She is going
Literalmente: Ele disse que poderia vir.
It is going
Alguns autores citam might como se ele afastasse ainda mais a pos- We are going
sibilidade de algo se realizar: You are goling
I might go, I really don't know (Talvez, talvez eu vá, realmente não They are going
sei).
Usa-se o presente contínuo para descrever um ato ou evento que es-
Ought to tá acontecendo NOW, ou agora.
Ought to é mais forte que should:

Língua Inglesa 37
APOSTILAS OPÇÃO
Certos verbos não comportam o presente contínuo: PASSADO SIMPLES (Simple Past Tense)
Verbos de emoção: love, want, like, wish, hate, dislike 1) Verbos regulares
Verbos de pensamento: feel, realize, understand, know, forget Forma-se o passado da maioria dos verbos em Inglês, pelo acréscimo
Verbos de senso: see, hear, smell, taste de –ed ao infinitivo. A mesma forma serve para todas as pessoas.
Verbos de posse: own, owe, belong, possess To work – worked
I worked
Jack is going to school now. You worked
I’m reading a good book. He, she, it worked
They’re coming home right now. We worked
MAS: You worked
I want to eat now. They worked
Mary sme’lls something burning. Tal k – talked
Walk – walked
As formas interrogativa e negativa são idênticas às do verbo to be. Live – lived
Watch – watched
I’m walking
Am I walking? Mas
I’m not walking. Study – studied
Marry – married
They’re working. 2) Porém há um grande número de verbos irregulares, cujas formas
Are they working. devem ser memorizadas:
They aren’t working. Go went
He’s sleeping. Come came
Is he sleeping? Eat ate
He isn’t sleeping. Drink drank
Have had
IMPERATIVO (Imperative) Sit sat
Expressa ordem, comando, súplica, e tem a seguinte forma em inglês: Get got
Infinitivo go (sem to) ----------------- Go away! Tell told
See saw
O sujeito you está subentendido. Know knew
Forma-se o negativo com o auxiliar do + not. Write wrote
Don’t go away! Give gave
PASSADO (Past tense) Begin began
To be Put put
Presente Passado Cost cost
I am was Feel felt
He is was Hear heard
She is was Sell sold
It is was O interrogativo é formado com o passado do auxiliar do – did, perma-
necendo o verbo principal no infinitivo.
We are were
John went home.
You are were
Did John go home?
They are were
Ralph asked me a question.
He was a student. Did Ralph ask me a question?
Jane and I were at school.
O negativo é formado com did + not (didn’t).
I went, but he didn’t go.
O negativo e o interrogativo são formados como no presente, colo-
cando-se o verbo antes do sujeito. Mary saw him.
I was at home yesterday. He didn’t see her.
Was I at home yesterday?
VERBOS AUXILIARES E ANÔMALOS
You were in the car. Os verbos auxiliares são:
Were you in the car? TO DO
PRESENTE PASSADO
John was nor here last night. To do do did
We were not at movies. Does
Formas contratas: To be am was
Was not (wasn’t) Are were
Were not (weren’t) Is

Língua Inglesa 38
APOSTILAS OPÇÃO
To have have had É usado principalmente para indicar ações no passado que continua-
Has ram por um tempo indeterminado. A duração precisa destas ações não
Emprega-se: tem importância.
a) na formação do negativo: - I was walking home.
I like English.
I don’t like English. PRESENTE PEFEITO (Present Perfec Tense)
O presente perfeito é formado com o presente de to have (has/have),
b) na formação do interrogativo: e o particípio passado do verbo principal.
Fred studies a lot. To have + to go
Does Fred study a lot? John has + gone to Europe.
Fred has been here before.
c) nas respostas breves:
Is he coming? – Yes, he is.
Emprega-se o presente perfeito para indicar um tempo que se iniciou
Are you there? – Yes, I am. no passado e que continua até o presente momento.
d) para indicar o tempo: We have lived here for 5 years.
Did John go? Passado (Ainda moramos aqui)
Does John go? Presente
John has gone. Presente perfeito É também empregado para indicar uma ação que aconteceu em um
tempo indefinido. Ou uma ação indefinida que se repetiu várias vezes no
They had left. Passado perfeito passado.
Os verbos anômalos são: I have lost my pen. (não se sabe quando)
Can – poder – capacidade I have finished reading.
May – poder – permissãol I have read that book several times.
Must – dever – obrigatório
Mightg – poder, poderia (permissão) PRESENTE PERFEITO CONTÍNUO (Present Perfect Continuous
Could – poderia Tense)
Should – deveria O presente perfeito contínuo é composto do presente perfeito de to
Would – no condicional be e do gerúndio do verbo principal.
Will – no futuro He has been working for there hours.
Shall – no futuro para I/we I’ve been living since last March.
Indica uma ação que começou no passado e continua até agora. Não
Estes verbos não mudam de forma e não apresentam a partícula to, há diferençã de sentido entre esta forma e o presente perfeito.
com exceção de have to (has to, had to) e ought to. We have lived here for two years.
Have to = must We have been living here for two years.
Ought to = should
PASSADO PERFEITO (Past Perfect Tense)
O negativo dos verbos auxiliares é formado colocando-se not após o a) O passada perfeito é composto do passado de to have (= had) e
próprio anômalo ou auxiliar. do particípio passado do verbo principal.
They will go. They will not go. John had gone before you arrived.
I might leave. I might leave not. b) Interrogativo
Had John gone before you arrived?
O interrogativo dos auxiliares e anômalos é formado pela inversão do c) O negativo
sujeito e do verbo. John had not gone before you arrived.
They must come. Must they come? O passado perfeito é sempre usado em relação a uma situação ou
She would do it. Would she do it? ação do passado mais recente (às vezes subentendida).
Yesterday Mary said that the had seen that movie the dfay before.
Have to forma o interrogativo e o negativo com o auxiliar do/does.
He has to go. Does he have to go? FUTURE (Future Tense)
Ralph does not have to leave. Normalmente o futuro é formado com o verbo auxiliar will (ou shall
nas primeiras pessoas: I/we), seguido do infinitivo do verbo principal sem a
PASSADO CONTÍNUO (Past Continuous Tense) partícula to.
1) Assim como o presente contínuo, o passado também é formado I will studuy. He will leave.
com to be e o gerúndio. Observe a conjugação de to be no passado. I shall study. He’ll leave.
I was going (gerúndio do verbo to go) I’ll study.
You were going
He was going Existe, porém, outro modo de expressar o futuro: empregando-se o
She was going presente contínuo de To Go + infinitivo
It was going I am going to read.
We were going They are going to leave.
You were going Esta forma expressa o futuro provável; comunica a intenção ou certe-
za da pessoa que fala.
They were going

Língua Inglesa 39
APOSTILAS OPÇÃO
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS Toyotas are made in Japan. - Passive Voice
There is/there are English is a widely spoken language. - Adjective
Esta expressão é usada para demonstrar a existência de alguma coi- Nós aqui classificamos as formas irregulares dos verbos como uma
sa num determinado lugar; corresponde a haver (ou Ter). questão de vocabulário, uma vez que as mesmas não interferem na
Há uma mesa no canto. estruturação das frases; e do ponto de vista do aprendizado, o aluno deve
There is a table in the corner. assimilar essas formas da mesma maneira que assimila vocabulário.

Há dois livros na mesa. Base Past Past Portuguese


There are two books on the table. Form Tense Participle Translation
arise arose arisen surgir, erguer-se
GERÚNDIO (Gerund) awake awoke awoken despertar
O gerúndio tem forma idêntica à do particípio presente: be was, were been ser, estar
Gp – going watch – watching bear bore borne suportar, ser portador de
beat beat beaten bater
Pode ser usado como: become became become tornar-se
1) Sujeito befall befell befallen acontecer
Swimming is fun. beget begot begotten, begot procriar, gerar
2) Objeto begin began begun começar
They enjoy watching television. behold beheld beheld contemplar
3) Objeto de preposição: bend bent bent curvar
I am tired of working. bet bet bet apostar
4) Complemento de uma frase: bid bid bid oferecer, fazer uma oferta
Frank’s favorite occupacion is singing. bind bound bound unir, encadernar, obrigar-se
bite bit bitten morder
INFINITIVO (Infinitive) bleed bled bled sangrar, ter hemorragia
To go to work blow blew blown assoprar, explodir
O infinitivo é normalmente precedido de to: break broke broken quebrar
I want to go. breed bred bred procriar, reproduzir
I asked to leave. bring brought brought trazer
Porém, o infinitivo sem a partícula to é frequentemente usado, princi- broadcast broadcast broadcast irradiar, transmitir
palmente: build built built construir
a) Depois de verbos auxiliares (e anômalos), com exceção de ought, buy bought bought comprar
need, have, be. cast cast cast atirar, deitar
I must go. We ought to call her. catch caught caught pegar, capturar
He can drive. They have to stay here. choose chose chosen escolher
b) Depois de make e let. cling clung clung aderir, segurar-se
Let me go. come came come vir
c) Depois de verbos de “percepção” cost cost cost custar
I heard her cry. creep crept crept rastejar
I saw them run. cut cut cut cortar
d) Depois de: had better, would rather, but, except. deal dealt dealt negociar, tratar
IRREGULAR VERBS dig dug dug cavocar
Embora os verbos irregulares se constituam numa pequena minoria do did done fazer **
em relação a todos os verbos existentes na língua, a frequência com que draw drew drawn tracionar, desenhar **
ocorrem é muito alta, o que lhes dá uma importância significativa. drink drank drunk beber
São todos de origem anglo-saxônica e se referem predominantemente drive drove driven dirigir, ir de carro
a ações comuns.
eat ate eaten comer
Os verbos irregulares do inglês são aqueles verbos que não seguem
a regra geral de formação do Passado e do Particípio Passado. A forma- fall fell fallen cair
ção do Past e do Past Participle, de acordo com a regra geral, que se feed fed fed alimentar
aplica a todos os demais verbos, se dá através do sufixo -ed. Portanto, feel felt felt sentir, sentir-se
todo verbo que não seguir este padrão, será classificado de irregular. fight fought fought lutar
É interessante notar que a irregularidade dos verbos em inglês mani- find found found achar, encontrar
festa-se apenas nas formas do Past e do Past Participle, e não na conju- flee fled fled fugir, escapar
gação dos mesmos, como em português. Os únicos verbos do inglês que
fling flung flung arremessar
têm também uma conjugação irregular são o verbo to be e os verbos
auxiliares modais (can, may, might, shall, should, must, etc.). fly flew flown voar, pilotar
É interessante notar também que, com relação a frequência de ocor- forbid forbade forbidden proibir
rência, o Past é mais importante para o aluno do que o Past Participle. forget forgot forgot, forgotten esquecer
Enquanto que o Past representa uma das estruturas gramaticais básicas, forgive forgave forgiven perdoar
o Past Participle ocorre apenas no Perfect Tense, na formação da Voz freeze froze frozen congelar, paralizar
Passiva, e na forma adjetivada do verbo. Exemplos:
get got gotten, got obter **
Have you heard the news? - Perfect Tense
Língua Inglesa 40
APOSTILAS OPÇÃO
give gave given dar show showed shown mostrar, exibir
go went gone ir shrink shrank shrunk encolher, contrair
grind ground ground moer shut shut shut fechar, cerrar
grow grew grown crescer, cultivar sing sang sung cantar
have had had ter, beber, comer sink sank sunk afundar, submergir
hear heard heard ouvir sit sat sat sentar
hide hid hidden, hid esconder slay slew slain matar, assassinar
hit hit hit bater sleep slept slept dormir
hold held held segurar slide slid slid deslizar, escorregar
hurt hurt hurt machucar sling slung slung atirar, arremessar
keep kept kept guardar, manter speak spoke spoken falar
know knew known saber, conhecer spend spent spent gastar
lay laid laid colocar em posição horizontal, assentar spin spun spun fiar, rodopiar
lead led led liderar spit spit, spat spit, spat cuspir
leave left left deixar, partir spread spread spread espalhar
lend lent lent dar emprestado spring sprang sprung fazer saltar
let let let deixar, alugar stand stood stood parar de pé, aguentar
lie lay lain deitar steal stole stolen roubar
lose lost lost perder, extraviar stick stuck stuck cravar, fincar, enfiar
make made made fazer, fabricar ** sting stung stung picar (inseto)
mean meant meant significar, querer dizer stink stank stunk cheirar mal
meet met met encontrar, conhecer strike struck struck golpear, desferir, atacar
overcome overcame overcome superar string strung strung encordoar, amarrar
overtake overtook overtaken alcançar, surpreender strive strove striven esforçar-se, lutar
pay paid paid pagar swear swore sworn jurar, prometer, assegurar
put put put colocar sweep swept swept varrer
quit quit quit abandonar swim swam swum nadar
read read read ler swing swung swung balançar, alternar
ride rode ridden andar take took taken tomar
ring rang rung tocar (campainha, etc.) teach taught taught ensinar, dar aula
rise rose risen subir, erguer-se tear tore torn rasgar, despedaçar
run ran run correr, concorrer, dirigir tell told told contar
saw sawed sawn serrar think thought thought pensar
say said said dizer throw threw thrown atirar, arremessar
see saw seen ver tread trod trodden pisar, trilhar
seek sought sought procurar obter, objetivar undergo underwent undergone submeter-se a, suportar
sell sold sold vender understand understood understood entender
send sent sent mandar uphold upheld upheld sustentar, apoiar, defender
set set set pôr em determinada condição, marcar, ajustar ** wear wore worn vestir, usar, gastar
shake shook shaken sacudir, tremer win won won vencer, ganhar
shed shed shed soltar, deixar cair ** wind wound wound enrolar, rodar, dar corda
shine shone shone brilhar, reluzir write wrote written escrever, redigir
shoot shot shot atirar, alvejar

FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Ricardo Schutz
São 3 os processos de formação de palavras:
AFFIXATION: É a adição de prefixos e sufixos.
Ex: pleasant - unpleasant, meaning - meaningful - meaningless.
CONVERSION: É a adoção da palavra em outra categoria gramatical sem qualquer transformação.
Ex: drive (verbo) - drive (substantivo)

COMPOUNDING: Refere-se à junção de duas palavras para formar uma terceira.


Ex: tea + pot = teapot, arm + chair = armchair

AFFIXATION: Dos dois tipos de afixos em inglês - prefixos e sufixos, - sufixos são aqueles que apresentam maior produtividade, isto é, a porcenta-
gem de incidência é mais alta. Sufixos têm a função de transformar a categoria gramatical das palavras a que se aplicam. Isto é, um determinado sufixo
será sempre aplicado a uma determinada categoria de palavra e resultará sempre numa outra determinada categoria.
Prefixos, por sua vez, normalmente não alteram a categoria gramatical da palavra-base a que se aplicam. Seu papel é predominantemente semântico,
isto é, eles alteram o significado da base.

Língua Inglesa 41
APOSTILAS OPÇÃO
Vejam as regras abaixo, cujas listas de exemplos, longe de serem exaustivas, servem apenas para demonstrar o grau de produtividade de cada regra
com exemplos relativamente comuns:
SUFIXOS
NOUN + ...ful = ADJECTIVE (significando full of …, having …)
NOUN + ...less = ADJECTIVE (significando without …)
NOUN ...ful ADJECTIVE ...less ADJECTIVE
art (arte) artful (criativo) artless (grosseiro)
care (cuidado) careful (cuidadoso) careless (descuidado)
color (cor) colorful (colorido) colorless (que não tem cor)
doubt (dúvida) doubtful (duvidoso) doubtless (indubitável)
faith (fé) faithful (fiel) faithless (infiel)
fear (medo) fearful (medroso) fearless (destemido)
force (força) forceful (vigoroso, coercitivo) forceless (sem força, que não se impõe)
fruit (fruto) fruitful (frutífero) fruitless (infrutífero)
grace (graça) graceful (gracioso) graceless (que não é gracioso)
harm (dano, prejuízo) harmful (prejudicial) harmless (inócuo, inofensivo)
hope (esperança) hopeful (esperançoso) hopeless (que não tem esperança)
law (lei) lawful (legal, dentro da lei) lawless (sem lei, fora-da-lei)
meaning (significado) meaningful (significativo) meaningless (sem sentido)
mercy (piedade) merciful (piedoso) merciless (impiedoso)
mind (mente) mindful (consciente) mindless (inconsequente, que não se dá conta, que não
pain (dor) painful (doloroso) requer concentração)
power (potência) powerful (potente) painless (indolor)
shame (vergonha) shameful (vergonhoso) powerless (impotente)
taste (sabor) tasteful (saboroso) shameless (sem-vergonha)
thought (pensamento) thoughtful (bem pensado, tasteless (sem sabor)
use (uso) pensativo) thoughtless (mal pensado, sem consideração)
useful (útil) useless (inútil)
beauty (beleza) beautiful (belo, bonito) -
play (jogo, brinquedo) playful (brincalhão) -
respect (respeito) respectful (respeitoso) -
skill (habilidade) skillful (habilidoso) -
success (sucesso) successful (bem-sucedido) -
youth (juventude) youthful (com aspecto de jo- -
wonder (maravilha) vem) -
wonderful (maravilhoso)
child (criança, filho) - childless (sem filhos)
cord (fio) - cordless (sem fio)
count (conta) - countless (incontável)
defense (defesa) - defenseless (indefeso)
end (fim) - endless (interminável)
head (cabeça) - headless (sem-cabeça, acéfalo)
heart (coração) - heartless (sem coração, cruel)
home (casa) - homeless (sem-teto)
land (terra) - landless (sem-terra)
penny (centavo) - penniless (que não tem nem um centavo)
price (preço) - priceless (que não tem preço)
rest (descanso) - restless (inquieto)
seam (emenda) - seamless (sem emenda)
speech (fala) - speechless (sem fala)
stain (mancha) - stainless (sem mancha, inoxidável)
time (tempo) - timeless (eterno)
top (topo) - topless (sem a parte de cima)
wire (arame, fio) - wireless (sem fio)
word (palavra) - wordless (sem fala, mudo)
worth (valor) - worthless (que não vale nada)
COUNT NOUN + …hood = NONCOUNT ABSTRACT NOUN (sufixo de baixa produtividade significando o estado de ser). Há cerca de mil anos atrás,
no período conhecido como Old English, hood era uma palavra independente, com um significado amplo, relacionado à pessoa, sua personalidade, sexo,
nível social, condição. A palavra ocorria em conjunto com outros substantivos para posteriormente, com o passar dos séculos, se transformar num sufixo.
COUNT NOUN …hood ABSTRACT NOUN
adult (adulto) adulthood (maturidade)
boy (menino) boyhood
brother (irmão) brotherhood (fraternidade)
child (criança) childhood (infância)
father (pai) fatherhood (paternidade)
knight (cavaleiro, fidalgo) knighthood

Língua Inglesa 42
APOSTILAS OPÇÃO

mother (mãe) motherhood (maternidade)


neighbor (vizinho) neighborhood (vizinhança)
parent (progenitor) parenthood (paternidade)
priest (padre) priesthood
sister (irmã) sisterhood (irmandade)
widow (viúva) widowhood (viuvez)
COUNT NOUN + …ship = NONCOUNT ABSTRACT NOUN (sufixo de baixa produtividade significando o estado de ser). A origem do sufixo _ship é
uma história semelhante à do sufixo _hood. Tratava-se de uma palavra independente na época do Old English, relacionada a shape e que tinha o signifi-
cado de criar, nomear. Ao longo dos séculos aglutinou-se com o substantivo a que se referia adquirindo o sentido de estado ou condição de ser tal coisa.
COUNT NOUN …ship ABSTRACT NOUN

citizen (cidadão) citizenship (cidadania)


court (corte) courtship (cortejo, galanteio)
dealer (negociante, revendedor) dealership (revenda)
dictator (ditador) dictatorship (ditadura)
fellow (companheiro) fellowship (companheirismo, solidariedade)
friend (amigo) friendship (amizade)
intern (residente, estagiário) internship (estágio, residência)
leader (líder) leadership (liderança)
member (sócio, membro de um clube) membership (qualidade de quem é sócio)
owner (proprietário) ownership (posse, propriedade)
partner (sócio, companheiro) partnership (sociedade comercial)
relation (relação) relationship (relacionamento)
scholar scholarship
sponsor (patrocinador) sponsorship (patrocínio)
statesman (estadista) statesmanship
workman workmanship
worth worship
ADJECTIVE + …ness = NONCOUNT ABSTRACT NOUN (significando o estado, a qualidade de)
ADJECTIVE …ness ABSTRACT NOUN

appropriate (apropriado) appropriateness (propriedade)


aware (ciente) awareness (ciência)
clever (esperto, inteligente) cleverness (esperteza)
conscious (consciente) consciousness (consciência)
dark (escuro) darkness (escuridão)
dizzy (tonto) dizziness (tontura)
empty (vazio) emptiness (o vazio)
faithful (fiel) faithfulness (lealdade)
happy (feliz) happiness (felicidade)
hard (duro) hardness (dureza)
kind (gentil) kindness (gentileza)
polite (bem-educado) politeness (boa educação)
rich (rico) richness (riqueza)
rude (rude, mal-educado) rudeness (falta de educação)
selfish (egoísta) selfishness (egoísmo)
serious (sério) seriousness (seriedade)
soft (macio, suave) softness (maciez, suavidade)
thankful (agradecido) thankfulness (agradecimento)
thick (grosso, espesso) thickness (espessura)
useful (útil) usefulness (utilidade)
vague (vago) vagueness (falta de clareza)
weak (fraco) weakness (fraqueza)
youthful (com aspecto de jovem) youthfulness (característica de quem é jovem)

ADJECTIVE + …ity = ABSTRACT NOUN (significando o mesmo que o anterior: o estado, a qualidade de; equivalente ao sufixo ...idade do portu-
guês). Uma vez que a origem deste sufixo é o latim, as palavras a que se aplica são na grande maioria de origem latina, mostrando uma grande semelhan-
ça com o português.
ADJECTIVE …ity ABSTRACT NOUN
able (apto, que tem condições de) ability (habilidade, capacidade)
accessible (acessível) accessibility (acessibilidade)
accountable (responsável, que presta contas) accountability (responsabilidade)
active (ativo) activity (atividade)
ambiguous (ambíguo) ambiguity (ambiguidade)
applicable (que se aplica, relevante) applicability (relevância, utilidade)
available (disponível) availability (disponibilidade)

Língua Inglesa 43
APOSTILAS OPÇÃO

communicable (comunicável) communicability (comunicabilidade)


complex (complexo) complexity (complexidade)
connective (que conecta, conectivo) connectivity (conectividade)
feasible (viável) feasibility (viabilidade)
fertile (fértil) fertility (fertilidade)
flexible (flexível) flexibility (flexibilidade)
generous (generoso) generosity (generosidade)
humid (úmido) humidity (umidade)
legal (legal) legality (legalidade)
personal (pessoal) personality (personalidade)
porous (poroso) porosity (porosidade)
possible (possível) possibility (possibilidade)
probable (provável) probability (probabilidade)
productive (produtivo) productivity (produtividade)
pure (puro) purity (pureza)
responsible (responsável) responsibility (responsabilidade)
scarce (escasso) scarcity (escassez)
simple (simples) simplicity (simplicidade)
sincere (sincero) sincerity (sinceridade)

VERB + …tion (…sion) = NOUN (sufixo de alta produtividade significando o estado, a ação ou a instituição; equivalente ao sufixo ...ção do português).
A origem deste sufixo é o latim. Portanto, as palavras a que se aplica são na grande maioria de origem latina, mostrando uma grande semelhança e equi-
valência com o português.
VERB ...tion NOUN
abort (abortar) abortion (aborto)
accelerate (acelerar) acceleration (aceleração)
accommodate (acomodar) accommodation (acomodação)
accuse (acusar) accusation (acusação)
acquire (adquirir) acquisition (aquisição, assimilação)
act (atuar, agir) action (ação)
adapt (adaptar) adaptation (adaptação)
add (adicionar, somar) addition (adição)
administer (administrar) administration (administração)
admire (admirar) admiration (admiração)
admit (admitir) admission (admissão)
adopt (adotar) adoption (adoção)
apply (aplicar, inscrever-se) application (aplicação, inscrição)
approximate (aproximar) approximation (aproximação)
attend (participar de) attention (atenção)
attract (atrair) attraction (atração)
calculate (calcular) calculation (cálculo)
cancel (cancelar) cancellation (cancelamento)
categorize (categorizar) categorization (categorização)
celebrate (celebrar) celebration (celebração)
classify (classificar) classification (classificação)
collect (coletar, colecionar) collection (coleta, coleção)
combine (combinar) combination (combinação)
commit (comprometer-se, comissionar) commission (comissão)
communicate (comunicar) communication (comunicação)
compensate (compensar) compensation (compensação, indenização)
complete (completar) completion (ato de completar, complementação)
complicate (complicar) complication (complicação)
compose (compor) composition (composição)
comprehend (compreender) comprehension (compreensão)
concede (conceder) concession (concessão)
confirm (confirmar) confirmation (confirmação)
confront (confrontar) confrontation (confrontação)
confuse (confundir) confusion (confusão)
connect (conectar) connection (conexão)
consider (considerar) consideration (consideração)
construct (construir) construction (construção)
contract (contrair) contraction (contração)
contribute (contribuir) contribution (contribuição)
converse (conversar) conversation (conversação)
convert (converter) conversion (conversão)
cooperate (cooperar) cooperation (cooperação)
coordinate (coordenar) coordination (coordenação)
correct (corrigir) correction (correção)

Língua Inglesa 44
APOSTILAS OPÇÃO

correlate (correlacionar) correlation (correlação)


corrupt (corromper) corruption (corrupção)
create (criar) creation (criação)
declare (declarar) declaration (declaração)
deduce (deduzir) deduction (dedução)
define (definir) definition (definição)
deform (deformar, desfigurar) deformation (deformação)
demonstrate (demonstrar) demonstration (demonstração)
deport (deportar) deportation (deportação)
describe (descrever) description (descrição)
determine (determinar) determination (determinação)
dictate (ditar) dictation (ditado)
direct (direcionar) direction (direção)
discuss (discutir) discussion (discussão)
distribute (distribuir) distribution (distribuição)
edit (editar) edition (edição)
educate (educar, instruir) education (educação, instrução)
elect (eleger) election (eleição)
evaluate (avaliar) evaluation (avaliação)
evict (expulsar) eviction (expulsão, despejo)
evolve (evoluir) evolution (evolução)
exaggerate (exagerar) exaggeration (exagero)
examine (examinar) examination (exame)
except (excluir, fazer exceção) exception (exceção)
exclude (excluir) exclusion (exclusão)
execute (executar) execution (execução)
expand (expandir) expansion (expansão)
expect (esperar, ter expectativa) expectation (expectativa)
expire (expirar, vencer) expiration (vencimento)
explain (explicar) explanation (explicação)
explode (explodir) explosion (explosão)
exploit (explorar, tirar vantagem) exploitation (exploração)
explore (explorar, desbravar) exploration (exploração)
express (expressar) expression (expressão)
extend (extender, prorrogar) extension (prorrogação)
fluctuate (flutuar) fluctuation (flutuação)
form (formar) formation (formação)
fornicate (fornicar) fornication (fornicação, promiscuidade)
found (fundar, estabelecer) foundation (fundação)
fuse (unir, fundir) fusion (fusão)
generalize (generalizar) generalization (generalização)
graduate (graduar-se, formar-se) graduation (formatura)
humiliate (humilhar) humiliation (humilhado)
identify (identificar) identification (identificação)
imagine (imaginar) imagination (imaginação)
imitate (imitar) imitation (imitação)
immerse (imergir) immersion (imersão)
immigrate (imigrar) immigration (imigração)
implicate (implicar) implication (implicação)
include (incluir) inclusion (inclusão)
incorporate (incorporar) incorporation (incorporação)
indicate (indicar) indication (indicação)
infect (infeccionar) infection (infecção)
inform (informar) information (informação)
inject (injetar) injection (injeção)
inscribe (inscrever, gravar em relevo) inscription (gravação em relevo)
inspect (inspecionar) inspection (inspeção)
inspire (inspirar) inspiration (inspiração)
install (instalar) installation (instalação)
instruct (instruir) instruction (instrução)
insulate (isolar) insulation (isolamento)
intend (ter intenção, pretender) intention (intenção)
interact (interagir) interaction (interação)
interpret (interpretar) interpretation (interpretação)
interrupt (interromper) interruption (interrupção)
intone (entoar) intonation (entonação)

Língua Inglesa 45
APOSTILAS OPÇÃO

intoxicate (intoxicar) intoxication (intoxicação)


introduce (introduzir, apresentar) introduction (introdução, apresentação)
invade (invadir) invasion (invasão)
invent (inventar) invention (invenção)
invert (inverter) inversion (inversão)
isolate (isolar) isolation (isolamento)
justify (justificar, alinhar texto) justification (justificação, alinhamento de texto)
legislate (legislar) legislation (legislação)
limit (limitar) limitation (limitação)
locate (localizar) location (localização)
lubricate (lubrificar) lubrication (lubrificação)
masturbate (masturbar) masturbation (masturbação)
mediate (mediar) mediation (mediação)
meditate (meditar) meditation (meditação)
menstruate (menstruar) menstruation (menstruação)
modify (modificar) modification (modificação)
motivate (motivar) motivation (motivação)
move (mover, movimentar) motion (movimento)
naturalize (naturalizar) naturalization (naturalização)
nominate (escolher, eleger) nomination (escolha de um candidato)
normalize (normalizar) normalization (normalização)
object (objetar) objection (objeção)
obligate (obrigar) obligation (obrigação)
operate (operar) operation (operação)
oppose (opor) opposition (oposição)
opt (optar) option (opção)
organize (organizar) organization (organização)
orient (orientar) orientation (orientação)
penetrate (penetração) penetration (penetração)
permit (permitir) permission (permissão)
plant (plantar) plantation (plantação)
pollute (poluir) pollution (poluição)
prepare (preparar) preparation (preparação)
present (apresentar) presentation (apresentação)
pressurize (pressurizar) pressurization (pressurização)
pretend (fingir) pretension (pretensão, alegação duvidosa)
privatize (privatizar) privatization (privatização)
probe (sondar, examinar) probation (período de teste)
produce (produzir) production (produção)
prohibit (proibir) prohibition (proibição)
promote (promover) promotion (promoção)
pronounce (pronunciar) pronunciation (pronúncia)
propose (propor) proposition (proposição)
prosecute (acusar) prosecution (acusação)
protect (proteger) protection (proteção)
punctuate (pontuar) punctuation (pontuação)
qualify (qualificar) qualification (qualificação)
quest (buscar, procurar) question (pergunta)
quote (cotar) quotation (cotação)
receive (receber) reception (recepção)
recognize (reconhecer) recognition (reconhecimento)
reduce (reduzir) reduction (redução)
register (registrar) registration (registro)
regulate (regular) regulation (regulamento)
relate (relacionar) relation (relação)
relocate (relocar) relocation (relocação)
repete (repetir) repetition (repetição)
resign (renunciar, resignar) resignation (renúncia, resignação)
revolt (revoltar-se) revolution (revolução)
salute (saudar) salutation (saudação)
salve (salvar) salvation (salvação)
satisfy (satisfazer) satisfaction (satisfação)
seduce (seduzir) seduction (sedução)
select (selecionar) selection (seleção)

Língua Inglesa 46
APOSTILAS OPÇÃO

separate (separar) separation (separação)


simplify (simplificar) simplification (simplificação)
situate (situar) situation (situação)
solve (resolver, solucionar) solution (solução)
starve (morrer de fome) starvation (ato de morrer de fome)
subscribe(assinar um periódico) subscription (assinatura de um periódico)
suggest(sugerir) suggestion(sugestão)
tax (taxar, tributar) taxation (taxação, tributação)
tempt (tentar) temptation (tentação)
terminate (terminar) termination (término)
transform (transformar) transformation (transformação)
transit (transitar) transition (transição)
translate (traduzir) translation (tradução)
transmit (transmitir) transmission (transmissão)
transport (transportar) transportation (transporte)
vibrate (vibrar) vibration (vibração)
violate (violar) violation (violação)

VERB + …er = NOUN (significando o agente da ação; sufixo de alta produtividade).


VERB ...er NOUN

analyze (analisar) analyzer (analisador)


announce (anunciar, apresentar) announcer (apresentador)
bake (cozer no forno, fazer pão) baker (padeiro, confeiteiro)
bank (banco) banker (banqueiro)
blend (misturar) blender (liquidificador)
boil (ferver) boiler (tanque de aquecimento, caldeira)
call (chamar, ligar) caller (aquele que faz uma ligação telefônica)
clean (limpar) cleaner (limpador)
climb (escalar, subit) climber (aquele que escala, sobe)
compose (compor) composer (compositor)
compute (computar) computer (computador)
convert (converter) converter (conversor)
dive (mergulhar) diver (mergulhador)
drum (tamborear, tocar bateria) drummer (baterista)
dry (secar) drier (secador)
drive (dirigir) driver (motorista)
erase (apagar) eraser (apagador, borracha)
fight (lutar) fighter (lutador, caça)
fold (dobrar) folder (pasta para papéis)
freeze (congelar) freezer (congelador)
freight (carregar frete) freighter (navio ou avião de carga)
garden (cuidar de jardim) gardener (jardineiro)
help (ajudar) helper (ajudante, assistente)
hunt (caçar) hunter (caçador)
interpret (interpretar) interpreter (intérprete)
kill (matar) killer (matador, assassino)
lead (liderar) leader (líder)
light (iluminar, acender) lighter (isqueiro)
lock (chavear) locker (armário de chavear)
love (amar) lover (amante)
manage (gerenciar) manager (gerente)
paint (pintar) painter (pintor)
photograph (fotografar) photographer (fotógrafo)
play (brincar, jogar) player (jogador)
print (imprimir) printer (impressora)
prosecute (acusar) prosecuter (promotor)
publish (publicar) publisher (editor)
read (ler) reader (leitor)
receive (receber) receiver (receptor)
record (gravar, registrar) recorder (gravador)
report (reportar) reporter (repórter)
rob (assaltar) robber (assaltante)
rule (governar) ruler (governante)
run (correr) runner (corredor)
sharpen (afiar, apontar) sharpener (afiador, apontador)
sing (cantar) singer (cantor)

Língua Inglesa 47
APOSTILAS OPÇÃO

smoke (fumar) smoker (fumante)


speak (falar) speaker (porta-voz, aquele que fala)
staple (grampear) stapler (grampeador)
start (iniciar) starter (dispositivo de arranque)
stretch (esticar) stretcher (maca)
supply (fornecer) supplier (fornecedor)
teach (ensinar) teacher (professor)
train (treinar) trainer (treinador)
travel (viajar) traveler (viajante)
use (usar) user (usuário)
wait (esperar) waiter (garçom)
wash (lavar) washer (lavador, máquina de lavar)
work (trabalhar) worker (trabalhador, funcionário)
write (escrever) writer (escritor)

VERB + …able (...ible) = ADJECTIVE (o mesmo que o sufixo …ável ou …ível do português; sufixo de alta produtividade). Sua origem é o sufixo
_abilis do latim, que significa capaz de, merecedor de.
VERB …able (...ible) ADJECTIVE

accept (aceitar) acceptable (aceitável)


access (acessar) accessible (acessível)
account (responder, prestar contas) accountable (responsável)
achieve (realizar, alcançar um resultado) achievable (realizável)
adore (adorar) adorable (adorável)
advise (aconselhar) advisable (aconselhável)
afford (proporcionar, ter meios para custear) affordable (que está dentro de nossa capacidade financeira)
apply (aplicar, candidatar-se a) applicable (aplicável)
attain (alcançar, obter êxito) attainable (possível de ser alcançado)
avail (proporcionar, ser útil) available (disponível)
bear (sustentar, suportar) bearable (sustentável, suportável)
believe (acreditar, crer) believable (acreditável)
break (quebrar, romper) breakable (quebradiço, frágil)
change (trocar, mudar) changeable (mutável)
collapse (entrar em colapso, cair, dobrar) collapsible (dobrável)
collect (recolher, cobrar) collectible (cobrável)
communicate (comunicar) communicable (comunicável)
compare (comparar) comparable (comparável)
comprehend (abranger, compreender) comprehensible (abrangente, compreensível)
confuse (confundir) confusable (confundível)
convert (converter) convertible (conversível)
debate (debater) debatable (discutível)
deliver (entregar) deliverable (que pode ser entregue)
depend (depender) dependable (do qual se pode depender, confiável)
desire (desejar) desirable (desejável)
detach (destacar, separar) detachable (destacável, que dá para separar)
digest (digerir) digestible (de fácil digestão)
dispose (colocar à disposição) disposable (disponível, descartável)
drink (beber) drinkable (potável)
eat (comer) eatable (comestível)
enforce enforceable
enjoy enjoyable
excuse excusable
execute executable
explain explainable
force forcible
forget forgettable
grade gradable
inflame inflammable
inflate inflatable
interchange interchangeable
manage manageable
move movable
obtain obtainable
pay (pagar) payable (pagável)
port (portar) portable (portátil)
predict (predizer, prever) predictable (previsível)
prevent preventable
question questionable
read readable

Língua Inglesa 48
APOSTILAS OPÇÃO

reason reasonable
receive receivable
recharge rechargeable
recover recoverable
rely reliable
respond responsible
sense sensible
suit suitable
translate translatable
transmit transmittable
transport transportable
trust trustable
understand understandable
value valuable
wash washable
VERB + …ive (…ative) = ADJECTIVE (o mesmo que o sufixo …tivo ou …ível do português; sufixo de alta produtividade). Sua origem é o sufixo _ivus
do latim, que significa ter a capacidade de.
VERB …ive (…ative) ADJECTIVE

act (atuar) active (ativo)


administrate (administrar) administrative (administrativo)
affirm (afirmar) affirmative (affirmativo)
attract (atrair) attractive (atrativo)
communicate (comunicar) communicative (comunicativo)
connect (conectar) connective (conectivo)
conserve (conservar) conservative (conservativo)
construct (construir) constructive (construtivo)
correct (corrigir) corrective (corretivo)
decorate (decorar) decorative (decorativo)
defend (defender) defensive (defensivo)
effect (efetuar) effective (efetivo)
expand (expandir) expansive (expansivo)
expend (despender, gastar) expensive (dispendioso, caro)
explode (explodir) explosive (explosivo)
inform (informar) informative (informativo)
instruct (instruir) instructive (instrutivo)
interrogate interrogative
intrude intrusive
negate negative
offend offensive
permit permissive
presume presumptive
prevent preventive
produce productive
provoke provocative
retain retentive
talk talkative
ADJECTIVE + …ly = ADVERB (o mesmo que o sufixo …mente do português; sufixo de alta produtividade)
ADJECTIVE …ly ADVERB

abrupt (abrupto) abruptly (abruptamente)


absolute (absoluto) absolutely (absolutamente)
actual (real) actually (de fato, na realidade)
approximate (aproximado) approximately (aproximadamente)
bad (mau) badly (maldosamente, com extrema necessidade)
basic (básico) basically (basicamente)
careful (cuidadoso) carefully (cuidadosamente)
careless (descuidado) carelessly (de forma descuidada)
certain (certo) certainly (certamente)
dangerous (perigoso) dangerously (perigosamente)
desperate (desesperado) desperately (desesperadamente)
different (diferente) differently (diferentemente)
eager (ansioso, ávido) eagerly (ansiosamente, avidamente)
effective (efetivo) effectively (efetivamente)
efficient (eficiente) efficiently (eficientemente)
endless (interminável) endlessly (interminavelmente)
eventual (final) eventually (finalmente)
exact (exato) exactly (exatamente)

Língua Inglesa 49
APOSTILAS OPÇÃO

final (final) finally (finalmente)


fortunate (afortunado, feliz) fortunately (felizmente)
frequent (frequente) frequently (frequentemente)
generous (generoso) generously (generosamente)
happy (feliz) happily (demonstrando felicidade)
hard (duro, difícil) hardly (dificilmente)
high (alto) highly (altamente)
hopeful (esperançoso) hopefully (esperemos que)
important (importante) importantly (de forma importante)
interesting (interessante) interestingly (de forma interessante)
late (tarde, último) lately (ultimamente)
live (ao vivo) lively (animadamente)
natural (natural) naturally (naturalmente)
necessary (necessário) necessarily (necessariamente)
nice (bom, agradável, gentil) nicely (bem, de forma agradável, gentilmente)
normal (normal) normally (normalmente)
obvious (óbvio) obviously (obviamente)
occasional (ocasional, eventual) occasionally (ocasionalmente, eventualmente)
original (original) originally (originalmente)
perfect (perfeito) perfectly (perfeitamente)
permanent (permanente) permanently (permanentemente)
perpetual (perpétuo) perpetually (perpetuamente)
probable (provável) probably (provavelmente)
professional (profissional) professionally (profissionalmente)
proud (orgulhoso) proudly (orgulhosamente)
quick (ligeiro) quickly (ligeiramente)
quiet (quieto, silencioso) quietly (quietamente, silenciosamente)
rapid (rápido) rapidly (rapidamente)
real (real) really (realmente)
recent (recente) recently (recentemente)
regular (regular) regularly (regularmente)
serious (sério) seriously (seriamente)
shrewd (astuto) shrewdly (astutamente)
sincere (sincero) sincerely (sinceramente)
skillful (habilidoso) skillfully (habilidosamente)
slow (lento) slowly (lentamente)
soft (suave, macio) softly (suavemente)
strange (estranho) strangely (estranhamente)
strong (forte, vigoroso) strongly (fortemente, vigorosamente)
successful (bem-sucedido) successfully (de forma bem-sucedida)
sudden (repentino) suddenly (repentinamente)
true (verdadeiro) truly (verdadeiramente)
unfortunate (infeliz) unfortunately (infelizmente)
urgent (urgente) urgently (urgentemente)
usual (usual) usually (usualmente, normalmente)
verbal (verbal) verbally (verbalmente)
vigorous (vigoroso) vigorously (vigorosamente)
virtual (virtual) virtually (virtualmente)
visual (visual) visually (visualmente)
wise (sábio, prudente) wisely (sabiamente, prudentemente)
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Camila Hayashi
Conjunções
São palavras que unem orações, palavras ou grupos de palavras, estabelecendo uma relação de coordenação ou subordinação entre eles. Em inglês,
há três tipos de conjunções:
Coordinating Conjunctions: também chamadas “coordinators” são conjunções que unem dois itens de igual importância sintática. As principais são:
- and = e.
- but = mas.
- nor = nem.
- or = ou.
- then = então.
- yet = no entanto.
Exemplos:
- Lucia and Hugo are married and are very happy.
- The test was easy, but I couldn’t pass.
- You can study or listen to music.

Correlative Conjunctions: Algumas vezes, a coordenação de duas estruturas se dá também pela adição de uma palavra no começo da primeira es-
trutura, a fim de enfatizar que o que é dito se aplica a ambos os grupos coordenados.

Língua Inglesa 50
APOSTILAS OPÇÃO
- both ... and = tanto ... quanto.
- either ... or = ou … ou.
- neither … nor = nem … nem.
- not only … but also = não somente … mas também.
- whether … or = se … ou.

Exemplos:
- Both English and Spanish are important languages.
- Early man could neither read nor write.
- The woman was not only healthy but also wealthy.
As I was hungry, I went to the restaurant.

Subordinating Conjunctions: são conjunções que apresentam uma frase independente, ou seja, uma oração subordinada.
- although / though = embora.
- as = à medida que; enquanto; conforme; como.
- because = porque.
- if = se.
- in order to = para; a fim de (que).
- in spite of / despite = apesar de (que).
- like = como.
- so that = para que.
- unless = a não ser que.
- while = enquanto.

Exemplos:
- As I was hungry, I went to the restaurant.
- If I have money, I’ll go to the cinema.
- I didn’t go to school because I was sick.
As conjunções citadas são todas adverbiais, ou seja, orações que funcionam como advérbio, estabelecendo uma circunstância de tempo, causa, fina-
lidade, etc. A principal conjunção utilizada para introduzir orações subordinas substantivas é that.
Algumas preposições também pode ser usadas como conjunções:
- after = depois.
- before = antes.
- for = pois.
- since = desde que.
- until = até que.
O mesmo acontece com alguns advérbios interrogativos:
- When = quando.
- Where = onde.
Há ainda algumas palavras chamadas de “sentence adverbials”que são usadas para conectar ideias mais longas (geralmente em períodos diferentes),
estabelecendo uma relação de coordenação ou subordinação entre elas. As principais são:
- besides = além disso.
- however = porém, no entanto.
- moreover = além do mais.
- nevertheless = não obstante.
- otherwise = caso contrário.
- so = assim.
- still = todavia, ainda assim.
- therefore = por essa razão, portanto.
- though = entretanto.
- yet = contudo.
Exemplos:
- I can’t go to the theatre, I’m doing my homework. Besides, I have no money.
- My room is small. It’s very comfortable, however.
- These hats are very ugly. Yet people buy them.

PRONOMES E ADJETIVOS POSSESSIVOS


Em inglês, há diferença entre pronomes possessivos ou ("possessive pronouns") e adjetivos possessivos ("possessive adjectives"). Os adjetivos
possessivos sempre vêm acompanhados de substantivos, enquanto os pronomes possessivos substituem esses substantivos. Não há qualquer tipo de
concordância entre substantivos e adjetivos ou pronomes possessivos. Segue uma tabela com pronomes e adjetivos possessivos da língua inglesa:

Língua Inglesa 51
APOSTILAS OPÇÃO
Número Pessoa Pronome pessoal Adjetivo possessivo Pronome possessivo
1ª I my mine
you your yours

thou thy thine
Singular
he his his
3ª she her hers
it its its
1ª we our ours
you your yours
Plural 2ª
ye your yours
3ª they their theirs
É comum que falantes do português confundam os pronomes e adjetivos possessivos de terceira pessoa ("his", "her(s)", "its") com os de segunda
pessoa ("your(s)"). É necessário prestar atenção ao pronome pessoal equivalente ao empregar o possessivo.
Os pronomes e adjetivos possessivos em inglês nunca vêm antecedidos de artigo definido ("the") ou indefinido ("a", "an").

CONCORDÂNCIA
Existem casos que a concordância verbal no inglês não é da mesma forma que no português. Mudam algumas coisinhas (little things). Por isso preci-
samos prestar um pouco mais de atenção.
Você entenderá melhor depois de ver alguns exemplos.
Nobody was waiting for me at the airport.
Ninguém estava me esperando no aeroporto.
No exemplo que dei acima, inglês e português se correspondem. O pronome 'niniguém geralmente é seguido de um verbo no singular. Mas veja estes
exemplos...
Everybody is here. Todos estão aqui.
Como sabemos "Todos" é plural, então a palavra que deveria está depois de everybody seria 'are" e não "is". É difícil estabelecer uma regra. Por isso
aconselho a observar e tentar assimilar. Nem tudo no inglês pode ser explicado. Faz parte da língua.
Para deixar claro a questão, dou mais alguns exemplos.
Most of the children were playing in the garden.
A maioria das crianças estava brincando no jardim.

In big cities, there are many people working.


Em grandes cidades, há muitas pessoas trabalhando.

There are 10 bottles on the table; half of them are empty.


Há dez garrafas sobre a mesa; Metade delas está vazia.
Estes são só alguns exemplos. Se você prestar um pouco mais de atenção nos textos em revistas, jornais e mesmo em um diálogo, verá que nem
sempre a concordância é feita da mesma forma que o português. .Renato Alves

PROVA SIMULADA yet possible, mainly because of the expense.

texto 1 Vocabulary
Water is perhaps man's most important natural resource. He needs it resource = recurso
for drinking and home uses, for agriculture, for the power to rum his ma- century = século
chines, and even for boating, fishing and relaxation. But usable water is not to flight = lutar, combater
as abundant as de demand for it has been. For centuries men have fought evenly = uniformemente, igualmente
each other over their rights to use springs, streams, and rivers which are flood = inundação
so essential to life. Because the earth's water supply is not distributed
evenly, ore area suffers from floods while another is parched and dried up parched = ressequido, tostado
and still another enjoys ideal conditions. Much of man's energy has been spring = fonte, primavera, mola espiral
spent in diverting rivers and streams and digging wells and canals. Unfor- although = apesar de, não obstante
tunately, man has not been very successful in his efforts to redistribute his harm = dano, prejuízo
water supply evenly. main = principal
Man's efforts to control water were not always successful. Although
wonderful progress was made in some areas, such as when desert regions
EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO
became, green and fertile, in other areas great harm was dome. The
delicate balance of nature is upset by lowering water levels or by polluting I. Choose the right translation:
rivers with industrial wastes. 1) For centuries men have fought each other over their rights to use
Sometimes the whole climate of an area is affected by water changes. springs, streams and rivers.
In earlier centuries, man satisfied his needs by living only were water was a) Durante séculos os homens lutaram sobre seus direitos para
abundant. If the land became damaged, he would go to a better location. usar as fontes, correntes e rios.
Hydrologists have already discovered many possible ways to help the b) Por séculos, os homens lutaram pelos seus direitos em usar
earth's water problems, but a practical application of many of them is not as fontes, correntes e rios.

Língua Inglesa 52
APOSTILAS OPÇÃO
c) Durante séculos os homens lutaram pelos seus direitos de way. At any rate, the surface, which we see through our telescopes, is
usar fontes, correntes e rios. certainly made up of gas. There is a great deal of hydrogen, some of which
has combined with other materials to form unpleasant compounds such as
2) Unfortunately, man has not been very successful in his efforts to ammonia and marsh gas. It is quite clear that no life can exist there; not
redistribute his water supply evenly. only is the atmosphere poisonous, but Jupiter is so far from the Sun that it
is always very cold. the surface details are always changing, and indeed
a) Infelizmente, os homens não foram bem sucedidos em seus Jupiter never looks the same for long a time. the most famous marking on
esforços para redistribuir seu provisionamento de água com Jupiter, and the only ore that seems to haw lasted for more than a hundred
igualdade. years, is the Great Red Spot, a tremendous patch 30,000 miles long.
b) Infelizmente, os homens não foram muito bem sucedidos Nobody knows quite what is it. It may be a semi-solid body floating in
nos seus esforços para redistribuir sua provisão de água Jupiter's atmosphere, but it still remains very much of a mistery.
uniformemente.
c) Infelizmente, o homem não foi bem sucedido no seu esforço Vocabulary
para redistribuir a sua provisão de água igualmente.
core = núcleo, centro
layer = camada
3) Although, wonderful progress was made in some areas, in others
great harm was done. to lay = por, colocar
a) Apesar de que um maravilhoso progresso foi feito am to behave = comportar-se
algumas áreas, em outras foi feito um grande benefício. at any rate = de qualquer forma
b) Apesar de que, em algumas áreas um grande progresso foi great deal = muito, em grande quantidade
feito, em outras foi feito um grande dano. marsh = pântano, lodaçal
c) Apesar de que um maravilhoso progresso foi obtido em quite = bem, bastante, muito
algumas áreas, em outras um grande dano foi feito. poisonous = venenoso
d) Apesar de que um grande progresso foi feito em indeed = na verdade, claro
determinadas áreas, em outras um grande prejuízo foi feito. to last = durar
patch = caminho, extensão
4) If the land became damaged, he would move to a better location.
a) Se a terra fosse danificada, ele se mudaria para um lugar EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO
melhor.
I- Escolha a tradução correta:
b) Se a terra ficasse prejudicada, ele mudaria para uma
localidade melhor. 1) Jupiter is unlike Earth in almost every way.
c) Se a terra ficasse arruinada, ele mudaria para uma a) Jupiter é diferente da Terra em quase todos os caminhos.
localidade melhor. b) Jupiter é igual à Terra em quase todos os modos.
d) Se a terra ficasse estragada, ele mudaria para um lugar c) Jupiter é diferente da Terra em quase todos os aspectos.
melhor. d) Jupiter é igual à Terra em quase todos os aspectos.

II- Compreensão - Write "T" (True) or "F" (False) in the parentheses. 2) Nowadays it is thought more probably that the whole globe is made
The text says that: up of gas.
a) Mans most important resource is water. ( ) a) Hoje em dia pensa-se que é mais provável ser o globo
b) Usable water is as abundant as the demand for it has been. ( ) inteiro feito de gás.
c) Springs, streams, and rivers are not so emential to life. ( ) b) Hoje em dia é pensado ser mais provável o globo inteiro
feito de gás.
d) Man has been successful in redistributing his water supply evenly. (
) c) Atualmente pensa-se que é mais provável ser todo o globo
feito de gás.
e) Man's efforts to control water were not always successful. ( )
d) Atualmente pensa-se ser mais provável ser o globo todo
f) The climate of an area is not affected by water changes. ( ) feito de gás.
g) In earlier centuries man lived only where water was abundant. ( )
h) In earlier centuries man moved to wherever the land was damaged. 3) It is quite clear that no life can exist there.
()
a) Está bastante claro que nenhuma vida pode existir lá.
i) Earth's water problems are easily helped by the hydrologist's dis-
coveries. ( ) b) Está pouco claro que a vida não pode existir lá.
c) É bem claro que nenhuma vida existe lá.
d) Está claro que nenhuma vida pode existir lá.
RESPOSTAS
4) The surface details are always changing, and indeed Jupiter never
I- 1) b II- a) T f) F
looks the same for long a time.
2) c b) F g) T
a) Os detalhes da superfície estão sempre mudando e na verdade
3) c c) F h) F Jupiter nunca parece o mesmo por tempo longo.
4) b d) F i) F b) Os detalhes da superficie nunca estão mudando e na verdade
e) T Jupiter parece sempre o mesmo por um tempo longo.
c) Os detalhes da superficie estão sempre mudando e Jupiter na
TEXTO 2 verdade parece sempre o mesmo por um longo tempo.
Jupiter is unlike the Earth in almost every way. Astronomers used to d) Os detalhes da superficie estão sempre mudando mas nunca
think that it was made of a central rocky core, surrounded by a layer of ice Jupiter parece o mesmo por um longo tempo.
over which lay a deep, dense atmosphere. Nowadays it is thought more
probably that the whole globe is made up of gas, though near the middle of II- Compreensão
the planet this gas is so dense that it starts to behave in a most curious The text says that:

Língua Inglesa 53
APOSTILAS OPÇÃO
1) to come out = aparecer, ficar ou tornar-se conhecido, deparar-se
a) Jupiter has no life there because it is near the sun. to rotate = girar, rodar
b) Jupiter is so far from the sun that it has no life there. to average = calcular a média
c) Jupiter has life there because it isn't very cold. skin = pele
d) Jupiter has no life there because it is very near the sun. tiny = pequena, minúscula
2) nonsense = contra-senso, disparate
a) Jupiter is unlike the earth in many aspects. spot = local
b) Jupiter is like the earth in many aspects. dirty grey = cinza-escuro (sujo)
c) Jupiter isn't unlike the earth in many aspects. to come up = deparar-se
d) Jupiter isn't like the earth in my aspects. careless = descuidado
3) far-reaching = de longo alcance
a) Nowadays astronomers think that Jupiter has central rock inborn = inato, natural
core, surrounded by a layer of ice.
b) Nowadays astronomers think that Jupiter is made up of gas. Exercícios de Interpretação
c) Nowadays astronomers think that a dense atmosphere sur- I. Choose the right translation:
rounds it. 1) In dealing with people, statistics should be used with care.
d) Nowadays astronomers think that Jupiter is made up of a a) Ao se tratar com pessoas, estatísticas deverão ser usadas
dense law of gas. com cuidado.
4) b) Ao se tratar com pessoas, estatísticas devem ser usadas
a) The Great Red Spot is a tremendous patch 30,000 miles com cuidado
large. c) Ao se tratar com pessoas, estatísticas deveriam ser usadas
b) The Great Red Spot is a semi-solid body floating in earth at- com cuidado.
mosphere.
c) The Great Red Spot is a tremendous patch 30,000 miles 2) Try to average these marbles, and you come out with nonsense.
long. a) Tente calcular a média dessas bolinhas e você se depara
d) Thee Great Red Spot are not a mistery in Jupiter's atmos- com contra-senso.
phere. b) Tente calcular a média dessas bolinhas e você descobrirá o
contra-senso
RESPOSTAS c) Tente calcular a média dessas bolinhas e você descobre o
I- 1) c II- 1) b contra-senso
2) b 2) a
3) a 3) b 3) Averaging when applied in this careless way to people can be
vicious for we are all unique specimens.
4) a 4) c
a) O cálculo da média quando aplicado a pessoas neste modo
e) T
descuidado pode ser imperfeito, pois somos todos
espécimes singulares.
texto 3 b) O cálculo da média quando aplicado a pessoas
"In dealing with people, statistics should be used with care. A group of descuidadamente pode ser imperfeito, pois somos todos
people is something like a collection of marbles of all sizes and composi- espécimes singulares.
tions, and all colors of the rainbow. Try to "average" these marbles, and c) O cálculo da média quando aplicado a pessoas
you come out with nonsense. You can "average" their color by mounting cuidadosamente pode ser imperfeito, pois somos todos
them on a circular disk and rotating it rapidly. the color comes back o dirty espécimes singulares.
gray. But there isn't a dirty gray marble in the lot!
People are as distinctive as marbles, and when we attempt to average
4) Marked variations in normal anatomy are found wherever we look
them we come up with dirty gray "man". Averaging when applied in this
for them.
careless way to people can be vicious, for we are all unique specimens.
a) Variações observadas na anatomia normal são encontradas
Marked variations in normal anatomy are found wherever we look for
onde quer que nelas olhemos.
them. Some of the most far-reaching internal differences involve the endo-
crine glands, which release different hormones into the blood. These, in b) Variações observadas na anatomia normal são encontradas
turn affect our metabolic health, our appetites for food, drink, amusement onde quer que procuremos por elas.
and sex, our emotions, instincts and psychological well-being. c) Variações observadas na anatomia normal são encontradas
Our nervous system also shows distinctiveness. For example, on hu- onde quer que pesquisemos.
man skin there are tiny area sensitives to cold, other areas sensitive to
warmth, stilling others sensitive to pain. A simple experiment shows that 5) Every facet of human life is altered by such a view.
these spots - nerve endings - are widely unequal in number, and distribut- a) Toda faceta da vida humana é alterada por tal aspecto.
ed differently in different individuals. b) Toda face do ser humano é alterada por tal aspecto.
Think then of this world as made up of individuals, each with different c) Toda faceta da vida humana é alterada por este aspecto.
inborn characteristic which influence every minute of each life. Every facet
of human life is altered by such a view."
II- De acordo com o texto:
Vocabulary 1)
to deal = lidar, trata a) As pessoas gostam de colecionar bolinhas de todos os
tamanhos e cores.
care = cuidado
b) Apesar de muitas tentativas, não se conseguiu obter
marble = bolinha de gude bolinhas cinzas.

Língua Inglesa 54
APOSTILAS OPÇÃO
c) Dados estatísticos sobre pessoas precisam ser manejados rock in the likeness of Pharaoh Chephren but with a lion's body. I had no
cuidadosamente. idea how big the pyramids were, till one day I read that the Pyramid of
d) Em média, discos circulares e mesas rotativas são pintados Cheops, the largest of all, was 138 meters high. Gradually, I was intro-
com as cores do arco-íris. duced into the mysterious history of the pyramids ... how they were de-
signed and built with astonishing accuracy thousands of years age for the
powerful Pharaohs who wanted to provide safe resting places for them-
2) selves when they died ... how they were built by thousands upon thou-
a) As pessoas viciam-se com o homem cinza das bolinhas de sands of slaves who brought the stones from distant quarries ... and how
gude. bandits and robbers, through thee centuries, found the secret passages
b) Sendo distintos, nós todos somos exemplos inigualáveis, into them and stole the fabulous aches stored in the burial chambers
não para sermos experimentados irresponsavelmente. within. Fortunately not all was stolen or destroyed, and there is still a lot to
c) Se aplicado descuidadamente, o jogo de bolinhas do gude be discovered.
torna-se um hábito vicioso.
d) O homem de cabelo cinza é dintinguido porque é um homem Exercícios de Interpretação
do espaço. De acordo com o texto:
1.
3) a) Há mais de cem pirâmdes no Egito.
a) Se olharmos bem, todos têm marcas diferentes no corpo. b) Há três pirâmides no Egito.
c) Um animal estranho vive perto das pirâmides.
b) Diferenças distintas na anatomia normal são encontradas
entre nós. 2)
a) As pirâmides foram construídas por três faraós.
c) A endocrina é um medicamento de hormônios que alcança
profundamente o sangue. b) A maior das pirâmides têm 138 metros de altura.
c) As pirâmides não tem o mesmo tamanho.
d) Uma recente descoberta sobre pesquisa anatômica lida com
divertimentos, sexo e emoções.
3. As três pirâmides mais famosas
a) estão bem perto do Cairo.
4)
b) estão no meio do deserto.
a) Algumas partes da pele humana não são sensíveis ao frio,
c) estão a muitos quilômetros do Cairo.
calor e dor.
b) Qualquer parte da pele humana é sensível ao frio, calor e
4) A Esfinge
dor.
a) se parece com um leão.
c) Nossos sistemas nervosos são também individualmente
b) tem a cabeça de Quéfren e o como de leão.
diferentes.
c) é um túmulo muito antigo.
d) Terminações nervosos são aquelas manchas onde não
5. Os faraós construíram as pirâmides
sentimos frio, calor ou dor.
a) com perfeição
b) vagarosamente.
5) c) com muita rapidez.
a) Quando pensamos que este mundo é composto de
indivíduos distintos todo aspecto da vida humana muda em 6. As pedras usadas na construção
nossa opinião. a) foram trazidas por escravos.
b) Indivíduos nascem neste mundo a todo minuto. b) vieram de pedreiras das imediações.
c) Cada indivíduo vive sua própria e independente vida neste c) foram compradas por fenícios.
mundo.
d) Indivíduos com características diferentes são os que 7. As pirâmides foram construídas para
modificam vários aspectos da vida humana. a) servir de túmulo aos faraós.
b) simbolizar a riqueza do Egito.
RESPOSTAS c) guardar o tesouro do estado.
I- 1) b II- 1) c
8.
2) a 2) b
a) A Esfinge foi construída por três faraós.
3) a 3) b b) A Esfinge é um animal mitológico.
4) b 4) c c) A Esfinge foi esculpida na rocha.
5) a 5) a
9.
texto 4 a) Nem tudo o que havia dentro das pirâmides foi levado pelos
I don't remember when the Egyptian pyramids were first mentioned to ladrões.
me, or when I first saw them. I may have seen them in a book, or maga- b) O que os ladrões não puderam roubar, eles destruíram.
zine, or in a film when I was very young, and people may have told me a c) As pirâmides foram saqueadas por ladrões no século
thing or two about them. But what 1 remember is that in the days of my passado.
childhood they were three in number, placed in the middle of the desert,
and having near them the stone figure of a very strange animal, half- RESPOSTAS
human, half-beast. I later discovered that the strange animal was called the I- 1) a 6) a
Sphinx, and that the three pyramids, which are a few kilometers from 2) b 7) a
Cairo, were huge monuments built by three different Pharaohs, Cheops, 3) a 8) c
Chephren and Mikerinos. As I grew older, the pyramids Increased in 4) b 9) a
number and the original three became 102, and I also learned that the
5) a
Sphinx, which is 17 metros high, was not actually built but carved out of a

Língua Inglesa 55
APOSTILAS OPÇÃO
TEXTO 5 RESPOSTAS
The world's first jet-powered Grand Prix car, the Lotus 568, will take 1) b 6) a
part in the Race of Champions at Brands Hatch on Sunday. Emerson
2) a 7) a
Fittipaldi, 23, of Brazil, the Lotus team leader and Europe's first Formula
One jet jockey, will be driving the jet car in practice sessions at the Kent 3) b 8) c
circuit today. 4) c d) F
Mr. C. Chapman, the Chairman of Lotus, said in London yesterday 5) a e) T
that the jet car had proved faster than the Lotus 72 in test nuns. the Lotus
56B is a direct development of the car built for Jim Clark to drive at Indian-
TEXTO 6
apolis in 1968. Jim died in a Formula 2 face and had only tested the car in
unofficial practice, but he had described it as "fantastic". When the bus broke down and the conductor told the gem that they
had to change to another bus, Mr. Bond got off and dashed to the railway
"We have yet to see how it performs in races. It is very fast down the
station. He knew that there was a train at 8:25. the station was only 600
straight but slower out of comers" Mr. Chapman said. He added that he
yards away, but Mr. Bond was big and fat, and he arrived at the station
thought that as soon as the jet Lotus started doing well in races, protests
only to see his train drawing out of platform 2. His heart sank. There was
from other manufacturers would follow.
nothing he could do now but wait for the next train. He waited 20 minutes
A modified Canadian-built turbo-prop gas turbine is the basis for the and when the 8:45 come, Mr. Bond saw to his great despair that it was
engine, transmitting its power to a four-wheel-drive system. very crowded. He was furious. He generally reads his newspaper on his
The jet car uses aviation kerosene, which is far less inflammable than way to the office, but this time he couldn't. He had to stand all the way and
petrol and therefore is very much safer and reduces the fire risk in the it was not easy to get off when the train arrived at his destination. He was
event of a crash. However, it uses far more fuel than the equivalent piston simply mad! He didn't like to be late, so when he came out into the street
engine and Mr. Chapman said yesterday that the car was better suited to he ran as fast as he could. When he opened the door of his office, his
150-mile than 200-mile races. secretary was calmly sitting by the window reading a magazine and smok-
ing a cigarette. He stood in the doorway for two or three seconds, his hat
Exercícios de Interpretação on, his silk umbrella in one hand, his briefcase in the other. His eyes were
Assinale a alternativa que está certa em relação ao texto. wide open and his face was as white as a sheet. Then, suddenly, without a
world, he collapsed to the floor. He was only eight and a half minutes late.
1- A Lotus 56B é
a) o carro mais rápido do mundo.
b) o primeiro carro de corrida a jato. Exercícios de interpretação
c) chamado "carro Grand-Prix". Assinale a alternativa que está certa em relação ao texto.
l) Quando o ônibus quebrou, Mr. Bond
2. Jim Clark a) tomou outro ônibus.
a) experimentou um carro a jato antes de morrer. b) decidiu tomar um trem.
b) dirigiu a Lotus 56B em Indianápolis. c) decidiu ir a pé.
c) encomendou a Lotus 56B.
2) Mr. Bond
3. Jim Clark morreu a) chegou antes da secretária.
a) em Indianápolis. b) chegou com quase 9 minutos de atraso.
b) num acidente de corrida. c) nunca havia chegado atrasado antes.
c) quando experimentava a Lotus 56B.
3) Mr. Bond
4. A Lotus 56B a) queria tomar o trem das 8h 25min.
a) tem tração dianteira. b) queria tomar o trem das 8h 45min.
b) tem tração nas quatro rodas. c) tomou o trem das 8h 25min.
c) foi construída no Canadá.
4)
5. A Lotus 56B
a) o trem estava cheio.
a) gasta mais combustível que os outros carros.
b)o trem estava com 20 minutos de atraso.
b) gasta menos combustível que os outros carros.
c) o trem era rápido.
c) usa o mesmo combustível que os outros carros.

5) Quando Mr. Bond chegou


6. A Lotus 56B
a) é melhor em corridas curtas. a) estava muito pálido.
b) é melhor em corridas longas. b) tirou o chapéu.
c) é sempre melhor que os carros de motor a pistão. c) não viu a secretária.
6)
7. A gasolina é a) Mr. Bond era um homem corpulento.
a) mais inflamável que o querosene de avião. b) Mr. Bond sofria do coração.
b) menos inflamável que o querosene de avião. c) Mr. Bond não gostava de esperar.
c) mais utilizada porque é melhor.
7) Quando Mr. Bond chegou à estação.
8. Em caso de acidente, a) o trem já havia saído.
a) não há perigo de fogo na Lotus 56B b) o trem estava saindo.
b) há mais perigo de fogo do que nos outros carros. c) o trem estava parado junto à plataforma.
c) há menos perigo de fogo do que nos outros carros.

Língua Inglesa 56
APOSTILAS OPÇÃO
RESPOSTAS
1) b 6) a RESPOSTAS
2) b 7) b 1) c 5) c
3) a 2) b 6) a
4) a 3) a 7) b
5) a 4) c 8) c

TEXTO 7 TEXTO 8
The 43-years-old man who received the heart and lungs of a 50-year When I went up to Manchester to study statistic, my father advised me
old woman in a multiple transplant operation two days age is making to open a bank account there. "Your money will be safer in a bank than in
satisfactory progress. New York Hospital said yesterday. He is awake and your pocket or in a drawer", he said. As soon as I found a suitable room
shows no signs of rejection but the risks of hemorrhage, shock, rejection near the University, I went to see the manager of the nearest branch of the
and thrombosis are still great. National Westminster Bank. The manager of our local bank had given me
The operation, which lasted just over three hours, was performed by a a letter of introduction, and in less than 10 minutes I had opened my first
team of fourteen doctors led by Dr. C. Lillehei, a pioneer in transplant bank account, and was in possession of a check book, a booklet contain-
surgery. The patient, Mr. E. W. Lee, of New Jersey, was suffering from ing a lot of useful information about checks and accounts and another
heart failure and a lung disease, which would have been fatal without the giving details of all the Bank's services. That was my first contact with the
Operation. world of finance.
The transplant was made possible because of the similarity of the tis- I shared my room with a student of economics, and my roommate was
sues in the organs of the donor and recipient. The name of the donor, a a very keen fellow, immersed in his subject. Through him, I soon became
50-year-old woman who died of brain hemorrhage, was not disclosed. acquainted with the basic principles of investment, exchange marketing,
The first heart-and-lung transplant was performed on a two-month-old import and export, shares and so on. I became so interested in banking
girl at Houston, Texas, in September, 1969. the child died 14 hours later. that I got a part-time job at my bank.
The donor was a day-old girl. It is now two years since I graduated in statistics, and I am on the
permanent staff of the same bank, and doing well! Next month, I am get-
ting married, and you will hardly guess who my bride is to be - none other
Exercícios de Interpretação
than the Chairman of the Bank's daughter.
Assinale a alternativa que está certa em relação ao texto.
l- EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO
a) Mr. Lee tinha um problema de circulação. Assinale a alternativa que está certa em relação ao texto.
b) Mr. Lee tinha uma inflamação pulmonar. l-
c) Mr. Lee morreria se não fizesse a operação. a) Abri minha primeira conta bancária em Manchester.
2- b) Antes eu guardava meu dinheiro numa gaveta.
a) A operação foi relativamente rápida c) Meu pai quis que eu fosse estudar em Manchester.
b) A operação levou pouco mais de três horas. 2- Fui falar com o gerente do banco
c) A operação levou muito mais de três horas. a) no mesmo dia em que arranjei quarto.
3- b) antes de arranjar um quarto.
a) O nome do doador não foi revelado. c) depois que arranjei um quarto.
b) O nome do doador só era do conhecimento de sua família. 3.
c) O nome do doador era Lee. a) O gerente foi muito amável e eu abri minha conta em menos
de 10 minutos.
4- A semelhança dos tecidos b) Abri a conta em menos de 10 minutos porque tinha uma
a) foi a razão do transplante. carta de apresentação.
b) não influiu na operação. c) A carta de apresentação me foi dada antes de minha vinda
c) permitiu que a operação fosse feita. para Manchester.
4-
5- A primeira operação de transplante a) Meu companheiro de quarto era esquisito.
a) duplo foi realizada em Setembro de 1969. b) Meu companheiro de quarto era estudioso.
b) do pulmão foi realizada no Texas. c) Meu companheiro de quarto era econômico.
c) de coração e pulmão foi realizada no Texas. 5-
6- a) Meus conhecimentos de estatística facilitaram minha
a) Apesar de Mr. Lee estar consciente, ainda havia perigo de entrada no banco.
rejeição. b) Meu interesse em economia facilitou minha entrada no
b) Ontem Mr. Lee já estava muito bem e não havia mais perigo banco.
de rejeição. c) Meu interesse em economia me levou a arranjar um
c) O perigo de rejeição é maior do que o de hemorragia. emprego no banco.

7- 6- Vou casar-me com


a) O receptor morreu no dia seguinte. a) a única filha do presidente do banco.
b) O doador morreu de hemorragia. b) uma das filhas do presidente do banco.
c) O receptor morreu de hemorragia. c) a secretária do presidente do banco.

8. No primeiro transplante de coração e pulmão 7- Formei-me em estatística


a) as meninas eram americanas. a) há 2 anos.
b) os médicos eram americanos. b) há pouco menos de 2 anos.
c) a mais velha foi a receptora. c) há pouco tempo.
Língua Inglesa 57
APOSTILAS OPÇÃO
RESPOSTAS _______________________________________________________
1) a 5) c _______________________________________________________
2) c 6) a
_______________________________________________________
3) b 7) a
4) b _______________________________________________________
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
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_______________________________________________________ _______________________________________________________

Língua Inglesa 58
LÍNGUA ESPANHOLA
APOSTILAS OPÇÃO
Añadiendo la sílaba ES:
2) Caso el singular temine en vocal tónica o consoante
el jabalí - los jabalíes
Língua Espanhola el rubí - los rubíes
el reloj - los relójes
el corazõn - los corazones

Se exceptúan:
papá - papás
mamá - mamás
1. Compreensão geral do sentido e do pro- sofá - sofás
pósito do texto. 2. Compreensão de ideias
específicas expressas em parágrafos e fra- 3) El plural es igual al singular cuando éste termina em S, Y si la pala-
ses e a relação entre parágrafos e frases do bra es grave o esdrújula:
texto. 3. Localização e identificação de in- la tesis - las tesis
la dosis - las dosis
formações específicas em um ou mais tre-
chos do texto. 4. Identificação de marcado-
4) Los substantivos terminados em X conservan la misma forma en el
res textuais como conjunções, advérbios,
plural:
preposições etc. e compreensão de sua
el fénix - los fénix
função essencial no texto. 5. Compreensão
la ónis - las ónix
do significado de itens lexicais fundamen-
5) Los substantivos terminados en Z cambian esa letra en C y se
tais para a correta interpretação do texto agrega
seja por meio de substituição (sinonímia) ES: el pez - los peces
ou de explicação da carga semântica do la raíz - las raíces
termo ou expressão. 6. Localização de refe- la luz - las luces
rência textual específica de elementos, tais la paz - las paces
como pronomes, advérbios, entre outros, la vez - las veces
sempre em função de sua relevância para a
compreensão das ideias expressas no texto. 6) Para los substantivos terminados em Y, se agrega ES:
7. Compreensão da função de elementos el rey – los reyes
linguísticos específicos na produção de la ley - las leyes
sentido no contexto em que são utilizados
FLEXIONES IRREGULARES
hombre - mujer padre - madre
padrino - madrina marido - mujer
toro, buey - vaca yerno - nuera
EL ARTÍCULO papá - mamá padrastro - madrastra
El artÍculo puede ser determinante o indeterminante. Los articulas de- caballero - dama carnero - oveja
terminantes (o definidos) son: caballo - yegua macho - hembra
mascul ino: el , los
femenino: la, las
neutro: lo
1) PLURAL DE LOS ADJETIVOS
Los artículos indeterminantes (o indefinidos) son: Los adjetivos formam el plural siguiendo las mismas reglas que rigen
masculino: un, unos para los substantivos.
feménino: una , unas mala - malas
feliz - felices
El articulo neutro se antepone a los adjetivos para convertirlos en sus- dulce - dulces
tantivos abstractos: baladi - baladies
lo hermoso (equivalente a la hermosura) fácil - fáciles
lo dificil (equivalente a la dificultad) cordial - cordiales

Actualmente sólo existem dos contracciones (preposiciones a y de


con el artículo el =: FORMÁCION DEL FEMENINO
a + el = al Si el masculino termina en vocal, se cambia ésta por una a; si termina
de + el = del en consoante se agrega una a.
Ej: Voy al cine hoy. esposo - esposa
Vengo del cine agotada. pariente - parienta

tio - tia
SUBSTANTIVOS huésped - huéspeda
león - leona
aprendiz - aprendiza
PLURAL DE LOS SUBSTANTIVOS
Añadiendo una S:
1) caso el singular termine en vocal no acentuada (o en E acentuada,
Excepciones:
algumas veces).
1ª) Terminados en INA
el perro - los perros
gallo - gallina
el hombre - los hombres
héroe - heroína
el café - los cafés
rey - reina

Língua Espanhola 1
APOSTILAS OPÇÃO
2ª) Terminados en ESA Para preguntar por la persona poseedora:
abad – abadesa alcalde - alcaldesa cúyo, a, os, as?
barón – baronesa onde - condesa
Para preguntar por cosas: qué? cuál ?
3ª) Terminados em ISA
poeta – poetisa sacerdote - sacerdotisa LOS NUMERALES
LOS CARDINALES
4ª) Terminados em TRIZ 0 - cero 11 - once 21 - veintiuno
actor – atriz emperador - emperatriz 1 - uno 12 - doce 22 - veintidós
2 - dos 13 - trece 23 - veintitrés
PRONOMBRES 3 - tres 14 - catorce 24 - veinticuatro
4 - cuatro 15 - quince 25 - veinticinco
PRONONBRES PERSONALES 5 - cinco 16 - dieciséis 26 - veintiséis
Yo 6 - seis 17 - diecisiete 27 - veintisiete
Tú 7 - siete 18 - diciocho 28 - veintiocho
Él (ella) - Usted 8 - ocho 19 - diecinueve 29 - veintinueve
Nosotros - Nosotras 9 - nueve 20 - veinte 30 - treinta
Vosotros - Vosotras 10 - diez
Ellos - Ellas - Ustedes 31 - treinta y uno 101 - ciente uno
(Usted = o senhor, a senhora) 32 - treinta y dos 102 - ciente dos,,,, etc.
LOS PRONONBRES SUJETOS LOS PRONONBRES COMPLEMENTOS 40 - cuarenta 200 - doscientos
yo me, mi, conmigo 50 - cincuenta 300 - trescientos
tú te, ti, contigo 60 - sesenta 400 - cuatrocientos
él se, sí, lo, le 70 - setenta 500 - quinientos
ella - usted la, consigo 80 - ochenta 60U - seiscientos
nosotros nos 90 - noventa 700 - setecientos
vosotros os 100 - ciente (cien) 800 - ochocientos
ellos se, si, los, les 101 - ciente uno 900 - novecientos
ellas - ustedes las, consigo 1000 - mil

ORDINALES
FORMAS COMPLEMENTARIAS ACENTUADAS (REFLEXIVAS) 1º - primero 11º - undécimo 30º - trigésimo
----------------------------------------------------------------------------PERSONA 2º - segundo 12º - duodécimo 40º - cuadragésimo
SINGULAR PLURAL 3º - tercero 13º - decimotercio 50º - quincuagésimo
1ª mi, conmigo nosotros (as) 4º - cuarto 14º - decimocuarto 60º - sexagésimo
2ª ti, contigo vosotros (as) 5º - quinto 15º - decimoquinto 70º - septuagésimo
3ª él, ella, ello, ellos, ellas, 6º - sexto 16º - decimosexto 80º - octogésimo
usted, sí, consigo ustedes, si,consigo 7º - séptimo 17º - decimoséptimo 90º - nonagésimo
8º - octavo 18º - decimoctavo 100º - centésimo
FORMAS COMPLEMENTARIAS INACENTUADAS 9º - noveno 19º - decimonono 1000º - milésimo
---------------------------------------------------------------------------- 10º - décimo 20º - vigésimo 1.000.000 - milionésimo
PERSONA SINGULAR PLURAL
1ª me Nos NUNERALES COLECTIVOS
2ª te Os 10 - decena 12 - docena
3ª lo, la, le, se los, las, les, se 15 - quincena 20 - veintena
40 - cuarentena 50 - cincuentena
DEMOSTRATIVOS 100 - una centena 1000 - un miliar
SINGULAR PLURAL 1.000.000 - un millón
masc. fem. neutro masc. fem.
este esta esto estos estas NUNERALES PARTITIVOS
ese esa eso esos esas
aquel equella aquello aquellos aquellas 1/2 - um medio, la mitad 2/3 - dos tercios
1/3 - un tercio 3/4 - tres cuartos
POSESIVOS 1/10 - un décimo 4/5 - cuatro quintos
1ª PESSOA 2ª PESSOA 1/20 - un vigésimo 7/8 - siete octavos
um objeto varios obj, um objeto varios obj 1/100 - un centésimo 8/9 - ocho novenos
poseido poseidos poseido poseídos
NUMERALES MÚLTIPLOS
um poseedor mío míos tuyo tuyos 2 - doble 7 - séptuplo
mía mías tuya tuyas 3 - triple 10 - décuplo
4 - cuádruple 100 - céntuplo
varios poseedores neutro nuestros vuestro vuestros 6 - séxtuplo
nuestra nuestras vuestra vuestras
EXERCÍCIO 1
PRONONBRES RELATIVOS Traduzir o seguinte texto para o Espanhol: EN UNA TIENDA
que quien – quienes 01) Vamos entrar nesta loja?
quien – quienes cuyo - cuya - cuyos, cuyas 02) Não, nesta não. É uma casa muito pequena.
03) Que importa? Talvez tenha o que procuramos.
PRONOMBRES INTERROGATIVOS 04) Está bem, vamos ver. Mas creio que estamos perdendo o nosso
Para preguntar por personas: quién? tempo.
quiénes? 05) Os senhores aqui vendem ferramentas?

Língua Espanhola 2
APOSTILAS OPÇÃO
06) Perfeitamente, cavalheiro. Do lado de lá. 12) En esse caso si, a que horas estara usted libre?
07) Preciso de um martelo e de uma serra. 13) A cualquier hora después de médio-dia. A las dos, por ejemplo.
08) Quer os da melhor qualidade? Não se importa com o preço? 14) Vamos a suponer, entonces, que iremos a las tres y média.
09) Não. O que desejo é um artigo bom. 15) Mas mire, la oscuridad aumenta y el viento empieza a soplar fuerte.
10) As nossas mercadorias são as melhores que há. 16) Suponiendo que vamos despuês del almuerzo, a quê horas podre-
11) Acredito. Mostre-me serrotes e martelos . mos volver a casa?
12) Estes são muito grandes, não me servem. 17) Creo que despuês de las diez y antes de mêdia noche.
13) Então espere um momento. Vou mostrar-lhe outros. 18) No le parece que sera tarde? Haàanò tendrê que levantãrme tem-
14) Ande, que estou apressado. Já é um pouco tarde. prano.
15) Bom. Isto já é outra coisa. Queria também um cadeado. 19) Haremos lo posible para estar de vuelta a las once menos cuarto.
16) Gosta deste? Vendemo-lo com duas chaves. 20) Es tan lejos asi el lugar adonde vamos?
17) É bom e forte? olhe que onde moro há ladrões. 21) No es cuestion de distancia, mas es que por la noche los médios de
18) Não existem melhores. Temos vendido muitos. transporte son malos.
19) Tenho falta de pregos de diversos tamanhos. Tem? 22) Ya oigo los truenos. Y relámpagos clarean el cielo.
20) Sim! Aqui temos tudo. E vendemos barato. 23) Está principiando a llover, pera creo que va a tener corta duración.
21) Dê-me todos estes. Pese-os e faça a conta. Después podremos ir.
22) Não precisa de mais alguma coisa? Antes de ir-se embora. 24) Mientras tanto, voy a trabajar un poco más.
23) Não, por hoje é somente isto. Quanto é tudo?
24) Escrevi tudo aqui. Pode pagar ao caixa.
25) Não poderia mandar levar a mercadoria na minha casa? RESPOSTAS
26) Moro muito perto daqui. Não são nem cinco minutos. 01) Que horas são?
27) Nesse caso está bem. Se fosse longe não poderíamos. 02) Não sei. 0 meu relógio está parado. E adiantava,
28) Muito obrigado e passe bem. 03) No relógio da torre da igreja são dez horas.
04) Um dos ponteiros do meu relógio está frouxo.
05) Então é preciso mandá-lo ao relojoeiro.
RESPOSTAS 06) Vai me custar caro. Hoje por qualquer coisinha pedem uma exorbi-
01) Vamos a entrar en esta tienda? tância.
02) No, en esta no. Es uno cara muy pequeña, 07) E que tal o nosso passeio? Vamos ou ficamos em casa?
03) Qué importa? Tal vez tenga lo que buscamos. 08) O cêu se apresenta cheio de nuvens. Parece que vai chover.
04) Está bien, vamos a ver. Pero me parece que estamos perdiendo 09) Mas o observatório indicou tempo bom, com sol e calor.
nuestro tiempo. 10) Pode ser que eles estejam com a razão.
05) Ustedes aqui vendem herramientas? 11) Se não chover, caso o tempo melhore, vamos sair?
06) Perfectamente, caballero. Del lado de allá. 12) Nesse caso sim, a que horas você estará livre?
07) Necesito un martillo y un serrucho. 13) A qualquer hora depois do meio-dia. As duas, por exemplo.
08) Los quiere de la mejor calidad? No le importa el precio? 14) Vamos supor, então, que iremos às três e meia.
09) No. Lo que deseo as un artículo bueno. 15) Mas olhe, a escuridão aumenta e o vento começa a soprar forte.
10) Nuestras mercaderias son las mejores que hay. 16) Supondo que vamos depois do almoço, a que horas poderemos
11) Ya lo creo. Muéstreme serruchos y martillos. voltar para casa?
12) Estes son muy grandes, no me sirven. 17) Creio que depois das dez horas e antes da meia-noite.
13) Entonces espere um rato. Le voy a mostrar otros. 18) Nao lhe parece que será tarde? Amanhã terei que me levantar
14) Ándele, que estoy apurado. Ya es un poco tarde. cedo.
15) Bueno. Esta ya es otra cosa. Quiero tambiemn un candado. 19) Faremos o possível para estar de volta às onze menos um quarto.
16) Le gusta este? Lo vendemos com dos lláves. 20) É tão longe assim o lugar onde vamos?
17) Es bueno y fuerte? Mire que en donde vivo hay ladrones. 21) Não é questão de distância, mas é que à noite os meios de trans-
18) No existem mejotres. Hemos vendido muchos. porte lá são maus.
19) Me hacen falta clavos de diversos tamaños. Los tiene? 22) Já ouço os trovões. E os relâmpagos clareiam o céu.
20) Como no! Acá lo tenemos todo, y vendemos barato. 23) Está principiando a chover, mas creio que vai ter curta duração.
21) Deme todos estes. Péselos y haga la cuenta. Depois poderemos ir.
22) No le hace falta algo más? Antes que se marche, 24) Enquanto isso, vou trabalhar mais um pouco,
23) No, por hoy es solo esto. Cuanto vale todo?
24) Lo escribi todo aqui. Puede pagarle al cajero,
25) No podria mandar llevar la mercancia a mi casa? ÉSTO ES AMOR
26) Vivo muy cerca de aqui. No son ni cinco minutos. Desmayarse, atreverse, estar furioso,
27) En ese caso está bien. Se fuera lejos no podriamos. áspero, tierno, liberal, esquivo,
28) Muchas gracias y que le vaya bien, alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

EXERCÍCIO 2 no hallar fuera del bien centro y reposo,


Traduzir para o Português as frases seguintes: EL TIEMPO mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
01) Qué horas son? enojado, valiente, fugitivo,
02) No sé. Mi reloj está parado. Y adelantaba. satisfecho, ofendido, receloso;
03) En el reloj de la torre de la iglesia son las diez.
04) Uno de los punteros de mi reloj está floyo. huir el rostro al claro desengaño,
05) Entonces hay que mandárselo al relojero. beber veneno por licor suave,
06) Me va a costar caro. Hoy por caulquier cosita piden una exorbitan- olvidar el provecho, amar el daño;
cia
07) Y qué tal nuestro paseo? Vamos o nos quedamos en casa? creer que un cielo en un infierno cabe,
08) El ciélo se presenta lleno de nubes. Parece que vá a llover. dar la vida y el alma a un desengaño,
09) Pero el observatorio há indicado tiempo bueno, con sol y calor. esto es amor, quien lo probó lo sabe.
10) Puede ser que ellos esten con la razón. Lope de Vega
11) Si no llueve, caso el tiempo mejore, vamos a salir?

Língua Espanhola 3
APOSTILAS OPÇÃO
VERBOS AUXILIARES - VERBO HAVER
MODO INDICATIVO PRETÉRITO ANTE- PRETÉRITO INPER- FUTURO INPERFECTO
PRESENTE PRETERITO INDE- PRETÉRITO RIOR FECTO
FINIDO PERFECTO hube sido era seré
Yo he hube Yo he habido hubiste sido eras serás
Tú has hubiste Tú has habido
hubo sido era será
Él ha - hay hubo Él ha habido
Nosotros hemos - habemos hubimos Nosotros hemos habido hubimos sido éramos seremos
Vosotros habéis hubiste Vosotros habéis habido hubisteis sido erais seréis
Ellos han hubieron Ellos han habido hubieron sido eran serán
PRETÉRITO ANTERIOR PRETÉRITO IMPER- PRETÉRITO PLUS- PRETÉRITO PLUS- FUTURO PERFECTO
FECTO CUAM PERFECTO CUANPERFECTO
hube habido había había habido había sido habré sido
hubiste habido habias habías habido habías sido habrás sido
hubo habido había había habido
había sido habrá sido
hubimos habido habíamos habiamos habido
hubisteis habido habíais habiais habido habíamos sido habremos sido
hubieron habido habían habían habido habías sido habréis sido
FUTURO IMPERFECTO FUTURO habían sido habrán sido
PERFECT'O
habré habré habido MODO SUBJUNTIVO
habrás habrás habido PRESENTE FUTURO INPERFECTO PRETÉRITO INPERFECTO
habrá habrá habido sea fuere fuera o fuese
habremos habremos habido seas fueres fueras o fueses
habréis habréis habido sea fuere fuera o fuese
habran habrán habido seamos fuéremos fuéramos o fuésemos
MODO SUBJUNTIVO seáis fuereis fuerais o fueseis
PRESENTE PRETÉPITO ÍMPERFECTO PRETÉRITO PLUSCUAMPERFECTO sean fueren fueran o fuesen
haya hubiera o huese hubiera o hubiese habido PRETÉPITO PER- PRETÉRITO PLUS- FUTURO PERFECTO
hayas hubieras o hubieses hubieras o hubieses habido FECTO CUANPERFECTO hubiere sido
haya hubiera o hubiese hubiera o hubiese habido haya sido hubiera o hubiese sido hubieres sido
hayamos hubiéramos o hubiésemos hubieramos o hubiesemos habido
hayas sido hubieras o hubieses hubiere sido
hayáis hubierais o hubieseis hubierais o hubieseis habido
hayan hubieran o hubiesen hubieran o hubiesen habido haya sido sido hubiéremos sido
FUTURO PRETÉRITO PERFECTO FUTURO PERFECTO hayamos sido hubiera o hubiese sido hubiereis sido
IMPERFECTO hayáis sido hubiéramos o hubié- hubieren sido
hubiere haya habido hubiere habido hayan sido semos sido
hubieres hayas habido hubieres habido hubierais o hubieseis
hubiere haya habido hubiere habido sido
hubiéremos hayamos habido hubieremos habido hubieran o hubiesen
hubiereis hayáis habido hubiereis habido
sido
hubieren hayan habido hubieren habido
MODO POTENCIAL
Simple Compuesto
MODO POTENCIAL
seria habria sido
Simple Compuesto
serias habrias sido
habría habria habido
seria habria sido
habrías habrías habido
seríamos habríamos sido
habría habría habido
seriais habríais sido
habríamos habriamos habido
serian habrian sido
habríais habríais habido
INFINITIVO GERUNDIO PARTICIPIO
habrían habrían habido
simple - ser simple - siendo simple - sido
compuesto - haber sido compuesto - habiendo sido
MODO IMPERATIVO
NOTA
he tú
No existe en português el pretérito anterior (uno de los tiempos del in-
haya el
dicativo). Y habra que traducirlo como si fuera el pretérito indefinido (en
hajamos nosotros
português: "pretérito perfeito). Ejemplo:
habed vosotros
Apenas hubo oído esto, salió corriendo,
hayan ellos
"Apenas OUVIU isto, saiu correndo".
INFINITIVO GERUNDIO PARTICIPIO
VERBOS REGULARES
Simple haber simple habiendo
1ª CONJUGACIÓN - AR – CANTAR - MODO INDICATIVO
Compuesto haber compuesto habiendo simple habido
PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO PRETÉRITO INDEFI-
habido habido canto cantaba NIDO
cantas cantabas canté
canta cantaba cantaste
VERBO SER MODO INDICATIVO cantamos cantábamos cantó
PRESEENTE PRETÉRITO INDEFI- PRETÉRITO PERFEC- cantáis cantabais cantamos
NIDO TO cantan cantaban cantasteis
soy fui he rido cantaron
FUTURO IMPERFECTO PRETÉRITO PERFECTO PRETÉRITO PLUS-
eres fuiste has sido
CUANPERFECTO
es fue ha sido cantaré he cantado habia cantado
somos fuimos hemos sido cantarás has cantado habías cantado
sois fuisteis habéis sido cantará ha cantado había cantado
son fueron han sido cantaremos hemos cantado habíamos cantado
cantaréis habéis cantado habíais cantado
cantarán han cantado habían cantado
Língua Espanhola 4
APOSTILAS OPÇÃO
PRETÉRITO ANTERIOR FUTURO PERFECTO MODO POTENCIAL MODO INDICATIVO
hube cantado habré cantado Simple Compuesto teme tú
hubiste cantado habrás cantado temería habría temido tema él
hubo cantado habrá cantado temerías habrías temido temamos nosotros
hubimos cantado habremos cantado temeria habría temido temed vosotros
hubisteis cantado habréis cantado temeríamos habríamos temido teman ellos
hubieron cantado habrán cantado temeríais habríais temido
temerían habrian temido
MODO SUBJUNTIVO INFINITIVO GERÚNDIO PARTICIPIO
PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO simple - temer simple – temiendo simple - temido
cante cantara o cantase cantare compuesto - haber temido compuesto - habiendo
cantes cantaras o cantases cantares temido
cante cantara o cantase cantare
cantemos cantáramos o cantásemos cantaremos 3ª CONJUGACION - IR - PARTIR
cantéis cantarais o cantaseis cantareis MODO INDICATIVO
canten cantaran o cantasen cantaren PRESENTE PRETÉRITO IMPER- PRETÉRITO INDEFINIDO
parto FECTO partí
PRETÉRITO PRET. PLUSCUAMPERFECTO FUTURO PERFECTO partes partía partíste
PERFECTO parte partías
haya cantado hubiera o hubieste cantado hubiere cantado partió
partímos partía
hayas cantado hubieras o hubiese cantado hubieres cantado partis partíamos partimos
haya cantado hubiera o hubiese cantado hubiere cantado parten partíais partisteis
hayamos cantado hubiéramos o hubiésemos cantado hubiéremos cantado partían partieron
hayais cantado hubierais o hubieseis cantado hubiereis cantado FUTURO IMPER- PRETÉRITO PER- PRETÉRITO PLUSCUAM-
hayan cantado hubieran o hubiesen cantado hubieren cantado FECTO FECTO PERFECTO
MODO POTENCIAL MODO IMPERATIVO partiré he partido había partido
Simple Cumpuesto canta tú partirás has partido
cantaria habría cantado cante él hahias partido
partirá ha partido
cantarías habrías cantado cantemos nosotros partiremos hemos partido había partido
cantaría habría cantado cantad vósotros partiréis hábeis phrtido habíamos partido
cantaríamos habríamos cantado canten ellos partirán han partido habíais partido
cantaríais habríais cantado habían partido
cantarían habrían cantado PRETÉRITO FUTURO PERFECTO
MODO INFINITIVO GERUNDIO PARTICIPIO ANTERIOR
simple - cantar simple - cantando simple - cantado hube partido habré partido
cumpuesto - haber compuesto - habiendo cantado hubiste partido habrás partido
cantado hubo partido habrá partido
2ª CONJUGACION - ER - TEMER hubimos partido habremos partido
MODO INDICATIVO hubisteis partido habréis partido
PRESENTE PRETÉRITO IMPER- PRETÉRITO INDEFINIDO hubieron partido habrán partido
FECTO
temo temía temi MODO SUBJUNTIVO
temes temías temiste PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO
teme temía temió parta partiera o partiese partiere
tememos temíamios temimos partas partieras o partíeses partieres
teméis temíais temisteis parta partiera o partiese partiere
tenien temían temieron partamos partiéramos o partiesemos partiéremos
FUTURO IMPERFECTO PRETÉRITO PER- PRETÉRITO PLUSCUAM- partáis partierais o partieseis. partiereis
FECTO PERFECTO partan partieran o partiesen partieren
temeré he temido había temido PRETÉRITO PRETÉRITO PLUSCUAM- FUTURO PERFECTO
temerás has temido habías temido PERFECTO PERFECTO hubiere partido .
temerá ha temido había temido haya partido hubiera o hubiese partido hubieres partido
temeremos hemos temido habíamos temido hayas partido hubieras o hubieses partido hubiere partido
temeréis habéis temido habíais temido haya partido hubiera o hubiese partido hubiéremos partido
temerán han temido habían temido hayamos partido hubiéramos o hubiesemos partido hubiereis partido
PRETÉRITO ANTERIOR FUTURO PERFECTO hayáis partido hubierais o hubieseis partido hubieren partido
hube temido habré temido hayan partido hubieran o hubiesen partido
hubiste temido habrás temido
hubo temido habrá temido MODO POTENCIAL MODO IMPERATIVO
hubimos temido habremos temido Simple Compuesto parte tú.
hubisteis temido habréis temido partiría habría partido parta él
hubieron temido habrán temido partirías habrías púrtido partamos nosotros
partiría habría partido partia vosotros
MODO SUBJUNTIVO partiríamos habríamos partido partan ellos
PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO partiríais habríais partido
tema temiera o temiese temiere partiran habrían partido
temas temieras o temieses temieres INFINITIVO GERUNDIO PARTICIPIO
tema temiera o temiése temiere simple - partir simple - partiendo simple - partido
temamos temiéramos o temiesemos temiéremos compuesto - haber compuesto - habiendo
temáis temierais o temieseis temiereis partido partido
teman temieram o temiesen temieren
PRETÉRITO PRETÉRITO PLUSCUAMPER- FUTURO PERFECTO VERBOS IRREGULARES
PERFECTO FECTO (OS principais)
haya temido hubiera o hubiese temido hubiere temido PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO IMPERFECTO PRETÉRITO INDEFINIDO
hayas temido hubieras o hubieses temido hibieres temido voy iba fui
haya temido hubiera o hubiese temido hubiere temido vas ibas fuiste
hayamos temido hubiéramos o hubiésemos temido hubiéremos temido va iba fue
hayáis temido hubierais o hubieseis temido hubiereis temido vamos ibamos fuimos
hayan teiuido hubieran o hubiesen temido hubieren temido vais ibais fuisteis
van ivan fueron

Língua Espanhola 5
APOSTILAS OPÇÃO
FUTURO IMPERFECTO POTENCIAL PRESENTE SUBJUNTIVO ESTAR
iré iría vaya PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO INDEFINIDO PRESENTE SUB-
irás irías vayas
irá iría Vaya
estoy estuve JUNTIVO
iremos iríamos vayamos estás estuviste esté
iréis iríais vayáis está estuvo estés
irán irían vayan estamos estuvimos esté
PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO INPERFECTO estáis estuvisteis estemos
(subjuntivo) (subjuntivo) están estuvieron estéis
fuera o fuese fuere estén
fueras o fueses fueres
fuera o fuese fuere
fuéramos o fuésemos fuéremos PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO IMPERATIVO
fuerais o fueseis fuereis estuviera o estuviese estuviere está
fuerún o fuesen fueren estuvieras o estiivieses estuvieres esté
IMPERATIVO GERUNDIO estuviera o estuviese estuviere estemos
ve tú estuviéramos o estuviésemos estuviéremos estad
vaya él yendo estuvierais o estuvieseis estuviereis estén
vayamos nosotros
id vosotros
estuvieran o estuviesen estuvieren
vayan ellos
VENIR CABER
PRESENTE DE PRETÉRITO INDEFINIDO FUTURO IMPERFECTO PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO INDE- FUTURO IMPERFECTO
INDICATIVO vendré quepo FINIDO cabré
vengo vine vendrás cabes cupe cabrás
vienes viniste
vcndrá cabe cupiste cobrá
viene vino
vendremos cabemos cupo cobremos
venimos vinimos
vendréis cabéis cupimos cabréis
venís vinisteis
vendrán caben cupisteis cabrán
vienen vinieron
cupieron
PRESENTE DE SUB- PRETÉRITO IMPERFECTO
POTENCIAL POTENCIAL JUNTIVO cupiera o cupiese
vendría cabria quepa cupieras o cupieses
vendrías cabrías quepas cupiera o cupiese
vendría cobría quepa cupiéramos o cupiésemos
vendríamos cabríamos quepamos cupierais o cupieseis
vendríais cabríais quepáis cupieran o cupiesen
vendrían cabrían quepan
IMPERATIVO
PRESENTE DE PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO cabe
SUBJUNTIVO viniera o viniese viniere cupiere quepa
venga vinieras o vinieses vInieres cupieres quepamos
vengas viniera o viniese cupiere cabed
viniere
venga viniéramos o viniésemos cupiéremos quepan
vengamos vinierais o vinieseis viniéremos
cupiereis
vengáis vinieran o viniesen viniereis
cupiereu
vengan vinieren
IMPERATIVO GERUNDIO
ven viniendo
PEDIR
MODO INDICATIVO MODO IMPERATIVO
Venga
PRESENTE PRETERITO INDEFINIDO
vengamos
piar pedi pide
venid
pides pediste pida
vengan
pide pidió pidamos
pedimos pedimos pedid
VER pedis pedisteis pidan
PRESENTE DE PRETÉRITO IMPERFECTO PRESENTE DE piden pidieron
INDICATIVO SUBJUNTIVO INFINITIVO
ver veía vea MODO SUBJUNTIVO
ves veías veas PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO
ve veía vea pida pidiera o pidiese GERUNDIO
vemos veíamos veamos pidas pidieras o pidieses
veis veíais veáis pida pidiera o pidiese pidiendo
ven veían vean pidamos pidiéramos o pidiesemos
pidáis pidierais o pidieseis
IMPERATIVO PARTICIPIO PASIVO pidan pidieròn o pidiesen
ve tu visto
vea él FUTURO IMPERFECTO
veamos nosotros pidiere
ved vosotros pidieres
vean ellos pidiere
pidiéramos
pidiereis
DAR pidieren
PRESENTE DE PRETÉRITO PRET. IMPERFECTO DE SUB- SENTIR
INDICATIVO INDEFINIDO JUNTIVO MODO INDICATIVO MODO IMPERATIVO
doy di diera o diese PRESENTE PRETÉRITO INDEFINIDO siente
das diste dieras o dieses siento senti sienta
da diu diera o diese sientes sentiste sintamos
damos dimos diéramos o diésemos siente sintió sentid
dais disteis dierais o dieseis sentimos sentimos sientan
dan dieron dieran o diesen sentis sentisteis
sienten sintieron
Língua Espanhola 6
APOSTILAS OPÇÃO
MODO SUBJUNTIVO FUTURO IMPERFECTO POTENCIAL SUBJ. PRESENTE
PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO podré podría pueda
sienta sintiera o sintiese padrás podrías puedas
sientas sintieras o sintieses podrá podría pueda
sienta sintiera o sintiese podremos podríamos podamos
sintamos sintiéramos o sintieseis podréis podriais podáis
sintáis sintieran o sintiese podrán podrían puedan
sientan
PRETÉRITO IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO IMPERATIVO
VALER pudiera o pudiebe pudiere puede
PRESENTE INDICATIVO PRESENTE DE IMPERATIVO pudieras o pudieses pudieres pueda
pudieras o pudiese pudiere podamos
valgo SUBJUNTIVO val o vale tú
pudiéramos o pudiésemos pudiéremos poded
valés valga valga él pudierais o pudieseis pudiereis puedan
vale valgas valgamos nostros pudieian o pudiesen pudieren
valemos valga valed vosotros
valéis valgamos valgan ellos PONER
valen valgáis INDIC.PRESENTE PRETÉRITO INDEFI- FUTURO IMPERFECTO
valgan NIDO
pongo puse pondré
FUTURO IMP. DE INDICATIVO POTENCIAL panes pusiste pondrás
valdré SIMPLE pane puso pandrá
panemos pusimos pondremos
valdrás valdría
ponéis pusisteis pondréis
valdrá valdrías ponen pusieron pondrán
valdremos valdría POTENCIAL SUBJ. PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO
valdréis valdríamos pondría punga pusiera o pusiese
valdrán valdrían pondrías pongas pusieras o pudieses
pondría ponga pusiera o pusiese
ANDAR pondríamos pongamos pusiéramos o pusiésemos
pondríais pongáis pusierais o pusieseis
INDIC. PRETÉRITO SUB. PRET. IMPERFECTO FUTURO IMPERFECTO pondrían pongan pusieran o pusiesen
INDEFINIDO FUTURO IMPERFECTO IMPERATIVO
anduve anduviera o anduviese anduviere pusiere pon tú
anduviste anduvieras o anduvieses anduvieres pusieres ponga él
anduvo anduviéramos o anduviesemos anduviere pusiere pongamos nosotros
anduvimos anduvierais o andavieseis anduviéremos pusiéremos poned vosotros
anduvisteis anduvieran o anduviesen anduviereis pusiereis pongan ellos
anduvieron anduvieren pusieren

DECIR QUERER
GÉRUNOIO IND. PRESENTE PRETÉRITO INDIC. PRESENTE PRETÉRITO INDEFINIDO FUTURO IMPERFECTO
quiero quise querré
digo INDEFINIDO
quieres quisiste querrás
diciendo dices dije quiere quiso querrá
dice dijiste queremos quisimos querremos
decimos dijo queréis quisisteis queréis
decís dijimos quieren quisieron querrán
dicen dijisteis POTENCIAL SUBJ. PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO
dijeron quería quiera quisiera o quisiese
querías quieras quisieras o quisieses
querría quiera quisiera o quisiese
FUTURO IMPERFECTO POTENCIAL SUBJ. PRESENTE
querríamos queramos quisiéramos o quisiésemos
diré diria diga querríais queráis quisierais o quisieseis
dirás dirias digas querrian quiéran quisieran o quisiesen
dirá diria diga FUTURO IMPER- IMPERATIVO
diremos diríamos digamos FECTO
diréis diríais digáis querré quiere
dirán dirían digan querrás quiera
querrá queramos
querremos quered
PRETÉRITO IMPERFECTO IMPERATIVO
queréis quieran
dijera o dijese di querrán
dijeras o dijeses diga
dijera o dijese digamos SABER
dijéramos o dijésemos decid INDIC. PRESENTE PRETERITO INDEFINIDO FUTURO IMPERFECTO
dijerais o dijeseis digan sé supe sabré
dijeran o dijesen sabes supiste sabrás
sabe supo sabra
PODER sabemos supimos sabremos
GERUNDIO: INDIC. PRESENTE PRETÉRITO INDEFINI- sabéis supisteis sabréis
DO saben supieron sabrán
pudiendo puedo pude P0TENCIAL SUBJ. PRESENTE PRETÉRITO IMPERFECTO
puedes pudiste sabria sepa supiera o supiese
pondemos pude sabrias sepas supieras o supieses
podéis pudimos sabria sepa supiera o supiese
pueden pudisteis sabríamos sepamos supiéramos o supiésemos
pudieron sabríais sepáis supierais o supieseis.
sabrian sepan supieran o supiesen

Língua Espanhola 7
APOSTILAS OPÇÃO
FUTURO IMPER- IMPERATIVO
FECTO Tenemos en Rio unos siete mil fabricas, siendo veinte grandes fabri-
supiere sabe cas de tejidos.
supieres sepa
El Estado de Rio posee también muchos estabelecimientos industria-
supiere sepamos
supiéremos sabed les. Pera en dondee están eas fabricas cariocas, que no se veen?
supiereis sepan Para vérlas hay que recorrer todo el Estado do Rio, que es casi del
supieren tamaño de un país cómo Purtugal, por ejemplo.

Sabe, amigo, cuanto más paseo en esta capital, más me siento mara-
TRAER villado.
PRESENTE DE PRÉTERITO PRESENTE DE SUBJUNTIVO
INDICATIVO INDEFINIDO traiga Siempre encuentro nuevos barrios atras de las montanas.
traigo traje traigas Cómo hay esas montañas, imaginamos que allí se acaba la ciudad.
traes trajiste
traiga
trae trajo
traigamos No creia fuera tan grande Rio.
traemos trajimos
traéis trajisteis traigáis
traen trajeron traigan Si, existen centenas de montañas y montes entre los borrios,
PRETÉRITO FUTURO IMPER- IMPERATIVO
IMPERFECTO FECTO Cuantus sun nichos barrios?
trajeta o trajese trajere trae
trajeras o trajeses trajeres Llegan casi a doscientos, y algunos tienen docientors a quatracien-
traiga
trajera o trajese trajere teos mil habitantes.
trajéramos o trajéremos trigamos
trajésemos trajereis traed
trajerais o trajeseis trajeren traingan Podria decirme cuales son los principales?
trajeran o trajesen
Como nó! Meyer, etc ,,,

EXERCÍCIOS: EXERCÍCIO 4
Traduzir para o Espanhol o trecho a seeuir: Traduzir para o Português:
Se cree usted que vendrá la Tercera Guerra Mundial?
AS INDÚSTRIAS DESTE PAÍS
Desejaria visitar o Estado de São Paulo. Si no fuere posible hamonizar a los intereses cumerciales de las
grandes potencias, habra guerra.
Disseram-me que é o maior centro industrial sul-americano.
El motivo de las luchas entre naciones es siempre el mismo.
Sem dúvida, é o Estado do Rio o segundo.
Porque atacó a Alemanha el mundo (2ª Guerra)?
Temos no Rio umas sete mil fábricas, sendo vinte grandes fábricas de
tecidos. Las razones son simples: El pueblo alemán trabajava activamente.
Sus mercadorias eran mejores y más baratas.
O Estado do Rio possui também muitos estabelecimentos industriais.
Por esso inventaron que la Alemanha queria conquistar al mundo, No
Mas onde estão essas fábricas cariocas, que não se vêem? estaán engañados los países, pensando que las guerras resulven a sus
problemas?
Para vê-las faz-se preciso percorrer todo o Estado do Rio, que é qua-
se do tamanho de um país como Portugal, por exemplo.
TRADUÇÃO
Sabe, amigo, quanto mais passeio nesta capital, mais me sinto mara- Acredita você que virá a Terceira Guerra Mundial?
vilhado. Sempre encontro novos bairros atráz das montanhas.
Se não for possível harmonizar,os interesses comerciais das grandes
Não acreditava fosse tão grande o Rio. potências, haverá guerra,

Sim, existem centenas de montanhas e montes entre os bairros. O motivo das lutas entre nações é sempre o mesmo,

Quantos são ditos bairros? Por que o mundo atacou a Alemanha (2ª Guerra)?

Chegam quase a duzentos, e alguns têm de 200.000 a 400.000 habi- As razões são simples: O povo alemão trabalhava ativamente. As su-
tantes. as mercadorias eram melhores e mais baratas.

Poderia dizer-me quais são os principais? Por isso inventaram que a Alemanha queria conquistar o mundo.

Pois, não! - Meyer, Penha , cascadura, Tijuca, Botafogo, Madureira, Não estarão enganados os países, pensando que as guerras resol-
Copacabana, São Cristóvão, Jacarepaguá. vem seus problemas?

TEXTOS PARA LEITURA


LAS INDUSTRIAS DE ESTE PAÍS TRABAJA
Desearia visitar al Estado de San Pablo. Trabaja, joven; sin cesar trabaja:
La frente honrada que en sudor se moja
Me han dicho que es el mayor centro industrial sudamericano. Jamás ante otra frente se sonroja,
Ni se rindo servil a quien la ultraja,
Sim duda. Y el Estado do Rio es el segundo,
Língua Espanhola 8
APOSTILAS OPÇÃO
Tarde la nieve de los años cuaja Con el tiempo fueron perdiendo los territorios descubiertos y conquis-
Sobre quien lejos la indolencia arroja; tados. Los países se han tornado independientes; las islas les fueron
Su cuerpo al roble, por lo fuerte enoja; tomadas, unas fueron vendidas.
Su alma del mundo al lodazal no haja, Si en Estados Unidos tantos lugares aun conservan nombres espati-
ñoles es porque aquello eru español.
El pan que da el trabajo es ‘mas sabroso Europa es un continente tan pobre, que no puede nutrir a sus hijos, ni
Que la escondida miel que con enpeño dárles bastante trabajo.
Liba la abeja en el rosal frondoso. Por eso son forzados a emigrar em millones.

Si comes use pan serás tú dueño, SUENO Y DESPERTAR


Mas si del ocio ruedas al abismo, He soñado que estabas a mi verá
Todo serlo podrás, menos tú mismo. y que tenía tus manos en las mias;
ya no recuerdo lo que me decias.
LA PALADRA pero era dulce oírte, compañera.
Naturaleza: gracias por este don supremo
del verso, que me diste: Me mirabas de amor, con la sincera,
yo soy la mujer triste clara mirada de los bellos dias
a quien Caronte ya mostro su remo. y se iban enredando mis poesias
en el perfume de tu cabellera,
Qué fuera de mi vida sin la dulce palabra? Era tan dulce oírte, y era tanta
Como el óxido labra lá maravilla de tu voz serena
sus arabescos ocres, que, al sentir mi selar desvanecido.
yo me grabé en los hombres, sublimes o medíocres.
Mientras vaciaba el pomo, calienle, de mi pecho. Me desperte con llanto en la garganta,
no sentía el acecho. y las carnes doliéndome de pena,
Torvo y feroz, de la sirena negra. y el corazón doliéndome de olvido.
José Maria Souvirón
Me salí de mi carne, goce el goce más alto: Textol
oponer una frase de basalto
al genio oscuro que nos desintegra TOBIAS
Un dia estaba Tobias en la plaza, esperando el autobús, cuando se le
MARÍA acercó un muchacho muy joven que le dijo:
virgem sin mancha, como el sol hermosa, - Por favor, puede usted darme fuego?
Virgen más pura que la luz del alba, - Enciende del mio - le dijo Tobias, sin quitarse el cigarrillo de la boca.
Flor de las flores, del amor estrella; EI muchacho, a pesar de suas esfuerzos, no pude llegar com su ciga-
Virgen María , rrillo al de Tobias porque este era bastante alto. AI fin, tras inútiles esfuer-
zos, dijo:
Madre de Dios y de los hombres madre, - Lo siento, señorr; pero no alcanzo a su cigarrillo. Puede bajarlo un
Cielos y tierra en tu esplendor se fozan; poco, por favor?
Hija de Adán, los serafines te alzan - Más lo siento yo - respondió Tobias - ; cuando crezcas lo suficiente y
Trono viviente, consigas alcanzar, entonces podrás fumar.
Juan D. Luque Durán
Mistica rosa del amor divino;
Cuya hermusura al contemplar el ángel 1. Tobias estaba en
Besa tu sombra y remontando el vuelo, a) la playa;
Canta arrobado, b) una plaza;
c) una finca;
Así la alondra, cun el sol de oriente, d) la carretera;
Canta agitando, sin volar, sus alas; e) la urbanización.
Y sobre el nido, en extasis materno,
Ciernese inmóvil , 2. Tobias estaba esperando
a) el tren;
“Toda eres bella" el seratin te canta, b) el taxi;
"Toda eres pura" te saluda el ángel, c) el carro;
"Liena de gracia y del Senor bendita". d) el tranvía;
Todas las gentes. e) el ómnibus.

Tuyu es el nombre que en la cuna el niño, 3. Tobias le dijo al muchacho que


Oye el arrullo del amor materno; a) no tenia fuego;
Tuyo es el nombre que eu la lucha invoca b) comprara fósforos;
Todo el que triunfa, c) no fumara cigarros;
R. del Valle Ruiz d) el tabaco hacia daño;
e) prendera de su cigarrillo.
IMIGRACÃO
Cuando el Emperador Don Pedro lI libertó a los esclavos, la alta clase 4. AI muchacho le resultó:
se revoltó, expulsándolo del Brasil. a) facílimo alcanzar el cigarrillo de Tobias;
Ia que devian pagar a el trabahador, prefirieron importar italianos y b) oportuno llegar com su cigarrillo al de Tobias;
otros. c) posible obtener fuego porqueTobias sei nclinó;
En los siglos pasados, portugueses y españoles descubrieron inume- d) agradable alzarse a la altura de la boca de Tobias;
crables tierras. e) imposíble prender el cigarrillo debido a su estatura.
Ellos fueron los señores del Nuevo Mundo.

Língua Espanhola 9
APOSTILAS OPÇÃO
5. Según Tobias, el muchacho podría fumar cuando 13. En el comedor no se usan:
a) se graduara; a) mesa y sila;
b) se jubilara; b) sábanas y cobijas;
c) fuera más alto; c) cuchillo y tenedor;
d) tubiera suficiente plata; d) mentel y servilleta;
e) tubiera maturidad y fuera más alto. e) cuchara y cucharita.

6. Con base en el texto, la intención de Tobias fué: 14. En la cocina no se usa


a) loable; a) olla;
b) indigna; b) fogón;
c) egoísta; c) panal;
d) excéntrica; d) sarten;
e) reprochable. e) tenedor.

7. La opción cuja secuencia no se completa es: 15. EI calor que engalana a la naturaleza es el
a) mar, so, playa; a) gris; b) rojo; c) verde; d) blanco; e) amarillo.
b) iglesia, cura, misa;
c) cocina, casa, paraguas; 16. Cuando uno se va a bañar él usa
d) luna, noche, estrellas; a) peine;
e) farmacia, medicinas, enfermo. b) jabon
c) funda;
8. La opción donde no aparece um par de antónimos es: d) navaja;
a) alto-bajo; e) mantel.
b) venir-salir;
c) llena-vacía; 17. La fórmula de cortesia para despedirse es:
d) bella-hermosa; a) Permiso!
e) moderna-antigua. b) Preséntole mis saludos.
c) Mucho gusto, señorita!
9. En una escuela, solo no se ve: d) Se conocen hace mucho?
a) maestro, tiza, libras; e) Hasta la vista, señorita!
b) alumnos, mapas, dibujos; 18. Solo no es animal selvaje
c) reglas, cerdos, estantes; a) ozo;
d) mesas, sillas, antejos b) león;
e) pupitres, lápices, cuademos. c) perro;
d) tigre;
10. Coche es el mismo que e) zorro.
a) barco;
b) ómnibus; 19. Cuando uno va a viajar al exterior, él prevíamente:
c) tranvía; a) zapatos;
d) aeroplano; b) guantes;
e) diligencia. c) lápices;
d) sombrero;
11. Numere la columna dela derecha por la de la izquierda, según la e) pasaporte.
contestación: Texto II
1) Que dia es hoy? MILLONARIOS
2) Quién ha escrito? Tómame de la mano. Vámonos a la lluvia,
3) Cuál es su dirección? descalzos y ligeros de rapa, sin paraguas,
4) A cuanto estamos hoy? con el cabello al viento y el cuerpo a la caricia
5) Cuando cae el dia dei trabajo? oblicua, refrescante y menuda dei agua.

() Se comemora esta fiesta ei pridmer de Mayo Querían los vecinos! Puesto que somos jóvenes
() Hoy es lunes y los dos amamos y nos gusta la lluvia,
() Calle Cuba, 25 vamos a ser felices con el gozo sencillo
() Mi hermana de un casal de gorriones que en la via se arrulla
() Estamos as do de Enero
Más al lá están los campos y el camino de acacias
y la quinta suntuosa de aquel pobre señor
La numeración correta está en la opción:
millonario y obeso que con todos sus oros,
a) 3- 1- 5- 4- 2
b) 1- 3- 4- 2- 5 no podría comprarnos ni un grama del tesouro
c) 5 - 1- 3- 2- 4 inefable y supremo que nos ha dado Dios:
d) 1- 3- 5- 4- 2 Ser flexibles, ser jóvenes, estar llenos de
e) 4- 2- 3- 1- 5 Juana de lbarbourou – Melo
(Uruguay), 1895
12. Qué señor distinto! 20. Tómame de la mano...
La opción que mejor expressa el sentido de la frase es: La idea central contenida en esta frase e
a) EI señor es muy distinguido; a) lejanía;
b) EI señor se iguala à los demás; b) altruísmo;
c) EI señor tiene buenos modales; c) submisión;
d) EI señor se porta como um caballero; d) imposición;
e) EI señor no es igual a los demás caballeros. e) compañerismo.

Língua Espanhola 10
APOSTILAS OPÇÃO
21. ... descalzos y ligeros de ropa, sin paraguas.... 30. EI niño está:
Este verso cóntiene la ídea de:
a) vanidad;
b) seriedad;
c) ansiedad;
d) sencillez;
e) ostentación.

22. Querían los vecinos!


La palabra subrayada indica que los vecinos
a) mirando por la ventana;
a) se burlan de ellos;
b) reprochan sus actos; b) brincando y tirando piedras;
c) miran a hurtadillas; c) acostado en el piso, leyendo un libro;
d) envídian a la pareja; d) tendido en un sofá leyendo una revista;
e) miran con curiosidad. e) acostado en el piso, consultando un mapa.

23. Los gorriones son 31. Solo no se ve en los dibujos un


a) peces;
b) équidos;
c) pájaros;
d) insectos;
e) reptiles.

24. ... pobre señor millonario.


a) libro;
EI sentimiento que el señor inspira a la autora es:
b) reloj;
a) asco;
c) anillo;
b) envídia;
c) repulsa; d) pescado;
d) ternura; e) cuaderno.
e) compasión. 32. Se puede decir que ei hombre va apurado porque:

25. Ser flexibles, ser jóvenes, estar llenos de amor.


Estas bienes son considerados
a) regalo insuperable de Dios;
b) atributos de quien es pobre;
c) tesoro que cualquiera compra;
d) característicos de los millonarios;
e) riquezas materiales que nadie compra.
a) usa sobrero;
26. Todavía no he visto la quinta.
b) come un cambur
La opción que sustituye el término subrayado es:
c) carga un maletín
a) ya; d) corre por la calle;
b) sún; e) mira hacia el reloj.
c) ahora;
d) además; 33. En el dibujo, se ve un hombre :
e) por supuesto.

27. Solo no están en el diminutivo las palabras de la opción


a) amarillo - ardilla;
b) pechuelo - jovenzuelo;
c) avocilla - hermanita;
d) ramillo - corazoncito;
e) pimpollos - muchachito. a) tomando té;
b) desayunando;
28. Solo no es un cuadrúpede: c) bailando en una fiesta;
a) vaca; d) cenando en un restaurant;
b) cebu; e) charlando con sus familiares.
c) búfalo;
d) bisonte; 34. Las personas van a viajar
e) culebra.

29. Usted irá al dub hoy?


Absolutamente!
Si se oye el dialogo arriba, es correcto afirmar que la contestación
es de una persona que:
a) jamás fué al club;
b) no irá al club hoy;
c) prensa en quizás ir al club; a) a las doce; b) por la noche;
d) irá al club con toda seguridad; c) por la mañana; d) temprano por la tarde;
e) invita al amigo para ir al club. e) muy temprano por la madrugada.
Língua Espanhola 11
APOSTILAS OPÇÃO
35. La muchacha está que apareció inmóvel sobre una colina, caminaban los tres Santos Reyes.
Jinetes en camellos blancos, iban los tres en la frescura apacible de la
noche atravesando el desterro. Las estrellas fulguran en el cielo, y la
pedrería de las coronas reales fulguraba en sus frentes. Una brisa suave
hacía flamear los recamados mantos: EI de Gaspar era de púrpura de
Corinto: EI de Melchor era de púrpura de Tiro: EI de Baltasar era de
púrpura de Menfis. Esclavos negros, que caminaban a pie enterrando sus
sandalias en la arena, guiaban los camellos con una mano puesta en el
cabezal de cuero escarlata.
Ondulaban sueltos los corvos rendajes, y entre sus flecos de seda
a) cocinando; temblaban cascabeles de oro. Los Reyes Magos cabalgaban en fila:
b) lavando los vasos; Baltasar el Egípcio iba adelante, y su barba luenga, que descendia por el
c) planchando la ropa; pecho, era a veces esparcida sobre los hombros... Cuando estuvieron a
d) limpiando los muebles; las puertas de la ciudad, arrodilláronse los camellos, y los tres Reyes se
e) cepillando la alfombra. apearon, y, despojándose las coronas, hicieron oración sobre las arenas.

Las cuestiones seguintes están basadas en el texto Y Baltasar dijo:


Texto lll
LACHISPA - Es llegado el término de nuestra jornada...
A quien no le gusta el vino
si es argentino de tradición! Y Melchor dijo:
... Dele a la Juana un besito... - Adoremos al que nació Rey de Israel...
solo un traguito pa la ración! Y Gaspar dijo:
Que beban agua... las plantas! - Los ojos le verán, y todo será purificado en nosotros!...
Ellas aguantan la mojazón! Entonces volvieron a montar en sus camellos y entraron en la ciudad
por la Puerta Romana, y, guiados por la estreita, llegaron ai establo donde
Marque A si lo que se afirma confirma el texto. había nacido el Niño. Alli los esclavos negros, como eran idólatras, y nada
Marque B si lo que se afirma contraria el texto. comprendian, llamaron con rudas voces:

36. Solamente a los hombres argentinos les gusta el. Abrid! ... Abrid la puerta a nuestros señores!

37. Las mujeres están proibidas de beber. Entonces los tres Reyes se inclinaron sobre los arzones y hablaron a
sus esclavos. Y su cedió que los tres Reyes les decían en voz baia:
38. A los hombres y mujeres en Argentina, les gusta el vino.
- Cuidad de despertar ai Niño!
39. EI autor prefere el agua al vino. Y aquellos esclavos, llenos de temeroso respeto, quedaron mudos, y
los camellos, que permanecían inmóviles ante la puerta, llamaron blanda-
40. La lechuza es un animal que mente con la pezuña, y casi al mismo tiempo aquella puerta de viejo y
a) vive en ei acuario; oloroso cedro se abrió sin ruido. Un anciano de calva sien y nevada barba
b) canta por la mariana; asomó en el umbral: sobre el armiño de cabellera luenga y nazarena
c) simboliza la pereza; temblaba el arco de una aureola... Su túnica era azul y bordada con estre-
d) habita en los pantanos; llas cor el ciele de Arabia en las noches serenas, y el manto era rojo, como
e) simboliza la filosofia y el saber. el mar de Egipto, y el báculo en que se apoyava era de oro, florecido en lo
alto con tres lírios blancos de plata: AI verse en su presencia, los tres
GABARITO Reyes inclinaron. EI anciano sonrió con el candor de un niño, y, fran-
Questão1 Questão 11 Questão 21 Questão 31 queándoles la entrada, dijo con santa alegria:
Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E - Pasad!
Questão 2 Questão12 Questão 22 Questão 32 Ramón del Valle
Alternativa E Alternativa E Alternativa D Alternativa D
Questão 3 Qu estão 13 Questão 23 Questão 33 1. " Desde la puesta del sol (...) "
Alternativa E Alternativa B Alternativa C Alternativa D EI término subrayado puede ser reemplazado por
Questão 4 Questão 14 Questão 24 Questão 34 a) el ocaso;
Alternativa E Alternativa C Alternativa E Alternativa C b) la mañana;
Questão 5 Questão15 Questão 25 Questão 35 c) el levante;
Alternativa E Alternativa C Alternativa A Alternativa A d) el mediodia;
Questão 6 Questão16 Questão 26 Questão 36 e) la medianoche.
Alternativa A Alternativa B Alternativa B Alternativa B
Questão 7 Questão17 Questão 27 Questão 37 2. "Jinetes en camellos blancos (...)"
Alternativa C Alternativa E Alternativa A Alternativa B Jinete es quien
Questão 8 Questão18 Questão 28 Questão 38 a) mercadea con camellos;
Alternativa D Alternativa C Alternativa E Alternativa A b) desconoce la equitación;
Questão 9 Questão19 Questão 29 Questão 39 c) conduce una cabalgadura;
Alternativa C Alternativa E Alternativa D Alternativa B d) conoce bien los camellos;
Questão 10 Qu estão 20 Questão 30 Questão 40 e) cuida de las cabalgaduras.
Alternativa E Alternativa E Alternativa C Alternativa E
3. Escarlata es el color
Instrucción - Marque a opción correcta en las cuestiones de 01 a 19. a) del sol;
Texto I b) deil mar;
LA ADORACIÓN DE LOS REYES c) de la arena;
Desde la puesta del sol se alzaba el cántico de los pastores en torno d) de la sangre;
de las hogueras, y desde la puesta del sol, guiados por aquella otra luz e) de los árboles.

Língua Espanhola 12
APOSTILAS OPÇÃO
4- (...) alzaba los cánticos (...) 16. Sólo no es correcto afirmar que
Alzar es lo mismo que a) Melchor conducía los tres.
a) bajar; b) Baltasar iba adalante, en el cortejo
b) cantar; c) EI manto de Melchor era de púrpura de Tiro.
c) levantar; d) Lus Reyes llegaron al establo guiados por una estrella.
d) edificar; e) Gaspar, al llegar a la cíudad, también dijo una oració.
e) construir.
Texto 11
5. (...) hacía flamear (...) LA FRACCIÓN DEL PAN
Flamear es lo mismo que Camino de um pueblo distante de Jerusalén e sesenta estadias,
a) ondear; avanzaaban dos discipulos, en vuelto por la melancolia de una tarde
b) quemar; primaveral:
c) alargar;
d) extender; Tardo el paso, la cabeza caída, turbios de lágrimas los ojos, iban ha-
e) inflamar. blando los dos caminantes de su tristeza y orfandad. Grandes cosas eran
acontecidas en Israel. Un varón justo, poderoso en la obra y en la palabra
6. (...) temblaban cascabeles de oro (...) había vivido entre ellos, embriagándoles com una visión maravillosa. Pero
Cascabel es había sido crucificado y muerto. Y esté era el tercer dia después de la
a) un látigo; muerte En verdad, el Sepulcro estaba vacío. Pero al Maestro nadie le
b) un cencerro; había visto aún. Y con la vaciedade del sepulcro los discípulos sentíanse
c) una culebra; todavia más sus discípulos.
d) una cascada;
e) una cubierta. Ahora todo parecia un sueño.
Y he aqui que Jesús se encuentra de Pronto entre los dos, y anda el
Para las cuestiones 07 a 11 use es cuadro: camino en su compañía. Pare embargados, los ajos no le conocen.
a = báculo;
b = pezuña; Y Jesús habla a los discípulos, y erros le contestan, pero siguen sin
c = establo; conocerle.
d = hoguera;
e = pedreria. Les recueida decir de Moisés y las prolecias. Les llama insensatos y
tardas de corazón. Y ellos no le conocen aún.
7. Los pastores, al conducir los animales, usan el ______
Mas, arribados al lugar los discípulos, Jesús dió muestras de querer
8. Lasjoyas son enriquecidas con _________ sequir más adelante. Y ellos le retenían por la fuerza, diciéndole: "Quédate
con nosotros porque se ha hecho tarde y ha declinado el dia".
9. Para se caletar es común hacerse una ___________
"Y entróse con ellos, Y, estando sentado con ellos a la mesa tomo el
10. Los bruyes y los caballos duermen en el __________ pan y lo bendijo, y, después de partira les daba de él."
"Entonces fueran abiertos los ojos de ellos, y le reconocieran..."
11. Los pies de los bruyes, chivos y camellos son terminados por una
_________. Más tarde "contaban cómo le habían reconocido en el partir del pan",

12. (...) arrodillándose los camallos (...) Quedó dicho que los camellos Cómo podía ser esta manera de partir el pan de Jesús, en que alcan-
a) se ponian de pie; zaba a conocerle quien no le conocía; ni en la presencia, ni en la voz, ni
b) salieron en disparada; en la palabra, ni en el reproche?
c) se quedaron inmóviles;
d) se bajaron hasta el sueto; Debía ser como una bendición. Las manos del Maestro dejando una
e) erguiéronse lo más que pudieron. porción eu cada mano!
Eugénio DÓrs
13. Los tres Santos Reyes viajaban
a) por la mañana; 17. "(...) y los tres Heyes se apearon, y despojandose las caronas (...)"
b) durante el día Se entiende que los Reyes sólo no domostraron
c) sólo al anocher; a) bondad; b) vanidad;
d) durante la noche; c) humildad; d) respecto; e) simplicidad.
e) cuando el sol nacía.
18. Los esclavos negros no respectaron al niño de pronto, porque
14. Los escravos negros conducían los camellos poniendo las manos en a) eran muy malos;
a) la cola; b) se rebelaron contra los Reyes;
b) la cabeza; c) no comprendian lo que se pasaba;
c) el flanco; d) cometeron un acto de desobediencia;
d) las patas: e) eran portadores de un mensaje de guerra.
e) la corcóvada.
19. La comitiva de los Reyes fue recebida por:
15. "Un anciano de calva sien y nevada barba (...)" a) un niño; b) un viejo;
"(...) sobre el armiño de su cabellera (...)" c) un joven; d) una mujer; e) un esclavo.
El color sugerido arriba es el
a) rojo; 20. " Tardo el paso (...)" "(...) tardos de corazón
b) azul; Los términos subleyados significan, respectivamente
c) negro; a) lento, torpes; b) corto, torpes;
d) blanco; c) pesado, lentos; d) perezoro, lentos;
e) amarillo, e) pesado, pequeños.

Língua Espanhola 13
APOSTILAS OPÇÃO
21. "(...) arribados al lugar (...)" 31. EI sastre sólo no usa
Es decir que a) tela;
a) habian llegado al destino; b) aguja;
b) estaban lejos del destino; c) línea;
c) estaban cerca del destino; d) tijera;
d) estaban muy arriba de donde deseaban llegar; e) cuchillo.
e) no tenian confianza en la estrada que seguian..
32. solo no es parte de una casa
22. "(...) de su tristeza y orfandad' a) techo;
Orfandad, en el texto significa b) pared;
a) una gran perda; c) tejado;
b) una gran soledad; d) cadena;
c) la perda del padre; e) ventana.
d) la perda de la madre;
e) la perda de los progenitores. 33. solo no es parte del cuerpo humano
a) cola; b) cuello;
23. En el texto queda dicho que la vaciedad del sepulcro c) rodilla; d) mejilla; e) tobillo.
a) derramó la fé por los demás;
b) ofuscó la fé de los discípulos; Complete las cuestion as 34 a 3 / según el cuadro.
c) alargó la fé de los discípulos; A - lunes B - manas
d) no alteró la fé de ellos en nada; C – inoves D - viernes
e) confirmó de la fé era en sueño apenas.
34. EI día que preciede al sábado es___________
24. No se refiere a los discípolos lan opoión:
a) varón justo; b) lardo el paso; 35. EI día de trabajo en la semana as___________
c) la cabeza caída; d) lurbios los ojos;
e) tardos de corazón, 36. EI ___________es el según día de trabajo semanal.

25. "Ahora todo parecia un sueño" 37. A _________ sigue viernes.


Lo que está dicho quiere decir que:
a) todo en la vida as un sueño; Use el cuadro para las cuestiones 38 a 40.
b) el pasado no decia nada a ellos; A - sombrero
c) los discipulos sólo sabían soñar; C - falda
d) no era fácil acreditar en lo que ocurría; B - quantes
e) tudo el pasado cayó en el olvido de los discípulos.
38. En la cabeza se lleva __________.
26. Los discípulos conoceron al Maestro por:
a) la voz; b) el paso; 39. Son las mujeres que usan___________
c) el ropaje; d) el aspecto; e) la actitud.
40. Cuando hace frío se cubren las manos com_________
27. Numere las acciones de los discípulos según el orden en que
aparecen en el texto: GABARITO
a) Oyeron las palabras del Maestro. 1-A 11-B 21 -A 31 - E
b) Vieron a Jesús. 2-C 12-D 22-A 32 - D
c) Fueron llebados a recordar el pasado. 3.D 13-D 23-C 33 -A
d) Recibieron un reproche. 4-C 14-B 24-A 84.- D
5-A 15-D 25-D 35-A
a) 2, 1, 3, 4 6-B 16.A 26-E 36- B
b) 2, 3, 1, 4 7.A 17-B 27-A 87-G
c) 3, 2, 1, 4 8-E 18 C 20.C 38-A
d) 4, 3, 1, 2 9-D 19 B 29-C 39-C
e) 4, 2, 3, 1 10-C 20-A 30-D 40-B

28. EI Maestro de escuela sólo no usa en el aula:


a) tiza; ___________________________________
b) lápiz; ___________________________________
c) pizarra;
d) borrador; ___________________________________
e) periódico.
___________________________________
29. EI alumno solo no lleva ___________________________________
a) regla; b) libro;
c) pupitre; d) estuche; _______________________________________________________
e) cuaderno, _______________________________________________________
30. La cocinera solo no usa _______________________________________________________
a) fogón;
_______________________________________________________
b) sartén;
c) cuchara; _______________________________________________________
d) plancha;
e) cuchillo. _______________________________________________________

Língua Espanhola 14
MATEMÁTICA
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos: 1) (+6) + (+3) + (-6) + (-5) + (+8) =
(+17) + (-11) = +6
2) (+3) + (-4) + (+2) + (-8) =
Matemática (+5) + (-12) = -7

PROPRIEDADES DA ADIÇÃO
A adição de números inteiros possui as seguintes propriedades:

1ª) FECHAMENTO
1. CONJUNTOS NUMÉRICOS. 1.1. Números natu-
A soma de dois números inteiros é sempre um número inteiro: (-3) +
rais e números inteiros: indução finita, divisibili-
(+6) = + 3 ∈ Z
dade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo
comum, decomposição em fatores primos. 1.2.
2ª) ASSOCIATIVA
Números racionais e noção elementar de núme-
Se a, b, c são números inteiros quaisquer, então: a + (b + c) = (a + b)
ros reais: operações e propriedades, ordem, valor +c
absoluto, desigualdades. 1.3. Números comple-
xos: representação e operações nas formas algé- Exemplo:(+3) +[(-4) + (+2)] = [(+3) + (-4)] + (+2)
brica e trigonométrica, raízes da unidade. 1.4. (+3) + (-2) = (-1) + (+2)
Sequências: noção de sequência, progressões +1 = +1
aritmética e geométrica, noção de limite de uma
sequência, soma da série geométrica, represen- 3ª) ELEMENTO NEUTRO
tação decimal de um número real. 1.5. Grandezas Se a é um número inteiro qualquer, temos: a+ 0 = a e 0 + a = a
direta e inversamente proporcionais. 1.6. Porcen- Isto significa que o zero é elemento neutro para a adição.
tagem; juros simples e compostos. Exemplo: (+2) + 0 = +2 e 0 + (+2) = +2

4ª) OPOSTO OU SIMÉTRICO


NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES Se a é um número inteiro qualquer, existe um único número oposto ou
Conhecemos o conjunto N dos números naturais: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5...} simétrico representado por (-a), tal que: (+a) + (-a) = 0 = (-a) + (+a)
Assim, os números precedidos do sinal + chamam-se positivos, e os
precedidos de - são negativos. Exemplos: (+5) + ( -5) = 0 ( -5) + (+5) = 0
Exemplos:
Números inteiros positivos: {+1, +2, +3, +4, ....} 5ª) COMUTATIVA
Números inteiros negativos: {-1, -2, -3, -4, ....} Se a e b são números inteiros, então:
O conjunto dos números inteiros relativos é formado pelos números a+b=b+a
inteiros positivos, pelo zero e pelos números inteiros negativos. Também o Exemplo: (+4) + (-6) = (-6) + (+4)
chamamos de CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS e o representa- -2 = -2
mos pela letra Z, isto é: Z = {..., -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3, ... }
O zero não é um número positivo nem negativo. Todo número positivo SUBTRAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS
é escrito sem o seu sinal positivo. Em certo local, a temperatura passou de -3ºC para 5ºC, sofrendo, por-
Exemplo: + 3 = 3 ; +10 = 10 tanto, um aumento de 8ºC, aumento esse que pode ser representado por:
Então, podemos escrever: Z = {..., -3, -2, -1, 0 , 1, 2, 3, ...} (+5) - (-3) = (+5) + (+3) = +8
N é um subconjunto de Z.
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA Portanto:
Cada número inteiro pode ser representado por um ponto sobre uma A diferença entre dois números dados numa certa ordem é a soma do
reta. Por exemplo: primeiro com o oposto do segundo.
Exemplos: 1) (+6) - (+2) = (+6) + (-2 ) = +4
... -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 ... 2) (-8 ) - (-1 ) = (-8 ) + (+1) = -7
... C’ B’ A’ 0 A B C D ... 3) (-5 ) - (+2) = (-5 ) + (-2 ) = -7
Ao ponto zero, chamamos origem, corresponde o número zero.
Nas representações geométricas, temos à direita do zero os números Na prática, efetuamos diretamente a subtração, eliminando os parên-
inteiros positivos, e à esquerda do zero, os números inteiros negativos. teses
Observando a figura anterior, vemos que cada ponto é a representa- - (+4 ) = -4
ção geométrica de um número inteiro. - ( -4 ) = +4
Exemplos: Observação:
• ponto C é a representação geométrica do número +3 Permitindo a eliminação dos parênteses, os sinais podem ser
- ponto B' é a representação geométrica do número -2 resumidos do seguinte modo:
(+)=+ +(-)=-
ADIÇÃO DE DOIS NÚMEROS INTEIROS
- (+)=- - (- )=+
1) A soma de zero com um número inteiro é o próprio número inteiro:
0 + (-2) = -2
Exemplos: - ( -2) = +2 +(-6 ) = -6
2) A soma de dois números inteiros positivos é um número inteiro positi-
- (+3) = -3 +(+1) = +1
vo igual à soma dos módulos dos números dados: (+700) + (+200) = +900
3) A soma de dois números inteiros negativos é um número inteiro
PROPRIEDADE DA SUBTRAÇÃO
negativo igual à soma dos módulos dos números dados: (-2) + (-4) = -6
A subtração possui uma propriedade.
4) A soma de dois números inteiros de sinais contrários é igual à dife-
FECHAMENTO: A diferença de dois números inteiros é sempre um
rença dos módulos, e o sinal é o da parcela de maior módulo: (-800) +
número inteiro.
(+300) = -500
ADIÇÃO DE TRÊS OU MAIS NÚMEROS INTEIROS MULTIPLICAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS
A soma de três ou mais números inteiros é efetuada adicionando-se 1º CASO: OS DOIS FATORES SÃO NÚMEROS INTEIROS POSITI-
todos os números positivos e todos os negativos e, em seguida, VOS
efetuando-se a soma do número negativo. Lembremos que: 3 . 2 = 2 + 2 + 2 = 6

Matemática 1
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo: Observe que:
(+3) . (+2) = 3 . (+2) = (+2) + (+2) + (+2) = +6 (+4 ) . (+1 ) = +4 e (+1 ) . (+4 ) = +4
Logo: (+3) . (+2) = +6
Observando essa igualdade, concluímos: na multiplicação de núme- Qualquer que seja o número inteiro a, temos:
ros inteiros, temos: a . (+1 ) = a e (+1 ) . a = a
(+) . (+) =+
O número inteiro +1 chama-se neutro para a multiplicação.
2º CASO: UM FATOR É POSITIVO E O OUTRO É NEGATIVO
Exemplos: 4ª) COMUTATIVA
1) (+3) . (-4) = 3 . (-4) = (-4) + (-4) + (-4) = -12 Observemos que: (+2). (-4 ) = - 8
ou seja: (+3) . (-4) = -12 e (-4 ) . (+2 ) = - 8
Portanto: (+2 ) . (-4 ) = (-4 ) . (+2 )
2) Lembremos que: -(+2) = -2 Se a e b são números inteiros quaisquer, então: a . b = b . a, isto é, a
(-3) . (+5) = - (+3) . (+5) = -(+15) = - 15 ordem dos fatores não altera o produto.
ou seja: (-3) . (+5) = -15
5ª) DISTRIBUTIVA EM RELAÇÃO À ADIÇÃO E À SUBTRAÇÃO
Conclusão: na multiplicação de números inteiros, temos: ( + ) . ( - ) = - Observe os exemplos:
(-).(+)=- (+3 ) . [( -5 ) + (+2 )] = (+3 ) . ( -5 ) + (+3 ) . (+2 )
Exemplos : (+4 ) . [( -2 ) - (+8 )] = (+4 ) . ( -2 ) - (+4 ) . (+8 )
(+5) . (-10) = -50
(+1) . (-8) = -8 Conclusão:
(-2 ) . (+6 ) = -12 Se a, b, c representam números inteiros quaisquer, temos:
(-7) . (+1) = -7 a) a . [b + c] = a . b + a . c
A igualdade acima é conhecida como propriedade distributiva da
3º CASO: OS DOIS FATORES SÃO NÚMEROS INTEIROS NEGATI- multiplicação em relação à adição.
VOS b) a . [b – c] = a . b - a . c
Exemplo: (-3) . (-6) = -(+3) . (-6) = -(-18) = +18 A igualdade acima é conhecida como propriedade distributiva da
isto é: (-3) . (-6) = +18 multiplicação em relação à subtração.
Conclusão: na multiplicação de números inteiros, temos: ( - ) . ( - ) = +
DIVISÃO DE NÚMEROS INTEIROS
Exemplos: (-4) . (-2) = +8 (-5) . (-4) = +20 CONCEITO
Dividir (+16) por 2 é achar um número que, multiplicado por 2, dê 16.
As regras dos sinais anteriormente vistas podem ser resumidas na 16 : 2 = ? ⇔ 2 . ( ? ) = 16
seguinte:
(+).(+)=+ (+).(-)=- O número procurado é 8. Analogamente, temos:
(- ).( -)=+ (-).(+)=- 1) (+12) : (+3 ) = +4 porque (+4 ) . (+3 ) = +12
2) (+12) : ( -3 ) = - 4 porque (- 4 ) . ( -3 ) = +12
Quando um dos fatores é o 0 (zero), o produto é igual a 0: (+5) . 0 = 0 3) ( -12) : (+3 ) = - 4 porque (- 4 ) . (+3 ) = -12
4) ( -12) : ( -3 ) = +4 porque (+4 ) . ( -3 ) = -12
PRODUTO DE TRÊS OU MAIS NÚMEROS INTEIROS
A divisão de números inteiros só pode ser realizada quando o quoci-
Exemplos: 1) (+5 ) . ( -4 ) . (-2 ) . (+3 ) =
ente é um número inteiro, ou seja, quando o dividendo é múltiplo do
(-20) . (-2 ) . (+3 ) =
divisor.
(+40) . (+3 ) = +120
Portanto, o quociente deve ser um número inteiro.
2) (-2 ) . ( -1 ) . (+3 ) . (-2 ) =
(+2 ) . (+3 ) . (-2 ) =
Exemplos:
(+6 ) . (-2 ) = -12
( -8 ) : (+2 ) = -4
( -4 ) : (+3 ) = não é um número inteiro
Podemos concluir que:
Lembramos que a regra dos sinais para a divisão é a mesma que vi-
• Quando o número de fatores negativos é par, o produto sempre é
mos para a multiplicação:
positivo.
(+):(+)=+ (+):( -)=-
• Quando o número de fatores negativos é ímpar, o produto sempre (- ):( -)=+ ( -):(+)=-
é negativo.
Exemplos:
PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO ( +8 ) : ( -2 ) = -4 (-10) : ( -5 ) = +2
No conjunto Z dos números inteiros são válidas as seguintes proprie- (+1 ) : ( -1 ) = -1 (-12) : (+3 ) = -4
dades:
1ª) FECHAMENTO PROPRIEDADE
Exemplo: (+4 ) . (-2 ) = - 8 ∈ Z
Então o produto de dois números inteiros é inteiro. Como vimos: (+4 ) : (+3 ) ∉ Z
2ª) ASSOCIATIVA Portanto, não vale em Z a propriedade do fechamento para a divisão.
Exemplo: (+2 ) . (-3 ) . (+4 ) Alem disso, também não são válidas as proposições associativa, comuta-
Este cálculo pode ser feito diretamente, mas também podemos fazê- tiva e do elemento neutro.
lo, agrupando os fatores de duas maneiras:
(+2 ) . [(-3 ) . (+4 )] = [(+2 ) . ( -3 )]. (+4 ) DIVISIBILIDADE
(+2 ) . (-12) = (-6 ) . (+4 )
-24 = -24 Um número é divisível por 2 quando termina em 0, 2, 4, 6 ou 8. Ex.: O núme-
De modo geral, temos o seguinte: ro 74 é divisível por 2, pois termina em 4.
Se a, b, c representam números inteiros quaisquer, então: a . (b . c) = Um número é divisível por 3 quando a soma dos valores absolutos dos
(a . b) . c seus algarismos é um número divisível por 3. Ex.: 123 é divisível por 3, pois
3ª) ELEMENTO NEUTRO 1+2+3 = 6 e 6 é divisível por 3

Matemática 2
APOSTILAS OPÇÃO
Um número é divisível por 5 quando o algarismo das unidades é 0 ou 5 Na prática, a maneira mais usada é a seguinte:
(ou quando termina em o ou 5). Ex.: O número 320 é divisível por 5, pois 1º) Decompomos em fatores primos o número considerado.
termina em 0. 12 2
Um número é divisível por 10 quando o algarismo das unidades é 0 (ou 6 2
quando termina em 0). Ex.: O número 500 é divisível por 10, pois termina em 0. 3 3
1
NÚMEROS PRIMOS
2º) Colocamos um traço vertical ao lado os fatores primos e, à sua direita
Um número natural é primo quando é divisível apenas por dois números e acima, escrevemos o numero 1 que é divisor de todos os números.
distintos: ele próprio e o 1. 1
12 2
Exemplos: 6 2
• O número 2 é primo, pois é divisível apenas por dois números diferen- 3 3
tes: ele próprio e o 1. 1
• O número 5 é primo, pois é divisível apenas por dois números distintos:
ele próprio e o 1. 3º) Multiplicamos o fator primo 2 pelo divisor 1 e escrevemos o produto
• O número natural que é divisível por mais de dois números diferentes é obtido na linha correspondente.
chamado composto. x1
• O número 4 é composto, pois é divisível por 1, 2, 4. 12 2 2
• O número 1 não é primo nem composto, pois é divisível apenas por um 6 2
número (ele mesmo). 3 3
• O número 2 é o único número par primo. 1

4º) Multiplicamos, a seguir, cada fator primo pelos divisores já obtidos,


DECOMPOSIÇÃO EM FATORES PRIMOS (FATORAÇÃO)
escrevendo os produtos nas linhas correspondentes, sem repeti-los.
x1
Um número composto pode ser escrito sob a forma de um produto de fato- 12 2 2
res primos. 6 2 4
Por exemplo, o número 60 pode ser escrito na forma: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 = 22 3 3
. 3 . 5 que é chamada de forma fatorada. 1
Para escrever um número na forma fatorada, devemos decompor esse
número em fatores primos, procedendo do seguinte modo: x1
Dividimos o número considerado pelo menor número primo possível de 12 2 2
modo que a divisão seja exata. 6 2 4
Dividimos o quociente obtido pelo menor número primo possível. 3 3 3, 6, 12
Dividimos, sucessivamente, cada novo quociente pelo menor número primo 1
possível, até que se obtenha o quociente 1.
Os números obtidos à direita dos fatores primos são os divisores do núme-
Exemplo: ro considerado. Portanto:
60 2 D(12) = { 1, 2, 4, 3, 6, 12}
Exemplos:
0 30 2 1)
1
0 15 3 18 2 2
5 0 5 9 3 3, 6 D(18) = {1, 2 , 3, 6, 9, 18}
3 3 9, 18
1 1
Portanto: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 2)
1
Na prática, costuma-se traçar uma barra vertical à direita do número e, à 30 2 2
direita dessa barra, escrever os divisores primos; abaixo do número escrevem- 15 3 3, 6
se os quocientes obtidos. A decomposição em fatores primos estará terminada 5 5 5, 10, 15, 30
quando o último quociente for igual a 1. 1
D(30) = { 1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}
Exemplo:
60 2
30 2
15 3 MÁXIMO DIVISOR COMUM
5 5
1 Recebe o nome de máximo divisor comum de dois ou mais números o
Logo: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 maior dos divisores comuns a esses números.

Um método prático para o cálculo do M.D.C. de dois números é o chama-


DIVISORES DE UM NÚMERO
do método das divisões sucessivas (ou algoritmo de Euclides), que consiste
Consideremos o número 12 e vamos determinar todos os seus divisores das etapas seguintes:
Uma maneira de obter esse resultado é escrever os números naturais de 1 a 1ª) Divide-se o maior dos números pelo menor. Se a divisão for exata,
12 e verificar se cada um é ou não divisor de 12, assinalando os divisores. o M.D.C. entre esses números é o menor deles.
1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 2ª) Se a divisão não for exata, divide-se o divisor (o menor dos dois
= = = = = == números) pelo resto obtido na divisão anterior, e, assim, sucessivamente, até
Indicando por D(12) (lê-se: "D de 12”) o conjunto dos divisores do número se obter resto zero. 0 ultimo divisor, assim determinado, será o M.D.C. dos
12, temos: números considerados.
D (12) = { 1, 2, 3, 4, 6, 12}

Matemática 3
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo:
Calcular o M.D.C. (24, 32)
Como 25 = +5 , então: − 25 = −5

32 24 24 8 Agora, consideremos este problema.


Qual ou quais os números inteiros cujo quadrado é -25?
8 1 0 3 Solução: (+5 )2 = +25 e (-5 )2 = +25
Resposta: não existe número inteiro cujo quadrado seja -25, isto é,
Resposta: M.D.C. (24, 32) = 8 − 25 não existe no conjunto Z dos números inteiros.

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM Conclusão: os números inteiros positivos têm, como raiz quadrada, um
número positivo, os números inteiros negativos não têm raiz quadrada no
Recebe o nome de mínimo múltiplo comum de dois ou mais números o conjunto Z dos números inteiros.
menor dos múltiplos (diferente de zero) comuns a esses números.
O processo prático para o cálculo do M.M.C de dois ou mais números, NÚMEROS RACIONAIS, REPRESENTAÇÃO FRACIONARIA E
chamado de decomposição em fatores primos, consiste das seguintes etapas: DECIMAL: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES
1º) Decompõem-se em fatores primos os números apresentados.
2º) Determina-se o produto entre os fatores primos comuns e não- Os números racionais são representados por um numeral em forma
comuns com seus maiores expoentes. Esse produto é o M.M.C procurado.
Exemplos: Calcular o M.M.C (12, 18) a
de fração ou razão, , sendo a e b números naturais, com a condição
Decompondo em fatores primos esses números, temos: b
12 2 18 2 de b ser diferente de zero.
6 2 9 3 1. NÚMERO FRACIONARIO. A todo par ordenado (a, b) de números
3 3 3 3
1 1
a
naturais, sendo b ≠ 0, corresponde um número fracionário .O termo
b
12 = 22 . 3 18 = 2 . 32 a chama-se numerador e o termo b denominador.
2. TODO NÚMERO NATURAL pode ser representado por uma fração
Resposta: M.M.C (12, 18) = 22 . 32 = 36 de denominador 1. Logo, é possível reunir tanto os números naturais
como os fracionários num único conjunto, denominado conjunto dos
Observação: Esse processo prático costuma ser simplificado fazendo-se números racionais absolutos, ou simplesmente conjunto dos números
uma decomposição simultânea dos números. Para isso, escrevem-se os racionais Q.
números, um ao lado do outro, separando-os por vírgula, e, à direita da barra Qual seria a definição de um número racional absoluto ou simples-
vertical, colocada após o último número, escrevem-se os fatores primos co- mente racional? A definição depende das seguintes considerações:
muns e não-comuns. 0 calculo estará terminado quando a última linha do a) O número representado por uma fração não muda de valor quan-
dispositivo for composta somente pelo número 1. O M.M.C dos números do multiplicamos ou dividimos tanto o numerador como o denominador por
apresentados será o produto dos fatores. um mesmo número natural, diferente de zero.
Exemplo:
Calcular o M.M.C (36, 48, 60) Exemplos: usando um novo símbolo: ≈
36, 48, 60 2 ≈ é o símbolo de equivalência para frações
18, 24, 30 2
9, 12, 15 2
2 2 × 5 10 10 × 2 20
≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ⋅⋅⋅
9, 6, 15 2 3 3 × 5 15 15 × 2 30
9, 3, 15 3
3, 1, 5 3 b) Classe de equivalência. É o conjunto de todas as frações equiva-
1, 1 5 5 lentes a uma fração dada.
1, 1, 1
3 6 9 12 3
, , , ,⋅ ⋅ ⋅ (classe de equivalência da fração: )
Resposta: M.M.C (36, 48, 60) = 24 . 32 . 5 = 720 1 2 3 4 1
Agora já podemos definir número racional : número racional é aquele
RAÍZ QUADRADA EXATA DE NÚMEROS INTEIROS definido por uma classe de equivalência da qual cada fração é um repre-
sentante.
CONCEITO
Consideremos o seguinte problema: NÚMERO RACIONAL NATURAL ou NÚMERO NATURAL:
0 0
Descobrir os números inteiros cujo quadrado é +25. 0= = = ⋅⋅⋅ (definido pela classe de equivalência que
Solução: (+5 )2 = +25 e ( -5 )2 =+25 1 2
Resposta: +5 e -5 representa o mesmo número racional 0)
1 2
Os números +5 e -5 chamam-se raízes quadradas de +25. 1 = = = ⋅⋅⋅ (definido pela classe de equivalência que
1 2
Outros exemplos: representa o mesmo número racional 1)
Número Raízes quadradas e assim por diante.
+9 + 3 e -3
+16 + 4 e -4 NÚMERO RACIONAL FRACIONÁRIO ou NÚMERO FRACIONÁRIO:
+1 + 1 e -1 1 2 3
+64 + 8 e -8 = = = ⋅ ⋅ ⋅ (definido pela classe de equivalência que re-
+81 + 9 e -9 2 4 6
+49 + 7 e -7 presenta o mesmo número racional 1/2).
+36 +6 e -6 NOMES DADOS ÀS FRAÇÕES DIVERSAS
a)decimais: quando têm como denominador 10 ou uma potência de
O símbolo 25 significa a raiz quadrada de 25, isto é 25 = +5 10
Matemática 4
APOSTILAS OPÇÃO

5 7 1º CASO: Frações com mesmo denominador. Observemos as figuras


, ,⋅ ⋅ ⋅ etc. seguintes:
10 100
b) próprias: aquelas que representam quantidades menores do que 1.
1 3 2
, , ,⋅ ⋅ ⋅ etc.
2 4 7 3 2
c) impróprias: as que indicam quantidades iguais ou maiores que 1. 6 6
5 8 9
, , ,⋅ ⋅ ⋅ etc. 5
5 1 5
6
d) aparentes: todas as que simbolizam um número natural. 3 2 5
20 8 Indicamos por: + =
= 5, = 4 , etc. 6 6 6
4 2
e) ordinárias: é o nome geral dado a todas as frações, com exceção
daquelas que possuem como denominador 10, 102, 103 ...

f) frações iguais: são as que possuem os termos iguais.


2
3 3 8 8
= , = , etc. 6
4 4 5 5
5
g) forma mista de uma fração: é o nome dado ao numeral formado por
 4 6
uma parte natural e uma parte fracionária;  2  A parte natural é 2 e a
 7 3
4 6
parte fracionária .
7 5 2 3
Indicamos por: − =
6 6 6
h) irredutível: é aquela que não pode ser mais simplificada, por ter Assim, para adicionar ou subtrair frações de mesmo denominador,
seus termos primos entre si. procedemos do seguinte modo:
3 5 3 1. adicionamos ou subtraímos os numeradores e mantemos o
, , , etc. denominador comum.
4 12 7 2. simplificamos o resultado, sempre que possível.
Exemplos:
4. PARA SIMPLIFICAR UMA FRAÇÃO, desde que não possua ter- 3 1 3 +1 4
mos primos entre si, basta dividir os dois ternos pelo seu divisor comum. + = =
5 5 5 5
8 8:4 2 4 8 4 + 8 12 4
= = + = = =
12 12 : 4 3 9 9 9 9 3
7 3 7−3 4 2
− = = =
5. COMPARAÇÃO DE FRAÇÕES. 6 6 6 6 3
Para comparar duas ou mais frações quaisquer primeiramente 2 2 2−2 0
convertemos em frações equivalentes de mesmo denominador. De duas − = = =0
7 7 7 7
frações que têm o mesmo denominador, a maior é a que tem maior
numerador. Logo: Observação: A subtração só pode ser efetuada quando o minuendo é
maior que o subtraendo, ou igual a ele.
6 8 9 1 2 3
< < ⇔ < <
12 12 12 2 3 4 2º CASO: Frações com denominadores diferentes:
(ordem crescente) Neste caso, para adicionar ou subtrair frações com denominadores di-
ferentes, procedemos do seguinte modo:
• Reduzimos as frações ao mesmo denominador.
De duas frações que têm o mesmo numerador, a maior é a que tem
• Efetuamos a operação indicada, de acordo com o caso anterior.
menor denominador.
7 7 • Simplificamos o resultado (quando possível).
Exemplo: > Exemplos:
2 5
1 2 2)
5 3
+ =
1) + = 8 6
3 4
15 12
OPERAÇÕES COM FRAÇÕES 4 6 = + =
= + = 24 24
12 12 15 + 12
= =
4+6 24
= = 27 9
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO 12 = =
24 8
A soma ou a diferença de duas frações é uma outra fração, cujo cal- 10 5
= =
culo recai em um dos dois casos seguintes: 12 6

Matemática 5
APOSTILAS OPÇÃO
Observações: NÚMEROS RACIONAIS
Para adicionar mais de duas frações, reduzimos todas ao mesmo de-
nominador e, em seguida, efetuamos a operação.
Exemplos.
2 7 3 3 5 1 1
a) + + = b) + + + =
15 15 15 4 6 8 2
2+7+3 18 20 3 12 Um círculo foi dividido em duas partes iguais. Dizemos que uma uni-
= = = + + + = dade dividida em duas partes iguais e indicamos 1/2.
15 24 24 24 24 onde: 1 = numerador e 2 = denominador
12 4 18+ 20+ 3 +12
= = = =
15 5 24
53
=
24
Havendo número misto, devemos transformá-lo em fração imprópria:
Exemplo:
Um círculo dividido em 3 partes iguais indicamos (das três partes ha-
1 5 1 churamos 2).
2 + +3 = Quando o numerador é menor que o denominador temos uma fração
3 12 6
própria. Observe:
7 5 19 Observe:
+ + =
3 12 6
28 5 38
+ + =
12 12 12
28 + 5 + 38 71
=
12 12
Se a expressão apresenta os sinais de parênteses ( ), colchetes [ ]
e chaves { }, observamos a mesma ordem:
1º) efetuamos as operações no interior dos parênteses;
2º) as operações no interior dos colchetes; Quando o numerador é maior que o denominador temos uma fração
imprópria.
3º) as operações no interior das chaves. Frações Equivalentes
Exemplos:
Duas ou mais frações são equivalentes, quando representam a mes-
 2 3   5 4  ma quantidade.
1) +  −  −  =
 3 4   2 2 
 8 9  1
=  +  − =
 12 12  2
17 1
= − =
12 2
17 6
= − =
12 12
11
=
12 1 2 3
Dizemos que: = =
  3 1   2 3  2 4 6
2)5 −  −  − 1 +  =
  2 3   3 4  - Para obter frações equivalentes, devemos multiplicar ou dividir o
  9 2   5 3  numerador por mesmo número diferente de zero.
= 5 −  −  −  +  = 1 2 2 1 3 3
  6 6   3 4  Ex: ⋅ = ou . =
2 2 4 2 3 6
 7   20 9 
= 5 −  −  +  =
 6   12 12  Para simplificar frações devemos dividir o numerador e o denomina-
dor, por um mesmo número diferente de zero.
 30 7  29
=  − − =
 6 6  12 Quando não for mais possível efetuar as divisões dizemos que a fra-
ção é irredutível.
23 29 Exemplo:
= − =
6 12 18 2 9 3
46 29 : = = ⇒ Fração Irredutível ou Simplificada
= − = 12 2 6 6
12 12
17 1 3
= Exemplo: e
12 3 4
Matemática 6
APOSTILAS OPÇÃO
Calcular o M.M.C. (3,4): M.M.C.(3,4) = 12 1 4 3 9
1 3 (12 : 3 ) ⋅ 1 (12 : 4 ) ⋅ 3 4 9 A fração é equivalente a . A fração equivalente .
e = e temos: e 3 12 4 12
3 4 12 12 12 12
Exemplo
1 4 2 4
A fração é equivalente a . ? ⇒ numeradores diferentes e denominadores diferen-
3 12 3 5
3 9 tes
A fração equivalente . m.m.c.(3, 5) = 15
4 12
(15 : 3).2 (15.5).4 10 12
? = < (ordem crescen-
Exercícios: 15 15 15 15
1) Achar três frações equivalentes às seguintes frações: te)
1 2 Exercícios: Colocar em ordem crescente:
1) 2) 2 2 5 4 5 2 4
4 3 e e , e
1) 2) 3)
2 3 4 4 6 8 5 3 3 3 6 3 5
Respostas: 1) , , 2) , ,
8 12 16 6 9 12
2 2 4 5
Respostas: 1) < 2) <
Comparação de frações 5 3 3 3
4 5 3
a) Frações de denominadores iguais. 3) < <
3 6 2
Se duas frações tem denominadores iguais a maior será aquela: que
tiver maior numerador.
Operações com frações
3 1 1 3
Ex.: > ou < 1) Adição e Subtração
4 4 4 4
a) Com denominadores iguais somam-se ou subtraem-se os numera-
dores e conserva-se o denominador comum.
b) Frações com numeradores iguais
Se duas frações tiverem numeradores iguais, a menor será aquela
que tiver maior denominador. 2 5 1 2 + 5 +1 8
Ex: + + = =
7 7 7 7 3 3 3 3 3
Ex.: > ou <
4 5 5 4 4 3 4−3 1
c) Frações com numeradores e denominadores receptivamente − = =
diferentes.
5 5 5 5
Reduzimos ao mesmo denominador e depois comparamos. Exem-
plos: b) Com denominadores diferentes reduz ao mesmo denominador de-
2 1 pois soma ou subtrai.
> denominadores iguais (ordem decrescente) Ex:
3 3
1 3 2
4 4 1) + + = M.M.C.. (2, 4, 3) = 12
> numeradores iguais (ordem crescente) 2 4 3
5 3
(12 : 2).1 + (12 : 4).3 + (12.3).2 6 + 9 + 8 23
= =
SIMPLIFICAÇÃO DE FRAÇÕES 12 12 12
4 2
Para simplificar frações devemos dividir o numerador e o denomina- 2) − = M.M.C.. (3,9) = 9
dor por um número diferente de zero. 3 9
Quando não for mais possível efetuar as divisões, dizemos que a fra- (9 : 3).4 - (9 : 9).2 12 - 2 10
ção é irredutível. Exemplo: = =
9 9 9
18 : 2 9 : 3 3
= =
12 : 2 6 : 3 2 Exercícios. Calcular:
2 5 1 5 1 2 1 1
Fração irredutível ou simplificada 1) + + 2) − 3) + −
9 36 7 7 7 6 6 3 4 3
Exercícios: Simplificar 1) 2) 8 4 2 7
12 45 Respostas: 1) 2) = 3)
3 4 7 6 3 12
Respostas: 1) 2)
4 5
Redução de frações ao menor denominador comum Multiplicação de Frações
1 3
Ex.: e Para multiplicar duas ou mais frações devemos multiplicar os nume-
3 4
radores das frações entre si, assim como os seus denominadores.
Calcular o M.M.C. (3,4) = 12
1 3 (12 : 3) ⋅ 1 (12 : 4) ⋅ 3
e = e temos: Exemplo:
3 4 12 12 2 3 2 3 6 3
4 9 . = x = =
e 5 4 5 4 20 10
12 12

Matemática 7
APOSTILAS OPÇÃO
Exercícios: Calcular: imediatamente superiores a este (10 vezes maior) sendo que o primeiro
algarismo à direita representa unidade simples.
2 5 2 3 4  1 3   2 1
1) ⋅ 2) ⋅ ⋅ 3)  + ⋅ − 
5 4 5 2 3 5 5 3 3 Características fundamentais:
10 5 24 4 4 1) Base dez, na contagem.
Respostas: 1) = 2) = 3) 2) Os dez algarismos: 1, 2, 3, 4, 5, 8, 7, 8, 9, 0 para formarem os
12 6 30 5 15 numerais.
3) O princípio da posição decimal, para a colocação dos algarismos.
Divisão de frações
Ordens: são as unidades, dezenas, centenas, milhares etc., também
chamadas posições.
Para dividir duas frações conserva-se a primeira e multiplica-se pelo Valor relativo ou posicional de um algarismo: É o número de
inverso da Segunda. unidades simples, dezenas, centenas, milhares, etc., que ele representa
4 2 4 3 12 6 de acordo com sua posição no numeral.
Exemplo: : = . = =
5 3 5 2 10 5
Valor absoluto de um algarismo: É o valor que ele representa
quando considerado isoladamente.
Exercícios. Calcular:
4 2 8 6  2 3  4 1 8197 4 ORDENS
1) : 2) : 3)  +  :  −  7 = unidades – valor absoluto: 7, posicional: 7
3 9 15 25 5 5 3 3 9 = dezenas – valor absoluto: 9; posicional: 90
20 1 = centenas – valor absoluto: 1; posicional: 100
Respostas: 1) 6 2) 3) 1 8 = milhares = valor absoluto: 8; posicional: 8000
9 Nota: Os números podem ser representados utilizando-se outras
Potenciação de Frações bases que não a base decimal; tais bases formarão novos sistemas
numéricos onde seus elementos diferirão daqueles constituintes do
Eleva o numerador e o denominador ao expoente dado. Exemplo: sistema decimal. Tomando-se um número de determinado sistema como
3 referencial, pode-se realizar mudança de base determinando o numeral
2 23 8 que lhe será correspondente na nova base.
  = 3 =
3 3 27 Nota: símbolo “zero” serve para indicar as ordens vazias. Enquanto
os algarismos de um a nove são chamados de algarismos significativos,
Exercícios. Efetuar: “zero” (0) é chamado algarismo insignificativo.
2 4 2 3 O conjunto dos números 1, 2, 3, 4, ........,n, que surgiram naturalmente
3  1  4  1 de um processo de contagem reunido ao conjunto formado pelo “zero” (0),
1)   2)   3)   −  
4  
2 3 2 forma o conjunto dos números naturais, que se escreve:
N = {0, 1, 2, 3, 4, ......., n, ............}
9 1 119
Respostas: 1) 2) 3)
16 16 72 • BASE DE UM SISTEMA DE NUMERAÇÃO
É o conjunto de nomes ou símbolos necessários para representar
Radiciação de Frações qualquer número.

Base 7 - No sistema de base 7, os elementos de um conjunto são


Extrai raiz do numerador e do denominador.
contados de 7 em 7, por meio dos algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Con-
4 4 2 tando-se os 365 dias do ano de 7 em 7, obtemos o número de semanas
Exemplo: = =
9 9 3 num ano.
Base 5 - No sistema de base 5 ou quinário, contamos de 5 em 5, em-
Exercícios. Efetuar:
2
pregando os algarismos 0, 1, 2, 3, 4 e 5.
1 16 9  1
1) 2) 3) +  Base 2 - No sistema de base 2 ou binário contamos de 2 em 2, utili-
9 25 16  2 
zando apenas os algarismos 0 e 1.

1 4 Os computadores eletrônicos empregam o sistema binário, traduzindo


Respostas: 1) 2) 3) 1 o algarismo 1 por uma lâmpada acesa (circuito fechado) e o algarismo 0
3 5
por uma lâmpada apagada (circuito aberto). E a leitura dos números é
feita no quadro do computador de acordo com o que as lâmpadas acu-
Sistema decimal
sam.
Numeração: Processo de representação dos números, utilizando-se
NÚMEROS DECIMAIS
símbolos e palavras.

Sistema de numeração: É um sistema de contagem ou um conjunto Toda fração com denominador 10, 100, 1000,...etc, chama-se fração
de regras para indicarmos os números. decimal.
3 4 7
Ex: , , , etc
Base de uma contagem: É o número de elementos do agrupamento 10 100 100
que se faz para contar os elementos do conjunto.
Ex.: Quando os palitos de uma caixa de fósforos são contados um a Escrevendo estas frações na forma decimal temos:
um, diz-se que foi empregada a base 1.
3
= três décimos,
Sistema de número decimal 10
Principio da posição decimal: Todo algarismo colocado 4
imediatamente à esquerda do outro, representa unidade de ordem, = quatro centésimos
100
Matemática 8
APOSTILAS OPÇÃO
7 Multiplicação com números decimais
= sete milésimos Multiplicam-se dois números decimais como se fossem inteiros e se-
1000
param-se os resultados a partir da direita, tantas casas decimais quantos
Escrevendo estas frações na forma decimal temos: forem os algarismos decimais dos números dados.
Exemplo: 5,32 x 3,8
3 4 7
=0,3 = 0,04 = 0,007 5,32 → 2 casas,
10 100 1000 x 3,8→ 1 casa após a virgula
______
Outros exemplos: 4256
34 635 2187 1596 +
1) = 3,4 2) = 6,35 3) =218,7 ______
10 100 10
20,216 → 3 casas após a vírgula
Exercícios. Efetuar as operações:
Note que a vírgula “caminha” da direita para a esquerda, a quantidade
1) 2,41 . 6,3 2) 173,4 . 3,5 + 5 . 4,6
de casas deslocadas é a mesma quantidade de zeros do denominador.
3) 31,2 . 0,753
Exercícios. Representar em números decimais:
Respostas: 1) 15,183 2) 629,9
35 473 430 3) 23,4936
1) 2) 3)
10 100 1000
Divisão de números decimais
Respostas: 1) 3,5 2) 4,73 3) 0,430 Igualamos as casas decimais entre o dividendo e o divisor e quando o
dividendo for menor que o divisor acrescentamos um zero antes da vírgula
LEITURA DE UM NÚMERO DECIMAL no quociente.
Ex.:
Ex.: a) 3:4
3 |_4_
30 0,75
20
0
b) 4,6:2
4,6 |2,0 = 46 | 20
60 2,3
0
Obs.: Para transformar qualquer fração em número decimal basta di-
vidir o numerador pelo denominador.
Ex.: 2/5 = 2 |5 , então 2/5=0,4
20 0,4

Exercícios
1) Transformar as frações em números decimais.
1 4 1
1) 2) 3)
5 5 4
Respostas: 1) 0,2 2) 0,8 3) 0,25
Operações com números decimais
2) Efetuar as operações:
1) 1,6 : 0,4 2) 25,8 : 0,2
Adição e Subtração 3) 45,6 : 1,23 4) 178 : 4,5-3,4.1/2
Coloca-se vírgula sob virgula e somam-se ou subtraem-se unidades 5) 235,6 : 1,2 + 5 . 3/4
de mesma ordem. Exemplo 1:
Respostas: 1) 4 2) 129 3) 35,07
10 + 0,453 + 2,832 4) 37,855 5) 200,0833....
10,000
+ 0,453
2,832
Multiplicação de um número decimal por 10, 100, 1000
13,285

Exemplo 2: Para tornar um número decimal 10, 100, 1000..... vezes maior, deslo-
47,3 - 9,35 ca-se a vírgula para a direita, respectivamente, uma, duas, três, . . . casas
47,30 decimais.
9,35 2,75 x 10 = 27,5 6,50 x 100 = 650
37,95 0,125 x 100 = 12,5 2,780 x 1.000 = 2.780
0,060 x 1.000 = 60 0,825 x 1.000 = 825
Exercícios. Efetuar as operações:
1) 0,357 + 4,321 + 31,45 DIVISÃO
2) 114,37 - 93,4 Para dividir os números decimais, procede-se assim:
3) 83,7 + 0,53 - 15, 3 • iguala-se o número de casas decimais;
• suprimem-se as vírgulas;
Respostas: 1) 36,128 • efetua-se a divisão como se fossem números inteiros.
2) 20,97 Exemplos:
3) 68,93 • 6 : 0,15 = 6,00 0,15
000 40

Matemática 9
APOSTILAS OPÇÃO
Igualam – se as casas decimais. OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS
Cortam-se as vírgulas.
1. 7,85 : 5 = 7,85 : 5,00 785 : 500 = 1,57 CORRESPONDÊNCIA ENTRE NÚMEROS E PONTOS DA RETA,
Dividindo 785 por 500 obtém-se quociente 1 e resto 285 ORDEM, VALOR ABSOLUTO
Há números que não admitem representação decimal finita nem
Como 285 é menor que 500, acrescenta-se uma vírgula ao quociente representação decimal infinita e periódico, como, por exemplo:
e zeros ao resto π = 3,14159265...
• 2 : 4 0,5
Como 2 não é divisível por 4, coloca-se zero e vírgula no quociente e 2 = 1,4142135...
zero no dividendo
• 0,35 : 7 = 0,350 7,00 350 : 700 = 0,05
3 = 1,7320508...
5 = 2,2360679...
Como 35 não divisível por 700, coloca-se zero e vírgula no quociente π ∈ Q,
e um zero no dividendo. Como 350 não é divisível por 700, acrescenta-se Estes números não são racionais: 2 ∈ Q, 3 ∈
outro zero ao quociente e outro ao dividendo Q, 5 ∈ Q; e, por isso mesmo, são chamados de irracionais.
Podemos então definir os irracionais como sendo aqueles números
Divisão de um número decimal por 10, 100, 1000 que possuem uma representação decimal infinita e não periódico.

Para tornar um número decimal 10, 100, 1000, .... vezes menor, des- Chamamos então de conjunto dos números reais, e indicamos com R,
loca-se a vírgula para a esquerda, respectivamente, uma, duas, três, ... o seguinte conjunto:
casas decimais.
Exemplos: R= { x | x é racional ou x é irracional}
25,6 : 10 = 2,56
04 : 10 = 0,4 Como vemos, o conjunto R é a união do conjunto dos números
315,2 : 100 = 3,152 racionais com o conjunto dos números irracionais.
018 : 100 = 0,18
0042,5 : 1.000 = 0,0425 Usaremos o símbolo estrela (*) quando quisermos indicar que o
0015 : 1.000 = 0,015 número zero foi excluído de um conjunto.

milhar centena deze- Unida- décimo centési- milésimo Exemplo: N* = { 1; 2; 3; 4; ... }; o zero foi excluído de N.
na de mo
simples Usaremos o símbolo mais (+) quando quisermos indicar que os
1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 números negativos foram excluídos de um conjunto.

LEITURA DE UM NÚMERO DECIMAL Exemplo: Z+ = { 0; 1; 2; ... } ; os negativos foram excluídos de Z.


Procedemos do seguinte modo:
1º) Lemos a parte inteira (como um número natural). Usaremos o símbolo menos (-) quando quisermos indicar que os
2º) Lemos a parte decimal (como um número natural), acompanhada números positivos foram excluídos de um conjunto.
de uma das palavras:
Exemplo: Z − = { . .. ; - 2; - 1; 0 } ; os positivos foram excluídos de Z.
• décimos, se houver uma ordem (ou casa) decimal
• centésimos, se houver duas ordens decimais;
• milésimos, se houver três ordens decimais. Algumas vezes combinamos o símbolo (*) com o símbolo (+) ou com
Exemplos: o símbolo (-).
1) 1,2 Lê-se: "um inteiro e
dois décimos". Exemplos
• Z*− = ( 1; 2; 3; ... ) ; o zero e os negativos foram excluídos de Z.
2) 12,75 Lê-se: "doze inteiros
e setenta e cinco • Z*+ = { ... ; - 3; - 2; - 1 } ; o zero e os positivos foram excluídos de Z.
centésimos".
Reta numérica
3) 8,309 Lê-se: "oito inteiros e
Uma maneira prática de representar os números reais é através da re-
trezentos e nove
ta real.
milésimos''.
Observações:
Para construí-la, desenhamos uma reta e, sobre ela, escolhemos, a
1) Quando a parte inteira é zero, apenas a parte decimal é lida.
nosso gosto, um ponto origem que representará o número zero; a seguir
Exemplos:
escolhemos, também a nosso gosto, porém à direita da origem, um ponto
para representar a unidade, ou seja, o número um.
a) 0,5 - Lê-se: "cinco décimos".
Então, a distância entre os pontos mencionados será a unidade de
b) 0,38 - Lê-se: "trinta e oito centésimos".
medida e, com base nela, marcamos, ordenadamente, os números positi-
vos à direita da origem e os números negativos à sua esquerda.
c) 0,421 - Lê-se: "quatrocentos e vinte e um
milésimos".
Ordenação dos Reais, Intervalos, Módulo
2) Um número decimal não muda o seu valor se acrescentarmos ou
Para melhor entendermos os NÚMEROS REAIS, vamos inicialmente
suprimirmos zeros â direita do último algarismo.
dar um resumo de todos os conjuntos numéricos.
Exemplo: 0,5 = 0,50 = 0,500 = 0,5000 " .......
3) Todo número natural pode ser escrito na forma de número decimal,
colocando-se a vírgula após o último algarismo e zero (ou zeros) 1. Sucessivas ampliações dos campos numéricos
a sua direita. Você já tem algum conhecimento o respeito dos campos ou conjuntos
Exemplos: 34 = 34,00... 176 = 176,00... numéricos com os quais iremos trabalhar nesta unidade. Mostraremos

Matemática 10
APOSTILAS OPÇÃO
como se ampliam sucessivamente esses conjuntos, a partir do conjunto N, que seja o elemento de Q* ou Q – {0}, existe sempre, para esse elemento,
e também como se acrescentam outras propriedades para as operações um inverso multiplicativo.
como elementos dos novos conjuntos. 2 3 2 3
Assim, por exemplo, para ∈ Q, existe ∈ Q tal que . =
2. O CONJUNTO N E SUAS PROPRIEDADES
3 2 3 2
Seja o conjunto N: N = { 0, 1, 2, 3. ... , n, ...} 1, o que não é possível em N e Z.
Você deve se lembrar que este conjunto tem sua origem a partir de Esse fato amplia uma propriedade para as operações em Q.
conjuntos finitos e equipotentes: a uma classe de todos os conjuntos
equipotentes entre si associou-se o mesmo cardinal, o mesmo número e a Propriedades das operações em Q
mesma representação ou numeral. ADIÇÃO MULTIPLICAÇÃO
1. Fechamento 1. Fechamento
2.1. Propriedades das operações em N ∀ a, b ∈ Q, a + b = c Q ∀ a, b ∈ Q, a . b = c ∈ Q
Para expressar matematicamente as propriedades das operações em
N e nos sucessivos conjuntos, usaremos a notação usual e prática dos 2. Comutativa 2. Comutativa
quantificadores. São eles: ∀ a, b ∈ Q, a + b = b + a ∀ a, b ∈ Q, a . b = b . a
• x significa “qualquer que seja x é o quantificador universal e
significa “qualquer que seja”; 3. Associativo 3. Associativa
• x significo “existe x” é o quantificador existencial e significo ∀ a, b, c ∈ Q, a + (b + c) = ∀ a, b, c ∈ Q, a . (b . c) = (a . b) . c
“existe”. O símbolo ∃ | x significa “existe um único x”. (a + b) + c
4. Elemento Neutro
ADIÇÃO MULTIPLICAÇÃO 4. Elemento Neutro ∃ 1 ∈ Q, tal que ∀ a ∈ Q
• Fechamento 1. Fechamento ∃ 0 ∈ Q, tal que ∀ a ∈ Q a.1=1.a=a
∀ a, b ∈ N, a + b = c ∈ N ∀ a, b ∈ N, a . b = c ∈ N a+0=0+a=a
Elemento Inverso Multiplicativo
• Comutativa 2. Comutativa 5. Elemento Oposto Aditivo ∀ a ∈ Q*, ∃ a’ ∈ Q*, tal que
∀ a, b ∈ N, a + b = b + a ∀ a, b ∈ N, a . b = b . a ∀ a ∈ Q, ∃ - a ∈ Q, tal que a . a’ = 1
3. Associativa a + ( - a) = 0 2 3 2 3
• Associativo
∀ a, b, c ∈ N, a . (b . c) = (a Ex.: ∈ Q, ∃ ∈Q| . =1
∀ a, b, c ∈ N, a + (b + c) = (a + b) + c 3 2 3 2
. b) . c Distributiva da Multiplicação em Relação à Adição
• Elemento Neutro ∀ a, b, c ∈ Q, a . (b + c) = a . b + a . c
∃ 0 ∈ N, tal que ∀ a ∈ N 4. Elemento Neutro
a+0=0+a=a ∃ 1 ∈ N, tal que ∀ a ∈ N Vê-se que, em Q, a operação multiplicação admite mais uma propriedade
a.1=1.a=a
Distributiva da Multiplicação em Relação à Adição 4.1. Propriedade: A densidade de Q
∀ a, b, c ∈ N, a . (b + c) = a . b + a . c O conjunto Q possui uma propriedade importante, que o caracteriza como
um conjunto denso. Isto quer dizer que:
3. CONJUNTO Z E SUAS PROPRIEDADES Entre dois elementos distintos de Q, sempre existe um outro elemento de
Em N, a operação 3 - 4 não é possível. Entretanto, pode-se ampliar N Q (como consequência, entre esses 2 elementos há infinitos elementos de Q).
e assim obter Z, onde 3 - 4 = - 1 passa a ser possível. A novidade, em Z, Para comprovar essa afirmação, basto tomar dois elementos distintos de
está no fato de que qualquer que seja o elemento de Z, este possui um Q e verificar que a média aritmética (ou semi-soma) desses dois elementos
oposto aditivo, ou seja, para + 3 ∈ Z, existe - 3 ∈ Z tal que + 3 – 3 = 0. também pertence a Q.
Sendo Z = {..., - 3, - 2, - 1, 0, 1, 2, 3, ...}, teremos, então, as seguintes De fato:
propriedades em Z. com a inclusão da propriedade 5.
3.1. Propriedades das operações em Z 2 ∈ Q 2 + 3 5
ADIÇÃO MULTIPLICAÇÃO
a)  ⇒ = ∈Q
3 ∈ Q 2 2
1. Fechamento 1. Fechamento
∀ a, b ∈ Z, a + b = c ∈ Z ∀ a, b ∈ Z, a . b = c ∈ Z

2. Comutativa 2. Comutativa
∀ a, b ∈ Z, a + b = b + a ∀ a, b ∈ Z, a . b = b . a

3. Associativo 3. Associativa
∀ a, b, c ∈ Z, a + (b + c) = (a + b) + c ∀ a, b, c ∈ Z, a . (b . c) = (a .
3  3 8
∈ Q +
b) . c 5  5 5 = 11 ∈ Q
4. Elemento Neutro b)  ⇒
8 2 10
∃ 0 ∈ Z, tal que ∀ a ∈ Z 4. Elemento Neutro ∈ Q
a+0=0+a=a ∃ 1 ∈ Z, tal que ∀ a ∈ Z 5 

a.1=1.a=a
5. Elemento Oposto Aditivo
∀ a ∈ Z, ∃ - a ∈ Z, tal que
a + ( - a) = 0
Distributiva da Multiplicação em Relação à Adição
∀ a, b, c ∈ Z, a . (b + c) = a . b + a . c Conclui-se, então, que:
Vê-se que, em Z, a operação adição admite mais uma propriedade Na reta numerada existe uma Infinidade de elementos de Q situados
(5). entre dois elementos quaisquer a e b de Q.
O CONJUNTO Q CONTÉM Z E N
4. O CONJUNTO Q E SUAS PROPRIEDADES Os elementos de Q são aqueles que podem ser escritos sob o forma
Tanto em N como em Z, a operação 2 3 não é possível, pois ambos
não admitem números fracionários.
a
, com a e b ∈ Z e b ≠ Q.
A ampliação de Z para Q, entretanto, permite um fato novo: qualquer b
Matemática 11
APOSTILAS OPÇÃO
Ordem das palavras ou expressões no enunciado); Teremos, pois:
Pode-se observar facilmente que qualquer que seja o elemento de N 5
ou de Z, este estará em Q. De cada 20 habitantes, 5 são analfabetos. Razão =
De fato: 20
2 4 6
2 ∈ N, mas 2 = = = = ... ∈ Q 2
1 2 3 De cada 10 alunos, 2 gostam de Matemática. Razão =
10
-3 -6 -9
-3 ∈ N, mas −3 = = = = . . .∈ Q
1 2 3 1
O esquema a seguir apresenta as relações entre os conjuntos N, Z e c. Um dia de sol, para cada dois de chuva. Razão =
Q.
2
a
A razão entre dois números a e b, com b ≠ 0, é o quociente ,
b
ou a : b.

Nessa expressão, a chama-se antecedente e b, consequente. Outros


exemplos de razão:
INTERVALOS Em cada 10 terrenos vendidos, um é do corretor.
No conjunto dos números reais destacaremos alguns subconjuntos
importantes determinados por desigualdades, chamados intervalos.
1
Razão =
Na reta real os números compreendidos entre 5 e 8 incluindo o 5 e o 8 10
constituem o intervalo fechado [5; 8], ou seja: Os times A e B jogaram 6 vezes e o time A ganhou todas.
[5; 8] = {x / 5 « x « 8} 6
Razão =
Se excluirmos os números 5 e 8, chamados extremos do intervalo, 6
temos o intervalo aberto ]5; 8[, ou seja: 3. Uma liga de metal é feita de 2 partes de ferro e 3 partes de zinco.
]5; 8[ = {x / 5 < x < 8} 2 3
Consideraremos ainda os intervalos mistos: Razão = 5 (ferro) Razão = 5 (zinco).
]5; 8] = {x / 5 < x « 8}
(Intervalo aberto à esquerda e fechado à direita). 3. PROPORÇÃO
Há situações em que as grandezas que estão sendo comparadas po-
[5; 8[ = {x / 5 « x < 8} dem ser expressas por razões de antecedentes e consequentes diferen-
(intervalo fechado à esquerda e aberto à direita). tes, porém com o mesmo quociente. Dessa maneira, quando uma pesqui-
sa escolar nos revelar que, de 40 alunos entrevistados, 10 gostam de
Módulo ou valor absoluto Matemática, poderemos supor que, se forem entrevistados 80 alunos da
mesma escola, 20 deverão gostar de Matemática. Na verdade, estamos
No conjunto Z para cada número natural r foi criado um +n e -n. Cha-
afirmando que 10 estão representando em 40 o mesmo que 20 em 80.
ma-se módulo ou valor absoluto de +n e -n, indica-se | +n | = n e | -n | = n
Exemplos: 10 20
Escrevemos: =
| -5 | = 5, leia-se o módulo de -5 é 5, 40 80
| +5 | = 5 o módulo de +5 é 5 A esse tipo de igualdade entre duas razões dá-se o nome de
| 0 | =0 proporção.

a c
Relação entre Grandezas Dadas duas razões e , com b e d ≠ 0, teremos uma
(Grandezas Direta e Inversamente Proporcionais) b d
a c
1. INTRODUÇÃO proporção se = .
Se a sua mensalidade escolar sofresse hoje um reajuste de $ 80,00, b d
como você reagiria? Acharia caro, normal, ou abaixo da expectativa? Esse
mesmo valor, que pode parecer caro no reajuste da mensalidade, seria Na expressão acima, a e c são chamados de antecedentes e b e d de
considerado insignificante, se se tratasse de um acréscimo no seu salário. consequentes. .
Naturalmente, você já percebeu que os $ 80,00 nada representam, se
não forem comparados com um valor base e se não forem avaliados de A proporção também pode ser representada como a : b : : c : d. Qual-
acordo com a natureza da comparação. Por exemplo, se a mensalidade quer uma dessas expressões é lida assim: a está para b assim como c
escolar fosse de $ 90,00, o reajuste poderia ser considerado alto; afinal, o está para d. E importante notar que b e c são denominados meios e a e d,
valor da mensalidade teria quase dobrado. Já no caso do salário, mesmo extremos.
considerando o salário mínimo, $ 80,00 seriam uma parte mínima. .
A fim de esclarecer melhor este tipo de problema, vamos estabelecer Exemplo:
regras para comparação entre grandezas.
2. RAZÃO 3 9
Você já deve ter ouvido expressões como: "De cada 20 habitantes, 5 A proporção = , ou 3 : 7 : : 9 : 21, é
7 21
são analfabetos", "De cada 10 alunos, 2 gostam de Matemática", "Um dia lida da seguinte forma: 3 está para 7 assim como 9 está para 21.
de sol, para cada dois de chuva". Temos ainda:
Em cada uma dessas. frases está sempre clara uma comparação en- 3 e 9 como antecedentes,
tre dois números. Assim, no primeiro caso, destacamos 5 entre 20; no 7 e 21 como consequentes,
segundo, 2 entre 10, e no terceiro, 1 para cada 2. 7 e 9 como meios e
Todas as comparações serão matematicamente expressas por um 3 e 21 como extremos.
quociente chamado razão.

Matemática 12
APOSTILAS OPÇÃO
3.1 PROPRIEDADE FUNDAMENTAL Podemos destacar outros exemplos de grandezas inversamente
O produto dos extremos é igual ao produto dos meios: proporcionais:

a c Velocidade média e tempo de viagem, pois, se você dobrar a veloci-


= ⇔ ad = bc ; b, c ≠ 0 dade com que anda, mantendo fixa a distância a ser percorrida, reduzirá o
b d tempo do percurso pela metade.
Exemplo:
Número de torneiras de mesma vazão e tempo para encher um tan-
6 24 que, pois, quanto mais torneiras estiverem abertas, menor o tempo para
Se 24 = 96 , então 6 . 96 = 24 . 24 = 576. completar o tanque.

3.2 ADIÇÃO (OU SUBTRAÇÃO) DOS ANTECEDENTES E Podemos concluir que:


CONSEQUENTES
Em toda proporção, a soma (ou diferença) dos antecedentes está pa- Duas grandezas são inversamente proporcionais quando,
ra a soma (ou diferença) dos consequentes assim como cada antecedente aumentando (ou diminuindo) uma delas numa determinada razão, a
está para seu consequente. outra diminui (ou aumenta) na mesma razão.
Ou seja:
a c a + c a c Vamos analisar outro exemplo, com o objetivo de reconhecer a
Se = , entao = = , natureza da proporção, e destacar a razão. Considere a situação de um
b d b + d b d
grupo de pessoas que, em férias, se instale num acampamento que cobra
a - c a c
ou = = $100,00 a diária individual.
b - d b d
Observe na tabela a relação entre o número de pessoas e a despesa
Essa propriedade é válida desde que nenhum denominador seja nulo. diária:
Exemplo:
21 + 7 28 7 Número de 1 2 4 5 10
= = pessoas
12 + 4 16 4 Despesa 100 200 400 500 1.000
21 7 diária ( $ )
=
12 4 Você pode perceber na tabela que a razão de aumento do número de
21 - 7 14 7 pessoas é a mesma para o aumento da despesa. Assim, se dobrarmos o
= = número de pessoas, dobraremos ao mesmo tempo a despesa. Esta é
12 - 4 8 4 portanto, uma proporção direta, ou melhor, as grandezas número de
pessoas e despesa diária são diretamente proporcionais.
Suponha também que, nesse mesmo exemplo, a quantia a ser gas-
GRANDEZAS PROPORCIONAIS E DIVISÃO PROPORCIONAL ta pelo grupo seja sempre de $2.000,00. Perceba, então, que o tempo de
permanência do grupo dependerá do número de pessoas.
1. INTRODUÇÃO:
No dia-a-dia, você lida com situações que envolvem números, tais Analise agora a tabela abaixo:
como: preço, peso, salário, dias de trabalho, índice de inflação, veloci-
dade, tempo, idade e outros. Passaremos a nos referir a cada uma dessas Número de
situações mensuráveis como uma grandeza. Você sabe que cada grande- pessoas 1 2 4 5 10
za não é independente, mas vinculada a outra conveniente. O salário, por Tempo de
exemplo, está relacionado a dias de trabalho. Há pesos que dependem de permanência 20 10 5 4 2
idade, velocidade, tempo etc. Vamos analisar dois tipos básicos de de- (dias)
pendência entre grandezas proporcionais.
Note que, se dobrarmos o número de pessoas, o tempo de perma-
2. PROPORÇÃO DIRETA nência se reduzirá à metade. Esta é, portanto, uma proporção inversa, ou
Grandezas como trabalho produzido e remuneração obtida são, qua- melhor, as grandezas número de pessoas e número de dias são inver-
se sempre, diretamente proporcionais. De fato, se você receber $ 2,00 samente proporcionais.
para cada folha que datilografar, sabe que deverá receber $ 40,00 por 20
folhas datilografadas. 4. DIVISÃO EM PARTES PROPORCIONAIS
Podemos destacar outros exemplos de grandezas diretamente 4. 1 Diretamente proporcional
proporcionais: Duas pessoas, A e B, trabalharam na fabricação de um mesmo obje-
Velocidade média e distância percorrida, pois, se você dobrar a velo- to, sendo que A o fez durante 6 horas e B durante 5 horas. Como, agora,
cidade com que anda, deverá, num mesmo tempo, dobrar a distância elas deverão dividir com justiça os $ 660,00 apurados com sua venda? Na
percorrida. verdade, o que cada um tem a receber deve ser diretamente proporcional
Área e preço de terrenos. ao tempo gasto na confecção do objeto.
Altura de um objeto e comprimento da sombra projetada por ele.
Duas grandezas São diretamente proporcionais quando, aumen- Dividir um número em partes diretamente proporcionais a outros
tando (ou diminuíndo) uma delas numa determinada razão, a números dados é encontrar partes desse número que sejam
outra diminui (ou aumenta) nessa mesma razão. diretamente proporcionais aos números dados e cuja soma
reproduza o próprio número.
Assim:
3. PROPORÇÃO INVERSA
Grandezas como tempo de trabalho e número de operários para a No nosso problema, temos de dividir 660 em partes diretamente pro-
mesma tarefa são, em geral, inversamente proporcionais. Veja: Para uma porcionais a 6 e 5, que são as horas que A e B trabalharam.
tarefa que 10 operários executam em 20 dias, devemos esperar que 5 Vamos formalizar a divisão, chamando de x o que A tem a receber, e
operários a realizem em 40 dias. de y o que B tem a receber.

Matemática 13
APOSTILAS OPÇÃO
Teremos então: maneira: na primeira turma, 10 homens trabalharam durante 5 dias; na
X + Y = 660 segunda turma, 12 homens trabalharam durante 4 dias. Estamos consi-
derando que os homens tinham a mesma capacidade de trabalho. A em-
X Y preiteira tinha $ 29.400,00 para dividir com justiça entre as duas turmas de
= trabalho. Como fazê-lo?
6 5
Essa divisão não é de mesma natureza das anteriores. Trata-se aqui
Esse sistema pode ser resolvido, usando as propriedades de de uma divisão composta em partes proporcionais, já que os números
proporção. Assim: obtidos deverão ser proporcionais a dois números e também a dois outros.
X + Y
= Substituindo X + Y por 660, vem: Na primeira turma, 10 homens trabalharam 5 dias, produzindo o
6 + 5 mesmo resultado de 50 homens, trabalhando por um dia. Do mesmo
modo, na segunda turma, 12 homens trabalharam 4 dias, o que seria
660 X 6 ⋅ 660
= ⇒ X = = 360 equivalente a 48 homens trabalhando um dia.
11 6 11
Para a empreiteira, o problema passaria a ser, portanto, de divisão
Como X + Y = 660, então Y = 300 diretamente proporcional a 50 (que é 10 . 5), e 48 (que é 12 . 4).

Concluindo, A deve receber $ 360,00 enquanto B, $ 300,00. Para dividir um número em partes de tal forma que uma delas
seja proporcional a m e n e a outra a p e q, basta divida esse
4.2 Inversamente proporcional número em partes proporcionais a m . n e p . q.
E se nosso problema não fosse efetuar divisão em partes diretamente
proporcionais, mas sim inversamente? Por exemplo: suponha que as duas
pessoas, A e B, trabalharam durante um mesmo período para fabricar e Convém lembrar que efetuar uma divisão em partes inversamente
vender por $ 160,00 um certo artigo. Se A chegou atrasado ao trabalho 3 proporcionais a certos números é o mesmo que fazer a divisão em partes
dias e B, 5 dias, como efetuar com justiça a divisão? O problema agora é diretamente proporcionais ao inverso dos números dados.
dividir $160,00 em partes inversamente proporcionais a 3 e a 5, pois deve
ser levado em consideração que aquele que se atrasa mais deve receber Resolvendo nosso problema, temos:
menos. Chamamos de x: a quantia que deve receber a primeira turma; y: a
quantia que deve receber a segunda turma. Assim:
Dividir um número em partes inversamente proporcionais a outros x y x y
números dados é encontrar partes desse número que sejam = ou =
diretamente proporcionais aos inversos dos números dados e 10 ⋅ 5 12 ⋅ 4 50 48
cuja soma reproduza o próprio número. x + y x
⇒ =
50 + 48 50
No nosso problema, temos de dividir 160 em partes inversamente
proporcionais a 3 e a 5, que são os números de atraso de A e B. Vamos
formalizar a divisão, chamando de x o que A tem a receber e de y o que B 29400 x
Como x + y = 29400, então =
tem a receber. 98 50
x + y = 160
29400 ⋅ 50
⇒ x = ⇒ 15.000
x y
Teremos: = Portanto y = 14 400.
1 1
3 5 Concluindo, a primeira turma deve receber $15.000,00 da empreiteira,
e a segunda, $ 14.400,00.
Resolvendo o sistema, temos:
Observação: Firmas de projetos costumam cobrar cada trabalho
usando como unidade o homem-hora. O nosso problema é um exemplo
x + y x x + y x em que esse critério poderia ser usado, ou seja, a unidade nesse caso
= ⇒ =
1 1 1 8 1 seria homem-dia. Seria obtido o valor de $ 300,00 que é o resultado de 15
+ 000 : 50, ou de 14 400 : 48.
3 5 3 15 3
Mas, como x + y = 160, então
Porcentagem
160 x
160 1
= ⇒ x = ⋅ ⇒
8 1
8 3 1. INTRODUÇÃO
15 3
15 Quando você abre o jornal, liga a televisão ou olha vitrinas,
freqüentemente se vê às voltas com expressões do tipo:
15 1 • "O índice de reajuste salarial de março é de 16,19%."
⇒ x = 160 ⋅ ⋅ ⇒ x = 100 • "O rendimento da caderneta de poupança em fevereiro foi de
8 3 18,55%."
• "A inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 381,1351.
Como x + y = 160, então y = 60. Concluíndo, A deve receber $ 100,00
• "Os preços foram reduzidos em até 0,5%."
e B, $ 60,00.
Mesmo supondo que essas expressões não sejam completamente
4.3 Divisão proporcional composta desconhecidas para uma pessoa, é importante fazermos um estudo
Vamos analisar a seguinte situação: Uma empreiteira foi contratada organizado do assunto porcentagem, uma vez que o seu conhecimento é
para pavimentar uma rua. Ela dividiu o trabalho em duas turmas, pro- ferramenta indispensável para a maioria dos problemas relativos à Mate-
metendo pagá-las proporcionalmente. A tarefa foi realizada da seguinte mática Comercial.
Matemática 14
APOSTILAS OPÇÃO
2. PORCENTAGEM Assim:
O estudo da porcentagem é ainda um modo de comparar números Grandeza 1: tempo Grandeza 2: distância percorrida
usando a proporção direta. Só que uma das razões da proporção é um (horas) (km)
fração de denominador 100. Vamos deixar isso mais claro: numa situação
em que você tiver de calcular 40% de $ 300,00, o seu trabalho será de- 6 900
terminar um valor que represente, em 300, o mesmo que 40 em 100. Isso
pode ser resumido na proporção: 8 x
40 x
=
100 300 Observe que colocamos na mesma linha valores que se
correspondem: 6 horas e 900 km; 8 horas e o valor desconhecido.
Então, o valor de x será de $ 120,00. Vamos usar setas indicativas, como fizemos antes, para indicar a na-
Sabendo que em cálculos de porcentagem será necessário utilizar tureza da proporção. Se elas estiverem no mesmo sentido, as grandezas
sempre proporções diretas, fica claro, então, que qualquer problema são diretamente proporcionais; se em sentidos contrários, são inversa-
dessa natureza poderá ser resolvido com regra de três simples. mente proporcionais.
Nesse problema, para estabelecer se as setas têm o mesmo sentido,
3. TAXA PORCENTUAL foi necessário responder à pergunta: "Considerando a mesma velocidade,
O uso de regra de três simples no cálculo de porcentagens é um re- se aumentarmos o tempo, aumentará a distância percorrida?" Como a
curso que torna fácil o entendimento do assunto, mas não é o único cami- resposta a essa questão é afirmativa, as grandezas são diretamente
nho possível e nem sequer o mais prático. proporcionais.
Para simplificar os cálculos numéricos, é necessário, inicialmente, dar
nomes a alguns termos. Veremos isso a partir de um exemplo. Já que a proporção é direta, podemos escrever:
Exemplo: 6 900
Calcular 20% de 800. =
20 8 x
Calcular 20%, ou de 800 é dividir 800 em 100 partes e tomar
100 7200
20 dessas partes. Como a centésima parte de 800 é 8, então 20 dessas Então: 6 . x = 8 . 900 ⇒ x = = 1 200
partes será 160. 6
Concluindo, o automóvel percorrerá 1 200 km em 8 horas.
Chamamos: 20% de taxa porcentual; 800 de principal; 160 de
porcentagem. Vamos analisar outra situação em que usamos a regra de três.
Um automóvel, com velocidade média de 90 km/h, percorre um certo
Temos, portanto: espaço durante 8 horas. Qual será o tempo necessário para percorrer o
 Principal: número sobre o qual se vai calcular a porcentagem. mesmo espaço com uma velocidade de 60 km/h?
 Taxa: valor fixo, tomado a partir de cada 100 partes do principal.
 Porcentagem: número que se obtém somando cada uma das 100 Grandeza 1: tempo Grandeza 2: velocidade
partes do principal até conseguir a taxa. (horas) (km/h)

A partir dessas definições, deve ficar claro que, ao calcularmos uma 8 90


porcentagem de um principal conhecido, não é necessário utilizar a mon-
tagem de uma regra de três. Basta dividir o principal por 100 e tomarmos x 60
tantas destas partes quanto for a taxa. Vejamos outro exemplo.
A resposta à pergunta "Mantendo o mesmo espaço percorrido, se
Exemplo: aumentarmos a velocidade, o tempo aumentará?" é negativa. Vemos,
Calcular 32% de 4.000. então, que as grandezas envolvidas são inversamente proporcionais.
Primeiro dividimos 4 000 por 100 e obtemos 40, que é a centésima
parte de 4 000. Agora, somando 32 partes iguais a 40, obtemos 32 . 40 ou Como a proporção é inversa, será necessário invertermos a ordem
1 280 que é a resposta para o problema. dos termos de uma das colunas, tornando a proporção direta. Assim:

Observe que dividir o principal por 100 e multiplicar o resultado dessa 60


32
divisão por 32 é o mesmo que multiplicar o principal por ou 0,32. x 90
100
Vamos usar esse raciocínio de agora em diante : Escrevendo a proporção, temos:
8 60 8 ⋅ 90
Porcentagem = taxa X principal = ⇒ x= = 12
x 90 60
Concluíndo, o automóvel percorrerá a mesma distância em 12 horas.

Regra de três simples é um processo prático utilizado para resolver


Regra de três simples e composta problemas que envolvam pares de grandezas direta ou inversamente
proporcionais. Essas grandezas formam uma proporção em que se
conhece três termos e o quarto termo é procurado.
REGRA DE TRÊS SIMPLES

Retomando o problema do automóvel, vamos resolvê-lo com o uso da REGRA DE TRÊS COMPOSTA
regra de três de maneira prática. Vamos agora utilizar a regra de três para resolver problemas em que
Devemos dispor as grandezas, bem como os valores envolvidos, de estão envolvidas mais de duas grandezas proporcionais. Como exemplo,
modo que possamos reconhecer a natureza da proporção e escrevê-la. vamos analisar o seguinte problema.

Matemática 15
APOSTILAS OPÇÃO
Numa fábrica, 10 máquinas trabalhando 20 dias produzem 2 000 pe-
ças. Quantas máquinas serão necessárias para se produzir 1 680 peças EXEMPLO 1 - Resolver a equação:
em 6 dias?
Como nos problemas anteriores, você deve verificar a natureza da 5x - 4 + x = -2 + 2x
proporção entre as grandezas e escrever essa proporção. Vamos usar o
mesmo modo de dispor as grandezas e os valores envolvidos. 5x + x - 2x = -2 + 4
Grandeza 1: Grandeza 2: Grandeza 3:
número de máquinas dias número de peças Efetuando as operações: 4x = + 2
2
10 20 2000 Isolando a incógnita x: x =
4
x 6 1680 1
Simplificando: x =
2
Natureza da proporção: para estabelecer o sentido das setas é 1
Resposta: a raiz ou solução é .
necessário fixar uma das grandezas e relacioná-la com as outras. 2
Supondo fixo o número de dias, responda à questão: "Aumentando o
número de máquinas, aumentará o número de peças fabricadas?" A x x
EXEMPLO 2 -Resolver a equação − + − 2 = −3x + 5
resposta a essa questão é afirmativa. Logo, as grandezas 1 e 3 são dire- 3 4
tamente proporcionais. Como os termos não têm o mesmo denominador, temos de reduzi-los
ao mesmo denominador, tirando o M.M.C. dos mesmos.
Agora, supondo fixo o número de peças, responda à questão: "Au-
mentando o número de máquinas, aumentará o número de dias neces- x x 2 3x 5
− + − =− +
sários para o trabalho?" Nesse caso, a resposta é negativa. Logo, as gran- 3 4 1 1 1
dezas 1 e 2 são inversamente proporcionais. M.M.C. ( 3, 4 ) = 12
Para se escrever corretamente a proporção, devemos fazer com que 4x 3x 24 36x 60
as setas fiquem no mesmo sentido, invertendo os termos das colunas
− + − =− +
12 12 12 12 12
convenientes. Naturalmente, no nosso exemplo, fica mais fácil inverter a
coluna da grandeza 2. Eliminando os denominadores:
- 4x + 3x - 24 = -36x + 60
10 6 2000 - 4x + 3x + 36x = 60 + 24
35x = 84
84
x 0 1680 x=
35
Agora, vamos escrever a proporção: 84
Resposta: a raiz ou solução é .
10 6 2000 35
= ⋅
x 20 1680
EQUAÇÕES COM PARÊNTESES
(Lembre-se de que uma grandeza proporcional a duas outras é
proporcional ao produto delas.)
Para resolver uma equação envolvendo parênteses, devemos
10 12000 10 ⋅ 33600 obedecer às seguintes instruções:
= ⇒ x= = 28 eliminar os parênteses;
x 33600 12000
resolver a equação sem parênteses.
Concluíndo, serão necessárias 28 máquinas.
EXEMPLO 3 - Resolver a equação
3x + (2 – x) = 4
Regra de três composta é um processo prático utilizado para
3x + 2 – x = 4
resolver problemas que envolvem mais de duas grandezas
3x – x = 4 – 2
proporcionais.
2x = 2
2
x=
2
x=1
Resposta: a raiz ou solução é 1.
Equações de Primeiro e Segundo Graus
EXEMPLO 4 - Resolver a equação
e Aplicações. Sistema de Equações de
4x – 3 . (4x – 2 – x) = 5 + 3x
Primeiro Grau e Aplicações. Para eliminarmos os parênteses, efetuamos a multiplicação indicada:
4x – 12x + 6 + 3x = 5 + 3x
4x – 12x + 3x – 3x = 5 – 6
EQUAÇÕES SEM PARÊNTESES – 8x = –1
Para resolver uma equação sem parênteses, obedecemos as ( multiplicando por –1)
seguintes instruções: 8x = 1
• eliminar denominadores, quando for o caso;
• transpor para o primeiro membro todos os termos que contêm a
1
x=
incógnita, e transpor para o segundo membro todos os termos 8
que não contêm a incógnita (mudando o seu sinal, é claro); 1
• efetuar as operações indicadas; Resposta: .a raiz ou solução da equação é .
• isolar a incógnita. 8
Matemática 16
APOSTILAS OPÇÃO
EXEMPLO 5 - Resolver a equação PROBLEMAS DO PRIMEIRO GRAU
6 + 4x − 4x + 2
−2= +4 Para resolvermos algebricamente um problema do 1º grau com uma
3 5
M.M.C (3, 5) =15 incógnita, devemos seguir as seguintes instruções:
5(6 + 4x) 30 3(-4x + 2) 60 1º) escolher uma letra qualquer, por exemplo a letra x, para
- = + representar o elemento desconhecido que desejamos calcular;
15 15 15 15 2º) usando essa letra, estabelecer a equação do problema;
Eliminando os parênteses e o denominador: 3º) resolver a equação;
30 + 20x - 30 = –12x + 6 + 60 4º) verificar o resultado.
20x + 12x = +6 + 60 - 30 + 30
32x = 66 EXEMPLO 1 - Qual é o número que, somado com 9, é igual a 20?
66 Solução: número: x
x= Equação: x + 9 = 20
32 Resolução: x = 20 – 9
33 x = 11
x=
16 Verificação: número: 11
33 11 + 9 = 20
Resposta: a raiz ou solução é
16 EXEMPLO 2 - Qual o número que adicionado a 15, é igual a 31?
Solução: x + 15 = 31
EXEMPLO 6 - Resolver a equação x = 31 – 15
5x + 3 = x + 7 – 4x x = 16
Resolução:
5x + 3 = x + 7 – 4x EXEMPLO 3 - Subtraindo 25 de um certo número obtemos 11. Qual é
5x – x + 4x = 7 – 3 esse número?
8x = 4 Solução : x – 25 = 11
4 x = 11 + 25
x= x = 36
8 EXEMPLO 4 - O triplo de um número menos 7 é igual a 80. Qual é o
1 número?
x=
2 Número: x Equação: 3x – 7 = 80
3x = 80 + 7
EXEMPLO 7 - Resolver a equação 4 + 2(x – 3) = 0 3x = 87
4 + 2(x – 3) = 0 87
4 + 2x – 6 = 0 x=
2x = 6 – 4 3
2x = 2 x = 29
2 EXEMPLO 5 - A soma de dois números é igual a. 50. O número maior
x= é o quádruplo do menor. Calcule os números:
2
x=1 número menor: x
número maior: 4x
EXEMPLO 8 - Resolver a equação equação: x + 4x = 50
8x – 13 = x + 5 + 2x 5x = 50
8x – x – 2x =13 + 5 x = 10
número menor: 10
18
5x = 18 ∴ x = número maior: 4 . 10 = 40
5 10 + 40 = 50
Resposta: os números são 10 e 40.
EXEMPLO 9 - Resolver a equação
3x + (6x – 2) = x – (2x + 3) EXEMPLO 6 - Qual é o número que somado a seu dobro é igual a
3x + 6x – 2 = x – 2x – 3 18?
3x + 6x – x + 2x = –3 + 2 x + 2x = 18
10x = –1 3x = 18
1 x = 18 = 6
x=– 3
10
Resposta: x = 6
EXEMPLO 10 - Resolver a equação
Exercícios:
3x + 10 4x − 1
= A soma do triplo de um número com 15 é igual a 78. Qual é o
4 3 número?
3(3 x + 10) 4(4 x − 1) Resposta: x = 21
=
12 12
3(3x + 10) = 4(4x – 1) A soma da metade de um número com 16 é igual a 30. Calcule o
9x + 30 =16x – 4 número.
9x – 16x.= – 4 – 30 Resposta: x = 28
–7x = –34 (multiplicando por –1)
7x = 34 Somando-se 8 unidades ao quádruplo de um número, o resultado é
60. Calcule o número.
34 Resposta: x = 13
x=
7
Matemática 17
APOSTILAS OPÇÃO
21 2) Resolver a equação
A soma da metade de um número com o seu triplo é igual a .
2 x(x + 3) + (x – 2)2 = 4
Calcule o número. x(x + 3) + (x – 2)2 = 4
Resposta: x = 3 x2 + 3x + x2 – 4x + 4 = 4
x2 + 3x + x2 – 4x + 4 – 4 = 0
2x2 – x = 0
EQUAÇÕES DE 2º GRAU x . ( 2x –1) = 0
x = 0 ou
DEFINIÇÃO 1
Denomina-se equação do 2º grau com uma variável toda equação da 2x − 1 = 0 ⇒ 2x = 1 ⇒ x =
2
forma: ax2 + bx + c = 0
1
onde x é a variável e a,b,c ∈ R, com a ≠ 0. S = { 0, }
2
Assim, são equações do 2º grau com uma variável:
2x2 – 5x + 2 = 0
3) Resolver a equação
a = 2, b = –5, c=2
x2 – 16 = 0
2
6x + 7x + 1 = 0 x2 = 16
a = 6, b = 7, c=1
x = + 16
y2 + 5y – 6 = 0
x=+4
a = 1, b = 5, c=–6
x = + 4 ou x = – 4
x2 + 0x – 9 = 0
S = {– 4, 4 }
a =1, b=0 c = –9 4) Resolver a equação
2
–2t – 6t + 0 = 0 5x2 – 45 = 0
a = –2, b = – 6, c=0 5x2 – 45 = 0
5x2 = 45
COEFICIENTES DA EQUAÇÃO DO 2º GRAU 45
Os números reais a, b, c são denominados coeficientes da equação x2 =
5
do 2º grau, e:
x2 = 9
 a é também o coeficiente do termo em x2
 b é sempre o coeficiente do termo em x x =+ 9
 c é chamado termo independente ou termo constante. x = +3
Assim, na equação do 2º grau 5x2 – 6x + 1, seus coeficientes são: x = +3 ou x = –3
a= 5 b=–6 c=1 S = {–3, 3 }

EQUAÇÕES COMPLETAS E EQUAÇÕES INCOMPLETAS 5) Resolver a equação 2x2 – 10 = 0


Sabemos, pela definição, que o coeficiente a é sempre diferente de 2x2 – 10 = 0
zero, porém, os coeficientes b e c podem ser nulos. Assim: 2x2 = 10
Quando b e c são diferentes de zero, a equação se diz completa: 10
Exemplos: x2 =
2x2 – 3x + 1 = 0 2
y2 – 4y + 4 = 0 são equações completas x2 = 5
–5t2 + 2t + 3 = 0 x=± 5
Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação se diz incompleta. x=+ 5 ou x = – 5
Neste caso, é costume escrever a equação sem o termo de coeficiente
nulo. S={– 5, 5}
Exemplos:
x2 - 4 = 0, em que b = 0 6) Resolver a equação x2 – 4m2 = 0
não está escrito o termo em x x2 – 4m2 = 0
x2 = 4m2
y2 + 3y = 0, em que c = 0 x = + 4m 2
x = ± 2m
não está escrito o termo independente
x = +2m ou x = – 2m
S = { – 2m, 2m }
5x2 = 0, em que b = c = 0
Para resolver equações completas usamos a fórmula:
não estão escritos o termo em x e o termo
independente −b± ∆
x= onde ∆ = b 2 - 4ac
RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES
2a
1) Resolver a equação −b
Se for nulo ( ∆ = 0) usamos a fórmula: x =
x2 – 5x = 0 2a
x2 – 5x = 0
x . (x – 5) = 0 7) Resolver a equação x2 – 5x + 6 = 0
x2 – 5x + 6 = 0
x = 0 ou (raiz da equação)
a =1; b = – 5 e c = 6
x –5 = 0 => x = 5 (raiz da equação)
∆ = b2 – 4ac = (–5)2 – 4(1).(6) = 25 – 24 = 1
S = { 0, 5 }

Matemática 18
APOSTILAS OPÇÃO
RESPOSTAS
−b± ∆ − ( − 5) ± 1 5 ± 1 01)
x= = =
2a 2(1) 2 a) S = { –1, 1 } b) S = { –9, 9 }
c) S = { 0, 10 } d) S = { –2/3, 2/3 }
5+1 6 e) S = { 0, –7 } f) S = { 0, 5/3 }
x' = = =3
2 2 g) S = { –3, 3 } h) S = { - 5 , 5 }
5 −1 4 i) S = { 0, 1/4 } j) S = { –6, 6 }
x' ' = = =2 l) S = { 0, – 3/2 } m) S = ∅
2 2
n) S = { – 1, 1 } o) S = { 0, 1 }
S = { 2, 3 }
p) S = { –1/5, 1/5 }

8) Resolver a equação x(x – 4) = 2 02)


x(x – 4) = 2 a) S = { 0, 5 } b) S = { – 8, 8 }
c) S = { – 7, 7 } d) S = { 0, – 4 }
x2 – 4x = 2 e) S = { 0, 5 } f) S = { – 5, 5 }
x2 – 4x – 2 = 0 g) S = { 0, 1 } h) S = { – 6, 6 }
a = 1; b = – 4 e c = – 2
03)
∆ = b2 – 4 a c =, (– 4)2 – 4(1) (–2) = 24 a) S = { – 4, 5 } b) S = { 3, 4 }
c) S = { –1, 1/3 } d) S = {– 3 }
e) S = ∅ f) S = { – 1, 4/3 }
−b± ∆ − ( − 4) ± 24 4±2 6 g)S={ 1 − 2 , 1+ 2 } h) S = { –1/2, 1/3 }
x= = =
2a 2(1) 2 i) S = { – 5, 1 } j) S = { 1/4 }
l) S = { –1, 7 } m) S = ∅
4+2 6
x' = = 2+ 6
2 04)
a) S = { 1, 3 } b) S = { – 1, 2 }
4−2 6 d) S = { 1 }
x" = = 2− 6 c) S = ∅
2 e) S = { – 1, 4 } f) S = { –1, 1/2 }
g) S = { – 3 } h) S = { – 3/2, 6 }
S = { 2 – 6 , 2+ 6 }
PROBLEMAS DO 2º GRAU
EXERCÍCIOS A resolução de um problema de 2º grau constitui-se de três fases:
01) Resolva no conjunto R as seguintes equações incompletas do 2º  Estabelecer a equação ou o sistema de equações
grau: correspondentes ao problema,
a) x2 – 1 = 0 b) y2 – 81 = 0  Resolver a equação ou o sistema,
c) x2 – 10x = 0 d) 9x2 – 4 = 0  Interpretar a solução encontrada,
e) t2 + 7t = 0 f) 3y2 – 5y = 0
g) – 2x2 +18 = 0 h) 2u2 – 10 = 0 1º exemplo: A soma do quadrado com o dobro de um número real é
i) 4x2 – x = 0 j) 3y2 – 108 = 0 igual a 48, Calcular esse número.
l) 8x2 +12x = 0 m) x2 +16 = 0 Solução:
n) 6t2 – 6 = 0 o) –10x2 + 10x = 0 Número: x Equação: x2 + 2x = 48
p) – 25v2 +1 = 0 a=1
x2 + 2x = 48 b = 2
02) Resolva no conjunto R as seguintes equações incompletas do 2º c = –48
grau:
a) x2 + x(2x – 15) = 0
b) (x – 4)(x + 3) + x = 52
∆ = (2)2 – 4(1)(–48) = 4 + 192 = 196
c) (x + 3)2 + (x – 3)2 – 116 = 0 − ( 2) ± 196 − 2 ± 14
d) (4 + 2x)2 – 16 = 0 x= =
e) ( t – 1 )2 = 3t + 1 2(1) 2
f) (5 + x)2 – 10(x + 5) = 0 12 16
g) 3y(y + 1) + (y – 3)2 = y+9 x' = = 6 e x" = - = −8
h) 2x(x+1) = x(x + 5) + 3(12 – x) 2 2

03) Resolva no conjunto R as seguintes equações do 2.º grau: Como 6 ou – 8 são números reais, tanto um como outro valem para a
a) x2 – x – 20 = 0 b) x2 – 7x + 12 = 0 resposta.
c) 3y2 + 2y – 1 = 0 d) x2 + 6x + 9 = 0 Resposta: O número pedido é 6 ou – 8.
e) 9x2 – 6x + 5 = 0 f) –3t2 + t + 4 = 0
g) x2 – 2x –1 = 0 h) 6y2 + y – 1 = 0 2º exemplo: A diferença entre certo número natural e o seu inverso é
i) u2 + 4u – 5 = 0 j) –16x2 + 8x –1= 0 igual a 15/4. Calcular esse número.
2
l) x – 6x – 7 = 0 m) 2y2 – y + 1 = 0 Solução:
1 15
04) Resolva no conjunto R as seguintes equações do 2º grau: Número: x Equação: x− =
a) x2 – 2x = 2x – 3 b) y2 – 2 – y = 0 x 4
c) 2x2 = 5x – 6 d) t2 – t = t – 1 4x2 − 4 15x
e) x2 – 3x = 4 f) 3y2 + y = y2 +1 Resolução: =
g) x2 – 9 = 2x2 + 6x h) v2 + 9v + 16 = 3v2 – 2 4x 4x
a = 4; b = –15 e c=–4

Matemática 19
APOSTILAS OPÇÃO
∆ = (–15)2 – 4(4)(–4) = 225 + 64 = 289 O metro quadrado, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no
quadro seguinte:
− ( − 15) ± 289 15 ± 17
x= = Múltiplos Unidade Submúltiplos
2( 4) 8
32 2 1 Nome quilômet hectôme decâmet metro decím centí milím
x' = =4 e x' ' = - =− ro tro ro quadrad etro metro etro
8 8 4 quadrad quadrad quadrad o quadr quadr quadr
o o o ado ado ado
Interpretação:
O número – 1/4 não vale para a resposta, pois não é número natural.
Símbo km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Resposta: 0 número pedido é 4. lo

3º exemplo: Dados dois números naturais, o maior supera o menor Valor 1 000 10 000 100 m2 1 m2 0,01 0,000 0,000
em 5 unidades. Sabendo-se que o produto deles é 14, determinar os dois 000m2 m2 m2 1 m2 001
números. m2
Solução:Menor número: x Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
Maior número: x + 5 de área ê cem vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Assim,
podemos escrever:
Equação: x(x + 5) = 14
1 km2 = 100 hm2 1m2 = 100 dm2
Resolução: x2 + 5x = 14 1 hm2 = 100 dam2 1 dm2 = 100 cm2
x2 + 5x – 14 = 0 1 dam2 = 100 m2 1 cm2 = 100 mm2
Resolvendo a equação encontramos as respostas: x' = 2 e x" = –7
MEDIDAS DE VOLUME
Medir um solido, ou a -"quantidade de espaço" ocupada por ele sig-
Interpretação: nifica compara-lo com outro sólido tomado como unidade. A medida de um
O número –7 não vale para resposta, pois não é número natural. sólido É chamada volume do sólido.
Logo, devemos ter: x = 2 (menor) e x + 5 = 2 + 5 = 7 (maior). Essa unidade é chamada metro cúbico e é representada por m3. O
metro cúbico, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no quadro
Resposta: os números pedidos são 2 e 7. seguinte:
Múltiplos Unidade Submúltiplos
quilômetr hectô decâmetro metro Decí- Centí- milímetro
Nome o metro cúbico cúbico metro metro cúbico
SISTEMA LEGAL DE MEDIDAS cúbico cúbico cúbico cúbico

MEDIDAS DE COMPRIMENTO Símbolo km3 hm3 dam3 m3 cm3 dm3 mm3


As medidas lineares de comprimento têm como unidade legal o metro,
representado por m. Assim, medir uma distancia significa compara-la com Valor 1 000 000 1 000 1000 m3 1 m3 0,001 0,00000 0,0000000
o metro e determinar quantas vezes ela o contém. 000m3 000m3 m3 1 m3 01 m3
Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
No quadro abaixo, vemos o metro, seus múltiplos e submúltiplos. de volume é mil vezes maior que a unidade imediatamente inferior.
Múltiplos Uni Submúltiplos Assim, podemos escrever:
dad 1 km3 = 1000 hm3 1m3 = 1000 dm3
3
1 hm = 1000 dam 3 1 dm3 = 1000 cm3
e
Nome quilô hectôme decâmet met decímet centímet milímetr 1 dam3 = 1000 m3 1 cm3 = 1000 mm3
metro tro ro ro ro ro o
Símbo km hm dam m dm cm mm MEDIDAS DE CAPACIDADE
lo A capacidade, por ser um volume, pode ser medida em unidades vo-
Valor 1000 100 m 10 m 1 m 0,1 m 0,01 m 0,001 m lume, já estudadas. Todavia, uma unidade prática - o litro ( l ) – foi defini-
m da, de acordo com a seguinte condição:
1 litro = 1 dm3
Observando a quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
de comprimento é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior. ou seja, 1 litro eqüivale ao volume de um cubo de 1 dm de aresta. O
Assim, podemos escrever: litro, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no quadro seguinte:
1 km = 10 hm 1m = 10 dm Múltiplos Unidade Submúltiplos
1 hm = 10 dam 1 dm = 10 cm Nome hectolitro decalitro litro decilitro centilitro mililitro
1 dam = 10 m 1 cm = 10 mm
Símbolo hl dal l dl cl ml
MEDIDAS DE SUPERFÍCIE
Medir uma superfície é compará-la com outra superfície tomada como Valor
unidade. A medida de uma superfície é chamada área da superfície.
100 l 10 l 1 l 0,1 l 0,01 l 0,001 l
A unidade legal de medida da área de uma superfície é a área de um Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
quadrilátero cujos lados medem 1 metro e que tem a seguinte forma: de capacidade é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior.
1m Assim, podemos escrever:
1 hl = 10 dal
1m 1m 1dal = 10 litros
1 litro = 10 dl
1m 1 dl = 10 cl
Essa unidade é chamada metro quadrado e representada por m2 . 1 cl = 10 ml

Matemática 20
APOSTILAS OPÇÃO
MEDIDAS DE MASSA
A unidade legal adotada para medir a massa dos corpos é o quilo-
grama (kg). Na prática, costuma-se usar como unidade-padrão o grama
(g), que corresponde a milésima parte do quilograma, o grama, seus
múltiplos e submúltiplos são apresentados no seguinte quadro:
10. GEOMETRIA PLANA. 10.1. Figuras
Múltiplos Unidade Submúltiplos geométricas simples: reta, semirreta,
Nome quilogra hectogra decagra grama decigr centigra miligra segmento, ângulo plano, polígonos pla-
ma ma ma ama ma ma nos, circunferência e círculo. 10.2. Con-
gruência de figuras planas. 10.3. Seme-
Símbolo kg hg dag g dg cg mg
lhança de triângulos. 10.4. Relações
0,001 métricas nos triângulos, polígonos regu-
Valor 1 000 g 100 g 10 g 1g 0,1 g 0,01 g g lares e círculos. 10.5. Áreas de polígo-
nos, círculos, coroa e sector circular.

Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade


de massa é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Assim, GEOMETRIA PLANA
podemos escrever:
1 kg = 10 hg 1.POSTULADOS
1 g = 10 dg - A reta é ilimitada; não tem origem nem extremidades.
1 hg = 10 dag - Na reta existem infinitos pontos.
1 dg = 10 cg - Dois pontos distintos determinam uma única reta (AB).
1 dag = 10 g
1 cg = 10 mg 2. SEMI-RETA
Um ponto O sobre uma reta divide-a em dois subconjuntos,
MEDIDAS DE TEMPO denominando-se cada um deles semi-reta.
Por não pertencerem ao sistema métrico decimal, apresentamos aqui
um rápido estudo das medidas de tempo.

A unidade legal para a medida de tempo é o segundo. os seus


múltiplos são apresentados no quadro seguinte:

unidade Múltiplos
nome segundo minuto hora dia

símbolo s min h d
3. SEGMENTO
24 h = 1 440 Sejam A e B dois pontos distintos sobre a reta AB . Ficam
valor 1s 60 s 60 min = 3 600 s min = 86 400 s
determinadas as semi-retas: AB e BA .
As medidas de tempo inferiores ao segundo não têm designação
própria; utilizamos, então, submúltiplos decimais.
Assim, dizemos: décimos de segundo, centésimos de segundo, ou
AB ∩ BA = AB
milésimos de segundo.
A intersecção das duas semi-retas define o segmento AB .
Utilizam-se também as unidades de tempo estabelecidas pelas con-
venções usuais do calendário civil e da Astronomia, como, por exemplo, 1
mês, o ano, o século, etc.
Da análise do quadro apresentado e da observação 2, podemos
afirmar que:
1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3 600 s
1 d = 24 h 1 mês = 30 d
1 ano = 12 meses 1 século = 100 anos
Para efetuar a mudança de uma unidade para outra, devemos
multiplicá-la (ou dividi-la) pelo valor dessa unidade: - ÂNGULO
10 min = 600 s - equivale a 10 . 60 = 600 A união de duas semi-retas de mesma origem é um ângulo.
2400 s = 40 min - equivale a 2400 . 60 = 40
12 h = 720 min - equivale a 12 . 60 = 720
1 d = 86400s - equivale a 1440 min . 60 = 86 400

MEDIDAS AGRÁRIAS
As medidas agrárias são utilizadas para medição de grandes lotes de
terras, tais como: sítios, fazendas, etc.
As principais medidas agrárias utilizadas no Brasil são:
1º) 1 Hectare = 10.000 m2
2º) 1 Alqueire Paulista = 24.400 m2
3º) 1 Alqueire Mineiro = 48.800 m2

Matemática 21
APOSTILAS OPÇÃO
- ANGULO RASO São ângulos cuja soma é igual a um reto.
É formado por semi-retas opostas.

- ANGULOS SUPLEMENTARES
São ângulos que determinam por soma um ângulo raso. - REPRESENTAÇÃO
x é o ângulo; (90° - x) seu complemento e (180° - x) seu suplemento.

- BISSETRIZ
É a semi-reta que tem origem no vértice do ângulo e o divide em dois
ângulos congruentes.

- CONGRUÊNCIA DE ÂNGULOS
O conceito de congruência é primitivo. Não há definição.
lntuitivamente, quando imaginamos dois ângulos coincidindo ponto a
ponto, dizemos que possuem a mesma medida ou são congruentes (sinal
de congruência: ≅ ).

- ANGULOS OPOSTOS PELO VÉRTICE


São ângulos formados com as semi-retas apostas duas a duas.
Ângulos apostos pelo vértice são congruentes (Teorema).

- ÂNGULO RETO
Considerando ângulos suplementares e congruentes entre si, diremos
que se trata de ângulos retos.

- TEOREMA FUNDAMENTAL SOBRE RETAS PARALELAS


Se uma reta transversal forma com duas retas de um plano ângulos
correspondentes congruentes, então as retas são paralelas.

- MEDIDAS
1 reto ↔ 90° (noventa graus)
1 raso ↔ 2 retos ↔ 180°

1° ↔ 60' (um grau - sessenta minutos)


1' ↔ 60" (um minuto - sessenta segundos)
) )
As subdivisões do segundo são: décimos, centésimos etc. a ≅ m
) )
b ≅n
) )  ângulos correspondentes congruentes
c ≅ p
) )
d ≅ q 

Consequências:
5 ângulos alternos congruentes:
) ) ) )
90o = 89o 59’ 60” d ≅ n = 180 0 (alternos a ≅ p (alternos
) ) ) )
c ≅ m = 180 0 internos) b ≅ q externos)
- ÂNGULOS COMPLEMENTARES

Matemática 22
APOSTILAS OPÇÃO
6 ângulos colaterais suplementares: 5) Na figura, determine x.
) )
a + q = 180 o 
) ) (colaterais externos)
b + p = 180 o 
) )
d + m = 180 o 
) ) (colaterais internos)
c + n = 180 o 
Resolução: Pelos ângulos alternos internos:

- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS x + 30° = 50° ⇒ x = 20°


• Determine o complemento de 34°15'34".
Resolução: - TRIÂNGULOS
- – Ângulos
89° 59' 60"
∆ ABC = AB ∪ BC ∪ CA
- 34° 15' 34"
AB; BC; CA são os lados
55° 44' 26" ) ) )
Resp.: 55° 44' 26" A; B; C são ângulos internos
) ) )
A ex ; Bex ; C ex são angulos externos
• As medidas 2x + 20° e 5x - 70° são de ângulos opostos pelo
vértice. Determine-as.
Resolução:
2x + 20° = 5x - 70° ⇔
⇔ - 70° + 20° = 5x - 2x ⇔
⇔ 90° = 3x ⇔

x = 30°

Resp. : 30°
• As medidas de dois ângulos complementares estão entre si
como 2 está para 7. Calcule-as.
Resolução: Sejam x e y as medidas de 2 ângulos
complementares. LEI ANGULAR DE THALES:
Então:
) ) )
x + y = 90o x + y = 90o A + B + C = 180°
 
 x 2 ⇔ x 2 ⇔
 = y + 1 = + 1
 y 7  7
x + y = 90 o x + y = 90 o
 
x + y 9 ⇔  90 o 9
 y =7  y =7
 
⇒ x = 20° e y = 70°

Resp.: As medidas são 20° e 70°.


Consequências:
• Duas retas paralelas cortadas por uma transversal formam 8 ) )
A + A ex = 180°  ) ) )
 ⇒ Aex = B + C
ângulos. Sendo 320° a soma dos ângulos obtusos internos,
calcule os demais ângulos.
) ) )
A + B + C = 180°

Analogamente:

) ) )
Bex = A + C
Resolução: ) ) )
De acordo com a figura seguinte, teremos pelo enunciado: Cex = B + A

â + â = 320° ⇔ 2â = 320° ⇔ â = 160°


Soma dos ângulos externos:
Sendo b a medida dos ângulos agudos, vem: ) ) )
) ) ) ) Aex + B ex + C ex = 360°
a+b = 180° ou 160° + b
= 180° ⇒ b = 20°
Resp.: Os ângulos obtusos medem 160° e os agudos 20°.

Matemática 23
APOSTILAS OPÇÃO
- – Classificação - - Pontos notáveis do triângulo
1 O segmento que une o vértice ao ponto médio do lado oposto é
denominado MEDIANA.
O encontro das medianas é denominado BARICENTRO.

G é o baricentro
Propriedade: AG = 2GM
BG = 2GN
CG = 2GP

2 A perpendicular baixada do vértice ao lado oposto é denominada


ALTURA.
O encontro das alturas é denominado ORTOCENTRO.

Obs.: Se o triângulo possui os 3 ângulos menores que 90°, é 3 INCENTRO é o encontro das bissetrizes internas do triângulo. (É
acutângulo; e se possui um dos seus ângulos maior do que 90°, é centro da circunferência inscrita.)
obtusângulo.
4 CIRCUNCENTRO é o encontro das mediatrizes dos lados do
- - Congruência de triângulos triângulo, lÉ centro da circunferência circunscrita.)
Dizemos que dois triângulos são congruentes quando os seis
elementos de um forem congruentes com os seis elementos - – Desigualdades
correspondentes do outro.
Teorema: Em todo triângulo ao maior lado se opõe o maior ângulo e
vice-Versa.
Em qualquer triângulo cada lado é menor do que a soma dos outros
dois.

- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
• Sendo 8cm e 6cm as medidas de dois lados de um triângulo,
) ) determine o maior número inteiro possível para ser medida do
A ≅ A'  AB ≅ A' B' terceiro lado em cm.
) ) 
B ≅ B' e  BC ≅ B 'C ' Resolução:
 ) ) 
C ≅ C '  AC ≅ A' C'

⇔ ∆ABC ≅ ∆A' B' C'


- - Critérios de congruência
LAL: Dois triângulos serão congruentes se possuírem dois lados
e o ângulo entre eles congruentes.
LLL: Dois triângulos serão congruentes se possuírem os três
lados respectivamente congruentes.
ALA : Dois triângulos serão congruentes se possuírem dois
ângulos e o lado entre eles congruentes. x < 6 + 8 ⇒ x < 14
LAAO : Dois triângulos serão congruentes se possuírem dois
ângulos e o lado oposto a um deles congruentes. 6 < x + 8 ⇒ x > -2 ⇒ 2 < x < 14
8 < x + 6 ⇒ x > 2

Matemática 24
APOSTILAS OPÇÃO
Assim, o maior numero inteiro possível para medir o terceiro lado é Resolução:
13. a) 80° + x = 120° ⇒ x = 40°
• O perímetro de um triângulo é 13 cm. Um dos lados é o dobro b) x + 150° + 130° = 360° ⇒ x = 80°
do outro e a soma destes dois lados é 9 cm. Calcule as medidas
dos lados. • Determine x no triângulo:
Resolução:
Resolução:

) )
a + b + c = 13 Sendo ∆ABC isósceles, vem: B ≅ C e portanto:
a = 2b 3b = 9 ) ) ) ) )
a + b = 9
B ≅ C = 50° , pois A + B + C = 180 ° .
Assim, x = 80° + 50° ⇒ x = 130°
b =3 a = 6
e - POLIGONOS
O triângulo é um polígono com o menor número de lados possível (n =
Portanto: c = 4 3),
De um modo geral dizemos; polígono de n lados.
As medidas são : 3 cm; 4 cm; 6 cm
- - Número de diagonais
• Num triângulo isósceles um dos ângulos da base mede 47°32'.
Calcule o ângulo do vértice.
Resolução:

n ( n - 3)
d =
2
( n = número de lados )
De 1 vértice saem (n - 3) diagonais.
x + 47° 32' + 47° 32' = 180° ⇔ De n vértices saem n . (n - 3) diagonais; mas, cada uma é
x + 94° 64' = 180° ⇔ considerada duas vezes.
x + 95° 04' = 180° ⇔ x = 180° - 95° 04' ⇔ n ( n - 3)
x = 84° 56' Logo ; d =
rascunho:
2
- - Soma dos ângulos internos
179° 60'
- 95° 04' Si = 180° ( n - 2 )
84° 56'
Resp. : O ângulo do vértice é 84° 56'.
- - Soma dos ângulos externos
• Determine x nas figuras: Se = 360°
a)
- – Quadriláteros
• Trapézio:
"Dois lados paralelos".
AB // DC

b)

• Paralelogramo:
“Lados opostos paralelos dois a dois”.
AB // DC e AD // BC

Matemática 25
APOSTILAS OPÇÃO
AB EF MN
= = = ...
CD GH PQ
AC EG MP
= = = ...
BC FG NP
etc...

Propriedades: SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS


• Lados opostos congruentes. Dada a correspondência entre dois triângulos, dizemos que são
• Ângulos apostos congruentes. semelhantes quando os ângulos correspondentes forem congruentes e os
lados correspondentes proporcionais.
• Diagonais se encontram no ponto médio
CRITÉRIOS DE SEMELHANÇA
• Retângulo:
a) (AA~ ) Dois triângulos possuindo dois ângulos
"Paralelogramo com um ângulo reto".
correspondentes congruentes são semelhantes.
• (LAL~) Dois triângulos, possuindo dois lados proporcionais e
os ângulos entre eles formados congruentes, são
semelhantes.
• (LLL) Dois triângulos, possuindo os três lados
proporcionais, são semelhantes.

Representação:
) )
Propriedades:
Todas as do paralelogramo.
A ≅ A'
) )

• Diagonais congruentes.
• Losango: ∆ABC ~ ∆A'B'C'⇔ B ≅ B' e
"Paralelogramo com os quatro lados congruentes". ) )
C ≅ C'
AB BC AC
= = =k
A'B' B'C' A'C'
razão de semelhança

Exemplo: calcule x
Propriedades:
1. Todas as do paralelogramo.
2. Diagonais são perpendiculares.
3. Diagonais são bissetrizes internas.

• Quadrado:
"Retângulo e losango ao mesmo tempo".

Resolução:

∆ABC ~ ∆MNC ⇔
AB AC x 9
Obs: um polígono é regular quando é equiângulo e equilátero. = ⇒ = ∴x = 6
SEMELHANÇAS
MN MC 4 6
TEOREMA DE THALES
Um feixe de retas paralelas determina sobre um feixe de retas RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO
concorrentes segmentos correspondentes proporcionais.
Na figura:

A é vértice do ângulo reto (Â = 90° )

Matemática 26
APOSTILAS OPÇÃO
) )
B + C = 90°
m = projeção do cateto c sobre a hipotenusa a ⇒ BC = 29 ≅ 5,38 e 29
n = projeção do cateto b sobre a hipotenusa a MB =
H é o pé da altura AH = h. 2

5.1. – Relações AB BC
AB HB b) ∆ABC ~ ∆MBI ⇔ = ou
∆AHB ~ ∆CAB ⇔ ⇔ ⇔ MB BI
CB AB
5 29 29
⇔ AB 2 = CB ⋅ HB = ⇔ BI = = 2,9
29 BI 10
ou c2 = a . m (I) 2
Logo, sendo AI = AB - BI, teremos:
AC HC ⇒
∆AHC ~ ∆BAC ⇔ = ⇔ AI = 5 - 2,9 AI = 2,1
BC AC
⇔ AC 2 = BC ⋅ HC
6. RELAÇÕES MÉTRICAS NO CÍRCULO
ou b2 = a . n (II)

Cada cateto é média proporcional entre a hipotenusa e a sua


projeção sobre a mesma.

AH HB
∆AHB ~ ∆CHA ⇔ = ⇔
CH HA
⇔ AH 2 = CH ⋅ HB
ou h2 = m . n (III)

A altura é média proporcional entre os segmentos que deter-


mina sobre a hipotenusa

Consequências:
(I) + (II) vem: Nas figuras valem as seguintes relações:
2 2
c + b = am + an ⇔ δ 2 =PA . PB=PM . PN
⇔ c 2 + b 2 = a (m + n ) ⇔
a
2 2 2
⇔ c +b = a

5.2. - Teorema de Pitágoras

a2 + b2 = c2
o número δ2 é denominado Potência do ponto

Exemplo: P em relação à circunferência.

Na figura, M é ponto médio de BC , Â = 90° δ 2= d2 − R 2

e = 90°. Sendo AB = 5 e AC = 2, calcule Al. 7. POLÍGONOS REGULARES


M̂ a) Quadrado:

Resolução:
a) Teorema de Pitágoras:
AB = lado do quadrado ( l 4)
BC 2 = AB 2 + AC 2 ⇒ BC 2 = 52 + 2 2 ⇒ OM = apótema do quadrado (a4)

Matemática 27
APOSTILAS OPÇÃO
OA = OB = R = raio do círculo
Relações: S = 6 ⋅ S ∆ABC ⇒ 3R 2 3
• AB = R + R ⇒
2 2 2 S=
2
AB
• OM = ⇒ l4
2 a4 =
2
ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
• Área do quadrado: 2
S4 = l 4
 Retângulo: S=b.h
b) Triângulo equilátero:

 Paralelogramo:
S=b.h

AC = l 3 (lado do triângulo)
OA = R (raio do círculo)
OH = a (apótema do triângulo)
Relações:

 AC2 = AH2 + HC2 ⇒ l3 3 b ⋅h


h= S=
2 2
 Triângulo:
(altura em função do lado)
AO = 2 OH ⇒ (o raio é o dobro do apótema) R = 2a

l 3 = R 3 (lado em função do raio)

 Losango:
l 2
3 D⋅d
S= 3 S=
• Área: 4 2
(área do triângulo equilátero em função do lado)

c) Hexágono regular:

 Trapézio:
S=
(B + b)h
AB = l 6 (lado do hexágono)
2
OA = OB = R (raio do círculo)
OM = a (apótema)

Relações:
• ∆ OAB é equilátero ⇒

a. OM é altura ∆O AB ⇒
R 3
a=
Área: 2 8. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
 Num triângulo retângulo os catetos medem 9 cm e 12 cm.
Calcule as suas projeções sobre a hipotenusa.
Matemática 28
APOSTILAS OPÇÃO
Resolução:

Juros Simples e Compostos

Por definição, juro simples é aquele pago unicamente sobre o capital


inicial, ou principal, sendo diretamente proporcional a esse capital e ao
tempo em que este é aplicado. Pelo regime de capitalização simples o
fator de proporcionalidade é a taxa de juros por período, i.
5. Pitágoras: a2 = b2 + c2 ⇒
JURO SIMPLES ORDINÁRIO
⇒ a2 =122 + 92 ⇒
a = 15 cm Como o período financeiro mais comum é o ano, e pelo costume vi-
gente, as operações com prazos superiores a um ano são, na maior parte
das vezes, avaliadas pelo regime de capitalização composta, resulta que
6. C2 = a . m ⇒ 92 = 15 . m ⇒ m = 5,4 a fórmula do juro simples:
cm J = C . i . n (1)

7. b2 = a . n ⇒ 122 = 15 . n ⇒ n = 9,6 Onde C = capital inicial ou principal;


cm i = taxa de juros do período e
n = prazo de aplicação (é a mais utilizada para períodos n menores do que
 As diagonais de um losango medem 6m e 8m. Calcule o seu um ano)
perímetro:
Resolução: Nessa hipótese, deve-se observar duas normas financeiras comuns:
O ANO CIVIL - considera-se o ano civil como base de cálculo, isto é, o ano
com 365 dias ou 366 dias, conforme seja bissexto ou não. Desse modo, um dia
eqüivale, conforme o caso, à fração 1/365 ou 1/366 do ano.

O ANO COMERCIAL - considera-se o ano comercial como base de


cálculo, isto é, o ano de 360 dias, subdividido em 12 meses de 30 dias cada.
Assim, um dia equivale à fração 1/360 do ano e um mês equivale à fração 1/
12 do ano.

JURO SIMPLES EXATO


Considerando-se o ano civil para o cálculo do juro, deve-se contar o tempo
l = 4 = 3 ⇒ l = 5m
2 2 2
em seu número exato de dias.

Exemplo: O juro de um capital aplicado de 17.3.19XI a 25.6.19XI, é calcu-


O perímetro é: P = 4 X 5 m = 20 m lado sobre 100 dias, número exato de dias decorridos entre as duas datas.
 Calcule x na figura: Sendo n o número exato de dias durante os quais um capital C é colocado
a juros simples, à taxa i, obtém-se o juro calculando n/365, na fórmula (1) : J =
C . i . n/365 ou J = C . i . n/366.

O juro assim calculado, é chamado de juro simples exato.

JURO SIMPLES COMERCIAL


Adotando-se a convenção do ano comercial, deve-se computar o prazo de
acordo com a mesma convenção, isto e, considerando-se cada mês como
tendo 30 dias. Assim, por exemplo, de 17.3.Xl a 25.6.Xl deve-se contar 98 dias,
da seguinte maneira:
Resolução: De 17.3 a 17.6 ...... 90 dias (3 meses)
PA . PB = PM . PN ⇒ 2. ( 2 + x ) = 4 X 10
De 17.6 a 25.6 ...... 8 dias
98 dias
⇔ Representando por n o número de dias de corridos entre as duas
4 + 2 x = 40 ⇔ 2 x = 36 ⇔ datas e, calculando pelo processo acima temos que, um capital C aplicado
à taxa i durante esse prazo, é obtido calculando n/360 na fórmula (1),
⇔ x=18 resultando em J = C . i . n/360 (2)

Denominaremos o juro, assim calculado, de juro simples ordinário ou


 Calcule a altura de um triângulo equilátero cuja área é 9 3 usual.
m2:
Resolução: Como há tabelas que fornecem diretamente o número exato de dias de-
l2 3 l2 3 corridos entre duas datas, na prática bancária, onde as operações, raramente,
S= ⇒9 3= ∴ l = 6m são realiza das a prazo superior a 120 dias, usa-se, freqüentemente, a fórmula
4 4 (2), tomando-se, contudo, para n, o número exato de dias.
l 3 6 3
h= ⇒h= ∴ h=3 3 m Fórmulas Derivadas
2 2 Considerando a fórmula básica (1) para o cálculo do juro em regime
simples de capitalização, podemos, por simples transformação algébrica,

Matemática 29
APOSTILAS OPÇÃO
encontrar o quarto termo ou valor da fórmula, desde que sejam dados os 3. Taxa Nominal e Taxa Efetiva
outros três, assim: Por definição, a taxa nominal é aquela cujo período de capitalização não
a) Para calcular o capital inicial: C=J/i.n coincide com aquele a que ela se refere, ou seja, é aquela em que a unidade
b) Para calcular a taxa de juros: i = J/C . n de referência de seu tempo não coincide com a unidade de tempo dos
c) Para calcular o prazo: n = J/C . i períodos de capitalização. A taxa nominal, normalmente, é dada em termos
anuais, e os períodos de capitalização podem ser diários, mensais, trimestrais,
OBSERVAÇÕES: ou semestrais.
Supõe-se que o juro e o principal são devidos apenas no fim do prazo de
aplicação, a não ser que haja mudança de convenção. Exemplo 1 - São exemplos de taxas nominais:
O prazo de aplicação (n) deve estar expresso na mesma unidade de tem- a) 6% a.a. capitalizados trimestralmente;
po, na fórmula, a que se refere a taxa (i) considerada. b) 30% a.a. capitalizados mensalmente;
c) 18% a.a. capitalizados semestralmente.
Exemplo 1 - Caso uma aplicação seja por 2 anos mas, a taxa de juros
seja expressa em semestre, devemos converter o prazo para semestres. No mercado financeiro, encontramos a taxa nominal sendo muito utilizada
como referência, mas não sendo usada nos cálculos, por não representar uma
2. Taxa Percentual e Taxa Unitária taxa efetiva. Esta, por estar embutida na taxa nominal, é a taxa que realmente
FORMA PERCENTUAL - Neste caso, a taxa diz-se aplicada a centos do interessa, pois ela é que será efetivamente aplicada em cada período de
capital, ou seja, ao que se obtém após dividir-se o capital por 100. A fórmula (1) capitalização.
tomaria, então, as seguintes formas:
J = C . i/100.n ou Exemplo 2 - Aproveitando os mesmos dados do Exemplo 1 vamos
J = C/100 . i . n ou demonstrar como se calcula as taxas efetivas decorrentes das taxas nominais:
J = C . i . n/100 ou • 6% a.a., capitalizados trimestralmente, significa uma taxa efetiva de:
• 6% a.a./4 trimestres =1,5% a.t.
o que é o mesmo que: • 30% a.a., capitalizados mensalmente, significa uma taxa efetiva de:
J = C . i . n/100 (3) • 30% a.a./12 meses = 2,5 a.m.
• 18% a.a., capitalizados semestralmente, significa uma taxa efetiva de:
a partir da qual chega-se à expressão do montante ou valor futuro, como 18% a.a./2 semestres = 9% a.s.
soma do capital e juros:
Uma vez encontradas as taxas efetivas, devemos abandonar as taxas
M = C + C . i . n/100 nominais e efetuar todos os cálculos com as taxas efetivas correspondentes,
ou seja, 1,5% a.t., 2,5% a.m. e 9% a.s.

Exemplo 1 - Calcular o juro que rende um capital de $10.000 aplicado por Devemos ter em mente que a obtenção da taxa efetiva contida na taxa
um ano à taxa de juros de 10% a.a. nominal é feita no regime de juros simples, e que, neste regime, as taxas
Resolução: Utilizando a fórmula (3), temos: nominais serão sempre taxas efetivas. Ainda, por convenção, a taxa efetiva,
10.000 x10 x1 que é aquela a ser considerada na aplicação de fórmulas, correspondente a
J= = $1.000 uma dada taxa nominal é a taxa que, relativa ao período de capitalização
100 mencionado, lhe seja proporcional.
b) FORMA UNITÀRIA
Agora a taxa refere-se à unidade do capital, isto é, calcula-se o que rende Concluíndo, podemos definir taxa efetiva ou real como sendo aquela em
a aplicação de uma unidade de capital no intervalo de tempo a uma dada taxa. que a unidade de referência de seu tempo coincide com a unidade de tempo
dos períodos de capitalização. Considerando o exemplo 2 , dizemos 1,5% a,t.,
Exemplo 2 - Se tivermos uma taxa de 0,24% a.a., então a aplicação de simplesmente, ao invés de dizermos, 1,5% a.t., capitalizados trimestraImente .
$1,00 por ano, gera um juro de $0,24.
4. Taxas Proporcionais
Exemplo 3 - No exemplo 1, com a taxa na forma unitária (0,10% a.a.). Pelo regime de juros simples, duas ou mais taxas de juros são
consideradas proporcionais quando, ao serem aplicadas a um mesmo capital
Resolução: J = 10.000 x 0,10 x 1 = inicial, durante um mesmo prazo, produzirem um mesmo montante acumulado,
J = $1.000,00 ao final daquele período. Donde se conclui que, o conceito de taxas
proporcionais, está estritamente vinculado ao regime de juros simples.
Pode-se observar que para transformar a forma percentual em unitária,
basta dividir a taxa expressa na forma percentual por 100. E, o inverso, trans- Exemplo 1- Calcular o montante acumulado (VF), no final de três anos,
formar a forma unitária em percentual, basta apenas multiplicar a forma unitária considerando um capital inicial (VP) de $1.000,00, pelo regime de juros
por 100. simples, para cada uma das seguintes taxas de juros: a) 36% ano ano; b) 18%
ao semestre; c) 9% ao trimestre; d) 3% ao mês; e, e ) 0,1% ao dia.

OBSERVAÇÃO: Resolução: Utilizando a fórmula VF = VP (1 + i . n)


A fim de diferenciar, simbolicamente, a taxa de juro percentual da taxa de a) VP= $1.000,00; ia = 0,36; n= 3 anos; VF = ?
juro decimal ou unitária, podemos convencionar que: VF= 1.000 (1 + 0,36 x 3) = 1.000(1 + 1,08) =
VF= 1.000 (2,08) = 2.080
A notação r signifique a taxa de juros efetiva em cada período de capitali-
zação, dada em porcentagem, e sempre mencionando a unidade de tempo b) VP= $1.000; is= 0,18; n= 6 semestres; VF=
considerada. Exemplo: r = 15% ao ano. VF= 1.000(1 + 0,18 x 6) = 1.000(1 + 1,08) =
VF= 1.000(2,08) = 2.080
A notação i signifique a taxa de juros efetiva em cada período, dada em
fração decimal. Exemplo: c) VP= $1.000,00; it= 0,09; n= 12 trimestres; VF = ?
i = r/100 = 0,15 a.a. VF= 1.000(1 + 0,09 x 12) = 1.000(1+1,08) =
VF= 1.000(2,08) = 2.080
A taxa i será usada no desenvolvimento de todas as fórmulas, enquanto, r d) VP= $1.000,00; im= 0,03; n= 36 meses; VF=?
será usada na fixação os juros. VF= 1.000(1 + 0,03 x 36) = 1.000(1+1,08) =
VF= 1.000(2,08) = 2.080

Matemática 30
APOSTILAS OPÇÃO
e) VP= $1.000,00;id= 0,001; n= 1.080 dias CASO 2 - TAXAS DIFERENTES
VF= 1.000(1 + 0,001 x 1.080) = Quando isto acontece, o critério a adotar-se é o mesmo do caso dos,
VF= 1.000(1 + 1,08) - 1.000(2,08) = 2.080 tempos diferentes para a taxa média, escrevendo-se
C1i1n1 + C 2 i 2 n 2 + C 3 i 3 n 3 +. ..
Podemos concluir que, as taxas 36% a.a.;18%a.s.; 9% a.t.; 3% a.m.; e, PMe =
0,1% a.d., são proporcionais, porque aplicadas sobre um mesmo capital inicial C1i1 + C 2 i 2 + C 3 i 3 +. ..
e um mesmo prazo total, resultaram em um mesmo montante acumulado. funcionando agora, como pesos, os produtos dos capitais pelas
respectivas taxas.
Se considerarmos o ano comercial, ou seja, o ano com 360 dias, as
fórmulas, a seguir, conduzem ao cálculo dessas taxas proporcionais: Exemplo: Calcular o prazo médio de vencimento, para pagamento de uma
ia = is ⋅ 2 = it ⋅ 4 = im ⋅ 12 = id ⋅ 360 só vez dos seguintes capitais: $ 20.000 por 6 meses a 6% a.a. e $ 50.000 por
4 meses a 12% a.a.
5. Taxas Equivalentes Resolução: utilizando a fórmula acima, temos:

(20.000)(6) 12  + (50.000)(12) 12 


Pelo regime de juros simples, duas taxas são consideradas equivalentes 6 4
quando, ao serem aplicadas a um mesmo capital inicial, durante um mesmo
prazo, ambas gerarem o mesmo montante acumulado no final daquele prazo. PMe =
Exemplo 1 - Seja um capital inicial de $20.000,00 que pode ser aplicado,
(20.000)(6) + (50.000)(12)
alternativamente, à taxa de 3% a.m. ou de 36% a.a. 260.000
Considerando um prazo de aplicação de 3 anos, certificar se as taxas são PMe = = 0,36 do ano ou 4 meses e 9 dias.
equivalentes.
720.000
Resolução: Utilizando a fórmula VF = VP (1 + i . n), temos:
a) VP= $ 20 .000; ia = 0,36 ao ano; n= 3 anos; OBSERVAÇÃO:
VF = ? Quando os capitais forem iguais, deve-se tomar, como pesos, as taxas
VF= 20.000(1 + 0,36 x 3) = 20.000(2,08) = dadas, vindo pois:
VF= 41.600 i n + i n + i n +...
PMe = 1 1 2 2 3 3
b) VP= $20.000,00; im= 0,03 ao mês; n= 36 meses; VF = ?
i1 + i 2 + i 3 +...
VF= 20.000(1 + 0,03 x 36) = 20.000(2,08) =
VF= 41.600 b) JUROS DE DIVERSOS CAPITAIS
CASO 1 - TAXA ÚNICA
Através desse exemplo, certificamos que, o montante acumulado (VF) é Quando vários capitais são empregados em tempos diferentes e todos a
igual nas duas hipóteses e, dessa maneira, constatamos que a taxa de 3% uma só taxa, o total dos juros produzidos é dado, a partir da fórmula: J = C . i .
a.m. é equivalente à taxa de 36% a.a. n, pela soma;
Podemos, então, concluir que, pelo regime de juros simples, as taxas pro- Juros Totais = C1in1 + C2in2 + C3in3 + ... na qual i é a taxa única, C1 , C2, C3
porcionais de juros são igualmente equivalentes, e que tanto faz, falarmos que . . . os capitais dados e n1, n2, n3 ... os tempos correspondentes.
duas taxas de juros são proporcionais ou são equivalentes. Exemplo: A Sra. Pancrácia da Silva deve os seguintes capitais, a 12%
6. Prazo, Taxa e Capital Médios a.a.; $1.500 em 30 d; $5.000 em 90 d; $2.400 em 60 d. Calcular o total dos
Quando os prazos de diversos capitais não são os mesmos e as taxas de juros devidos.
juros diferem entre si, recorremos ao expediente de calcular a média para cada
caso. Vamos utilizar exemplos ilustrativos como a forma mais objetiva de expor Resolução:
os conceitos: Exprimindo-se os tempos em frações do ano comercial, tem-se, de acordo
com a fórmula acima:
PRAZO MÉDIO DE VENCIMENTO DE DIVERSOS CAPITAIS JT = 0,12[(1.500x30/360)+(5.000x90/360)+ (2.400x60/360)]
CASO 1 - TAXAS IGUAIS JT = $ 213,00
Pode-se determinar o prazo médio de vencimento de diversos capitais
empregados a tempos diferentes. O critério é considerar os capitais como c) TAXA MÉDIA
pesos. A fórmula será, pois, chamando n1, n2, n3 :. os tempos dados, supostas É a operação que tem por objetivo determinar uma taxa de juros capaz de
as taxas iguais: substituir várias outras relativas a capitais empregados. É uma aplicação da
média ponderada.
C1n1 + C2n2 + C3n3 +...
Prazo médio (PMe) = CASO 1 - TEMPOS IGUAIS
C1 + C2 + C3 +... Para a dedução da fórmula, consideremos os capitais C1, C2, C3,
...colocados respectivamente, às taxas i1, i2, i3, ...anuais e todos pelo mesmo
Exemplo: O Sr. Elesbão deve a um terceiro, os seguintes capitais a 10% prazo. Tomando-se os capitas como pesos, pode-se escrever:
a.a.; $2.000 a 45dias; $5.000 a 60 dias e $1.000 a 30 dias. Quando poderá
pagar tudo de uma só vez, de modo que desta unificação de vencimentos não C11
i + C2i2 + C3i3 ...
advenha prejuízo nem para o devedor nem para o credor? Taxa Média = TMe =
C1 + C2 + C3 ...
Resolução:
Aplicando a fórmula acima, temos:
Exemplo: Um comerciante deve os seguintes capitais: $1.500 a 10% a.a.;
PMe =
(2.000 x45) + (5.000 x60) + (1000
. x30) e, $5.000 a 12% a.a. Calcular a taxa média de juros anuais.
2.000 + 5.000 + 1000
.
Resolução:
420.000 Multiplicando-se os capitais pelas respectivas taxas e dividindo a soma
PMe = = 52,5 dias
8.000 dos produtos pela soma dos capitais, obtém-se:

TMe =
(1500
. x0,10) + ( 5.000 x0,12)
= 0,115
Ao fim deste prazo, a contar da data da operação, pode ser feito o
pagamento integral dos capitais devidos, disso não resultando, prejuízo algum, 1500
. + 5.000
nem para o devedor nem para o credor. ou seja, na base percentual, 11,5%

Matemática 31
APOSTILAS OPÇÃO
OBSERVAÇÃO: Se os capitais fossem iguais, a solução do problema 8. Montante
recairia sobre o princípio da média aritmética simples, bastando que se O montante composto é o resultado que se obtém ao incrementar o capital
calculasse a média das taxas. inicial com o valor dos juros compostos. Se se dispõe de um capital C e aplica-
se em um banco e deseja-se saber o montante M do qual se disporá ao final
CASO 2 - TEMPOS DIFERENTES de um período n, basta apenas agregar-lhe o juros J ganho. Assim:
O método a ser adotado é o da média ponderada, porém, funcionando
como pesos, os produtos dos capitais pelos respectivos tempos. Temos assim: M = C + J, porém J = C . i . t, quando t = 1,
C i n + C2i2n2 + C3i3n3 ... J = C . i, assim M = C + C . i que fatorando:
TMe = 11 1 M = C (1 + i)
C1n1 + C2n2 + C3n3 ...
Como pode-se ver, o montante de um capital ao final de um período se
Exemplo: Sinfrônio e sua noiva contraíram as seguintes dívidas para pode- obtém multiplicando este pelo fator ( 1 + i ) . Desta maneira, ao final do
rem realizar o casamento deles: $ 2.000 a 12% a.a. por 2 meses; segundo período, temos:
$ 5.000 a 8% a.a. por 3 meses; e, M = C ( 1 + i ) ( 1 + i ) = C ( 1 + i )2
$10.000 a 10% a.a. por 1 mês.
Calcular a taxa média anual. Ao final do terceiro período, temos:
Resolução: M = C ( 1 + i )2 ( 1 + i ) = C ( 1 + i )3
Utilizando a fórmula anterior, temos:
 2   3   1  e assim sucessivamente. Esta sucessão de montantes forma uma
 2 .0 0 0 x 0 ,1 2 x  +  5 .0 0 0 x 0 ,0 8 x  +  1 0 .0 0 0 x 0 ,1x 
 12   12   12 progressão geométrica cujo n-ésimo termo é igual a:
Tm e =
 2   3   1 
 2 .0 0 0 x  +  5 .0 0 0 x  +  1 0 .0 0 0 x 
 12   12   12 

223,33 M=C(1+i)n
TMe = = 0,092 ou 9,2 a.a. Esta equação é conhecida como a fórmula do montante pelo regime de
2.416,66
juros compostos.
7. Equivalência de Capitais Exemplo 1 - Um investidor aplica a prazo fixo, em um banco, a quantia de
A necessidade de antecipar ou de prorrogar títulos nas operações $500.000,00 à taxa de 48,0% a.a. capitalizável mensalmente. Qual será o
financeiras, é muito frequente. Às vezes, precisamos substituir um título por montante acumulado em 2 anos?
outro ou um título por vários. Podemos, também, ter vários títulos que Resolução: M = C ( 1 + i ) n
precisamos substituir por um único. Tais situações dizem respeito, geralmente, Como já observamos, o período de cálculo deve ser o mesmo para i e
à equivalência de valores distintos relacionadas com datas distintas. para n. Assim, para calcular a taxa de juros mensal, divide-se a taxa anual
Dois capitais são equivalentes numa certa época, se, nessa época seus entre a frequência de conversão:
valores presentes são iguais. O problema de equivalência de capitais diferidos taxa de juros anual 18
aplica-se quando existe a substituição de um título por outro(s), com data(s) i = = = 0,04 ou i = 4,0 % a. m.
frequencia de conversao 12
diferente ( s ) . Para determinar n, multiplica-se o lapso em anos pela frequência de
Seja VN o valor nominal de um título para n dias. O problema consiste em conversão:
encontrar um valor VN' de um outro título, equivalente ao primeiro, com venci- n = 2 (12) = 24 assim M = 500.000 ( 1 + 0,04 )24 ou M = 500.000 ( FVFPU )
mento para n' dias.
Fator de Valor Futuro de Pagamento Único (FVFPU )
VN ⋅ n FVFPU = (1 + 0,04)24
D = Obs.: VN = VF = valor do Resgate do Título
Neste momento surge a pergunta: como calcular? Existem quatro

alternativas :
Seja VP o valor presente do 1.º título e VP' o do 2.º; temos: Utilizar papel e lápis e realizar a operação 24 vezes.
VF ⋅ n VF '⋅n' Resolver a equação utilizando logaritmos.
VP = VF − e VP' = VF '−
∆ ∆ Utilizar de tabelas financeiras existentes nos livros de finanças.

Empregar calculadoras financeiras. Este é o meio mais prático.


VF ⋅ n VF '⋅n'
Como VP = VP', vem: VF = = VF '− FVFPU = (1, 04)24 = 2,5633
∆ ∆ M = 500.000 ( 2,5633 ) = 1.281.650
VF( ∆ − n) Em dois anos, a aplicação de $500.000 transformar-se-á em um montante
∆VF − VF ⋅ n = ∆VF '⋅n' ⇒ VF( ∆ − n) = VF ' ( ∆ − n') ∴ VF ' =
∆−n de $1.281.650,00 pela geração de um juro composto de $781.650,00.

Exemplo 1 - Um Comerciante deseja trocar um título de $10.000, vencível Exemplo 2 - Um indivíduo obtém um empréstimo bancário de $1.500.000
em 3 meses, por outro com vencimento de 5 meses. Considerando a taxa de a ser pago dentro de um ano e com juros de 52,0% conversível trimes-
juros contratada de 3% a.m. para esta transação, calcular o valor nominal do tralmente. Qual é o montante que deverá ser liquidado?
novo titulo.
Resolução: Resolução:
VF = 10.000; n = 90 dias; n'= 150 dias; Primeiramente, determina-se a taxa de juros por período de conversão: 1
= .54/2 = .13
36.000 n = 12 / 3 = 4
∆ = = 1000
.
36 M = C ( 1 + i )n = 1.500.000 ( 1,13 )4 =
M = 1.500.000 ( 1,6305 ) = 2.445.750
Utilizando a fórmula anterior, temos:
A quantia a ser liquidada será de 52.445.750
10.000(1000
. − 90)
VF' = = $10.705,80
1000
. − 150 8. Valor Atual, Valor Presente ou Principal
O valor nominal do 2.º título ($10.705,80) é equivalente ao valor nominal O valor atual, presente ou principal de um pagamento simples, ou
do 1.º ($10.000). único, é o valor de um mon tante a ser pago ou recebido daqui a n anos,
descontado a uma taxa que determine o seu valor hoje, no momento zero.

Matemática 32
APOSTILAS OPÇÃO
Para calcula-lo, vamos utilizar a fórmula do montante ou valor futuro: Conforme apuramos, $2.015.641,38 é maior que $2.000.000,00.
M=C(1+i)n Portanto, a C.M.M, deve investir, por que além de descontar a inflação de
50,0% a.a., a empresa será remunerada à taxa de 5,0% a.a., que é a taxa
Como C indica o capital no momento zero, temos: de mercado e, ainda vão sobrar $ 15.641,38
 
M −n 1
C = = M ( 1 + i) = M   = M ( FVAPU ) Exemplo 4 - Uma companhia de mineração descobriu uma jazida de
n  n
(1 + i )  (1 + i)  manganês e deve decidir sobre a conveniência ou não de sua exploração.
A fim de poder beneficiar o mineral, é necessário realizar uma inversão de
$350.000.000,00 Seus analistas financeiros estimam que a jazida tem
FVAPU = Fator de Valor Atual de Pagamento Único minério suficiente para 3 anos de exploração e, de acordo com os preços
Generalizando, podemos dizer que conhecendo 3 das 4 variáveis vigentes do metal, as entradas de caixa seriam os seguintes:
envolvidas: M, C, n, i, podemos calcular a quarta. Ano 1 = $100.000.000,00;
Ano 2 = $200.000.000,00;
Exemplo 1 – Quanto se deve depositar em um banco se desejar Ano 3 = $300.000.000,00;
obter um montante de $ 5.000.00 dentro de 3 anos a uma taxa de juros
de 20,0% a.a., capitalizável semestralmente? Estimando que a taxa de inflação, em média, seja de 30.0% a.a. e
Resolução: que a taxa de juros real desejada pela empresa seja de 10,0% a.a., deve a
Pela fórmula: M = C ( 1 + i ) n , temos: M = 5.000.000; i = 10.0% companhia aprovar o projeto?
a.s.; n = 6 semestres
Resolução:
Calculando o FVAPU = 1/(1,10)6 = 1 / 1,7716 C = $350.000.000,00
C = 5.000.000 / (1,10)6 = Entradas de Caixa = Ecx1 = $100.000.000,00
5.000.000 / 1,7716 = C = 2.822.307,52 = Ecx2 = $200.000.000,00
Deve-se depositar $2.822,307,52 = Ecx3 = $300.000.000,00
d = 30,0% a. a. ; r =10,0% a.a.; i=?
Exemplo 2 - José Elesbão deseja adquirir uma casa pelo valor de i = (1 + d) (1 + r) - 1 = (1,3) (1,1) - 1 =
$15.000.000,00. O vendedor pediu-lhe 50,0% de entrada e 50,0% em um i = 1,43 - 1 = 0,43 = 43,0% a.a.
ano e meio, quando do término da construção da casa e entrega do
imóvel. Quanto Elesbão deve depositar num banco hoje para poder Valor Presente das Entradas de Caixa = VPECx
garantir a liquidação de sua dívida, se a taxa de juros vigente é de 7,0%
ECx 200.000.000
a.m.? VPECx = ECx1 2 = 100.000.000
= = 97.804.294,*
VPECx1 =2 n n ( 1,43
1 )2
= 69.930.070,*
Resolução: ( 1 + i)
José Elesbão paga neste momento $7.500.000,00 (50.0% na
(1 + i) ( 1,43 )
operação e, deve pagar outro tanto daqui a 18 meses). ECx 2 300.000.000
VPECx 3 = = = 102.591.916 *
Para calcular a quantidade de dinheiro que deve depositar hoje, n
vamos a fórmula do valor atual:
(1 + i ) ( 1,43 ) 3
M=C(1+i)n
  * (centavos arredondados)
1  1 
7.500.000   = 7.500.000   = 2.218.979,37
18   3,3799 

 ( 1,07 ) 
VPECx = somatório das ECx descontadas =
A fim de garantir o pagamento de sua dívida, Elesbão deve depositar
$2.218.979,37 já para ter os $7.500.000,00 restantes daqui a um ano e VPECx1 + VPECx2 + VPECx3
meio.

Como se pode ver nestes exemplos, C é o valor presente, atual ou


∑ VPECx = 69.930.070 + 97.804.294, + 102.591.916, = VPECx =
principal de M. Isto é, pode-se considerar que o capital C e o montante M 270.326.280,
são dois valores equivalentes de uma determinada taxa de juros i e um
período determinado n. Observamos que, o total do valor presente das entradas de caixa
($270.326.280) é menor que o investimento inicial necessário para sua
Exemplo 3 - A Cia de Modas Messeder, planeja realizar um exploração ($350.000.000,). Portanto, a companhia não deve explorar a
investimento de $2.000.000,00 para produzir um artigo de moda do qual jazida, a menos que o preço do metal se eleve e com ele, elevem-se as
espera uma receita total de $5.000.000 dentro de dois anos. Considerando entradas de caixa.
uma inflação média anual de 50,0%, e que os juros real i, seja igual a
5.0% a.a., convém à C.M.M, investir? 9. Desconto Racional Composto
É o desconto obtido pela diferença entre o VALOR NOMINAL e o
Resolução: VALOR PRESENTE de um compromisso que seja saldado n períodos
Comparam-se os $2.000.000,00 que se devem investir no momento antes do vencimento, calculando o valor presente à taxa de desconto.
zero com $5.000.000,00 que se espera receber em 2 anos. Para fazer Sendo:
essa comparação, é necessário que ambas as quantidades de dinheiro • N = valor nominal ou montante do compromisso em sua data de
sejam equivalentes. vencimento.
• n = número de períodos compreendido entre a data de desconto
Em primeiro lugar, devemos calcular a taxa nominal de juros: i = taxa e a data de vencimento.
nominal; r = taxa real de juros; d = taxa de inflação. • i = taxa de juros utilizada na operação.
i= (1+r) (i + d) -1 • Dr= desconto racional composto
i = ( 1,05 ) ( 1,50 ) - 1 = 0,575 ou 57,5% a.a. • Vr= valor descontado racional composto na data de desconto,
calculado à taxa de desconto.
 
 = 5.000.000  1 
1 A fórmula utilizada, é:
C = M  =
 2
1,575)   2,4806   
 ( Vr = N 
1 
 n
 ( 1 + i) 
C = 2.015.641,38
Matemática 33
APOSTILAS OPÇÃO
Podemos reparar que, essa fórmula do valor descontado, é a mesma Vr = 10.000 [ 1,0259 ]-3 = 10.000 [ 0,9262 ] =
do valor presente calculado no regime de juros compostos, onde: Vr = $ 9.261,58
Vr = C e N =M Exemplo 4 - O Sr. Leôncio Armando, numa operação de desconto
recebeu $ 10.000,00 como valor de resgate. Sabendo-se que a
O desconto é obtido pela diferença entre o valor nominal e o valor antecipação fora de 6 meses e o desconto de $ 1.401,75, calcule a taxa
descontado: de juros anual utilizada na operação.
 
N 1
Dr = N - Vr = N - = N 1 -  Resolução:
 n
( 1 + i )n  ( 1 + i )  Vr = 10.000; Dr = 1.401,75; n = 6 meses; i= ?

Vendo Vr = N - Dr deduzimos que, N = Vr + Dr


Exemplo 2 - Um título no valor de $100.000,00 foi saldado seis meses ∴ N = 10.000 + 1.401,75 = 11.401,75
antes do vencimento. O possuidor do título obteve uma taxa de desconto
de 2,0% a.m. Calcular o desconto racional e a quantia recebida. Utilizando a fórmula, vem:
Resolução: Vr = N ( i + 1 )-n ou N = Vr ( i + 1 )n
N = 100.000; i = 2,0% a.m.; n = 6 meses
Substituindo os termos, temos:
Utilizando a fórmula, temos:
10.000 = 11.401,75 (1+i)-6 / 12 (considerando-se i anual)
11.401,75
( 1 + i )6 12 = 10.000,00 = ( i + 1 )1 2 = 1,140175
2
 1   1 + i
1 2
=
2
Dr = 100.000 1 - = 100.000 [1 - 0,8879] ( ) ( 1,140175 ) = 1 + i = 1,30 ∴
 1,1262   
    i = 0,30 ou 30,0 % a. a.
1  1
Dr = N 1- = 100.000 1 -  Exemplo 5 - O Sr. Cristiano José descontou um título no valor nominal
 n  6 de $6.500,00 e o desconto concedido foi de $835,63. Considerando que a
 (1+ i)   ( 1,02 )  taxa de juros de mercado era de 3,5%a.m. Calcular o prazo de
antecipação.
Dr = 100.000 [0,1121] = 11.210
Resolução:
E a quantia recebida: N = 6.500; Dr= 835,63;
Vr = N – Dr = 100.000 - 11.210 = 88.790 i = 3,5% a,m.; n=?

Observe que, se aplicarmos o valor descontado (Vr) por 6 meses à Utilizando a fórmula: Dr = N [ 1 - (1 + i)-n ] , temos:
taxa de juros compostos de 2,0% a.m., obteremos: 835,63 = 6.500 [ 1 - (1,035) ] -n
N = C6; Vr = C0 ⇒ C6 = C0 ( 1 + i )6 = 835,63
= 1 - ( 1,035 ) − n ∴ 0,128558 = 1 - ( 1,035 ) − n
N = 88.790 (1,02)6 = 88.790 ( 1,1262 ) ≅ 100.000 6.500
1 1
1 − 0,128558 = ( 1,035 )−n = 0,871442 =
n
= =  1035
0,871442 
, n 

E os juros devidos são dados por: ( 1,035)
J6 = C6 − C0 = 100.000 - 88.790 = 11.210 ∴ J6 = Dr n
1,147524 = ( 1,035 )
Fica evidenciado que o desconto racional composto é igual ao juro
devido no período de antecipação, desde que seja calculado à taxa de As opções para encontrar n são três:
desconto. 1) utilizar uma máquina calculadora de boa qualidade;
2) procurar em tabelas financeiras para i = 3,5%; e
Exemplo 3 - Um título de valor nominal de $ 30.000,00 foi resgatado 4 3) empregar logaritmos.
meses antes do seu vencimento, à taxa de 5,0% a.m. Calcule o desconto
racional concedido. Vamos utilizar a opção prática de demonstrar os cálculos, que é
através de logaritmos:
Resolução: log 1,147524 = n log 1,035
Para simplificar a notação, passaremos a indicar:
1 procurando na tabela de logaritmos, encontramos:
por ( 1 + i )-n, assim a fórmula fica: 0,059762
( 1 + i )n 0,059762 = n ( 0,1494) ∴ n =
0,01494
= 4 meses

Dr = N [ 1 - (1 + i)-n ] N = 30.000; 1 = 5.0% a.m.; n = 4 meses; Dr =? Exemplo 6 - Caso a antecipação seja de 8 meses, o valor de um
Dr = 30.000 [1- (1,05)4 ] =30.000 ( 1-0,8227 ) compromisso é de 5 vezes o desconto racional. Qual é o seu valor
Dr = 30.000 (0,1773) ≅ 5.319 nominal, sabendo-se que o valor líquido (valor de resgate) é de
$1.740,00?
Exemplo 4 - A Financeira Desconta Tudo informou, ao descontar uma Resolução:
Nota Promissória no valor de $10.000,00 que, sua taxa de desconto Vr = 1.740; n = 8; N = 5Dr
racional era de 36,0% a.a.. Se o desconto fosse realizado 3 meses antes Sendo N = 5 Dr , temos: N / Dr = 5 e
do vencimento, qual se ria o valor do resgate (valor líquido) a ser recebido Dr / N = 1/ 5 = 0,20
pelo possuidor do título? Utilizando a fórmula Dr = N [ 1 - ( i + 1 )-n ], vem:
Resolução: D r N = 1 - ( 1 + i ) − n = 0,20 = 1 − ( 1 + i ) −8
N = 10.000; i = 36.0% a.a.; n = 3 meses; Vr = ? −8
Vr = N (1+ 1)-n = 10.000 [ ( 1,36 )1 / 12 ] -3 = 1 - 0,20 = (1 + i) = 0,80 = ( 1 + i ) −8
Matemática 34
APOSTILAS OPÇÃO
Aplicando a fórmula do valor futuro:
1 0,80 = ( 1 + i ) 8 = 1,25 = ( 1 + i ) 8 M = C ( 1 + i )n, temos:
i = 0,028286 ou i ≅ 2,83 a. m. 33.335,22 (1,06)6 =33.335,22 (1,41852) = 47.286,68

39.702,75 (1,06)3 = 39.702,75 (1,19102) =47.386,61


substituindo a taxa encontrada na fórmula:
N = Vr ( 1 + i )n, vem: N = 1.740 (1,028286)8
23.500,00 (1,06)12 = 23.500,00 (2,01220) = 47.286,62
N = 1.740 ( 1,25 ) ∴ N = $ 2,175
Nos cálculos acima, incluímos o capital inicial de $23.500,00, para
CAPITAIS EQUIVALENTES ratificarmos o que foi dito sobre equivalência de capital.
Exemplo 3 - O Sr. João das Bottas trocou um título com o valor
Como já foi visto neste trabalho, o dinheiro tem um valor diferente no nominal de $10.200,00, com vencimento para 5 meses, por outro de $
tempo; não é a mesma coisa ter $1.000,00 neste momento e dentro de um 8.992,92, com vencimento para 3 meses. Sabendo-se que a taxa de juros
ano depois, dependendo da taxa de inflação vigente, este verá reduzido do mercado é de 6,5 % a.m., houve vantagem?
seu valor em maior ou menor grau. Resolução:
A nossa tarefa é comparar esses dois capitais para verificar se são
Conceitualmente, dois ou mais valores nominais, referentes a datas equivalentes ou não. A equivalência será feita através da taxa de juros.
de vencimentos determinadas, se dizem equivalentes quando seus
valores, descontados para uma mesma data, à mesma taxa em condições 8.992,92 10.200
idênticas, produzirem valores iguais. Isto pode ser demonstrado de forma
simbólica, assim: 0 3 5

Os capitais C1, C2, C3..., Cn’ , com vencimentos nas datas t1, t2, t3,...,tn’,
respectivamente, considerados a partir da data de referência t0, são ditos 6,5% a,m.
equivalentes se os seus respectivos valores presentes na data focal t0, Como os capitais encontram-se em momentos diferentes de tempo,
considerada a taxa de juros i, forem iguais; ou seja, esses capitais serão devemos compara-los numa mesma data focal.
equivalentes se:
C1 C2 C3 Cn A fim de reforçar as características que conduzem à equivalência,
= = = . . . =
t t2 t3
( 1 + i 1
) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i )n vamos considerar três datas focais: zero, três e cinco.

a) Data focal zero:


em que 1 é a taxa periódica de juros (mensal, trimestral, anual) e t é
prazo (em meses, trimestres, anos) .

Exemplo 1- Dados dois capitais $ 33.335,22 vencível de hoje a 6 8.992,92 10.200


meses e $ 39.702,75 vencível daqui a 9 meses, verificar se são equivalen-
tes, na data de hoje, à taxa de juros de 6.0% a.m. 0 3 5
Resolução:
33.335,22 6,5% a,m.
Esses dois capitais serão equivalentes se:
6
(1 + i) V3 =
C3
=
8.992,92
=
10.200
= $ 7.444,79
3 3 1,20795
39.702,75 (1 + i ) ( 1,065 )
9
(1 + i) C5 10.200 10.200
V5 = = = = $ 7.444,79
2 5 1.37009
Efetuando os cálculos, temos: (1 + i ) ( 1,065 )
33.335,22 Como V3 = V5 = $ 7.444,79, constatamos que não houve vantagem
= 23.500 alguma na troca dos títulos.
168948
, a) Data focal três:
8.992,92 10.200
39.702,75
= 23.500
168948
. 0 3 5

Portanto, esses dois capitais são equivalentes.


6,5% a,m.
Depois de haver demonstrado que, dois ou mais capitais são equivalentes
em determinada data focal, para determinada taxa, esses mesmos C5 10.200 10.200
V '3 = = = = $ 8.992,92
capitais, serão equivalentes em qualquer data tomada como focal, à 2 2 1.13423
(1 + i ) ( 1,065 )
mesma taxa de juros ou de desconto racional composto. Porém, se Constatamos que V3’ = C3 = $ 8.992,92
considerarmos qualquer outra taxa, a equivalência não se verificará.
c) Data focal cinco:
Exemplo 2 - A fim de comprovar o que foi afirmado acima vamos 8.992,92 10.200
desenvolver, com os dados acima, os cálculos do valor dos dois capitais
no final de 12 meses, a partir de hoje. 0 3 5
Resolução:
Para determinar o valor do capital de $ 33.335,22, no final de 12 6,5% a,m.
meses, basta capitalizá-lo por mais 6 meses, a uma taxa de 6% a.m. E
2
para o capital de $ 39.702,75, capitaliza-lo por mais 3 meses, à mesma
taxa.
V5 ' = C 3 (1 +i ) = 8.992,92 ( 1,065 )2 =

Matemática 35
APOSTILAS OPÇÃO

V5 ' = 8.992,92 ( 1,1423 ) = $ 10.200,00 Por exemplo, a taxa de 1,39% ao mês é equivalente à taxa de 18% ao
ano, pois um capital colocado a 1,39% ao mês produz o mesmo montante
Exemplo 4 - A Casa Kreira Ltda lançou uma campanha promocional que produz quando colocado a 18% ao ano.
vendendo tudo a prazo, em três vezes sem acréscimo. Sendo o preço a
vista dividido por 3 e a primeira parcela é dada como entrada. TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA
Considerando que a taxa da loja é de 11,5% a.m., calcule o desconto Quando uma taxa de juros anual é paga em parcelas proporcionais,
sobre o preço a vista de uma mercadoria que é de $600,00. os juros obtidos no fim de um ano são maiores do que a taxa oferecida.
Primeiramente, vamos calcular o valor das parcelas: $600,00 / 3 = Por exemplo, se um capital de 100 for colocado a 20% a.a.
$200,00 capitalizado semestralmente por um ano, temos:
A seguir, devemos esboçar o diagrama do tempo e dinheiro:
100 110 121
x
10% 10%
0 1 2 m. 0 1 2 sem

J = 10 J = 11

Assim, os juros realmente pagos no ano são de 21%. A taxa de 20%


200 200 200 a.a. é denominada nominal e a de 21% é a taxa efetiva dos juros.

TAXA INSTANTÂNEA
A taxa anual cujos juros são capitalizados continuamente é
A terceira etapa é encontrar X = preço a vista da mercadoria, ou seja, denominada taxa instantânea.
o valor presente das parcelas, ou ainda, o preço com desconto: TAXA DE DESCONTO REAL E BANCÁRIO
Comparando os fatores de atualização de um capital: ( 1 + i )n
200 200 e ( 1 – i )n
X = 200 + +
( 1,115 ) 124323
, com os descontos real e bancário, verifica-se que, para um de-
200 200 terminado valor de i e de n, a expressão (i + 1)n é maior que ( i - 1
X = 200 + + )n, e, portanto, o desconto real é menor que o bancário. Para que os
( 1,115 ) ( 1,115 ) 2 descontos real e bancário de um título para n períodos sejam iguais é
necessário que as taxas sejam diferentes (taxa do desconto real maior
X = 200 + 179,37 + 160,87 que a taxa do desconto bancário) .

TAXA DE ATRATIVIDADE
X = $ 540,24 A taxa de atratividade de um investimento é a taxa mínima de juros
por que convém o investidor optar em determinado projeto de investimen-
TAXAS to.

TAXA DO JURO E TAXA DO DESCONTO Corresponde, na prática, à taxa oferecida pelo mercado para uma
Se, por exemplo, o capital de 100 unidades monetárias for empresta- aplicação de capital, como a caderneta de poupança. Open market, depó-
do a uma taxa de 2% ao mês, por 5 meses, o montante será de 110, se, sitos a prazo fixo etc. Assim, se um investimento propiciar uma rentabili-
entretanto, o credor do título recebido pelo em préstimo o descontar dade abaixo do rendimento dessas formas de aplicação de capital, ele não
imediatamente, à mesma taxa, o valor atual do título será igual a 99 uni- será atrativo ao investidor.
dades monetárias, conforme os cálculos abaixo.
Cn=C(1+i.n) MÉTODO DA TAXA DE RETORNO
C5 = 100 ( 1 + 0,02 x 5 ) = 110 A taxa de retorno de um investimento é a taxa de juros que anula a
A5 = N ( 1 - i . n ) diferença entre os valores atuais das receitas e das despesas de seu fluxo
A5 = 110 ( 1 - 0,02 x 5 ) = 99 de caixa. Numa análise de investimentos, a escolha recai na alternativa de
maior taxa de retorno.
Através desse exemplo, verifica-se que o capital emprestado e o valor Uma alternativa de investimento é considerada, vantajosa quando a
atual do título recebido como garantia não são iguais, pois uma pessoa taxa de retorno é maior que a taxa mínima de atratividade.
está emprestando 100 e recebendo em troca um título que vale 99. Isso
ocorre porque as taxas do juro e do desconto são iguais, mas calculadas
sobre valores diferentes - o juro é calculado sobre o capital inicial (100) e o
desconto, sobre o valor nominal do título (110). 8. FUNÇÕES. 8.1. Gráficos de funções inje-
Obviamente, o desconto é maior do que o juro quando emprega a toras, sobrejetoras e bijetoras; função
mesma taxa para esse tipo de operação. Para que haja igualdade entre o composta; função inversa. 8.2. Função e
capital emprestado e o valor atual do título é necessário que a taxa do juro função quadrática. 8.3. Função exponen-
seja maior que a taxa do desconto. Pode-se então estabelecer uma cial e função logarítmica. Teoria dos loga-
relação de correspondência entre a taxa do juro e a taxa do desconto ritmos; uso de logaritmos em cálculos. 8.4.
comercial que satisfaça essa condição. Equações e inequações: lineares, quadrá-
ticas, exponenciais e logarítmicas.
TAXAS PROPORCIONAIS
Quando entre duas taxas existe a mesma relação dos períodos de
DEFINICÂO
tempo a que se referem, elas são proporcionais.
Consideremos uma relação de um conjunto A em um conjunto B. Esta re-
lação será chamada de função ou aplicação quando associar a todo elemento
TAXAS EQUIVALENTES
de A um único elemento de B.
Duas taxas são equivalentes quando, referindo-se a períodos de
Exemplos:
tempo diferentes, fazem com que um capital produza o mesmo montante,
Consideremos algumas relações, esquematizadas com diagramas de
em mesmo intervalo de tempo.
Euler-Venn, e vejamos quais são funções:
Matemática 36
APOSTILAS OPÇÃO
a) b) Notemos ainda que à definição de função não permite que nenhum
elemento do domínio "lance mais do uma flecha" (é o caso de x1, no
exemplo b); permite, no entanto, que elementos do contradomínio
"levem mais do que uma flechada" (são os casos dos elementos y1,
nos exemplos c e f).

NOTAÇÃO
Considere a função seguinte, dada pelo diagrama Euler-Venn:
Esta relação é uma função de A em B, pois associa a todo elemento de A
um único elemento de B.

b)

Esta função será denotada com f e as associações que nela ocorrem


serão denotadas da seguinte forma:
y2 = f ( x 1): indica que y2 é a imagem de x1 pela f
y2 = f ( x 2): indica que y2 é a imagem de x2 pela f
Esta relação não ê uma função de A em B, pois associa a x1 c A dois y3 = f ( x 3): indica que y3 é a imagem de x3 pela f
elementos de B: y1 e y2. O conjunto formado pelos elementos de B, que são imagens dos elemen-
c) tos de A, pela f, é denominado conjunto imagem de A pela f, e é indicado com f
(A) .
No exemplo deste item, temos:
A = (x1, x2, x3 ) é o domínio de função f.
B = (y1, y2, y3 ) é o contradomínio de função f.
f ( A) = (y2, y3 ) é o conjunto imagem de A pela f.

DOMÍNIO, CONTRADOMINIO E IMAGEM DE UMA FUNCÃO


Consideremos os conjuntos:
Esta relação é uma função de A em B, Pois associa todo elemento de A A = { 2, 3, 4 }
um único elemento de B. b = { 4, 5, 6, 7, 8 }
d) e f(x) = x+2

Graficamente teremos:
A = D( f ) Domínio B = C( f ) contradomínio

Esta relação não ê uma função de A em B, pois não associa a x2 ε A


nenhum elemento de B.
e)

O conjunto A denomina-se DOMINIO de f e pode ser indicado com a


notação D( f ).
O conjunto B denomina-se CONTRADOMINIO de f e pode ser indicado
com a notação CD ( f ).
O conjunto de todos os elementos de B que são imagem de algum ele-
Esta relação é uma função de A em B, pois à todo elemento de A um mento de A denomina-se conjunto-imagem de f e indica-se Im ( f ).
único elemento de B. No nosso exemplo acima temos:
f) D(f)=A ⇒ D ( f ) = { 2, 3, 4 }
CD ( f ) = B ⇒ CD ( f ) = { 4, 5, 6, 7, 8 }
Im ( f ) = { 4, 5, 6 }.

TIPOS FUNDAMENTAIS DE FUNÇÕES


FUNCÀO INJETORA
Uma função f definida de A em B é injetora quando cada elemento de B
(que ê imagem), é imagem de um único elemento de A.
Está relação é uma função de A em B, pois associa à todo elemento de A Exemplo:
um único elemento de B.

Observações:
a) Notemos que à definição de função não permite que fique nenhum
elemento "solitário" no domínio (é o caso de x2, no exemplo d); per-
mite, no entanto, que fiquem elementos "solitários" no contradomínio
(são os casos de y2, no exemplo e, e de y3, no exemplo f ) .

Matemática 37
APOSTILAS OPÇÃO
FUNÇÃO SOBREJETORA Vale observar que:
Uma função f definida de A em B é sobrejetora se todas os elementos de A todo par ordenado de números reais corresponde um e um só ponto do
B são imagens, ou seja: plano, e a cada ponto corresponde um e um só par ordenado de números
Im ( f ) = B reais.
Exemplo: Vamos construir gráficos de funções definidas por leis y = f(x) com x ε 0 .
Para isso:
1º) Construímos uma tabela onde aparecem os valores de x e os corres-
pondentes valores de y, do seguindo modo:
a) atribuímos a x uma série de valores do domínio,
b) calculamos para cada valor de x o correspondente valor de y através
da lei de formação y = f ( x );

Im ( f ) = { 3, 5 } = B 2º) Cada par ordenado (x,y), onde o 1º elemento é a variável independente


e o 2º elemento é a variável dependente, obtido na tabela, determina um ponto
FUNCÃO BIJETORA do plano no sistema de eixos.
Uma função f definida de A em B, quando injetora e sobrejetora ao mesmo
tempo, recebe o nome de função bijetora. 3º) 0 conjunto de todos os pontos (x,y), com x ε D formam o gráfico da
Exemplo: função f (x).
é sobrejetora ⇒ Im(f) = B Exemplo:
é injetora - cada elemento da imagem em B tem um único correspondente Construa o gráfico de f(x) = 2x - 1 onde
em A. D = { -1, 0, 1, 2 , 3 }
x y ponto
f ( -1 ) = 2 ( -1 ) –1 = - 3 -1 -3 ( -1, -3)
f(0)=2. 0 -1=0 0 -1 ( 0, -1)
f(1)=2. 1 -1=1 1 1 ( 1, 1)
f(2)=2. 2 -1=3 2 3 ( 2, 3)
f(3)=2. 3 -1=5 3 5 ( 3, 5)

Como essa função é injetora e sobrejetora, dizemos que é bijetora.

FUNÇÃO INVERSA
Seja f uma função bijetora definida de A em B, com x ε A e y ε R, sen-
do (x, y) ε f. Chamaremos de função inversa de f, e indicaremos por f -1, o
conjunto dos pares ordenados (y, x) ε f -1 com y ε B e x ε A.
Exemplo:
f é definida de R em R, sendo y = 2x
Para determinarmos f -1 basta trocarmos x por y e y por x.
observe:
y = 2x → x = 2y
x
Isolando y em função de x resulta: y =
2 Os pontos A, B, C, D e E formam o gráfico da função.
Exemplo: Achar a função inversa de y = 2x
OBSERVAÇÃO
Solução: Se tivermos para o domínio o intervalo [-1,3], teremos para gráfico de f(x) =
a) Troquemos x por y e y Por x; teremos: x = 2y 2x - 1 um segmento de reta infinitos pontos).
x
b) Expressemos o novo y em função do novo x ; teremos y = e
2
x
então: f −1( x ) =
2

GRÁFICOS
SISTEMA CARTESIANO ORTOGONAL
Como já vimos, o sistema cartesiano ortogonal é composto por dois eixos
perpendiculares com origem comum e uma unidade de medida.

Se tivermos como domínio a conjunto R, teremos para o gráfico de f(x) =


2x - 1 uma reta.
,Nas casos em que os intervalos ou o próprio R, toma apenas alguns
números reais para a construção da tabela, e no gráfico unimos os pontos
obtidos.

ANÁLISE DE GRÁFICOS
- No eixo horizontal, chamado eixo das abscissas, representamos os Através do gráfico de uma função podemos obter informações importantes
primeiros elementos do par ordenado de números reais. o respeito do seu comportamento, tais como: crescimento, decrescimento,
- No eixo vertical, chamado eixo das ordenadas, representamos os domínio, imagem, valores máximos e mínimos, e, ainda, quando a função é
segundos elementos do par ordenado de números reais. positiva ou negativa etc.

Matemática 38
APOSTILAS OPÇÃO
3x 1 FUNÇÂO CRESCENTE
Assim, dada a função real f(x) = + e o seu gráfico, podemos ana- Consideremos a função y = 2x definida de R em R. Atribuindo-se valores
5 5 para x, obtemos valores correspondentes para y e os representamos no plano
lisar o seu comportamento do seguinte modo: cartesiano:

Observe que à medida que os valores de x aumentam, os valores de y


também aumentam; neste caso dizemos que a função é crescente.

FUNÇÃO DECRESCENTE
Consideremos a função y = -2x definida de R em R.
Atribuindo-se valores para x, obteremos valores correspondentes para y e
os representamos no plano cartesiano.

• ZERO DA FUNÇÃO:
3x 1 1
f(x)= 0 ⇒ + =0 ⇒ x = −
5 5 3
Graficamente, o zero da função é a abscissa do ponto de intersecção do
gráfico com o eixo dos x.
• DOMÍNIO: projetando o gráfico sobre o eixo dos x: D = [-2, 3]
• IMAGEM: projetando o gráfico sobre o eixo dos y: Im = [ -1, 2 ]
observe, por exemplo, que para:
- 2 < 3 temos f (-2) < f ( 3 )
-1 2
Dizemos que f é crescente. Note que a medida que as valores de x aumentam, as valores de y
• SINAIS: diminuem; neste caso dizemos que a função é decrescente.
1
x ε [ -2, - [ ⇒ f(x)<0
3 FUNÇÃO CONSTANTE
É toda função de R em R definida por
1
x ε ]- ,3] ⇒ f(x)>0 f ( x ) = c (c = constante)
3
• VALOR MÍNIMO: -1 é o menor valor assumido por y = f ( x ) Ymín Exemplos:
=-1 a) f(x) = 5 b) f(x) = -2
• VALOR MÁXIMO: 2 é o maior valor assumido por y = f ( x ) Ymáx c) f(x) = 3 d) f(x) = ½
=-2
TÉCNICA PARA RECONHECER SE UM GRÁFICO REPRESENTA OU
Seu gráfico é uma reta paralela ao eixo dos x passando pelo ponto (0, c).
NÃO UMA FUNÇAO
Para reconhecermos se o gráfico de uma relação representa ou não uma
função, aplicamos a seguinte técnica:
Traçamos qualquer reta paralela ao eixo dos y; qualquer que seja a reta
traçada, o gráfico da relação for interceptado em um único ponto, então o
gráfico representa uma função. Caso contrário não representa uma função.
Exemplos:

FUNÇÃO IDENTIDADE

É a função de lR em lR definida por


f(x) = x
x y=f(x)=x
-2 -2
-1 -1
0 0
O gráfico a) representa uma função, pois qualquer que seja a reta traçada 1 1
paralelamente a y, o gráfico é interceptado num único ponto, o que não 2 2
acontece com b e C.

Matemática 39
APOSTILAS OPÇÃO
Observe; seu gráfico é uma reta que contém as bissetrizes do 1º e 3º qua-
drantes.
D=R CD = R lm = R

FUNÇÃO AFIM
É toda função f de R em R definida por
f (x) = ax + b (a, b reais e a ≠ 0)

Exemplos:
a) f(x) = 2x –1 b) f(x) = 2 – x c) f(x) = 5x

Observações
1) quando b = 0 a função recebe o nome de função linear.
2) o domínio de uma função afim é R: D = R
3) seu conjunto imagem é R: lm = R
4) seu gráfico é uma reta do plano cartesiano. FUNÇÃO MODULAR
Consideremos uma função f de R em R tal que, para todo x ε lR,
FUNÇÃO COMPOSTA tenhamos f ( x ) = | x | onde o símbolo | x | que se lê módulo de x, significa:
Dadas as funções f e g de R em R definidas por x, se x ≥0
f ( x ) = 3x e g ( x ) = x2 temos que: x =
f(1)=3.1=3 - x, se x <0
f(2)=3.2=6 esta função será chamada de função modular.
f ( a ) = 3 . a = 3 a (a ε lR) Gráfico da função modular:
f ( g ) = 3 . g = 3 g (g ε lR)
f [ g( x )] = 3.g( x )
⇒ f [ g ( x ) ] = 3x 2
g ( x ) = x2

função composta de f e g
Esquematicamente:

FUNÇÃO PAR E FUNÇÃO ÍMPAR


Uma função f de A em B diz-se função par se, para todo x ε A, tivermos f
(x ) = f (-x).
Uma função f de A em B diz-se uma função ímpar se, para todo x ε R,
tivermos f(-x) = -f (x).
Decorre das definições dadas que o gráfico de uma função par é simétrico
Símbolo: em relação ao eixo dos y e o gráfico de uma função ímpar e simétrico em
f o g lê-se "f composto g" - (f o g) ( x ) = f [ g ( x)] relação ao ponto origem.

FUNÇÃO QUADRÁTICA
É toda função f de R em R definida por
f(x) = ax2 + bx + c
(a, b ,c reais e a ≠ 0 )

Exemplos:
a) f(x) = 3x2 + 5x + 2
b) f(x) = x2 - 2x função par: f(x) = f (-x ) função ímpar: f(-x) = -f(x)
c) f(x) = -2x2 + 3
d) f(x) = x2
Seu gráfico e uma parábola que terá concavidade voltada "para cima" se a FUNÇÃO DO 1º GRAU
> 0 ou voltada "para baixo" se a < 0. FUNCÃO LINEAR
Exemplos: Uma função f de lR em lR chama-se linear quando é definida pela equa-
f ( x ) = x2 - 6x + 8 (a = 1 > 0) ção do 1º grau com duas variáveis y = ax , com a ε lR e a ≠ 0.
Exemplos:
f definida pela equação y = 2x onde f : x → 2x
f definida pela equação y = -3x onde f : x → -3x

GRÁFICO
Num sistema de coordenadas cartesianas podemos construir o gráfico de
uma função linear.

Para isso, vamos atribuir valores arbitrários para x (que pertençam ao do-
mínio da função) e obteremos valores correspondentes para y (que são as
imagens dos valores de x pela função).

A seguir, representamos num sistema de coordenadas cartesianas os


pontos (x, y) onde x é a abscissa e y é a ordenada.
f ( x ) = - x2 + 6x - 8 (a = -1 < 0)
Matemática 40
APOSTILAS OPÇÃO
Vejamos alguns exemplos: FUNÇÃO AFIM
Construir, num sistema cartesiano de coordenadas cartesianas, o gráfico Uma função f de lR em lR chama-se afim quando é definida pela equação
da função linear definida pela equação: y = 2x. do 1º grau com duas variáveis y = ax + b com a,b ε R e a ≠ 0.
x=1 → y=2(1)=2 Exemplos:
x = -1 → y = 2(-1 ) = -2 f definida pela equação y = x +2 onde f : x → x + 2
x = 2 → y = 2( 2 ) = 4 f definida pela equação y = 3x -1onde f : x → 3x - 1
x = -3 → y = 2(-3) = -6 A função linear é caso particular da função afim, quando b = 0.
x y
1 2 → A ( 1, 2) GRÁFICO
-1 -2 → B (-1, -2) Para construirmos o gráfico de uma função afim, num sistema de coorde-
2 4 → C ( 2, 4) nadas cartesianas, vamos proceder do mesmo modo como fizemos na função
-3 -6 linear.
→ D ( -3, -4) Assim, vejamos alguns exemplos, com b ≠ 0.
Construir o gráfico da função y = x - 1
Solução:
x=0 → y = 0 - 1 = -1
x=1 → y=1–1 =0
x = -1 → y = -1 - 1 = -2
x=2 → y=2 -1=1
x = -3 → y = -3 - 1 = -4
x y → pontos ( x , y)
0 -1 → A ( 0, -1)
1 0 → B ( 1, 0)
-1 -2 → C ( -1, -2)
2 1 → D ( 2, 1)
O conjunta dos infinitos pontos A, B, C, D, ..:... chama-se gráfico da função -3 -4
→ E ( -3, -4)
linear y = 2x.

Outro exemplo:
Construir, num sistema de coordenadas cartesianas, o gráfico da função
linear definida pela equação y = -3x.
X=1 → y = - 3 (1) = -3
X = -1 → y = -3(-1) = 3
x=2 → y = -3( 2) = -6
x = -2 → y = -3(-2) = 6
x y
1 -3 → A ( 1, -3)
-1 3 → B (-1, 3) O conjunto dos infinitos pontos A, B, C, D, E,... chama-se gráfico da função
2 -6 → C ( 2, -6) afim y = x - 1.
-2 6 → D ( -2, 6) Outro exemplo:
Construir o gráfico da função y = -2x + 1.
Solução:
x=0 → y = -2(0) + 1 = 0 + 1 = 1
x=1 → y = -2(1) + 1 = -2 + 1 = -1
x = -1 → y = -2(-1) +1 = 2 + 1 = 3
x=2 → y = -2(2) + 1 = -4 + 1 = -3
x = -2 → y = -2(-2)+ 1 = 4 + 1 = 5
x y → pontos ( x , y)
0 1 → A ( 0, 1)
1 -1 → B ( 1, -1)
-1 3 → C ( -1, 3)
2 -3 → D ( 2, -3)
-2 5
→ E ( -2, 5)
Gráfico

O conjunto dos infinitos pontos A, B, C, D , ...... chama-se gráfico da


função linear y = -3x.

Conclusão:
O gráfico de uma função linear ê a reta suporte dos infinitos pontos A, B,
C, D, .... e que passa pelo ponto origem 0.

Observação
Como uma reta é sempre determinada por dois pontos, basta
representarmos dois pontos A e B para obtermos o gráfico de uma função
linear num sistema de coordenadas cartesianas.

Matemática 41
APOSTILAS OPÇÃO
FUNÇÃO DO 1º GRAU
As funções linear e afim são chamadas, de modo geral, funções do 1º
grau.

Assim são funções do primeiro grau:


f definida pela equação y = 3x
f definida pela equação y = x + 4
f definida pela equação y = -x
f definida pela equação y = -4x + 1

FUNÇÃO CONSTANTE
Consideremos uma função f de R em R tal que, para todo x ε lR,
tenhamos f(x) = c, onde c ε lR; esta função será chamada de função
constante. Na função identidade, f(R) = R.
A função constante é sobrejetora.
O gráfico da função constante é uma reta paralela ou coincidente com o
eixo dos x; podemos ter três casos: VARIAÇÃO DO SINAL DA FUNÇÃO LINEAR
a) c > 0 b) c = o c) c < 0 A variação do sinal da função linear y = ax + b é fornecida pelo sinal dos
valores que y adquire, quando atribuímos valores para x.

1º CASO: a > 0
Consideremos a função y = 2x - 4, onde a = 2 e b= -4.
Observando o gráfico podemos afirmar:

Observações:
Na função Constante, f (R) = { c } ; o conjunto imagem é unitário.

A função constante não é sobrejetora, não é injetora e não é bijetora; e,


em conseqüência disto, ela não admite inversa.

Exemplo:
Consideremos a função y = 3, na qual a = 0 e b = 3 a) para x = 2 obtém-se y = 0
b) para x > 2 obtém-se para y valores positivos, isto é, y > 0.
Atribuindo valores para x ε lR determinamos y ε lR c) para x < 2 obtém-se para y valores negativos, isto é, y < 0.
xε R y = 0X + 3 y ε lR {x, y}
-3 y = 0.(-3)+ 3 y=3 {-3, 3} Resumindo:
-2 y = 0.(-2) + 3 y=3 {-2, 3} ∀ x ε lR | x > 2 ⇒ y >0
-1 y = 0.(-1) + 3 y=3 {-1, 3} ∀ x ε lR | x < 2 ⇒ y<0
0 y = 0. 0 + 3 y=3 {0, 3}
1 y = 0. 1 + 3 y=3 {1 , 3} ∀ x ε lR | x = 2 ⇒ y =0
2 y = 0. 2 + 3 y=3 { 2, 3}
Esquematizando:
Você deve ter percebido que qualquer que seja o valor atribuído a x, y será
sempre igual a 3.

Representação gráfica:

2º CASO: a < 0
Consideremos a função y = - x + 6, onde a = -2 e b = 6.

Toda função linear, onde a = 0, recebe o nome de função constante.

FUNÇÃO IDENTIDADE
Consideremos a função f de R em R tal que, Para todo x ε R, tenhamos
f(x) = x; esta função será chamada função identidade.
Observemos algumas determinações de imagens na função identidade.
x = 0 ⇒ f ( 0 ) = 0 ⇒ y = 0; logo, (0, 0) é um ponto do gráfico dessa função.
x = 1 ⇒ f ( 1) = 1 ⇒ y = 1; logo (1, 1) é um ponto do gráfico dessa função.
x = -1 ⇒ f (-1) =-1 ⇒ y = -1; logo (-1,-1) é um ponto gráfico dessa função. Observando o gráfico podemos afirmar:
a) para x = 3 obtém-se y = 0
Usando estes Pontos, como apoio, concluímos que o gráfico da função b) para x > 3 obtêm-se para y valores negativos, isto é, y < 0.
identidade é uma reta, que é a bissetriz dos primeiro e terceiro quadrantes. c) para x < 3 obtêm-se para y valores positivos, isto é, y > 0.

Matemática 42
APOSTILAS OPÇÃO
Resumindo: a) a relação lR pelos elementos (pares ordenados)
∀ x ε lR | x > 3 ⇒ y<0 b) o domínio de lR
c) a imagem de lR
∀ x ε lR | x < 3 ⇒ y >0 Solução
∃ x ε lR | x = 3 ⇒ y=0

Esquematizando:

De um modo geral podemos utilizar a seguinte técnica para o estudo da 1 1


variação do sinal da função linear: a) R = { ( 1, 1), (2, ), ( 3, )
2 3
b) D = { 1, 2, 3 }
1 1
c) Im = { 1, , }
2 3
Qual o domínio e imagem da relação R em
y tem o mesmo sinal de a quando x assume valores maiores que a raiz. A = { x ε Z | - 1 < x ≤ 10 } definida por
y tem sinal contrário ao de a quando x assume valores menores que a (X, Y) ε lR | y = 3x?
raiz.
Solução:
NOTACÕES R = { ( 0, 0), ( 1, 3 ), ( 2, 6), ( 3, 9) }
Nos exemplos anteriores, vimos que uma função pressupõe a existência D = { 0, 1, 2, 3 }
de dois conjuntos A (chamado domínio), B (chamado contradomínio) e uma lei Im = { 0, 3, 6, 9}
de correspondência entre os seus elementos (geralmente uma expressão
matemática) que associe a cada elemento de A um único elemento em B.
Quando aplicamos a lei a um elemento genérico x do domínio,
encontramos, no contradomínio, um elemento correspondente chamado
imagem de x e denotado por f(x). O conjunto dessas imagens ê, assim, um
subconjunto do contradomínio e é chamado conjunto imagem.

FUNÇÃO QUADRÁTICA
EQUACÃO DO SEGUNDO GRAU
Toda equação que pode ser reduzida à equação do tipo: ax2 + bx + c = 0
x → representa um elemento genérico do domínio da função onde a, b e c são números reais e a ≠ 0, é uma equação do 2º grau em x.
f ( x ) → lê-se "efe de x", "imagem de x" ou "função de “x”. Exemplos:
São equações do 2º grau:
Exemplo: a) x2 – 7x + 10 = 0 ( a = 1, b = -7, c = 10)
Dados os conjuntos A = { -1, 0, 2 } e B = { -3, -1, 0, 1, 5 } seja a função f : a) 3x2 +5 x + 2 = 0 ( a = 3, b = 5, c = 2)
A - B definida por f ( x ) = 2x + 1 a) x2 – 3x + 1 = 0 ( a = 1, b = -3, c = 1)
f : A → B → lê-se: "função de A em B" função com domínio A e a) x2 – 2x = 0 ( a = 1, b = -2, c = 0)
a) - x2 + 3 = 0 ( a = -1, b = 0, c = 3)
contradomínio B".
a) x2 = 0 ( a = 1, b = 0, c = 0)
f ( x ) = 2x + 1 → é a lei de correspondência e indica que a imagem de x
é obtida efetuando-se as operações 2x + 1. Resolução:
Assim: Calculamos as raízes ou soluções de uma equação do 2º grau usando a
f ( -1 ) = 2 ( -1 ) + 1 = -1 ( -1 é imagem de –1)
f(0 )=2 . 0 +1= 1 ( 1 é imagem de 0 ) −b± ∆
fórmula: x =
f(2 )=2( 2) +1=5 ( 5 é imagem de 2 ) 2a
onde ∆ = b2 - 4a c

Chamamos ∆ de discriminante da equação ax2 + bx + c = 0

Podemos indicar as raízes por x1 e x2, assim:


−b+ ∆ −b− ∆
x1 = e x2 =
Domínio: A = {-1, 0, 2 } 2a 2a
Contradomínio: B = { -3, -1, 0, 1, 5 }
Conjunto imagem: lm = { -1,1,5 } A existência de raízes de uma equação do 2º grau depende do sinal do
1 1 seu discriminante. Vale dizer que:
Dados os conjuntos A = { 1, 2, 3, 4 } e B = { , , 1, 2 } e a relação de
3 2 ∆ >0 → existem duas raízes reais e distintas (x1 ≠ x2)
1 ∆ < 0 → existem duas raízes reais e iguais (x1 =x2)
A em B definida por (x,y) ε lR ⇒ y= , determinar: ∆ = 0 → não existem raízes reais
x
Matemática 43
APOSTILAS OPÇÃO
FUNÇÃO QUADRÁTICA I) gráfico de f(x) = x2 - 4x + 3
Toda lei de formação que pode ser reduzida à forma:
f ( x ) = ax2 + bx + c ou y = ax2 + bx + c
Onde a, b e c são números reais e a ≠ 0, define uma função quadrática
ou função do 2º grau para todo x real.

GRÁFICO
Façamos o gráfico de f : R → R por f ( x ) = x2 - 4x + 3
A tabela nos mostra alguns pontos do gráfico, que é uma curva aberta
denominada parábola. Basta marcar estes pontos e traçar a curva.
x y = x2 - 4x + 3 ponto
-1 y = ( -1 )2 - 4 ( -1 ) + 3 = 8 (-1, 8)
0 y = 02 - 4 . 0 + 3 = 3 ( 0, 3)
1 y = 12 - 4 . 1 + 3 = 0 ( 1, 0)
2 y = 22 - 4 . 2 + 3 = -1 ( 2,-1) Parábola côncava para cima
3 y = 32 - 4 . 3 + 3 = 0 ( 3, 0)
4 y = 42 - 4 . 4 + 3 = 3 ( 4, 3) II) gráfico de f(x) = - x2 + 4x
5 y = 52 - 4 . 5 + 3 = 8 ( 5, 8)

De maneira geral, o gráfico de uma função quadrática é uma parábola.


Gráfico:

parábola côncava para baixo

Note que a parábola côncava para cima é o gráfico de f(x) = x2 - 4x + 3 on-


de temos a = 1 (portanto a > 0) enquanto que a côncava para baixo é o gráfico
de f(x) = - x2 + 4x onde temos a = -1 (portanto a > 0).
De maneira geral, quando a > 0 o gráfico da função f(x) = ax2 + bx + c é
uma parábola côncava para cima.
Eis o gráfico da função f(x) = -x2 + 4x Quando a < 0 a parábola para baixo:
x y = - x2 + 4x ponto
-1 y = - ( -1 )2 + 4 ( -1 ) = -5 (-1, -5) COORDENADA DO VÉRTICE
0 y = - 02 + 4 . 0 = 0 ( 0, 0) Observe os seguintes esboços de gráficos de funções do 2º grau:
1 y = -12 + 4 .1 = 3 ( 1, 3)
2 y = - 22 + 4 . 2 = 4 ( 2, 4)
3 y = - 32 + 4 . 3 = 3 ( 3, 3)
4 y = - 42 + 4 . 4 = 0 ( 4, 0)
5 y = - 52 + 4 . 5 = -5 ( 5, -5)

Gráfico:

Note que a abscissa do vértice é obtida pela semi-soma dos zeros da


função. No esboço ( a ) temos:
x + x2 2 + 4 6
xv = 1 = = =3
2 2 2
No esboço (b) temos:
x + x 2 −1 + 3 2
xv = 1 = = =1
2 2 2

Como a soma das raízes de uma equação do 2º grau é obtida pela


−b
fórmula S = , podemos concluir que:
VÉRTICE E CONCAVIDADE
a
O ponto V indicado nos gráficos seguintes é denominado vértice da −b
parábola. Em ( I ) temos uma parábola de concavidade voltada para cima x1 + x 2 S −b
(côncava para cima), enquanto que em (II) temos uma parábola de xv = = = a =
2 2 2 2a
concavidade voltada para baixo (côncava para baixo)

Matemática 44
APOSTILAS OPÇÃO
ou seja, a abscissa do vértice da parábola é obtida pela fórmula: ESTUDO DO SINAL DA FUNÇÃO DO 2º GRAU
−b Estudar o sinal de uma função quadrática é determinar os valores de x que
xv = tornam a função positiva, negativa ou nula.
2a
Exemplos de determinação de coordenadas do vértice da parábola das Já sabemos determinar os zeros (as raízes) de uma função quadrática, is-
funções quadráticas: to é, os valores de x que anulam a função, e esboçar o gráfico de uma função
a) y = x2 - 8x + 15 quadrática.
Solução:
−b −( −8) 8 Sinais da função f ( x ) = ax2 + bx + c
xv = = = =4
2a 2(1) 2
Vamos agora esboçar o gráfico de
y v = (4)2 - 8(4) + 15 = 16 - 32 + 15 = - 1
f ( x ) = x2 - 4x + 3
Portanto: V = (4, -1)
As raízes de f, que são 1 e 3, são as abscissas dos pontos onde a
b) y = 2x2 – 3x +2
parábola corta o eixo x.
Solução:
−b −( − 3) 3
xv = = = =
2a 2 (2 ) 4
2
3 3
y v = 2  − 3  + 2 =
4 4
 9  9 18 9 18 − 36 + 32
= 2  − + 2 = − +2= =
 
16 4 16 4 16
14 7
= =
16 8 Vamos percorrer o eixo dos x da esquerda para a direita.
3 7 Antes de chegar em x = 1, todos os pontos da parábola estão acima do
Portanto: V = ( , ) eixo x, tendo ordenada y positiva. Isto significa que para todos os valores de x
4 8
menores que 1 temos f ( x ) > 0.
CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO
Para construir uma parábola começamos fazendo uma tabela de pontos
Para x = 1 temos f ( x ) = 0 (1 é uma das raízes de f )
da curva. O vértice é um ponto importante e por isso é conveniente que ele
esteja na tabela.
Depois de x = 1 e antes de x = 3, os pontos da parábola estão abaixo do
Eis como procedemos:
eixo x, tendo ordenada y negativa. Isto significa que para os valores de x
−b compreendidos entre 1 e 3 temos f ( x ) < 0.
a) determinemos xv, aplicando a fórmula xV =
2a
b) atribuímos a x o valor xv e mais alguns valores, menores e maiores
que xv .
c) Calculamos os valores de y
d) marcamos os pontos no gráfico
e) traçamos a curva
Exemplo:
Construir o gráfico de f(x) = x2 - 2x + 2

Solução: temos: a = 1, b = -2 e c = 2 Para x = 3 temos f ( x ) = 0 (3 é raiz de f ).


−b −( −2)
xv = = =1 Depois de x = 3, todos os pontos da parábola estão acima do eixo x, tendo
2a 2 ⋅1 ordenada y positiva. Isto significa que para todos os valores de x maiores do
Fazemos a tabela dando a x os valores -1, 0, 2 e 3. que 3 temos f(x) > 0.
x y = x2 – 2x + 2 ponto
-1 y = ( -1 )2 – 2( -1) + 2 = 5 ( -1, 5)
0 y = 02 – 2 . 0 + 2 = 2 ( 0, 2)
1 y = 12 – 2 . 1 + 2 = 1 ( 1, 1)
2 y = 22 – 2 . 2 + 2 = 2 ( 2, 2)
3 y = 32 – 2 . 3 + 2 = 5 ( 3, 5)
Este estudo de sinais pode ser sintetizado num esquema gráfico como o
Gráfico: da figura abaixo, onde representamos apenas o eixo x e a parábola.

Marcamos no esquema as raízes 1 e 3, e os sinais da função em cada


trecho. Estes são os sinais das ordenadas y dos pontos da curva (deixamos o
eixo y fora da jogada mas devemos ter em mente que os pontos que estão
acima do eixo x têm ordenada y positiva e os que estão abaixo do eixo x têm
ordenada negativa).

Matemática 45
APOSTILAS OPÇÃO
Fica claro que percorrendo o eixo x da esquerda para a direita tiramos as 2) f ( x ) = x2 + 7x +13
seguintes conclusões:
x<1 ⇒ f(x)>0 Solução:
X=1 ⇒ f(x)=0 Raízes:
1<x<3 ⇒ f(x)<0 − 7 ± 49 − 4 ⋅ 1 ⋅ 13 − 7 ± − 3
x=3 ⇒ f(x)=0 x= = ∉ lR
2 2
x >3 ⇒ f(x)>0
Esquema gráfico
De maneira geral, para dar os sinais da função polinomial do 2º grau f ( x )
= ax2 + bx + c cumprimos as seguintes etapas:
a) calculamos as raízes reais de f (se existirem)
b) verificamos qual é a concavidade da parábola
c) esquematizamos o gráfico com o eixo x e a parábola
d) escrevemos as conclusões tiradas do esquema
Conclusão: ∀ x ε lR, f ( x ) > 0
Exemplos:
Vamos estudar os sinais de algumas funções quadráticas: 3) f ( x ) = x2 –6x + 8

1) f ( x ) = -x2 - 3x Solução:
Raízes: ∆ = ( - 6)2 – 4 . 1 . 8
Solução:
∆ = 36 –32 = 4 ⇒ ∆ =2
Raízes: - x2 - 3x = 0 ⇒ - x ( x + 3) = 0 ⇒ 6+2 8
= =4
( - x = 0 ou x + 3 = 0 ) ⇒ x = 0 ou x = - 3 6±2 2 2
concavidade: a = - 1 ⇒ a < 0 para baixo x= ⇒
2 6−2 4
= =2
Esquema gráfico 2 2
x1 = 2 e x2 = 4

Esboço gráfico:

Conclusões:
x < -3 ⇒ f(x)<o Estudo do sinal:
x = -3 ⇒ f(x)=0 para x < 2 ou x > 4 ⇒ y>0
-3 < x < 0 ⇒ f(x)>0 para x = 2 ou x = 4 ⇒ y=0
x=0 ⇒ f(x)=0 para 2 < x < 4 ⇒ y<0
x>0 ⇒ f(x)<0
5) f ( x ) = -2x2 + 5x - 2
1) f ( x ) = 2x2 –8x +8
Solução: Solução:
Raízes: Zeros da função: ∆ = ( 5 )2 – 4 . ( -2) .( -2)
8 ± 64 − 4 ⋅ 2 ⋅ 8 ∆ = 25 – 16 = 9 ⇒ ∆ = 3
2x2 - 8x + 8 = 0 ⇒ x =
4 -5+3 −2 1
= =
8± 0 −5±3 -4 −4 2
= =2 x= ⇒
4 2( −2) -5-3 −8
= =2
-4 −4
A parábola tangência o eixo x no ponto de abscissa 2.
1
x1 = e x2 = 2
concavidade: a = 2 ⇒ a > 0 ⇒ para cima 2

Esquema gráfico Esboço do gráfico:

Estudo do sinal
1
Para x < ou x > 2 ⇒ y < 0
Conclusões: 2
x< 2 ⇒ f(x)>0 1
x= 2 ⇒ f(x)=0 Para x = ou x = 2 ⇒ y < 0
2
x> 2 ⇒ f(x)>0
1
Para < x <2 ⇒ y > 0
2

Matemática 46
APOSTILAS OPÇÃO
6) f ( x ) = x2 - 10x + 25 11) Determinar m para que o gráfico da função quadrática y = (m- 3)x2 +
5x - 2 tenha concavidade volta para cima.
Solução: ∆ = ( -10 )2 – 4 . 1 . 25 solução:
∆ = 100 – 100 = 0 condição: a > 0 ⇒ m – 3 > 0 ⇒ m > 3
−( −10 ) 10
x= = =5 12) Para que valores de m função f ( x ) = x2 – 3 x + m – 2 admite duas
2(1 ) 2 raízes reais iguais?
Esboço gráfico: solução:
condição: ∆ > 0
∆ = ( -3)2 – 4 ( 1 ) ( m – 2) = 9 – 4m +8 ⇒
−17 17
⇒ -4 m + 17 = 0 ⇒ m = ⇒ m=
Estudo do sinal: −4 4
para x ≠ 5 ⇒ y>0
13) Para que valores de x a função f(x) = x2 -5x + 6 assume valores que
para x = 5 ⇒ y=0
acarretam f(x) > 0 e f(x) < 0?
Observe que não existe valor que torne a função negativa. Solução:
f ( x ) = x2 - 5x + 6
7) f ( x ) = - x2 –6x - 9 f ( x ) = 0 ⇒ x2 - 5x + 6 = 0 ⇒ x1 = 2 e x2 = 3
Solução:
Zeros da função: ∆ = (-6)2 - 4(-1)(-9 ) Portanto:
∆ = 36 - 36 = 0 f(x)>0 para [ x ε R [ x < 2 ou x > 3 ]
−( −6) 6 f(x)<0 para [ x ε R [ 2 < x < 3 ]
x= = = −3
2( −1 ) − 2 FUNÇAO PAR
Esboço gráfico: Dizemos que uma função de D em A é uma função pôr se e somente
se: f ( x ) = f (- x ), ∀ x , x ε D
isto é, a valores simétricos da variável x correspondem a mesma imagem
pela função.
Exemplo:
f ( x ) = x2 é uma função par, pois temos, por exemplo:
Estudo do sinal:
para x ≠ -3 ⇒ y < 0 para x = -3 ⇒ y = 0 f ( - 2) = ( - 2)2 = 4
f ( - 2) = f ( 2 )
f ( 2 ) = 22 = 4
Observe que não existe valor de x que torne à função positiva.
Observe o seu gráfico:
8) f ( x ) = x2 - 3x + 3
Solução:
Zeros da função ∆ = (-3)2 – 4 . 1 . 3
∆ = 9 –12 = -3
A função não tem zeros reais

Esboço do gráfico:

Vale observar que: 0 gráfico de uma função par é simétrico em relação ao


eixo dos y.

Estudo do sinal: ∀ x ε lR ⇒ y > 0 FUNÇÃO ÍMPAR


Dizemos que uma função D em A é uma função impor se e somente
9) Determine os valores de m, reais, para que a função se f ( - x ) = -f ( x ), ∀ x , x ε D isto é, a valores simétricos da variável x
correspondem imagens simétricas pela função.
f ( x ) = (m2 - 4)x2 + 2x Exemplo:
seja uma função quadrática. f ( x ) = 2x é uma função ímpar, pois temos, por exemplo:
f ( - 1) = 2( - 1) = - 2
Solução: f ( - 1) = − f ( 1 )
A função é quadrática ⇔ a ≠ 0 f ( 1) = 2 ⋅ 1 = 2
Observe o seu gráfico:
Assim: m2 - 4 ≠ 0 ⇒ m2 ≠ 4 ⇒ m ≠ ± 2

Temos: m ε lR, com m ≠ ± 2

10) Determine m de modo que a parábola


y = ( 2m – 5 ) x2 - x
tenha concavidade voltada para cima.

Solução:
Condição: concavidade para cima ⇔ a > 0
5 O gráfico de uma função impar é simétrico em relação à origem do
2m - 5 > 0 ⇒ m>
2 sistema cartesiano.
Matemática 47
APOSTILAS OPÇÃO
FUNÇÃO MODULO Resolver a equação | x |2 - 2 | x | - 3 = 0
Chamamos de função modular a toda função do tipo y = | x | definida por: Solução:
x, se x ≥ 0 Fazendo | x | = y, obtemos
f (x)= y2 - 2y - 3 = 0 ⇒ y = -1 ou y = 3
- x, se x < 0, pra todo x real
Representação gráfica: Como y = | x |, vem:
| x | = 3 ⇒ x = -3 ou x = 3
| x | = -1 não tem solução pois | x | ≥ 0

Assim, o conjunto-solução da equação é


S = {-3, 3}

FUNÇÃO COMPOSTA
Consideremos a seguinte função:
Um terreno foi dividido em 20 lotes, todos de forma quadrada e de mesma
área. Nestas condições, vamos mostrar que a área do terreno é uma função da
medida do lado de cada lote, representando uma composição de funções.
Para isto, indicaremos por:
D(f)=R x = medida do lado de cada lote
Im ( f ) = R+ y = área de cada terreno
Exemplos: z = área da terreno
a) y = | x | + 1
 x + 1, se x ≥ 0 1) Área de cada lote = (medida do lado)2
y= ⇒ y = x2
- x + 1, se x < 0
Então, a área de cada lote é uma função da medida do lado, ou seja, y = f
( x ) = x2

2) Área do terreno = 20. (área de cada lote)


⇒ z = 20y
Então, a área do terreno é uma função da área de cada lote, ou seja: z =
g(y) = 20y

3) Comparando (1) e (2), temos:


Área do terreno = 20 . (medida do lado)2, ou seja: z = 20x2 pois y = x2 e z
= 20y
então, a área do terreno é uma função da medida de cada lote, ou seja, z
= h ( x ) = 20x2
D(f)=R Im ( f ) = { y ε lR | y ≥ 1}

Calcular | x – 5 | = 3
Solução:
| x - 5 | = 3 ⇔ x - 5 = 3 ou x - 5 = -3

Resolvendo as equações obtidas, temos: A função h, assim obtida, denomina-se função composta de g com f.
x - 5 = -3 x - 5= 3 Observe agora:
x=8 x=2
y=f(x)
S = {2, 8} ⇒ z = g[ f ( x ) ]
z = g( y )
Resolver a equação | x | 2 + 2 | x | -15 = 0
Solução:
z =h( x )
Fazemos | x | = y, com y ≥ 0, e teremos ⇒ h( x ) = g[h( x )]
y2 + 2y – 15 = 0 ∆ = 64 z = g [f(x)]
y’ = 3 ou y " = - 5 (esse valor não convêm pois y ≥ 0)
A função h ( x ), composta de g com f, pode ser indicada por:
Como | x | = y e y = 3, temos g [ f ( x ) ] ou (g o f ) ( x )
| x | = 3 ⇔ x =3 ou x = -3
S = {-3, 3}

Resolver a equação | x2 - x – 1| = 1
Solução:
| x2 - x – 1| = 1 x2 - x – 1 = 1 ou
x2 - x – 1 = - 1
x2 - x – 1 = 1 x2 - x – 1 = - 1
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
x2 - x – 2 = 0 x2 - x = 0
∆ =9 x ( x – 1) = 0
SENO
x’ = 2 ou x ” = -1 x’ = 0 ou x “ = 1
A função seno é definida pela ordenada do ponto M no ciclo trigono-
métrico. No caso, a ordenada de M é OM'.
S = {-1, 0, 1, 2 }
Matemática 48
APOSTILAS OPÇÃO
TANGENTE
sen x = OM'
A função tangente é definida pelo segmento orientado AT .

tg x = AT
sen x
Podemos mostrar que: tg x =
cos x

Veja o gráfico de y = sen x:

Veja o gráfico da função y = tg x :

Conclusões:

a) O domínio é D = lR.
b) O conjunto imagem é
lm = {y ∈ lR | - 1 ≤ y ≤ 1}
c) O nome da curva é senóide.
d) O período é 2 π rd.

a) O domínio é D =
CO-SENO
A função co-seno é definida pela abscissa do ponto M no ciclo trigo-  π 
 x ∈ lR | x ≠ + kπ 
nométrico. No caso, a abscissa de M é OM".  2 
b) O conjunto imagem é lm = lR
cos x = OM" c) O nome da curva é tangentóide.
d) O período é igual a π ou 180º.

CO-TANGENTE
A função co-tangente é definida pelo segmento orientado BD .
Podemos mostrar que:

Veja o gráfico da função y = cos x:

cos x
cotg x =
sen x
Veja o gráfico de y = cotg x:

Conclusões:

a) O domínio é D = lR.
b) O conjunto imagem é
lm = {y ∈ lR | - 1 ≤ y ≤ 1}
c) O nome da curva é
co-senóide. Conclusões:
d) O período é 2 π rd. a) O domínio é D = {x ∈ lR | x ≠ kπ } ( k ∈ Z)

Matemática 49
APOSTILAS OPÇÃO
b) O conjunto imagem é lm = lR como é o caso de notas obtidas pelos alunos de uma classe, estaturas de um
c) O nome da curva é co- tangentóide. conjunto de pessoas, salários recebidos pelos operários de uma fábrica etc.
d) O período é igual a π ou 180º. Suponhamos termos feito uma coleta de dados relativos às estaturas de
quarenta alunos, que compõem uma amostra dos alunos de um colégio A,
SECANTE resultando a seguinte tabela de valores:
A função secante é definida pela função :
TABELA 5.1
1 ESTATURAS DE 40 ALUNOS DO COLÉGIO A
f(x) = sec x = 166 160 161 150 162 160 165 167 164 160
cos x 162 161 168 163 156 173 160 155 164 168
155 152 163 160 155 155 169 151 170 164
Veja o gráfico de y = sec x: 154 161 156 172 153 157 156 158 158 161

A esse tipo de tabela, cujos elementos não foram numericamente organi-


zados, denominamos tabela primitiva.

Partindo dos dados acima — tabela primitiva — é difícil averiguar em torno


de que valor tendem a se concentrar as estaturas, qual a menor ou qual a
maior estatura ou, ainda, quantos alunos se acham abaixo ou acima de uma
dada estatura.

Assim, conhecidos os valores de uma variável, é difícil formarmos uma


idéia exata do comportamento do grupo como um todo, a partir dos dados não-
ordenados.
Conclusões:
A maneira mais simples de organizar os dados é através de uma certa or-
 π  denação (crescente ou decrescente). A tabela obtida após a ordenação dos
a) O domínio é D = x ∈ lR | x ≠ + kπ  (k ∈ Z)
 2  dados recebe o nome de rol.
TABELA 5.2
b) O conjunto imagem é lm = {y ∈lR| y ≤ -1ou y ≥ 1}
ESTATURAS DE 40 ALUNOS DO COLÉGIO A
c) O nome da curva é secantóide. 150 154 155 157 160 161 162 164 166 169
d) O período é igual a 2 π ou 360º. 151 155 156 158 160 161 162 164 167 170
152 155 156 158 160 161 163 164 168 172
CO-SECANTE 153 155 156 160 160 161 163 165 168 173
A função co-secante é definida pela função:
1 Agora, podemos saber, com relativa facilidade, qual a menor estatura
f(x) = cosec x =
sen x (150 cm) e qual a maior (173 cm); que a amplitude de variação foi de 173 —
150 = 23 cm; e, ainda, a ordem que um valor particular da variável ocupa no
conjunto. Com um exame mais acurado, vemos que há uma concentração
Veja o gráfico de y = cossec x:
das estaturas em algum valor entre 160 cm e 165 cm e, mais ainda, que há
poucos valores abaixo de 155 cm e acima de 170 cm.

2. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA
No exemplo que trabalhamos, a variável em questão, estatura, será ob-
servada e estudada muito mais facilmente quando dispusermos valores orde-
nados em uma coluna e colocarmos, ao lado de cada valor, o número de vezes
que aparece repetido.
Denominamos frequência o número de alunos que fica relacionado a um
determinado valor da variável. Obtemos, assim, uma tabela que recebe o
nome de distribuição de frequência:
TABELA 5.3
Conclusões: ESTAT. FREQ. ESTAT. FREQ ESTAT. FREQ.
a) O domínio é D = {x ∈ lR | x ≠ kπ } (k ∈ Z) (cm) (cm) . (cm)
150 1 158 2 167 1
b) O conjunto imagem é lm = {y ∈lR| y ≤ -1ou y ≥ 1} 151 1 160 5 168 2
c) O nome da curva é co-secantóide. 152 1 161 4 169 1
d) O período é igual a 2 π ou 360º. 153 1 162 2 170 1
154 1 163 2 172 1
155 4 164 3 173 1
156 3 165 1
157 1 166 1 Total 40
5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA
5.1. Representação gráfica (barras, segmen-
Mas o processo dado é ainda inconveniente, já que exige muito espaço,
tos, setores, histogramas). 5.2. Medidas de
mesmo quando o número de valores, da variável (n) é de tamanho razoável.
tendência central (média, mediana e moda).
Sendo possível, a solução mais aceitável, pela própria natureza da variável
contínua, é o agrupamento dos valores em vários intervalos.
DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA
TABELA PRIMITIVA ROL Assim, se um dos intervalos for, por exemplo, 154 ⊢ 158*, em vez de di-
Vamos considerar, neste capítulo, em particular, a forma pela qual pode- zermos que a estatura de 1 aluno é de 154 cm; de 4 alunos, 155 cm; de 3
mos descrever os dados estatísticos resultantes de variáveis quantitativas, alunos, 156 cm; e de 1 aluno, 157 cm. diremos que nove alunos tem estaturas

Matemática 50
APOSTILAS OPÇÃO

entre 154, inclusive, e 158 cm. ( * 154 ⊢ 158* é um intervalo fechado à es- 3.2. Limites de classe
querda e aberto à direita, tal que: 154 ≤ x < 158.). Denominamos limites de classe os extremos de cada classe.
Deste modo, estaremos agrupando os valores da variável em intervalos, O menor número é o limite inferior da classe ( l ) e o maior número, o
i
sendo que, em Estatística, preferimos chamar os intervalos de classes.
limite superior da classe ( L ). Na segunda classe, por exemplo, temos:
i
Chamando de frequência de uma classe o número de valores da variável =154 e L2 =158
pertencentes à classe, os dados da Tabela 5.3 podem ser dispostos como na
Tabela 5.4, denominada distribuição de frequência com intervalos de classe:
TABELA 5.4 NOTA:
ESTATURAS DE 40 ALUNOS DO COLÉGIO A Os intervalos de classe devem ser escritos, de acordo com a Resolução
ESTATURAS (cm) FREQUÊNCIAS 886/66 do lBGE, em termos de desta quantidade até menos aquela, empre-
gando, para isso, o símbolo ⊢ (inclusão de l e exclusão de L ). Assim, o
150 ⊢ 154 i i
4 indivíduo com uma estatura de 158 cm está incluído na terceira classe (i = 3) e
154 ⊢ 158 9 não na segunda.
158 ⊢ 162 11
162 ⊢ 166 a 3.3. Amplitude de um intervalo de classe
5 Amplitude de um intervalo de classe ou, simplesmente, intervalo de classe
166 ⊢ 170 3 é a medida do intervalo que define a classe.
170 ⊢ 174
Total 40 Ela é obtida pela diferença entre os limites superior e inferior dessa classe
e indicada por h . Assim:
Ao agruparmos os valores da variável em classes, ganhamos em simplici- i
dade mas perdemos em pormenores. Assim, na Tabela 5.3 podemos verificar,
facilmente, que quatro alunos têm 161 cm de altura e que não existe nenhum Na distribuição da Tabela 5.4, temos:
aluno com 171 cm de altura. Já na Tabela 5.4 não podemos ver se algum h = L - l = 158 - 154 = 4 ⇒ h2 = 4 cm
aluno tem a estatura de 159 cm. No entanto, sabemos, com segurança, que 2 2 2
onze alunos têm estatura compreendida entre 158 e 162 cm.
3.4. Amplitude total da distribuição
O que pretendemos com a construção dessa nova tabela é realçar o que Amplitude total da distribuição (AT) é a diferença entre o limite superior
há de essencial nos dados e, também, tornar possível o uso de técnicas da última classe (limite superior máximo) e o limite inferior da primeira classe
analíticas para sua total descrição, até porque a Estatística tem por finalidade (limite inferior mínimo):
específica analisar o conjunto de valores, desinteressando-se por casos isola- AT = L (máx,) — l (mín.)
dos.
Em nosso exemplo, temos: AT = 174 — 150 = 24 ⇒ AT = 24 cm
NOTAS:
• Se nosso intuito é, desde o inicio, a obtenção de uma distribuição de NOTA:
frequência com intervalos de classe, basta, a partir da Tabela 5.1, fa- • É evidente que, se as classes possuem o mesmo intervalo, verificamos
zermos uma tabulação, como segue, onde cada traço corresponde a AT 24
um valor: a relação: = k . Em nosso exemplo: =6
hi 4
TABELA 5.5
ESTATURAS (cm) TABULAÇÃO FREQUÊNCIAS 3.5. Amplitude amostral
4 Amplitude amostral (AA) é a diferença entre o valor máximo e o valor mí-
150 ⊢ 154 nimo da amostra:
9
154 ⊢ 158 11 AA = x(máx.) — x(mín.)
158 ⊢ 162 a Em nosso exemplo, temos:
5 AA = 173 — 150 = 23 — AA = 23 cm
162 ⊢ 166 Observe que a amplitude total da distribuição jamais coincide com a ampli-
3
166 ⊢ 170 tude amostral.
170 ⊢ 174
3.6. Ponto médio de uma classe
Total 40 Ponto médio de uma classe ( xi ) é, como o próprio nome indica, o ponto
que divide o intervalo de classe em duas partes iguais.
• Quando os dados estão organizados em uma distribuição de frequência,
são comumente denominados dados agrupados. Para obtermos o ponto médio de uma classe, calculamos a semi-soma
l +L
3. ELEMENTOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA dos limites da classe (média aritmética): xi = i i
2
3.1. Classe Assim, o ponto médio da segunda classe, em nosso exemplo, é:
Classes de frequência ou, simplesmente, classes são intervalos de vari- l +L 154 + 158
ação da variável.
xi = i i ⇒ x 2 = = 156 ⇒ x 2 = 156 cm
2 2
As classes são representadas simbolicamente por i, sendo i = 1, 2, 3,..., NOTA:
k (onde k é o número total de classes da distribuição). O ponto médio de uma classe é o valor que a representa.

Assim, em nosso exemplo, o intervalo 154 ⊢ 158 define a segunda 3.7. Frequência simples ou absoluta
classe (i = 2). Como a distribuição é formada de seis classes, podemos Frequência simples ou frequência absoluta ou, simplesmente, frequência
afirmar que k = 6. de uma classe ou de um valor individual é o número de observações corres-
pondentes a essa classe ou a esse valor.

Matemática 51
APOSTILAS OPÇÃO
A frequência simples é simbolizada por fi (temos: f índice i ou frequência Decidido o número de classes que deve ter a distribuição, resta-nos resol-
ver o problema da determinação da amplitude do intervalo de classe, o que
da classe i). Assim, em nosso exemplo, temos:
f1 = 4 , f2 = 9, f3 = 11, f4 = 8, f5 = 5 e f6 = 3 AT
conseguimos dividindo a amplitude total pelo número de classes: h ≅
i
A soma de todas as frequências é representada pelo símbolo de somató-
k Quando o resultado não é exato, devemos arredondá-lo para mais. Outro
rio: ∑ fi problema que surge é a escolha dos limites dos intervalos, os quais deverão
ser tais que forneçam, na medida do possível, para pontos médios, números
i=1
k que facilitem os cálculos — números naturais.
Ë evidente que: ∑ fi = n Em nosso exemplo, temos: para n = 40, pela tabela 5.7, i = 6
i=1
173 − 150 23
6 Logo: h = = = 3,8 = 4
Para a distribuição em estudo, temos: ∑ fi = 40 6 6
isto é, seis classes de intervalos iguais a 4.
i =1
Não havendo possibilidade de engano, usamos: ∑ fi = 40 RESOLVA:
1. As notas obtidas por 50 alunos de uma classe foram:
Podemos, agora, dar à distribuição de frequência das estaturas dos qua- 1 23 4 5 6 6 7
renta alunos do Colégio A a seguinte representação tabular técnica: 7 8
2 3 3 4 5 6 6 7 8 8
TABELA 5.4 2 3 4 4 5 6 6 7 8 9
ESTATURAS DE 40 ALUNOS DO COLÉGIO A 2 3 4 5 5 6 6 7 8 9
i ESTATURAS (cm) 2 3 4 5 5 6 7 7 8 9
fi
150 ⊢ 154 a. Complete a distribuição de frequência abaixo:
1 4 i NOTAS xi fi
2 154 ⊢ 158 9 1 0 ⊢2 1 1
3 158 ⊢ 162 11 2 ... ...
4 a 3 2 ⊢4 ... ...
162 ⊢ 166
5 5 4 4 ⊢6 ... ...
6 166 ⊢ 170 3 5 6⊢8 ... ...
170 ⊢ 174
8 ⊢ 10
∑ fi = 40
∑ fi = 50
4. NÚMERO DE CLASSES
INTERVALOS DE CLASSE b. Agora, responda:
A primeira preocupação que temos, na construção de uma distribuição de fre- 1. Qual a amplitude amostral?
quência, é a determinação do número de classes e, consequentemente, 2. Qual a amplitude da distribuição?
da amplitude e dos limites dos intervalos de classe. 3. Qual o número de classes da distribuição?
4. Qual o limite inferior da quarta classe?
Para a determinação do número de classes de uma distribuição pode- 5. Qual o limite superior da classe de ordem 2?
mos lançar mão da regra de Sturges. que nos dá o número de classes em 6. Qual a amplitude do segundo intervalo de classe?
função do número de valores da variável:
i ≅ 1 = 3,3 . log n c. Complete:
onde: 1. h3 = ... 3. l1 = .... 5. x2 = ...
i é o número de classe; 2.n = ... 4.L3= .... 6.f5 = ....
n é o número total de dados.

Essa regra nos permite obter a seguinte tabela: 5. TIPOS DE FREQUÊNCIAS


Frequências simples ou absolutas (fi) são os valores que realmente repre-
TABELA 5.7 sentam o número de dados de cada classe.
N i
3 H5 3 Como vimos, a soma das frequências simples é igual ao número total dos
6 H 11 4
12 H 22 5 dados: ∑ fi = n
23 H 46 6 Frequências relativas ( fri ) são os valores das razões entre as frequên-
47 H 90 7
91 H 181 8 f
182 H 362 9 cias simples e a frequência total: fri = i
... ... ∑ fi
Logo, a frequência relativa da terceira classe, em nosso exemplo (Tabela
Além da regra de Sturges, existem outras fórmulas empíricas que preten- 5.6), é:
dem resolver o problema da determinação do número de classes que deve ter
f 11
a distribuição. Entretanto, a verdade é que essas fórmulas não nos levam a fr3 = 3 ⇒ fr3 = = 0,275 ⇒ fr3 = 0,275
uma decisão final; esta vai depender, na realidade, de um julgamento pessoal, ∑ f3 40
que deve estar ligado à natureza dos dados, da unidade usada para expressá-
los e, ainda, do objetivo que se tem em vista, procurando, sempre que possí-
vel, evitar classe com frequência nula ou com frequência relativa** muito
exagerada etc.
Evidentemente: ∑ fri = 1 ou 100 %
Matemática 52
APOSTILAS OPÇÃO
6. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SEM INTERVALOS DE
NOTA: CLASSE
• O propósito das frequências relativas é o de permitir a análise ou faci- Quando se trata de variável discreta de variação relativamente pe-
litar as comparações. quena, cada valor pode ser tomado como um intervalo de classe (intervalo
degenerado) e, nesse caso, a distribuição é chamada distribuição sem
Frequência acumulada ( Fi ) é o total das frequências de todos os valores intervalos de classe, tomando a seguinte forma:
inferiores ao limite superior do intervalo de uma dada classe: TABELA 5.9
Fk = f1 + f2 + ... + fk ou Fk = ∑ fi (i = 1, 2, . .., k ) xi fi
x1 f1
Assim, no exemplo apresentado no início deste capítulo, a frequência x2 f2
acumulada correspondente à terceira classe é: ... ...
xn fn
3
F3 = ∑ fi = f1 + f2 + f3 ⇒ F3 = 4 + 9 + 11 ⇒ F3 = 24, ∑ fi = n
i =1
o que significa existirem 24 alunos com estatura inferior a 162 cm Exemplo: Seja X a variável “número de cômodos das casas ocupadas
(limite superior do intervalo da terceira classe). por vinte famílias entrevistadas’’:

Frequência acumulada relativa (Fri) de uma classe é a frequência TABELA 5.10


acumulada da classe, dividida pela frequência total da distribuição: i xi fi
F 1 2 4
Fri = i 2 3 7
∑ fi 3 4 5
4 5 2
Assim, para a terceira classe, temos: 5 6 1
F 6 7 1
24
Fr3 = 3 ⇒ Fr3 = = 0,600 ⇒ Fr3 = 0,600 ∑ = 20
∑ f3 40
Completada com os vários tipos de frequência, temos:
Considerando a Tabela 5.4, podemos montar a seguinte tabela com
TABELA 5.11
as frequências estudadas:
i xi fi fri Fi Fri
TABELA 5.8
1 2 4 0,20 4 0,20
i ESTATURAS (cm) fi xi fri Fi Fri
2 3 7 0,35 11 0,55
1 150 154 4 152 0,100 4 0,100
3 4 5 0,25 16 0,80
2 154 158 9 156 0,225 13 0,325
4 5 2 0,10 18 0,90
3 158 162 11 160 0,275 24 0,600
5 6 1 0,05 19 0,95
4 162 166 8 164 0,200 32 0,800
6 7 1 0,05 20 1,00
5 166 170 5 168 0,125 37 0,925
6 170 174 3 172 0,075 40 1,000 ∑ = 20 ∑ = 1,00
O conhecimento dos vários tipos de frequência ajuda-nos a responder a NOTA:
muitas questões com relativa facilidade, como as seguintes: Se a variável toma numerosos valores distintos, é comum tratá-la como
a. Quantos alunos têm estatura entre 154 cm, inclusive, e 158 cm? uma variável contínua, formando intervalos de classe de amplitude diferente
Esses são os valores da variável que formam a segunda classe. de um. Esse tratamento (arbitrário) abrevia o trabalho mas acarreta alguma
Como f2 = 9, a resposta é: nove alunos. perda de precisão.
b. Qual a percentagem de alunos cujas estaturas são inferiores a
154 cm? 7. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA DISTRIBUIÇÃO
Esses valores são os que formam a primeira classe. Como fr1 = Uma distribuição de frequência pode ser representada graficamente
0,100, obtemos a resposta multiplicando a frequência relativa por pelo histograma, pelo polígono de frequência e pelo polígono de frequên-
100: cia acumulada.
0,100 X 100 = 10
Logo, a percentagem de alunos é 10%. Construímos qualquer um dos gráficos mencionados utilizando o primei-
c. Quantos alunos têm estatura abaixo de 162 cm? ro quadrante do sistema de eixos coordenados cartesianos ortogonais. Na
É evidente que as estaturas consideradas são aquelas que formam linha horizontal (eixo das abscissas) colocamos os valores da variável e na
as classes de ordem 1, 2 e 3. Assim, o número de alunos é dado linha vertical (eixo das ordenadas), as frequências.
por:
3 7.1. Histograma
f1 + f2 + f3 = ∑ fi = F 3 = 24 O histograma é formado por um conjunto de retângulos justapostos,
i =1 cujas bases se localizam sobre o eixo horizontal, de tal modo que seus
Portanto, 24 alunos têm estatura abaixo de 162 cm. pontos médios coincidam com os pontos médios dos intervalos de classe.
d. Quantos alunos têm estatura não-inferior a 158 cm?
O número de alunos é dado por: As larguras dos retângulos são iguais às amplitudes dos intervalos de
6 classe.
∑ fi = f3 + f4 + f5 + f6 = 11 + 8 + 5 + 3 = 27 As alturas dos retângulos devem ser proporcionais às frequências das
i= 3
classes, sendo a amplitude dos intervalos igual. Isso nos permite tomar as
6
alturas numericamente iguais às frequências.
Ou então: ∑ fi − F2 = n − F2 = 40 − 13 = 27
i= 3 À distribuição da Tabela 5.6 corresponde o seguinte histograma:
Matemática 53
APOSTILAS OPÇÃO
Vamos tomar os anos como abscissas e as quantidades como orde-
nadas. Assim, um ano dado (x) e a respectiva quantidade (y) formam um
par ordenado (x, y), que pode ser representado num sistema cartesiano.
Determinados, graficamente, todos os pontos da série, usando as coor-
denadas, ligamos todos esses pontos, dois a dois, por segmentos de reta, o
que irá nos dar uma poligonal, que é o gráfico em linha ou em curva corres-
pondente à série em estudo (Figura 4.1).
NOTAS: CONSTRUÇÃO DE VEÍCULOS
DE AUTOPROPULSÃO
• histograma goza de uma propriedade da qual faremos considerável BRASIL - 1984- 89
uso: a área de um histograma é proporcional à soma das frequên-
cias.
• No caso de usarmos as frequências relativas, obtemos um gráfico

mil unidades
1903ral
de área unitária. 1902ral
1902ral
1901ral
• Quando queremos comparar duas distribuições, o ideal é fazê-lo 1901ral
1900ral
pelo histograma de frequências relativas. 1900ral

GRÁFICOS ESTATÍSTICOS
1. GRÁFICO ESTATÍSTICO figura 4.1

O gráfico estatístico é uma forma de apresentação dos dados estatís-


ticos, cujo objetivo é o de produzir, no investigador ou no público cm geral,
uma impressão mais rápida e viva do fenômeno cm estudo, já que os NOTAS:
gráficos falam mais rápido à compreensão que as séries. • No exemplo dado, o zero foi indicado no eixo vertical, mas, por
razões óbvias, não foi indicado no eixo horizontal. Observe que o
Para tornarmos possível uma representação gráfica, estabelecemos zero, de modo geral, deverá ser indicado sempre que possível,
uma correspondência entre os termos da série e determinada figura especialmente no eixo vertical. Se, por alguma razão, for impossi-
geométrica, de tal modo que cada elemento da série seja representado vel tal indicação e se essa omissão puder levar o observador a
por uma figura proporcional. conclusões errôneas, é prudente chamar a atenção para a omis-
são por um dos meios indicados nas Figuras 4.2, 4,3 e 4,4:
A representação gráfica de um fenômeno deve obedecer a certos re-
quisitos fundamentais, para ser realmente útil:
a. Simplicidade — o gráfico deve ser destituído de detalhes de im-
portância secundária, assim como de traços desnecessários que
possam levar o observador a uma análise morosa ou com erros.
b. Clareza — o gráfico deve possibilitar uma correta interpretação
dos valores representativos do fenômeno em estudo.
c. Veracidade — o gráfico deve expressar a verdade sobre o fenô-
meno em estudo.
• Com o intuito de melhorar o aspecto visual, podemos sombrear
Os principais tipos de gráficos são os diagramas, os cartogramas e os ou hachurar o gráfico. Assim, o gráfico da Figura 4.3 toma o se-
pictogramas. guinte aspecto:

2. DIAGRAMAS
Dentre os principais diagramas, destacamos:

2.1. Gráfico em linha ou em curva


Este tipo de gráfico se utiliza da linha poligonal para representar a sé-
rie estatística.

O gráfico em linha constitui uma aplicação do processo de represen-


tação das funções num sistema de coordenadas cartesianas. • Quando representamos, em um mesmo sistema de coordenadas, a
variação de dois fenômenos, a parte interna da figura formada pelos
Como sabemos, nesse sistema fazemos uso de duas retas perpendi- gráficos desses fenômenos é denominada área de excesso:
culares; as retas são os eixos coordenados e o ponto de intersecção, a
origem. O eixo horizontal é denominado eixo das abscissas (ou eixo dos x)
e o vertical, eixo das ordenadas (ou eixo dos y).

Para tornar bem clara a explanação, consideremos a seguinte série:

PRODUÇÃO DE VEÍCULOS DE
AUTOPROPULSÃO BRASIL — 1984-89
ANOS QUANTIDADES (1000 unidades)
1984 865
2.2. Gráfico em colunas ou em barras
1985 967
É a representação de uma série por meio de retângulos, dispostos
1986 1.056
verticalmente (em colunas) ou horizontalmente (em barras).
1987 920
1988 1.069 Quando em colunas, os retângulos têm a mesma base e as alturas
1989 513 são proporcionais aos respectivos dados.
FONTE: ANFAVEA.
Quando em barras, os retângulos têm a mesma altura e os compri-
mentos são proporcionais aos respectivos dados.
Matemática 54
APOSTILAS OPÇÃO
Assim estamos assegurando a proporcionalidade entre as áreas dos Obtemos cada setor por meio de uma regra de três simples e direta,
retângulos e os dados estatísticos. lembrando que o total da série corresponde a 3600
Exemplos: Exemplo:
a. Gráfico em colunas Dada a série:
CONSTRUÇÃO DE AERONAVES BRASIL — 1984-89 REBANHOS BRASILEIROS 1988
ANOS UNIDADES ESPÉCIE QUANTIDADE (milhões de cabeças)
1984 184 Bovinos 140
1985 171 Suínos 32
1986 167 Ovinos 20
1987 203 Caprinos 11
1988 199
1989 197 Total 203
FONTE: EMBRAER FONTE: IBGE

b. Gráfico em barras temos:


PRODUÇÃO DE ALHO BRASIL — 1988 203 - 360°
ESTADOS QUANTIDADES (t) ⇒ X1 = 248,2 ⇒ X1 = 248°
140 - X1
Santa Catarina 13.973
Minas Gerais 13.389 x2 = 56,7 ⇒ x2 = 57º
Rio Grande do Sul 6.892 x3 = 35,4 ⇒ x3 = 35º
Goiás 6.130 x4 = 19,5 ⇒ x4 = 20º
São Paulo 4.179
FONTE: BGE Com esses dados (valores em graus), marcamos num círculo de raio
arbitrário, com um transferidor, os arcos correspondentes, obtendo o
NOTAS: gráfico:
• Sempre que os dizeres a serem inscritos são extensos, devemos
dar preferência ao gráfico em barras (séries geográficas e especi-
ficas). Porém, se ainda assim preferirmos o gráfico em colunas,
os dizeres deverão ser dispostos de baixo para cima, nunca ao
contrário.
• A ordem a ser observada é a cronológica, se a série for histórica,
e a decrescente, se for geográfica ou categórica.
• A distância entre as colunas (ou barras), por questões estéticas,
não deverá ser menor que a metade nem maior que os dois ter-
ços da largura (ou da altura) dos retângulos. NOTAS:
• O gráfico em setores só deve ser empregado quando há, no máxi-
2.3. Gráfico em colunas ou em barras múltiplas mo, sete dados.
Este tipo de gráfico é geralmente empregado quando queremos repre- • Se a série já apresenta os dados percentuais, obtemos os respecti-
sentar, simultaneamente, dois ou mais fenômenos estudados com o propósi- vos valores em graus multiplicando o valor percentual por 3,6.
to de comparação.
Exemplo: 3. GRÁFICO POLAR
BALANÇA COMERCIAL É o gráfico ideal para representar séries temporais cíclicas, isto é, sé-
BRASIL — 1984-88 ries temporais que apresentam em seu desenvolvimento determinada
ESPECIFICAÇÃO VALOR (US$ 1.000.000) periodicidade, como, por exemplo, a variação da precipitação pluviométri-
1984 1985 1986 1987 1988 ca ao longo do ano ou da temperatura ao longo do dia, a arrecadação da
Exportação (FOB) 27.005 25.639 22.348 26.224 33.789 Zona Azul durante a semana, o consumo de energia elétrica durante o
Importação 13.916 13.153 14.144 15.052 14.605 mês ou o ano, o número de passageiros de uma linha de ônibus ao longo
FONTE: Ministério da Economia. da semana etc.
O gráfico polar faz uso do sistema de coordenadas polares.
Exemplo: Dada a série:
BALANÇA COMERCIAL PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
US$ milhão
MUNICÍPIO DE RECIFE — 1989
MESES PRECIPITAÇÃO MESES (mm)
2009ral Janeiro 174,8
1982ral Fevereiro 36,9
1954ral Março 83,9
1927ral Abril 462,7
1900ral
Maio 418,1
1905ral 1905ral 1905ral 1905ral 1905ral Junho 418,4
exportação Julho 538,7
Agosto 323,8
FONTE: Ministério da economia
importacão
Setembro 39,7
Outubro 66,1
2.4. Gráfico em setores Novembro 83,3
Este gráfico é construído com base em um círculo, e é empregado Dezembro 201,3
sempre que desejamos ressaltar a participação do dado no total. FONTE: IBGE
O total é representado pelo círculo, que fica dividido em tantos setores
quantas são as partes. • traçamos uma circunferência de raio arbitrário (em particular, da-
Os setores são tais que suas áreas são respectivamente proporcio- mos preferência ao raio de comprimento proporcional à média
nais aos dados da série. dos valores da série; neste caso, x = 124,5);
Matemática 55
APOSTILAS OPÇÃO
• construímos uma semi-reta (de preferência na horizontal) partindo Exemplo:
de O (pólo) e com uma escala (eixo polar); Para a série:
• dividimos a circunferência em tantos arcos quantas forem as uni- POPULAÇÃO DO BRASIL 1950-80
dades temporais; ANOS HABITANTES (milhares)
• traçamos, a partir do centro O (pólo), semi-retas passando pelos 1950 51.944
pontos de divisão; 1960 70.191
• marcamos os valores correspondentes da variável, iniciando pela 1970 93.139
semi-reta horizontal (eixo polar); 1980 119.071
• ligamos os pontos encontrados com segmentos de reta;
FONTE: IBGE
• se pretendemos fechar a poligonal obtida, empregamos uma linha
interrompida. Assim, para o nosso exemplo, temos:
Temos a seguinte representação pictórica:

Na verdade, o gráfico referente à Figura 4.14 é essencialmente um


4. CARTOGRAMA gráfico em barras; porém, as figuras o tornam mais atrativo, o que, prova-
O cartograma é a representação sobre uma carta geográfica. velmente, despertará a atenção do leitor para o seu exame.

Este gráfico é empregado quando o objetivo é o de figurar os dados Na confecção de gráficos pictóricos temos que utilizar muita criatividade,
estatísticos diretamente relacionados com áreas geográficas ou políticas. procurando obter uma otimização na união da arte com a técnica. Eis alguns
exemplos:
Distinguimos duas aplicações:
a. Representar dados absolutos (população) — neste caso, lança-
mos mão, em geral, dos pontos, em número proporcional aos
dados (Figura 4.12).
b. Representar dados relativos (densidade) — neste caso, lançamos
mão, em geral, de hachuras (Figura 4.13).

Exemplo:
Dada a série:
POPULAÇÃO PROJETADA DA REGIÃO SUL DO BRASIL — 1990
ESTADO POPULAÇÃO ÁREA DENSIDADE
(hab) (km2)
Paraná 9.137.700 199.324 45,8
Santa Catarina 4.461.400 95.318 46,8
Rio Grande do Sul 9.163.200 280.674 32,6
FONTE: IBGE.

Obtemos os seguintes cartogramas:

NÚMEROS APROXIMADOS E ARREDONDAMENTO DE DADOS

1.1. Números aproximados


Como sabemos, os números resultam de uma mensuração (no seu
sentido mais amplo), a qual só pode ser exata quando assume a forma de
contagem ou enumeração, em números naturais, de coisas ou unidades
mínimas indivisíveis. Em tais casos, a variável pode assumir somente
valores discretos ou descontínuos.
NOTA:
• Quando os números absolutos a serem representados forem mui- Outras mensurações se dão numa escala continua, que pode, teori-
to grandes, no lugar de pontos podemos empregar hachuras. camente, ser indefinidamente subdividida. Na prática, porém, há sempre
um limite para a precisão com a qual a mensuração pode ser feita, o que
5. PICTOGRAMA nos leva a concluir que o valor verdadeiro nunca é conhecido. Na verdade,
O pictograma constitui um dos processos gráficos que melhor fala ao os valores observados são discretos e aproximados.
público, pela sua forma ao mesmo tempo atraente e sugestiva. A repre-
sentação gráfica consta de figuras. Assim é que, se o comprimento de um parafuso, medido em centíme-
tros, foi dado por 4,6 cm, devemos considerar que o valor exato desse
Matemática 56
APOSTILAS OPÇÃO
comprimento será algum valor entre 4,55 cm e 4,65 cm, que foi aproxima- mente 84,7 quando, pelo arredondamento, deveria ser 84,8. Entretanto,
do para 4,6 cm devido ao fato de a precisão adotada na medida ser ape- para a apresentação dos resultados, é necessário que desapareça tal
nas de décimos de centímetro. diferença, o que é possível pela prática do que denominamos compensa-
ção, conservando o mesmo número de casas decimais.
Em nossos estudos, faremos uso da seguinte convenção: a precisão
da medida será automaticamente indicada pelo número de decimais com Praticamente, usamos “descarregar” a diferença na(s) maior(es) par-
que se escrevem os valores da variável. cela(s). Assim, passaríamos a ter:
25,3
Assim, um valor 4,60 indica que a variável em questão foi medida com 17,8
a precisão de centésimos, não sendo exatamente o mesmo que 4,6, valor 10,4
correspondente a uma precisão de décimos. + 31,3
84,8
1.2. Arredondamento de dados
Muitas vezes, é necessário ou conveniente suprimir unidades inferio-
res às de determinada ordem. Esta técnica é denominada arredondamen-
to de dados.
De acordo com a resolução 886/66 da Fundação LBGE, o arredon-
damento é feito da seguinte maneira: 2. POLINÔMIOS. 2.1. Polinômios:
• Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 0, 1, 2, 3 ou 4, conceito, grau e propriedades fun-
fica inalterado o último algarismo a permanecer. damentais. 2.2. Operações com
Exemplo: 53,24 passa a 53,2.
polinômios, divisão de um polimô-
• Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 6, 7, 8 ou 9, nio por um binômio da forma x-a,
aumenta-se de uma unidade o algarismo a permanecer. divisão de um polinômio por outro
Exemplos: 42,87 passa a 42,9 polinômio de grau menor ou igual.
25,08 passa a 25,1
53,99 passa a 54,0
Polinômio real de uma variável
• Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 5, há duas so- Polinômio em x ∈ IR, de grau m ∈ lN, é toda expressão racional e
luções: inteira da forma:
a. Se ao 5 seguir em qualquer casa um algarismo diferente de zero,
aumentase uma unidade ao algarismo a permanecer. a0 xm + a1xm −1 + a2 xm− 2 + . . . + am −1x + am x0
Exemplos: 2,352 passa a 2,4
25,6501 passa a 25,7
76,250002 passa a 76,3 É representado abreviadamente por P( x ), onde a0 ≠ 0, a1, a2, . . ., am - 1
e am são números reais denominados coeficientes do polinômio e am recebe o
b. Se o 5 for o último algarismo ou se ao 5 só se seguirem zeros, o nome de termo independente.
último algarismo a ser conservado sé será aumentado de unia
unidade se for ímpar. Valor numérico de um polinômio
Exemplos: 24,75 passa a 24,8 Quando substituímos x por um valor real a e efetuamos as operações indi-
24,65 passa a 24,6 cadas, obtemos um número que recebe o nome de valor numérico do polinô-
24,75000 passa a 24,8 mio.
24,6500 passa a 24,6 Exemplo:
Seja P( x ) = 3x2 - 8x + 4
NOTA: x = 1 ⇒ P(1) = 3 . 12 - 8 . 1 + 4 = 3 - 8 + 4 = -1
• Não devemos nunca fazer arredondamentos sucessivos. x = 2 ⇒ P(2) = 3 . 22 - 8 . 2 + 4 = 12 - 16 + 4 = 0
Exemplo: 17,3452 passa a 17,3 e não para 17,35, para 17,4. x = 3 ⇒ P(3) = 3 . 32 - 8 . 3 + 4 = 27 - 24 + 4 = 7

Se tivermos necessidade de um novo arredondamento, fica recomen- Portanto:


dada a volta aos dados originais. - 1 é o valor numérico de P(x) para x = 1
0 é o valor numérico de P(x) para x = 2
RESOLVA 7 é o valor numérico de P(x) para x = 3
1. Arredonde cada um dos dados abaixo, deixando-os com apenas
uma casa decimal: Raízes ou zeros de um polinômio
a. 2,38 = 2,4 d. 4,24 = ... g. 6,829 =... São os valores atribuídos a x que tomam o polinômio igual a zero.
b. 24,65 24,6 e. 328,35 = .... h. 5,550 = ... Exemplo:
c. 0351 = ... f. 2,97 = ... i. 89,99 = ... Seja P(x) = x2 - 9x + 20
P(4) = 42 - 9 . 4 + 20 = 0
P(5) = 52 - 9 . 5 + 20 = 0
1.3. Compensação 4 e 5 são raízes ou zeros de P(x)
Suponhamos os dados abaixo, aos quais aplicamos as regras do ar-
redondamento: Identidade de polinômios
Polinômio identicamente nulo ou equivalente a zero, simbolizado por P(x)
25,32 25,3 = 0, é o nome que damos a todo polinômio da forma :
17,85 17,8 0xm + 0xm −1 + 0xm − 2 + . . . + 0x + 0x 0
10,44 10,4
+ 31,17 + 31,2
84,78 84,8(?) Consequentemente, o seu valor numérico é nulo. Logo:
(84,7)
A condição necessária e suficiente para que um polinômio P(x) seja
identicamente nulo é que todos os seus coeficientes sejam nulos.
Verificamos que houve uma pequena discordância: a soma é exata-
Matemática 57
APOSTILAS OPÇÃO
Polinômios idênticos 3a − 3b = 3 a − b = 1  a − b = 1
Dados dois polinômios em x ∈ IR, de mesmo grau m ∈ lN, sob as  2  2 ⇒ ⇒
2 2
formas gerais: 3a − 3b = 9 ⇒ a − b = 3 (a + b)(a − b) = 3
P1(x) = a0 xm + a1xm −1 + a2 xm − 2 + . . . + am −1x + am x 0  3  3
a − b3 = 7 a − b3 = 7
P2(x) = b0 xm + b1xm −1 + b2 xm − 2 + . . . + bm −1x + bm x 0
a − b = 1
dizemos que eles são idênticos ou identicamente iguais se os seus valores ⇒ ⇒a=2
numéricos forem iguais para qualquer valor atribuído a x. a + b = 3

Logo: Se a = 2, então a - b = 1 ⇒ b = 1. Para estes valores de a e de b, a


A condição necessária e suficiente para que tenhamos P1(x) ≡ P2(x) é que os equação a3 – b3 = 7 também é verdadeira.
coeficientes de seus termos de mesmo grau sejam iguais. Resposta: 3x2 + 9x + 7 ≅ (x + 2)3 - (x + 1)3

Portanto: b) Determine um polinômio P(x), do 1.º grau, de modo que P(x) + P(x -
3) ≡ x
a 0 = b0
a = b Resolução:
 1 1
Seja P(x) ≡ ax + b (polinômio do 1.º grau)
a 2 = b2
P1(x) ≡ P2(x) se, e somente se,  Logo:
........... P(x - 3) ≡ a(x - 3) + b ≡ ax - 3a + b
a m −1 = bm −1
 Portanto:
a m = bm P(x)+P(x -3) ≡ x ⇒ ax + b + ax – 3a + b ≡ x
Exemplos: 2ax +2b – 3a ≡ x ⇒
a) Quando têm o mesmo grau:  1
P1 (x) = 4x3 + 2x2 - 5x + 7  2a = 1 ⇒ a =
P2 (x) = mx3 – nx2 + px + q ⇒ 2
m = 4 2b − 3a = 0 ⇒ b = 3
- n = 2 ⇒ n = -2  4

P1 (x) ≡ P2 (x) se, e somente se,  x 3
p = -5 Resposta: P(x) ≡ +
2 4
q = 7
b) Quando têm graus diferentes: c) Determine o quociente e o resto da seguinte divisão:
P1 (x) = a + mx + dx2 + nx3 + rx4 (x3 - 2x2 + 5x - 13) : (x2 + 4)
P2 (x) = 1+ 3x + 5x2
P (x) = ax 0 + mx + dx 2 + nx 3 + rx 4 Resolução:
⇒ 1 Se o dividendo é do 3º grau e o divisor é do 2º grau, então o quociente
P2 (x) = 1x 0 + 3x + 5x 2 + 0x 3 + 0x 4 será do 1º grau e o resto, no máximo, do 1.º grau.
 Q(x) = ax + b (quociente )
a = 1 Seja 
  R(x) = cx + d (resto)
m = 3
P1(x) ≡ P2 (x) se, e somente se, d = 5 Pela propriedade da divisão :
n = 0 dividendo = divisor . quociente + resto, resulta:
 (x3 - 2x2 + 5x - 13) ≡ (x2 + 4) . (ax + b) + (cx + d)
r = 0
Efetuando as operações indicadas no 2.º membro e fatorando, vem :
Método dos coeficientes a determinar (x3 - 2x2 + 5x - 13) ≡ ax3 + bx2 + 4ax + 4b + cx + d
Este método, elaborado por Descartes, permite determinar os coeficientes x3 - 2x2 + 5x - 13 ≡ ax3 + bx2 +(4a + c)x + 4b + d
desconhecidos de um polinômio quando ele é identificado com outro polinômio
de coeficientes conhecidos.
Aplicando as condições de identidade de polinômios, isto é, igualando os
coeficientes, resulta:
Exemplos:
a =1
a) Decomponha o trinômio 3x2 + 9x + 7 numa diferença de dois cubos do
b = -2
tipo (x + a)3 - (x + b)3
4a + c = 5 ⇒ 4 . 1 + c = 5 ⇒ c = 1
4b + d =-13 ⇒ 4 . (-2)+ d = -13 ⇒ d = -5
Resolução:
Estabelecendo a identidade entre o trinômio e a diferença dos dois cubos
e desenvolvendo-os em seguida, resulta: Donde:
3x2 + 9x + 7 ≡ (x + a)3 - (x + b)3 Q(x) = ax + b ⇒ Q(x) = x –2 (quociente)
3x2 +9x + 7 ≡ x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 –x3 - 3x2b - R(x) = cx + d ⇒ R(x) = x – 5 (resto)
- 3xb2 – b3
3x2 + 9x + 7 ≡ (3a - 3b)x2 + (3a2 - 3b2)x + (a3 – b3) 5x + 2
(por fatoração) d) Decomponha a fração em duas parcelas.
x2 − 4
Aplicando as condições de identidade de polinômios, obtemos o sistema
seguinte: Resolução:
x2 - 4 = (x + 2) . (x - 2), o que nos permite escrever:

Matemática 58
APOSTILAS OPÇÃO
5x + 2 a b Sendo assim:
≡ +
2
x −4 x+2 x−2 a0 xm + a1xm −1 + . . . + am
= (x – a) . (b 0 x m −1 + b1x m− 2 + . . . + b m−1 ) + R
Agora, determinemos a e b pelo método dos coeficientes a determinar,
reduzindo antes o 2.º membro ao mesmo denominador:
Efetuando a multiplicação indicada no 2º membro, resulta:
5x + 2 a(x − 2) + b(x + 2)
≡ a0 xm + a1xm −1 + . . . + am =
x2 − 4 (x + 2) ⋅ (x − 2)
= b0xm + (b1 − b0a)xm−1 + . . . + (bm−1 - bm-2a)x + R - bm-1a
5x + 2

ax − 2a + bx + 2b

(a + b)x + 2b − 2a
2
x −4 2
x −4 x2 − 4 De acordo com a condição de identidade de polinômios, temos:
a0 = b0 b0 = a0 → 1ª regra
 
a + b = 5 a1 = b1 − b0a b1 = ab0 + a1  → 2ª regra
5x + 2 ≡ (a + b)x + (2b - 2a) ⇒  ⇒   
2b - 2a = 2 a2 = b 2 − b1a ⇒ b2 = ab1 + a2 
.......... .......... . 
a + b = 5  .......... .......... .
⇒ ⇒ a=2 e b=3 am = R − bm −1a R = abm −1 + am → 3ª regra
b − a = 1
Enunciado:
5x + 2 2 3
Resposta: ≡ + 1ª regra: o coeficiente do 1.º termo do quociente é igual ao coeficiente do 1.º
x2 − 4 x+2 x−2 termo do dividendo.
2ª regra: o coeficiente de cada termo do quociente, a partir do segundo, é igual
Divisão de Polinômios ao produto de a pelo coeficiente do termo anterior, somado ao
Divisão por x - a (determinação do resto) coeficiente do termo de mesma ordem do dividendo.
TEOREMA: 3ª regra: o resto da divisão é igual ao produto de a pelo termo independente do
O resto da divisão de P(x) por x - a é o valor numérico de P(x) para x = a. quociente, somado ao termo independente do dividendo.
Demonstração: Observação:
Seja P(x) o dividendo, x - a o divisor, Q(x) o quociente e R o resto. Quando P(x) é incompleto, consideram-se iguais a zero os coeficientes
De acordo com a propriedade fundamental da divisão: P(x) ≡ (x - a) . dos termos que faltam.
Q(x) + R e fazendo x = a, resulta: P(a) ≡ (a - a) . Q(a) + R ⇒ P(a) ≡ Dispositivo de Briot
R As regras de Ruffini servem para calcular os coeficientes dos termos do
Exemplo: quociente e do resto de uma divisão de polinômios. Sua aplicação fica facilitada
O resto da divisão (x2 + 5x - 6) : (x - 2) é: quando usamos o chamado dispositivo de Briot, que tem o seguinte algoritmo:
R = 22 + 5 . 2 – 6 = 4 + 10 – 6 = 8

Divisibilidade por x – a
Se o resto da divisão de P(x) por x - a for zero, podemos afirmar que P(x)
é divisível por x - a. Exemplo:
Calcule, por meio do dispositivo de Briot-Ruffini, o quociente e o resto da
Exemplo: divisão:
O resto da divisão (x2 - 7x + 12) : (x - 3) é: (4x3 + 5x2 - 6x + 7) : (x - 3).
R=32 - 7 . 3 + 12 = 9 - 21+ 12 = 0
Resolução:
Portanto:
x2 - 7x + 12 é divisível por x - 3.
Assim temos:

Teorema:
A condição necessária e suficiente para que um polinômio P(x) seja
divisível por x - a é que P(a) = 0.

Regras de Ruffini
As regras de Ruffini servem para determinar o quociente e o resto da
divisão de P(x) por x - a. Vejamos como obtê-los.
Sejam: Resposta: Q (x) = 4x2 +17x +45 e R = 142
P(x) = a0 xm + a1xm −1 + . . . + am −1x + am (dividendo)
Observação:
x–a (divisor) Como já vimos, o resto da divisão de P(x) por x - a é igual ao valor numé-
Q(x)= b 0 x m−1 + b1x m −2 + . . . + bm− 2 x + bm-1 (quociente) rico de P(x) para x = a. Logo, podemos utilizar o dispositivo de Briot.-Ruffini
para calcular o valor numérico de um polinômio em x. No exemplo dado, o
R (resto) valor numérico de 4x3 + 5x2 - 6x + 7 é 142, para x = 3. Faça esta veri-
O grau m -1 de Q(x) é dado pela diferença entre o grau m de P(x) e o grau ficação.
de x - a.
Pelo princípio fundamental da divisão, sabemos que: Outro exemplo:
Utilizando duas linhas apenas no dispositivo prático de Briot.Ruffini, calcule
Q(x) e R da divisão (3x4 + 6x3 + x2 - 8) : (x + 2).
Resolução:
Primeiramente, você observou que está faltando no polinômio dividendo o
termo em x? Então, vamos completá-lo: 3x4 + 6x3 + x2 - 8 ≡ 3x4 + 6x3 + x2 + 0x -
8
Matemática 59
APOSTILAS OPÇÃO
Em segundo lugar, o cálculo de Q(x) e R, em duas linhas apenas, exige a Logo: P( x ) = 3 (x -1) ( x +1) (x - 2)
supressão da segunda linha do dispositivo e o cálculo mental da soma dos pro-
dutos com os coeficientes do polinômio dividendo. 4) Escrever o polinômio P(x) = x3 - 5x2 + 7x - 3 na forma fatorada,
sabendo-se que uma raiz é 3.

Solução:
Se 3 é raiz, usando o Briot-Ruffini, vem :

3 1 -5 7 -3 x = 1

O valor numérico de 3x4 + 6x3 + x2 - 8 para x = -2 é -4. A Resposta: x 2 − 2 x + 1 = 0 ∴ ou
Q(x)=3x3+x - 2 e R = -4. 1 -2 1 0 x = 1

Assim:
P(x) = 1 . ( x - 1) (x - 1 ) (x - 3) = ( x -1)2(x - 3)
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS. 3.1. Equa-
ções algébricas: definição, conceito de
raiz, multiplicidade de raízes, enuncia- Multiplicidade de uma raiz
do do Teorema Fundamental da Álge- Dada a equação a0xn+a1 xn -1+ . . . + an = 0(a0 ≠ 0), diz-se que α é
bra. 3.2. Relações entre coeficientes e
raiz de multiplicidade m(m ∈ lN* e m ≤ n) se, e somente se, das n
raízes. Pesquisa de raízes múltiplas.
raízes, apenas m forem iguais a α .
Raízes: racionais, reais e complexas.
Aplicações
1) Classificar as raízes das equações, quanto à sua multiplicidade:
Definição: a) (x + 2)(x – 1)3(x – 3)2 ( x + 4)5 = 0
Equação polinomial é toda equação de forma P ( x ) = 0, b) x(x2 + x)4 . (x3 + 2x2 + x) = 0
onde P(x) é um polinômio. c) (x2 - 5x + 5)6 . (x - 2)3 . (x2 + 3x) = 0
Raiz de uma equação polinomial P(x) = 0 é todo número
α , tal que P( α ) =0. Solução:

a) -2 é raiz de multiplicidade 1 (ou raiz simples)


Teorema da decomposição 1 é raiz de multiplicidade 3 (ou raiz tripla)
Todo polinômio P(x) = a0xn + a1 xn -1 + . . . + an, de grau n ≥ 1, pode 3 é raiz de multiplicidade 2 (ou raiz dupla)
ser escrito na forma faturada: -4 é raiz de multiplicidade 5

P(x) = a0 . (x – x1) (x – x2) . . . (x - xn), b) Fatoremos o polinômio em binômios do 1º grau:


onde x1, x2, . . . xn são as raízes de P( x ). x(x2 + x)4 . (x3 + 2x2 + x) = 0 ⇒
⇒ x .[ x ( x+1)]4. [x(x2 +2x+1)]=0 ∴
OBSERVAÇÃO: Toda equação polinomial de grau n(n ∈ lN* ) ∴ x . x4. ( x + 1)4. x . (x+1)2 =0 ∴
apresenta n e somente n raízes. x6 . ( x +1 )6 =0
Assim, temos que:
Aplicação: -1 é raiz de multiplicidade 6
0 é raiz de multiplicidade 6
1) Faturar o polinômio P(x) = 3x2 - 21x + 30.
c) Fatoremos o polinômio em binômios do 1º grau :
Solução ( x2 - 5x + 6)5 ( x - 2)3( x2 + 3x) = 0 ⇒
⇒ [ ( x - 2) ( x -3) ]5 ( x -2)3 x ( x +3 ) = 0 ∴
As raízes de 3x2 - 21x + 30 = 0 são :
∴ ( x –2 )5( x -3)5( x -2)3 x ( x + 3) = 0 ∴
21 ± 441 - 360 21 ± 9 ∴ ( x - 2)8 ( x -3)5 x ( x + 3) = 0
x= = 5
6 6
Assim, temos que:
2 2 é raiz de multiplicidade 8
3x2 - 21x + 30 = 3 ( x - 5) (x - 2) 3 é raiz de multiplicidade 5
0 é raiz de multiplicidade 1
2) Faturar o polinômio P(x) = 5x3+15x2 -5x -15, sabendo-se que -3 é raiz de multiplicidade 1
suas raízes são 1, -1 e –3.
2) Achar a multiplicidade da raiz 1 na equação x3 - 3x + 2 = 0.
Solução:
5x3 + 15x2 - 5x –15 = 5 ( x -1) ( x + 1) ( x + 3) Solução:
Se 1 é raiz, então P(x) = x3 - 3x + 2 é divisível por x - 1,
3) As raízes de um polinômio P(x) do 3º grau são 1, -1 e 2. Obter Pelo dispositivo prático de Briot-Ruffini, temos:
P( x ), sabendo-se que P ( 0) = 6.
1 1 0 -3 2
Solução:
Temos:
P(x) = a(x – x1) (x – x2)(x – x3) = a(x - 1)(x + 1)(x -2) 11442
144-32 0
Q (x)
Como :
P(0) = 6, vem : 6 = a(0 -1)(0 + 1)(0 - 2) ⇒
x3 - 3x + 2 = (x2 + x - 2) (x - 1) = 0.
6=a.2 ∴ a=3
Matemática 60
APOSTILAS OPÇÃO
As raízes de x2 + x - 2 = 0 são 1 e -2.
Portanto: 1 1 x + x1 5
x3 - 3x + 2 = (x + 2) (x – 1)(x -1) = (x + 2)(x - 1)2 d) + = 2 =
Logo, 1 é raiz de multiplicidade 2. x1 x 2 x1 ⋅ x 2 6

3) Achar a multiplicidade da raiz 3 na equação x4 + x - 84 = 0.


Solução:
(
e) x13 + x 32 = (x1 + x 2 ) x12 − x1x 2 + x 22 = )
3 é raiz, logo P(x) é divisível por x - 3.
Pelo dispositivo de Briot-Ruffini, temos: 5 ( 13 – 6) = 35
3 1 0 0 1 -84
1 3 9 28 0 2) Sendo x1, x2 e x3 as raízes da equação 2x3 - 4x2 + 6x + 8 = 0,
calcular:
x4 + x - 84 = (x - 3) (x3 + 3x2+ 9x + 28) = 0 1 1 1
a) x1 + x2 + x3 d) + +
x1 x 2 x 3
Usando novamente o dispositivo de Briot-Ruffini:
3 1 3 9 28 b) x1x2 + x1x3 + x2x3 e) x12 + x 22 + x 32
1 6 27 82
c) x1 . x2 . x3
Como R ≠ 0, 3 não é raiz de x3+3x2+9x+28 = 0.
Assim, 3 é raiz de multiplicidade 1. Solução:
b 4
Relações de Girard a) x1 + x2 + x3 = − = = 2
Em toda equação do 2º grau ax2 + bx + c = 0, de raízes x1 e x2, temos: a 2
 b c 6
 x 1 + x 2 = − a b) x1x2 + x1x3 + x2x3 =
a
=
2
= 3

x ⋅ x = c d 8
 1 2
a c) x1 . x2 . x3 = − = − = −4
a 2
Em toda equação do 3º grau ax3 + bx2 + cx + d = 0, de raízes x1, x2 e
1 1 1 x 2 x 3 + x1x 3 + x1x 2
x3, temos: d) + + = =
 b x1 x 2 x 3 x1x 2 x3
 x1 + x 2 + x 3 = − a 3 3
 = =−
 c −4 4
 x 1x 2 + x 1x 3 + x 2 x 3 =
 a
e) x12 + x 22 + x 32 =
 d
 x1 ⋅ x 2 ⋅ x 3 = − a
 = (x1 + x 2 + x3 )2 − 2(x1x 2 + x1x 3 + x 2 x3 ) =
Em toda equação do 4º grau ax4 + bx3 + cx2 + + dx + e = 0, de raízes = 22 – 2 . 3 = - 2
x1, x2, x3 e x4, temos:
 b 3) Dada a equação x4 + x2 - 7 = 0, calcular:
 x1 + x 2 + x 3 + x 4 = − a a) a soma das raízes
 b) o produto das raízes
x x +x x +x x +x x +x x +x x = c Solução:
 1 2 1 3 1 4 2 3 2 4 3 4
a
 b
x x x + x x x + x x x + x x x = − d a) x1 + x2 + x3 + x4 = - =0
a
 1 2 3 1 2 4 1 3 4 2 3 4
a
 e
 x1 ⋅ x 2 ⋅ x 3 ⋅ x 4 = e b) x1 x2 x3 x4 = =-7
 a a

4) Determinar m e n, sabendo-se que 2 é raiz dupla da equação


OBSERVAÇÃO: Estas relações podem ser generalizadas para
mx3 + nx + 16 = 0.
equações de grau n, n > 4.
Solução:
Aplicações Pelas relações de Girard:
1) Sendo x1 e x2 as raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0, calcular: 
 x1 + x 2 + x 3 = 0
a) x1 + x2 c) x12 + x 22 e) x13 + x32 
 n
1 1  x 1x 2 + x 1x 3 + x 2 x 3 =
b) x1 . x2 d) + m
x1 x 2 
 16
Solução:  x 1 ⋅ x 2 ⋅ x 3 = − m
b
a) x1 + x 2 = − =5
a Como x1 = x2 = 2, vem:
c  
b) x1 ⋅ x 2 = = 6  2 + 2 + x3 = 0  x 3 = −4
a  
2  n  n
c) x12 + x 22 = (x1 + x 2 ) − 2 x1x 2 =  2 ⋅ 2 + 2x 3 + 2x 3 = ⇒ 4 + 4 x 3 = ∴
 m  m
 16  4
= 5 2 − 2 ⋅ 6 = 25 - 12 = 13  2 ⋅ 2 ⋅ x3 = − x3 = −
 m  m

Matemática 61
APOSTILAS OPÇÃO

 n Solução:
4 + 4(− 4 ) = m - 12 = n n = -12
A escolho de uma blusa pode ser feita de 4 maneiras diferentes e a
∴ ∴ m ∴ de uma saia, de 3 maneiras diferentes.
− 4 = − 4 m = 1 m = 1

 m Pelo PFC, temos: 4 . 3 = 12 possibilidades para a escolha da blusa e
saia. Podemos resumir a resolução no seguinte esquema;
5) Determinar k, de modo que o produto de duas raízes da
Blusa saia
equação x3 + kx2 + 2 = 0 seja 1.
solução:
Sejam x1, x2 e x3 as raízes da equação x3 + kx2 + 0x + 2 = 0 :
 x 1 + x 2 + x 3 = −k (1) 4 . 3 = 12 modos diferentes

 x 1x 2 + x 1x 3 + x 2 x 3 = 0 (2) 2) Existem 4 caminhos ligando os pontos A e B, e 5 caminhos li-
 x ⋅ x ⋅ x = −2 (3 ) gando os pontos B e C. Para ir de A a C, passando pelo ponto
 1 2 3
B, qual o número de trajetos diferentes que podem ser realiza-
dos?
O produto de duas raízes é 1. Solução:
Portanto, x1 x2 = 1 Escolher um trajeto de A a C significa escolher um caminho de A a B
Substituindo x1 x2 = 1 em (3), vem : x3 = -2 e depois outro, de B a C.
Substituindo x1 x2 = 1 e x3 = -2 em (2), vem:
1
1 - 2x1 - 2x2 = 0 ⇒ 2x1 + 2x2 = 1 ∴ x1 +x2 =
2
1
Substituindo x1 +x2 = e x3 = -2 em (1) vem:
2
1 1 3
+ ( -2) = -k ⇒ k = 2 - ∴ k= Como para cada percurso escolhido de A a B temos ainda 5 possibili-
2 2 2 dades para ir de B a C, o número de trajetos pedido é dado por: 4 . 5 = 20.
6) Resolver a equação x3 - 4x2 + x + 6 = 0, sabendo que uma das Esquema:
raízes é a soma das outras duas. Percurso Percurso
Solução: AB BC
 x1 + x 2 + x 3 = 4 (1)

 x 1x 2 + x 1x 3 + x 2 x 3 = +1 (2)
 x ⋅ x ⋅ x = −6 (3 ) 4 . 5 = 20
 1 2 3
Uma das raízes é a soma das outras duas: 3) Quantos números de três algarismos podemos escrever com os
x1 = x2 + x3 algarismos ímpares?
Substituindo x1 = x2 + x3 em (1), vem: Solução:
x1 + x1 = 4 ⇒ 2x1 = 4 ∴ x1 = 2 Os números devem ser formados com os algarismos: 1, 3, 5, 7, 9.
Substituindo x1 = 2 em (3), vem: Existem 5 possibilidades para a escolha do algarismo das centenas, 5
2x2 x3 = -6 ⇒ x2 x3 = - 3 possibilidades para o das dezenas e 5 para o das unidades.
x 2 + x 3 = 2
Resolvendo o sistema  , vem: Assim, temos, para a escolha do número, 5 . 5 . 5 = 125.
 x 2 ⋅ x 3 = −3 algarismos algarismos algarismos
x2 = 3 ⇒ x3 = -1 ou x2 = -1 ⇒ x3 = 3 ∴ da centena da dezena da unidade
S = { 2, 3, -1)

5 . 5 . 5 = 125

4) Quantas placas poderão ser confeccionadas se forem utilizados


4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDA-
três letras e três algarismos para a identificação de um veículo?
DE. 4.1. Princípio fundamental de contagem.
(Considerar 26 letras, supondo que não há nenhuma restrição.)
4.2. Arranjos, permutações e combinações
simples. 4.3. Binômio de Newton. 4.4. Eventos. Solução:
Conjunto universo. Conceituação de probabi- Como dispomos de 26 letras, temos 26 possibilidades para cada posi-
lidade. 4.5. Eventos mutuamente exclusivos. ção a ser preenchida por letras. Por outro lado, como dispomos de dez
Probabilidade da união e da intersecção de algarismos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9), temos 10 possibilidades para cada
dois ou mais eventos. 4.6. Probabilidade con- posição a ser preenchida por algarismos. Portanto, pelo PFC o número
dicional. Eventos independentes. total de placas é dado por:

Princípio fundamental da contagem (PFC)


Se um primeiro evento pode ocorrer de m maneiras diferentes e um
segundo evento, de k maneiras diferentes, então, para ocorrerem os dois
sucessivamente, existem m . k maneiras diferentes.
Aplicações
1) Uma moça dispõe de 4 blusas e 3 saias. De quantos modos dis-
tintos ela pode se vestir?

Matemática 62
APOSTILAS OPÇÃO
5) Quantos números de 2 algarismos distintos podemos formar Esquema:
com os algarismos 1, 2, 3 e 4?
Solução:
Observe que temos 4 possibilidades para o primeiro algarismo e, para
cada uma delas, 3 possibilidades para o segundo, visto que não é permiti-
da a repetição. Assim, o número total de possibilidades é: 4 . 3 =12

Esquema:

ARRANJOS SIMPLES

Introdução:
Na aplicação An,p, calculamos quantos números de 2 algarismos distin-
tos podemos formar com 1, 2, 3 e 4. Os números são :
12 13 14 21 23 24 31 32 34 41 42 43

Observe que os números em questão diferem ou pela ordem dentro


do agrupamento (12 ≠ 21) ou pelos elementos componentes (13 ≠ 24).
Cada número se comporta como uma seqüência, isto é :
(1,2) ≠ (2,1) e (1,3) ≠ (3,4)

A esse tipo de agrupamento chamamos arranjo simples.

Definição:
6) Quantos números de 3 algarismos distintos podemos formar Seja l um conjunto com n elementos. Chama-se arranjo simples dos n
com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9? elementos de /, tomados p a p, a toda sequência de p elementos distintos,
escolhidos entre os elementos de l ( P ≤ n).
Solução:
Existem 9 possibi1idades para o primeiro algarismo, apenas 8 para o O número de arranjos simples dos n elementos, tomados p a p, é
segundo e apenas 7 para o terceiro. Assim, o número total de possibilida- indicado por An,p
des é: 9 . 8 . 7 = 504
Fórmula:
Esquema:
A n,p = n . (n -1) . (n –2) . . . (n – (p – 1)),
p ≤ n e {p, n} ⊂ N

Aplicações
1) Calcular:
7) Quantos são os números de 3 algarismos distintos?
a) A7,1 b) A7,2 c) A7,3 d) A7,4
Solução:
Solução:
Existem 10 algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Temos 9 possibili-
a) A7,1 = 7 c) A7,3 = 7 . 6 . 5 =
dades para a escolha do primeiro algarismo, pois ele não pode ser igual a
210
zero. Para o segundo algarismo, temos também 9 possibilidades, pois um
b) A7,2 = 7 . 6 = 42 d) A7,4 = 7 . 6 . 5 . 4 = 840
deles foi usado anteriormente.
2) Resolver a equação Ax,3 = 3 . Ax,2.
Para o terceiro algarismo existem, então, 8 possibilidades, pois dois
deles já foram usados. O numero total de possibilidades é: 9 . 9 . 8 = 648
Solução:
x . ( x - 1) . ( x – 2 ) = 3 . x . ( x - 1) ⇒
Esquema:
⇒ x ( x – 1) (x –2) - 3x ( x – 1) =0
∴ x( x – 1)[ x – 2 – 3 ] = 0

x = 0 (não convém)
ou
x = 1 ( não convém)
ou
x = 5 (convém)
8) Quantos números entre 2000 e 5000 podemos formar com os
S = {5}
algarismos pares, sem os repetir?

Solução: 3) Quantos números de 3 algarismos distintos podemos escrever


Os candidatos a formar os números são : 0, 2, 4, 6 e 8. Como os com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9?
números devem estar compreendidos entre 2000 e 5000, o primeiro Solução:
algarismo só pode ser 2 ou 4. Assim, temos apenas duas possibilidades Essa mesma aplicação já foi feita, usando-se o principio fundamental
para o primeiro algarismo e 4 para o segundo, três para o terceiro e duas da contagem. Utilizando-se a fórmula, o número de arranjos simples é:
paia o quarto. A9, 3 =9 . 8 . 7 = 504 números

O número total de possibilidades é: 2 . 4 . 3 . 2 = 48 Observação: Podemos resolver os problemas sobre arranjos simples
usando apenas o principio fundamental da contagem.

Matemática 63
APOSTILAS OPÇÃO
FATORIAL PERMUTAÇÕES SIMPLES
Definição:
• Chama-se fatorial de um número natural n, n ≥ 2, ao produto de Introdução:
todos os números naturais de 1 até n. Assim : Consideremos os números de três algarismos distintos formados com
• n ! = n( n - 1) (n - 2) . . . 2 . 1, n ≥ 2 (lê-se: n fatorial) os algarismos 1, 2 e 3. Esses números são :
• 1! = l 123 132 213 231 312 321
• 0! = 1
A quantidade desses números é dada por A3,3= 6.
Fórmula de arranjos simples com o auxílio de fatorial:
Esses números diferem entre si somente pela posição de seus ele-
n! mentos. Cada número é chamado de permutação simples, obtida com os
A N,P = , p≤ n e { p,n} ⊂ lN
algarismos 1, 2 e 3.
( n − p) !
Aplicações Definição:
1) Calcular: Seja I um conjunto com n elementos. Chama-se permutação simples
8! n! dos n elementos de l a toda a seqüência dos n elementos.
a) 5! c) e)
6! (n - 2)! O número de permutações simples de n elementos é indicado por Pn.
5! 11! + 10 !
b) d) OBSERVA ÇÃO: Pn = An,n .
4! 10 !
Solução: Fórmula:
a) 5 ! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 Aplicações
5! 5 ⋅ 4! 1) Considere a palavra ATREVIDO.
b) = =5
4! 4! a) quantos anagramas (permutações simples) podemos formar?
8! 8 ⋅7 ⋅ 6! b) quantos anagramas começam por A?
c) = = 56 c) quantos anagramas começam pela sílaba TRE?
6! 6! d) quantos anagramas possuem a sílaba TR E?
11! + 10 ! 11 ⋅ 10 ! + 10 ! 10 ! (11 + 1) e) quantos anagramas possuem as letras T, R e E juntas?
d) = = = 12 f) quantos anagramas começam por vogal e terminam em
10 ! 10! 10 ! consoante?
n! n ⋅ ( n - 1)( n - 2) ! Solução:
e) = = n2 − n
(n - 2)! ( n - 2) ! a) Devemos distribuir as 8 letras em 8 posições disponíveis.
Assim:
2) Obter n, de modo que An,2 = 30.
Solução:
Utilizando a fórmula, vem :
n! n ( n - 1) ( n - 2) !
= 30 ⇒ = 30 ∴
(n - 2)! (n - 2)!
Ou então, P8 = 8 ! = 40 320 anagramas
n=6
n2 - n - 30 = 0 ou
b) A primeira posição deve ser ocupada pela letra A; assim, devemos
n = -5 ( não convém)
distribuir as 7 letras restantes em 7 posições, Então:
3) Obter n, tal que: 4 . An-1,3 = 3 . An,3.
Solução:
4 ⋅ ( n - 1 )! n! 4 ⋅ ( n - 3 )! n!
= 3⋅ ⇒ = 3⋅ ∴
( n - 4) ! ( n - 3)! ( n - 4) ! ( n - 1) !
4 ⋅ ( n - 3 )( n - 4 ) ! n ( n - 1) !
= 3⋅
( n - 4)! ( n - 1) ! c) Como as 3 primeiras posições ficam ocupadas pela sílaba TRE,
devemos distribuir as 5 letras restantes em 5 posições. Então:
∴ 4n − 12 = 3n ∴ n = 12

( n + 2 )! - ( n + 1) !
4) Obter n, tal que : =4
n!

Solução:
( n + 2 ) ! ( n + 1)! ⋅ n ! - ( n + 1) ⋅ n !
= 4∴ d) considerando a sílaba TRE como um único elemento, devemos
n! permutar entre si 6 elementos,

n ! ( n + 2 ) ⋅ [n + 2 - 1]
⇒ =4
n!

n + 1 = 2 ∴ n =1
∴ (n + 1 )2 = 4
n + 1 = -2 ∴ n = -3 (não convém )

Matemática 64
APOSTILAS OPÇÃO
e) Devemos permutar entre si 6 elementos, tendo considerado as 3) Quantos anagramas da palavra GARRAFA começam pela sílaba
letras T, R, E como um único elemento: RA?
Solução:
Usando R e A nas duas primeiras posições, restam 5 letras para
serem permutadas, sendo que:

G A, A R F

{
{
1 2 1 1
Devemos também permutar as letras T, R, E, pois não foi Assim, temos:
especificada a ordem : 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 !
p5(2,1,1) = = 60 anagramas
2!

COMBINAÇÕES SIMPLES

Para cada agrupamento formado, as letras T, R, E podem ser dispos- Introdução:


tas de P3 maneiras. Assim, para P6 agrupamentos, temos Consideremos as retas determinadas pelos quatro pontos, conforme a
P6 . P3 anagramas. Então: figura.
P6 . P3 = 6! . 3! = 720 . 6 = 4 320 anagramas

f) A palavra ATREVIDO possui 4 vogais e 4 consoantes. Assim:

Só temos 6 retas distintas ( AB, BC, CD, AC, BD e AD) por-


que AB e BA, . . . , CD e DC representam retas coincidentes.
PERMUTAÇÕES SIMPLES, COM ELEMENTOS REPETIDOS
Os agrupamentos {A, B}, {A, C} etc. constituem subconjuntos do
Dados n elementos, dos quais : conjunto formado por A, B, C e D.
α1 são iguais a a1 → a1 , a1 , . . ., a1
Seja l um conjunto com n elementos. Chama-se combinação simples
α1 dos n elementos de /, tomados p a p, a qualquer subconjunto de p
α 2 são iguais a a2 → a2, a2 , . . . , a2 elementos do conjunto l.
α2
. . . . . . . . . . . . . . . . .
Diferem entre si apenas pelos elementos componentes, e são
ar → ar , ar , . . . , ar chamados combinações simples dos 4 elementos tomados 2 a 2.
αr são iguais a αr
O número de combinações simples dos n elementos tomados p a p é
Pn = n ! n
indicado por Cn,p ou   .
sendo ainda que: α1 + α 2 + . . . + αr = n, e indicando-se por p
pn (α1, α 2 , . . . α r ) o número das permutações simples dos n elemen- OBSERVAÇÃO: Cn,p . p! = An,p.
tos, tem-se que:
Aplicações Fórmula:
1) Obter a quantidade de números de 4 algarismos formados pelos
algarismos 2 e 3 de maneira que cada um apareça duas vezes n!
na formação do número. C n ,p = , p≤n e { p, n } ⊂ lN
p! ( n - p )!
Solução:
2233 2323 2332
os números são  Aplicações
3322 3232 3223 1) calcular:
A quantidade desses números pode ser obtida por: a) C7,1 b) C7,2 c) C7,3 d) C7,4
4! 4 ⋅ 3 ⋅ 2!
P4(2,2 ) = = = 6 números Solução:
2! 2! 2! ⋅ 2 ⋅ 1
7! 7 ⋅ 6!
a) C7,1 = = =7
2) Quantos anagramas podemos formar com as letras da palavra 1! 6 ! 6!
AMADA? 7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 !
solução: b) C7,2 = = = 21
Temos: 2! 5! 2 ⋅ 1 ⋅ 5 !
A, A, A M D 7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4!
Assim: c) C7,3 = = = 35
3 1 1 4!3! 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 4 !
5! 5 ⋅ 4 ⋅ 3! 7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4!
p5(3,1,1) = = = 20 anagramas d) C7,4= = = 35
3 ! 1! 1! 3! 4!3! 4! ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1

Matemática 65
APOSTILAS OPÇÃO
2) Quantos subconjuntos de 3 elementos tem um conjunto de 5 7) Sobre uma reta são marcados 6 pontos, e sobre uma outra reta,
elementos? paralela á primeira, 4 pontos.
5! 5 ⋅ 4 ⋅ 3! a) Quantas retas esses pontos determinam?
C5,3 = = = 10 subconjunt os b) Quantos triângulos existem com vértices em três desses
3! 2! 3! ⋅ 2 ⋅ 1 pontos?
Solução:
Cn,3 4 a) C10,2 - C6,2 - C4,2 + 2 = 26 retas onde
3) obter n, tal que =
Cn,2 3
C6,2 é o maior número de retas possíveis de serem determinadas por
Solução: seis pontos C4,2 é o maior número de retas possíveis de serem
n! determinadas por quatro pontos
3! ( n - 3 )! 4 n! 2!( n - 2 )! 4
= ⇒ ⋅ = ∴
n! 3 3!( n - 3 ) n! 3
2! ( n - 2 )! b) C10,3 – C6,3 -- C4,3 = 96 triângulos onde
2 ⋅ ( n - 2 ) ( n - 3 )! 4
∴ = ∴n - 2 = 4 C6,3 é o total de combinações determinadas por três pontos alinhados
3 ⋅ 2 ⋅ ( n - 3 )! 3
em uma das retas, pois pontos colineares não determinam triângulo.
C4,3 é o total de combinações determinadas por três pontos alinhados
n=6 convém da outra reta.

4) Obter n, tal que Cn,2 = 28.

Solução:
8) Uma urna contém 10 bolas brancas e 6 pretas. De quantos
n! n ( n - 1) ( n - 2 ) !
= 28 ⇒ = 56 ∴ modos é possível tirar 7 bolas das quais pelo menos 4 sejam
2! ( n - 2 ) (n − 2 ) ! pretas?
Solução:
n=8 As retiradas podem ser efetuadas da seguinte forma:
n2 – n – 56 = 0 4 pretas e 3 brancas ⇒ C6,4 . C10,3 = 1 800 ou
5 pretas e 2 brancas ⇒ C6,5 . C10,2 = 270 ou
n = -7 (não convém) 6 pretas e1 branca ⇒ C6,6 . C10,1 = 10

5) Numa circunferência marcam-se 8 pontos, 2 a 2 distintos. Obter Logo. 1 800 + 270 + 10 = 2 080 modos
o número de triângulos que podemos formar com vértice nos
pontos indicados:

6. MATRIZES, DETERMINANTES E SIS-


TEMAS LINEARES. 6.1. Matrizes: opera-
ções, matriz inversa. 6.2. Sistemas line-
ares. Matriz associada a um sistema.
Resolução e discussão de um sistema
linear. 6.3. Determinante de uma ma-
Solução: triz quadrada: propriedades e aplica-
Um triângulo fica identificado quando escolhemos 3 desses pontos, ções, regras de Cramer.
não importando a ordem. Assim, o número de triângulos é dado por:
8! 8 ⋅ 7 ⋅ 6
C8,3 = = = 56 NOÇÕES GERAIS
3! 5! 3 ⋅ 2 Matriz retangular
Quando dispomos números (ou letras) numa tabela retangular, assim,
6) Em uma reunião estão presentes 6 rapazes e 5 moças. Quantas por exemplo:
comissões de 5 pessoas, 3 rapazes e 2 moças, podem ser for-
madas? 3 6 4 2 1ª linha
Solução: 4 3 5 6 2ª linha
Na escolha de elementos para formar uma comissão, não importa a
ordem. Sendo assim :
6! 1ª coluna
• escolher 3 rapazes: C6,3 = = 20 modos
3! 3!
2ª coluna
5!
• escolher 2 moças: C5,2= = 10 modos
2! 3! 3ª coluna

Como para cada uma das 20 triplas de rapazes temos 10 pares de 4ª coluna
moças para compor cada comissão, então, o total de comissões é
C6,3 . C5,2 = 200. de tal forma que esses números (ou letras) ocupem o cruzamento de uma
tinha e uma coluna, dizemos que formamos uma matriz retangular.
Matemática 66
APOSTILAS OPÇÃO
Você nota também que, para localizar um elemento qualquer de uma ou ainda assim:
matriz, basta saber em que intersecção de linha e coluna ele se encontra. i ∈ N | ≤ i ≤ m
( )
M aij 
Usa-se, no entanto, escrever os elementos de uma matriz entre col-  j ∈ N |≤ j ≤ n
chetes [ ], ou entre parênteses ( ), ou ainda entre duas barras verticais de
cada lado || ||. Matriz quadrada
Quando a matriz possui o mesmo número de linhas e colunas, dize-
Desse modo, aquela tabela do inicio pode assumir uma destas três mos que ela é uma matriz quadrada de ordem n, sendo n igual ao número
formas: de linhas e igual ao número de colunas.
 3 6 4 2 3 6 4 2 3 6 4 2 Exemplos:
  ou   ou a b
 4 3 5 6 4 3 5 6 4 3 5 6
  → matriz quadrada de ordem 2
c d
Qualquer uma dessas formas está representando uma matriz 0 3 − 2
retangular.  
− 5 4 3  → matriz quadrada de ordem 3
Ordem da matriz  0 − 1 7 
A ordem de uma matriz simboliza-se por m X n, onde m representa o
número de linhas e n o número de colunas.
Matriz linha
3 4 6 Toda matriz que possui somente uma linha (ordem 1 X n) recebe o
Exemplo: A =  
2 5 7 nome de matriz linhas.
Exemplos:
A é uma matriz de ordem 2 X 3 (2 linhas e 3 colunas).
[ ]
a b c → matriz linha de ordem 1X 3
Representação genérica de matrizes
É costume representarmos matrizes através de letras, assim, por [4 −1 0 7] → matriz linha de ordem 1 X 4
exemplo:
a b c  m n Matriz coluna
    Toda matriz que possui somente uma coluna (ordem m X 1) recebe o
d e f   o p
nome de matriz coluna.
ordem: 2 X 3 ordem: 2 X 2
Exemplos:
É usual também representarmos todos os elementos de uma matriz 9
por meio de uma só letra, seguida de um índice composto de dois núme-  
ros: o primeiro indicando a tinha, e o segundo, a coluna a que pertence o 3 → matriz coluna de ordem 3 X 1
2
elemento considerado.
Observe : x
b11 b12 b13   
a a a13     y  → matriz coluna de ordem 4 X 1
A =  11 12  B = b 21 b 22 b 23  z
a 21 a 22 a 23 
b31 b32 b33   
w 
O elemento a11 ocupa a 1ª linha e 1ª coluna.
O elemento a23 ocupa a 2ª linha e 3ª coluna. Resumo:
O elemento b32 ocupa a 3ª linha e 2ª coluna.  Toda matriz de ordem m X n (m ≠ n) é matriz retangular.
O elemento b22 ocupa a 2ª linha e 2ª coluna.  Toda matriz de ordem n X n é matriz quadrada de ordem n.
 Toda matriz de ordem 1 X n é matriz linha.
O elemento aij é o elemento genérico que ocupa a i-ésima linha e j-  Toda matriz de ordem m X 1 é matriz coluna.
ésima coluna.
Diagonais de uma matriz quadrado M de ordem n
Com esta notação aij, podemos simbolizar sinteticamente aquelas Diagonal principal
duas últimas matrizes A e B, escrevendo apenas: Diagonal principal é o conjunto dos elementos aij de M, para as quais :
A = (aij) 2 x 3 B = (bij) 3 x 3 i=j
ordem ordem
Exemplos:
Baseando-se no que foi exposto, então, uma matriz M de ordem m X a11 a12 a13 
n pode ser escrita assim:  
M = a 21 a 22 a 23 
 a11 a12 ... a1n  a 31 a 32 a 33 
 
 a 21 a 22 ... a 2n 
 . . ... .  Diagonal principal = { a11, a22, a33 }
M=   3 5 8 
 . . ... . 
 
 . . ... .  M = 2 - 2 4 
  6 9 1
am1 am2 ... amn 

Diagonal principal = { 3, -2, 1 }


Ou, sinteticamente, deste modo :
 i ∈ {1, 2, 3, 4,..., m} Diagonal secundário
( )
M = aij 
Diagonal secundária é o conjunto dos elementos ajj de M, para os
 j ∈ {1, 2, 3, 4,..., n}
quais: i + j = n + 1

Matemática 67
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos: Matriz transposta
a11 a12 a13  Consideremos as matrizes seguintes:
  3 5 
M = a 21 a 22 a 23  3 4 5  
a 31 a 32 a 33  A =   B = 4 6
5 6 7 5 7 
diagonal secundária = (a13, a22, a31)
1 3 2 - 5
 
0 -3 2 4
M = 
2 1 5 0
 
7 2 1 - 6
diagonal secundário = (-5, 2, 1, 7)

Matriz diagonal
Uma matriz quadrada M = (ajj) de ordem n ≥ 2 que possui todos os Note que elas possuem esta particularidade:
elementos nulos, exceto os que formam a diagonal principal, é denomina- O que é linha numa é coluna na outra, e vice-versa, ordenadamente.
da matriz diagonal. Quando isto ocorre, dizemos que B é transposta de A ou que A é
transposta de B.
Simbolicamente, temos uma matriz diagonal quando : aij = 0, com i
≠ j A transposta de uma matriz A simbolizamos por At.

Exemplos: Portanto : B = At e também Bt = A


3 0 0  2 0 0 
    4 0 Em outras palavras, dada uma matriz A qualquer, para obtermos a
0 7 0  0 0 0    sua transposta At, basta trocarmos as linhas pelas colunas, como segue.
0 0 − 4 0 0 - 1 0 3  Observe:
 3 7
  3 - 2 1
Matriz escalar A = - 2 4  At =  
Uma matriz diagonal que possui todos os elementos não-nulos iguais
 1 3  7 4 3
recebe o nome de matriz escalar.

Exemplos.
− 2 0 0  a 0 0
    3 0 
 0 − 2 0  0 a 0  
 0 0 − 2 0 0 a 0 3 

Matriz unidade
Quando uma matriz escalar possui todos os elementos não nulos Igualdade de matrizes
iguais à unidade, dizemos que ela é uma matriz unidade e indicamos por Duas matrizes de mesma ordem são iguais, se, e somente se, os
In . elementos que ocupam a mesma posição são iguais.
Exemplos: Não se esqueça: só existe igualdade de matrizes que possuam a
1 0 0 mesma ordem
 
I3 = 0 1 0 → matriz unidade de terceira ordem
Exemplos:
0 0 1 a) Estas matrizes, A e B:
1 0 2 8  2 y 
I3 =  A =   B =  
 → matriz unidade de segunda ordem  x 4 1 4
0 1
serão iguais se, e somente se: x = 1 e y = 8.
Em linhas gerais, você deve ter percebido que:
⇔ 444
 x y 7 - 2 644 47 8 x = 7 y = - 2
Toda matriz unidade é uma matriz escalar. Toda matriz escalar é uma b)   =   se e somente se
matriz diagonal. m n  4 - 5 m = 4 n = - 5
Toda matriz unidade é uma matriz diagonal
Problemas resolvidos envolvendo matrizes
Matriz nula a) calcular x e y, para que tenhamos:
Damos o nome de matriz nula a toda matriz que possui todos os x + 3 4  8 4 
elementos nulos.  = 
 5 2y − 1 5 3y − 4
Exemplos: Resolução:
0 0  Para que duas matrizes sejam iguais, os elementos que ocupam
  → indicação : 0 2 x 2 posições
0 0  iguais devem ser iguais. Logo :
0 0 0  x+3=8 ⇒ x=5
  → indicação : 0 2 x 3 2y – 1 = 3y – 4 ⇒ y = 3
0 0 0  Resposta: x = 5 e y = 3
Matemática 68
APOSTILAS OPÇÃO
b) Determinar x, y e z, de modo que a matriz seguinte : Para adicionar duas matrizes de mesma ordem, basta adicio-
 x 0 0  nar seus elementos correspondentes
 
x − 6 x − y z + 4 0 3  − 1 1 − 6 2 
x= + − =
 y − 2 0 y + z   4 − 2  8 0  5 − 7
seja matriz diagonal, e escrever a matriz obtida. A B C

Resolução: Matriz oposta


Para que a matriz dada seja matriz diagonal, os elementos que não Dada uma matriz A de ordem m X n, se trocarmos os sinais de todos
pertencem à diagonal principal devem ser nulos. Donde : os seus elementos, obteremos outra matriz, denominada oposta de A.
x-6=0 ⇒ x=6
y-2=0 ⇒ y=2 Indica-se a matriz oposta de A
z + 4 = 0 ⇒ z = -4
Exemplo:
Resposta:  2 - 4 - 2 4 
Substituindo-se, na matriz dada, x, y e z pelos seus respectivos valo- A=  -A =  
res e efetuando os cálculos de acordo com as operações indicadas, - 1 3   1 - 3
obtemos a matriz pedida:
- A é a matriz aposta de A.
6 0 0 
 
0 4 0  Convém saber também que :
0 0 − 2 0 0
A + (-A) =  =0
0 0
c) Calcular x, y e z, de modo que a matriz seguinte :
 x + z 3y − 6  Isto é :
 
 x − 4 3z − 3y  A soma de uma matriz com a sua oposta é
uma matriz nula
seja matriz escalar, e escrever a matriz obtida.
Subtração de Matrizes
Resolução:
Dadas duas matrizes A = (aij) e B = (bjj), ambas de ordem m X n, defi-
Para que a matriz dada seja matriz escalar, os elementos da diagonal
ne-se diferença entre a matriz A e a matriz B como sendo a soma da
principal devem ser iguais, e os elementos que não pertencem á diagonal
matriz A com a oposta de B. Isto é:
principal devem ser nulos. Consequentemente :
3y - 6 + 0 ⇒ y = 2 e x + z = 3z - 3y ⇒
2z = x + 3y A - B = A + ( -B )
x-4=0 ⇒ x=4
exemplo:
Se x = 4 e y = 2, então : 2z = 4 + 6 ⇒ 2z = 10 ⇒ z = 5
5 6 7 5 5 6 − 7 − 5 − 2 1 
2 3 − 1 8 = 2 3 +  − 1 − 8 =  1 − 5
Resposta:          
Substituindo-se, na matriz dada, x, y e z pelos seus respectivos valo- 1 4 2 4  1 4 − 2 − 4  − 1 0 
res e efetuando os cálculos conforme as operações indicadas, obtemos a
A B A −B A −B
9 0
matriz pedida:  
0 9 Produto de um número real por uma matriz
Dada uma matriz A = (aij) de ordem m X n e um número real a, define-
OPERAÇÕES COM MATRIZES se produto de a por A, e indica-se α . (A), como sendo a matriz B = (bij)
Adição de matrizes também de ordem m X n, tal que : bij = aij ( 1 ≤ i ≤ m, 1 ≤ j ≤ n )
Dadas duas matrizes A = (ajj) e B = (bjj), ambas de ordem m X n, defi-
ne-se soma da matriz A com a matriz B como sendo a matriz S = (sij) Exemplos:
também de ordem m X n, tal que :
sij = aij + bij (1 ≤ i ≤ m, 1 ≤ j ≤ n)  3 2  3 ⋅ 3 3 ⋅ 2  9 6
3⋅  =  = 
Exemplos: α  − 1 4 3 ⋅ (− 1) 3 ⋅ 4 − 3 12
A B
a a12  b11 b12   a11 + b11 a12 + b12 
a)  11 + =  a a12  α a11 α a12 
a21 a22  b21 b22  a21 + b21 a22 + b22  α ⋅  11 = 
A B S a21 a22  α a21 α a22 
A B

 1 3 6 7 7 10 Então:
b)  + =  Problemas resolvidos envolvendo operações com matrizes
 4 5  3 4  7 9  a) Sendo
A B S
0 3  - 1 1  6 - 2
A = , B =  eC=  ,
 4 - 2   8 0  - 5 7 
Então:
Calcular: X = A + B - C.

Matemática 69
APOSTILAS OPÇÃO
Resolução: Portanto:
 0 - 1- 6 3 + 1 + 2  − 7 6  14 21 9 19 
=  =     
4 + 8 + 5 - 2 + 0 - 7  17 − 9 X =  9 26 e Y = 5 23 
 1 11 3 22
b) Calcular X = 2A + 3B, sendo
2 3  3 2  Atividades
    Adição e Subtração de matrizes
A = 1 - 1 e B = 2 2
A. Efetue:
0 - 2  1 0
1) [ ]
3 2 4 1 + 2 1 -5 [ -3]
Resolução:
1 5 7  0 4 - 5
2)   +  
c) Resolver a equação matricial: 3 2 0 - 3 - 1 - 3 
 1 3 4 - 3 0 1 10 6 3 6
X +  =  
 4 3 1  - 1 5 3
3)   -  
 5 7 2 1
Resolução:
B. Sendo:
A matriz X tem que ser obrigatoriamente do tipo 2 X 3, pois, de acordo
com a regra geral da adição de matrizes, sõ podemos somar matrizes de 2 4   4 6 9 0
A =  , B =  , C =  , calcule :
ordens (tipos) iguais. 3 - 1  - 2 8  0 3
a b c 
Seja: X =   1) 2A + B – C
d e f 
2) -A+B+C
Então:
3) 2(A - B) + C
a b c   1 3 4 - 3 0 1 4) 2B + C - 3A
 + =  5) 2(B + C) - 3A
d e f  4 3 1  - 1 5 3
6) 2(B - C) + 3(A - C)
 a + 1 b + 3 c + 4 - 3 0 1
  =   C. Calcule x, y, z e w, em cada um dos casos seguintes:
d + 4 e + 3 f + 1  -1 5 3
x 4 0  2 7 3  4 11 3
1)   +   =  
Donde:  3 6 - 1  5 y 4  8 10 3
a + 1 = -3 ⇒ a = -4 d + 4 = -1 ⇒ d = -5
b + 3 = 0 ⇒ b = -3 e + 3 = 5 ⇒ e = 2 x y  x 6   4 x + y
2) 3   =   +  
c + 4 = 1 ⇒ c = -3 f + 1 = 3 ⇒ f = 2 z w  − 1 2w  z + w z 
- 4 - 3 - 3 
X=  D. Resolva as equações matriciais seguintes:
- 5 2 2  0 1 1 0
1) X +   =  
d) Resolver o sistema de equações matriciais: 1 0 0 1
 X - Y = 3A - 2B 4 9 
 2) X +   =  
 X + Y = 5A + 4B 5  8 
3 4  2 5  2 - 5  04  - 3 1 
    3) X +   =   -  
sendo: A = 2 5  e B =  1 6 3 - 1 10   2 - 1
0 1  1 7 1 3 0 - 1
4) 2X +   = 3⋅ 
 2 4  3 2 
Resolução:
Somando, membro a membro, as equações do sistema, resulta: 2X
=8A + 2B ⇒ X = 4A + B E. Resolva os sistemas matriciais seguintes:
 X + Y = A - 2B
Multiplicando por –1 a primeira equação do sistema e em seguida 
 X - Y = 2A + B
somando ambas, membro a membro, resulta: 2Y = 2A + 6B ⇒ Y = 1)
A + 3B 5 - 3   0 2
sendo A =   e B=  
4 1  - 1 3 
Donde:
X + Y = A + B
12 16   2 5 14 21 
X - Y = B - A
X =  8 20 +  1 6 =  9 26 2)  1 3 1 4
 0 4   1 7  1 11     
sendo A = 2 0 e B = 2 3 
4A B
4 3 7 2
3 4 6 15 9 19  Produto de matrizes
      Dadas as matrizes A = (aij ) m X p e B = (bjk) P X n, define-se produto
y = 2 5 + 3 18 = 5 23
de A por B, que se indica por A . B ou AB, como sendo a matriz: C = (cik)
0 1 3 21 3 22
m X n → C = AB
A 3B
Matemática 70
APOSTILAS OPÇÃO
onde cada elemento cik de C é obtido multiplicando cada elemento da Seja:
linha de índice 1 da matriz A pelo correspondente elemento da coluna de x y 
índice k da matriz B e adicionando os produtos obtidos. A −1 =   (matriz inversa de A)
Decorre da definição a seguinte observação: z w 
O produto AB só pode ser obtido quando a matriz A tiver o número de Como A-1 . A = I2, temos:
colunas igual só número de linhas da matriz B, ou seja, quando A for do Efetuando o produto indicado no primeiro membro vem:
tipo m X p e B for do tipo p X n.  2 x − 5 y − x + 3 y   1 0
 = 
Desse modo, conforme definição, obtém-se A . B = C do tipo m X n. 2z − 5 w − z + 3 w  0 1

Baseando-se no que foi exposto, por exemplo, existem os produtos de Aplicando igualdade de matrizes, isto é, "duas matrizes são iguais se,
e somente se, os elementos que ocupam posições iguais são iguais",
A B AB = C obtemos os sistemas:
a) 2 X 3 por 3X4 ⇒ 2X4 x = 3
2x - 5y = 1 ∧ - x + 3y = 0 ⇒ 
b) 3 X 2 por 2X3 ⇒ 3 X3 y = 1
c) 2 X 2 por 2X2 ⇒ 2 X2 z = 5
2z - 5w = 0 ∧ - z + 3w = 1 ⇒ 
d) 3 X 1 por 1X 2 ⇒ 3X2 w = 2
matrizes: Substituindo-se, em A-1, x por 3, y por 1, z por 5 e w por 2,
encontramos a matriz procurada A-1 .
Veja agora como se calcula o produto de matrizes:
−1 3 1
A Isto é: A = 
0 3
B
0 ⋅ 6 + 3 ⋅ 7 0 ⋅ 8 + 3 ⋅ 9 5 2
 6 8 
a)  1 4 ⋅ 
  Verificação: A . A-1 = A-1 . A =I2
 1⋅ 6 + 4 ⋅ 7 1⋅ 8 + 4 ⋅ 9  =
=
7 9  2 ⋅ 6 + 5 ⋅ 7 2 ⋅ 8 + 5 ⋅ 9
2 5   Faça os cálculos
Agora, atenção para o que segue:
3 X2 2X2 1 0
A matriz A =   não é inversível, apesar de ser quadrada.
 21 27  0 0
 
= 34 44 
Vejamos o porquê disso:
47 61 x y 
−1
3 X 2 Seja: A = 
z w 
A B C
Efetuando o produto A . A-1 obtemos:
a b  m n p am + bq an + br ap + bs
a)   ⋅  =   x y   2 − 1 1 0
c d  q r s   cm + dq cn + dr cp + ds  ⋅ = 
2 X 2 2 X 3 2 X 3  z w  − 5 3  0 1
A −1 A In
Anote para não esquecer:
Matriz Inversível a) Uma matriz só é inversível se for quadrada.
Uma matriz quadrada A de ordem n é inversível se existir uma matriz b) Nem toda matriz quadrada é inversível.
B de ordem n tal que :

A . B = B . A = In In = matriz unidade

A matriz B denomina-se inversa da matriz A e indicamos por A-1 . Isto


é:
7. GEOMETRIA ANALÍTICA. 7.1. Coorde-
B = A-1 nadas cartesianas na reta e no plano.
Distância entre dois pontos. 7.2. Equa-
 2 − 1 3 1 3 1  2 − 1 1 0 ção da reta: formas reduzida, geral e
 ⋅ = ⋅ =  segmentária; coeficiente angular. In-
− 5 3  5 2 5 2 − 5 3  0 1 tersecção de retas, retas paralelas e
A A −1 A −1 A I2 perpendiculares. Feixe de retas. Dis-
Consequentemente, em lugar de A . B = B . A = In Podemos também tância de um ponto a uma reta. Área de
escrever: um triângulo. 7.3. Equação da circunfe-
A . A-1 = A-1 . A = IN rência; tangentes a uma circunferência;
intersecção de uma reta a uma circun-
Exemplo: ferência. 7.4. Elipse, hipérbole e pará-
Determinar a matriz inversa da matriz bola: equações reduzidas.
 2 − 1
A=   (ordem 2)
− 5 3 
Resolução: COORDENADAS CARTESIANAS
Conforme a condição de existência de matriz inversa, a matriz Em Geometria Analítica, associamos a cada ponto do plano cartesia-
procurada A-1 deve ser também de ordem 2, bem como a matriz unidade, no determinado pelos eixos coordenados (eixos de abscissas e de orde-
pois a matriz dada é de ordem 2. nadas) um par de número (a, b) ∈ R2.

Matemática 71
APOSTILAS OPÇÃO
No plano cartesiano, temos o seguinte:

PROPRIEDADES
1) Cada par (a,b) ∈ R2 representa um único ponto no plano cartesia-
no.
d2 = (x A - xB )2 + (y A - yB )2

d = (x A - xB )2 + (y A - yB )2

d = ( ∆x)2 + ( ∆ y)2

onde:
∆ x = diferença de abscissas
∆ y = diferença de ordenadas
2) Todo ponto do eixo de abscissas tem ordenada nula.
COORDENADAS DO PONTO MÉDIO
Consideremos um segmento de reta AB tal que A(xA, yA) e B (xB, yB) e
determinemos as coordenadas do seu ponto médio.

3) Todo ponto do eixo de ordenadas tem abcissa nula.

x A + xB y A + yB
xM = yM =
2 2

COORDENADAS DO BARICENTRO
Consideremos o triângulo ABC tal que A( xA; yA), B(xB; yB) e C(xC; yC)
4) Todo ponto pertencente à bissetriz dos quadrantes ímpares (b13) e seja G(xG; yG) o seu baricentro (ponto de encontro das medianas).
tem coordenadas (x; x).

x A + xB + x C y + yB + y C
Prova-se que: x G = yG = A
3 3
5) Todo ponto pertencente à bissetriz dos quadrantes pares (b24) tem ÁREAS
coordenadas simétricas (x; -x). Calcule a área do quadrilátero ABCD, sendo A(2;1), B(6;2 ), C(4; 6) e
D(1; 3).

DISTANCIÂS ENTRE DOIS PONTOS


Entre dois pontos A e B, chama-se "distância entre os pontos A e B" Calculemos inicialmente a área do retângulo que envolve o quadriláte-
ao comprimento do segmento AB. ro ABCD. Sret = 5 . 5 ∴ Sret = 25
Matemática 72
APOSTILAS OPÇÃO
A área s do quadrilátero ABCD é a área Sret do retângulo envolvente CONDIÇÕES DE ALINHAMENTO DE TRÊS PONTOS
menos a soma das áreas S1, S2, S3, S4. Três pontos A, B e C distintos dois a dois são alinhados (colineares)
S = Sret – (S1 + S2 + S3 + S4 ) se e somente se tiverem a seguinte igualdade:
S = 25 - (1 + 2 + 4 + 4,5)
S = 25 -11,5
S = 13,5

RETA
Inclinação
xA yA 1
xB yB 1
xC yC 1
Observação:
Dados os pontos A(xA;yA), B(xB;yB) e C(xC;yC) e o determinante
α é agudo α é reto α é obtuso xA yA 1
(0° < α < 90° ) ( α = 90°) (90° < α <180°) D= xB yB 1 = 0
Caso particular
xC yC 1

Se D ≠ 0 então A, B e C não são alinhados e portanto determinam


um triângulo de área S; prova-se que:
xA yA 1
1 1
S= D = mód xB yB 1
2 2
xC yC 1

EQUAÇÃO DA RETA (I)


é nulo ( α = 0°) Sabemos que dois pontos distintos A e B determinam uma reta e que
esta reta é constituída de infinitos pontos.
Coeficiente angular de uma reta: m = tg α
As figuras ilustram os quatro casos possíveis:

Qualquer um desses infinitos pontos está alinhado com A e B. cha-


mando um desses pontos P(x, y) podemos ver que:
xA yA 1
xB yB 1 = 0
xC yC 1

que desenvolvido nos dá:


( yB − yA) ⋅ x (xA − xB ) ⋅ y (xA ⋅ yB + xB yA)
− = =0
COEFICIENTE ANGULAR A PARTIR DE DOIS PONTOS a b c
Sejam A e B dois pontos conhecidos de uma reta r não vertical. A par- a. x + b. y + c = 0
tir destes dois pontos determinemos o coeficiente angular da reta r.
CASOS PARTICULARES
Dados dois pontos A e B, obtemos a "equação geral" da reta AB
através do determinante:
xA yB 1
xB yB 1 = 0
x y 1
Temos que : MR = tg
yB − yA onde o par (x,y) representa as coordenadas de qualquer dos pontos
Do triângulo ABC, tiramos que: tg α = da reta
xB − x A AB . Desenvolvendo o determinante, obtemos: ax + by + c = 0
yB − y A onde a = yB - yA; b = 2xA - xB ; c = xByA - xAyB
Portanto: m r =
xB − x A
Matemática 73
APOSTILAS OPÇÃO
Repare que: Agora repare na figura:
1) Se a = 0 ⇒ yA = yB ⇒ a reta é paralela ao eixo x.

y A − yB
No triângulo ABC: = tg α = m
x A − xB

Portanto, o coeficiente angular m é a tangente do ângulo α (inclina-


−c ção) formado entre o eixo α e a reta. Percebemos também que:
r : by + c = 0 ⇒ y = ⇒ y=n
b a)
isto é, todos os pontos da reta r têm a mesma ordenada n.

2) Se b = 0 ⇒ xA – yB ⇒ a reta é paralela ao eixo y.

π
0 <α < ⇒ m = tg α > 0
2
b)
−c
r : ax + c = 0 ⇒ x =
a
⇒ | x = p | , isto ê, todos os pontos da reta r têm a mesma abscissa p.

3) a e b são simultaneamente nulos pois senão os pontos A e B seri-


am coincidentes e nesse caso não teríamos a determinação de uma reta.

4) Se c = 0 ⇒ a.x + b.y = 0 ⇒ a reta passa pela origem; de fato, o


par (0;0) satisfaz a equação ax + by = 0, para quaisquer valores de a e b.
π
1) < α < π ⇒ m = tg α < 0 e
2
'
2) α + α = π ⇒ tg α = - tg α '

EQUAÇÃO REDUZIDA
Vamos agora, na equação ax + by + c = 0, com b ≠ 0 escrever "y em
função de x". c)
ax + by + c = 0 ⇒ by = - ac – c
1) α = 0 ⇒ tg α = m = 0 ou
−a −c
y= x + ⇒ y =m.x + n
b b −a 

2) m = b  m =0
m n a = 0

−a −c
onde: m = ⇒ coeficiente angular ou declividade n = d) Imaginemos um ponto P(x0, y0); por esse ponto P passam infinitas
b a retas não paralelas ao eixo y.
⇒ coeficiente linear

Observações:
1) Como a equação reduzida só é possível quando b ≠ 0, conclui-se
que ela só é válida para as retas não paralelas ao eixo y.
−a
2) Sendo m = e a = yB – yA
b
b = xA – xB
y A − yB
temos: m =
x A − xB Seja r uma dessas retas e seja Q(x;y) um ponto dessa reta.

Matemática 74
APOSTILAS OPÇÃO
2) PERPENDICULARES

Se r⊥ s ⇒ α s = 90 º +α r
O coeficiente angular m dessa reta é: tg α S = tg ( 90° + α r )
y - y0 tg α S = - tg ( 90° - α r )
m = tg α = ⇒ y - y0 = m ( x - x0 ) tg α S = - cotg α r
x - x0
1
tg α S = mS = -
que é a equação do "feixe de retas que passam por (x0;y0) com exce- tg α r
ção da reta paralela ao eixo y, cuja equação é x = x0 .

3) 0 coeficiente linear n representa a ordenada do ponto em que a re- INTERSECÇÃO DE DUAS RETAS CONCORRENTES
ta intercepta o eixo y: Sejam r : ax + by + c = 0 e
s : a’ x + b' y + c’ = 0

duas retas concorrentes (coeficientes angulares diferentes); então


existe o ponto P ( α , β ) que pertence a ambas retas; logo, se
P ε r ⇒ a. α +b. β +c=0
Pε s ⇒ a' . α + b'. β + c' = 0

Portanto, o par ordenado ( α ; β ) satisfaz a ambas as equações; lo-


go, o ponto de intersecção ( α ; β ) se obtém resolvendo o sistema de
equações formado pelas retas:
ax + by + c = 0
a'x + b'y + c' = 0

( α ; β ) é a solução do sistema
Obs.: Dada a reta r: ax + by + c = 0, repare que a reta s: ax + by + h =
0 é paralela à r e a reta bx - ay + p = 0 é perpendicular a r.

DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA


De fato, na equação y = m . x + n, o ponto de abscissa zero (x = 0)
Seja r uma reta e P um ponto pertencente à reta.
tem como ordenada correspondente y = n.

POSIÇÕES RELATIVAS DE DUAS RETAS

1) PARALELAS
Seja r : y = m r , x + n r e S : y = mS . x + nS duas retas não para-
lelas ao eixo de ordenadas:

Chama-se "distância do ponto P a reta r" ao comprimento do segmen-


to da perpendicular baixada de P à reta r.

Observação: se P ε r ⇒ d (P,r) = 0
Em Geometria Analítica, admitindo que a reta r tenha equação ax + by
+ c = 0 e P coordenadas (x0, y0) a distância d pode ser calculada pela
expressão:
a ⋅ x0 + b ⋅ y0 + c
d=
r // s ⇒ α =α ⇒ tg α r = tg α s ⇒ m r = 2 m s a2 + b2
r s

Matemática 75
APOSTILAS OPÇÃO
c) P é interior à circunferência

Por questões práticas costuma-se elevar ambos os membros dessa


equação ao quadrado. Assim obtemos a seguinte equação:
(x - p)2 + (y - q)2 = R2
Se P é exterior à circunferência:
ÂNGULOS DE DUAS RETAS
1) Se r e s forem paralelas, diremos que o ângulo formado por elas é
nulo.
2) Se r e s forem concorrentes e nenhuma delas for vertical , teremos:

(x - p)2 + (y - q)2 > R2


Se P é interior à circunferência

m S− m r
tg θ =
1 + m s ⋅ mr
CIRCUNFERENCIA
Seja C(p, q) o centro de uma circunferência de raio R e P(x,y) um
ponto qualquer do plano cartesiano.

(x - p)2 + (y - q)2 < R2


Equação da circunferência com centro na origem:

A distância de P até C é dada por:


d(P, C) = ( x − p)2 + ( y − q)2

Dependendo da posição de P(x, y) em relação à circunferência, po-


demos ter as seguintes situações:
a) P pertence à circunferência
x2+y2=R2
Equação normal da circunferência
x 2 + y 2 - 2px –pqy + p2 + q2 - R 2 = 0

POSIÇOES RELATIVAS DE UMA RETA E DE UMA CIRCUNFE-


RÊNCIA
Externa Tangente

d ( P, C ) = R ⇒ ( x − p )2 + ( y − q)2 = R

b) P é exterior â circunferência
d ( P, C ) < R ⇒ ( x − p )2 + ( y − q)2 < R

d ( P, C ) > R ⇒ ( x − p)2 + ( y − q)2 > R


Matemática 76
APOSTILAS OPÇÃO
CÔNICAS Equação da elipse
As cônicas são as curvas obtidas pela intersecção de um plano com
um cone circular reto de duas folhas.

Se o plano for perpendicular ao eixo, sem passar pelo vértice, obte- x2 y2


mos uma circunferência. = =1
a2 b2
Se o plano for paralelo a uma geratriz, sem passar pelo vértice, obte-
mos uma parábola. HIPÉRBOLE
Elementos da hipérbole
Se o plano for paralelo ao eixo, sem passar pelo vértice, obtemos uma
hipérbole.

Se o plano não for paralelo ao eixo, nem a uma geratriz, e não passar
pelo vértice, obtemos uma elipse.

C = centro
F1 e F2 = focos
2c = distância focal
V1 e V2 = vértices
V1V2 = eixo real
2a = medida do eixo real
AB = eixo conjugado
2b = medida do eixo conjugado

Relações notáveis entre os eixos

ELIPSE C2 = a2 + b2
Copérnico, no século XVI, afirmou que a Terra descreve uma curva ao
redor do Sol, chamada elipse. Excentricidade

Dados dois pontos F ' e F, e um comprimento 2a = d(F', F), a elipse de


focos F'e F é o lugar (conjunto) dos pontos P tais que a soma de suas Equação reduzida da hipérbole
a F' e F é igual a 2a.
d(P,F') = d(P,F) = 2a

Matemática 77
APOSTILAS OPÇÃO
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
(x − p )2 − (y − q)2 =1 Determine as coordenadas dos focos e a excentricidade da elipse
a2 b2 x2 y2
+ =1
25 9

Solução:
Como o denominador de x2 é maior, os focos estão sobre 0x:
a2 = 25 a = 5 2 2 2
⇒ a =b +c ⇒ c = 4
b2 = 9 b = 3 

focos: F1 (- c, 0 ) F1 (-4, 0 )
F2 ( c, 0 ) F2 ( 4, 0 )

c 4
excentricidade: e = ⇒ e=
a 5
Cálculo da medida dos eixos

(y − q)2 − (x − p )2 =1
eixo maior : | A1 A2| = 2a - | A1A2| = 10
2 2 eixo menor : |B1B2 | = 2b - | B1B2] = 6
a b
02) Determine a equação da hipérbole de centro na origem, com eixo
PARÁBOLA
real medindo 6, sendo F1(-5,0) e F2( 5, 0).
Equação da parábola
Solução
Como o eixo real está contido em 0x, resulta a equação
x2 y2
− =1
a2 b2

2a = 6 ⇒ a=3
2c = 10 ⇒ c= 5

c2 = a2 + b2
y2 = 2px
25= 9 + b2 ⇒ b = 4
Colocando F à esquerda de V:
y2 = - 2px 03) Determine a equação da parábola, sendo F(0, 3) com vértice na
origem.

Solução :
x2 = pyx
p
=3 ⇒ p = 6
2
x 2= 2. 6y ⇒ x2 =12y

04) Determine a equação da circunferência com centro no ponto A (1,-


Colocando F acima de V: x2 = 2py 2) e que passa pelo ponto P(2, 3).
Solução:

Colocando F abaixo de V: x2 = - 2py


Pela figura r = d(P, A) e
Então:
d(P, A) = (2 - 1)2 + (3 + 2)2 =
= (1 + 25 ) = 26

ou r = 26

Matemática 78
APOSTILAS OPÇÃO
2 2 2 Logo, a equação procurada é
Pela equação (x − a ) + (y − b ) = r , temos:
2 x2 y2
2
(x - 1) + (y + 2) = 2
( 26 ) + = 1 ou 16x2 + 25y2 = 400
25 16
2 2
(x - 1) + (y + 2) = 26 ou
06) Determinar a equação da hipérbole de focos A1(3,0) e A2(-3,0).
x 2 + y 2 - 2x + 4y - 21 = 0 Solução :
Pelos dados do problema, temos
Logo, a equação procurada é
c=5 a=3
(x - 1)2 + (y + 2)2 = 26 ou c2 = a2 + b2 ⇒ 25 = 9 + b2 ⇒ b2 = 16
x 2 + y 2 - 2x + 4y - 21 = 0
Como os focos estão sobre o eixo dos x, teremos:
05) Determinar a equação da parábola que tem para diretriz a reta de x2 y2 x2 y2
= =1 ⇒ + =1
equação x = -2 e para foco o ponto F(2,0). a2 b2 9 16
Solução:
ou 16x2 - 9y2 = 144

Logo, a equação da hipérbole é


x2 y2
− = 1 ou 16x2 - 9y2 = 144
9 16

07) Determine a equação da parábola de vértice na origem e cujo foco


é F(0,4)
Solução:
Podemos fazer o esboço

O vértice da parábola é o ponto V(0,0).


Para descobrir a equação da parábola, devemos determinar uma
equação que seja satisfeita pelo conjunto de pontos P(x,y) que são equi-
distantes da reta x = -2 e do ponto F(2,0).

De acordo com a figura temos: Temos:


d(P, F) = d(P, Q). F está acima de V, e a equação é do tipo x2 = 2py
p
Usando a fórmula da distância: F(0,4) ⇒ =4 ⇒p=8
2
(x - y)2 + (y - 0)2 = (x + 2)2 + (y - y)2
E a equação é x2 = 2 . 8. y ⇒ x2 = 16y

08) Desenhe um triângulo ABC cujos vértices são os pontos A(2,2),


x 2 - 4x + 4 + y 2 = x 2 + 4x + 4 B(0,4) e C(-5, -3).
ou, ainda, Solução:
y2 = 8x ou, ainda, (y - 0)2 = 4 . 2 . (x - 0)
Logo, a equação procurada é y2 = 8x.

06) Determinar a equação da elipse de focos F1(-3, 0), e vértices, que


são as extremidades do eixo maior, A1(5, 0) e A2(-5, 0).
Solução:
Pelos dados do problema, os focos estão no eixo x e temos: a = 5 e c
= 3.

09) Determine a equação da parábola dada no gráfico:

Daí a2 = b2 + c2 ⇒ 25 = b2 + 9 ⇒ b2 =16

Nesse caso, a equação reduzida é da forma:


x2 y2 x2 y2
+ =1 ⇒ + = 1 ou
a2 b2 26 16 Solução:
16x2 + 25y2 = 400 Eixo de simetria C 0x
F está à esquerda de V
Matemática 79
APOSTILAS OPÇÃO
Portanto, a equação é do tipo y = -2px C) F1 (p - c, q)
p p p - c = 1 - 8 = -7 F1 (-7, 3)
dVd = ⇒ =2 ⇒ p=4 q=3
2 2
F2 (p + c, q)
A equação da parábola é p+c=1+8=9 F2 ( 9, 3)
y2 = -2 . 4 . x ⇒ y2 = -8x q=3
10) Determine a equação da hipérbole da figura:

Solução EXERCÍCIOS PROPOSTOS


O eixo da hipérbole está contido no eixo y e sua equação deve ser do 01) os vértices de uma hipérbole são os pontos (0, 4) e (0,-3); seus
tipo: focos são os pontos (0,5) e (0,-5).
y2 x2
− =1 Determinar o comprimento do eixo transverso e o comprimento do ei-
a2 b2 xo conjugado.

Temos, pela figura:


a = 2 2 2 2
 ⇒ c = a +b
c = 4
42 = 22 + b2 ⇒ b2 = 12
y2 x2
E a equação é − =1
4 12

11) Dada a elipse cuja equação é


(x − 1)2 + (y − 3)2 =1
100 36 Respostas: A1A2 = 6 e B1B2 = 8
obtenha as coordenadas
- do centro C 2) 0s vértices de uma hipérbole são os pontos (0, 3), e seus focos
- dos vértices v1 e v2 são os pontos (0,5) e (0,-5).
- dos focos F1 e F2 Determinar:
Solução: • equação da hipérbole
a) Da equação obtemos: • excentricidade da hipérbole
p = 1 e q = 3 ∴ C(1, 3) • esboçar o gráfico da hipérbole

b) Considerando a equação dada, temos Respostas:


a2 =100 a =10 5 equação da hipérbole
b2 = 36 b=6 y2 x2 y2 x2
Aplicando a relação a2 = b2 + c2, obtemos c = 8. − =1 ∴ − =1
O eixo maior da elipse é paralelo ao eixo x: a2 b2 9 16
V1 ( p - a, q) 5
p - a = 1 - 10 = - 9 v1 (-9, 3) 6 excentricidade: e = ∴
3
q=3
7 Gráfico
V2 ( p + a, q)
p + a = 1 + 10 = 11 v2 ( 11, 3)
q=3

Matemática 80
APOSTILAS OPÇÃO
3) Determinar a equação da hipérbole, cujos focos estão situados no
eixo das abscissas, simetricamente situados em relação à origem e sa-
bendo que seus eixos são 2a = 10 e 2b = 8.
x2 y2 9. TRIGONOMETRIA. 9.1. Arcos e ângu-
Resposta: − =1 los: medidas, relações entre arcos. 9.2.
25 16
Razões trigonométricas: Cálculo dos
valores em /6, /4 e /3. 9.3. Resolução de
triângulos retângulos. 9.4. Resolução de
triângulos quaisquer: lei dos senos e lei
dos cossenos. 9.5. Funções trigonomé-
tricas: periodicidade, gráficos, simetrias.
9.6. Fórmulas de adição, subtração,
duplicação e bissecção de arcos. Trans-
formações de somas de funções trigo-
nométricas em produtos. 9.7. Equações e
inequações trigonométricas.

4) Determine a equação da hipérbole, cujos focos estão situados no • ARCOS E ÂNGULOS


eixo das abscissas, simetricamente situados em relação à origem, saben- Arco de circunferência é cada uma das duas partes em que uma
circunferência fica dividida por dois de seus pontos (A e B).
4 Ângulo central é definido a partir de um arco determinado na circun-
do que as suas assintotas têm equação y = ± x que a distância entre
3 ferência. Seja a circunferência de centro O, que intercepta as semi-retas a
os focos é 2f = 20. e b nos pontos A e B, respectivamente. A cada arco AB corresponde, por-
tanto, um único ângulo central AÔB.

med (AB) = med (AÔB)

• UNIDADES DE ARCOS
A medida de um arco é o número real (a), não-negativo, razão entre o
arco AB e um arco unitário (u) não-nulo e de mesmo raio.

Grau
1
É um arco unitário igual a da circunferência na qual está
360
contido o arco a ser medido. Cada grau se subdivide em 60 minutos e
2 2 cada minuto em 60 segundos. O segundo se subdivide em submúltiplos
x y decimais. Notação: (°).
Resposta: − =1
36 64
Radiano
5) Determinar a equação da hipérbole cujos focos estão situados no É um arco unitário cujo comprimento é igual ao raio da circunferência
eixo das ordenadas, simetricamente situadas em relação à origem, sa- na qual está contido o arco a ser medido. Notação : (rd).
bendo que as equações das assintotas são y = ± 12/5 x e que a distân-
cia entre os vértices vale 48 unidades.

y2 x2
Resposta: − =1
576 100

Exemplos:
• Transformar 45° em radianos:
180º π 45º⋅π π
⇒ x= = rd
45º x 180º 4

• Expressar em graus, rd:
3
2π 2 ⋅ 180º
rd = = 120 º
3 3

Matemática 81
APOSTILAS OPÇÃO
• CICLO TRIGONOMÉTRICO A menor determinação é 173°,
Vamos representar no sistema cartesiano ortogonal uma circunferên- A expressão geral é 173° + k . 360° (k ∈ Z).
cia de centro O, origem A e raio igual a 1, dividida em 4 quadrantes iguais. 20π
- Dado o arco de rd, encontre a sua menor determinação e
3
sua expressão geral.
20 π 3
20π 2π
2π 6π ⇒ = 6π +
3 3

A menor determinação é (2º quadrante)
A origem do ciclo trigonométrico é o ponto A, onde os arcos de senti- 3
do anti-horário serão positivos e os arcos de sentido horário serão negati- 2π
vos. A expressão geral é + k ⋅ 2π (k ∈ Z)
Todo número real tem associado no ciclo trigonométrico um ponto. 3
Observe os quadrantes:
b) FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
SENO
A função seno é definida pela ordenada do ponto M no ciclo trigono-
métrico. No caso, a ordenada de M é OM'.
sen x = OM'

a) ARCO TRIGONOMÉTRICO Veja o gráfico de y = sen x:


Um ponto M, no ciclo trigonométrico, é associado aos números na
forma:

a = AM = a + k . 360° ou Conclusões:
a = AM = a + k . 2 π ( k ∈ Z)
 O domínio é D = lR.
Observe os valores de k:  O conjunto imagem é
k = 0 1ª determinação positiva a= α lm = {y ∈ lR | - 1 ≤ y ≤ 1}
k = 1 2ª determinação positiva a= α + 2π  O nome da curva é senóide.
k=2 3ª determinação positiva a= α + 4π  O período é 2 π rd.
e assim sucessivamente. ..
k = -1 1ª determinação negativa a= α – 2π
k = -2 2ª determinação negativa a= α – 4π CO-SENO
A função co-seno é definida pela abscissa do ponto M no ciclo trigo-
Observações: nométrico. No caso, a abscissa de M é OM".
 0 ≤ α < 2 π é a menor determinação. cos x = OM "
 a = α + k . 2 π é chamada expressão geral.
 Arcos côngruos são arcos cujas medidas diferem de
múltiplo de 2 π (360°) . Têm a mesma origem e a mesma
extremidade.

Exemplos:
- Dado o arco de 893°, qual é a sua menor determinação e a sua
expressão geral?

893° 360º

173° 2
Matemática 82
APOSTILAS OPÇÃO
Veja o gráfico da função y = cos x:

cos x
Conclusões: cotg x =
sen x
• O domínio é D = lR.
• O conjunto imagem é Veja o gráfico de y = cotg x:
lm = {y ∈ lR | - 1 ≤ y ≤ 1}
• O nome da curva é
co-senóide.
• O período é 2 π rd.

TANGENTE
A função tangente é definida pelo segmento orientado AT .
tg x = AT
Conclusões:
sen x • O domínio é D = {x ∈ lR | x ≠ kπ } ( k ∈ Z)
Podemos mostrar que: tg x = • O conjunto imagem é lm = lR
cos x
• O nome da curva é co- tangentóide.
• O período é igual a π ou 180º.

SECANTE
A função secante é definida pela função :
1
f(x) = sec x =
cos x

Veja o gráfico de y = sec x :

Veja o gráfico da função y = tg x :

Conclusões:
 π 
• O domínio é D = x ∈ lR | x ≠ + kπ  (k ∈ Z)
 2 
a) O domínio é D = • O conjunto imagem é lm = {y ∈lR| y ≤ -1ou y ≥ 1}
 π  • O nome da curva é secantóide.
x ∈ lR | x ≠ + kπ  • O período é igual a 2 π ou 360º.
 2 
b) O conjunto imagem é lm = lR
c) O nome da curva é tangentóide. CO-SECANTE
d) O período é igual a π ou 180º. A função co-secante é definida pela função:

1
CO-TANGENTE f(x) = cosec x =
sen x
A função co-tangente é definida pelo segmento orientado BD .
Podemos mostrar que: Veja o gráfico de y = cossec x:

Matemática 83
APOSTILAS OPÇÃO
• Cálculo da cotg a:
1 3
cotg a = =−
tg a 4
• cálculo da sec a:
1 5
sec a = =−
cos a 3

• cálculo da cosec a:
1 5
cosec a = =+
Conclusões: sen a 4
a) O domínio é D = {x ∈ lR | x ≠ kπ } (k ∈ Z)
• ARCOS NOTÁVEIS
b) O conjunto imagem é lm = {y ∈lR| y ≤ -1ou y ≥ 1} arco π π π
c) O nome da curva é co-secantóide. =30º =45º =60º
d) O período é igual a 2 π ou 360º. função 6 4 3
seno 1 2 3
• RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
2 2 2
Seja o ponto M no ciclo trigonométrico. Sabemos que sen x = OM' ,
cosseno 3 2 1
cos x = OM" e OM = 1. Pelo teorema de Pitágoras, temos que: 2 2 2
tangente 3
1
3 3

Para se calcular a secante, a cossecante e a cotangente, usamos as


relações fundamentais.

• MUDANÇA DE QUADRANTE
a) Do 2º quadrante para o 1º quadrante:
| OM' |2 + | OM" |2 = 1 sen ( π - x) = + sen x
cos ( π - x) = - cos x
sen2x + cos2x =1 tg ( π - x) = - tg x
sec ( π - x) = - sec x
Usando as definições já estudadas : cotg ( π - x) = - cotg x
sen x cos x cosec ( π - x) = + cosec x
tg x = cotg x =
cos x sen x
1 1
sec x = cosec x =
cos x sen x

a) Relações derivadas:
Dividindo a igualdade sen2x + cos2x =1, por sen2 x ≠ 0 e por cos2 x
≠ 0:

cosec 2 x = 1 + cot g2 x sec 2 x = 1 + tg2 x


O seno e a cossecante são iguais, para arcos suplementares (soma
igual a 180°).
Exemplo:
4 b) Do 3º quadrante para o 1º quadrante:
Sabendo-se que sen a = e 90° < a < 180°, calcular as demais
5 sen ( π + x) = - sen x
funções trigonométricas: cos ( π + x) = - cos x
• cálculo de cos a: tg ( π + x) = + tg x
sen2a + cos2a =1 sec ( π + x) = - sec x
2 cotg ( π + x) = + cotg x
4 16 25 − 16 9
  + cos2 a = 1 ∴ cos2a = 1 − = = cosec ( π + x) = - cosec x
5 25 25 25
9 3
cos a = - = − ( a do 2º quadrante)
25 5
• cálculo da tg a:
4
sen a 4
tg a = = 5 =−
cos a 3 3

5

Matemática 84
APOSTILAS OPÇÃO
A tangente e a cotangente são iguais, para arcos explementares (dife- tg a + tg b
rença igual a 180°). tg ( a + b) =
1 − tg a ⋅ tg b
c) Do 4º quadrante para o 1º quadrante: tg a − tg b
sen (-x) = sen ( 2 π - x) = - sen x tg ( a − b) =
1 + tg a ⋅ tg b
cos (-x) = cos ( 2 π - x) = + cos x
tg (-x) = tg (2 π - x) = - tg x
Exemplo:
sec(-x) = sec (2 π - x) = + sec x Calcular sen 15°:
cotg(-x) = cotg (2 π - x) = - cotg x sen 15° = sen (45° - 30°)
cosec(-x) = cosec (2 π - x) = - cosec x sen (a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a
sen (45° - 30°) = sen 45° . cos 30° - sen 30° cos 45°
2 3 1 2 6− 2
sen 15º = ⋅ − ⋅ =
2 2 2 2 4

• MULTIPLICAÇÃO DE ARCOS
c) Duplicação de arcos:
sen 2a = sen (a + a) = sen a . cos a + sen a . cos a

sen 2a = 2 . sen a . cos a

O co-seno e a secante são iguais, para arcos replemenlares (soma cos 2a = cos (a + a) = cos a . cos a - sen a . sen a
igual a 360°).
cos 2a = cos2 a – sen2 a
d) Do 1º quadrante para o 2º quadrante:
π π tg a + tg a
sen ( -x) = cos x cos ( - x) = sen x tg 2a = tg ( a + a) =
2 2 1 − tg a ⋅ tg a
π π
tg ( -x ) = cotg x sec ( -x ) = cosec x
2 2 2 tg a
tg 2 a =
cotg (
π
- x )= tg x cosec (
π
- x) = sec x
1 − tg2 a
2 2
• BISSECÇÃO DE ARCOS
Estes são arcos complementares (soma igual a 90°). Dada uma das funções trigonométricas de um arco x, calculemos as
x
• REDUÇÃO AO 1º QUADRANTE funções do arco .
Quando reduzimos um arco ao 1º quadrante, apenas fazemos uso 2
das propriedades de arcos suplementares, explementares ou
replementares. 1º PROBLEMA:
x x x
α Dado cos x, calcular sen , cos e tg :
Seja a o arco que vamos reduzir ao 1º quadrante. Observemos 2 2 2
em cada quadrante e sua redução :
x
Do 2º quadrante para a 1º quadrante: Sendo cos 2x = 2 cos2x -1, então cos x = 2 cos2 - 1.
180° - α ou π - α 2
Do 3º quadrante para o 1º quadrante: x x
α - 180° ou α - π cos = ± 1 + cos
2 2
Do 4º quadrante para o 1º quadrante:
360° - α ou 2 π – α Analogamente:
x x
Exemplo: sen =± 1 - cos
Calcular sen 240°
2 2
240° (3º quadrante) ⇒ 240° - 180° = x 1 − cos x
= 60° (1ºquadrante) tg =±
2 1 + cos x
sen 240° = - sen 60° (note que seno no 3º Q é negativo)
2º PROBLEMA:
3 x
sen 240° = - sen 60° = -
2 Dada tg , calcular sen x, cos x e tg x:
2
• ADIÇÃO DE ARCOS 2 ⋅ tg x
Sendo tg 2x = temos que:
Conhecidos os arcos de a e b, calcular as funções trigonométricas da 1 - tg 2 x
forma (a + b) e (a - b).
sen (a + b) = sen a . cos b + sen b . cos a x
2 ⋅ tg
sen (a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a tg x = 2
cos (a + b) = cos a . cos b - sen a . sen b 2 x
1 - tg
cos (a - b) = cos a . cos b + sen a . sen b 2

Matemática 85
APOSTILAS OPÇÃO
Demonstra-se que:
x x
2 ⋅ tg 1 - tg2
sen x = 2 cos x = 2
2 x 2 x
1 + tg 1 + tg
2 2

• TRANSFORMAÇÕES EM PRODUTO
Fórmulas de Prostaférese: π π
1º Quadrante: ⇒ x= + 2kπ
3 3
Temos ainda que:
π 5π π
p+q p-q 2π − = ou -
cos p + cos q = 2cos ⋅ cos 3 3 3
2 2 4º Quadrante:
5π π
p+q p-q x=− + 2kπ ou x = - + 2kπ
cos p − cos q = - 2sen ⋅ sen 3 3
2 2
p+q p-q Agrupando as respostas da equação:
sen p + sen q = 2 sen ⋅ cos
2 2 π
{ x ∈ lR | x = ± + 2kπ } ( k ∈ Z)
p−q p+q 3
sen p − sen q = 2sen ⋅ cos
2 2
3ºTIPO: Equações em tangente
Temos ainda que: tg x = m ∀ m real
sen ( p + q) sen ( p − q)
tg p + tg q = tg p − tg q = Exemplo:
cos p ⋅ cos q cos p ⋅ cos q
3
Resolver a equação tg x =
• EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 3
As equações que envolvem equações trigonométricas serão
separadas em vários tipos de resolução: O x pertence ao 1º ou 3º quadrantes.

1º TIPO: Equações em seno


sen x = m -1 ≤ m ≤ 1

1
Exemplo: Resolver sen x =
2
O x pertence ao 1º ou 2º quadrantes.

π
1º quadrante: arco:
6
π
x= + 2kπ
6

π 7π
π π 3º quadrante: arco: π + =
1º quadrante: ⇒ x= +2k π 6 6
6 6 7π

π 5π x= + 2kπ
2º quadrante: π - = ⇒ x= +2 k π 6
6 6 6
Resposta: Estas respostas podem ser agrupadas em :
 π   5π  π
 x ∈ lR | x = + 2kπ  ou  x ∈ lR x = + 2kπ  { x ∈ lR | x = +kπ } ( k ∈ Z)
 6   6  6
∈ Note que a tangente é periódica de período igual a π rd.
(k Z)
4º TIPO : Equações gerais
2º TIPO: Equações em cosseno Exemplos:
cos x = m -1 ≤ m ≤ 1 Resolver cada equação trigonométrica :
1) sen2 x - sen x = 0
1 sen x (sen x – 1 ) = 0
Exemplo: Resolver cos x =
2 sen x = 0 ⇒ x = 0 + k π = k π
π
O x pertence ao 1º ou 4º quadrantes. sen x = 1 ⇒ x = + 2kπ ( k ∈ Z)
2
Resolve-se a equação do 2º grau, interpretando-se cada solução.

Matemática 86
APOSTILAS OPÇÃO
INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS É a função definida por:
Inequações trigonométricas são desigualdades envolvendo funções
trigonométricas. y = arc tg x
π π
Exemplo: x ∈ lR e - < y<
2 2
2
Resolver a inequação : sen x >
2
π 3π
O x varia de a , ou seja:
4 4
π 3π
<x<
4 4

RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS
Estudaremos os triângulos determinando as medidas de seus lados,
de seus ângulos e da sua área.

Triângulos retângulos
Triângulo retângulo é um triângulo que tem um ângulo de medida
igual a 90°.
π 3π
Resposta: { x ∈ lR | + 2kπ < x < + 2kπ }
4 4
(k ∈ Z)

FUNÇÕES CIRCULARES INVERSAS


Para que uma função admita inversa, ela deve ser bijetora. Como as
funções seno, co-seno e tangente não são bijetoras, devemos restringir o
• a é a medida da hipotenusa.
domínio de cada função para achar a função inversa.
• b e c são as medidas dos catetos.
Função arc sen
• S é a medida da área.
É a função definida por :
• RELAÇÕES TRIGONOMÈTRICAS:
y = arc sen x  b  c  b
π π sen B̂ = a cos B̂ = a tg B̂ = c
6. 1 ≤ x ≤ +1e- ≤y≤   
2 2 sen Ĉ = c cos Ĉ = b tg Ĉ = c
 a  a  b

• RELAÇÕES MÉTRICAS:
Em todo triângulo retângulo, temos as seguintes relações.
a2 = b2 + c2 b2 = a . m
c2 = a . m h2 = m . n
a.h=b.c

S= bc = ah
2 2
função arc co-seno
É a função definida por :
y = arc cos x

-1 ≤ x ≤ +1 e 0 ≤ y ≤ π

Com todas estas relações, podemos resolver um triângulo, que


consiste em determinar as medidas dos ângulos, dos lados e da área.

LEI DOS SENOS:


"Em qualquer triângulo, as medidas dos lados são proporcionais aos
senos dos ângulos opostos e a constante de proporcionalidade é a medida
do diâmetro da circunferência circunscrita ao triângulo."

a b c
• Função arc tangente = = = 2R
sen A sen B sen C

Matemática 87
APOSTILAS OPÇÃO

V = Ab . h (volume)

1.1 – CUBO
O cubo é um prisma onde todas as faces são quadradas.

AT = 6 . a 2 (área total)

LEI DOS CO-SENOS: V = a3


"Em qualquer triângulo, o quadrado da medida de um lado é igual a (volume)
soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados menos o duplo
produto das medidas desses lados pelo co-seno do ângulo formado por a = aresta
eles."
a2 = b2 + c2 – 2 . b . c . cos A

b2 = a2 + c2 – 2 . a . c . cos B

c2 = a2 + b2 – 2 . a . b . cos C

Para o cálculo das diagonais teremos:

(diagonal de uma face)


d=a 2
(diagonal do cubo)
D=a 3
1.2 - PARALELEPÍPEDO RETO RETÂNGULO

11. GEOMETRIA ESPACIAL. 11.1. Retas e


planos no espaço. Paralelismo e per-
pendicularismo. 11.2. Ângulos diedros
e ângulos poliédricos. Poliedros: polie-
dros regulares. 11.3. Prismas, pirâmi-
des e respectivos troncos. Cálculo de
áreas e volumes. 11.4. Cilindro, cone e dimensões a, b, c
esfera: cálculo de áreas e volumes. (área total)
AT = 2 ( ab + ac + bc )

1. PRISMAS V = abc (volume)


São sólidos que possuem duas faces apostas paralelas e
congruentes denominadas bases. (diagonal)
a l = arestas laterais D = a2 + b2 + c 2
h = altura (distância entre as bases) 2. PIRÂMIDES
São sólidos com uma base plana e um vértice fora do plano dessa
base.

Cálculos:
Ab = área do polígono da base.
A l = soma das áreas laterais.
Para a pirâmide temos:
AT = Al + 2 Ab (área total).
A b = área da base
Matemática 88
APOSTILAS OPÇÃO

A l = álea dos triângulos faces laterais

AT = Al + Ab (área total)

(volume)
1
V= Ab ⋅ h
3
2.1 - TETRAEDRO REGULAR
É a pirâmide onde todas as faces são triângulos equiláteros.
Logo:
A l = 2π R ⋅ 2 R = 4π R 2
A T = 2 ⋅ π R 2 + 4π R 2 = 6 π R 2
V = π R 2 ⋅ 2 R = 2π R 3

4. CONE CIRCULAR RETO


g é geratriz.
∆ ABC é secção meridiana.

Tetraedro de aresta a :

a 6 ( altura )
h=
3

AT = a2 3 (área total)

a3 2 ( volume )
V=
12
g2 = h2 + R2
A l = π Rg (área lateral)
3. CILINDRO CIRCULAR RETO A b = πR 2 (área da base)
As bases são paralelas e circulares; possui uma superfície lateral.
AT = Al + Ab (área total)

1
v= ⋅ Ab ⋅ h (volume)
3

4.1 - CONE EQUILÁTERO


Se o ∆ ABC for equilátero, o cone será denominado equilátero.

2
A b = πR
( área da base)

A l = 2π R ⋅ h
( área lateral )

A T = 2A b + A l
( área total ) h=R 3 (altura)
A b = πR 2 (base)
V = A b ⋅h ( volume )
A l = π R ⋅ 2 R = 2π R 2 (área lateral)
A T = 3π R 2 (área total)
3.1 - CILINDRO EQUILÁTERO
Quando a secção meridiana do cilindro for quadrada, este será 1 3
(volume)
V = πR 3
equilátero. 3

Matemática 89
APOSTILAS OPÇÃO
5. ESFERA 7. Para paginar um livro com 30 linhas em cada página, são
Perímetro do círculo maior: 2 π R necessárias 420 páginas. Quantas páginas (iguais às anteriores) de
Área da superfície: 4 π R2 40 linhas (iguais às anteriores) cada uma seriam necessárias para
paginar o mesmo livro?
Volume: 4
πR 3 a) 315
3 b) 321
c) 347
d) 198
Área da secção meridiana: π R2. e) n.d.a.

8. Para transportar certo volume de areia para urna construção, foram


necessários 20 caminhões com 4 m3 de areia cada um. Se cada
caminhão pudesse conter 5 m3 de areia, quantos caminhões seriam
necessários para fazer o mesmo serviço?
a) 16
b) 20
c) 22
d) 14
e) n.d.a.

9. Uma árvore de 4,2 m de altura projeta no solo urna sombra de 3,6 m.


PROVA SIMULADA No mesmo instante, uma torre projeta urna sombra de 28,80 m. Qual
é a altura da torre?
1. Um parafuso penetra 3,2 mm a cada 4 voltas. Quantas voltas deverá a) 33,60
dar para penetrar 16 mm? b) 28,90
a) 20 voltas c) 32,00
b) 18 voltas d) 19,12
c) 22 voltas e) N.D.A.
d) 16 voltas
e) n.d.a. 10. Para assoalhar urna sala de 80 m2 de área, foram necessários 900
tacos de madeira. Quantos tacos iguais a esses seriam necessários
2. Sabe-se que 8 kg de café cru dão 6 kg de café torrado. Quantos kg
para assoalhar urna sala de 60 m2 de área?
de café cru devem ser levados ao forno para obtermos 27 kg de café
a) 700
torrado?
b) 800
a) 36
c) 760
b) 40
d) 675
c) 38
e) n.d.a.
d) 26
e) n.d.a.
11. Uma torneira despeja 40 litros de água em 5 minutos. Em quanto
3. 40 pintores pintam um edifício em 10 dias. Querendo fazer o mesmo
tempo esta torneira encheria um reservatório de 2 m3 de
serviço em 8 dias, quantos pintores seriam necessários?
capacidade?
a) 50
a) 230min
b) 48
b) 220 min
c) 60
c) 250 min
d) 62
d) 242 min
e) n.d.a.
e) n.d.a.
4. 8 máquinas produzem 600 peças de metal por hora. Quantas
12. Uma vara de bambu de 1,5 m de altura projeta no solo uma sombra
máquinas idênticas às primeiras são necessárias para produzir 1 500
de 1 m. Quanto medirá a sombra projetada no mesmo instante por
peças de metal por hora?
um prédio de 18 m de altura?
a) 30
a) 13 m
b) 25
b) 12 m
c) 40
c) 10,5 m
d) 20
d) 14,2 m
e) n.d.a.
e) n.d.a.
5. Com velocidade de 60 km/h, um automóvel leva 50 minutos para ir
13. Para construir urna quadra de basquete, 30 operários levam 40 dias.
de urna cidade X a urna cidade Y. Se a sua velocidade fosse de 75
Quantos dias levariam 25 operários, de mesma capacidade que os
km/h, quanto tempo levada para cobrir a mesma distância?
primeiros, para construir urna quadra idêntica?
a) 45 min
a) 52 dias
b) 38 min
b) 46
c) 40 min
c) 48
d) 42 min
d) 45
e) n.d.a.
e) n.d.a.
6. Uma roda de automóvel dá 2 500 voltas em 10 minutos. Quantas
14. Com a velocidade de 80 km/h, um automóvel leva 1 hora e meia
voltas dará em 12 minutos?
para percorrer certa distância. Se a sua velocidade fosse de 72 km/h,
a) 3280
qual o tempo que seria gasto para cobrir a mesma distância?
b) 2967
a) 100 min
c) 3020
b) 98 min
d) 3000
c) 102 min
e) n.d.a.
Matemática 90
APOSTILAS OPÇÃO
d) 110 min 23. Uma prova de Matemática tem 50 questões. Um aluno acertou 40
e) n.d.a. dessas questões. Qual foi a sua taxa de acertos?
a) 90%
15. Um muro deverá ter 40 m de comprimento. Em três dias, foram b) 88%
construídos 12m do muro. Supondo que o trabalho continue a ser c) 77%
feito no mesmo ritmo, em quantos dias será construído o restante do d) 80%
muro? e) n.d.a.
a) 10 dias
b) 7 dias 24. A 6ª série C teve, durante todo o ano, 50 aulas de Educação Física.
c) 8 dias Um aluno faltou a 8 aulas. Qual foi a taxa de faltas desse aluno?
d) 6 dias a) 12
e) n.d.a. b) 18
c) 16
16. Uma folha de alumínio de 250 cm2 de área pesa 400 g. Quanto d) 14
pesará uma peça quadrada, de 10 cm de lado, da mesma folha de e) n.d.a.
alumínio?
a) 160 g 25. O preço de custo de um objeto é R$ 1 750,00. Sendo esse objeto
b) 145 g vendido a R$ 2 499,00, qual a taxa de lucro sobre o preço de custo?
c) 165 g a) 42,8
d) 178 g b) 43,7
e) n.d.a. c) 39,8
d) 44,0
17. Com certa quantidade de arame, constrói-se uma tela de 20 m de e) n.d.a.
comprimento por 3 m de largura. Diminuindo-se a largura em 1,80 m,
qual seria o comprimento de outra tela fabricada com a mesma 26. Um quadro de futebol disputa 16 partidas, vencendo 10 e empatando
quantidade de arame? 2. Pede-se: 1º) a taxa de vitórias em relação ao número de partidas
a) 48 m disputadas; 2º) a taxa de empates em relação ao número de partidas
b) 50m disputadas.
c) 52 m a) 62,5 e 12,5
d) 54 m b) 61,0 e 11,9
e) n.d.a. c) 63,1 e 13,3
d) 62,1 e 11,9
18. Para azulejar uma parede de 15 m2 de área foram usados 300 e) n.d.a.
azulejos. Quantos azulejos iguais a esses seriam usados para
azulejar uma parede retangular de 8 m por 3 m? 27. Em 1980, a população de uma cidade era de 60 000 habitantes. Em
a) 479 1981, a população da mesma cidade é de 61920 habitantes. Qual foi
b) 500 a taxa de crescimento populacional em relação à de 1980?
c) 566 a) 4,1
d) 480 b) 3,1
e) n.d.a. c) 3,2
d) 1,9
19. A velocidade de um automóvel é de 72 km/h. Qual seria a sua e) n.d.a.
velocidade em m/s?
a) 22 28. Dos 15.000 candidatos que inscreveram-se para o vestibular na
b) 18 PUC.SP. Foram aprovados 9600. Qual a taxa de aprovação?
c) 32 a) 67
d) 20 b) 71
e) n.d.a. c) 66
d) 64
20. Um terreno retangular tem 10 m de frente por 40 m de lateral. Se e) n.d.a.
diminuirmos 2 m da frente do terreno, quantos m devemos aumentar
ao comprimento a fim de conservar a sua área? 29. Em dezembro de 1996, o preço da gasolina passou de R$ 0,45 para
a) 11 m R$ 0,51 o litro. De quanto % foi o aumento?
b) 12 m a) 13,3
c) 10 m b) 12,9
d) 9 m c) 11,8
e) n.d.a. d) 14,1
e) n.d.a.
21. $ 6 400,00 representam quantos % de $ 320 000,00?
a) 3 30. Na compra de uma bicicleta, cujo preço é R$ 180,00, dá-se um
b) 2 desconto de R$ 27,00. De quanto % é o desconto dado?
c) 4 a) 17
d) 5 b) 15
e) n.d.a. c) 13
d) 11
22. 150 alunos representam quantos % de 2 000 alunos? e) n.d.a.
a) 7,5
b) 6,7 31. $ 300,00 representam 24% de uma quantia x. Qual é o valor de x?
c) 7,1 a) 1320
d) 8,1 b) 1250
e) n.d.a. c) 1145

Matemática 91
APOSTILAS OPÇÃO
d) 1232 39. Uma torneira pode encher um tanque em 9 horas e outra pode
e) n.d.a. encher o mesmo tanque em 12 horas. Se essas duas torneiras
funcionassem juntas e, com elas, mais uma terceira torneira, o
32. Numa prova de Matemática, um aluno acertou 36 questões, o que tanque ficaria cheio em 4 horas. Em quantas horas a terceira
corresponde a 72% do número das questões. Quantas questões torneira, funcionando sozinha, encheria o tanque?
havia na prova? a) 18 horas
a) 44 b) 20
b) 48 c) 22
c) 50 d) 16
d) 53
e) 18h 30min 15s
e) n.d.a.

33. Num colégio X, 520 alunos estudam no período da manhã, o que 40. As rodas traseiras de um carro têm 3,25 metros de circunferência.
corresponde a 65% do número total de alunos do colégio. Quantos Enquanto as rodas dianteiras dão 20 voltas, as traseiras dão
alunos tem esse colégio? somente 12. Qual é a circunferência das rodas dianteiras?
a) 861 a) 1,95 m
b) 982 b) 2,05
c) 870 c) 1,88
d) 800 d) 1,90
e) n.d.a. e) 2,01

34. Uma peça de ouro foi vendida com um lucro de $ 300,00. Sabe-se GABARITO
que essa quantia representa 25% do preço de custo da peça. Qual o
preço de custo e por quanto foi vendida essa peça? 1. A 21. B
a) 1200 e 1500 2. A 22. A
3. A 23. D
b) 1220 e 1488
4. D 24. C
c) 1180 e 1520 5. C 25. A
d) 1190 e 1980 6. D 26. A
e) n.d.a. 7. A 27. C
8. A 28. D
9. A 29. A
35. Uma salina produz 18% de sal em volume de água que é levada a
10. D 30. B
evaporar. Para produzir 117 m3 de sal, quantos m3 de água são
11. C 31. B
necessários?
12. B 32. C
a) 750 13. C 33. D
b) 587 14. A 34. A
c) 710 15. B 35. D
d) 650 16. A 36. C
17. B 37. D
e) n.d.a.
18. D 38. A
19. D 39. A
36. Na 6ª série B, 6 alunos foram reprovados, o que representa 15% do 20. C 40. A
número de alunos da classe. Quantos alunos há na 6ª série B?
a) 38
b) 42 ___________________________________
c) 40
___________________________________
d) 45
e) n.d.a. ___________________________________
___________________________________
37. Na compra a prazo de um aparelho, há um acréscimo de R$ 150,00,
o que corresponde a 30% do preço a vista do aparelho, Qual é o ___________________________________
preço a vista do aparelho, e quanto vou pagar?
_______________________________________________________
a) 500 e 640
b) 510 e 630 _______________________________________________________
c) 530 e 678
_______________________________________________________
d) 500 e 650
e) n.d.a. _______________________________________________________
_______________________________________________________
38. Para assoalhar uma casa foram necessárias 18 dúzias de tábuas de
2 metros e 30 centímetros de comprimento por 10 centímetros de _______________________________________________________
largura. Quantas tábuas seriam necessárias para assoalhar a _______________________________________________________
mesma casa se elas tivessem 1 metro e 80 centímetros de
comprimento por 3 decímetros de largura? _______________________________________________________
a) 92
_______________________________________________________
b) 104
c) 98 _______________________________________________________
d) 89 _______________________________________________________
e) 95
_______________________________________________________

Matemática 92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
APOSTILAS OPÇÃO

Também são encontrados no Título VIII - Da Ordem Social,


artigos 193 e seguintes.
Os direitos sociais podem ser agrupados em grandes
categoriais:
a) os direitos sociais dos trabalhadores (subdivididos
em individuais e coletivos);
b) os direitos sociais de seguridade social (saúde e
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. previdência social);
1.1. Título II – Dos Direitos e c) os direitos sociais de natureza econômica;
d) os direitos sociais da cultura e esporte;
Garantias Fundamentais: e) os de segurança;
Capítulo II – Dos Direitos f) família, criança, adolescente, idoso e pessoas
Sociais; portadoras de deficiência.

José Afonso da Silva2 propõe a divisão dos direitos sociais


em:
Com o advento das revoluções (americana e francesa) do a) Relativos aos trabalhadores: Direito à saúde, à
século XVIII, veio a ascensão da burguesia ao poder, o que educação, à segurança social, ao desenvolvimento intelectual,
garantiu alguns direitos individuais, como: a inviolabilidade de o igual acesso das crianças e adultos à instrução, à cultura e
domicílio e de correspondência, o devido processo legal e a garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no título
proibição da prisão ilegal. Advindo também o capitalismo que da ordem social.
aumentou significativamente a produção, porém, veio com ele b) Relativos ao homem consumidor: Direitos relativos
a miséria da classe trabalhadora, pois não tinham amparo ao salário, às condições de trabalho, à liberdade de instituição
estatal (prestação negativa do Estado). sindical, o direito de greve, entre outros (CF, artigos 7º a 11).
Apesar da classe trabalhadora ser produtora da riqueza da
burguesia, era excluída de seus benefícios e de uma qualidade Reserva do Possível
de vida condigna. Passaram então a organizar-se na luta por A reserva do possível, nas suas diversas dimensões, está
seus direitos e maior a estabilidade do desenvolvimento ligada diretamente às limitações orçamentárias que o Estado
econômico. possui. Para que se determine a razoabilidade de determinada
Foi necessário, portanto, a intervenção do Estado em prol prestação estatal é importante pensar no contexto: a saída
dos menos favorecidos. No Brasil, os direitos sociais vieram adequada para “A” deve ser a saída adequada para todos
com a Constituição de 1934, e permanece até a Constituição os que se encontram na mesma situação que “A”, como o
atual. princípio da isonomia.
Alguns autores denominam este princípio como a reserva
Conceito do “financeiramente possível”, relacionando-o com a
necessidade de disponibilidade de recursos, principalmente
Consiste em direito econômico-social e tem por objetivo pelo Estado, para sua efetiva concretização.
melhorar as condições de vida e de trabalho para todos. Veio A cláusula da reserva do possível não pode servir de
para criar garantias positivas prestadas pelo Estado em favor argumento, ao Poder Público, para frustrar e inviabilizar a
dos menos favorecidos, bem como dos setores da sociedade implementação de políticas públicas definidas na própria
economicamente mais fracos. Constituição. A noção de “mínimo existencial” é extraída
Segundo Silva1, os direitos sociais “são prestações positivas implicitamente de determinados preceitos constitucionais
proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), e compreende um complexo de
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir
melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem condições adequadas de existência digna, em ordem a
a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de
portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade”. liberdade e, também, a prestações positivas originárias do
Os direitos sociais exigem a intermediação do Estado para Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais
sua concretização; consideram o homem para além de sua básicos.
condição individualista, e guardam íntima relação com o
cidadão e a sociedade, então abrangem a pessoa humana na Mínimo Existencial
perspectiva de que ela necessita de condições mínimas de Trata-se do básico da vida humana, um direito
subsistência. fundamental e essencial previsto na Constituição Federal. Tem
Por tratarem de direitos fundamentais, há de reconhecer a como objetivo garantir condições mínimas para uma vida
eles aplicabilidade imediata (artigo 5º, § 1º da CF/88), e no digna ao ser humano. Assim, é dever do Estado garantir que os
caso de omissão legislativa haverá meios de buscar sua direitos fundamentais sejam aplicados de maneira eficaz. Pode
efetividade, como o mandado de injunção e a ação direta de ser conceituado como “conjunto de condições materiais
inconstitucionalidade por omissão. essenciais e elementares cuja presença é pressuposto da
dignidade para qualquer pessoa. Se alguém viver abaixo
Classificação daquele patamar, o mandamento constitucional estará sendo
desrespeitado”.3
O art. 6º da Constituição deixa claro que os direitos sociais Em casos que o Poder Público não cumpra seu dever de
não são somente os que estão enunciados nos artigos 7º, ao 11. implementar políticas públicas definidas no texto

1 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. Rev. E tocante aos elementos matérias da dignidade, é composto pelo mínimo existencial,
atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2009. que consiste em um conjunto de prestações mínimas sem as quais se poderá
2 Idem. afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade (...) Uma proposta
3 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os de concretização do mínimo existencial, tendo em conta a ordem constitucional
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, brasileira, deverá incluir os direitos à educação fundamental, à saúde básica, à
2011, Cf., a propósito, Ana Paula de Barcellos, A eficácia jurídica dos princípios assistência no caso de necessidade e ao acesso à justiça”.
constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, “Esse núcleo, no

Noções de Administração Pública 1


APOSTILAS OPÇÃO

constitucional, estará infringindo a própria Constituição. A no rol dos direitos sociais. A inserção de um direito ao
falta de agir do Estado configura desprezo e desrespeito à transporte guarda sintonia com o objetivo de assegurar a
Constituição e, por isso mesmo, configura comportamento todos uma efetiva fruição de direitos (fundamentais ou não),
juridicamente reprovável. mediante a garantia do acesso ao local de trabalho, bem como
O mínimo existencial abrange direitos socioeconômicos e aos estabelecimentos de ensino, serviços de saúde e outros
culturais, como o direito a educação, lazer, trabalho, salário serviços essenciais, assim como ao lazer e mesmo ao exercício
mínimo, etc. dos direitos políticos, sem falar na especial consideração das
pessoas com deficiência (objeto de previsão específica no
Vedação ao Retrocesso / Princípio do Não Retrocesso artigo 227, § 2º, CF) e dos idosos, resulta evidente e insere o
Social / Proibição da Evolução Reacionária transporte no rol dos direitos e deveres associados ao mínimo
O legislador, dentro da reserva do possível, deve existencial, no sentido das condições materiais indispensáveis
implementar políticas públicas. Uma vez concretizado esses à fruição de uma vida com dignidade.
direitos, não poderá ser diminuído. Assim, os direitos sociais
já consagrados devem ser resguardados. Lazer: prevê a Constituição no § 3º do Artigo 217 que “o
Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção
Direitos Sociais em Espécie social”. Esse direito relaciona-se com o direito ao descanso
dos trabalhadores, ao resgate de energias para retomada das
Educação: o direito à educação está previsto nos artigos atividades.
6º e 205 da Constituição Federal. Esse direito é de todos e um Costuma-se condenar os empregadores que, entregando
dever do Estado e a família, que visa o desenvolvimento excessiva carga de trabalho ao empregado, retiram-lhe o
intelectual da pessoa, preparando-a para o exercício da intervalo interjornada5 de modo a inibir o convívio social e
cidadania e de uma vida profissional. O Estado tem o dever de familiar. É a entrega à ociosidade repousante, isto é, de tempo
promover políticas públicas de acesso à educação de acordo destinado ao lazer, garantida constitucionalmente.
com os princípios elencados na própria CF (art. 206), e, por
expressa disposição, obriga-se a fornecer o ensino Segurança: a segurança no artigo 6° não é a mesma que a
fundamental gratuito (art. 208, § 1º). mencionada no caput do artigo 5°. Lá no artigo 5° ela está
O STF editou a súmula vinculante número 12, com a ligada a garantia individual e, no artigo 6°, prevê um direito
finalidade de evitar violação do disposto no artigo 206, IV da social, ligada a segurança pública, tratada no artigo 144 da
CF: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas Constituição Federal.
viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”. O STF afirmou que o direito à segurança “é prerrogativa
constitucional indisponível, garantido mediante a
Saúde: foi em 1988 que a saúde passou a ser tratada pela implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a
ordem constitucional brasileira, como direito fundamental. É obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo
um direito de todos e dever do Estado garantir políticas sociais acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a
e econômicas que tenha como objetivo diminuir riscos de implementação pelo Estado, quando inadimplente, de políticas
doenças. públicas constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência
em questão que envolve o poder discricionário do Poder
Alimentação: com voto favorável pelo Brasil, foi Executivo.”6
reconhecida pela comissão de Direitos humanos da ONU em
1993 como direito fundamental. A alimentação adequada está Previdência social: É um conjunto de direitos relativos à
ligada à dignidade da pessoa humana, portanto, é dever do seguridade social. Os benefícios, são prestações pecuniárias
poder público adotar medidas necessárias para uma para
alimentação digna e nutritiva a toda população. a) Aposentadoria por invalidez (CF, art. 201, I), por velhice
e por tempo de contribuição (CF, art. 201, § 7º)
Trabalho: está previsto na Constituição Federal como um b) Nos auxílios por doença, maternidade, reclusão e
direito social. O direito de ter um trabalho ou de trabalhar, é o funeral (art. 201, I, II, IV e V);
meio de se obter uma existência digna4. c) No salário-desemprego (artigos 7º, II, 201, II, e 239);
Aparece como um dos fundamentos do Estado d) Na pensão por morte do segurado (art. 201, V).
democrático de Direito os valores sociais do trabalho (previsto Os serviços que são prestações assistenciais: médica,
na CF, artigo 1º, inciso IV), e, no artigo 170 da CF/88 funda a farmacêutica, odontológico, hospitalar, social e de reeducação
ordem econômica na valorização do trabalho humano e na ou readaptação profissional.
livre iniciativa, tudo a assegurar uma existência digna a todos,
em atenção à justiça social. Proteção à maternidade e à infância: a proteção à
maternidade aparece tanto como um direito previdenciário
Moradia: o direito à moradia visa consagrar o direito de (artigo 201, II) como direito assistencial (artigo 203, I e II).
habitação digna e adequada. Não quer dizer que Destaca-se, também, no artigo 7º, XVIII da CF a previsão de
necessariamente é direito a uma casa própria, mas sim a um licença à gestante.
teto, um abrigo em condições condignas para preservar a
intimidade pessoal dos membros da família (art. 5, X e XI), uma Assistência aos desamparados: materializa-se nos
habitação digna e adequada. termos do artigo 203, que estabelece que a assistência social
A própria impenhorabilidade do bem de família, levada a será prestada aos necessitados, independentemente
efeito pela Lei n° 8.009/90, encontra fundamento no artigo 6º contribuírem ou não com a previdência social.
da Constituição Federal.

Transporte: com o advento da Emenda Constitucional nº


90, de 15 de setembro de 2015, o transporte passou a figurar

4 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. Até a 6 RE 559.646-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda Turma,

Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores, 2012 DJE de 24-6-2011.
5 Interjornada: período de descanso entre um dia e outro de trabalho – mínimo de

11 horas de descanso.

Noções de Administração Pública 2


APOSTILAS OPÇÃO

Direitos Relativos aos Trabalhadores II - seguro-desemprego, em caso de desemprego


involuntário;
As relações individuais do trabalho estão previstos no III - fundo de garantia do tempo de serviço;
artigo 7°, CF e, os direitos coletivos dos trabalhadores estão IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
previstos nos artigos 8° a 11. capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
No artigo 7° há um rol de direitos dos trabalhadores família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
urbanos e rurais, que serão expressos no texto de lei que vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
traremos mais abaixo. periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
Os direitos sociais e coletivos são aqueles que os sua vinculação para qualquer fim;
trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse da V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
coletividade. Podem ser classificados da seguinte forma: do trabalho;
a) Direito de associação sindical ou profissional (artigo 8°, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
caput) convenção ou acordo coletivo;
b) Direito de greve (artigo 9°) VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
c) Direito de substituição processual (artigo 8°, III) que percebem remuneração variável;
d) Direito de participação (artigo 10) VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
e) Direito de representação classista (artigo 11). integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Para facilitar os estudos, vamos analisar o quadro X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
esquematizado dos direitos sócias: sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
Direitos sociais são direitos empresa, conforme definido em lei;
de conteúdo econômico- XII - salário-família pago em razão do dependente do
Conceito social que visam melhorar trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
as condições de vida e de XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
trabalho para todos. diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho;
a) Direitos sociais relativos XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
ao trabalhador (arts. 7º a turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
11); XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
b) Direitos sociais relativos domingos;
à seguridade social, XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
abrangendo direitos à mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452,
saúde, à previdência social art. 59 § 1º).
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
e à assistência social (arts.
um terço a mais do que o salário normal;
193 a 204);
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
c) Direitos sociais relativos
salário, com a duração de cento e vinte dias;
Classificação à educação, à cultura e ao
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
esporte;
d) Direitos sociais relativos
à família, à criança, ao Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa
adolescente, ao idoso e às empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença à
pessoas portadoras de gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o
deficiência (arts. 226 a prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias.
230); Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
e) Direitos sociais relativos Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
ao meio ambiente (art. privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos
225). fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e
fundacional.
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente
Texto Constitucional a respeito: alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
CAPÍTULO II mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados
DOS DIREITOS SOCIAIS constitucionalmente as empresas que fazem parte do
programa. Contudo, para isso, o empregado tem que requerer
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a comprovar a participação em programa ou atividade de
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à orientação sobre paternidade responsável.
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (NR Emenda Constitucional Nº 90, de 15 de XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
setembro de 2015) incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
I - relação de emprego protegida contra despedida normas de saúde, higiene e segurança;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, XXIII - adicional de remuneração para as atividades
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Noções de Administração Pública 3


APOSTILAS OPÇÃO

XXIV - aposentadoria; Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos


XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; os interesses que devam por meio dele defender.
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
trabalho; disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; comunidade.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, da lei.
quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
extinção do contrato de trabalho; discussão e deliberação.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é
ou estado civil; assegurada a eleição de um representante destes com a
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de com os empregadores.
deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, Questões
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou 01. (SETRABES - Contador - UERR/2018) São Direitos
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a Sociais expressamente previstos na Constituição Federal,
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a exceto:
partir de quatorze anos; (A) O livre exercício de qualquer trabalho.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com (B) A assistência aos desamparados.
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (C) O transporte.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos (D) A proteção à maternidade.
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, (E) A educação.
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e 02. (PC/MA - Investigador de Polícia - CESPE/2018)
observada a simplificação do cumprimento das obrigações Entre os direitos sociais previstos pela Constituição Federal de
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de 1988 (CF) inclui-se o direito à
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, (A) amamentação aos filhos de presidiárias.
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência (B) moradia.
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de (C) propriedade.
2013). (D) gratuidade do registro civil de nascimento.
(E) assistência jurídica e integral gratuita.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte: 03. (ITEP/RN - Agente de Necropsia - INSTITUTO
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a AOCP/2018) O artigo 8° da Constituição Federal determina
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão que é livre a associação profissional ou sindical, observado o
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a seguinte:
intervenção na organização sindical; (A) ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou judiciais ou administrativas.
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos (B) a lei poderá exigir autorização do Estado para a
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser fundação de sindicato.
inferior à área de um Município; (C) é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
judiciais ou administrativas; trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo
IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se ser inferior à área de um estado.
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, (D) o trabalhador será obrigado a filiar-se e a manter-se
para custeio do sistema confederativo da representação sindical filiado a sindicato.
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; (E) o aposentado filiado não pode votar e ser votado nas
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado organizações sindicais.
a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 04.(IF/PA - Assistente em Administração -
negociações coletivas de trabalho; FUNRIO/2016) Constituem direitos sociais conforme
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas Constituição Federal de 1988, dentre outros, os seguintes:
organizações sindicais; (A) a religião, o lazer e a segurança.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a (B) o voto, a cultura e a integração nacional.
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou (C) o trabalho, a moradia e a segurança.
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um (D) a igualdade tributária, a cultura e a segurança.
ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos (E) a cultura, a religião e o transporte.
termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer.

Noções de Administração Pública 4


APOSTILAS OPÇÃO

05. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
Sobre a disciplina constitucional dos direitos sociais, assinale públicas. Conforme previsão constitucional, a Administração
a alternativa CORRETA. Pública Direta e Indireta ou Fundacional, de qualquer dos
(A) A assistência gratuita aos filhos e dependentes é poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
garantida desde o nascimento até oito anos de idade em Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,
creches e pré-escolas. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
(B) É garantido seguro contra acidentes de trabalho, a Podemos definir a Administração Pública como a atividade
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este mediante a qual as autoridades públicas tomam providências
está obrigado, desde que tenha agido com dolo. para a satisfação das necessidades de interesse público,
(C) É proibido trabalho noturno, perigoso ou insalubre a utilizando, quando necessário, as prerrogativas do Poder
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de Público, para alcançar os fins que não sejam os próprios à
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de legislação ou à distribuição da justiça.
quatorze anos. Sobre Administração Pública, o professor José Afonso da
(D) É garantido o repouso semanal remunerado, Silva assim explica: “...É o conjunto de meios institucionais,
obrigatoriamente aos domingos. material, financeiro e humano preordenado à execução das
(E) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a decisões políticas. Essa é uma noção simples de Administração
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou Pública que destaca, em primeiro lugar, que é subordinada ao
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até três Poder político; em segundo lugar, que é meio e, portanto, algo de
anos após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos que se serve para atingir fins definidos e, em terceiro lugar,
termos da lei. denota os dois aspectos: um conjunto de órgãos a serviço do
Poder político e as operações, as atividades administrativas” (in
Gabarito Curso de Direito Constitucional Positivo).
01.A / 02.B / 03.A / 04.C / 05.C Por sua vez, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
administrativo no âmbito federal, mas irradia sua força
normativa para os demais entes da federação, traz uma série
de princípios administrativos no seu art. 2º, senão vejamos:
1.2. Título III – Da Art. 2º “A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
Organização do Estado: aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
Capítulo VII – Da razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”.
Administração Pública: Seção
II – Dos Servidores Públicos; Princípio da supremacia do interesse público
Seção III – Dos Militares dos É sobreposição do interesse público em face do interesse
particular. Consiste no somatório dos interesses individuais
Estados, do Distrito Federal e desde que represente o interesse majoritário, ou seja, a
dos Territórios. vontade da maioria da sociedade.
O interesse público primário é o interesse direto do
povo, é o interesse da coletividade como um todo. Já o
Podemos considerar administração pública como a interesse público secundário é o interesse direto do Estado
atividade desenvolvida pelo Estado ou seus delegados, sob o como pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações, em
regime de direito público, com fim de atendimento de modo resumo, é vontade do Estado. Assim, a vontade do povo
direto e imediato as necessidades concretas da coletividade. (interesse público primário) e a vontade do Estado (interesse
Podem ser listadas como características: a pratica de atos público secundário) não se confundem.
tão somente de execução – estes atos são denominados atos
administrativos; quem pratica estes atos são os órgãos e seus Princípio da indisponibilidade do interesse público
agentes, que são sempre públicos; o exercício de atividade Este princípio é o segundo pilar do regime jurídico-
politicamente neutra; sua atividade é vinculada à Lei e não à administrativo, funcionando como contrapeso ao princípio da
Política; conduta hierarquizada; dever de obediência - Supremacia do Interesse Público.
escalona os poderes administrativos do mais alto escalão até a Ao mesmo tempo em que a Administração tem
mais humilde das funções; prática de atos com prerrogativas e poderes exorbitantes para atingir seus fins
responsabilidade técnica e legal; busca a perfeição técnica de determinados em lei, ela sofre restrições, limitações que não
seus atos, que devem ser tecnicamente perfeitos e segundo os existem para o particular. Essas limitações decorrem do fato
preceitos legais; caráter instrumental – a Administração de que a Administração Pública não é proprietária da coisa
Pública é um instrumento para o Estado conseguir seus pública, não é proprietária do interesse público, mas sim, mera
objetivos. A Administração serve ao Estado; competência gestora de bens e interesses alheios que pertencem ao povo.
limitada – o poder de decisão e de comando de cada área da
Administração Pública é delimitada pela área de atuação de É importante frisar a Administração Pública deverá se
cada órgão. pautar nos cinco princípios estabelecidos pelo “caput” do
artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de
Disposições gerais 1988. Os princípios são os seguintes: legalidade,
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
agentes do Estado que procuram satisfazer as necessidades da
sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc. Princípio da legalidade
Em outras palavras, administração pública é a gestão dos Consiste no fato de que o administrador somente poderá
interesses públicos por meio da prestação de serviços fazer o que a lei permite.
públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.
A Administração Pública direta se constitui dos serviços Princípio da impessoalidade
prestados da estrutura administrativa da União, Estados, Este princípio estabelece que a Administração Pública,
Distrito Federal e Municípios. Já a Administração Pública através de seus órgãos, não poderá, na execução das
indireta compreende os serviços prestados pelas autarquias,

Noções de Administração Pública 5


APOSTILAS OPÇÃO

atividades, estabelecer diferenças ou privilégios, uma vez que § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
deve imperar o interesse social e não o interesse particular escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos
Princípio da moralidade administrativa um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
A Administração Pública, deve agir com boa-fé, isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
sinceridade, probidade, lealdade e ética. Tal princípio acarreta federados.
a obrigação ao administrador público de observar não Essas escolas possuem como objetivo a atualização e a
somente a lei que condiciona sua atuação, mas também, regras formação dos servidores públicos, melhorando os níveis de
éticas extraídas dos padrões de comportamento designados desempenho e eficiência dos ocupantes de cargos e funções do
como moralidade administrativa (obediência à lei). serviço público, estimulando e promovendo a especialização
profissional, preparando servidores para o exercício de
Princípio da publicidade funções superiores e para a intervenção ativa nos projetos
Tem por objetivo a divulgação de atos praticados pela voltados para a elevação constante dos padrões de eficácia e
Administração Pública, obedecendo, todavia, as questões eficiência do setor público.
sigilosas.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
Princípio da eficiência disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
Busca a excelência e a efetividade nos atos da XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
Administração Pública. diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
Vamos conferir o que diz os referidos incisos, do artigo 7º
Servidores públicos da Constituição Federal:
Podemos conceituar agentes públicos como todos aqueles - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
que têm uma vinculação profissional com o Estado, mesmo capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
que em caráter temporário ou sem remuneração, comportado família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
diversas espécies, a saber: vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
a) agentes políticos; reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
b) ocupantes de cargos em comissão; sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
c) contratados temporários; - Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
d) agentes militares; percebem remuneração variável;
e) servidores públicos estatutários; - Décimo terceiro salário com base na remuneração
f) empregados públicos; integral ou no valor da aposentadoria;
g) particulares em colaboração com a Administração - Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
(agentes honoríficos). - Salário-família pago em razão do dependente do
A Constituição Federal de 1988 tem duas seções trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
especificamente dedicadas ao tema dos agentes públicos: - Duração do trabalho normal não superior a oito horas
Seções I e II do Capítulo VII do Título III, tratando diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
respectivamente dos “servidores públicos civis” (arts. 37 e 38) de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
e dos “militares dos Estados, do Distrito Federal e dos convenção coletiva de trabalho;
Territórios” (art. 42). - Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;
SEÇÃO II - Remuneração do serviço extraordinário superior, no
DOS SERVIDORES PÚBLICOS mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
- Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os terço a mais do que o salário normal;
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
jurídico único e planos de carreira para os servidores da com a duração de cento e vinte dias;
administração pública direta, das autarquias e das fundações - Licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
públicas. 7
Com base nesse parâmetro foi promulgada a Lei nº
Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa
8.112/90, que demarcou a opção da União pelo regime
empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença à
estatutário, no qual os servidores são admitidos sob regime de
gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o
Direito Público, podem alcançar estabilidade e possuem
prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias.
direitos e deveres estabelecidos por lei (e que podem,
Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
portanto, ser alterados unilateralmente pelo Estado-
Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
Legislador).
privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos
fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
fundacional.
componentes do sistema remuneratório observará:
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a
dos cargos componentes de cada carreira;
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
II - os requisitos para a investidura;
mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados
III - as peculiaridades dos cargos.
constitucionalmente as empresas que fazem parte do
Significa dizer que quanto maior o grau de dificuldade,
programa. Contudo, para isso, o empregado tem que requerer
tanto para ingressar no cargo, quanto para desenvolver as
o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e
funções inerentes a ele, melhor deverá ser a remuneração
correspondente.

7 O Plenário do STF deferiu medida cautelar na ADI 2.135-MC, em agosto de integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.), sendo mantida a
2007, para suspender a eficácia do caput do art. 39 da CF, na redação dada pela redação anterior até julgamento em definitivo e solução sobre a regularidade
EC 19/1998 (Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios quanto a elaboração da emenda.
instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,

Noções de Administração Pública 6


APOSTILAS OPÇÃO

Ou seja, por subsídio fixado em parcela única, vedado o


comprovar a participação em programa ou atividade de
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
orientação sobre paternidade responsável.
verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, os tetos remuneratórios
- Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante dispostos no art. 37, X da Constituição Federal.
incentivos específicos, nos termos da lei;
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
normas de saúde, higiene e segurança; dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
- Proibição de diferença de salários, de exercício de funções autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
estado civil; respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro,
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra quando as receitas previdenciárias superam as despesas com
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto pagamento de benefícios.
no art. 37, X e XI. Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que
Ao falar em parcela única, fica clara a intenção de vedar a o plano de custeio gera receitas não só atuais, como também
fixação dos subsídios em duas partes, uma fixa e outra variável, futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um
tal como ocorria com os agentes políticos na vigência da montante suficiente para cobrir as respectivas despesas
Constituição de 1967. E, ao vedar expressamente o acréscimo previdenciárias.
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é
representação ou outra espécie remuneratória, também fica imprescindível que o regime mantenha um fundo
clara a intenção de extinguir, para as mesmas categorias de previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais que
agentes públicos, o sistema remuneratório que compreende o garantirão o pagamento de benefícios futuros.
padrão fixado em lei mais as vantagens pecuniárias de variada
natureza previstas na legislação estatutária. § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a I - por invalidez permanente, sendo os proventos
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei;
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75
dos cargos e empregos públicos. (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
Aqui a norma constitucional não manda publicar os (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
valores percebidos, individualmente, pelos ocupantes dos
cargos e empregos públicos, mas apenas o valor da
Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda
remuneração correspondente aos cargos e empregos públicos,
destacar recente alteração no texto Constitucional pela
pela evidente razão de que o montante da despesa assim
Emenda nº 88/2015, onde os servidores titulares de
gerada é que interessa considerar quando se analisa o peso
cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
que a remuneração dos servidores públicos em geral tem no
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
orçamento dos entes federativos, e que não pode ultrapassar
serão aposentados compulsoriamente, com proventos
os limites fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal;
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
eventuais desvios ou abusos personalizados sujeitam-se às
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
mais variadas instâncias de controle interno e externo, tais
forma de lei complementar (art.40, § 1°, II, da CF).
como Tribunais de Contas e Ministério Público.
A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para
regulamentar o novo dispositivo constitucional, vejamos:
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com
provenientes da economia com despesas correntes em cada
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
(setenta e cinco) anos de idade:
desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
treinamento e desenvolvimento, modernização,
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
autarquias e fundações;
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
II - os membros do Poder Judiciário;
Esses cursos são importantes para obter o envolvimento e
III - os membros do Ministério Público;
o comprometimento de todos os agentes públicos com a
IV - os membros das Defensorias Públicas;
qualidade e produtividade, quaisquer que sejam os cargos,
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.
funções ou empregos ocupados, minimizar os desperdícios e
os erros, inovar nas maneiras de atender as necessidades do
cidadão, simplificar procedimentos, inclusive de gestão, e III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
proceder às transformações essenciais à qualidade com dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
produtividade. cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
seguintes condições:
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

Noções de Administração Pública 7


APOSTILAS OPÇÃO

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de por morte, que será igual
contribuição, se mulher; I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
contribuição. setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou
Curiosidade! Com as novas regras do Regime da II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
Previdência que serão inseridas pela PEC 287/2016, homem cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
e mulher se aposentarão aos 65 anos de idade estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
(observando-se, contudo, com regra de transição para homens social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
com mais de 50 e mulheres com mais de 45). E com isso, aquele parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
que desejar se aposentar recebendo o valor integral deverá óbito.
contribuir por 49 (quarenta e nove) anos. § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
Em resumo: critérios estabelecidos em lei.

Aposentadoria Voluntária O valor real refere-se ao poder aquisitivo, em outros


Idade Contribuição temos, se no início do recebimento do benefício, o
beneficiário conseguia suprir suas necessidades com
Proventos Homem 60 35 alimentação, saúde, lazer, educação, etc. Após alguns anos,
integrais o mesmo benefício deveria, em tese, propiciar o mesmo
Mulher 55 30 poder aquisitivo.
Proventos Homem 65 -
proporcionais Mulher 60 - § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
Obs.: tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
e 5 (cinco) no cargo efetivo. § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
concessão da pensão. previdência social, e ao montante resultante da adição de
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por proventos de inatividade com remuneração de cargo
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na eletivo.
forma da lei. § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, de previdência social.
nos termos definidos em leis complementares, os casos de § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
servidores: comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
I- portadores de deficiência; como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-
II- que exerçam atividades de risco; se o regime geral de previdência social.
III- cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. desde que instituam regime de previdência complementar para
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem
1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
educação infantil e no ensino fundamental e médio. social de que trata o art. 201
A redução só é permitida nos casos em que o tempo de § 15. O regime de previdência complementar de que trata
contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos,
atividade e ainda reduzir 5 (cinco) anos. A soma é possível, no no que couber, por intermédio de entidades fechadas de
entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos. previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão
aos respectivos participantes planos de benefícios somente na
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos modalidade de contribuição definida.
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
de previdência previsto neste artigo. ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
instituição do correspondente regime de previdência
complementar.
Os cargos acumuláveis são: Dois de professor; um de § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
professor com outro técnico ou científico; dois cargos ou cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente
empregos privativos de profissionais de saúde, com atualizados, na forma da lei.
profissões regulamentadas.

Noções de Administração Pública 8


APOSTILAS OPÇÃO

§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os instituída para essa finalidade.
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta
art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os de Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise
servidores titulares de cargos efetivos. sistemática do desempenho do profissional em função das
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha atividades que realiza, das metas estabelecidas, dos resultados
completado as exigências para aposentadoria voluntária alcançados e do seu potencial de desenvolvimento.
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao Militares dos estados, do Distrito Federal e dos
valor da sua contribuição previdenciária até completar as territórios.
exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. Estamos diante aqui de uma classe de servidor público
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio especial denominada militares dos Estados, do Distrito
de previdência social para os servidores titulares de cargos Federal e dos Territórios, como bem assevera o artigo 42 da
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime CF, inclusive ao designar-lhes lugar separado em seção III,
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. tratando-os como "Dos Militares dos Estados, Distrito Federal
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá e Territórios".
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de Deste modo, aos militares a própria Constituição impôs
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido regime especial e diferenciado do servidor civil. Os direitos e
para os benefícios do regime geral de previdência social de que deveres dos militares e dos civis não se misturam a não ser por
trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na expressa determinação constitucional. Não pode o legislador
forma da lei, for portador de doença incapacitante. infraconstitucional cercear direitos ou impor deveres que a
Constituição Federal não trouxe de forma taxativa, tampouco
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os não se pode inserir deveres dos servidores civis aos militares
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em de forma reflexa.
virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: Seção III
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E
II - mediante processo administrativo em que lhe seja DOS TERRITÓRIOS
assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na
defesa. hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
Referido instituto corresponde à proteção ao ocupante
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as
do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e
permanência no Serviço Público, o que permite a execução
3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do
regular de suas atividades, visando exclusivamente o
art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
alcance do interesse coletivo.
pelos respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se específica do respectivo ente estatal.
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
serviço.
civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito
Reintegração é o instituto jurídico que ocorre quando o
Federal.
servidor retorna a seu cargo após ter sido reconhecida a
ilegalidade de sua demissão.
Questões
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração 01. (MPE/RS - Promotor de Justiça - MPE/RS/2017)
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado Assinale a alternativa INCORRETA, considerando tão somente
aproveitamento em outro cargo. o que dispõe o artigo 38 da Constituição Federal no que tange
A disponibilidade é um instituto que permite ao servidor ao servidor público da administração direta, autárquica e
estável, que teve o seu cargo extinto ou declarado fundacional, no exercício de mandato eletivo.
desnecessário, permanecer sem trabalhar, com remuneração (A) Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
proporcional ao tempo de serviço, à espera de um eventual distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função,
aproveitamento. sendo-lhe facultado optar pela remuneração de maior valor.
Desde já, cumpre-nos ressaltar: o servidor estável que teve (B) Investido no mandato de Prefeito, será afastado do
seu cargo extinto ou declarado desnecessário não será nem cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
exonerado, nem, muito menos, demitido. Será ele posto em remuneração.
disponibilidade! (C) Investido no mandato de Vereador, havendo
Segundo a doutrina majoritária, o instituto da compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
disponibilidade não protege o servidor não estável quanto a cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do
uma possível extinção de seu cargo ou declaração de cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
desnecessidade. Caso o servidor não tenha, ainda, adquirido norma do inciso II do artigo 38.
estabilidade, será ele exonerado ex officio. (D) Em qualquer caso que exija o afastamento para o
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será

Noções de Administração Pública 9


APOSTILAS OPÇÃO

contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
merecimento. carreira.
(E) Para efeito de benefício previdenciário, no caso de (B) São garantidos ao servidor público civil o direito à livre
afastamento, os valores serão determinados como se no associação sindical e o direito de greve.
exercício estivesse. (C) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
02. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - pessoal do serviço público.
FCC/2016) Henrique, servidor público efetivo do Tribunal (D) Os servidores fiscais da administração fazendária
Regional do Trabalho da 14ª Região, pretende se aposentar terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
voluntariamente, uma vez que completou o requisito de idade precedência sobre os demais setores administrativos.
mínima previsto na Constituição Federal. Neste caso, será (E) A estabilidade do servidor público nomeado por
necessário ele ter cumprido tempo mínimo de concurso público é imediata à posse e efetivo exercício.
(A) dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria. Gabarito
(B) dez anos de efetivo exercício no serviço público e no 01. A / 02. A / 03. A / 04. A / 05. E / 06. A
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
(C) cinco anos de efetivo exercício no serviço público e no
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria. 2. CONSTITUIÇÃO DO
(D) dez anos de efetivo exercício no serviço público apenas, ESTADO DE SÃO PAULO. 2.1.
independentemente do tempo exercido no cargo efetivo em
que se dará a aposentadoria.
Título I – Dos Fundamentos do
(E) quinze anos de efetivo exercício no serviço público e Estado
três anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.

03. (UFPB - Técnico em Segurança do Trabalho - CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO8


IDECAN/2016) Nos termos do capítulo destinado à
Administração Pública na Constituição Federal, é correto PREÂMBULO
afirmar que O Povo Paulista, invocando a proteção de Deus, e inspirado
(A) a aposentadoria compulsória independe da carência de nos princípios constitucionais da República e no ideal de a
dez anos de exercício do serviço público. todos assegurar justiça e bem-estar, decreta e promulga, por
(B) o servidor estável tem direito à recondução ao cargo seus representantes, a CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO
efetivo no caso de invalidação de sua demissão. PAULO
(C) o servidor eleito para mandato eletivo de vereador
deve afastar-se do cargo para exercício da vereança. TÍTULO I
(D) a estabilidade do servidor público ocupante de cargo Dos Fundamentos do Estado
em comissão depende de avaliação de desempenho.
Artigo 1º - O Estado de São Paulo, integrante da República
04. (TJ/MT - Distribuidor, Contador e Partidor - Federativa do Brasil, exerce as competências que não lhe
UFMT/2016) Quanto à aposentadoria do servidor público, são vedadas pela Constituição Federal.
assinale a afirmativa correta.
(A) A aposentadoria do servidor público se dará Artigo 2º - A lei estabelecerá procedimentos judiciários
voluntariamente, com proventos integrais aos 60 anos de abreviados e de custos reduzidos para as ações cujo objeto
idade e 35 de contribuição para os homens e 55 anos de idade principal seja a salvaguarda dos direitos e liberdades
e 30 de contribuição para as mulheres, após 10 anos de efetivo fundamentais.
exercício no serviço público.
(B) A aposentadoria do servidor público se dará Artigo 3º - O Estado prestará assistência jurídica integral e
compulsoriamente, com proventos integrais aos 60 anos de gratuita aos que declararem insuficiência de recursos.
idade e 35 de contribuição para os homens e 55 anos de idade
e 30 de contribuição para as mulheres, após 10 anos de efetivo Artigo 4º - Nos procedimentos administrativos, qualquer
exercício no serviço público. que seja o objeto, observar-se-ão, entre outros requisitos de
(C) A aposentadoria do servidor público se dará validade, a igualdade entre os administrados e o devido processo
voluntariamente, com proventos proporcionais ao tempo de legal, especialmente quanto à exigência da publicidade, do
contribuição aos 60 anos de idade para os homens e 55 anos contraditório, da ampla defesa e do despacho ou decisão
de idade para as mulheres motivados.
(D) A aposentadoria do servidor público se dará
voluntariamente, com proventos integrais aos 60 anos de
idade e 35 de contribuição para os homens e 55 anos de idade
e 30 de contribuição para as mulheres, após 5 anos de efetivo
exercício público.

05. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário -


FCC/2016) Sobre servidores públicos no sistema
constitucional brasileiro, é INCORRETO afirmar:
(A) Durante o prazo improrrogável previsto no edital de
convocação, aquele aprovado em concurso público de provas,
ou de provas e títulos, será convocado com prioridade sobre

8 Atualizada até a Emenda Constitucional nº 46, de 06 de junho de 2018, conforme 56cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument Acesso
site em 17/08/2018 às 07h31min.
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f832

Noções de Administração Pública 10


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 42 - Perderá o mandato o Governador que assumir


2.2. Título II – Da outro cargo ou função na administração pública direta ou
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e
Organização e Poderes: observado o disposto no artigo 38, I, IV e V, da Constituição
Capítulo I – Disposições Federal.
Preliminares; e Capítulo III –
Artigo 43 - O Governador e o Vice-Governador tomarão
Do Poder Executivo. posse perante a Assembleia Legislativa, prestando compromisso
de cumprir e fazer cumprir a Constituição Federal e a do Estado
e de observar as leis.
TÍTULO II Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da data fixada
Da Organização dos Poderes para a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo motivo
CAPÍTULO I de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
Disposições Preliminares vago.

Artigo 5º - São Poderes do Estado, independentes e Artigo 44 - O Governador e o Vice-Governador não poderão,
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se do Estado
§ 1º - É vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições. por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
§ 2º - O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não Parágrafo único - O pedido de licença, amplamente
poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas nesta motivado, indicará, especialmente, as razões da viagem, o
Constituição. roteiro e a previsão de gastos.

Artigo 6º - O Município de São Paulo é a Capital do Estado. Artigo 45 - O Governador deverá residir na Capital do
Estado.
Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o brasão de
armas e o hino. Artigo 46 - O Governador e o Vice-Governador deverão, no
ato da posse e no término do mandato, fazer declaração pública
Artigo 8º - Além dos indicados no artigo 26 da Constituição de bens.
Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terrenos
reservados às margens dos rios e lagos do seu domínio. SEÇÃO II
Das Atribuições do Governador
[...]
Artigo 47 - Compete privativamente ao Governador, além
CAPÍTULO III de outras atribuições previstas nesta Constituição:
Do Poder Executivo I - representar o Estado nas suas relações jurídicas, políticas
SEÇÃO I e administrativas;
Do Governador e Vice-Governador do Estado II - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a
direção superior da administração estadual;
Artigo 37 - O Poder Executivo é exercido pelo Governador III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como,
do Estado, eleito para um mandato de quatro anos, podendo ser no prazo nelas estabelecido, não inferior a trinta nem superior
reeleito para um único período subsequente, na forma a cento e oitenta dias, expedir decretos e regulamentos para sua
estabelecida na Constituição Federal. fiel execução, ressalvados os casos em que, nesse prazo, houver
Artigo 38 - Substituirá o Governador, no caso de interposição de ação direta de inconstitucionalidade contra a lei
impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Governador. publicada;
Parágrafo único - O Vice-Governador, além de outras IV - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, V - prover os cargos públicos do Estado, com as restrições da
auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado para Constituição Federal e desta Constituição, na forma pela qual a
missões especiais. lei estabelecer;
VI - nomear e exonerar livremente os Secretários de Estado;
Artigo 39 - A eleição do Governador e do Vice-Governador VII - nomear e exonerar os dirigentes de autarquias,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, observadas as condições estabelecidas nesta Constituição;
em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo VIII - decretar e fazer executar intervenção nos Municípios,
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de na forma da Constituição Federal e desta Constituição;
seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do IX - prestar contas da administração do Estado à Assembleia
ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. Legislativa, na forma desta Constituição;
77 da Constituição Federal. X - apresentar à Assembleia Legislativa, na sua sessão
inaugural, mensagem sobre a situação do Estado, solicitando
Artigo 40 - Em caso de impedimento do Governador e do medidas de interesse do Governo;
Vice-Governador, ou vacância dos respectivos cargos, serão XI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
sucessivamente chamados ao exercício da Governança o previstos nesta Constituição;
Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente do Tribunal XII - fixar ou alterar, por decreto, os quadros, vencimentos e
de Justiça. vantagens do pessoal das fundações instituídas ou mantidas
pelo Estado, nos termos da lei;
Artigo 41 - Vagando os cargos de Governador e Vice- XIII - indicar diretores de sociedade de economia mista e
Governador, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a empresas públicas;
última vaga. XIV - praticar os demais atos de administração, nos limites
§ 1º - Ocorrendo a vacância no último ano do período da competência do Executivo;
governamental, aplica-se o disposto no artigo anterior. XV - subscrever ou adquirir ações, realizar ou aumentar
§ 2º - Em qualquer dos casos, os sucessores deverão capital, desde que haja recursos hábeis, de sociedade de
completar o período de governo restante. economia mista ou de empresa pública, bem como dispor, a

Noções de Administração Pública 11


APOSTILAS OPÇÃO

qualquer título, no todo ou em parte, de ações ou capital que 2 - nos crimes de responsabilidade, após instauração do
tenha subscrito, adquirido, realizado ou aumentado, mediante processo pela Assembleia Legislativa.
autorização da Assembleia Legislativa; - Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar
XVI - delegar, por decreto, a autoridade do Executivo, concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle
funções administrativas que não sejam de sua exclusiva concentrado de constitucionalidade.
competência; § 4º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
XVII - enviar à Assembleia Legislativa projetos de lei julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
relativos ao plano plurianual, diretrizes orçamentárias, Governador, sem prejuízo do prosseguimento do processo.
orçamento anual, dívida pública e operações de crédito; § 5º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado,
XVIII - enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei sobre o pelo Supremo Tribunal Federal.
regime de concessão ou permissão de serviços públicos; § 6º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado,
XIX - dispor, mediante decreto, sobre: pelo Supremo Tribunal Federal.
a) organização e funcionamento da administração estadual,
quando não implicar em aumento de despesa, nem criação ou Artigo 50 - Qualquer cidadão, partido político, associação
extinção de órgãos públicos; ou entidade sindical poderá denunciar o Governador, o Vice-
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Governador e os Secretários de Estado, por crime de
responsabilidade, perante a Assembleia Legislativa.
Parágrafo único - A representação a que se refere o inciso I - Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar
poderá ser delegada por lei de iniciativa do Governador, a outra concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle
autoridade. concentrado de constitucionalidade.
SEÇÃO III
Da Responsabilidade do Governador SEÇÃO IV
Dos Secretários de Estado
Artigo 48 - São crimes de responsabilidade do Governador
ou dos seus Secretários, quando por eles praticados, os atos Artigo 51 - Os Secretários de Estado serão escolhidos entre
como tais definidos na lei federal especial, que atentem contra a brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos
Constituição Federal ou a do Estado, especialmente contra: políticos.
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, Artigo 52 - Os Secretários de Estado, auxiliares diretos e da
do Ministério Público e dos poderes constitucionais das unidades confiança do Governador, serão responsáveis pelos atos que
da Federação; praticarem ou referendarem no exercício do cargo, bem como
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; por retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício.
IV - a segurança interna do País; § 1º - Os Secretários de Estado responderão, no prazo
V - a probidade na administração; estabelecido pelo inciso XVI do art. 20, os requerimentos de
VI - a lei orçamentária; informação formulados por Deputados e encaminhados pelo
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Presidente da Assembleia após apreciação da Mesa, reputando-
Parágrafo único - A definição desses crimes, assim como o se não praticado o ato de seu ofício sempre que a resposta for
seu processo e julgamento, será estabelecida em lei especial. elaborada em desrespeito ao parlamentar ou ao Poder
- Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar Legislativo, ou que deixar de referir-se especificamente a cada
concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle questionamento feito.
concentrado de constitucionalidade. § 2º - Para os fins do disposto no § 1º deste artigo, os
Secretários de Estado respondem pelos atos dos dirigentes,
Artigo 49 - Admitida a acusação contra o Governador, por diretores e superintendentes de órgãos da administração
dois terços da Assembleia Legislativa, será ele submetido a pública direta, indireta e fundacional a eles diretamente
julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nas infrações subordinados ou vinculados.
penais comuns, ou, nos crimes de responsabilidade, perante § 3º - Aos diretores de Agência Reguladora aplica-se o
Tribunal Especial. disposto no § 1º deste artigo.
- A expressão “ou, nos crimes de responsabilidade, perante
Tribunal Especial”, encontra-se com eficácia suspensa, em Artigo 52-A - Caberá a cada Secretário de Estado,
virtude de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em semestralmente, comparecer perante a Comissão Permanente
controle concentrado de constitucionalidade. da Assembleia Legislativa a que estejam afetas as atribuições de
§ 1º - O Tribunal Especial a que se refere este artigo será sua Pasta, para prestação de contas do andamento da gestão,
constituído por sete Deputados e sete Desembargadores, bem como demonstrar e avaliar o desenvolvimento de ações,
sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, que também o programas e metas da Secretaria correspondente.
presidirá. § 1º - Aplica-se o disposto no ‘caput’ deste artigo aos
- Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar Diretores de Agências Reguladoras.
concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle § 2º - Aplicam-se aos procedimentos previstos neste artigo,
concentrado de constitucionalidade. no que couber, aqueles já disciplinados em Regimento Interno
§ 2º - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Especial do Poder Legislativo.
referido neste artigo processar e julgar o Vice-Governador nos § 3º - A demonstração e avaliação do cumprimento das
crimes de responsabilidade, e os Secretários de Estado, nos metas fiscais, por parte do Poder Executivo, apresentadas
crimes da mesma natureza conexos com aqueles, ou com os semestralmente ao Poder Legislativo, através de Comissão
praticados pelo Governador, bem como o Procurador-Geral de Permanente de sua competência, suprirá a obrigatoriedade do
Justiça e o Procurador-Geral do Estado. disposto neste artigo, no que concerne ao Secretário de Estado
- Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar de que lhe é próprio comparecer.
concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle - Artigo acrescentado pela Emenda Constitucional nº 27,
concentrado de constitucionalidade. de 15 /6/2009.
§ 3º - O Governador ficará suspenso de suas funções:
1 - nas infrações penais comuns, recebida a denúncia ou Artigo 53 - Os Secretários farão declaração pública de bens,
queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça; no ato da posse e no término do exercício do cargo, e terão os

Noções de Administração Pública 12


APOSTILAS OPÇÃO

mesmos impedimentos estabelecidos nesta Constituição para os publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação, interesse
Deputados, enquanto permanecerem em suas funções. público e eficiência.

Questões Artigo 112 - As leis e atos administrativos externos deverão


ser publicados no órgão oficial do Estado, para que produzam os
01. Sobre os poderes do Estado, é CORRETO afirmar: seus efeitos regulares. A publicação dos atos não normativos
(A) é permitido a qualquer dos Poderes delegar poderá ser resumida.
atribuições.
(B) são independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, Artigo 113 - A lei deverá fixar prazos para a prática dos atos
o Executivo e o Judiciário administrativos e estabelecer recursos adequados à sua revisão,
(C) compete ao Poder Legislativo precipuamente exercer indicando seus efeitos e forma de processamento.
as funções legislativas e jurisdicionais.
(D) ao Poder Judiciário compete exclusivamente o Artigo 114 - A administração é obrigada a fornecer a
exercício das funções jurisdicionais e legislativas. qualquer cidadão, para a defesa de seus direitos e
esclarecimentos de situações de seu interesse pessoal, no prazo
02. Compete privativamente ao Governador do Estado de máximo de dez dias úteis, certidão de atos, contratos, decisões
São Paulo: ou pareceres, sob pena de responsabilidade da autoridade ou
(A) elaborar normas de concessão de anistia fiscal. servidor que negar ou retardar a sua expedição. No mesmo
(B) nomear e exonerar livremente os Secretários de prazo deverá atender às requisições judiciais, se outro não for
Estado. fixado pela autoridade judiciária.
(C) propor a criação de novas Comarcas e Varas Judiciárias.
(D) autorizar consulta plebiscitária. Artigo 115 - Para a organização da administração pública
direta e indireta, inclusive as fundações instituídas ou mantidas
03. (DPE/SP - Oficial de Defensoria Pública – FCC) Em por qualquer dos Poderes do Estado, é obrigatório o
caso de vacância do cargo de Governador do Estado de São cumprimento das seguintes normas:
Paulo e diante do impedimento do vice-Governador, será I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
chamado para governar o Presidente brasileiros que preenchem os requisitos estabelecidos em lei,
(A) do Tribunal de Justiça. assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
(B) do Tribunal de Contas do Estado. II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
(C) da Assembleia Legislativa. aprovação prévia, em concurso público de provas ou de provas e
(D) da Câmara de Vereadores. títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão,
(E) do Congresso Nacional. declarado em lei, de livre nomeação e exoneração;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
Gabarito anos, prorrogável uma vez, por igual período. A nomeação do
01.B/ 02.B/ 03.C candidato aprovado obedecerá à ordem de classificação;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
convocação, o aprovado em concurso público de provas ou de
2.3. Título III – Da provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
Organização do Estado: concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
Capítulo I – Da Administração V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão,
Pública: Seção I – Disposições a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos,
Gerais: artigos 111 a 114, e 115 condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
“caput” e incisos I a X, XVIII, apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
XIX, XXIV, XXVI e XXVII; associação sindical, obedecido o disposto no artigo 8º da
Capítulo II – Dos Servidores Constituição Federal;
Públicos do Estado: Seção I – VII - o servidor e empregado público gozarão de estabilidade
Dos Servidores Públicos Civis: no cargo ou emprego desde o registro de sua candidatura para
o exercício de cargo de representação sindical ou no caso
artigo 124 “caput”, e artigos previsto no inciso XXIII deste artigo, até um ano após o término
125 a 137; Seção II – Dos do mandato, se eleito, salvo se cometer falta grave definida em
Servidores Públicos Militares; lei;
VIII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
Capítulo III – Da Segurança
definidos em lei específica;
Pública: Seção I – Disposições IX - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
Gerais; Seção III – Da Polícia públicos para os portadores de deficiências, garantindo as
Militar. adaptações necessárias para a sua participação nos concursos
públicos e definirá os critérios de sua admissão;
X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
TÍTULO III determinado, para atender a necessidade temporária de
Da Organização do Estado excepcional interesse público;
CAPÍTULO I [...]
Da Administração Pública XVIII - é vedada a acumulação remunerada de cargos
SEÇÃO I públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários:
Disposições Gerais a) de dois cargos de professor;
b) de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
Artigo 111 - A administração pública direta, indireta ou c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obedecerá aos de saúde, com profissões regulamentadas;
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

Noções de Administração Pública 13


APOSTILAS OPÇÃO

XIX - a proibição de acumular estende-se a empregos e § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por


funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da
Público; pensão.
[...] § 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
XXIV - é obrigatória a declaração pública de bens, antes da ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações
posse e depois do desligamento, de todo o dirigente de empresa utilizadas como base para as contribuições do servidor aos
pública, sociedade de economia mista, autarquia e fundação regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201 da
instituída ou mantida pelo Poder Público; Constituição Federal, na forma da lei.
[...] § 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios
XXVI - ao servidor público que tiver sua capacidade de diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
trabalho reduzida em decorrência de acidente de trabalho ou abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados,
doença do trabalho será garantida a transferência para locais nos termos definidos em leis complementares, os casos de
ou atividades compatíveis com sua situação; servidores:
XXVII - é vedada a estipulação de limite de idade para 1 - portadores de deficiência;
ingresso por concurso público na administração direta, empresa 2 - que exerçam atividades de risco;
pública, sociedade de economia mista, autarquia e fundações 3 - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
instituídas ou mantidas pelo Poder Público, respeitando-se que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
apenas o limite constitucional para aposentadoria compulsória; § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, 3, “a”,
[...] para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no
CAPÍTULO II ensino fundamental e médio.
Dos Servidores Públicos do Estado § 6º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado,
SEÇÃO I pelo Supremo Tribunal Federal;
Dos Servidores Públicos Civis § 6º A - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
Artigo 124 - Os servidores da administração pública direta, percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de
das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas pelo previdência previsto neste artigo.
Poder Público terão regime jurídico único e planos de carreira. § 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão
por morte, que será igual:
[...] 1 - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
Artigo 125 - O exercício do mandato eletivo por servidor geral de previdência social de que trata o art. 201 da
público far-se-á com observância do art. 38 Constituição Federal, acrescido de setenta por cento da parcela
da Constituição Federal. excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou
§ 1º - Fica assegurado ao servidor público, eleito para 2 - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
ocupar cargo em sindicato de categoria, o direito de afastar-se cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
de suas funções, durante o tempo em que durar o mandato, estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
recebendo seus vencimentos e vantagens, nos termos da lei. social de que trata o art. 201 da Constituição Federal, acrescido
§ 2º - O tempo de mandato eletivo será computado para fins de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
de aposentadoria especial. atividade na data do óbito.
§ 8º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado,
Artigo 126 - Aos servidores titulares de cargos efetivos do pelo Supremo Tribunal Federal;
Estado, incluídas suas autarquias e fundações, é § 8º A - É assegurado o reajustamento dos benefícios para
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos critérios estabelecidos em lei.
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
disposto neste artigo. de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
§ 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previdência § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
de que trata este artigo serão aposentados: contagem de tempo de contribuição fictício.
1 - por invalidez permanente, sendo os proventos § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 115, XII, desta
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de Constituição e do art. 37, XI, da Constituição Federal à soma
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
contagiosa ou incurável, na forma da lei; da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
2 - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
proventos proporcionais ao tempo de contribuição; previdência social, e ao montante resultante da adição de
3 - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de proventos de inatividade com remuneração de cargo
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
seguintes condições: eletivo.
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
contribuição, se mulher; que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de previdência social.
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
contribuição. comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem

Noções de Administração Pública 14


APOSTILAS OPÇÃO

como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica- Artigo 130 - Ao servidor será assegurado o direito de
se o regime geral de previdência social. remoção para igual cargo ou função, no lugar de residência do
§ 14 - O Estado, desde que institua regime de previdência cônjuge, se este também for servidor e houver vaga, nos termos
complementar para os seus respectivos servidores titulares de da lei.
cargo efetivo, poderá fixar, para o valor das aposentadorias e Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se também
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, ao servidor cônjuge de titular de mandato eletivo estadual ou
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral municipal.
de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição
Federal. Artigo 131 - O Estado responsabilizará os seus servidores
§ 15 - O regime de previdência complementar de que trata o por alcance e outros danos causados à administração, ou por
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo pagamentos efetuados em desacordo com as normas legais,
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus sujeitando-os ao sequestro e perdimento dos bens, nos termos da
parágrafos, da Constituição Federal, no que couber, por lei.
intermédio de entidades fechadas de previdência complementar,
de natureza pública, que oferecerão aos respectivos Artigo 132 - Os servidores titulares de cargos efetivos do
participantes planos de benefícios somente na modalidade de Estado, incluídas suas autarquias e fundações, desde que
contribuição definida. tenham completado cinco anos de efetivo exercício, terão
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o computado, para efeito de aposentadoria, nos termos da lei, o
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver tempo de contribuição ao regime geral de previdência social
ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de decorrente de atividade de natureza privada, rural ou urbana,
instituição do correspondente regime de previdência hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se
complementar. compensarão financeiramente, segundo os critérios
§ 17 - Todos os valores de remuneração considerados para estabelecidos em lei.
o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente
atualizados, na forma da lei. Artigo 133 - O servidor, com mais de cinco anos de efetivo
§ 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de exercício, que tenha exercido ou venha a exercer cargo ou função
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata que lhe proporcione remuneração superior à do cargo de que
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os seja titular, ou função para a qual foi admitido, incorporará um
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o décimo dessa diferença, por ano, até o limite de dez décimos.
art. 201 da Constituição Federal, com percentual igual ao - A expressão “a qualquer título”, que integrava o dispositivo,
estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. teve a sua execução suspensa pela Resolução nº 51, de
§ 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha 13/07/2005, do Senado Federal.
completado as exigências para aposentadoria voluntária Artigo 134 - O servidor, durante o exercício do mandato de
estabelecidas no § 1º, 3, “a”, e que opte por permanecer em vereador, será inamovível.
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao
valor da sua contribuição previdenciária até completar as Artigo 135 - Ao servidor público titular de cargo efetivo do
exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, 2. Estado será contado, como efetivo exercício, para efeito de
§ 20 - Fica vedada a existência de mais de um regime próprio aposentadoria e disponibilidade, o tempo de contribuição
de previdência social para os servidores titulares de cargos decorrente de serviço prestado em cartório não oficializado,
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime mediante certidão expedida pela Corregedoria-Geral da Justiça.
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X,
da Constituição Federal. Artigo 136 - O servidor público civil demitido por ato
§ 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referente
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado ao serviço
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido público, com todos os direitos adquiridos.
para os benefícios do regime geral de previdência social de que
trata o art. 201 da Constituição Federal, quando o beneficiário, Artigo 137 - A lei assegurará à servidora gestante mudança
na forma da lei, for portador de doença incapacitante. de função, nos casos em que for recomendado, sem prejuízo de
§ 22 - O servidor, após noventa dias decorridos da seus vencimentos ou salários e demais vantagens do cargo ou
apresentação do pedido de aposentadoria voluntária, instruído função-atividade.
com prova de ter completado o tempo de contribuição
necessário à obtenção do direito, poderá cessar o exercício da SEÇÃO II
função pública, independentemente de qualquer formalidade. Dos Servidores Públicos Militares

Artigo 127 - Aplica-se aos servidores públicos estaduais, Artigo 138 - São servidores públicos militares estaduais os
para efeito de estabilidade, o disposto no art. 41 da Constituição integrantes da Polícia Militar do Estado.
Federal. § 1º - Aplica-se, no que couber, aos servidores a que se refere
este artigo, o disposto no artigo 42 da Constituição Federal.
Artigo 128 - As vantagens de qualquer natureza só poderão § 2º - Naquilo que não colidir com a legislação específica,
ser instituídas por lei e quando atendam efetivamente ao aplica-se aos servidores mencionados neste artigo o disposto na
interesse público e às exigências do serviço. Seção anterior.
§ 3º - O servidor público militar demitido por
Artigo 129 - Ao servidor público estadual é assegurado o ato administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referente
percebimento do adicional por tempo de serviço, concedido no ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado à Corporação
mínimo, por quinquênio, e vedada a sua limitação, bem como a com todos os direitos restabelecidos.
sexta-parte dos vencimentos integrais, concedida aos vinte anos § 4º - O oficial da Polícia Militar só perderá o posto e a
de efetivo exercício, que se incorporarão aos vencimentos para patente se for julgado indigno do Oficialato ou com ele
todos os efeitos, observado o disposto no artigo 115, XVI, desta incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça Militar do
Constituição. Estado.

Noções de Administração Pública 15


APOSTILAS OPÇÃO

§ 5º - O oficial condenado na Justiça comum ou militar à da administração pública, de acordo com a Constituição do
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença Estado de São Paulo.
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto (A) A administração pública direta, indireta ou
no parágrafo anterior. fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, deve
§ 6º - O direito do servidor militar de ser transferido para a obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade,
reserva ou ser reformado será assegurado, ainda moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
que respondendo a inquérito ou processo em qualquer proporcionalidade, segurança jurídica, interesse público e
jurisdição, nos casos previstos em lei específica. eficiência.
(B) É obrigatória a existência de um Diretor-
CAPÍTULO III Representante e de um Conselho de Representantes, eleitos
Da Segurança Pública pelos servidores e empregados públicos, nos órgãos e
SEÇÃO I entidades da administração direta ou indireta, inclusive
Disposições Gerais autarquias e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder
Público.
Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e (C) É vedada a estipulação de limite de idade para ingresso
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da por concurso público na administração direta, empresa
ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. pública, sociedade de economia mista, autarquia e fundações
§ 1º - O Estado manterá a Segurança Pública por meio de instituídas ou mantidas pelo Poder Público, respeitando-se
sua polícia, subordinada ao Governador do Estado. apenas o limite constitucional para aposentadoria
§ 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia Civil, compulsória.
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. (D) A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
§ 3º - A Polícia Militar, integrada pelo Corpo de Bombeiros é campanhas da administração pública direta, indireta,
força auxiliar, reserva do Exército. fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista
e órgãos controlados pelo Poder Público deverá ter caráter
[...] educacional, informativo e de orientação social, e não poderá
ser veiculada fora do território do Estado.
SEÇÃO III (E) É obrigatória a declaração pública de bens, antes da
Da Polícia Militar posse e depois do desligamento, de todo o dirigente do
Ministério Público, bem como dos Poderes Legislativo e
Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão Judiciário, e dos órgãos e entidades da administração direta ou
permanente, incumbe, além das atribuições definidas em lei, a indireta, inclusive autarquias e fundações instituídas ou
polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. mantidas pelo Poder Público.
§ 1º - O Comandante Geral da Polícia Militar será nomeado
pelo Governador do Estado dentre oficiais da ativa, ocupantes Gabarito
do último posto do Quadro de Oficiais Policiais Militares, 01.B/ 02.C
conforme dispuser a lei, devendo fazer declaração pública de
bens no ato da posse e de sua exoneração.
§ 2º - Lei Orgânica e Estatuto disciplinarão a organização, o 2.4. Título VII – Da Ordem
funcionamento, direitos, deveres, vantagens e regime de
trabalho da Polícia Militar e de seus integrantes, servidores Social: Capítulo III – Da
militares estaduais, respeitadas as leis federais concernentes. Educação, da Cultura e dos
§ 3º - A criação e manutenção da Casa Militar e Assessorias Esportes e Lazer: Seção I – Da
Militares somente poderão ser efetivadas nos termos em que a
lei estabelecer. Educação: artigos 237 a 249 e
§ 4º - O Chefe da Casa Militar será escolhido pelo Governador 251 a 258; Capítulo VII – Da
do Estado entre oficiais da ativa, ocupantes do último posto do Proteção Especial: Seção I – Da
Quadro de Oficiais Policiais Militares.
Família, da Criança, do
Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atribuições Adolescente, do Jovem, do
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa Idoso e dos Portadores de
civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento definidos na
legislação prevista no § 2º do artigo anterior. Deficiência.

Questões
CAPÍTULO III
01. (APMBB - Tecnólogo de Administração Policial Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer
Militar - VUNESP) São princípios da administração pública, SEÇÃO I
insculpidos no artigo 111 da Constituição do Estado de São Da Educação
Paulo:
(A) legalidade, improbidade, razoabilidade, motivação. Artigo 237 - A educação, ministrada com base nos
(B) interesse público, motivação, finalidade, razoabilidade. princípios estabelecidos no artigo 205 e seguintes
(C) impessoalidade, moralidade, efetividade, interesse da Constituição Federal e inspirada nos princípios de liberdade
público. e solidariedade humana, tem por fim:
(D) publicidade, pessoalidade, eficiência, finalidade. I - a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana,
(E) eficiência, transversalidade, moralidade, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que
impessoalidade. compõem a comunidade;
II - o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais da
02. (SEFAZ/SP - Analista de Finanças e Controle – pessoa humana;
ESAF) Assinale a opção correta relativamente à organização III - o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade
internacional;

Noções de Administração Pública 16


APOSTILAS OPÇÃO

IV - o desenvolvimento integral da personalidade humana e Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios públicos
a sua participação na obra do bem comum; estaduais, para o funcionamento de estabelecimentos de ensino
V - o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos privado de qualquer natureza.
conhecimentos científicos e tecnológicos que lhes permitam
utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio, Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos,
preservando-o; integrada ao sistema de ensino, respeitará as características
VI - a preservação, difusão e expansão do patrimônio próprias dessa faixa etária.
cultural;
VII - a condenação a qualquer tratamento desigual por Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado será
motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a responsável pela definição de normas, autorização de
quaisquer preconceitos de classe, raça ou sexo; funcionamento, supervisão e fiscalização das creches e pré-
VIII - o desenvolvimento da capacidade de elaboração e escolas públicas e privadas no Estado.
reflexão crítica da realidade. Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de ensino
estejam organizados, será delegada competência para
Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do Estado autorizar o funcionamento e supervisionar as instituições de
de São Paulo, levando em conta o princípio da descentralização. educação das crianças de zero a seis anos de idade.

Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Estadual Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de
de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalidades, incluindo duração é obrigatório para todas as crianças, a partir dos
a especial, estabelecendo normas gerais de funcionamento para sete anos de idade, visando a propiciar formação básica e
as escolas públicas estaduais e municipais, bem como para as comum indispensável a todos- Revogado tacitamente pela Lei
particulares. 9.394/96
§ 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sistemas
de ensino. Artigo 32 da Lei 9.394/96 - O ensino fundamental
§2º - O Poder Público oferecerá atendimento especializado obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na
aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá
regular de ensino. por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscalização,
controle e avaliação, na forma da lei. § 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo o
§4° - O Poder Público adequará as escolas e tomará as território paulista, de vagas em número suficiente para atender
medidas necessárias quando da construção de novos prédios, à demanda do ensino fundamental obrigatório e gratuito.
visando promover a acessibilidade das pessoas com deficiência § 2º - A atuação da administração pública estadual no
ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras ensino público fundamental dar-se-á por meio de rede própria
e obstáculos nos espaços e mobiliários. ou em cooperação técnica e financeira com os Municípios, nos
termos do art. 30, VI, da Constituição Federal, assegurando a
Artigo 240 - Os Municípios responsabilizar-se-ão existência de escolas com corpo técnico qualificado e elevado
prioritariamente pelo ensino fundamental, inclusive para os que padrão de qualidade, devendo ser definidas com os Municípios
a ele não tiveram acesso na idade própria, e pré-escolar, só formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização
podendo atuar nos níveis mais elevados quando a demanda do ensino obrigatório.
naqueles níveis estiver plena e satisfatoriamente atendida, do -
ponto de vista qualitativo e quantitativo. § 3º - O ensino fundamental público e gratuito será também
garantido aos jovens e adultos que, na idade própria, a ele não
Artigo 241 - O Plano Estadual de Educação, estabelecido em tiveram acesso, e terá organização adequada às características
lei, é de responsabilidade do Poder Público Estadual, tendo sua dos alunos.
elaboração coordenada pelo Executivo, consultados os órgãos § 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino fundamental
descentralizados do Sistema Estadual de Ensino, a comunidade diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às condições de
educacional, e considerados os diagnósticos e necessidades vida do educando que já tenha ingressado no mercado de
apontados nos Planos Municipais de Educação. trabalho.
§ 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a
Artigo 242 - O Conselho Estadual de Educação é órgão partir dos seis anos de idade, desde que plenamente atendida a
normativo, consultivo e deliberativo do sistema de ensino do demanda das crianças de sete anos de idade.
Estado de São Paulo, com suas atribuições, organização e
composição definidas em lei. Artigo 250 - O Poder Público responsabilizar-se-á pela
manutenção e expansão do ensino médio, público e gratuito,
Artigo 243 - Os critérios para criação de Conselhos inclusive para os jovens e adultos que, na idade própria, a ele não
Regionais e Municipais de Educação, sua composição e tiveram acesso, tomando providências para universalizá-lo.
atribuições, bem como as normas para seu funcionamento, § 1º - O Estado proverá o atendimento do ensino médio em
serão estabelecidos e regulamentados por lei. curso diurno e noturno, regular e supletivo, aos jovens e adultos,
especialmente trabalhadores, de forma compatível com suas
Artigo 244 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, condições de vida.
constituirá disciplina dos horários normais das § 2º - Além de outras modalidades que a lei vier a estabelecer
escolas públicas de ensino fundamental. no ensino médio, fica assegurada a especificidade do curso de
formação do magistério para a pré-escola e das quatro
Artigo 245 - Nos três níveis de ensino, será estimulada a primeiras séries do ensino fundamental, inclusive com formação
prática de esportes individuais e coletivos, como complemento à de docentes para atuarem na educação de portadores de
formação integral do indivíduo. deficiências.
Parágrafo Único - A prática referida no “caput”, sempre
que possível, será levada em conta em face das necessidades dos Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos profissionais
portadores de deficiências. de ensino, mediante fixação de planos de carreira para o
magistério público, com piso salarial profissional, carga horária

Noções de Administração Pública 17


APOSTILAS OPÇÃO

compatível com o exercício das funções e ingresso CAPÍTULO VII


exclusivamente por concurso público de provas e títulos. Da Proteção Especial
SEÇÃO I
Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de Da Família, da Criança, do Adolescente, do Idoso e dos
ensino superior, articulado com os demais níveis. Portadores de Deficiências
Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Estado
de São Paulo incluirá universidades e outros estabelecimentos. Artigo 277 - Cabe ao Poder Público, bem como à família,
assegurar à criança, ao adolescente, ao jovem, ao idoso e aos
Artigo 253 - A organização do sistema de ensino superior portadores de deficiências, com absoluta prioridade, o direito à
do Estado será orientada para a ampliação do número de vagas vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
oferecidas no ensino público diurno e noturno, respeitadas profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
as condições para a manutenção da qualidade de ensino e do liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
desenvolvimento da pesquisa. colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
Parágrafo único - As universidades públicas estaduais exploração, violência, crueldade e agressão.
deverão manter cursos noturnos que, no conjunto de suas Parágrafo único - O direito à proteção especial, conforme a
unidades, correspondam a um terço pelo menos, do total das lei, abrangerá, entre outros, os seguintes aspectos:
vagas por elas oferecidas. 1 - garantia à criança e ao adolescente de conhecimento
formal do ato infracional que lhe seja atribuído, de igualdade na
Artigo 254 - A autonomia da universidade será exercida, relação processual, representação legal, acompanhamento
respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária psicológico e social, e defesa técnica por profissionais
democratização do ensino e a responsabilidade pública da habilitados;
instituição, observados os seguintes princípios: 2 - obrigação de empresas e instituições, que recebam do
I - utilização dos recursos de forma a ampliar o atendimento Estado recursos financeiros para a realização de programas,
à demanda social, tanto mediante cursos regulares, quanto projetos e atividades culturais, educacionais, de lazer e outros
atividades de extensão; afins, de preverem o acesso e a participação de portadores de
II - representação e participação de todos os segmentos da deficiências.
comunidade interna nos órgãos decisórios e na escolha de
dirigentes, na forma de seus estatutos. Artigo 278 - O Poder Público promoverá programas
§ 1º - A lei criará formas de participação da sociedade, por especiais, admitindo a participação de entidades não
meio de instâncias públicas externas à universidade, na governamentais e tendo como propósito:
avaliação do desempenho da gestão dos recursos. I - assistência social e material às famílias de baixa renda
§ 2º - É facultado às universidades admitir professores, dos egressos de hospitais psiquiátricos do Estado, até sua
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. reintegração na sociedade;
§ 3º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se às II - concessão de incentivo às empresas para adequação de
instituições de pesquisa científica e tecnológica. seus equipamentos, instalações e rotinas de trabalho aos
portadores de deficiências.
Artigo 255 - O Estado aplicará, anualmente, na III - garantia às pessoas idosas de condições de vida
manutenção e no desenvolvimento do ensino público, no apropriadas, frequência e participação em todos os
mínimo, trinta por cento da receita resultante de impostos, equipamentos, serviços e programas culturais, educacionais,
incluindo recursos provenientes de transferências. esportivos, recreativos e de lazer, defendendo sua dignidade e
Parágrafo único - A lei definirá as despesas que se visando à sua integração à sociedade;
caracterizem como manutenção e desenvolvimento do ensino. IV - integração social de portadores de deficiências,
mediante treinamento para o trabalho, convivência e facilitação
Artigo 256 - O Estado e os Municípios publicarão, até trinta do acesso aos bens e serviços coletivos.
dias após o encerramento de cada trimestre, informações V - criação e manutenção de serviços de prevenção,
completas sobre receitas arrecadadas e transferências de orientação, recebimento e encaminhamento de denúncias
recursos destinados à educação, nesse período e discriminadas referentes à violência;
por nível de ensino. VI - instalação e manutenção de núcleos de atendimento
especial e casas destinadas ao acolhimento provisório de
Artigo 257 - A distribuição dos recursos públicos crianças, adolescentes, idosos, portadores de deficiências e
assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do vítimas de violência, incluindo a criação de serviços jurídicos de
ensino fundamental. apoio às vítimas, integrados a atendimento psicológico e social;
Parágrafo único - Parcela dos recursos públicos destinados VII - nos internamentos de crianças com até doze anos nos
à educação deverá ser utilizada em programas integrados de hospitais vinculados aos órgãos da administração direta ou
aperfeiçoamento e atualização para os educadores em exercício indireta, é assegurada a permanência da mãe, também nas
no ensino público. enfermarias, na forma da lei.
VIII - prestação de orientação e informação sobre a
Artigo 258 - O Poder Público poderá, mediante convênio, sexualidade humana e conceitos básicos da instituição da
destinar parcela dos recursos de que trata o artigo 255 família, sempre que possível, de forma integrada aos conteúdos
a instituições filantrópicas, definidas em lei, para a manutenção curriculares do ensino fundamental e médio;
e o desenvolvimento de atendimento educacional, especializado IX - criação e manutenção de serviços e programas de
e gratuito a educandos portadores de necessidades especiais. prevenção e orientação contra entorpecentes, álcool e drogas
afins, bem como de encaminhamento de denúncias e
[...] atendimento especializado, referentes à criança, ao adolescente,
ao adulto e ao idoso dependentes.

Artigo 279 - Os Poderes Públicos estadual e municipal


assegurarão condições de prevenção de deficiências, com
prioridade para a assistência pré-natal e à infância, bem como

Noções de Administração Pública 18


APOSTILAS OPÇÃO

integração social de portadores de deficiências, mediante Artigo 286 - Fica assegurada a criação de creches nos
treinamento para o trabalho e para a convivência, mediante: presídios femininos e, às mães presidiárias, a adequada
I - criação de centros profissionalizantes para treinamento, assistência aos seus filhos durante o período de amamentação.
habilitação e reabilitação profissional de portadores de
deficiências, oferecendo os meios adequados para esse fim aos Artigo 287 - Declarado inconstitucional, em controle
que não tenham condições de frequentar a rede regular de concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
ensino; Parágrafo único - Declarado inconstitucional, em controle
II - implantação de sistema “Braille” em estabelecimentos da concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
rede oficial de ensino, em cidade pólo regional, de forma a
atender às necessidades educacionais e sociais dos portadores Artigo 288 - É assegurada a participação dos servidores
de deficiências. públicos nos colegiados e diretorias dos órgãos públicos em que
Parágrafo único - As empresas que adaptarem seus seus interesses profissionais, de assistência médica e
equipamentos para o trabalho de portadores de deficiências previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação, na
poderão receber incentivos, na forma da lei. forma da lei.

Artigo 280 - É assegurado, na forma da lei, aos portadores Artigo 289 - O Estado criará crédito educativo, por meio de
de deficiências e aos idosos, acesso adequado aos logradouros e suas entidades financeiras, para favorecer os estudantes de
edifícios de uso público, bem como aos veículos de transporte baixa renda, na forma que dispuser a lei.
coletivo urbano.
Artigo 290 - Toda e qualquer pensão paga pelo Estado, a
Artigo 281 - O Estado propiciará, por meio de qualquer título, não poderá ser de valor inferior ao do salário
financiamentos, aos portadores de deficiências, a aquisição dos mínimo vigente no País.
equipamentos que se destinam a uso pessoal e que permitam a
correção, diminuição e superação de suas limitações, segundo Artigo 291 - Todos terão o direito de, em caso de
condições a serem estabelecidas em lei. condenação criminal, obter das repartições policiais
e judiciais competentes, após reabilitação, bem como no caso de
Questões inquéritos policiais arquivados, certidões e informações de folha
corrida, sem menção aos antecedentes, salvo em caso de
01. Acerca da Constituição do Estado de São Paulo, julgue requisição judicial, do Ministério Público, ou para fins de
o item abaixo: concurso público.
A lei organizará o Sistema de Ensino do Estado de São Parágrafo único - Observar-se-á o disposto neste artigo
Paulo, levando em conta o princípio da descentralização. quando o interesse for de terceiros.
( ) Certo ( ) Errado

02. Acerca da Constituição do Estado de São Paulo, julgue


o item abaixo:
3. LEI Nº 10.261/68 –
É vedado às universidades admitir professores, técnicos e Estatuto dos Funcionários
cientistas estrangeiros. Públicos Civis do Estado.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito
01.Certo/ 02.Errado LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 19689

Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do


Estado.
2.5. Título VIII –
Disposições Constitucionais TÍTULO I
Disposições Preliminares
Gerais: Artigos 284 a 291.
Artigo 1º - Esta lei institui o regime jurídico dos funcionários
públicos civis do Estado.
Parágrafo único - As suas disposições, exceto no que
TÍTULO VIII
colidirem com a legislação especial, aplicam-se aos funcionários
Disposições Constitucionais Gerais
dos 3 Poderes do Estado e aos do Tribunal de Contas do Estado.
Artigo 284 - O Estado comemorará, anualmente, no período
Artigo 2º - As disposições desta lei não se aplicam aos
de 3 a 9 de julho, a Revolução Constitucionalista de 1932.
empregados das autarquias, entidades paraestatais e serviços
Artigo 285 - Fica assegurado a todos livre e amplo acesso às públicos de natureza industrial, ressalvada a situação daqueles
praias do litoral paulista. que, por lei anterior, já tenham a qualidade de funcionário
§ 1º - Sempre que, de qualquer forma, for impedido ou público.
dificultado esse acesso, o Ministério Público tomará imediata Parágrafo único - Os direitos, vantagens e regalias dos
providência para a garantia desse direito. funcionários públicos só poderão ser estendidos aos empregados
§ 2º - O Estado poderá utilizar-se da desapropriação para das entidades a que se refere este artigo na forma e condições
que a lei estabelecer.
abertura de acesso a que se refere o “caput”.
Artigo 3º - Funcionário público, para os fins deste Estatuto,
é a pessoa legalmente investida em cargo público.

9 Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Disponível em: 10261-28.10.1968.html. Atualizado até a Lei Complementar nº 1.310, de 04 de
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1968/compilacao-lei- outubro de 2017. Acessado em 15/08/2018 as 12h10min.

Noções de Administração Pública 19


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 4º - Cargo público é o conjunto de atribuições e Artigo 15 - A realização dos concursos será centralizada
responsabilidades cometidas a um funcionário. num só órgão.

Artigo 5º - Os cargos públicos são isolados ou de carreira. Artigo 16 - As normas gerais para a realização dos concursos
e para a convocação e indicação dos candidatos para o
Artigo 6º - Aos cargos públicos serão atribuídos valores provimento dos cargos serão estabelecidas em regulamento.
determinados por referências numéricas, seguidas de letras em
ordem alfabética, indicadoras de graus. Artigo 17 - Os concursos serão regidos por instruções
Parágrafo único - O conjunto de referência e grau constitui especiais, expedidas pelo órgão competente.
o padrão do cargo.
Artigo 18 - As instruções especiais determinarão, em função
Artigo 7º - Classe é o conjunto de cargos da mesma da natureza do cargo:
denominação. I - se o concurso será:
1 - de provas ou de provas e títulos; e
Artigo 8º - Carreira é o conjunto de classes da mesma 2 - por especializações ou por modalidades profissionais,
natureza de trabalho, escalonadas segundo o nível de quando couber;
complexidade e o grau de responsabilidade. II - as condições para provimento do cargo referentes a:
1 - diplomas ou experiência de trabalho;
Artigo 9º - Quadro é o conjunto de carreiras e de cargos 2 - capacidade física; e
isolados. 3 - conduta;
III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de títulos;
Artigo 10 - É vedado atribuir ao funcionário serviços IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
diversos dos inerentes ao seu cargo, exceto as funções de chefia V - os critérios de habilitação e de classificação; e
e direção e as comissões legais. VI - o prazo de validade do concurso.

TÍTULO II Artigo 19 - As instruções especiais poderão determinar que


DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA DOS a execução do concurso, bem como a classificação dos
CARGOS PÚBLICOS habilitados, seja feita por regiões.
CAPÍTULO I
Do Provimento Artigo 20 - A nomeação obedecerá à ordem de classificação
no concurso.
Artigo 11 - Os cargos públicos serão providos por:
I - nomeação; SUBSEÇÃO II
II - transferência; Das Provas de Habilitação
III - reintegração;
IV - acesso; Artigo 21 - As provas de habilitação serão realizadas pelo
V - reversão; órgão encarregado dos concursos, para fins de transferência e
VI - aproveitamento; e de outras formas de provimento que não impliquem em critério
VII - readmissão. competitivo.

Artigo 12 - Não havendo candidato habilitado em concurso, Artigo 22 - As normas gerais para realização das provas de
os cargos vagos, isolados ou de carreira, só poderão ser habilitação serão estabelecidas em regulamento, obedecendo,
ocupados no regime da legislação trabalhista, até o prazo no que couber, ao estabelecido para os concursos.
máximo de 2 (dois) anos, considerando-se findo o contrato após
esse período, vedada a recondução. CAPÍTULO III
Das Substituições
CAPÍTULO II
Das Nomeações Artigo 23 - Haverá substituição no impedimento legal e
SEÇÃO I temporário do ocupante de cargo de chefia ou de direção.
Das Formas de Nomeação Parágrafo único - Ocorrendo a vacância, o substituto
passará a responder pelo expediente da unidade ou órgão
Artigo 13 - As nomeações serão feitas: correspondente até o provimento do cargo.
I - em caráter vitalício, nos casos expressamente previstos na
Constituição do Brasil; Artigo 24 - A substituição, que recairá sempre em
II - em comissão, quando se tratar de cargo que em virtude funcionário público, quando não for automática, dependerá da
de lei assim deva ser provido; e expedição de ato de autoridade competente.
III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de § 1º - O substituto exercerá o cargo enquanto durar o
provimento dessa natureza. impedimento do respectivo ocupante.
§ 2º - O substituto, durante todo o tempo em que exercer a
SEÇÃO II substituição terá direito a perceber o valor do padrão e as
Da Seleção de Pessoal vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substituído e mais
SUBSEÇÃO I as vantagens pessoais a que fizer jus.
Do Concurso § 3º - O substituto perderá, durante o tempo da substituição,
o vencimento ou a remuneração e demais vantagens pecuniárias
Artigo 14 - A nomeação para cargo público de provimento inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo não optar.
efetivo será precedida de concurso público de provas ou de
provas e títulos. Artigo 25 - Exclusivamente para atender à necessidade de
Parágrafo único - As provas serão avaliadas na escala de 0 serviço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que tenham
(zero) a 100 (cem) pontos e aos títulos serão atribuídos, no valores sob sua guarda, em caso de impedimento, serão
máximo, 50 (cinquenta) pontos.

Noções de Administração Pública 20


APOSTILAS OPÇÃO

substituídos por funcionários de sua confiança, que indicarem, CAPÍTULO VII


respondendo a sua fiança pela gestão do substituto. Da Reversão
Parágrafo único - Feita a indicação, por escrito, ao chefe da
repartição ou do serviço, este proporá a expedição do ato de Artigo 35 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado
designação, aplicando-se ao substituto a partir da data em que reingressa no serviço público a pedido ou ex-officio.
assumir as funções do cargo, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 24. § 1º - A reversão ex-officio será feita quando insubsistentes
as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez.
CAPÍTULO IV § 2º - Não poderá reverter à atividade o aposentado que
Da Transferência contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade.
§ 3º - No caso de reversão ex-officio, será permitido o
Artigo 26 - O funcionário poderá ser transferido de um para reingresso além do limite previsto no parágrafo anterior.
outro cargo de provimento efetivo. § 4º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspeção
médica, ficar comprovada a capacidade para o exercício do
Artigo 27 - As transferências serão feitas a pedido do cargo.
funcionário ou "ex-officio", atendidos sempre a conveniência do § 5º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
serviço e os requisitos necessários ao provimento do cargo. procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos
pelo menos 90 (noventa) dias.
Artigo 28 - A transferência será feita para cargo do mesmo § 6º - Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e cassada
padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressalvados os a aposentadoria do funcionário que reverter e não tomar posse
casos de transferência a pedido, em que o vencimento ou a ou não entrar em exercício dentro do prazo legal.
remuneração poderá ser inferior.
Artigo 36 - A reversão far-se-á no mesmo cargo.
Artigo 29 - A transferência por permuta se processará a § 1º - Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o
requerimento de ambos os interessados e de acordo com o aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de
prescrito neste capítulo. vencimentos, respeitada a habilitação profissional.
§ 2º - A reversão a pedido, que será feita a critério da
CAPÍTULO V Administração, dependerá também da existência de cargo vago,
Da Reintegração que deva ser provido mediante promoção por merecimento.

Artigo 30 - A reintegração é o reingresso no serviço público, CAPÍTULO VIII


decorrente da decisão judicial passada em julgado, com Do Aproveitamento
ressarcimento de prejuízos resultantes do afastamento.
Artigo 37 - Aproveitamento é o reingresso no serviço público
Artigo 31 - A reintegração será feita no cargo anteriormente do funcionário em disponibilidade.
ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo
resultante. Artigo 38 - O obrigatório aproveitamento do funcionário em
§ 1º - Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se
exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzido, verificarem nos quadros do funcionalismo.
sem direito a indenização. § 1º - O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível, em
§ 2º - Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se fará cargo de natureza e padrão de vencimentos correspondentes ao
em cargo equivalente, respeitada a habilitação profissional, ou, que ocupava, não podendo ser feito em cargo de padrão
não sendo possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no superior.
cargo que exercia. § 2º - Se o aproveitamento se der em cargo de padrão
inferior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário
Artigo 32 - Transitada em julgado a sentença, será expedido direito à diferença.
o decreto de reintegração no prazo máximo de 30 (trinta) dias. § 3º - Em nenhum caso poderá efetuar -se o aproveitamento
sem que, mediante inspeção médica, fique provada a capacidade
CAPÍTULO VI para o exercício do cargo.
Do Acesso § 4º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos
Artigo 33 - Acesso é a elevação do funcionário, dentro do no mínimo 90 (noventa) dias.
respectivo quadro a cargo da mesma natureza de trabalho, de § 5º - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
maior grau de responsabilidade e maior complexidade de disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não tomar
atribuições, obedecido o interstício na classe e as exigências a posse e não entrar em exercício dentro do prazo legal.
serem instituídas em regulamento. § 6º - Será aposentado no cargo anteriormente ocupado, o
§ 1º - Serão reservados para acesso os cargos cujas funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz para o
atribuições exijam experiência prévia do exercício de outro serviço público, em inspeção médica.
cargo. § 7º - Se o aproveitamento se der em cargo de provimento
§ 2º - O acesso será feito mediante aferição do mérito dentre em comissão, terá o aproveitado assegurado, no novo cargo, a
titulares de cargos cujo exercício proporcione a experiência condição de efetividade que tinha no cargo anteriormente
necessária ao desempenho das atribuições dos cargos referidos ocupado.
no parágrafo anterior.
CAPÍTULO IX
Artigo 34 - Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o Da Readmissão
interstício para concorrer ao acesso.
Artigo 39 - Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcionário,
demitido ou exonerado, reingressa no serviço público, sem
direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, a
contagem de tempo de serviço em cargos anteriores, para efeito
de aposentadoria e disponibilidade.

Noções de Administração Pública 21


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - A readmissão do ex-funcionário demitido será somática a que se refere o item VI deste artigo, desde que tal
obrigatoriamente precedida de reexame do respectivo processo deficiência não impeça o desempenho normal das funções
administrativo, em que fique demonstrado não haver inerentes ao cargo de cujo provimento se trata.
inconveniente, para o serviço público, na decretação da medida. Artigo 48 - São competentes para dar posse:
§ 2º - Observado o disposto no parágrafo anterior, se a I - Os Secretários de Estado, aos diretores gerais, aos
demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmissão não diretores ou chefes das repartições e aos funcionários que lhes
poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco) anos do ato são diretamente subordinados; e
demissório. II - Os diretores gerais e os diretores ou chefes de repartição
ou serviço, nos demais casos, de acordo com o que dispuser o
Artigo 40 - A readmissão será feita no cargo anteriormente regulamento.
exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no cargo
resultante da transformação. Artigo 49 - A posse verificar-se-á mediante a assinatura de
termo em que o funcionário prometa cumprir fielmente os
CAPÍTULO X deveres do cargo.
Da Readaptação Parágrafo único - O termo será lavrado em livro próprio e
assinado pela autoridade que der posse.
Artigo 41 - Readaptação é a investidura em cargo mais
compatível com a capacidade do funcionário e dependerá Artigo 50 - A posse poderá ser tomada por procuração
sempre de inspeção médica. quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em comissão
do Governo ou, em casos especiais, a critério da autoridade
Artigo 42 - A readaptação não acarretará diminuição, nem competente.
aumento de vencimento ou remuneração e será feita mediante
transferência. Artigo 51 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições
CAPÍTULO XI estabelecidas, em lei ou regulamento, para a investidura no
Da Remoção cargo.

Artigo 43 - A remoção, que se processará a pedido do Artigo 52 - A posse deverá verificar-se no prazo de 30
funcionário ou ex-officio, só poderá ser feita: (trinta) dias, contados da data da publicação do ato de
I - de uma para outra repartição, da mesma Secretaria; e provimento do cargo, no órgão oficial.
II - de um para outro órgão da mesma repartição. § 1º - O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado por
Parágrafo único - A remoção só poderá ser feita respeitada mais 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado.
a lotação de cada repartição. § 2º - O prazo inicial para a posse do funcionário em férias
ou licença, será contado da data em que voltar ao serviço.
Artigo 44 - A remoção por permuta será processada a § 3º - Se a posse não se der dentro do prazo, será tornado
requerimento de ambos os interessados, com anuência dos sem efeito o ato de provimento.
respectivos chefes e de acordo com o prescrito neste Capítulo.
Artigo 53 - A contagem do prazo a que se refere o artigo
Artigo 45 - O funcionário não poderá ser removido ou anterior poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses:
transferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da I - por até 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão médico
localidade de sua residência, no período de 6 (seis) meses antes oficial, a partir da data de apresentação do candidato junto ao
e até 3 (três) meses após a data das eleições. referido órgão para perícia de sanidade e capacidade física,
Parágrafo único - Essa proibição vigorará no caso de para fins de ingresso, sempre que a inspeção médica exigir essa
eleições federais, estaduais ou municipais, isolada ou providência;
simultaneamente realizadas. II - por 30 (trinta) dias, mediante a interposição de recurso
pelo candidato contra a decisão do órgão médico oficial
CAPÍTULO XII § 1º - o prazo a que se refere o inciso I deste artigo
Da Posse recomeçará a correr sempre que o candidato, sem motivo
justificado, deixe de submeter-se aos exames médicos julgados
Artigo 46 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo necessários.
público. § 2º - a interposição de recurso a que se refere o inciso II
deste artigo dar-se-á no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a
Artigo 47 - São requisitos para a posse em cargo público: contar da data de decisão do órgão médico oficial.
I - ser brasileiro;
II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade; Artigo 54 - O prazo a que se refere o art. 52 para aquele que,
III - estar em dia com as obrigações militares; antes de tomar posse, for incorporado às Forças Armadas, será
IV - estar no gozo dos direitos políticos; contado a partir da data da desincorporação.
V - ter boa conduta;
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção realizada Artigo 55 - o funcionário efetivo, nomeado para cargo em
por órgão médico oficial do Estado, para provimento de cargo comissão, fica dispensado, no ato da posse, da apresentação do
efetivo, ou mediante apresentação de Atestado de Saúde atestado de que trata o inciso VI do artigo 47 desta lei.
Ocupacional, expedido por médico registrado no Conselho
Regional correspondente, para provimento de cargo em CAPÍTULO XIII
comissão; Da Fiança
VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
VIII - ter atendido às condições especiais prescritas para o Artigo 56 – (Revogado).
cargo.
Parágrafo único - A deficiência da capacidade física,
comprovadamente estacionária, não será considerada
impedimento para a caracterização da capacidade psíquica e

Noções de Administração Pública 22


APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO XIV Artigo 68 - O funcionário poderá ausentar-se do Estado ou


Do Exercício deslocar-se da respectiva sede de exercício, para missão ou
estudo de interesse do serviço público, mediante autorização
Artigo 57 - O exercício é o ato pelo qual o funcionário assume expressa do Governador.
as atribuições e responsabilidades do cargo.
§ 1º - O início, a interrupção e o reinicio do exercício serão Artigo 68-A - O funcionário poderá afastar-se do Estado
registrados no assentamento individual do funcionário. para atuar em organismo internacional de que o Brasil participe
§ 2º - O início do exercício e as alterações que ocorrerem ou com o qual coopere, mediante autorização expressa do
serão comunicados ao órgão competente, pelo chefe da Governador, com prejuízo dos vencimentos e demais vantagens
repartição ou serviço em que estiver lotado o funcionário. do cargo. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 1.310, de
04/10/2017).
Artigo 58 - Entende-se por lotação, o número de funcionários
de carreira e de cargos isolados que devam ter exercício em cada Artigo 69 - Os afastamentos de funcionários para
repartição ou serviço. participação em congressos e outros certames culturais,
técnicos ou científicos, poderão ser autorizados pelo
Artigo 59 - O chefe da repartição ou de serviço em que for Governador, na forma estabelecida em regulamento.
lotado o funcionário é a autoridade competente para dar-lhe
exercício. Artigo 70 - O servidor preso em flagrante, preventiva ou
Parágrafo único - É competente para dar exercício ao temporariamente ou pronunciado será considerado afastado do
funcionário, com sede no Interior do Estado, a autoridade a que exercício do cargo, com prejuízo da remuneração, até a
o mesmo estiver diretamente subordinado. condenação ou absolvição transitada em julgado. (NR)
§ 1º - Estando o servidor licenciado, sem prejuízo de sua
Artigo 60 - O exercício do cargo terá início dentro do prazo remuneração, será considerada cessada a licença na data em
de 30 (trinta) dias, contados: que o servidor for recolhido à prisão. (NR)
I - da data da posse; e § 2º - Se o servidor for, ao final do processo judicial,
II - da data da publicação oficial do ato, no caso de remoção. condenado, o afastamento sem remuneração perdurará até o
§ 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser cumprimento total da pena, em regime fechado ou semiaberto,
prorrogados por 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado salvo na hipótese em que a decisão condenatória determinar a
e a juízo da autoridade competente. perda do cargo público. (NR)
§ 2º - No caso de remoção, o prazo para exercício de
funcionário em férias ou em licença, será contado da data em Artigo 71 - As autoridades competentes determinarão o
que voltar ao serviço. afastamento imediato do trabalho, do funcionário que
§ 3º - No interesse do serviço público, os prazos previstos apresente indícios de lesões orgânicas ou funcionais causadas
neste artigo poderão ser reduzidos para determinados cargos. por raios X ou substâncias radioativas, podendo atribuir-lhe
§ 4º - O funcionário que não entrar em exercício dentro do conforme o caso, tarefas sem risco de radiação ou conceder-lhe
prazo será exonerado. licença "ex officio" na forma do art. 194 e seguintes.

Artigo 61 - Em caso de mudança de sede, será concedido um Artigo 72 - O funcionário, quando no desempenho do
período de trânsito, até 8 (oito) dias, a contar do desligamento mandato eletivo federal ou estadual, ficará afastado de seu
do funcionário. cargo, com prejuízo do vencimento ou remuneração.

Artigo 62 - O funcionário deverá apresentar ao órgão Artigo 73 - O exercício do mandato de Prefeito, ou o de


competente, logo após ter tomado posse e assumido o exercício, Vereador, quando remunerado, determinará o afastamento do
os elementos necessários à abertura do assentamento funcionário, com a faculdade de opção entre os subsídios do
individual. mandato e os vencimentos ou a remuneração do cargo, inclusive
vantagens pecuniárias, ainda que não incorporadas.
Artigo 63 - Salvo os casos previstos nesta lei, o funcionário Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se
que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias igualmente à hipótese de nomeação de Prefeito.
consecutivos, ficará sujeito à pena de demissão por abandono de
cargo. Artigo 74 - Quando não remunerada a vereança, o
afastamento somente ocorrerá nos dias de sessão e desde que o
Artigo 64 - O funcionário deverá ter exercício na repartição horário das sessões da Câmara coincida com o horário normal
em cuja lotação houver claro. de trabalho a que estiver sujeito o funcionário.
§ 1º - Na hipótese prevista neste artigo, o afastamento se
Artigo 65 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em dará sem prejuízo de vencimentos e vantagens, ainda que não
serviço ou repartição diferente daquela em que estiver lotado, incorporadas, do respectivo cargo.
salvo nos casos previstos nesta lei, ou mediante autorização do § 2º - É vedada a remoção ou transferência do funcionário
Governador. durante o exercício do mandato.

Artigo 66 - Na hipótese de autorização do Governador, o Artigo 75 - O funcionário, devidamente autorizado pelo


afastamento só será permitido, com ou sem prejuízo de Governador, poderá afastar-se do cargo para participar de
vencimentos, para fim determinado e prazo certo. provas de competições desportivas, dentro ou fora do Estado.
Parágrafo único - O afastamento sem prejuízo de § 1º - O afastamento de que trata este artigo, será precedido
vencimentos poderá ser condicionado ao reembolso das de requisição justificada do órgão competente.
despesas efetuadas pelo órgão de origem, na forma a ser § 2º - O funcionário será afastado por prazo certo, nas
estabelecida em regulamento. seguintes condições:
I - sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quando
Artigo 67 - O afastamento do funcionário para ter exercício representar o Brasil, ou o Estado, em competições desportivas
em entidades com as quais o Estado mantenha convênios, reger- oficiais; e
se-á pelas normas nestes estabelecidas.

Noções de Administração Pública 23


APOSTILAS OPÇÃO

II - com prejuízo do vencimento ou remuneração, em I - o afastamento para provas de competições desportivas


quaisquer outros casos. nos termos do item II do § 2º do art. 75; e
II - as licenças previstas nos arts. 200 e 201.
CAPÍTULO XV
Da Contagem de Tempo de Serviço Artigo 81 - Os tempos adiante enunciados serão contados:
I - para efeito de concessão de adicional por tempo de
Artigo 76 - O tempo de serviço público, assim considerado o serviço, sexta-parte, aposentadoria e disponibilidade:
exclusivamente prestado ao Estado e suas Autarquias, será a) o de afastamento nos termos dos artigos 65 e 66 junto a
contado singelamente para todos os fins. outros poderes do Estado, a fundações instituídas pelo Estado ou
Parágrafo único - O tempo de serviço público prestado à empresas em que o Estado tenha participação majoritária pela
União, outros Estados e Municípios, e suas autarquias, sua Administração Centralizada ou Descentralizada, bem como
anteriormente ao ingresso do funcionário no serviço público junto a órgãos da Administração Direta da União, de outros
estadual, será contado integralmente para os efeitos de Estados e Municípios, e de suas autarquias;
aposentadoria e disponibilidade. b) o de afastamento nos termos do artigo 67;
II - para efeito de disponibilidade e aposentadoria, o de
Artigo 77 - A apuração do tempo de serviço será feita em licença para tratamento de saúde.
dias.
§ 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, do Artigo 82 - O tempo de mandato federal e estadual, bem
registro de frequência ou da folha de pagamento. como o municipal, quando remunerado, será contado para fins
§ 2º - O número de dias será convertido em anos, de aposentadoria e de promoção por antiguidade.
considerados sempre estes como de 365 (trezentos e sessenta e Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à
cinco) dias. hipótese de nomeação de Prefeito.
§ 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo anterior, os
dias restantes, até 182 (cento e oitenta e dois), não serão Artigo 83 - Para efeito de aposentadoria será contado o
computados, arredondando-se para 1 (um) ano, na tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade.
aposentadoria compulsória ou por invalidez, quando excederem
esse número. Artigo 84 - É vedada a acumulação de tempo de serviço
concorrente ou simultaneamente prestado, em dois ou mais
Artigo 78 - Serão considerados de efetivo exercício, para cargos ou funções, à União, Estados, Municípios ou Autarquias
todos os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver em geral.
afastado do serviço em virtude de: Parágrafo único - Em regime de acumulação é vedado
I - férias; contar tempo de um dos cargos para reconhecimento de direito
II - casamento, até 8 (oito) dias; ou vantagens no outro.
III - falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos, até 8 (oito)
dias; Artigo 85 - Não será computado, para nenhum efeito, o
IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto ou tempo de serviço gratuito.
madrasta, até 2 (dois) dias;
V - serviços obrigatórios por lei; CAPÍTULO XVI
VI - licença quando acidentado no exercício de suas Da Vacância
atribuições ou atacado de doença profissional;
VII - licença à funcionária gestante; Artigo 86 - A vacância do cargo decorrerá de:
VIII - licenciamento compulsório, nos termos do art. 206; I - exoneração;
IX - licença-prêmio; II - demissão;
X - faltas abonadas nos termos do parágrafo 1º do art. 110, III - transferência;
observados os limites ali fixados; IV - acesso;
XI - missão ou estudo dentro do Estado, em outros pontos do V - aposentadoria; e
território nacional ou no estrangeiro, nos termos do art. 68; VI - falecimento.
XII - nos casos previstos no art. 122; § 1º - Dar-se-á a exoneração:
XIII - afastamento por processo administrativo, se o 1 - a pedido do funcionário;
funcionário for declarado inocente ou se a pena imposta for de 2 - a critério do Governo, quando se tratar de ocupante de
repreensão ou multa; e, ainda, os dias que excederem o total da cargo em comissão; e
pena de suspensão efetivamente aplicada; 3 - quando o funcionário não entrar em exercício dentro do
XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de prazo legal.
exercício, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; e § 2º - A demissão será aplicada como penalidade nos casos
XV - provas de competições desportivas, nos termos do item previstos nesta lei.
I, do § 2º, do art. 75.
XVI - licença-paternidade, por 5 (cinco) dias; TÍTULO III
DA PROMOÇÃO
Artigo 79 - Os dias em que o funcionário deixar de CAPÍTULO ÚNICO
comparecer ao serviço em virtude de mandato legislativo Da Promoção
municipal serão considerados de efetivo exercício para todos os
eleitos legais. Artigo 87 - Promoção é a passagem do funcionário de um
Parágrafo único — No caso de vereança remunerada, os grau a outro da mesma classe e se processará obedecidos,
dias de afastamento não serão computados para fins de alternadamente, os critérios de merecimento e de antiguidade
vencimento ou remuneração, salvo se por eles tiver optado o na forma que dispuser o regulamento.
funcionário.
Artigo 88 - O merecimento do funcionário será apurado em
Artigo 80 - Será contado para todos os efeitos, salvo para a pontos positivos e negativos.
percepção de vencimento ou remuneração:

Noções de Administração Pública 24


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - Os pontos positivos se referem a condições de eficiência Artigo 99 - Para promoção por merecimento é indispensável
no cargo e ao aperfeiçoamento funcional resultante do que o funcionário obtenha número de pontos não inferior à
aprimoramento dos seus conhecimentos. metade do máximo atribuível.
§ 2º - Os pontos negativos resultam da falta de assiduidade Artigo 100 - O merecimento do funcionário é adquirido na
e da indisciplina. classe.

Artigo 89 - Da apuração do merecimento será dada ciência Artigo 101 (revogado)


ao funcionário.
Artigo 102 - O tempo no cargo será o efetivo exercício,
Artigo 90 - A antiguidade será determinada pelo tempo de contado na seguinte conformidade:
efetivo exercício no cargo e no serviço público, apurado em dias. I - a partir da data em que o funcionário assumir o exercício
do cargo, nos casos de nomeação, transferência a pedido,
Artigo 91 - As promoções serão feitas em junho e dezembro reversão e aproveitamento;
de cada ano, dentro de limites percentuais a serem estabelecidos II - como se o funcionário estivesse em exercício, no caso de
em regulamento e corresponderão às condições existentes até o reintegração;
último dia do semestre imediatamente anterior. III - a partir da data em que o funcionário assumir o
exercício do cargo do qual foi transferido, no caso de
Artigo 92 - Os direitos e vantagens que decorrerem da transferência ex-officio; e
promoção serão contados a partir da publicação do ato, salvo IV - a partir da data em que o funcionário assumir o exercício
quando publicado fora do prazo legal, caso em que vigorará a do cargo reclassificado ou transformado.
contar do último dia do semestre a que corresponder.
Parágrafo único - Ao funcionário que não estiver em efetivo Artigo 103 - Será contado como tempo no cargo o efetivo
exercício, só se abonarão as vantagens a partir da data da exercício que o funcionário houver prestado no mesmo cargo,
reassunção. sem solução de continuidade, desde que por prazo superior a 6
(seis) meses:
Artigo 93 - Será declarada sem efeito a promoção indevida, I - como substituto; e
não ficando o funcionário, nesse caso, obrigado a restituições, II - no desempenho de função gratificada, em período
salvo na hipótese de declaração falsa ou omissão intencional. anterior à criação do respectivo cargo.

Artigo 94 - Só poderão ser promovidos os servidores que Artigo 104 - As promoções obedecerão à ordem de
tiverem o interstício de efetivo exercício no grau. classificação.
Parágrafo único - O interstício a que se refere este artigo
será estabelecido em regulamento. Artigo 105 - Haverá em cada Secretaria de Estado uma
Comissão de Promoção que terá as seguintes atribuições:
Artigo 95 - Dentro de cada quadro, haverá para cada classe, I - eleger o respectivo presidente;
nos respectivos graus, uma lista de classificação, para os II - decidir as reclamações contra a avaliação do mérito,
critérios de merecimento e antiguidade. podendo alterar, fundamentalmente, os pontos atribuídos ao
Parágrafo único - Ocorrendo empate terão preferência, reclamante ou a outros funcionários;
sucessivamente: III - avaliar o mérito do funcionário quando houver
1 - na classificação por merecimento: divergência igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os totais
a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cursos, atribuídos pelas autoridades avaliadoras;
relacionados com a função exercida; IV - propor à autoridade competente a penalidade que
b) a assiduidade; couber ao responsável pelo atraso na expedição e remessa do
c) a antiguidade no cargo; Boletim de Promoção, pela falta de qualquer informação ou de
d) os encargos de família; e elementos solicitados, pelos fatos de que decorram
e) a idade; irregularidade ou parcialidade no processamento das
2 - na classificação por antiguidade: promoções;
a) o tempo no cargo; V - Avaliar os títulos e os certificados de cursos apresentados
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; pelos funcionários; e
c) o tempo de serviço público; VI - dar conhecimento aos interessados mediante afixação
d) os encargos de família; e na repartição:
e) a idade. 1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Promoção;
e
Artigo 96 - O funcionário em exercício de mandato eletivo 2 - dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados de
federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente poderá cursos.
ser promovido por antiguidade.
Artigo 106 - No processamento das promoções cabem as
Artigo 97 - Não serão promovidos por merecimento, ainda seguintes reclamações:
que classificados dentro dos limites estabelecidos no I - da avaliação do mérito; e
regulamento, os funcionários que tiverem sofrido qualquer II - da classificação final.
penalidade nos dois anos anteriores à data de vigência da § 1º - Da avaliação do mérito podem ser interpostos pedidos
promoção. de reconsideração e recurso, e, da classificação final, apenas
recurso.
Artigo 98 - O funcionário submetido a processo § 2º - Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à
administrativo poderá ser promovido, ficando, porém, sem avaliação do mérito.
efeito a promoção por merecimento no caso de o processo § 3º - Serão estabelecidos em regulamento as normas e os
resultar em penalidade. prazos para o processamento das reclamações de que trata este
artigo.

Noções de Administração Pública 25


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 107 - A orientação das promoções do funcionalismo Artigo 114 - É proibido, fora dos casos expressamente
público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que for consignados neste Estatuto, ceder ou gravar vencimento,
deferida tal competência: remuneração ou qualquer vantagem decorrente do exercício de
I - expedir normas relativas ao processamento das cargo público.
promoções e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com a
aprovação do Governador; Artigo 115 - O vencimento ou remuneração do funcionário
II - orientar as autoridades competentes quanto à avaliação não poderá sofrer outros descontos, exceto os obrigatórios e os
das condições de promoção; autorizados por lei.
III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averiguar a
eficiência do sistema em vigor, propondo medidas tendentes ao Artigo 116 - As consignações em folha, para efeito de
seu aperfeiçoamento; e desconto de vencimentos ou remuneração, serão disciplinadas
IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção, em regulamento.
sempre que solicitado.
SEÇÃO II
TÍTULO IV Do Horário e do Ponto
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS DE ORDEM PECUNIÁRIA
CAPÍTULO I Artigo 117 - O horário de trabalho nas repartições será
Do Vencimento e da Remuneração fixado pelo Governo de acordo com a natureza e as necessidades
SEÇÃO I do serviço.
Disposições Gerais
Artigo 118 - O período de trabalho, nos casos de comprovada
Artigo 108 - Vencimento é a retribuição paga ao funcionário necessidade, poderá ser antecipado ou prorrogado pelo chefe da
pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao valor do repartição ou serviço.
respectivo padrão fixado em lei, mais as vantagens a ele Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorrogação,
incorporadas para todos os efeitos legais. será remunerado o trabalho extraordinário, na forma
estabelecida no art. 136.
Artigo 109 - Remuneração é a retribuição paga ao
funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a Artigo 119 - Nos dias úteis, só por determinação do
2/3 (dois terços) do respectivo padrão, mais as quotas ou Governador poderão deixar de funcionar as repartições públicas
porcentagens que, por lei, lhe tenham sido atribuídas e as ou ser suspenso o expediente.
vantagens pecuniárias a ela incorporadas.
Artigo 120 - Ponto é o registro pelo qual se verificará,
Artigo 110 - O funcionário perderá: diariamente, a entrada e saída do funcionário em serviço.
I - o vencimento ou remuneração do dia quando não § 1º - Para registro do ponto serão usados, de preferência,
comparecer ao serviço, salvo no caso previsto no § 1º deste meios mecânicos.
artigo; e § 2º - É vedado dispensar o funcionário do registro do ponto,
II - 1/3 (um terço) do vencimento ou remuneração diária, salvo os casos expressamente previstos em lei.
quando comparecer ao serviço dentro da hora seguinte à § 3º - A infração do disposto no parágrafo anterior
marcada para o início do expediente ou quando dele retirar-se determinará a responsabilidade da autoridade que tiver
dentro da última hora. expedido a ordem, sem prejuízo da ação disciplinar cabível.
§ 1º - As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis) por ano,
não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia ou outro Artigo 121 - Para o funcionário estudante, conforme
motivo relevante, poderão ser abonadas pelo superior imediato, dispuser o regulamento, poderão ser estabelecidas normas
a requerimento do funcionário, no primeiro dia útil subsequente especiais quanto à frequência ao serviço.
ao da falta.
§ 2º - No caso de faltas sucessivas, justificadas ou Artigo 122 - O funcionário que comprovar sua contribuição
injustificadas, os dias intercalados — domingos, feriados e para banco de sangue mantido por órgão estatal ou paraestatal,
aqueles em que não haja expediente — serão computados ou entidade com a qual o Estado mantenha convênio, fica
exclusivamente para efeito de desconto do vencimento ou dispensado de comparecer ao serviço no dia da doação.
remuneração.
Artigo 123 - Apurar-se-á a frequência do seguinte modo:
Artigo 111 - As reposições devidas pelo funcionário e as I - pelo ponto; e
indenizações por prejuízos que causar à Fazenda Pública II - pela forma determinada, quanto aos funcionários não
Estadual, serão descontadas em parcelas mensais não sujeitos a ponto.
excedentes da décima parte do vencimento ou remuneração
ressalvados os casos especiais previstos neste Estatuto. CAPÍTULO II
Das Vantagens de Ordem Pecuniária
Artigo 112 - Só será admitida procuração para efeito de SEÇÃO I
recebimento de quaisquer importâncias dos cofres estaduais, Disposições Gerais
decorrentes do exercício do cargo, quando o funcionário se
encontrar fora da sede ou comprovadamente impossibilitado de Artigo 124 - Além do valor do padrão do cargo, o funcionário
locomover-se. só poderá receber as seguintes vantagens pecuniárias:
I - adicionais por tempo de serviço;
Artigo 113 - O vencimento, remuneração ou qualquer II - gratificações;
vantagem pecuniária atribuídos ao funcionário, não poderão III - diárias;
ser objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo: IV - ajudas de custo;
I - quando se tratar de prestação de alimentos, na forma da V - salário-família e salário-esposa;
lei civil; e VI - Revogado;
II - nos casos previstos no Capítulo II do Título VI deste VII - quota-parte de multas e porcentagens fixadas em lei;
Estatuto.

Noções de Administração Pública 26


APOSTILAS OPÇÃO

VIII - honorários, quando fora do período normal ou que perceber no exercício desse cargo, enquanto nele
extraordinário de trabalho a que estiver sujeito, for designado permanecer.
para realizar investigações ou pesquisas científicas, bem como
para exercer as funções de auxiliar ou membro de bancas e Artigo 133 - Ao funcionário no exercício de cargo em
comissões de concurso ou prova, ou de professor de cursos de substituição aplica-se o disposto no artigo anterior.
seleção e aperfeiçoamento ou especialização de servidores,
legalmente instituídos, observadas as proibições atinentes a Artigo 134 - Para efeito dos adicionais a que se refere esta
regimes especiais de trabalho fixados em lei; Seção, será computado o tempo de serviço, na forma
IX - honorários pela prestação de serviço peculiar à profissão estabelecida nos arts. 76 e 78.
que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que não a execute
dentro do período normal ou extraordinário de trabalho a que SEÇÃO III
estiver sujeito e sejam respeitadas as restrições estabelecidas em Das Gratificações
lei pela subordinação a regimes especiais de trabalho; e
X - outras vantagens ou concessões pecuniárias previstas em Artigo 135 - Poderá ser concedida gratificação ao
leis especiais ou neste Estatuto. funcionário:
§ 1º - Excetuados os casos expressamente previstos neste I - pela prestação de serviço extraordinário;
artigo, o funcionário não poderá receber, a qualquer título, seja II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou
qual for o motivo ou forma de pagamento, nenhuma outra científico ou de utilidade para o serviço público;
vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público, das III - a título de representação, quando em função de
entidades autárquicas ou paraestatais ou outras organizações gabinete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para
públicas, em razão de seu cargo ou função nos quais tenha sido função de confiança do Governador;
mandado servir. IV - quando designado para fazer parte de órgão legal de
§ 2º - O não cumprimento do que preceitua este artigo deliberação coletiva; e
importará na demissão do funcionário, por procedimento V - outras que forem previstas em lei.
irregular, e na imediata reposição, pela autoridade ordenadora
do pagamento, da importância indevidamente paga. Artigo 136 - A gratificação pela prestação de serviço
§ 3º - Nenhuma importância relativa às vantagens extraordinário será paga por hora de trabalho prorrogado ou
constantes deste artigo será paga ou devida ao funcionário, seja antecipado, na mesma razão percebida pelo funcionário em
qual for o seu fundamento, se não houver crédito próprio, cada hora de período normal de trabalho a que estiver sujeito.
orçamentário ou adicional. Parágrafo único - A prestação de serviço extraordinário não
poderá exceder a duas horas diárias de trabalho.
Artigo 125 - As porcentagens ou quotas-partes, atribuídas
em virtude de multas ou serviços de fiscalização e inspeção, só Artigo 137 - É vedado conceder gratificação por serviço
serão creditadas ao funcionário após a entrada da importância extraordinário, com o objetivo de remunerar outros serviços ou
respectiva, a título definitivo, para os cofres públicos. encargos.
§ 1º - O funcionário que receber importância relativa a
Artigo 126 - O funcionário não fará jus à percepção de serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a restituí-
quaisquer vantagens pecuniárias, nos casos em que deixar de la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição disciplinar.
perceber o vencimento ou remuneração, ressalvado o disposto § 2º - Será responsabilizada a autoridade que infringir o
no parágrafo único do art. 160. disposto no caput deste artigo.

SEÇÃO Il Artigo 138 - Será punido com pena de suspensão e, na


Dos Adicionais por Tempo de Serviço reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, o
funcionário:
Artigo 127 - O funcionário terá direito, após cada período de I - que atestar falsamente a prestação de serviço
5 (cinco) anos, contínuos, ou não, à percepção de adicional por extraordinário; e
tempo de serviço, calculado à razão de 5% (cinco por cento) II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de serviço
sobre o vencimento ou remuneração, a que se incorpora para extraordinário.
todos os efeitos.
Parágrafo único — O adicional por tempo de serviço será Artigo 139 - O funcionário que exercer cargo de direção não
concedido pela autoridade competente, na forma que for poderá perceber gratificação por serviço extraordinário.
estabelecida em regulamento. § 1º - O disposto neste artigo não se aplica durante o período
em que subordinado de titular de cargo nele mencionado venha
Artigo 128 - A apuração do quinquênio será feita em dias e a perceber, em consequência do acréscimo da gratificação por
o total convertido em anos, considerados estes sempre como de serviço extraordinário, quantia que iguale ou ultrapasse o valor
365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. do padrão do cargo de direção.
§ 2º - Aos titulares de cargos de direção, para efeito do
Artigo 129 - Vetado. parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por serviço
extraordinário correspondente à quantia a esse título percebida
Artigo 130 - O funcionário que completar 25 (vinte e cinco) pelo subordinado de padrão mais elevado.
anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta-parte do
vencimento ou remuneração, a estes incorporada para todos os Artigo 140 - A gratificação pela elaboração ou execução de
efeitos. trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço,
será arbitrada pelo Governador, após sua conclusão.
Artigo 131 - O funcionário que exercer cumulativamente
cargos ou funções, terá direito aos adicionais de que trata esta Artigo 141 - A gratificação a título de representação, quando
Seção, isoladamente, referentes a cada cargo ou a função. o funcionário for designado para serviço ou estudo fora do
Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por autoridade que
Artigo 132 - O ocupante de cargo em comissão fará jus aos a lei determinar, podendo ser percebida cumulativamente com
adicionais previstos nesta Seção, calculados sobre o vencimento a diária.

Noções de Administração Pública 27


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 142 - A gratificação relativa ao exercício em órgão Parágrafo único - O funcionário que recebeu ajuda de custo,
legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Governador. se for obrigado a mudar de sede dentro do período de 2 (dois)
anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do benefício que
Artigo 143 - A gratificação de representação de gabinete, lhe caberia.
fixada em regulamento, não poderá ser percebida
cumulativamente com a referida no inciso I do art. 135. Artigo 152 - Quando o funcionário for incumbido de serviço
que o obrigue a permanecer fora da sede por mais de 30 (trinta)
SEÇÃO IV dias, poderá receber ajuda de custo sem prejuízos das diárias
Das Diárias que lhe couberem.
Parágrafo único - A importância dessa ajuda de custo será
Artigo 144 - Ao funcionário que se deslocar fixada na forma do art. 150, não podendo exceder a quantia
temporariamente da respectiva sede, no desempenho de suas relativa a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo.
atribuições, ou em missão ou estudo, desde que relacionados
com o cargo que exerce, poderá ser concedida, além do Artigo 153 - Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido:
transporte, uma diária a título de indenização das despesas de I - o funcionário que não seguir para a nova sede dentro dos
alimentação e pousada. prazos fixados, salvo motivo independente de sua vontade,
§ 1º - Não será concedida diária ao funcionário removido ou devidamente comprovado sem prejuízo da pena disciplinar
transferido, durante o período de trânsito. cabível;
§ 2º - Não caberá a concessão de diária quando o II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe foi
deslocamento de funcionário constituir exigência permanente cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração ou
do cargo ou função. abandonar o cargo.
§ 3º - Entende-se por sede o município onde o funcionário § 1º - A restituição poderá ser feita parceladamente, a juízo
tem exercício. da autoridade que houver concedido a ajuda de custo, salvo no
§ 4º - O disposto no "caput" deste artigo não se aplica aos caso de recebimento indevido, em que a importância por
casos de missão ou estudo fora do País. devolver será descontada integralmente do vencimento ou
§ 5º - As diárias relativas aos deslocamentos de funcionários remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar cabível.
para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas por § 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata este
decreto. artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário.
§ 3º - Se o regresso do funcionário for determinado pela
Artigo 145 - O valor das diárias será fixado em decreto. autoridade competente ou por motivo de força maior
devidamente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a
Artigo 146 - A tabela de diárias, bem como as autoridades ajuda de custo.
que as concederem, deverão constar de decreto.
Artigo 154 - Caberá também ajuda de custo ao funcionário
Artigo 147 - O funcionário que indevidamente receber designado para serviço ou estudo no estrangeiro.
diária, será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando ainda Parágrafo único - A ajuda de custo de que trata este artigo
sujeito à punição disciplinar. será arbitrada pelo Governador.

Artigo 148 - É vedado conceder diárias com o objetivo de SEÇÃO VI


remunerar outros encargos ou serviços. Do Salário-Família e do Salário-Esposa
Parágrafo único - Será responsabilizada a autoridade que
infringir o disposto neste artigo. Artigo 155 - O salário-família será concedido ao funcionário
ou ao inativo por:
SEÇÃO V I - filho menor de 18 (dezoito) anos; e
Das Ajudas de Custo II - filho inválido de qualquer idade.
Parágrafo único - Consideram-se dependentes, desde que
Artigo 149 - A juízo da Administração, poderá ser concedida vivam total ou parcialmente às expensas do funcionário, os
ajuda de custo ao funcionário que no interesse do serviço passar filhos de qualquer condição, os enteados e os adotivos,
a ter exercício em nova sede. equiparando-se a estes os tutelados sem meios próprios de
§ 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcionário subsistência.
das despesas de viagem e de nova instalação.
§ 2º - O transporte do funcionário e de sua família Artigo 156 - A invalidez que caracteriza a dependência é a
compreende passagem e bagagem e correrá por conta do incapacidade total e permanente para o trabalho.
Governo.
Artigo 157 - Quando o pai e a mãe tiverem ambos a condição
Artigo 150 - A ajuda de custo, desde que em território do de funcionário público ou de inativo e viverem em comum, o
País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não podendo salário-família será concedido a um deles.
exceder importância correspondente a 3 (três) vezes o valor do Parágrafo único - Se não viverem em comum, será concedido
padrão do cargo. ao que tiver os dependentes sob sua guarda, ou a ambos, de
Parágrafo único - O regulamento fixará o critério para o acordo com a distribuição de dependentes.
arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que
acompanham o funcionário, as condições de vida na nova sede, Artigo 158 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e a
a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os recursos madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos
orçamentários disponíveis. incapazes.

Artigo 151 - Não será concedida ajuda de custo: Artigo 158-A - Fica assegurada, nas mesmas bases e
I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar, em condições, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal pelos
virtude de mandato eletivo; e filhos do casal, a percepção do salário-família a que tinha direito
II - ao que for afastado junto a outras Administrações. o funcionário ou inativo falecidos.

Noções de Administração Pública 28


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 159 - A concessão e a supressão do salário-família § 3º - o pagamento do benefício previsto neste artigo, caso
serão processadas na forma estabelecida em lei. as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude da
contratação de planos funerários, somente será efetivado
Artigo 160 - Não será pago o salário-família nos casos em mediante apresentação de alvará judicial.
que o funcionário deixar de perceber o respectivo vencimento ou
remuneração. Artigo 169 - O Governo do Estado poderá conceder prêmios
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica aos em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias próprias, aos
casos disciplinares e penais, nem aos de licença por motivo de funcionários autores dos melhores trabalhos, classificados em
doença em pessoa da família. concursos de monografias de interesse para o serviço público.

Artigo 161 - É vedada a percepção de salário-família por Artigo 170 - Revogado.


dependente em relação ao qual já esteja sendo pago este
benefício por outra entidade pública federal, estadual ou CAPÍTULO III
municipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da lei. Das Acumulações Remuneradas

Artigo 162 - O salário esposa será concedido ao funcionário Artigo 171 - É vedada a acumulação remunerada, exceto:
que não perceba vencimento ou remuneração de importância I - a de um juiz e um cargo de professor;
superior a 2 (duas) vezes o valor do menor vencimento pago pelo II - a de dois cargos de professor;
Estado, desde que a mulher não exerça atividade remunerada. III - a de um cargo de professor e outro técnico ou científico;
Parágrafo único - A concessão do benefício a que se refere e
este artigo será objeto de regulamento. IV - a de dois cargos privativos de médico.
§ 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente é
SEÇÃO VII permitida quando haja correlação de matérias e
Outras Concessões Pecuniárias compatibilidade de horários.
§ 2º - A proibição de acumular se estende a cargos, funções
Artigo 163 - O Estado assegurará ao funcionário o direito de ou empregos em autarquias, empresas públicas e sociedades de
pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorrentes de economia mista.
acidentes no trabalho, do exercício em determinadas zonas ou § 3º - A proibição de acumular proventos não se aplica aos
locais e da execução de trabalho especial, com risco de vida ou aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, cargo em
saúde. comissão ou ao contrato para prestação de serviços técnicos ou
especializados.
Artigo 164 - Ao funcionário licenciado, para tratamento de
saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do Artigo 172 - O funcionário ocupante de cargo efetivo, ou em
tratamento, inclusive para pessoa de sua família. disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em comissão,
perdendo, durante o exercício desse cargo, o vencimento ou
Artigo 165 - Poderá ser concedido transporte à família do remuneração do cargo efetivo ou o provento, salvo se optar pelo
funcionário, quando este falecer fora da sede de exercício, no mesmo.
desempenho de serviço.
§ 1º - A mesma concessão poderá ser feita à família do Artigo 173 - Não se compreende na proibição de acumular,
funcionário falecido fora do Estado. desde que tenha correspondência com a função principal, a
§ 2º - Só serão atendidos os pedidos de transporte percepção das vantagens enumeradas no art. 124.
formulados dentro do prazo de 1 (um) ano, a partir da data em
que houver falecido o funcionário. Artigo 174 - Verificado, mediante processo administrativo,
que o funcionário está acumulando, fora das condições previstas
Artigo 166 - Revogado. neste Capítulo, será ele demitido de todos os cargos e funções e
obrigado a restituir o que indevidamente houver recebido.
Artigo 167 - A concessão de que trata o artigo anterior só § 1º - Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no cargo
poderá ser deferida ao funcionário que se encontre no exercício ou função que exercer há mais tempo.
do cargo e mantenha contato com o público, pagando ou § 2º - Em caso contrário, o funcionário demitido ficará ainda
recebendo em moeda corrente. inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o exercício de
função ou cargo público, inclusive em entidades que exerçam
Artigo 168 - Ao cônjuge, ao companheiro ou companheira função delegada do poder público ou são por este mantidas ou
ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em administradas.
virtude do falecimento de funcionário ativo ou inativo será
concedido auxílio-funeral, a título de benefício assistencial, de Artigo 175 - As autoridades civis e os chefes de serviço, bem
valor correspondente a 1 (um) mês da respectiva remuneração. como os diretores ou responsáveis pelas entidades referidas no
(NR) parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou representantes
§ 1º - o pagamento será efetuado pelo órgão competente, dos poderes públicos junto às mesmas, que tiverem
mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas conhecimento de que qualquer dos seus subordinados ou
indicadas no "caput" deste artigo, ou procurador legalmente qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização está no
habilitado, feita a prova de identidade. exercício de acumulação proibida, farão a devida comunicação
§ 2º - no caso de integrante da carreira de Agente de ao órgão competente, para os fins indicados no artigo anterior.
Segurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta e Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá denunciar a
Vigilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meio de existência de acumulação ilegal.
competente apuração, que o óbito decorreu de lesões recebidas
no exercício de suas funções, o benefício será acrescido do valor
correspondente a mais 1 (um) mês da respectiva remuneração,
cujo pagamento será efetivado mediante apresentação de
alvará judicial.

Noções de Administração Pública 29


APOSTILAS OPÇÃO

TÍTULO V § 1º - o disposto no "caput" deste artigo não se aplica às


DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL licenças previstas nos incisos V e VII do artigo 181, quando em
CAPÍTULO I prorrogação.
Das Férias § 2º - a infração do disposto no "caput" deste artigo
importará em perda total do vencimento ou remuneração
Artigo 176 - O funcionário terá direito ao gozo de 30 (trinta) correspondente ao período de ausência e, se esta exceder a 30
dias de férias anuais, observada a escala que for aprovada. (trinta) dias, ficará o funcionário sujeito à pena de demissão por
§ 1º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao abandono de cargo.
trabalho.
§ 2º - É proibida a acumulação de férias, salvo por absoluta Artigo 184 - O funcionário licenciado nos termos dos itens I
necessidade de serviço e pelo máximo de 2 (dois) anos a IV do art. 181, é obrigado a reassumir o exercício, se for
consecutivos. considerado apto em inspeção médica realizada ex-officio ou se
§ 3º - O período de férias será reduzido para 20 (vinte) dias, não subsistir a doença na pessoa de sua família.
se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados em Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da licença,
conjunto, mais de 10 (dez) não comparecimentos desde que em inspeção médica fique comprovada a cessação dos
correspondentes a faltas abonadas, justificadas e injustificadas motivos determinantes da licença.
ou às licenças previstas nos itens IV, VI e VII do art. 181.
§ 4º - Durante as férias, o funcionário terá direito a todas as Artigo 185 - As licenças previstas nos incisos I, II e IV do
vantagens, como se estivesse em exercício. artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, cabendo ao
funcionário ou à autoridade competente ingressar, quando for o
Artigo 177 - Atendido o interesse do serviço, o funcionário caso, com um novo pedido.
poderá gozar férias de uma só vez ou em dois períodos iguais.
Artigo 186 - Revogado.
Artigo 178 - Somente depois do primeiro ano de exercício no
serviço público, adquirirá o funcionário direito a férias. Artigo 187 - O funcionário licenciado nos termos dos itens I
Parágrafo único - Será contado para efeito deste artigo o e II do art. 181 não poderá dedicar-se a qualquer atividade
tempo de serviço prestado em outro cargo público, desde que remunerada, sob pena de ser cassada a licença e de ser demitido
entre a cessação do anterior e o início do subsequente exercício por abandono do cargo, caso não reassuma o seu exercício
não haja interrupção superior a 10 (dez) dias. dentro do prazo de 30 (trinta) dias.

Artigo 179 - Caberá ao chefe da repartição ou do serviço, Artigo 188 - Revogado.


organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para o ano
seguinte, que poderá alterar de acordo com a conveniência do Artigo 189 - Revogado.
serviço.
Artigo 190 - O funcionário que se recusar a submeter-se à
Artigo 180 - O funcionário transferido ou removido, quando inspeção médica, quando julgada necessária, será punido com
em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes de pena de suspensão.
terminá-las. Parágrafo único - A suspensão cessará no dia em que se
realizar a inspeção.
CAPÍTULO II
Das Licenças SEÇÃO II
SEÇÃO I Da Licença para Tratamento de Saúde
Disposições Gerais
Artigo 191 - Ao funcionário que, por motivo de saúde, estiver
Artigo 181 - O funcionário efetivo poderá ser licenciado: impossibilitado para o exercício do cargo, será concedida
I - para tratamento de saúde; licença até o máximo de 4 (quatro) anos, com vencimento ou
II - quando acidentado no exercício de suas atribuições ou remuneração. (Redação dada pela Lei complementar nº 1.196,
acometido por doença profissional; de 27/02/2013).
III - no caso previsto no artigo 198; § 1º - Findo o prazo, previsto neste artigo, o funcionário será
IV - por motivo de doença em pessoa de sua família; submetido à inspeção médica e aposentado, desde que verificada
V - para cumprir obrigações concernentes ao serviço militar; a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento além desse prazo,
VI - para tratar de interesses particulares; quando não se justificar a aposentadoria.
VII - no caso previsto no artigo 205; VIII - compulsoriamente, § 2º - Será obrigatória a reversão do aposentado, desde que
como medida profilática; cessados os motivos determinantes da aposentadoria.
IX - como prêmio de assiduidade.
§ 1º - Ao funcionário ocupante exclusivamente de cargo em Artigo 192 - O funcionário ocupante de cargo em comissão
comissão serão concedidas as licenças previstas neste artigo, poderá ser aposentado, nas condições do artigo anterior, desde
salvo as referidas nos incisos IV, VI e VII. que preencha os requisitos do art. 227.
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I a III serão concedidas
ao funcionário de que trata o § 1º deste artigo mediante regras Artigo 193 - A licença para tratamento de saúde dependerá
estabelecidas pelo regime geral de previdência social. de inspeção médica oficial e poderá ser concedida: (com redação
dada pela Lei complementar nº 1.196, de 27/02/2013).
Artigo 182 - As licenças dependentes de inspeção médica I - a pedido do funcionário;
serão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos oficiais II - “ex officio”.
competentes. § 1º - A inspeção médica de que trata o “caput” deste artigo
poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial, quando a
Artigo 183 - Finda a licença, o funcionário deverá reassumir, análise documental for suficiente para comprovar a
imediatamente, o exercício do cargo. incapacidade laboral, observado o estabelecido em decreto.
§ 2º - A licença “ex officio” de que trata o inciso II deste artigo
será concedida por decisão do órgão oficial:

Noções de Administração Pública 30


APOSTILAS OPÇÃO

1 - quando as condições de saúde do funcionário assim o § 1º - Provar-se-á a doença em inspeção médica na forma
determinarem; prevista no artigo 193.
2 - a pedido do órgão de origem do funcionário. § 2º - A licença de que trata este artigo será concedida com
§ 3º - O funcionário poderá ser dispensado da inspeção vencimentos ou remuneração até 1 (um) mês e com os seguintes
médica de que trata o “caput” deste artigo em caso de licença descontos:
para tratamento de saúde de curta duração, conforme 1 - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até 3
estabelecido em decreto; (três);
2 - 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis);
SEÇÃO III 3 - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vigésimo
Da Licença ao Funcionário Acidentado no Exercício de suas mês.
Atribuições ou Atacado de Doença Profissional § 3º - Para os efeitos do § 2º deste artigo, serão somadas as
licenças concedidas durante o período de 20 (vinte) meses,
Artigo 194 - O funcionário acidentado no exercício de suas contado da primeira concessão.
atribuições ou que tenha adquirido doença profissional terá
direito à licença com vencimento ou remuneração. SEÇÃO VI
Parágrafo único - Considera-se também acidente: Da Licença para Atender a Obrigações Concernentes ao
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcionário, no Serviço Militar
exercício de suas funções;
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em trânsito, no Artigo 200 - Ao funcionário que for convocado para o serviço
percurso usual para o trabalho. militar e outros encargos da segurança nacional, será concedida
licença sem vencimento ou remuneração.
Artigo 195 - A licença prevista no artigo anterior não poderá § 1º - A licença será concedida mediante comunicação do
exceder de 4 (quatro) anos. funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acompanhada
Parágrafo único - No caso de acidente, verificada a de documentação oficial que prove a incorporação.
incapacidade total para qualquer função pública, será desde § 2º - O funcionário desincorporado reassumirá
logo concedida aposentadoria ao funcionário. imediatamente o exercício, sob pena de demissão por abandono
do cargo, se a ausência exceder a 30 (trinta) dias.
Artigo 196 - A comprovação do acidente, indispensável para § 3º - Quando a desincorporação se verificar em lugar
a concessão da licença, será feita em procedimento próprio, que diverso do da sede, os prazos para apresentação serão os
deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, contados da data do previstos no art. 60.
acidente.
§ 1º - O funcionário deverá requerer a concessão da licença Artigo 201 - Ao funcionário que houver feito curso para ser
de que trata o "caput" deste artigo junto ao órgão de origem. admitido como oficial da reserva das Forças Armadas, será
§ 2º - Concluído o procedimento de que trata o "caput" deste também concedida licença sem vencimento ou remuneração,
artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. durante os estágios prescritos pelos regulamentos militares.
§ 3º - O procedimento para a comprovação do acidente de
que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de origem SEÇÃO VII
do funcionário, ainda que não venha a ser objeto de licença. Da Licença para Tratar de Interesses Particulares

Artigo 197 - Para a conceituação do acidente da doença Artigo 202 - Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o
profissional, serão adotados os critérios da legislação federal de funcionário poderá obter licença, sem vencimento ou
acidentes do trabalho. remuneração, para tratar de interesses particulares, pelo prazo
máximo de 2 (dois) anos.
SEÇÃO IV § 1º - Poderá ser negada a licença quando o afastamento do
Da Licença à Funcionária Gestante funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.
§ 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a
Artigo 198 - À funcionária gestante será concedida licença concessão da licença.
de 180 (cento e oitenta) dias com vencimento ou remuneração, § 3º - A licença poderá ser gozada parceladamente a juízo
observado o seguinte: (Artigo 198, "caput" e Inciso I com da Administração, desde que dentro do período de 3 (três) anos.
redação dada pela Lei complementar nº 1.196, de 27/02/2013). § 4º - O funcionário poderá desistir da licença, a qualquer
I - a licença poderá ser concedida a partir da 32ª (trigésima tempo, reassumindo o exercício em seguida.
segunda) semana de gestação, mediante documentação médica
que comprove a gravidez e a respectiva idade gestacional; Artigo 203 - Não será concedida licença para tratar de
II - ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a licença, interesses particulares ao funcionário nomeado, removido ou
será esta concedida mediante a apresentação da certidão de transferido, antes de assumir o exercício do cargo.
nascimento e vigorará a partir da data do evento, podendo
retroagir até 15 (quinze) dias; Artigo 204 - Só poderá ser concedida nova licença depois de
III - durante a licença, cometerá falta grave a servidora que decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior.
exercer qualquer atividade remunerada ou mantiver a criança
em creche ou organização similar; SEÇÃO VIII
Parágrafo único - No caso de natimorto, será concedida a Da Licença à Funcionária Casada com Funcionário ou
licença para tratamento de saúde, a critério médico, na forma Militar
prevista no artigo 193.
Artigo 205 - A funcionária casada com funcionário estadual
SEÇÃO V ou com militar terá direito à licença, sem vencimento ou
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família remuneração, quando o marido for mandado servir,
independentemente de solicitação, em outro ponto do Estado ou
Artigo 199 - O funcionário poderá obter licença, por motivo do território nacional ou no estrangeiro.
de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau.

Noções de Administração Pública 31


APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único - A licença será concedida mediante pedido Parágrafo único - O gozo da licença-prêmio dependerá de
devidamente instruído e vigorará pelo tempo que durar a novo requerimento, caso não se inicie em até 30 (trinta) dias
comissão ou a nova função do marido. contados da publicação do ato que o houver autorizado.

SEÇÃO IX Artigo 215 – (Revogado).


Da Licença Compulsória
Artigo 216 - Revogado.
Artigo 206 - O funcionário, ao qual se possa atribuir a
condição de fonte de infecção de doença transmissível, poderá CAPÍTULO III
ser licenciado, enquanto durar essa condição, a juízo de Da Estabilidade
autoridade sanitária competente, e na forma prevista no
regulamento. Artigo 217 - É assegurada a estabilidade somente ao
funcionário que, nomeado por concurso, contar mais de 2 (dois)
Artigo 207 - Verificada a procedência da suspeita, o anos de efetivo exercício.
funcionário será licenciado para tratamento de saúde na forma
prevista no art. 191, considerando-se incluídos no período da Artigo 218 - O funcionário estável só poderá ser demitido em
licença os dias de licenciamento compulsório. virtude de sentença judicial ou mediante processo
administrativo, assegurada ampla defesa.
Artigo 208 - Quando não positivada a moléstia, deverá o Parágrafo único - A estabilidade diz respeito ao serviço
funcionário retornar ao serviço, considerando -se como de público e não ao cargo, ressalvando-se à Administração o direito
efetivo exercício para todos os efeitos legais, o período de licença de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual padrão, de
compulsória. acordo com as suas aptidões.

SEÇÃO X CAPÍTULO IV
Da licença-prêmio Da Disponibilidade

Artigo 209 - O funcionário terá direito, como prêmio de Artigo 219 - O funcionário poderá ser posto em
assiduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada período de disponibilidade remunerada:
5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja sofrido I - no caso previsto no § 2º do art. 31; e
qualquer penalidade administrativa. II - quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for extinto
Parágrafo único - O período da licença será considerado de por lei.
efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não acarretará Parágrafo único - O funcionário ficará em disponibilidade
desconto algum no vencimento ou remuneração. até o seu obrigatório aproveitamento em cargo equivalente.

Artigo 210 - Para fins da licença prevista nesta Seção, não se Artigo 220 - O provento da disponibilidade não poderá ser
consideram interrupção de exercício: superior ao vencimento ou remuneração e vantagens percebidos
I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetuado o pelo funcionário.
previsto no item X; e
II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença a Artigo 221 - Qualquer alteração do vencimento ou
que se referem os itens I e IV do art. 181 desde que o total de remuneração e vantagens percebidas pelo funcionário em
todas essas ausências não exceda o limite máximo de 30 (trinta) virtude de medida geral, será extensiva ao provento do
dias, no período de 5 (cinco) anos. disponível, na mesma proporção.

Artigo 211 – (Revogado). CAPÍTULO V


Da Aposentadoria
Artigo 212 - A licença-prêmio será concedida mediante
certidão de tempo de serviço, independente de requerimento do Artigo 222 - O funcionário será aposentado:
funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado, nos I - por invalidez;
termos da legislação em vigor. II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e
III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos de
Artigo 213 - O funcionário poderá requerer o gozo da serviço.
licença-prêmio: § 1º - No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trinta)
I - por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15 (quinze) anos para as mulheres.
dias; § 2º - Os limites de idade e de tempo de serviço para a
II - até o implemento das condições para a aposentadoria aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do parágrafo
voluntária. único do art. 94 da Constituição do Estado de São Paulo.
§ 1º - Caberá à autoridade competente:
1 - adotar, após manifestação do chefe imediato, sem Artigo 223 - A aposentadoria prevista no item I do artigo
prejuízo para o serviço, as medidas necessárias para que o anterior, só será concedida, após a comprovação da invalidez do
funcionário possa gozar a licença-prêmio a que tenha direito; funcionário, mediante inspeção de saúde realizada em órgão
2 - decidir, após manifestação do chefe imediato, observada médico oficial.
a opção do funcionário e respeitado o interesse do serviço, pelo
gozo da licença-prêmio por inteiro ou parceladamente. Artigo 224 - A aposentadoria compulsória prevista no item
§ 2º - A apresentação de pedido de passagem à inatividade, II do art. 222 é automática.
sem a prévia e oportuna apresentação do requerimento de gozo, Parágrafo único - O funcionário se afastará no dia imediato
implicará perda do direito à licença-prêmio. àquele em que atingir a idade limite, independentemente da
publicação do ato declaratório da aposentadoria.
Artigo 214 - O funcionário deverá aguardar em exercício a
apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio. Artigo 225 - O funcionário em disponibilidade poderá ser
aposentado nos termos do art. 222.

Noções de Administração Pública 32


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 226 - O provento da aposentadoria será: CAPÍTULO VII


I - igual ao vencimento ou remuneração e demais vantagens Do Direito de Petição
pecuniárias incorporadas para esse efeito:
1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar 35 Artigo 239 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou
(trinta e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 (trinta) jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição
anos; e contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos.
2 - quando ocorrer a invalidez. § 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro,
II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais casos. omissão ou conduta incompatível no serviço público.
§ 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá
Artigo 227 - As disposições dos itens I e II do art. 222 recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob
aplicam-se ao funcionário ocupante de cargo em comissão, que pena de responsabilidade do agente.
contar mais de 15 (quinze) anos de exercício ininterrupto nesse
cargo, seja ou não ocupante de cargo de provimento efetivo. Artigo 240 - Ao servidor é assegurado o direito de requerer
ou representar, bem como, nos termos desta lei complementar,
Artigo 228 - A aposentadoria prevista no item III do art. 222 pedir reconsideração e recorrer de decisões, no prazo de 30
produzirá efeito a partir da publicação do ato no "Diário (trinta) dias, salvo previsão legal específica.
Oficial".
TÍTULO VI
Artigo 229 - O pagamento dos proventos a que tiver direito DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS
o aposentado deverá iniciar-se no mês seguinte ao em que cessar RESPONSABILIDADES
a percepção do vencimento ou remuneração. CAPÍTULO I
Dos Deveres e das Proibições
Artigo 230 - O provento do aposentado só poderá sofrer SEÇÃO I
descontos autorizados em lei. Dos Deveres

Artigo 231 - O provento da aposentadoria não poderá ser Artigo 241 - São deveres do funcionário:
superior ao vencimento ou remuneração e demais vantagens I - ser assíduo e pontual;
percebidas pelo funcionário. II - cumprir as ordens superiores, representando quando
forem manifestamente ilegais;
Artigo 232 - Qualquer alteração do vencimento ou III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que
remuneração e vantagens percebidas pelo funcionário em for incumbido;
virtude de medida geral, será extensiva ao provento do IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e,
aposentado, na mesma proporção. especialmente, sobre despachos, decisões ou providências;
V - representar aos superiores sobre todas as
CAPÍTULO VI irregularidades de que tiver conhecimento no exercício de suas
Da Assistência ao Funcionário funções;
VI - tratar com urbanidade os companheiros de serviço e as
partes;
Artigo 233 - Nos trabalhos insalubres executados pelos VI - tratar com urbanidade as pessoas;
funcionários, o Estado é obrigado a fornecer-lhes gratuitamente VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde
equipamentos de proteção à saúde. autorizado;
Parágrafo único - Os equipamentos aprovados por órgão VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no
competente, serão de uso obrigatório dos funcionários, sob pena assentamento individual, a sua declaração de família;
de suspensão. IX - zelar pela economia do material do Estado e pela
conservação do que for confiado à sua guarda ou utilização;
Artigo 234 - Ao funcionário é assegurado o direito de X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou
remoção para igual cargo no local de residência do cônjuge, se com uniforme determinado, quando for o caso;
este também for funcionário e houver vaga. XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer
outro serviço, às requisições de papéis, documentos, informações
Artigo 235 - Havendo vaga na sede do exercício de ambos os ou providências que lhe forem feitas pelas autoridades
cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local indicado por judiciárias ou administrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
qualquer deles, desde que não prejudique o serviço. XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os
companheiros de trabalho,
Artigo 236 - Somente será concedida nova remoção por XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos,
união de cônjuges ao funcionário que for removido a pedido instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas
para outro local, após transcorridos 5 (cinco) anos. funções; e
XIV - proceder na vida pública e privada na forma que
Artigo 237 - Considera-se local, para os fins dos arts. 234 a dignifique a função pública.
236, o município onde o cônjuge tem sua residência.
SEÇÃO II
Artigo 238 - O ato que remover ou transferir o funcionário Das Proibições
estudante de uma para outra cidade ficará suspenso se, na nova
sede, não existir estabelecimento congênere, oficial, reconhecido Artigo 242 - Ao funcionário é proibido:
ou equiparado àquele em que o interessado esteja matriculado. I - (Revogado).
§ 1º - Efetivar-se-á a transferência, se o funcionário concluir II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente,
o curso, deixar de cursá-lo ou for reprovado durante 2 (dois) qualquer documento ou objeto existente na repartição;
anos. III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras,
§ 2º - Anualmente, o interessado deverá fazer prova, perante leituras ou outras atividades estranhas ao serviço;
a repartição a que esteja subordinado, de que está frequentando IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada;
regularmente o curso em que estiver matriculado. V - tratar de interesses particulares na repartição;

Noções de Administração Pública 33


APOSTILAS OPÇÃO

VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas
da repartição, ou tornar-se solidário com elas; notas de despacho, guias e outros documentos da receita, ou que
VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, tenham com eles relação; e
promover ou subscrever listas de donativos dentro da IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
repartição; e Fazenda Estadual.
VIII - empregar material do serviço público em serviço
particular. Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em
desacordo com disposições legais e regulamentares, será
Artigo 243 - É proibido ainda, ao funcionário: responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
Governo, por si, ou como representante de outrem; desconto no seu vencimento ou remuneração.
II - participar da gerência ou administração de empresas
bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que Artigo 247 - Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o
mantenham relações comerciais ou administrativas com o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a importância
Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou estejam do prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, remissão
diretamente relacionadas com a finalidade da repartição ou ou omissão em efetuar recolhimento ou entrada nos prazos
serviço em que esteja lotado; legais.
III - requerer ou promover a concessão de privilégios,
garantias de juros ou outros favores semelhantes, federais, Artigo 248 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a
estaduais ou municipais, exceto privilégio de invenção própria; importância da indenização poderá ser descontada do
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou vencimento ou remuneração não excedendo o desconto à 10ª
função em empresas, estabelecimentos ou instituições que (décima) parte do valor destes.
tenham relações com o Governo, em matéria que se relacione Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do
com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado; art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem repreensão e, na reincidência, a de suspensão.
autorização do Presidente da República;
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcionário
condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em que, fora dos casos expressamente previstos nas leis,
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de repartições, o desempenho de encargos que lhe competirem ou
sabotagem contra o serviço público; aos seus subordinados.
VIII - praticar a usura;
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime o
intermediário perante qualquer repartição pública, exceto funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no caso
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado,
grau; na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena disciplinar em
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de que incorrer.
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da
quando estiver em missão referente à compra de material ou civil e da criminal.
fiscalização de qualquer natureza; § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor
desempenhar atividade estranha às funções ou para lograr, absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do
direta ou indiretamente, qualquer proveito; e trânsito em julgado de decisão que negue a existência de sua
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte. autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.
Parágrafo único — Não está compreendida na proibição dos § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado
itens II e VI deste artigo, a participação do funcionário em para aguardar decisão judicial por despacho motivado da
sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim na direção autoridade competente para aplicar a pena.
ou gerência de cooperativas e associações de classe, ou como seu
sócio. TÍTULO VII
DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E DAS
Artigo 244 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
ordens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando CAPÍTULO I
se tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo Das Penalidades e de sua Aplicação
exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nessas condições.
Artigo 251 - São penas disciplinares:
CAPÍTULO II I - repreensão;
Das Responsabilidades II - suspensão;
III - multa;
Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os IV - demissão;
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por V - demissão a bem do serviço público; e
dolo ou culpa, devidamente apurados. VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade
Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a
responsabilidade: Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos
guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por que dela provierem para o serviço público.
não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis,
regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço; Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por escrito,
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres.
que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos
a seu exame ou fiscalização;

Noções de Administração Pública 34


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é
(noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do
reincidência. serviço público;
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
direitos decorrentes do exercício do cargo. III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá autorização do Presidente da República; e
converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquenta IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o
funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em serviço. Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no
artigo 251, são competentes:
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e nos I - o Governador;
casos expressamente previstos em lei ou regulamento. II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e
os Superintendentes de Autarquia;
Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de: III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
I - abandono de cargo; IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60
II - procedimento irregular, de natureza grave; (sessenta) dias; e
III - ineficiência no serviço; V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e
45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) diversidade de sanções, a competência será da autoridade
ano. responsável pela imposição da penalidade mais grave.
§ 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não
comparecimento do funcionário por mais de (30) dias Artigo 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
consecutivos ex-vi do art. 63. I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou multa,
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só será em 2 (dois) anos;
aplicada quando verificada a impossibilidade de readaptação. II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a bem
do serviço público e de cassação da aposentadoria ou
Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
serviço público ao funcionário que: III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa e de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5
de vício de jogos proibidos; (cinco) anos.
II - praticar crime contra a boa ordem da administração § 1º - A prescrição começa a correr:
pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis 1 - do dia em que a falta for cometida;
relativas à segurança e à defesa nacional. 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a
II - praticar ato definido como crime contra a administração permanência, nas faltas continuadas ou permanentes.
pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis § 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura
relativas à segurança e à defesa nacional; (NR) sindicância e a que instaura processo administrativo.
- Inciso II com redação dada pela Lei Complementar n° 942, § 3º - O lapso prescricional corresponde:
de 06/06/2003. 1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão efetivamente aplicada;
do cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o 2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em
Estado ou particulares; tese cabível.
IV - praticar insubordinação grave; § 4º - A prescrição não corre:
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para
ou particulares, salvo se em legítima defesa; aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250;
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou ser restabelecido.
vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio § 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
de outrem, ainda que fora de suas funções mas em razão delas; julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a individuais do servidor.
pessoas que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou § 6º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição
estejam sujeitos à sua fiscalização; deverá desde logo determinar, quando for o caso, as
IX - exercer advocacia administrativa; e providências necessárias à apuração da responsabilidade pela
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de sua ocorrência.
salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de
procedimento criminal, que no caso couber. Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar de
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu
XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigência.
Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em
valores; disponibilidade o disposto neste artigo.
XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento individual do
Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará funcionário todas as penas que lhe forem impostas.
sempre a disposição legal em que se fundamenta.
CAPÍTULO II
Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de Das Providências Preliminares
aposentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o
inativo: Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, tiver
conhecimento de irregularidade praticada por servidor é

Noções de Administração Pública 35


APOSTILAS OPÇÃO

obrigada a adotar providências visando à sua imediata CAPÍTULO II


apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. Da Sindicância

Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, de Artigo 272 - São competentes para determinar a
natureza simplesmente investigativa, quando a infração não instauração de sindicância as autoridades enumeradas no
estiver suficientemente caracterizada ou definida autoria. artigo 260.
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador do
de 30 (trinta) dias. Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial de
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade pessoal.
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete
relatório das diligências realizadas e definir o tempo necessário Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas
para o término dos trabalhos. nesta lei complementar para o processo administrativo, com as
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade seguintes modificações:
deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar
instauração de sindicância ou de processo administrativo. até 3 (três) testemunhas;
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60
Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância ou (sessenta) dias;
processo administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade
para a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, competente para a decisão.
por despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências:
I - afastamento preventivo do servidor, quando o CAPÍTULO III
recomendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato, Do Processo Administrativo
sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e
oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; Artigo 274 - São competentes para determinar a
II - designação do servidor acusado para o exercício de instauração de processo administrativo as autoridades
atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do enumeradas no artigo 260, até o inciso IV, inclusive.
procedimento;
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem
algemas; atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente
IV - proibição do porte de armas; consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do
estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. núcleo familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o
§ 1º - A autoridade que determinar a instauração ou presidir subordinado deste.
sindicância ou processo administrativo poderá representar ao
Chefe de Gabinete para propor a aplicação das medidas Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado
previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o
§ 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, por impedimento que houver.
despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas
previstas neste artigo. Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser
instaurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias
Artigo 267 - O período de afastamento preventivo computa- do recebimento da determinação, e concluído no de 90
se como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de (noventa) dias da citação do acusado.
suspensão eventualmente aplicada. § 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identificação
do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição
TÍTULO VIII sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas e a
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR penalidade mais elevada em tese cabível.
CAPÍTULO I § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o
Das Disposições Gerais Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente
encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando as
Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante providências faltantes e o tempo necessário para término dos
sindicância ou processo administrativo, assegurados o trabalhos.
contraditório e a ampla defesa. § 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a que se
refere o parágrafo anterior e das providências que houver
Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta adotado à autoridade que determinou a instauração do
disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de processo.
repreensão, suspensão ou multa.
Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças
Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo preexistentes, designará o presidente dia e hora para audiência
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar de interrogatório, determinando a citação do acusado e a
as penas de demissão, de demissão a bem do serviço público e de notificação do denunciante, se houver.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade. § 1º - O mandado de citação deverá conter:
1 - cópia da portaria;
Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos serão 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos por acompanhado pelo advogado do acusado;
Procurador do Estado confirmado na carreira. 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que
deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado;
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por
advogado dativo, caso não constitua advogado próprio;

Noções de Administração Pública 36


APOSTILAS OPÇÃO

5 - informação de que o acusado poderá arrolar por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas
testemunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a circunstâncias.
data designada para seu interrogatório; § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o
6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção
pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar deste artigo.
exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem como § 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa,
inassiduidade. será pela autoridade competente adotada a providência a que
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no se refere o artigo 262, mediante comunicação do presidente.
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do § 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha fora da
respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa ser sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias na forma
encontrado. da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se precatória
§ 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho ou no para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente.
endereço constante de seu assentamento individual, furtando-se § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
o acusado à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
far-se-á por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. seu testemunho.

Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca diversa
declarações, no interregno entre a data da citação e a fixada poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência,
para o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal fim. expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada pelo razoável, intimada a defesa.
advogado do acusado, próprio ou dativo. § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante; os esclarecimentos pretendidos, bem como a advertência sobre
antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das a necessidade da presença de advogado.
declarações que aquele houver prestado. § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução
do procedimento.
Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por § 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez
atos e termos do processo. devolvida, será juntada aos autos.

Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado
dativo. (NR) comparecerão à audiência designada independente de
notificação.
Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que o § 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento
representará em todos os atos e termos do processo. for relevante e que não comparecer espontaneamente.
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá
atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer substituí-la, se quiser, levando na mesma data designada para a
notificação. audiência outra testemunha, independente de notificação.
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário
Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscrição Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o
na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
necessários à identificação do procedimento. diligências que entenda convenientes.
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negando- § 1º - As informações necessárias à instrução do processo
se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação
dativo. hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos
§ 4º — O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir autos.
advogado para prosseguir na sua defesa. § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedimentos
Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao do artigo 275
interrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
produção de provas, ou apresentá-las. Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedimento
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5 administrativo permanecerão na repartição competente.
(cinco) testemunhas. § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do
exclusivamente por documentos, até as alegações finais. procedimento.
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para
audiência de instrução. manifestação do acusado ou para apresentação de recursos,
mediante publicação no Diário Oficial do Estado.
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela § 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação a que se
ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo refere o parágrafo anterior e desde que os autos estejam
acusado. efetivamente disponíveis para vista.
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu § 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos
comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior da repartição, mediante recibo, durante o prazo para
imediato com as indicações necessárias. manifestação de seu representado, salvo na hipótese de prazo
comum, de processo sob regime de segredo de justiça ou quando
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir-se de depor, existirem nos autos documentos originais de difícil restauração
salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência
legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, dos autos na repartição, reconhecida pela autoridade em
mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quando não for possível, despacho motivado.

Noções de Administração Pública 37


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo determinou a instauração do processo administrativo
presidente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos providenciará para que se instaure, simultaneamente, o
de nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem como inquérito policial.
as provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado fora
protelatórias. da esfera administrativa, a autoridade policial dará ciência dele
à autoridade administrativa.
Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgirem
fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução do
instauração de novo procedimento para sua apuração, ou, caso processo administrativo e do inquérito policial se auxiliarão
conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de para que os mesmos se concluam dentro dos prazos respectivos.
defesa.
Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for
Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos considerado criminoso, serão remetidas à autoridade
autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo competente cópias autenticadas das peças essenciais do
de 7 (sete) dias. processo.
Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações
finais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
novo prazo. processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou diretamente na decisão do processo ou
Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de sindicância.
10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais.
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse
provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou da Administração, a juízo do Secretário de Estado ou do
punição e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. Procurador Geral do Estado.
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de
quaisquer outras providências de interesse do serviço público. Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser
autoridade que determinou sua instauração. considerada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de
reincidência.
Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autoridade Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do serviço
que houver determinado sua instauração deverá, no prazo de 20 público acarretam a incompatibilidade para nova investidura
(vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar a realização em cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5 (cinco) e
de diligência, sempre que necessária ao esclarecimento de fatos. 10 (dez) anos, respectivamente.

Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade CAPÍTULO IV


encarregada do processo administrativo terá prazo de 15 Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e por
(quinze) dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para Inassiduidade
manifestar-se em 5 (cinco) dias.
Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço que
Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penalidades caracterizem abandono de cargo ou função, bem como
e providências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que inassiduidade, o superior imediato comunicará o fato à
determinou a instauração do processo administrativo deverá autoridade competente para determinar a instauração de
propô-las, justificadamente, dentro do prazo para julgamento, à processo disciplinar, instruindo a representação com cópia da
autoridade competente. ficha funcional do servidor e atestados de frequência.

Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determinará Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar
os atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se o
execução. servidor tiver pedido exoneração

Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadas no Diário Artigo 310 - Extingue-se o processo instaurado
Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem como exclusivamente para apurar abandono de cargo ou função, bem
averbadas no registro funcional do servidor. como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a data
designada para o interrogatório, ou por ocasião deste.
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior,
autuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, coação ilegal ou motivo legalmente justificável.
bem como certidões e compromissos.
§ 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na ordem CAPÍTULO V
cronológica da apresentação, rubricando o presidente as folhas Dos Recursos
acrescidas.
§ 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não conste do Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão
processo, nele deverão figurar por cópia. que aplicar penalidade.
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados
Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância ou do da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado
processo a folha de serviço do indiciado. ou da intimação pessoal do servidor, quando for o caso.
§ 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e
Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime, qualificação do recorrente, a exposição das razões de
praticado na esfera administrativa, a autoridade que inconformismo.

Noções de Administração Pública 38


APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou Disposições Finais


a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente,
manter sua decisão ou reformá-la. Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao
§ 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será "Funcionário Público Estadual".
imediatamente encaminhada a reexame pelo superior
hierárquico. Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão todos
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade competente contados por dias corridos.
ainda que incorretamente denominado ou endereçado. Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia inicial,
prorrogando-se o vencimento, que incidir em sábado, domingo,
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não feriado ou facultativo, para o primeiro dia útil seguinte.
poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do
Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. Artigo 324 - As disposições deste Estatuto se aplicam aos
extranumerários, exceto no que colidirem com a precariedade
Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei complementar de sua situação no Serviço Público.
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às
retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato Disposições Transitórias
punitivo.
Artigo 325 - Aplicam-se aos atuais funcionários interinos as
CAPÍTULO VI disposições deste Estatuto, salvo as que colidirem com a
Da Revisão natureza precária de sua investidura e, em especial, as relativas
a acesso, promoção, afastamentos, aposentadoria voluntária e
Artigo 315 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de às licenças previstas nos itens VI, VII e IX do artigo 181.
punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se surgirem
fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios Artigo 326 - Serão obrigatoriamente exonerados os
insanáveis de procedimento, que possam justificar redução ou ocupantes interinos de cargos para cujo provimento for
anulação da pena aplicada. realizado concurso.
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não Parágrafo único - As exonerações serão efetivadas dentro de
constitui fundamento do pedido. 30 (trinta) dias, após a homologação do concurso.
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo
fundamento. Artigo 327 (revogado)
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo
serão indeferidos. Artigo 328 - Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder-se-
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. á ao levantamento geral das atuais funções gratificadas, para
efeito de implantação de novo sistema retribuitório dos
Artigo 316 - A pena imposta não poderá ser agravada pela encargos por elas atendidos.
revisão. Parágrafo único - Até a implantação do sistema de que trata
este artigo, continuarão em vigor as disposições legais
Artigo 317 - A instauração de processo revisional poderá ser referentes à função gratificada.
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido
ou incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente, Artigo 329 - Ficam expressamente revogadas:
descendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabeleçam
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que contagem de tempo em divergência com o disposto no Capítulo
o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda XV do Título II, ressalvada, todavia, a contagem, nos termos da
produzir. legislação ora revogada, do tempo de serviço prestado
anteriormente ao presente Estatuto;
Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou que II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as demais
a tiver confirmado em grau de recurso, será competente para o disposições atinentes aos extranumerários; e
exame da admissibilidade do pedido de revisão, bem como, caso III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
deferido o processamento, para a sua decisão final.
Artigo 330 - Vetado.
Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será este
realizado por Procurador de Estado que não tenha funcionado Artigo 331 - Revogam-se as disposições em contrário.
no procedimento disciplinar de que resultou a punição do
requerente. Questões

Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente providenciará o 01. (TJ/SP – Escrevente – VUNESP/2017) Dentre os
apensamento dos autos originais e notificará o requerente para, deveres estabelecidos pelo Estatuto dos Funcionários Públicos
no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou Civis do Estado de São Paulo, encontra-se previsto
requerer outras provas que pretenda produzir. expressamente o dever de
Parágrafo único - No processamento da revisão serão (A) levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
observadas as normas previstas nesta lei complementar para o do cargo ao conhecimento da primeira autoridade com a qual
processo administrativo. tiver contato.
(B) prestar, ao público em geral, as informações requeridas
Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas.
poderá alterar a classificação da infração, absolver o punido, (C) estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos,
modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas
direitos atingidos pela decisão reformada. funções.
(D) atender com urgência e preferência à expedição de
certidões requeridas para defesa de direito ou para
esclarecimento de situações de interesse pessoal.

Noções de Administração Pública 39


APOSTILAS OPÇÃO

(E) cumprir as ordens superiores, mesmo quando (C) participar da gerência de sociedades comerciais,
manifestamente ilegais, cabendo, nesse caso, todavia, mesmo daquelas que não mantenham relações comerciais ou
representar contra elas. administrativas com o Governo do Estado.
(D) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego
02. (TJ/SP – Escrevente – VUNESP/2017) Escrevente ou função em qualquer tipo de empresa.
Técnico Judiciário apresenta recurso de multa de trânsito, (E) empregar material do serviço público em serviço
recebida por seu esposo, perante o Departamento de Trânsito particular.
do Estado de São Paulo – DETRAN.
De acordo com o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis Gabarito
do Estado de São Paulo, a conduta descrita é 01. C / 02. A / 03. E / 04. D / 05. E
(A) permitida, pois o funcionário pode, excepcionalmente,
ser procurador ou servir de intermediário perante qualquer
repartição pública, quando se tratar de interesse de cônjuge ou
parente até segundo grau. 4. LEI Nº 10.177/98 –
(B) proibida, pois ao funcionário público é vedado Regula o processo
peticionar perante qualquer repartição pública, não podendo administrativo no âmbito da
requerer, representar, pedir reconsideração ou recorrer de
decisões, ainda que em nome próprio. Administração Pública
(C) proibida, pois o funcionário público pode exercer o Estadual.
direito de petição perante quaisquer repartições públicas, mas
somente em nome próprio, não podendo representar
terceiros.
(D) indiferente ao Estatuto, que nada prevê em relação à LEI N.º 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO DE 199810
possibilidade do funcionário público peticionar, em nome
próprio ou de terceiros, perante repartições públicas. Regula o processo administrativo no âmbito da
(E) permitida, pois o Estatuto expressamente permite que Administração Pública Estadual.
o funcionário público exerça o direito de petição em nome
próprio ou de qualquer terceiro. O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
03. (TJ/SP – Escrevente – VUNESP/2017) Considere a promulgo a seguinte lei:
seguinte situação hipotética:
Funcionário público comete erro de cálculo, o que leva ao TÍTULO I
recolhimento de valor menor do que o devido para a Fazenda Das Disposições Preliminares
Pública Estadual. A responsabilização prescrita pelo Estatuto
dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, nesse Artigo 1.º - Esta lei regula os atos e procedimentos
caso, determina que administrativos da Administração Pública centralizada e
(A) o funcionário seja obrigado a repor, de uma só vez, a descentralizada do Estado de São Paulo, que não tenham
importância do prejuízo causado, sem prejuízo das sanções disciplina legal específica.
penais cabíveis. Parágrafo único - Considera-se integrante da Administração
(B) haja instauração de processo administrativo descentralizada estadual toda pessoa jurídica controlada ou
disciplinar e, comprovado o prejuízo, seja aplicada a pena de mantida, direta ou indiretamente, pelo Poder Público estadual,
demissão, independentemente de ter agido o funcionário com seja qual for seu regime jurídico.
má-fé ou não.
(C) seja o caso remetido aos juízos civil e criminal, Artigo 2.º - As normas desta lei aplicam-se subsidiariamente
aguardando a resolução de ambos para decidir acerca da aos atos e procedimentos administrativos com disciplina legal
conduta administrativa cabível. específica.
(D) o valor do prejuízo seja apurado e descontado do
vencimento ou remuneração mensal, não excedendo o Artigo 3.º - Os prazos fixados em normas legais específicas
desconto a 30% (trinta por cento) do valor desses. prevalecem sobre os desta lei.
(E) não tendo havido má-fé, seja aplicada a pena de
repreensão e, na reincidência, a de suspensão. TÍTULO II
Dos Princípios da Administração Pública
04. (MPE-SP - Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Artigo 4.º - A Administração Pública atuará em obediência
Paulo prevê, entre outras, como penas disciplinares: aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
(A) readmissão e transferência. publicidade, razoabilidade, finalidade, interesse público e
(B) reversão ao serviço ativo e transferência. motivação dos atos administrativos.
(C) multa e reversão ao serviço ativo.
(D) repreensão e multa. Artigo 5.º - A norma administrativa deve ser interpretada e
(E) reintegração e demissão. aplicada da forma que melhor garanta a realização do fim
público a que se dirige.
05. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP) A Lei n°
10.261/68 dispõe que ao funcionário público é proibido: Artigo 6.º - Somente a lei poderá:
(A) fazer parte dos quadros sociais de qualquer tipo de I - criar condicionamentos aos direitos dos particulares ou
sociedade comercial. impor-lhes deveres de qualquer espécie; e
(B) deixar de comparecer ao serviço, mesmo que por causa II - prever infrações ou prescrever sanções.
justificada.

10https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1998/lei-10177-
30.12.1998.html. Acesso em 15/08/2018 às 12h16min.

Noções de Administração Pública 40


APOSTILAS OPÇÃO

TÍTULO III legal específica, a outras autoridades administrativas, a


Dos Atos Administrativos Portaria;
CAPÍTULO I b) à todas as autoridades ou agentes da Administração, os
Disposição Preliminar demais atos administrativos, tais como Ofícios, Ordens de
Serviço, Instruções e outros.
Artigo 7.º - A Administração não iniciará qualquer atuação § 1.º - Os atos administrativos, excetuados os decretos, aos
material relacionada com a esfera jurídica dos particulares sem quais se refere a Lei Complementar n. 60, de 10 de julho de 1972,
a prévia expedição do ato administrativo que lhe sirva de e os referidos no Artigo 14 desta lei, serão numerados em séries
fundamento, salvo na hipótese de expressa previsão legal. próprias, com renovação anual, identificando-se pela sua
denominação, seguida da sigla do órgão ou entidade que os
CAPÍTULO II tenha expedido.
Da Invalidade dos Atos § 2.º - Aplica-se na elaboração dos atos administrativos, no
que couber, o disposto na Lei Complementar n. 60, de 10 de julho
Artigo 8.º - São inválidos os atos administrativos que de 1972.
desatendam os pressupostos legais e regulamentares de sua Artigo 13 - Os atos administrativos produzidos por escrito
edição, ou os princípios da Administração, especialmente nos indicarão a data e o local de sua edição, e conterão a
casos de: identificação nominal, funcional e a assinatura da autoridade
I - incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de que responsável.
emane; Artigo 14 - Os atos de conteúdo normativo e os de caráter
II - omissão de formalidades ou procedimentos essenciais; geral serão numerados em séries específicas, seguidamente, sem
III - impropriedade do objeto; renovação anual.
IV - inexistência ou impropriedade do motivo de fato ou de Artigo 15 - Os regulamentos serão editados por decreto,
direito; observadas as seguintes regras:
V - desvio de poder; I - nenhum regulamento poderá ser editado sem base em lei,
VI - falta ou insuficiência de motivação. nem prever infrações, sanções, deveres ou condicionamentos de
Parágrafo único - Nos atos discricionários, será razão de direitos nela não estabelecidos;
invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o II - os decretos serão referendados pelos Secretários de
conteúdo do ato, tendo em vista sua finalidade. Estado em cuja área de atuação devam incidir, ou pelo
Procurador Geral do Estado, quando for o caso;
Artigo 9.º - A motivação indicará as razões que justifiquem III - nenhum decreto regulamentar será editado sem
a edição do ato, especialmente a regra de competência, os exposição de motivos que demonstre o fundamento legal de sua
fundamentos de fato e de direito e a finalidade objetivada. edição, a finalidade das medidas adotadas e a extensão de seus
Parágrafo único - A motivação do ato no procedimento efeitos;
administrativo poderá consistir na remissão a pareceres ou IV - as minutas de regulamento serão obrigatoriamente
manifestações nele proferidos. submetidas ao órgão jurídico competente, antes de sua
apreciação pelo Governador do Estado.
Artigo 10 - A Administração anulará seus atos inválidos, de
ofício ou por provocação de pessoa interessada, salvo quando: CAPÍTULO IV
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de sua Da Publicidade dos Atos
produção;
II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo; Artigo 16 - Os atos administrativos, inclusive os de caráter
III - forem passíveis de convalidação. geral, entrarão em vigor na data de sua publicação, salvo
disposição expressa em contrário.
Artigo 11 - A Administração poderá convalidar seus atos
inválidos, quando a invalidade decorrer de vício de competência Artigo 17 - Salvo norma expressa em contrário, a
ou de ordem formal, desde que: publicidade dos atos administrativos consistirá em sua
I - na hipótese de vício de competência, a convalidação seja publicação no Diário Oficial do Estado, ou, quando for o caso, na
feita pela autoridade titulada para a prática do ato, e não se citação, notificação ou intimação do interessado.
trate de competência indelegável; Parágrafo único - A publicação dos atos sem conteúdo
II - na hipótese de vício formal, este possa ser suprido de normativo poderá ser resumida.
modo eficaz.
§ 1.º - Não será admitida a convalidação quando dela CAPÍTULO V
resultar prejuízo à Administração ou a terceiros ou quando se Do Prazo para a Produção dos Atos
tratar de ato impugnado.
§ 2.º - A convalidação será sempre formalizada por ato Artigo 18 - Será de 60 (sessenta) dias, se outra não for a
motivado. determinação legal, o prazo máximo para a prática de atos
administrativos isolados, que não exijam procedimento para sua
CAPÍTULO III prolação, ou para a adoção, pela autoridade pública, de outras
Da Formalização dos Atos providências necessárias à aplicação de lei ou decisão
administrativa.
Artigo 12 - São atos administrativos: Parágrafo único - O prazo fluirá a partir do momento em
I - de competência privativa: que, à vista das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a
a) do Governador do Estado, o Decreto; produção do ato ou a adoção da medida, permitida
b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do Estado prorrogação, quando cabível, mediante proposta justificada.
e dos Reitores das Universidades, a Resolução;
c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
II - de competência comum:
a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Serviço;
as autoridades policiais; aos dirigentes das entidades
descentralizadas, bem como, quando estabelecido em norma

Noções de Administração Pública 41


APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO VI procedimento administrativo, poderá requisitá-las diretamente,


Da Delegação e da Avocação sem observância da vinculação hierárquica, mediante ofício, do
qual uma cópia será juntada aos autos.
Artigo 19 - Salvo vedação legal, as autoridades superiores
poderão delegar a seus subordinados a prática de atos de sua Artigo 27 - Durante a instrução, os autos do procedimento
competência ou avocar os de competência destes. administrativo permanecerão na repartição competente.

Artigo 20 - São indelegáveis, entre outras hipóteses Artigo 28 - Quando a matéria do processo envolver assunto
decorrentes de normas específicas: de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
I - a competência para a edição de atos normativos que despacho motivado, autorizar consulta pública para
regulem direitos e deveres dos administrados; manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
II - as atribuições inerentes ao caráter político da houver prejuízo para a parte interessada.
autoridade; § 1.º - A abertura da consulta pública será objeto de
III - as atribuições recebidas por delegação, salvo divulgação pelos meios oficiais, a fim de que os autos possam ser
autorização expressa e na forma por ela determinada; examinados pelos interessados, fixando-se prazo para
IV - a totalidade da competência do órgão; oferecimento de alegações escritas.
V - as competências essenciais do órgão, que justifiquem sua § 2.º - O comparecimento à consulta pública não confere, por
existência. si, a condição de interessado no processo, mas constitui o direito
Parágrafo único - O órgão colegiado não pode delegar suas de obter da Administração resposta fundamentada.
funções, mas apenas a execução material de suas deliberações.
Artigo 29 - Antes da tomada de decisão, a juízo da
TITULO IV autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser
Dos Procedimentos Administrativos realizada audiência pública para debates sobre a matéria do
CAPÍTULO I processo.
Normas Gerais
Seção I Artigo 30 - Os órgãos e entidades administrativas, em
Dos Princípios matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de
participação dos administrados, diretamente ou por meio de
Artigo 21 - Os atos da Administração serão precedidos do organizações e associações legalmente reconhecidas.
procedimento adequado à sua validade e à proteção dos direitos
e interesses dos particulares. Artigo 31 - Os resultados da consulta e audiência pública e
de outros meios de participação dos administrados deverão ser
Artigo 22 - Nos procedimentos administrativos observar-se- acompanhados da indicação do procedimento adotado.
ão, entre outros requisitos de validade, a igualdade entre os
administrados e o devido processo legal, especialmente quanto Seção IV
à exigência de publicidade, do contraditório, ampla defesa e, Dos Prazos
quando for o caso, do despacho ou decisão motivados.
§ 1.º - Para atendimento dos princípios previstos neste Artigo 32 - Quando outros não estiverem previstos nesta lei
artigo, serão assegurados às partes o direito de emitir ou em disposições especiais, serão obedecidos os seguintes
manifestação, de oferecer provas e acompanhar sua produção, prazos máximos nos procedimentos administrativos:
de obter vista e de recorrer. I - para autuação, juntada aos autos de quaisquer elementos,
§ 2.º - Somente poderão ser recusadas, mediante decisão publicação e outras providências de mero expediente: 2 (dois)
fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando dias;
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. II - para expedição de notificação ou intimação pessoal: 6
(seis) dias;
Seção II III - para elaboração e apresentação de informes sem
Do Direito de Petição caráter técnico ou jurídico: 7 (sete) dias;
IV - para elaboração e apresentação de pareceres ou
Artigo 23 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou informes de caráter técnico ou jurídico: 20 (vinte) dias,
jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição prorrogáveis por 10 (dez) dias quando a diligência requerer o
contra ilegalidade ou abuso de poder e para a defesa de direitos. deslocamento do agente para localidade diversa daquela onde
Parágrafo único - As entidades associativas, quando tem sua sede de exercício;
expressamente autorizadas por seus estatutos ou por ato V - para decisões no curso do procedimento: 7 (sete) dias;
especial, e os sindicatos poderão exercer o direito de petição, em VI - para manifestações do particular ou providências a seu
defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais de seus cargo: 7 (sete) dias;
membros. VII - para decisão final: 20 (vinte) dias;
VIII - para outras providências da Administração: 5 (cinco)
Artigo 24 - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá dias.
recusar-se a protocolar a petição, sob pena de responsabilidade § 1.º - O prazo fluirá a partir do momento em que, à vista das
do agente. circunstâncias, tornar-se logicamente possível a produção do
ato ou a adoção da providência.
Seção III § 2.º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser, caso a
Da Instrução caso, prorrogados uma vez, por igual período, pela autoridade
superior, à vista de representação fundamentada do agente
Artigo 25 - Os procedimentos serão impulsionados e responsável por seu cumprimento.
instruídos de ofício, atendendo-se à celeridade, economia,
simplicidade e utilidade dos trâmites. Artigo 33 - O prazo máximo para decisão de requerimentos
de qualquer espécie apresentados à Administração será de 120
Artigo 26 - O órgão ou entidade da Administração estadual (cento e vinte) dias, se outro não for legalmente estabelecido.
que necessitar de informações de outro, para instrução de

Noções de Administração Pública 42


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1.º - Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado Artigo 40 - Salvo disposição legal em contrário, a instância
poderá considerar rejeitado o requerimento na esfera máxima para o recurso administrativo será:
administrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em I - na Administração centralizada, o Secretário de Estado ou
contrário. autoridade a ele equiparada, excetuados os casos em que o ato
§ 2.º - Quando a complexidade da questão envolvida não tenha sido por ele praticado originariamente; e
permitir o atendimento do prazo previsto neste artigo, a II - na Administração descentralizada, o dirigente superior
autoridade cientificará o interessado das providências até então da pessoa jurídica.
tomadas, sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior. Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica ao
§ 3.º - O disposto no § 1.° deste artigo não desonera a recurso previsto no Artigo 38.
autoridade do dever de apreciar o requerimento.
Seção III
Seção V Das Situações Especiais
Da Publicidade
Artigo 41 - São irrecorríveis, na esfera administrativa, os
Artigo 34 - No curso de qualquer procedimento atos de mero expediente ou preparatórios de decisões.
administrativo, as citações, intimações e notificações, quando
feitas pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento, Artigo 42 - Contra decisões tomadas originariamente pelo
observarão as seguintes regras: Governador do Estado ou pelo dirigente superior de pessoa
I - constitui ônus do requerente informar seu endereço para jurídica da Administração descentralizada, caberá pedido de
correspondência, bem como alterações posteriores; reconsideração, que não poderá ser renovado, observando-se, no
II - considera-se efetivada a intimação ou notificação por que couber, o regime do recurso hierárquico.
carta com sua entrega no endereço fornecido pelo interessado; Parágrafo único - O pedido de reconsideração só será
III - será obrigatoriamente pessoal a citação do acusado, em admitido se contiver novos argumentos, e será sempre dirigido
procedimento sancionatório, e a intimação do terceiro à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a decisão.
interessado, em procedimento de invalidação;
IV - na citação, notificação ou intimação pessoal, caso o Seção IV
destinatário se recuse a assinar o comprovante de recebimento, Dos Requisitos da Petição de Recurso
o servidor encarregado certificará a entrega e a recusa;
V - quando o particular estiver representado nos autos por Artigo 43 - A petição de recurso observará os seguintes
procurador, a este serão dirigidas as notificações e intimações, requisitos:
salvo disposição em contrário. I - será dirigida à autoridade recorrida e protocolada no
Parágrafo único - Na hipótese do inciso III, não encontrado órgão a que esta pertencer;
o interessado, a citação ou a intimação serão feitas por edital II - trará a indicação do nome, qualificação e endereço do
publicado no Diário Oficial do Estado. recorrente;
III - conterá exposição, clara e completa, das razões da
Artigo 35 - Durante a instrução, será concedida vista dos inconformidade.
autos ao interessado, mediante simples solicitação, sempre que Artigo 44 - Salvo disposição legal em contrário, o prazo para
não prejudicar o curso do procedimento. apresentação de recurso ou pedido de reconsideração será de 15
Parágrafo único - A concessão de vista será obrigatória, no (quinze) dias contados da publicação ou notificação do ato.
prazo para manifestação do interessado ou para apresentação Artigo 45 - Conhecer-se-á do recurso erroneamente
de recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. designado, quando de seu conteúdo resultar induvidosa a
impugnação do ato.
Artigo 36 - Ao advogado e assegurado o direito de retirar os
autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para Seção V
manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese de prazo Dos Efeitos dos Recursos
comum.
Artigo 46 - O recurso será recebido no efeito meramente
CAPÍTULO II devolutivo, salvo quando:
Dos Recursos I - houver previsão legal ou regulamentar em contrário; e
Seção I II - além de relevante seu fundamento, da execução do ato
Da Legitimidade para Recorrer recorrido, se provido, puder resultar a ineficácia da decisão
final.
Artigo 37 - Todo aquele que for afetado por decisão Parágrafo único - Na hipótese do inciso II, o recorrente
administrativa poderá dela recorrer, em defesa de interesse ou poderá requerer, fundamentadamente, em petição anexa ao
direito. recurso, a concessão do efeito suspensivo.

Artigo 38 - À Procuradoria Geral do Estado compete Seção VI


recorrer, de ofício, de decisões que contrariarem Súmula Da Tramitação dos Recursos
Administrativa ou Despacho Normativo do Governador do
Estado, sem prejuízo da possibilidade de deflagrar, de ofício, o Artigo 47 - A tramitação dos recursos observará as seguintes
procedimento invalidatório pertinente, nas hipóteses em que já regras:
tenha decorrido o prazo recursal. I - a petição será juntada aos autos em 2 (dois) dias,
contados da data de seu protocolo;
Seção II II - quando os autos em que foi produzida a decisão recorrida
Da Competência para Conhecer do Recurso tiverem de permanecer na repartição de origem para quaisquer
outras providências cabíveis, o recurso será autuado em
Artigo 39 - Quando norma legal não dispuser de outro modo, separado, trasladando-se cópias dos elementos necessários;
será competente para conhecer do recurso a autoridade III - requerida a concessão de efeito suspensivo, a autoridade
imediatamente superior àquela que praticou o ato. recorrida apreciará o pedido nos 5 (cinco) dias subsequentes;

Noções de Administração Pública 43


APOSTILAS OPÇÃO

IV - havendo outros interessados representados nos autos, I - protocolado o expediente, o órgão que o receber
serão estes intimados, com prazo comum de 15 (quinze) dias, providenciará a autuação e seu encaminhamento à repartição
para oferecimento de contrarrazões; competente, no prazo de 2 (dois) dias;
V - com ou sem contrarrazões, os autos serão submetidos ao II - o requerimento será desde logo indeferido, se não
órgão jurídico, para elaboração de parecer, no prazo máximo de atender aos requisitos dos incisos I a IV do artigo anterior,
20 (vinte) dias, salvo na hipótese do Artigo 38; notificando-se o requerente;
VI - a autoridade recorrida poderá reconsiderar seu ato, nos III - se o requerimento houver sido dirigido a órgão
7 (sete) dias subsequentes; incompetente, este providenciará seu encaminhamento à
VII - mantido o ato, os autos serão encaminhados à unidade adequada, notificando-se o requerente;
autoridade competente para conhecer do recurso, para decisão, IV - a autoridade determinará as providências adequadas à
em 30 (trinta) dias. instrução dos autos, ouvindo, em caso de dúvida quanto à
§ 1.º - As decisões previstas nos incisos III, VI e VII serão matéria jurídica, o órgão de consultoria jurídica;
encaminhadas, em 2 (dois) dias, à publicação no Diário Oficial V - quando os elementos colhidos puderem conduzir ao
do Estado. indeferimento, o requerente será intimado, com prazo de 7
§ 2.º - Da decisão prevista no inciso III, não caberá recurso (sete) dias, para manifestação final;
na esfera administrativa. VI - terminada a instrução, a autoridade decidirá, em
Artigo 48 - Os recursos dirigidos ao Governador do Estado despacho motivado, nos 20 (vinte) dias subsequentes;
serão, previamente, submetidos à Procuradoria Geral do Estado VII - da decisão caberá recurso hierárquico.
ou ao órgão de consultoria jurídica da entidade descentralizada,
para parecer, a ser apresentado no prazo máximo de 20 (vinte) Artigo 56 - Quando duas ou mais pessoas pretenderem da
dias. Administração o reconhecimento ou atribuição de direitos que
se excluam mutuamente, será instaurado procedimento
Seção VII administrativo para a decisão, com observância das normas do
Da Decisão e seus Efeitos artigo anterior, e das ditadas pelos princípios da igualdade e do
contraditório.
Artigo 49 - A decisão de recurso não poderá, no mesmo
procedimento, agravar a restrição produzida pelo ato ao Seção II
interesse do recorrente, salvo em casos de invalidação. Do Procedimento de Invalidação

Artigo 50 - Ultrapassado, sem decisão, o prazo de 120 (cento Artigo 57 - Rege-se pelo disposto nesta Seção o
e vinte) dias contado do protocolo do recurso que tramite sem procedimento para invalidação de ato ou contrato
efeito suspensivo, o recorrente poderá considerá-lo rejeitado na administrativo e, no que couber, de outros ajustes.
esfera administrativa.
§ 1.º - No caso do pedido de reconsideração previsto no Artigo 58 - O procedimento para invalidação provocada
Artigo 42, o prazo para a decisão será de 90 (noventa) dias. observará as seguintes regras:
§ 2.º - O disposto neste artigo não desonera a autoridade do I - o requerimento será dirigido à autoridade que praticou o
dever de apreciar o recurso. ato ou firmou o contrato, atendidos os requisitos do Artigo 54;
II - recebido o requerimento, será ele submetido ao órgão de
Artigo 51 - Esgotados os recursos, a decisão final tomada em consultoria jurídica para emissão de parecer, em 20 (vinte) dias;
procedimento administrativo formalmente regular não poderá III - o órgão jurídico opinará sobre a procedência ou não do
ser modificada pela Administração, salvo por anulação ou pedido, sugerindo, quando for o caso, providências para a
revisão, ou quando o ato, por sua natureza, for revogável. instrução dos autos e esclarecendo se a eventual invalidação
atingirá terceiros;
CAPÍTULO III IV - quando o parecer apontar a existência de terceiros
Dos Procedimentos em Espécie interessados, a autoridade determinará sua intimação, para, em
Seção I 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito;
Do Procedimento de Outorga V - concluída a instrução, serão intimadas as partes para, em
7 (sete) dias, apresentarem suas razões finais;
Artigo 52 - Regem-se pelo disposto nesta Seção os pedidos de VI - a autoridade, ouvindo o órgão jurídico, decidirá em 20
reconhecimento, de atribuição ou de liberação do exercício do (vinte) dias, por despacho motivado, do qual serão intimadas as
direito. partes;
VII - da decisão, caberá recurso hierárquico.
Artigo 53 - A competência para apreciação do requerimento
será do dirigente do órgão ou entidade encarregados da matéria Artigo 59 - O procedimento para invalidação ofício
versada, salvo previsão legal ou regulamentar em contrário. observará as seguintes regras:
I - quando se tratar da invalidade de ato ou contrato, a
Artigo 54 - O requerimento será dirigido à autoridade autoridade que o praticou, ou seu superior hierárquico,
competente para sua decisão, devendo indicar: submeterá o assunto ao órgão de consultoria jurídica;
I - o nome, a qualificação e o endereço do requerente; II - o órgão jurídico opinará sobre a validade do ato ou
II - os fundamentos de fato e de direito do pedido; contrato, sugerindo, quando for o caso, providências para
III - a providência pretendida; instrução dos autos, e indicará a necessidade ou não da
IV - as provas em poder da Administração que o requerente instauração de contraditório, hipótese em que serão aplicadas
pretende ver juntadas aos autos. as disposições dos incisos IV a VII do artigo anterior.
Parágrafo único - O requerimento será desde logo instruído
com a prova documental de que o interessado disponha. Artigo 60 - No curso de procedimento de invalidação, a
autoridade poderá, de ofício ou em face de requerimento,
Artigo 55 - A tramitação dos requerimentos de que trata esta suspender a execução do ato ou contrato, para evitar prejuízos
Seção observará as seguintes regras: de reparação onerosa ou impossível.

Noções de Administração Pública 44


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 61 - Invalidado o ato ou contrato, a administração concorda com as condição contidas neste artigo e no
tomará as providências necessárias para desfazer os efeitos subsequente;
produzidos, salvo quanto a terceiros de boa- fé, determinando a IV - o procedimento, dirigido por Procurador do Estado,
apuração de eventuais responsabilidades. observará as regras do Artigo 55;
V - a decisão do requerimento caberá ao Procurador Geral
Seção III do Estado ou ao dirigente da entidade descentralizada, que
Do Procedimento Sancionatório recorrerão de ofício ao Governador, nas hipóteses previstas em
regulamento;
Artigo 62 - Nenhuma sanção administrativa será aplicada à VI - acolhido em definitivo o pedido, total ou parcialmente,
pessoa física ou jurídica pela administração Pública, sem que lhe será feita, em 15 (quinze) dias, a inscrição, em registro
seja assegurada ampla defesa, em procedimento sancionatório. cronológico, do valor atualizado do débito, intimando-se o
Parágrafo único - No curso do procedimento ou, em caso de interessado;
extrema urgência, antes dele, a Administração poderá adotar as VII - a ausência de manifestação expressa do interessado, em
medidas cautelares estritamente indispensáveis à eficácia do 10 (dez) dias, contados da intimação, implicará em
ato final. concordância com o valor inscrito; caso não concorde com esse
valor, o interessado poderá, no mesmo prazo, apresentar
Artigo 63 - O procedimento sancionatório observará, salvo desistência, cancelando-se a inscrição e arquivando-se os autos;
legislação específica, as seguintes regras: VIII - os débitos inscritos até 1.° de julho serão pagos até o
I - verificada a ocorrência de infração administrativa, será último dia útil do exercício seguinte, à conta de dotação
instaurado o respectivo procedimento para sua apuração; orçamentária específica;
II - o ato de instauração, expedido pela autoridade IX - o depósito, em conta aberta em favor do interessado, do
competente, indicará os fatos em que se baseia e as normas valor inscrito, atualizado monetariamente até o mês do
pertinentes à infração e à sanção aplicável; pagamento, importará em quitação do débito;
III - o acusado será citado ou intimado, com cópia do ato de X - o interessado, mediante prévia notificação à
instauração, para, em 15 (quinze) dias, oferecer sua defesa e Administração, poderá considerar indeferido seu requerimento
indicar as provas que pretende produzir; caso o pagamento não se realize na forma e no prazo previstos
IV - caso haja requerimento para produção de provas, a nos incisos VIII e IX.
autoridade apreciará sua pertinência, em despacho motivado; § 1.º - Quando o interessado utilizar-se da faculdade prevista
V - o acusado será intimado para: nos incisos VII, parte final, e X, perderá qualquer efeito o ato que
a) manifestar-se, em 7 (sete) dias, sobre os documentos tiver acolhido o pedido, não se podendo invocá-lo como
juntados aos autos pela autoridade, se maior prazo não lhe for reconhecimento da responsabilidade administrativa.
assinado em face da complexidade da prova; § 2.º - Devidamente autorizado pelo Governador, o
b) acompanhar a produção das provas orais, com Procurador Geral do Estado poderá delegar, no âmbito da
antecedência mínima de 2 (dois) dias; Administração centralizada, a competência prevista no inciso V,
c) formular quesitos e indicar assistente técnico, quando hipótese em que o delegante tornar-se-á a instância máxima de
necessária prova pericial, em 7 (sete) dias; recurso.
d) concluída a instrução, apresentar, em 7 (sete) dias, suas
alegações finais; Artigo 66 - Nas indenizações pagas nos termos do artigo
VI - antes da decisão, será ouvido o órgão de consultoria anterior, não incidirão juros, honorários advocatícios ou
jurídica; qualquer outro acréscimo.
VII - a decisão, devidamente motivada, será proferida no
prazo máximo de 20 (vinte) dias, notificando-se o interessado Artigo 67 - Na hipótese de condenação definitiva do Estado
por publicação no Diário Oficial do Estado; ao ressarcimento de danos, deverá o fato ser comunicado ao
VIII - da decisão caberá recurso. Procurador Geral do Estado, no prazo de 15 (quinze) dias, pelo
órgão encarregado de oficiar no feito, sob pena de
Artigo 64 - O procedimento sancionatório será sigiloso até responsabilidade.
decisão final, salvo em relação ao acusado, seu procurador ou
terceiro que demonstre legítimo interesse. Artigo 68 - Recebida a comunicação, o Procurador Geral do
Parágrafo único - Incidirá em infração disciplinar grave o Estado, no prazo de 10 (dez) dias, determinará a instauração de
servidor que, por qualquer forma, divulgar irregularmente procedimento, cuja tramitação obedecerá o disposto na Seção
informações relativas à acusação, ao acusado ou ao III para apuração de eventual responsabilidade civil de agente
procedimento. público, por culpa ou dolo.
Parágrafo único - O Procurador Geral do Estado, de ofício,
Seção IV determinará a instauração do procedimento previsto neste
Do Procedimento de Reparação de Danos artigo, quando na forma do Artigo 65, a Fazenda houver
ressarcido extrajudicialmente o particular.
Artigo 65 - Aquele que pretender, da Fazenda Pública,
ressarcimento por danos causados por agente público, agindo Artigo 69 - Concluindo-se pela responsabilidade civil do
nessa qualidade, poderá requerê-lo administrativamente, agente, será ele intimado para, em 30 (trinta) dias, recolher aos
observadas as seguintes regras: cofres públicos o valor do prejuízo suportado pela Fazenda,
I - o requerimento será protocolado na Procuradoria Geral atualizado monetariamente.
do Estado, até 5 (cinco) anos contados do ato ou fato que houver
dado causa ao dano; Artigo 70 - Vencido, sem o pagamento, o prazo estipulado no
II - o protocolo do requerimento suspende, nos termos da artigo anterior, será proposta, de imediato, a respectiva ação
legislação pertinente, a prescrição da ação de responsabilidade judicial para cobrança do débito.
contra o Estado, pelo período que durar sua tramitação;
III - o requerimento conterá os requisitos do Artigo 54, Artigo 71 - Aplica-se o disposto nesta Seção às entidades
devendo trazer indicação precisa do montante atualizado da descentralizadas, observada a respectiva estrutura
indenização pretendida, e declaração de que o interessado administrativa.

Noções de Administração Pública 45


APOSTILAS OPÇÃO

Seção V Artigo 79 - Os dados existentes, cujo conhecimento houver


Do Procedimento para Obtenção de Certidão sido ocultado ao interessado, quando de sua solicitação de
informações, não poderão, em hipótese alguma, ser utilizados
Artigo 72 - É assegurada, nos termos do Artigo 5°, XXXIV, "b", em quaisquer procedimentos que vierem a ser contra o mesmo
da Constituição Federal, a expedição de certidão sobre atos, instaurados.
contratos, decisões ou pareceres constantes de registros ou
autos de procedimentos em poder da Administração Pública, Artigo 80 - Os órgãos ou entidades da Administração, ao
ressalvado o disposto no Artigo 75. coletar informações, devem esclarecer aos interessados:
Parágrafo único - As certidões serão expedidas sob a forma I - o caráter obrigatório ou facultativo das respostas;
de relato ou mediante cópia reprográfica dos elementos II - as consequências de qualquer incorreção nas respostas;
pretendidos. III - os órgãos aos quais se destinam as informações; e
IV - a existência do direito de acesso e de retificação das
Artigo 73 - Para o exercício do direito previsto no artigo informações.
anterior, o interessado deverá protocolar requerimento no Parágrafo único - Quando as informações forem colhidas
órgão competente, independentemente de qualquer pagamento, mediante questionários impressos, devem eles conter os
especificando os elementos que pretende ver certificados. esclarecimentos de que trata este artigo.

Artigo 74 - O requerimento será apreciado, em 5 (cinco) dias Artigo 81 - É proibida a inserção ou conservação em fichário
úteis, pela autoridade competente, que determinará a expedição ou registro de dados nominais relativos a opiniões políticas,
da certidão requerida em prazo não superior a 5 (cinco) dias filosóficas ou religiosas, origem racial, orientação sexual e
úteis. filiação sindical ou partidária.

Artigo 75 - O requerimento será indeferido, em despacho Artigo 82 - É vedada a utilização, sem autorização prévia do
motivado, se a divulgação da informação solicitada colocar em interessado, de dados pessoais para outros fins que não aqueles
comprovado risco a segurança da sociedade ou do Estado, violar para os quais foram prestados.
a intimidade de terceiros ou não se enquadrar na hipótese
constitucional. Seção VII
§ 1.º - Na hipótese deste artigo, a autoridade competente, Do Procedimento para Retificação de Informações
antes de sua decisão, ouvirá o órgão de consultoria jurídica, que Pessoais
se manifestará em 3 (três) dias úteis.
§ 2.º - Do indeferimento do pedido de certidão caberá Artigo 83 - Qualquer pessoa tem o direito de exigir, da
recurso. Administração:
I - a eliminação completa de registros de dados falsos a seu
Artigo 76 - A expedição da certidão independerá de qualquer respeito, os quais tenham sido obtidos por meios ilícitos, ou se
pagamento quando o requerente demonstrar sua necessidade refiram às hipóteses vedadas pelo Artigo 81;
para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de II - a retificação, complementação, esclarecimento ou
interesse pessoal. atualização de dados incorretos, incompletos, dúbios ou
Parágrafo único - Nas demais hipóteses, o interessado desatualizados.
deverá recolher o valor correspondente, conforme legislação Parágrafo único - Aplicam-se ao procedimento de
específica. retificação as regras contidas nos Artigos 54 e 55.

Seção VI Artigo 84 - O fichário ou o registro nominal devem ser


Do Procedimento para Obtenção de Informações Pessoais completados ou corrigidos, de ofício, assim que a entidade ou
órgão por eles responsável tome conhecimento da incorreção,
Artigo 77 - Toda pessoa terá direito de acesso aos registros desatualização ou caráter incompleto de informações neles
nominais que a seu respeito constem em qualquer espécie de contidas.
fichário ou registro, informatizado ou não, dos órgãos ou
entidades da Administração, inclusive policiais. Artigo 85 - No caso de informação já fornecida a terceiros,
sua alteração será comunicada a estes, desde que requerida pelo
Artigo 78 - O requerimento para obtenção de informações interessado, a quem dará cópia da retificação.
observará as seguintes regras:
I - o interessado apresentará, ao órgão ou entidade do qual Seção VIII
pretende as informações, requerimento escrito manifestando o Do Procedimento de Denúncia
desejo de conhecer tudo o que a seu respeito conste das fichas ou
registros existentes; Artigo 86 - Qualquer pessoa que tiver conhecimento de
II - as informações serão fornecidas no prazo máximo de 10 violação da ordem jurídica, praticada por agentes
(dez) dias úteis, contados do protocolo do requerimento; administrativos, poderá denunciá-la à Administração.
III - as informações serão transmitidas em linguagem clara
e indicarão, conforme for requerido pelo interessado: Artigo 87 - A denúncia conterá a identificação do seu autor,
a) o conteúdo integral do que existir registrado; devendo indicar o fato e suas circunstâncias, e, se possível, seus
b) a fonte das informações e dos registros; responsáveis ou beneficiários.
c) o prazo até o qual os registros serão mantidos; Parágrafo único - Quando a denúncia for apresentada
d) as categorias de pessoas que, por suas funções ou por verbalmente, a autoridade lavrará termo, assinado pelo
necessidade do serviço, tem, diretamente, acesso aos registros; denunciante.
e) as categorias de destinatários habilitados a receber
comunicação desses registros; e Artigo 88 - Instaurado o procedimento administrativo, a
f) se tais registros são transmitidos a outros órgãos autoridade responsável determinará as providências
estaduais, e quais são esses órgãos. necessárias à sua instrução, observando-se os prazos legais e as
seguintes regras:

Noções de Administração Pública 46


APOSTILAS OPÇÃO

I - é obrigatória a manifestação do órgão de consultoria (D) as competências não são renunciáveis nem delegáveis,
jurídica; podendo ser avocadas em caráter excepcional e transitório.
II - o denunciante não é parte no procedimento, podendo,
entretanto, ser convocado para depor; 02. (PM/SP - Soldado da Policia Militar – VUNESP). No
III - o resultado da denúncia será comunicado ao autor, se que concerne aos atos administrativos, é correto afirmar que a
este assim o solicitar. Lei Estadual nº 10.177/98 prevê que
(A) não será admitida a convalidação do ato administrativo
Artigo 89 - Incidirá em infração disciplinar grave a quando dela resultar prejuízo à Administração ou a terceiros
autoridade que não der andamento imediato, rápido e eficiente ou quando se tratar de ato impugnado.
ao procedimento regulado nesta Seção. (B) a resolução é ato administrativo de competência
concorrente entre o Governador e os Secretários de Estado.
TÍTULO V (C) os atos administrativos, inclusive os de caráter geral,
Disposições Finais entrarão em vigor 30 (trinta) dias após sua publicação, salvo
disposição expressa em contrário.
Artigo 90 - O descumprimento injustificado, pela (D) é vedado às autoridades superiores delegar a seus
Administração, dos prazos previstos nesta lei gera subordinados a prática de atos de sua competência ou avocar
responsabilidade disciplinar, imputável aos agentes públicos os de competência destes.
encarregados do assunto, não implicando, necessariamente, em (E) será de 30 (trinta) dias, se outra não for a determinação
nulidade do procedimento. legal, o prazo máximo para a prática de atos administrativos
§ 1.º - Respondem também os superiores hierárquicos que se isolados, que não exijam procedimento.
omitirem na fiscalização dos serviços de seus subordinados, ou
que de algum modo concorram para a infração. 03. (SEFAZ/SP - Analista de Finanças e Controle –
§ 2.º - Os prazos concedidos aos particulares poderão ser ESAF). Em relação ao procedimento administrativo, no âmbito
devolvidos, mediante requerimento do interessado, quando da Administração Pública Estadual de São Paulo, regulado pela
óbices injustificados, causados pela Administração, resultarem Lei n. 10.177/98, assinale o item correto.
na impossibilidade de atendimento do prazo fixado. (A) Nos procedimentos administrativos observar-se-ão,
entre outros requisitos de validade, a igualdade entre os
Artigo 91 - Os prazos previstos nesta lei são contínuos, salvo administrados e o devido processo legal, sendo prescindível a
disposição expressa em contrário, não se interrompendo aos ouvida do administrado (interessado).
domingos ou feriados. (B) Todos os sujeitos que forem afetados por decisão
administrativa podem recorrer em defesa de interesse ou
Artigo 92 - Quando norma não dispuser de forma diversa, os direito, independentemente de terem participado do
prazos serão computados excluindo-se o dia do começo e procedimento administrativo.
incluindo-se o do vencimento. (C) O órgão ou entidade da Administração estadual que
§ 1.º - Só se iniciam e vencem os prazos em dia de expediente necessitar de informações de outro para instrução de
no órgão ou entidade. procedimento administrativo, deve requisitá-las mediante
§ 2.º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia ofício, com observância da vinculação hierárquica.
útil subsequente se, no dia do vencimento, o expediente for (D) Os procedimentos serão impulsionados e instruídos de
encerrado antes do horário normal. ofício, ou seja, necessitam de manifestação do interessado para
sua tramitação, sendo primado pelo formalismo em seu curso.
Artigo 93 - Esta lei entrará em vigor em 120 (cento e vinte) (E) O Estado de São Paulo pode se recusar à expedição de
dias contados da data de sua publicação. certidão, em despacho imotivado, sobre atos, contratos,
decisões ou pareceres constantes de registros ou autos de
Artigo 94 - Revogam-se as disposições em contrário, procedimentos, quando a informação solicitada colocar em
especialmente o Decreto-lei n. 104, de 20 de junho de 1969 e a comprovado risco a segurança da sociedade ou do Estado.
Lei n. 5.702, de 5 de junho de 1987.
04. (PC/SP - Delegado de Polícia – PC-SP). De acordo
Palácio dos Bandeirantes, 30 de dezembro de 1998. com a Lei 10.177/98, que regula os atos e procedimentos
administrativos no âmbito da Administração Pública do
Questões Estado de São Paulo, o Delegado de Polícia pode baixar
(A) Resolução Substitutiva.
01. (TJ/SP - Juiz Substituto – VUNESP). Em matéria de (B) Resolução
processo administrativo, no Estado de São Paulo, convivem (C) Deliberação
normas processuais constantes em lei federal (Lei nº (D) Decreto Interno
9.784/99) e estadual (Lei nº 10.177/98). No regime jurídico (E) Portaria.
do processo administrativo aplicado à Administração Pública
estadual, é correto afirmar que 05. Com relação aos prazos para a prática de atos
(A) a Administração não pode anular seus atos se passados administrativos isolados, assinale a alternativa correta:
mais de dez anos contados de sua produção, mesmo que (A) Será de 60 (sessenta) dias, se outra não for a
causadores de prejuízo, independentemente do direito ao determinação legal, o prazo máximo para a prática de atos
ressarcimento. administrativos isolados, que não exijam procedimento para
(B) no processo administrativo, os atos preparatórios ou sua prolação, ou para a adoção, pela autoridade pública, de
de mero expediente não podem ser objeto de recurso outras providências necessárias à aplicação de lei ou decisão
hierárquico, podendo ser impugnados por meio de agravo administrativa;
retido ou pedido de reconsideração endereçado à autoridade (B) Será de 50 (cinquenta) dias, se outra não for a
que tiver praticado o ato. determinação legal, o prazo máximo para a prática de atos
(C) a Administração poderá convalidar seus atos inválidos, administrativos isolados, que não exijam procedimento para
quando a invalidade decorrer de vício de competência ou de sua prolação, ou para a adoção, pela autoridade pública, de
ordem formal, ainda que o mesmo tenha sido objeto de outras providências necessárias à aplicação de lei ou decisão
impugnação por interessado. administrativa;

Noções de Administração Pública 47


APOSTILAS OPÇÃO

(C) Será de 30 (trinta) dias, se outra não for a determinação Parágrafo único - Nos casos de promoção a aspirante-a-
legal, o prazo máximo para a prática de atos administrativos oficial, a aluno-oficial, a 3º sargento, a cabo ou nos casos de
isolados, que não exijam procedimento para sua prolação, ou nomeação de oficiais, alunos-oficiais ou admissão de soldados
para a adoção, pela autoridade pública, de outras providências prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de
necessárias à aplicação de lei ou decisão administrativa; classificação obtida nos respectivos cursos ou concursos.
(D) Será de 45 (quarenta e cinco) dias, se outra não for a
determinação legal, o prazo máximo para a prática de atos Artigo 5º - A precedência funcional ocorrerá quando, em
administrativos isolados, que não exijam procedimento para igualdade de posto ou graduação, o oficial ou a praça:
sua prolação, ou para a adoção, pela autoridade pública, de I - ocupar cargo ou função que lhe atribua superioridade
outras providências necessárias à aplicação de lei ou decisão funcional sobre os integrantes do órgão ou serviço que dirige,
administrativa; comanda ou chefia;
II - estiver no serviço ativo, em relação aos inativos.
Gabarito
01. A / 02. A / 03. B / 04. E / 05. A CAPÍTULO II
Da Deontologia Policial-Militar
SEÇÃO I
5. LEI COMPLEMENTAR Nº Disposições Preliminares
893/01 – Institui o
Artigo 6º - A deontologia policial-militar é constituída pelos
Regulamento Disciplinar da valores e deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, que
Polícia Militar – RDPM. se impõem para que o exercício da profissão policial-militar
atinja plenamente os ideais de realização do bem comum,
mediante a preservação da ordem pública.
LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE 09 DE MARÇO DE 200111 § 1º - Aplicada aos componentes da Polícia Militar,
independentemente de posto ou graduação, a deontologia
Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar. policial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores espirituais
superiores, destinados a elevar a profissão policial-militar à
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: condição de missão.
§ 2º - O militar do Estado prestará compromisso de honra,
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu em caráter solene, afirmando a consciente aceitação dos valores
promulgo a seguinte lei complementar: e deveres policiais-militares e a firme disposição de bem cumpri-
los.
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais SEÇÃO II
Dos Valores Policiais-Militares
Artigo 1º - A hierarquia e a disciplina são as bases da
organização da Polícia Militar. Artigo 7º - Os valores fundamentais, determinantes da moral
policial-militar, são os seguintes:
Artigo 2º - Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar da I - o patriotismo;
Polícia Militar os militares do Estado do serviço ativo, da reserva II - o civismo;
remunerada, os reformados e os agregados, nos termos da III - a hierarquia;
legislação vigente. IV - a disciplina;
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica: V - o profissionalismo;
1 - aos militares do Estado, ocupantes de cargos públicos ou VI - a lealdade;
eletivos; VII - a constância;
2 - aos Magistrados da Justiça Militar. VIII - a verdade real;
IX - a honra;
Artigo 3º - Hierarquia policial-militar é a ordenação X - a dignidade humana;
progressiva da autoridade, em graus diferentes, da qual decorre XI - a honestidade;
a obediência, dentro da estrutura da Polícia Militar, culminando XII - a coragem.
no Governador do Estado, Chefe Supremo da Polícia Militar.
§ 1º - A ordenação da autoridade se faz por postos e SEÇÃO III
graduações, de acordo com o escalonamento hierárquico, a Dos Deveres Policiais-Militares
antiguidade e a precedência funcional.
§ 2º - Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferido por Artigo 8º - Os deveres éticos, emanados dos valores policiais-
ato do Governador do Estado e confirmado em Carta Patente ou militares e que conduzem a atividade profissional sob o signo da
Folha de Apostila. retidão moral, são os seguintes:
§ 3º - Graduação é o grau hierárquico das praças, conferida I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do Estado de
pelo Comandante Geral da Polícia Militar. São Paulo e da Polícia Militar e zelar por sua inviolabilidade;
II - cumprir os deveres de cidadão;
Artigo 4º - A antiguidade entre os militares do Estado, em III - preservar a natureza e o meio ambiente;
igualdade de posto ou graduação, será definida pela: IV - servir à comunidade, procurando, no exercício da
I - data da última promoção; suprema missão de preservar a ordem pública, promover,
II - prevalência sucessiva dos graus hierárquicos anteriores; sempre, o bem estar comum, dentro da estrita observância das
III - classificação no curso de formação ou habilitação; normas jurídicas e das disposições deste Regulamento;
IV - data de nomeação ou admissão; V - atuar com devotamento ao interesse público, colocando-
V - maior idade. o acima dos anseios particulares;

11 Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Disponível em: ao-lei.complementar-893-09.03.2001.html. Acessado em 15/08/2018 às
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2001/alterac 15h:30min

Noções de Administração Pública 48


APOSTILAS OPÇÃO

VI - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, com usando sua condição de autoridade pública para a prática de
respeito mútuo de superiores e subordinados, e preocupação arbitrariedade;
com a integridade física, moral e psíquica de todos os militares XXX - exercer a função pública com honestidade, não
do Estado, inclusive dos agregados, envidando esforços para aceitando vantagem indevida, de qualquer espécie;
bem encaminhar a solução dos problemas apresentados; XXXI - não usar meio ilícito na produção de trabalho
VII - ser justo na apreciação de atos e méritos dos intelectual ou em avaliação profissional, inclusive no âmbito do
subordinados; ensino;
VIII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atribuições XXXII - não abusar dos meios do Estado postos à sua
legalmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens legais disposição, nem distribuí-los a quem quer que seja, em
das autoridades competentes, exercendo suas atividades com detrimento dos fins da administração pública, coibindo ainda a
responsabilidade, incutindo-a em seus subordinados; transferência, para fins particulares, de tecnologia própria das
IX - dedicar-se integralmente ao serviço policial-militar, funções policiais;
buscando, com todas as energias, o êxito e o aprimoramento XXXIII - atuar com eficiência e probidade, zelando pela
técnico-profissional e moral; economia e conservação dos bens públicos, cuja utilização lhe
X - estar sempre preparado para as missões que for confiada;
desempenhe; XXXIV - proteger as pessoas, o patrimônio e o meio ambiente
XI - exercer as funções com integridade e equilíbrio, segundo com abnegação e desprendimento pessoal;
os princípios que regem a administração pública, não sujeitando XXXV - atuar onde estiver, mesmo não estando em serviço,
o cumprimento do dever a influências indevidas; para preservar a ordem pública ou prestar socorro, desde que
XII - procurar manter boas relações com outras categorias não exista, naquele momento, força de serviço suficiente.
profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites de § 1º - Ao militar do Estado em serviço ativo é vedado exercer
competência, mas elevando o conceito e os padrões da própria atividade de segurança particular, comércio ou tomar parte da
profissão, zelando por sua competência e autoridade; administração ou gerência de sociedade comercial ou dela ser
XIII - ser fiel na vida policial-militar, cumprindo os sócio ou participar, exceto como acionista, cotista ou
compromissos relacionados às suas atribuições de agente comanditário.
público; § 2º - Compete aos Comandantes de Unidade e de
XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial-militar, Subunidade destacada fiscalizar os subordinados que
mesmo diante das dificuldades, demonstrando persistência no apresentarem sinais exteriores de riqueza, incompatíveis com a
trabalho para solucioná-las; remuneração do respectivo cargo, fazendo-os comprovar a
XV - zelar pelo bom nome da Instituição Policial-Militar e de origem de seus bens, mediante instauração de procedimento
seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo seus administrativo, observada a legislação específica.
deveres éticos e legais; § 3º - Aos militares do Estado da ativa são proibidas
XVI - manter ambiente de harmonia e camaradagem na vida manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter
profissional, solidarizando-se nas dificuldades que esteja ao seu reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as
alcance minimizar e evitando comentários desairosos sobre os manifestações de caráter individual aos preceitos deste
componentes das Instituições Policiais; Regulamento.
XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, cargo ou § 4º - É assegurado ao militar do Estado inativo o direito de
função que esteja sendo exercido por outro militar do Estado; opinar sobre assunto político e externar pensamento e conceito
XVIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e ideológico, filosófico ou relativo a matéria pertinente ao
particular; interesse público, devendo observar os preceitos da ética
XIX - conduzir-se de modo não subserviente sem ferir os policial-militar e preservar os valores policiais-militares em
princípios de respeito e decoro; suas manifestações essenciais.
XX - abster-se do uso do posto, graduação ou cargo para
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para CAPÍTULO III
encaminhar negócios particulares ou de terceiros; Da Disciplina Policial-Militar
XXI - abster-se, ainda que na inatividade, do uso das
designações hierárquicas em: Artigo 9º - A disciplina policial-militar é o exato
a) atividade político-partidária, salvo quando candidato a cumprimento dos deveres, traduzindo-se na rigorosa
cargo eletivo; observância e acatamento integral das leis, regulamentos,
b) atividade comercial ou industrial; normas e ordens, por parte de todos e de cada integrante da
c) pronunciamento público a respeito de assunto policial, Polícia Militar.
salvo os de natureza técnica; § 1º - São manifestações essenciais da disciplina:
d) exercício de cargo ou função de natureza civil; 1 - a observância rigorosa das prescrições legais e
XXII - prestar assistência moral e material ao lar, regulamentares;
conduzindo-o como bom chefe de família; 2 - a obediência às ordens legais dos superiores;
XXIII - considerar a verdade, a legalidade e a 3 - o emprego de todas as energias em benefício do serviço;
responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal; 4 - a correção de atitudes;
XXIV - exercer a profissão sem discriminações ou restrições 5 - as manifestações espontâneas de acatamento dos valores
de ordem religiosa, política, racial ou de condição social; e deveres éticos;
XXV - atuar com prudência nas ocorrências policiais, 6 - a colaboração espontânea na disciplina coletiva e na
evitando exacerbá-las; eficiência da Instituição.
XXVI - respeitar a integridade física, moral e psíquica da § 2º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
pessoa do preso ou de quem seja objeto de incriminação; mantidos, permanentemente, pelos militares do Estado, tanto no
XXVII - observar as normas de boa educação e ser discreto serviço ativo, quanto na inatividade.
nas atitudes, maneiras e na linguagem escrita ou falada; § 3º - A camaradagem é indispensável à formação e ao
XXVIII - não solicitar ou provocar publicidade visando a convívio na Polícia Militar, incumbindo aos comandantes
própria promoção pessoal; incentivar e manter a harmonia e a solidariedade entre os seus
XXIX - observar os direitos e garantias fundamentais, agindo comandados, promovendo estímulos de aproximação e
com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser humano, não cordialidade.

Noções de Administração Pública 49


APOSTILAS OPÇÃO

§ 4º - A civilidade é parte integrante da educação policial- Artigo 13 - As transgressões disciplinares são classificadas
militar, cabendo a superiores e subordinados atitudes de de acordo com sua gravidade em graves (G), médias (M) e leves
respeito e deferência mútuos. (L).
Parágrafo único - As transgressões disciplinares são:
Artigo 10 - As ordens legais devem ser prontamente 1 - desconsiderar os direitos constitucionais da pessoa no ato
executadas, cabendo inteira responsabilidade à autoridade que da prisão (G);
as determinar. 2 - usar de força desnecessária no atendimento de
§ 1º - Quando a ordem parecer obscura, compete ao ocorrência ou no ato de efetuar prisão (G);
subordinado, ao recebê-la, solicitar os esclarecimentos 3 - deixar de providenciar para que seja garantida a
necessários ao seu total entendimento. integridade física das pessoas que prender ou detiver (G);
§ 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento da 4 - agredir física, moral ou psicologicamente preso sob sua
ordem recebida a responsabilidade pelo abuso ou excesso que guarda ou permitir que outros o façam (G);
cometer. 5 - permitir que o preso, sob sua guarda, conserve em seu
poder instrumentos ou outros objetos proibidos, com que possa
CAPÍTULO IV ferir a si próprio ou a outrem (G);
Da Violação dos Valores, dos Deveres e da Disciplina 6 - reter o preso, a vítima, as testemunhas ou partes não
SEÇÃO I definidas por mais tempo que o necessário para a solução do
Disposições Preliminares procedimento policial, administrativo ou penal (M);
7 - faltar com a verdade (G);
Artigo 11 - A ofensa aos valores e aos deveres vulnera a 8 - ameaçar, induzir ou instigar alguém para que não
disciplina policial-militar, constituindo infração administrativa, declare a verdade em procedimento administrativo, civil ou
penal ou civil, isolada ou cumulativamente. penal (G);
§ 1º - O militar do Estado é responsável pelas decisões ou 9 - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos (G);
atos que praticar, inclusive nas missões expressamente 10 - envolver, indevidamente, o nome de outrem para
determinadas, bem como pela não-observância ou falta de esquivar-se de responsabilidade (G);
exação no cumprimento de seus deveres. 11 - publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação
§ 2º - O superior hierárquico responderá solidariamente, na irrestrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos ou
esfera administrativa disciplinar, incorrendo nas mesmas técnicos de natureza policial, militar ou judiciária, que possam
sanções da transgressão praticada por seu subordinado quando: concorrer para o desprestígio da Polícia Militar, ferir a
1 - presenciar o cometimento da transgressão deixando de hierarquia ou a disciplina, comprometer a segurança da
atuar para fazê-la cessar imediatamente; sociedade e do Estado ou violar a honra e a imagem de pessoa
2 - concorrer diretamente, por ação ou omissão, para o (G);
cometimento da transgressão, mesmo não estando presente no 12 - espalhar boatos ou notícias tendenciosas em prejuízo da
local do ato. boa ordem civil ou policial-militar ou do bom nome da Polícia
§ 3º - A violação da disciplina policial-militar será tão mais Militar (M);
grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a 13 - provocar ou fazer-se, voluntariamente, causa ou origem
cometer. de alarmes injustificados (M);
14 - concorrer para a discórdia, desarmonia ou cultivar
SEÇÃO II inimizade entre companheiros (M);
Da Transgressão Disciplinar 15 - liberar preso ou detido ou dispensar parte de ocorrência
sem competência legal para tanto (G);
Artigo 12 - Transgressão disciplinar é a infração 16 - entender-se com o preso, de forma velada, ou deixar que
administrativa caracterizada pela violação dos deveres alguém o faça, sem autorização de autoridade competente (M);
policiais-militares, cominando ao infrator as sanções previstas 17 - receber vantagem de pessoa interessada no caso de
neste Regulamento. furto, roubo, objeto achado ou qualquer outro tipo de ocorrência
§ 1º - As transgressões disciplinares compreendem: ou procurá-la para solicitar vantagem (G);
1 - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina 18 - receber ou permitir que seu subordinado receba, em
policial-militar, especificadas no artigo 13 deste Regulamento; razão da função pública, qualquer objeto ou valor, mesmo
2 - todas as ações ou omissões não especificadas no artigo 13 quando oferecido pelo proprietário ou responsável (G);
deste Regulamento, mas que também violem os valores e deveres 19 - apropriar-se de bens pertencentes ao patrimônio
policiais-militares. público ou particular (G);
§ 2º - As transgressões disciplinares previstas nos itens 1 e 2 20 - empregar subordinado ou servidor civil, ou desviar
do § 1º, deste artigo, serão classificadas como graves, desde que qualquer meio material ou financeiro sob sua responsabilidade
venham a ser: ou não, para a execução de atividades diversas daquelas para as
1 - atentatórias às instituições ou ao Estado; quais foram destinadas, em proveito próprio ou de outrem (G);
2 - atentatórias aos direitos humanos fundamentais; 21 - provocar desfalques ou deixar de adotar providências,
3 - de natureza desonrosa. na esfera de suas atribuições, para evitá-los (G);
§ 3º - As transgressões previstas no item 2 do § 1º e não 22 - utilizar-se da condição de militar do Estado para obter
enquadráveis em algum dos itens do § 2º, deste artigo, serão facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar
classificadas pela autoridade competente como médias ou leves, negócios particulares ou de terceiros (G);
consideradas as circunstâncias do fato. 23 - dar, receber ou pedir gratificação ou presente com
§ 4º - Ao militar do Estado, aluno de curso da Polícia Militar, finalidade de retardar, apressar ou obter solução favorável em
aplica-se, no que concerne à disciplina, além do previsto neste qualquer ato de serviço (G);
Regulamento, subsidiariamente, o disposto nos regulamentos 24 - contrair dívida ou assumir compromisso superior às
próprios dos estabelecimentos de ensino onde estiver suas possibilidades, desde que venha a expor o nome da Polícia
matriculado. Militar (M);
§ 5º - A aplicação das penas disciplinares previstas neste 25 - fazer, diretamente ou por intermédio de outrem,
Regulamento independe do resultado de eventual ação penal. agiotagem ou transação pecuniária envolvendo assunto de
serviço, bens da administração pública ou material cuja
comercialização seja proibida (G);

Noções de Administração Pública 50


APOSTILAS OPÇÃO

26 - exercer ou administrar, o militar do Estado em serviço 53 - deixar de punir o transgressor da disciplina, salvo se
ativo, a função de segurança particular ou qualquer atividade houver causa de justificação (M);
estranha à Instituição Policial-Militar com prejuízo do serviço 54 - não levar fato ilegal ou irregularidade que presenciar
ou com emprego de meios do Estado (G); ou de que tiver ciência, e não lhe couber reprimir, ao
27 - exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o comércio conhecimento da autoridade para isso competente (M);
ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade 55 - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na
comercial com fins lucrativos ou dela ser sócio, exceto como ausência deste, a qualquer autoridade superior toda informação
acionista, cotista ou comanditário (G); que tiver sobre iminente perturbação da ordem pública ou grave
28 - deixar de fiscalizar o subordinado que apresentar sinais alteração do serviço ou de sua marcha, logo que tenha
exteriores de riqueza incompatíveis com a remuneração do conhecimento (G);
cargo (G); 56 - deixar de manifestar-se nos processos que lhe forem
29 - não cumprir, sem justo motivo, a execução de qualquer encaminhados, exceto nos casos de suspeição ou impedimento,
ordem legal recebida (G); ou de absoluta falta de elementos, hipótese em que essas
30 - retardar, sem justo motivo, a execução de qualquer circunstâncias serão fundamentadas (M);
ordem legal recebida (M); 57 - deixar de encaminhar à autoridade competente, no mais
31 - dar, por escrito ou verbalmente, ordem manifestamente curto prazo e pela via hierárquica, documento ou processo que
ilegal que possa acarretar responsabilidade ao subordinado, receber, se não for de sua alçada a solução (M);
ainda que não chegue a ser cumprida (G); 58 - omitir, em boletim de ocorrência, relatório ou qualquer
32 - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos ou documento, dados indispensáveis ao esclarecimento dos fatos
pelos praticados por subordinados que agirem em cumprimento (G);
de sua ordem (G); 59 - subtrair, extraviar, danificar ou inutilizar documentos
33 - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida de interesse da administração pública ou de terceiros (G);
qualquer ordem legal de autoridade competente, ou serviço, ou 60 - trabalhar mal, intencionalmente ou por desídia, em
para que seja retardada, prejudicada ou embaraçada a sua qualquer serviço, instrução ou missão (M);
execução (G); 61 - deixar de assumir, orientar ou auxiliar o atendimento
34 - interferir na administração de serviço ou na execução de ocorrência, quando esta, por sua natureza ou amplitude,
de ordem ou missão sem ter a devida competência para tal (M); assim o exigir (G);
35 - deixar de comunicar ao superior a execução de ordem 62 - retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária
dele recebida, no mais curto prazo possível (L); militar que deva promover ou em que esteja investido (M);
36 - dirigir-se, referir-se ou responder a superior de modo 63 - desrespeitar medidas gerais de ordem policial,
desrespeitoso (G); judiciária ou administrativa, ou embaraçar sua execução (M);
37 - recriminar ato legal de superior ou procurar 64 - não ter, pelo preparo próprio ou de seus subordinados
desconsiderá-lo (G); ou instruendos, a dedicação imposta pelo sentimento do dever
38 - ofender, provocar ou desafiar superior ou subordinado (M);
hierárquico (G); 65 - causar ou contribuir para a ocorrência de acidente de
39 - promover ou participar de luta corporal com superior, serviço ou instrução (M);
igual, ou subordinado hierárquico (G); 66 - consentir, o responsável pelo posto de serviço ou a
40 - procurar desacreditar seu superior ou subordinado sentinela, na formação de grupo ou permanência de pessoas
hierárquico (M); junto ao seu posto (L);
41 - ofender a moral e os bons costumes por atos, palavras 67 - içar ou arriar, sem ordem, bandeira ou insígnia de
ou gestos (G); autoridade (L);
42 - desconsiderar ou desrespeitar, em público ou pela 68 - dar toques ou fazer sinais, previstos nos regulamentos,
imprensa, os atos ou decisões das autoridades civis ou dos sem ordem de autoridade competente (L);
órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário ou de 69 - conversar ou fazer ruídos em ocasiões ou lugares
qualquer de seus representantes (G); impróprios (L);
43 - desrespeitar, desconsiderar ou ofender pessoa por 70 - deixar de comunicar a alteração de dados de
palavras, atos ou gestos, no atendimento de ocorrência policial qualificação pessoal ou mudança de endereço residencial (L);
ou em outras situações de serviço (G); 71 - apresentar comunicação disciplinar ou representação
44 - deixar de prestar a superior hierárquico continência ou sem fundamento ou interpor recurso disciplinar sem observar as
outros sinais de honra e respeito previstos em regulamento (M); prescrições regulamentares (M);
45 - deixar de corresponder a cumprimento de seu 72 - dificultar ao subordinado o oferecimento de
subordinado (M); representação ou o exercício do direito de petição (M);
46 - deixar de exibir, estando ou não uniformizado, 73 - passar a ausente (G);
documento de identidade funcional ou recusar-se a declarar 74 - abandonar serviço para o qual tenha sido designado ou
seus dados de identificação quando lhe for exigido por recusar-se a executá-lo na forma determinada (G);
autoridade competente (M); 75 - faltar ao expediente ou ao serviço para o qual esteja
47 - evadir-se ou tentar evadir-se de escolta, bem como nominalmente escalado (G);
resistir a ela (G); 76 - faltar a qualquer ato em que deva tomar parte ou
48 - retirar-se da presença do superior hierárquico sem assistir, ou ainda, retirar-se antes de seu encerramento sem a
obediência às normas regulamentares (L); devida autorização (M);
49 - deixar, tão logo seus afazeres o permitam, de 77 - afastar-se, quando em atividade policial-militar com
apresentar-se ao seu superior funcional, conforme prescrições veículo automotor, aeronave, embarcação ou a pé, da área em
regulamentares (L); que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de
50 - deixar, nas solenidades, de apresentar-se ao superior patrulhamento predeterminado (G);
hierárquico de posto ou graduação mais elevada e de saudar os 78 - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por
demais, de acordo com as normas regulamentares (L); força de dispositivo ou ordem legal (M);
51 - deixar de fazer a devida comunicação disciplinar (M); 79 - chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o qual
52 - tendo conhecimento de transgressão disciplinar, deixar esteja nominalmente escalado ou a qualquer ato em que deva
de apurá-la (G); tomar parte ou assistir (L);

Noções de Administração Pública 51


APOSTILAS OPÇÃO

80 - deixar de comunicar a tempo, à autoridade competente, 107 - retirar ou tentar retirar de local sob administração
a impossibilidade de comparecer à Organização Policial Militar policial-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou
(OPM) ou a qualquer ato ou serviço de que deva participar ou a animal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do responsável ou
que deva assistir (L); proprietário (G);
81 - permutar serviço sem permissão da autoridade 108 - entrar, sair ou tentar fazê-lo, de OPM, com tropa, sem
competente (M); prévio conhecimento da autoridade competente, salvo para fins
82 - simular doença para esquivar-se ao cumprimento do de instrução autorizada pelo comando (G);
dever (M); 109 - deixar o responsável pela segurança da OPM de
83 - deixar de se apresentar às autoridades competentes nos cumprir as prescrições regulamentares com respeito a entrada,
casos de movimentação ou quando designado para comissão ou saída e permanência de pessoa estranha (M);
serviço extraordinário (M); 110 - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio ou
84 - não se apresentar ao seu superior imediato ao término local interditado (M);
de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo que souber 111 - deixar, ao entrar ou sair de OPM onde não sirva, de dar
que o mesmo tenha sido interrompido ou suspenso (M); ciência da sua presença ao Oficial-de-Dia ou de serviço e, em
85 - dormir em serviço de policiamento, vigilância ou seguida, se oficial, de procurar o comandante ou o oficial de
segurança de pessoas ou instalações (G); posto mais elevado ou seu substituto legal para expor a razão de
86 - dormir em serviço, salvo quando autorizado (M); sua presença, salvo as exceções regulamentares previstas (M);
87 - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de 112 - adentrar, sem permissão ou ordem, aposentos
expediente no interior da OPM, sem autorização de quem de destinados a superior ou onde este se encontre, bem como
direito (L); qualquer outro lugar cuja entrada lhe seja vedada (M);
88 - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso de 113 - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM,
substância proibida, entorpecente ou que determine desde que não seja a autoridade competente ou sem sua ordem,
dependência física ou psíquica, ou introduzi-las em local sob salvo em situações de emergência (M);
administração policial-militar (G); 114 - permanecer em dependência de outra OPM ou local de
89 - embriagar-se quando em serviço ou apresentar-se serviço sem consentimento ou ordem da autoridade competente
embriagado para prestá-lo (G); (M);
90 - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou 115 - permanecer em dependência da própria OPM ou local
apresentar-se alcoolizado para prestá-lo (M); de serviço, desde que a ele estranho, sem consentimento ou
91 - introduzir bebidas alcoólicas em local sob ordem da autoridade competente (L);
administração policial-militar, salvo se devidamente autorizado 116 - entrar ou sair, de qualquer OPM, por lugares que não
(M); sejam para isso designados (L);
92 - fumar em local não permitido (L); 117 - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por ele
93 - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro os solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer OPM
permitidos, em local sob administração policial-militar, ou em (M);
qualquer outro, quando uniformizado (L); 118 - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em local sob
94 - portar ou possuir arma em desacordo com as normas administração policial-militar, publicações, estampas ou jornais
vigentes (G); que atentem contra a disciplina, a moral ou as instituições (L);
95 - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não se 119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal
achando de serviço (G); uniformizado, com o uniforme alterado ou diferente do previsto,
96 - disparar arma por imprudência, negligência, imperícia, contrariando o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar ou
ou desnecessariamente (G); norma a respeito (M);
97 - não obedecer às regras básicas de segurança ou não ter 120 - usar no uniforme, insígnia, medalha, condecoração ou
cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsabilidade distintivo, não regulamentares ou de forma indevida (M);
(G); 121 - usar vestuário incompatível com a função ou descurar
98 - ter em seu poder, introduzir, ou distribuir em local sob do asseio próprio ou prejudicar o de outrem (L);
administração policial-militar, substância ou material 122 - estar em desacordo com as normas regulamentares de
inflamável ou explosivo sem permissão da autoridade apresentação pessoal (L);
competente (M); 123 - recusar ou devolver insígnia, salvo quando a
99 - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, regulamentação o permitir (L);
negligência, ou sem habilitação legal (G); 124 - comparecer, uniformizado, a manifestações ou
100 - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou de reuniões de caráter político-partidário, salvo por motivo de
navegação marítima, lacustre ou fluvial (M); serviço (M);
101 - autorizar, promover ou executar manobras perigosas 125 - frequentar ou fazer parte de sindicatos, associações
com viaturas, aeronaves, embarcações ou animais (M); profissionais com caráter de sindicato, ou de associações cujos
102 - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação estatutos não estejam de conformidade com a lei (G);
oficial, sem autorização do órgão competente da Polícia Militar, 126 - autorizar, promover ou participar de petições ou
mesmo estando habilitado (L); manifestações de caráter reivindicatório, de cunho político-
103 - transportar na viatura, aeronave ou embarcação que partidário, religioso, de crítica ou de apoio a ato de superior,
esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou para tratar de assuntos de natureza policial-militar, ressalvados
material, sem autorização da autoridade competente (L); os de natureza técnica ou científica havidos em razão do
104 - andar a cavalo, a trote ou galope, sem necessidade, exercício da função policial (M);
pelas ruas da cidade ou castigar inutilmente a montada (L); 127 - aceitar qualquer manifestação coletiva de
105 - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inutilizar, subordinados, com exceção das demonstrações de boa e sã
por ação ou omissão, bens ou animais pertencentes ao camaradagem e com prévio conhecimento do homenageado (L);
patrimônio público ou particular, que estejam ou não sob sua 128 - discutir ou provocar discussão, por qualquer veículo de
responsabilidade (M); comunicação, sobre assuntos políticos, militares ou policiais,
106 - negar-se a utilizar ou a receber do Estado fardamento, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, quando
armamento, equipamento ou bens que lhe sejam destinados ou devidamente autorizado (L);
devam ficar em seu poder ou sob sua responsabilidade (M); 129 - frequentar lugares incompatíveis com o decoro social
ou policial-militar, salvo por motivo de serviço (M);

Noções de Administração Pública 52


APOSTILAS OPÇÃO

130 - recorrer a outros órgãos, pessoas ou instituições, § 3º - O prazo para o encaminhamento do pedido de
exceto ao Poder Judiciário, para resolver assunto de interesse conversão será de 3 (três) dias, contados da data da publicação
pessoal relacionados com a Polícia Militar (M); da sanção de permanência.
131 - assumir compromisso em nome da Polícia Militar, ou § 4º - O pedido de conversão elide o pedido de
representá-la em qualquer ato, sem estar devidamente reconsideração de ato.
autorizado (M);
132 - deixar de cumprir ou fazer cumprir as normas legais Artigo 19 - A prestação do serviço extraordinário, nos
ou regulamentares, na esfera de suas atribuições (M). termos do "caput" do artigo anterior, consiste na realização de
atividades, internas ou externas, por período nunca inferior a 6
CAPÍTULO V (seis) ou superior a 8 (oito) horas, nos dias em que o militar do
Das Sanções Administrativas Disciplinares Estado estaria de folga.
SEÇÃO I § 1º - O limite máximo de conversão da permanência
Disposições Gerais disciplinar em serviço extraordinário é de 5 (cinco) dias.
§ 2º - O militar do Estado, punido com período superior a 5
Artigo 14 - As sanções disciplinares aplicáveis aos militares (cinco) dias de permanência disciplinar, somente poderá
do Estado, independentemente do posto, graduação ou função pleitear a conversão até o limite previsto no parágrafo anterior,
que ocupem, são: a qual, se concedida, será sempre cumprida na fase final do
I - advertência; período de punição.
II - repreensão; § 3º - A prestação do serviço extraordinário não poderá ser
III - permanência disciplinar; executada imediatamente após o término de um serviço
IV - detenção; ordinário.
V - reforma administrativa disciplinar;
VI - demissão; SEÇÃO V
VII - expulsão; Da Detenção
VIII - proibição do uso do uniforme.
Parágrafo único - Todo fato que constituir transgressão Artigo 20 - A detenção consiste na retenção do militar do
deverá ser levado ao conhecimento da autoridade competente Estado no âmbito de sua OPM, sem participar de qualquer
para as providências disciplinares. serviço, instrução ou atividade.
§ 1º - Nos dias em que o militar do Estado permanecer detido
SEÇÃO II perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício
Da Advertência do posto ou graduação, tempo esse não computado para efeito
algum, nos termos da legislação vigente.
Artigo 15 - A advertência, forma mais branda de sanção, é § 2º - A detenção somente poderá ser aplicada quando da
aplicada verbalmente ao transgressor, podendo ser feita reincidência no cometimento de transgressão disciplinar de
particular ou ostensivamente, sem constar de publicação ou dos natureza grave.
assentamentos individuais.
Parágrafo único - A sanção de que trata o "caput" aplica-se Artigo 21 - A detenção será aplicada pelo Secretário da
exclusivamente às faltas de natureza leve. Segurança Pública, pelo Comandante Geral e pelos demais
oficiais ocupantes de funções próprias do posto de coronel.
SEÇÃO III § 1º - A autoridade que entender necessária a aplicação
Da Repreensão desta sanção disciplinar providenciará para que a
documentação alusiva à respectiva transgressão seja remetida
Artigo 16 - A repreensão é a sanção feita por escrito ao à autoridade competente.
transgressor, publicada de forma reservada ou ostensiva, § 2º - Ao Governador do Estado compete conhecer desta
devendo sempre ser averbada nos assentamentos individuais. sanção disciplinar em grau de recurso, quando tiver sido
Parágrafo único - A sanção de que trata o "caput" aplica-se aplicada pelo Secretário da Segurança Pública.
às faltas de natureza leve e média.
SEÇÃO VI
SEÇÃO IV Da Reforma Administrativa Disciplinar
Da Permanência Disciplinar
Artigo 22 - A reforma administrativa disciplinar poderá ser
Artigo 17 - A permanência disciplinar é a sanção em que o aplicada, mediante processo regular:
transgressor ficará na OPM, sem estar circunscrito a I - ao oficial julgado incompatível ou indigno
determinado compartimento. profissionalmente para com o oficialato, após sentença passada
Parágrafo único - O militar do Estado nesta situação em julgado no tribunal competente, ressalvado o caso de
comparecerá a todos os atos de instrução e serviço, internos e demissão;
externos. II - à praça que se tornar incompatível com a função policial-
militar, ou nociva à disciplina, e tenha sido julgada passível de
Artigo 18 - A pedido do transgressor, o cumprimento da reforma.
sanção de permanência disciplinar poderá, a juízo devidamente Parágrafo único - O militar do Estado que sofrer reforma
motivado, da autoridade que aplicou a punição, ser convertido administrativa disciplinar receberá remuneração proporcional
em prestação de serviço extraordinário, desde que não implique ao tempo de serviço policial-militar.
prejuízo para a manutenção da hierarquia e da disciplina.
§ 1º - Na hipótese da conversão, a classificação do SEÇÃO VII
comportamento do militar do Estado será feita com base na Da Demissão
sanção de permanência disciplinar.
§ 2º - Considerar-se-á 1 (um) dia de prestação de serviço Artigo 23 - A demissão será aplicada ao militar do Estado na
extraordinário equivalente ao cumprimento de 1 (um) dia de seguinte forma:
permanência. I - ao oficial quando:

Noções de Administração Pública 53


APOSTILAS OPÇÃO

a) for condenado a pena restritiva de liberdade superior a 2 CAPÍTULO VII


(dois) anos, por sentença passada em julgado; Do Procedimento Disciplinar
b) for condenado a pena de perda da função pública, por SEÇÃO I
sentença passada em julgado; Da Comunicação Disciplinar
c) for considerado moral ou profissionalmente inidôneo
para a promoção ou revelar incompatibilidade para o exercício Artigo 27 - A comunicação disciplinar dirigida à autoridade
da função policial-militar, por sentença passada em julgado no policial-militar competente destina-se a relatar uma
tribunal competente; transgressão disciplinar cometida por subordinado hierárquico.
II - à praça quando:
a) for condenada, por sentença passada em julgado, a pena Artigo 28 - A comunicação disciplinar deve ser clara, concisa
restritiva de liberdade por tempo superior a 2 (dois) anos; e precisa, contendo os dados capazes de identificar as pessoas ou
b) for condenada, por sentença passada em julgado, a pena coisas envolvidas, o local, a data e a hora do fato, além de
de perda da função pública; caracterizar as circunstâncias que o envolveram, bem como as
c) praticar ato ou atos que revelem incompatibilidade com alegações do faltoso, quando presente e ao ser interpelado pelo
a função policial-militar, comprovado mediante processo signatário das razões da transgressão, sem tecer comentários ou
regular; opiniões pessoais.
d) cometer transgressão disciplinar grave, estando há mais § 1º - A comunicação disciplinar deverá ser apresentada no
de 2 (dois) anos consecutivos ou 4 (quatro) anos alternados no prazo de 5 (cinco) dias, contados da constatação ou
mau comportamento, apurado mediante processo regular; conhecimento do fato, ressalvadas as disposições relativas ao
e) houver cumprido a pena consequente do crime de recolhimento disciplinar, que deverá ser feita imediatamente.
deserção; § 2º - A comunicação disciplinar deve ser a expressão da
f) considerada desertora e capturada ou apresentada, tendo verdade, cabendo à autoridade competente encaminhá-la ao
sido submetida a exame de saúde, for julgada incapaz acusado para que, por escrito, manifeste-se preliminarmente
definitivamente para o serviço policial-militar. sobre os fatos, no prazo de 3 (três) dias.
Parágrafo único - O oficial demitido perderá o posto e a § 3º - Conhecendo a manifestação preliminar e considerando
patente, e a praça, a graduação. praticada a transgressão, a autoridade competente elaborará
termo acusatório motivado, com as razões de fato e de direito,
SEÇÃO VIII para que o militar do Estado possa exercitar, por escrito, o seu
Da Expulsão direito a ampla defesa e ao contraditório, no prazo de 5 (cinco)
dias.
Artigo 24 - A expulsão será aplicada, mediante processo § 4º - Estando a autoridade convencida do cometimento da
regular, à praça que atentar contra a segurança das instituições transgressão, providenciará o enquadramento disciplinar,
nacionais ou praticar atos desonrosos ou ofensivos ao decoro mediante nota de culpa ou, se determinar outra solução, deverá
profissional. fundamentá-la por despacho nos autos.
§ 5º - Poderá ser dispensada a manifestação preliminar
SEÇÃO IX quando a autoridade competente tiver elementos de convicção
Da Proibição do Uso de Uniformes suficientes para a elaboração do termo acusatório, devendo esta
circunstância constar do respectivo termo.
Artigo 25 - A proibição do uso de uniformes policiais-
militares será aplicada, nos termos deste Regulamento, Artigo 29 - A solução do procedimento disciplinar é da
temporariamente, ao inativo que atentar contra o decoro ou a inteira responsabilidade da autoridade competente, que deverá
dignidade policial-militar, até o limite de 1 (um) ano. aplicar sanção ou justificar o fato, de acordo com este
Regulamento.
CAPÍTULO VI § 1º - A solução será dada no prazo de 30 (trinta) dias,
Do Recolhimento Disciplinar contados a partir do recebimento da defesa do acusado,
prorrogável no máximo por mais 15 (quinze) dias, mediante
Artigo 26 - O recolhimento de qualquer transgressor à declaração de motivos no próprio enquadramento.
prisão, sem nota de punição publicada em boletim, poderá § 2º - No caso de afastamento regulamentar do transgressor,
ocorrer quando: os prazos supracitados serão interrompidos, reiniciada a
I - houver indício de autoria de infração penal e for contagem a partir da sua reapresentação.
necessário ao bom andamento das investigações para sua § 3º - Em qualquer circunstância, o signatário da
apuração; comunicação deverá ser notificado da respectiva solução, no
II - for necessário para a preservação da ordem e da prazo máximo de 90 (noventa) dias da data da comunicação.
disciplina policial-militar, especialmente se o militar do Estado § 4º - No caso de não cumprimento do prazo do parágrafo
mostrar-se agressivo, embriagado ou sob ação de substância anterior, poderá o signatário da comunicação solicitar,
entorpecente. obedecida a via hierárquica, providências a respeito da solução.
§ 1º - São autoridades competentes para determinar o
recolhimento disciplinar aquelas elencadas no artigo 31 deste SEÇÃO II
Regulamento. Da Representação
§ 2º - A condução do militar do Estado à autoridade
competente para determinar o recolhimento somente poderá Artigo 30 - Representação é toda comunicação que se referir
ser efetuada por superior hierárquico. a ato praticado ou aprovado por superior hierárquico ou
§ 3º - As decisões de aplicação do recolhimento disciplinar funcional, que se repute irregular, ofensivo, injusto ou ilegal.
serão sempre fundamentadas e comunicadas ao Juiz Corregedor § 1º - A representação será dirigida à autoridade funcional
da polícia judiciária militar. imediatamente superior àquela contra a qual é atribuída a
§ 4º - O militar do Estado preso nos termos deste artigo prática do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal.
poderá permanecer nessa situação pelo prazo máximo de 5 § 2º - A representação contra ato disciplinar será feita
(cinco) dias. somente após solucionados os recursos disciplinares previstos
neste Regulamento e desde que a matéria recorrida verse sobre
a legalidade do ato praticado.

Noções de Administração Pública 54


APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º - A representação nos termos do parágrafo anterior será Artigo 34 - Não haverá aplicação de sanção disciplinar
exercida no prazo estabelecido no § 1º, do artigo 62. quando for reconhecida qualquer das seguintes causas de
§ 4º - O prazo para o encaminhamento de representação justificação:
será de 5 (cinco) dias contados da data do ato ou fato que a I - motivo de força maior ou caso fortuito, plenamente
motivar. comprovados;
II - benefício do serviço, da preservação da ordem pública ou
CAPÍTULO VIII do interesse público;
Da Competência, do Julgamento, da Aplicação e do III - legítima defesa própria ou de outrem;
Cumprimento das Sanções Disciplinares IV - obediência a ordem superior, desde que a ordem
SEÇÃO I recebida não seja manifestamente ilegal;
Da Competência V - uso de força para compelir o subordinado a cumprir
rigorosamente o seu dever, no caso de perigo, necessidade
Artigo 31 - A competência disciplinar é inerente ao cargo, urgente, calamidade pública ou manutenção da ordem e da
função ou posto, sendo autoridades competentes para aplicar disciplina.
sanção disciplinar:
I - o Governador do Estado: a todos os militares do Estado Artigo 35 - São circunstâncias atenuantes:
sujeitos a este Regulamento; I - estar, no mínimo, no bom comportamento;
II - o Secretário da Segurança Pública e o Comandante Geral: II - ter prestado serviços relevantes;
a todos os militares do Estado sujeitos a este Regulamento, III - ter admitido a transgressão de autoria ignorada ou, se
exceto ao Chefe da Casa Militar; conhecida, imputada a outrem;
III - o Subcomandante da Polícia Militar: a todos os IV - ter praticado a falta para evitar mal maior;
integrantes de seu comando e das unidades subordinadas e às V - ter praticado a falta em defesa de seus próprios direitos
praças inativas; ou dos de outrem;
IV - os oficiais da ativa da Polícia Militar do posto de coronel VI - ter praticado a falta por motivo de relevante valor
a capitão: aos militares do Estado que estiverem sob seu social;
comando ou integrantes das OPM subordinadas. VII - não possuir prática no serviço;
§ 1º - Ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante VIII - colaborar na apuração da transgressão disciplinar.
Geral da Polícia Militar compete conhecer das sanções
disciplinares aplicadas aos inativos, em grau de recurso, Artigo 36 - São circunstâncias agravantes:
respectivamente, se oficial ou praça. I - mau comportamento;
§ 2º - Aos oficiais, quando no exercício interino das funções II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais
de posto igual ou superior ao de capitão, ficará atribuída a transgressões;
competência prevista no inciso IV deste artigo. III - reincidência específica;
IV - conluio de duas ou mais pessoas;
SEÇÃO II V - ter sido a falta praticada durante a execução do serviço;
Dos Limites de Competência das Autoridades VI - ter sido a falta praticada em presença de subordinado,
de tropa ou de civil;
Artigo 32 - O Governador do Estado é competente para VII - ter sido a falta praticada com abuso de autoridade
aplicar todas as sanções disciplinares previstas neste hierárquica ou funcional.
Regulamento, cabendo às demais autoridades as seguintes § 1º - Não se aplica a circunstância agravante prevista no
competências: inciso V quando, pela sua natureza, a transgressão seja inerente
I - ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante à execução do serviço.
Geral: todas as sanções disciplinares exceto a demissão de § 2º - Considera-se reincidência específica o enquadramento
oficiais; da falta praticada num mesmo item dos previstos no artigo 13
II - ao Subcomandante da Polícia Militar: as sanções ou no item II do § 1º do artigo 12.
disciplinares de advertência, repreensão, permanência
disciplinar, detenção e proibição do uso de uniformes de até os SEÇÃO IV
limites máximos previstos; Da Aplicação
III - aos oficiais do posto de coronel: as sanções disciplinares
de advertência, repreensão, permanência disciplinar de até 20 Artigo 37 - A aplicação da sanção disciplinar abrange a
(vinte) dias e detenção de até 15 (quinze) dias; análise do fato, nos termos do artigo 33 deste Regulamento, a
IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: as sanções análise das circunstâncias que determinaram a transgressão, o
disciplinares de advertência, repreensão e permanência enquadramento e a decorrente publicação.
disciplinar de até 20 (vinte) dias;
V - aos oficiais do posto de major: as sanções disciplinares de Artigo 38 - O enquadramento disciplinar é a descrição da
advertência, repreensão e permanência disciplinar de até 15 transgressão cometida, dele devendo constar, resumidamente, o
(quinze) dias; seguinte:
VI - aos oficiais do posto de capitão: as sanções disciplinares I - indicação da ação ou omissão que originou a
de advertência, repreensão e permanência disciplinar de até 10 transgressão;
(dez) dias. II - tipificação da transgressão disciplinar;
III - discriminação, em incisos e artigos, das causas de
SEÇÃO III justificação ou das circunstâncias atenuantes e ou agravantes;
Do Julgamento IV - decisão da autoridade impondo, ou não, a sanção;
V - classificação do comportamento policial-militar em que
Artigo 33 - Na aplicação das sanções disciplinares serão o punido permaneça ou ingresse;
sempre considerados a natureza, a gravidade, os motivos VI - alegações de defesa do transgressor;
determinantes, os danos causados, a personalidade e os VII - observações, tais como:
antecedentes do agente, a intensidade do dolo ou o grau da a) data do início do cumprimento da sanção disciplinar;
culpa. b) local do cumprimento da sanção, se for o caso;

Noções de Administração Pública 55


APOSTILAS OPÇÃO

c) determinação para posterior cumprimento, se o ocorreu o fato apurar ou determinar a apuração e, ao final, se
transgressor estiver baixado, afastado do serviço ou à disposição necessário, remeter os autos à autoridade funcional superior
de outra autoridade; comum aos envolvidos.
d) outros dados que a autoridade competente julgar
necessários; Artigo 47 - Quando duas autoridades de níveis hierárquicos
VIII - assinatura da autoridade. diferentes, ambas com ação disciplinar sobre o transgressor,
conhecerem da transgressão disciplinar, competirá à de maior
Artigo 39 - A publicação é a divulgação oficial do ato hierarquia apurá-la ou determinar que a menos graduada o
administrativo referente à aplicação da sanção disciplinar ou à faça.
sua justificação, e dá início a seus efeitos. Parágrafo único - Quando a apuração ficar sob a
Parágrafo único - A advertência não deverá constar de incumbência da autoridade menos graduada, a punição
publicação em boletim, figurando, entretanto, no registro de resultante será aplicada após a aprovação da autoridade
informações de punições para os oficiais, ou na nota de corretivo superior, se esta assim determinar.
das praças.
Artigo 48 - A expulsão será aplicada, em regra, quando a
Artigo 40 - As sanções de oficiais, aspirantes-a-oficial, praça policial-militar, independentemente da graduação ou
alunos-oficiais, subtenentes e sargentos serão publicadas função que ocupe, for condenado judicialmente por crime que
somente para conhecimento dos integrantes dos seus também constitua infração disciplinar grave e que denote
respectivos círculos e superiores hierárquicos, podendo ser incapacidade moral para a continuidade do exercício de suas
dadas ao conhecimento geral se as circunstâncias ou a natureza funções.
da transgressão e o bem da disciplina assim o recomendarem.
SEÇÃO V
Artigo 41 - Na aplicação das sanções disciplinares previstas Do Cumprimento e da Contagem de Tempo
neste Regulamento, serão rigorosamente observados os
seguintes limites: Artigo 49 - A autoridade que tiver de aplicar sanção a
I - quando as circunstâncias atenuantes preponderarem, a subordinado que esteja a serviço ou à disposição de outra
sanção não será aplicada em seu limite máximo; autoridade requisitará a apresentação do transgressor.
II - quando as circunstâncias agravantes preponderarem, Parágrafo único - Quando o local determinado para o
poderá ser aplicada a sanção até o seu limite máximo; cumprimento da sanção não for a respectiva OPM, a autoridade
III - pela mesma transgressão não será aplicada mais de indicará o local designado para a apresentação do punido.
uma sanção disciplinar.
Artigo 50 - Nenhum militar do Estado será interrogado ou
Artigo 42 - A sanção disciplinar será proporcional à ser-lhe-á aplicada sanção se estiver em estado de embriaguez,
gravidade e natureza da infração, observados os seguintes ou sob a ação de substância entorpecente ou que determine
limites: dependência física ou psíquica, devendo se necessário, ser, desde
I - as faltas leves são puníveis com advertência ou logo, recolhido disciplinarmente.
repreensão e, na reincidência específica, com permanência
disciplinar de até 5 (cinco) dias; Artigo 51 - O cumprimento da sanção disciplinar, por militar
II - as faltas médias são puníveis com permanência do Estado afastado do serviço, deverá ocorrer após a sua
disciplinar de até 8 (oito) dias e, na reincidência específica, com apresentação na OPM, pronto para o serviço policial-militar,
permanência disciplinar de até 15 (quinze) dias; salvo nos casos de interesse da preservação da ordem e da
III - as faltas graves são puníveis com permanência de até 10 disciplina.
(dez) dias ou detenção de até 8 (oito) dias e, na reincidência Parágrafo único - A interrupção de afastamento
específica, com permanência de até 20 (vinte) dias ou detenção regulamentar, para cumprimento de sanção disciplinar,
de até 15 (quinze) dias, desde que não caiba demissão ou somente ocorrerá quando determinada pelo Governador do
expulsão. Estado, Secretário da Segurança Pública ou pelo Comandante
Geral.
Artigo 43 - O início do cumprimento da sanção disciplinar
dependerá de aprovação do ato pelo Comandante da Unidade ou Artigo 52 - O início do cumprimento da sanção disciplinar
pela autoridade funcional imediatamente superior, quando a deverá ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias após a ciência,
sanção for por ele aplicada, e prévia publicação em boletim, pelo punido, da sua publicação.
salvo a necessidade de recolhimento disciplinar previsto neste § 1º - A contagem do tempo de cumprimento da sanção
Regulamento. começa no momento em que o militar do Estado iniciá-lo,
computando-se cada dia como período de 24 (vinte e quatro)
Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da horas.
responsabilidade civil e criminal emanadas do mesmo fato. § 2º - Não será computado, como cumprimento de sanção
Parágrafo único - A instauração de inquérito ou ação disciplinar, o tempo em que o militar do Estado passar em gozo
criminal não impede a imposição, na esfera administrativa, de de afastamentos regulamentares, interrompendo-se a contagem
sanção pela prática de transgressão disciplinar sobre o mesmo a partir do momento de seu afastamento até o seu retorno.
fato. § 3º - O afastamento do militar do Estado do local de
cumprimento da sanção e o seu retorno a esse local, após o
Artigo 45 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sem afastamento regularmente previsto no § 2º, deverão ser objeto
conexão entre elas, serão impostas as sanções correspondentes de publicação.
isoladamente; em caso contrário, quando forem praticadas de
forma conexa, as de menor gravidade serão consideradas como CAPÍTULO IX
circunstâncias agravantes da transgressão principal. Do Comportamento

Artigo 46 - Na ocorrência de transgressão disciplinar Artigo 53 - O comportamento da praça policial-militar


envolvendo militares do Estado de mais de uma Unidade, caberá demonstra o seu procedimento na vida profissional e particular,
ao comandante do policiamento da área territorial onde sob o ponto de vista disciplinar.

Noções de Administração Pública 56


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 54 - Para fins disciplinares e para outros efeitos, o que modifiquem a decisão anteriormente tomada, devendo este
comportamento policial-militar classifica-se em: ato ser publicado, obedecido o prazo do § 3º deste artigo.
I - excelente - quando, no período de 10 (dez) anos, não lhe
tenha sido aplicada qualquer sanção disciplinar; Artigo 58 - O recurso hierárquico, interposto por uma única
II - ótimo - quando, no período de 5 (cinco) anos, lhe tenham vez, terá efeito suspensivo e será redigido sob a forma de parte
sido aplicadas até 2 repreensões; ou ofício e endereçado diretamente à autoridade imediatamente
III - bom - quando, no período de 2 (dois) anos, lhe tenham superior àquela que não reconsiderou o ato tido por irregular,
sido aplicadas até 2 (duas) permanências disciplinares; ofensivo, injusto ou ilegal.
IV - regular - quando, no período de 1 (um) ano, lhe tenham § 1º - A interposição do recurso de que trata este artigo, a
sido aplicadas até 2 (duas) permanências disciplinares ou 1 qual deverá ser precedida de pedido de reconsideração do ato,
(uma) detenção; somente poderá ocorrer depois de conhecido o resultado deste
V - mau - quando, no período de 1 (um) ano, lhe tenham sido pelo requerente, exceto na hipótese prevista pelo § 4º do artigo
aplicadas mais de 2 (duas) permanências disciplinares ou mais anterior.
de 1 (uma) detenção. § 2º - A autoridade que receber o recurso hierárquico deverá
§ 1º - A contagem de tempo para melhora do comunicar tal fato, por escrito, àquela contra a qual está sendo
comportamento se fará automaticamente, de acordo com os interposto.
prazos estabelecidos neste artigo. § 3º - Os prazos referentes ao recurso hierárquico são:
§ 2º - Bastará uma única sanção disciplinar acima dos 1 - para interposição: 5 (cinco) dias, a contar do
limites estabelecidos neste artigo para alterar a categoria do conhecimento da solução do pedido de reconsideração pelo
comportamento. interessado ou do vencimento do prazo do § 4º do artigo
§ 3º - Para a classificação do comportamento fica anterior;
estabelecido que duas repreensões equivalerão a uma 2 - para comunicação: 3 (três) dias, a contar do protocolo da
permanência disciplinar. OPM da autoridade destinatária;
§ 4º - Para efeito de classificação, reclassificação ou 3 - para solução: 10 (dez) dias, a contar do recebimento da
melhoria do comportamento, ter-se-ão como base as datas em interposição do recurso no protocolo da OPM da autoridade
que as sanções foram publicadas. destinatária.
§ 4º - O recurso hierárquico, em termos respeitosos,
Artigo 55 - Ao ser admitida na Polícia Militar, a praça precisará o objeto que o fundamenta de modo a esclarecer o ato
policial-militar será classificada no comportamento "bom". ou fato, podendo ser acompanhado de documentos
comprobatórios.
CAPÍTULO X § 5º - O recurso hierárquico não poderá tratar de assunto
Dos Recursos Disciplinares estranho ao ato ou fato que o tenha motivado, nem versar sobre
matéria impertinente ou fútil.
Artigo 56 - O militar do Estado, que considere a si próprio, a § 6º - Não será conhecido o recurso hierárquico
subordinado seu ou a serviço sob sua responsabilidade intempestivo, procrastinador ou que não apresente fatos novos
prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior que modifiquem a decisão anteriormente tomada, devendo ser
hierárquico, poderá interpor recursos disciplinares. cientificado o interessado, e publicado o ato em boletim, no
Parágrafo único - São recursos disciplinares: prazo de 10 (dez) dias.
1 - pedido de reconsideração de ato; Artigo 59 - Solucionado o recurso hierárquico, encerra-se
2 - recurso hierárquico. para o recorrente a possibilidade administrativa de revisão do
ato disciplinar sofrido, exceto nos casos de representação
Artigo 57 - O pedido de reconsideração de ato é recurso previstos nos §§ 3º e 4º do artigo 30.
interposto, mediante parte ou ofício, à autoridade que praticou,
ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular, ofensivo, Artigo 60 - Solucionados os recursos disciplinares e havendo
injusto ou ilegal, para que o reexamine. sanção disciplinar a ser cumprida, o militar do Estado iniciará o
§ 1º - O pedido de reconsideração de ato deve ser seu cumprimento dentro do prazo de 3 (três) dias:
encaminhado, diretamente, à autoridade recorrida e por uma I - desde que não interposto recurso hierárquico, no caso de
única vez. solução do pedido de reconsideração;
§ 2º - O pedido de reconsideração de ato, que tem efeito II - após solucionado o recurso hierárquico.
suspensivo, deve ser apresentado no prazo máximo de 5 (cinco)
dias, a contar da data em que o militar do Estado tomar ciência Artigo 61 - Os prazos para a interposição dos recursos de que
do ato que o motivou. trata este Regulamento são decadenciais.
§ 3º - A autoridade a quem for dirigido o pedido de
reconsideração de ato deverá, saneando se possível o ato CAPÍTULO XI
praticado, dar solução ao recurso, no prazo máximo de 10 (dez) Da Revisão dos Atos Disciplinares
dias, a contar da data de recebimento do documento, dando
conhecimento ao interessado, mediante despacho Artigo 62 - As autoridades competentes para aplicar sanção
fundamentado que deverá ser publicado. disciplinar, exceto as ocupantes do posto de major e capitão,
§ 4º - O subordinado que não tiver oficialmente quando tiverem conhecimento, por via recursal ou de ofício, da
conhecimento da solução do pedido de reconsideração, após 30 possível existência de irregularidade ou ilegalidade na aplicação
(trinta) dias contados da data de sua solicitação, poderá da sanção imposta por elas ou pelas autoridades subordinadas,
interpor recurso hierárquico no prazo previsto no item 1 do § 3º, podem praticar um dos seguintes atos:
do artigo 58. I - retificação;
§ 5º - O pedido de reconsideração de ato deve ser redigido de II - atenuação;
forma respeitosa, precisando o objetivo e as razões que o III - agravação;
fundamentam, sem comentários ou insinuações, podendo ser IV - anulação.
acompanhado de documentos comprobatórios. § 1º - A anulação de sanção administrativa disciplinar
§ 6º - Não será conhecido o pedido de reconsideração somente poderá ser feita no prazo de 5 (cinco) anos, a contar da
intempestivo, procrastinador ou que não apresente fatos novos data da publicação do ato que se pretende invalidar.

Noções de Administração Pública 57


APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º - Os atos previstos neste artigo deverão ser motivados e CAPÍTULO XIII


publicados. Do Processo Regular
SEÇÃO I
Artigo 63 - A retificação consiste na correção de Disposições Gerais
irregularidade formal sanável, contida na sanção disciplinar
aplicada pela própria autoridade ou por autoridade Artigo 71 - O processo regular a que se refere este
subordinada. Regulamento, para os militares do Estado, será:
I - para oficiais: o Conselho de Justificação;
Artigo 64 - Atenuação é a redução da sanção proposta ou II - para praças com 10 (dez) ou mais anos de serviço
aplicada, para outra menos rigorosa ou, ainda, a redução do policial-militar: o Conselho de Disciplina;
número de dias da sanção, nos limites do artigo 42, se assim o III - para praças com menos de 10 (dez) anos de serviço
exigir o interesse da disciplina e a ação educativa sobre o militar policial-militar: o Processo Administrativo Disciplinar.
do Estado.
Artigo 72 - O militar do Estado submetido a processo regular
Artigo 65 - Agravação é a ampliação do número dos dias deverá, quando houver possibilidade de prejuízo para a
propostos para uma sanção disciplinar ou a aplicação de sanção hierarquia, disciplina ou para a apuração do fato, ser designado
mais rigorosa, nos limites do artigo 42, se assim o exigir o para o exercício de outras funções, enquanto perdurar o
interesse da disciplina e a ação educativa sobre o militar do processo, podendo ainda a autoridade instauradora proibir-lhe
Estado. o uso do uniforme, como medida cautelar.
Parágrafo único - Não caberá agravamento da sanção em
razão da interposição de recurso disciplinar. SEÇÃO II
Do Conselho de Justificação
Artigo 66 - Anulação é a declaração de invalidade da sanção
disciplinar aplicada pela própria autoridade ou por autoridade Artigo 73 - O Conselho de Justificação destina-se a apurar,
subordinada, quando, na apreciação do recurso, verificar a na forma da legislação específica, a incapacidade do oficial para
ocorrência de ilegalidade, devendo retroagir à data do ato. permanecer no serviço ativo da Polícia Militar.
Parágrafo único - O Conselho de Justificação aplica-se
CAPÍTULO XII também ao oficial inativo presumivelmente incapaz de
Das Recompensas Policiais-Militares permanecer na situação de inatividade.

Artigo 67 - As recompensas policiais-militares constituem Artigo 74 - O oficial submetido a Conselho de Justificação e


reconhecimento dos bons serviços prestados pelo militar do considerado culpado, por decisão unânime, poderá ser agregado
Estado e consubstanciam-se em prêmios concedidos por atos disciplinarmente mediante ato do Comandante Geral, até
meritórios e serviços relevantes. decisão final do tribunal competente, ficando:
I - afastado das suas funções e adido à Unidade que lhe for
Artigo 68 - São recompensas policiais-militares: designada;
I - elogio; II - proibido de usar uniforme;
II - cancelamento de sanções. III - percebendo 1/3 (um terço) da remuneração;
Parágrafo único - O elogio individual, ato administrativo que IV - mantido no respectivo Quadro, sem número, não
coloca em relevo as qualidades morais e profissionais do militar, concorrendo à promoção.
poderá ser formulado independentemente da classificação de
seu comportamento e será registrado nos assentamentos. Artigo 75 - Ao Conselho de Justificação aplica-se o previsto
na legislação específica, complementarmente ao disposto neste
Artigo 69 - A dispensa do serviço não é uma recompensa Regulamento.
policial-militar e somente poderá ser concedida quando houver,
a juízo do Comandante da Unidade, motivo de força maior. SEÇÃO III
Parágrafo único - A concessão de dispensas do serviço, Do Conselho de Disciplina
observado o disposto neste artigo, fica limitada ao máximo de 6
(seis) dias por ano, sendo sempre publicada em boletim. Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a declarar a
incapacidade moral da praça para permanecer no serviço ativo
Artigo 70 - O cancelamento de sanções disciplinares consiste da Polícia Militar e será instaurado:
na retirada dos registros realizados nos assentamentos I - por portaria do Comandante da Unidade a que pertencer
individuais do militar do Estado, relativos às penas disciplinares o acusado;
que lhe foram aplicadas. II - por ato de autoridade superior à mencionada no inciso
§ 1º - O cancelamento de sanções é ato do Comandante Geral, anterior.
praticado a pedido do interessado, e o seu deferimento deverá Parágrafo único - A instauração do Conselho de Disciplina
atender aos bons serviços por ele prestados, comprovados em poderá ser feita durante o cumprimento de sanção disciplinar.
seus assentamentos, e depois de decorridos 10 (dez) anos de
efetivo serviço, sem qualquer outra sanção, a contar da data da Artigo 77 - As autoridades referidas no artigo anterior
última pena imposta. podem, com base na natureza da falta ou na inconsistência dos
§ 2º - O cancelamento de sanções não terá efeito retroativo fatos apontados, considerar, desde logo, insuficiente a acusação
e não motivará o direito de revisão de outros atos e, em consequência, deixar de instaurar o Conselho de Disciplina,
administrativos decorrentes das sanções canceladas. sem prejuízo de novas diligências.

Artigo 78 - O Conselho será composto por 3 (três) oficiais da


ativa.
§ 1º - O mais antigo do Conselho, no mínimo um capitão, é o
presidente, e o que lhe seguir em antiguidade ou precedência
funcional é o interrogante, sendo o relator e escrivão o mais
moderno.

Noções de Administração Pública 58


APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º - Entendendo necessário, o presidente poderá nomear tipo previsto na legislação penal, salvo se esta prescrição
um subtenente ou sargento para funcionar como escrivão no ocorrer em prazo inferior a 5 (cinco) anos.
processo, o qual não integrará o Conselho. § 2º - A interposição de recurso disciplinar interrompe a
prescrição da punibilidade até a solução final do recurso.
Artigo 79 - O Conselho poderá ser instaurado,
independentemente da existência ou da instauração de Artigo 86 - Para os efeitos deste Regulamento, considera-se
inquérito policial comum ou militar, de processo criminal ou de Comandante de Unidade o oficial que estiver exercendo funções
sentença criminal transitada em julgado. privativas dos postos de coronel e de tenente-coronel.
Parágrafo único - Se no curso dos trabalhos do Conselho Parágrafo único - As expressões diretor, corregedor e chefe
surgirem indícios de crime comum ou militar, o presidente têm o mesmo significado de Comandante de Unidade.
deverá extrair cópia dos autos, remetendo-os por ofício à
autoridade competente para início do respectivo inquérito Artigo 87 - Aplicam-se, supletivamente, ao Conselho de
policial ou da ação penal cabível. Disciplina as disposições do Código de Processo Penal Militar.

Artigo 80 - Será instaurado apenas um processo quando o Artigo 88 - O Comandante Geral baixará instruções
ato ou atos motivadores tenham sido praticados em concurso de complementares, necessárias à interpretação, orientação e fiel
agentes. aplicação do disposto neste Regulamento.
§ 1º - Havendo dois ou mais acusados pertencentes a OPM
diversas, o processo será instaurado pela autoridade Artigo 89 - Esta lei complementar entra em vigor na data de
imediatamente superior, comum aos respectivos comandantes sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
das OPM dos acusados.
§ 2º - Existindo concurso ou continuidade infracional, Questões
deverão todos os atos censuráveis constituir o libelo acusatório
da portaria. 01. A hierarquia, a disciplina e a dignidade da pessoa
§ 3º - Surgindo, após a elaboração da portaria, elementos de humana são as bases da organização da Polícia Militar.
autoria e materialidade de infração disciplinar conexa, em ( ) Certo ( ) Errado
continuidade ou em concurso, esta poderá ser aditada, abrindo-
se novos prazos para a defesa. 02. A constância e a verdade real estão entre os valores
fundamentais dos policiais militares.
Artigo 81 - A decisão da autoridade instauradora, ( ) Certo ( ) Errado
devidamente fundamentada, será aposta nos autos, após a
apreciação do Conselho e de toda a prova produzida, das razões 03. A camaradagem é dispensável à formação e ao convívio
de defesa e do relatório, no prazo de 15 (quinze) dias a contar na Polícia Militar, incumbindo aos comandantes incentivar e
do seu recebimento. manter a harmonia e a solidariedade entre os seus
comandados, promovendo estímulos de aproximação e
Artigo 82 - A autoridade instauradora, na sua decisão, cordialidade.
considerará a acusação procedente, procedente em parte ou ( ) Certo ( ) Errado
improcedente, devendo propor ao Comandante Geral, conforme
o caso, a aplicação das sanções administrativas cabíveis. 04. Sobre as penalidades assinale verdadeiro ou falso.
Parágrafo único - A decisão da autoridade instauradora A advertência é sanção feita por escrito ao transgressor.
será publicada em boletim. ( ) Verdadeiro ( ) Falso

Artigo 83 - Recebidos os autos, o Comandante Geral, dentro 05. O Conselho de Disciplina destina-se a apurar, na forma
do prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, fundamentado seu da legislação específica, a incapacidade do oficial para
despacho, emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso, permanecer no serviço ativo da Polícia Militar.
salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da ( ) Certo ( ) Errado
Constituição do Estado. (Parágrafo único com redação dada
pela Lei Complementar nº 915, de 22/03/2002.) Gabarito
01.Errada / 02.Certo / 03.Errado / 04.Falso / 05.Errado
SEÇÃO IV
Do Processo Administrativo Disciplinar

Artigo 84 - O Processo Administrativo Disciplinar seguirá


rito próprio ao qual se aplica o disposto nos incisos I, II e
parágrafo único do artigo 76 e os artigos 79, 80 e 82 deste
Regulamento.
Parágrafo único - Recebido o processo, o Comandante Geral
emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso, salvo na
hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da Constituição do
Estado. (Parágrafo único com redação dada pela Lei
Complementar nº 915, de 22/03/2002.)

CAPÍTULO XIV
Disposições Finais

Artigo 85 - A ação disciplinar da Administração prescreverá


em 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento da
transgressão disciplinar.
§ 1º - A punibilidade da transgressão disciplinar também
prevista como crime prescreve nos prazos estabelecidos para o

Noções de Administração Pública 59


APOSTILAS OPÇÃO

escolaridade e o grau de complexidade das atribuições dos


6. LEI COMPLEMENTAR Nº cargos e funções-atividades, por intermédio de 5 (cinco) escalas
de vencimentos, compostas de referências e graus ou de
1.080/08 – Institui Plano referências, na forma indicada nos Anexos V a XII;
Geral de Cargos, Vencimentos III - a instituição de perspectivas de mobilidade funcional,
e Salários para os servidores mediante progressão e promoção.
das classes que especifica. 6.1. Artigo 3º - Para fins de aplicação deste Plano Geral de
Capítulo I – Disposição Cargos, Vencimentos e Salários, considera-se:
Preliminar. 6.2. Capítulo II – I - classe: o conjunto de cargos e funções-atividades de
mesma natureza e igual denominação;
Do Plano Geral de Cargos, II - referência: o símbolo indicativo do vencimento do cargo
Vencimentos e Salários: Seção ou do salário da função-atividade;
I – Disposições Gerais; Seção II III - grau: valor do vencimento ou salário dentro da
referência;
– Do Ingresso; Seção III – Do IV - padrão: conjunto de referência e grau;
Estágio Probatório; Seção IV – V - vencimento: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga
Da Jornada de Trabalho, dos mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício do cargo;
VI - salário: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga
Vencimentos e das Vantagens mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício da função-
Pecuniárias; Seção VII – Da atividade;
Progressão; Seção VIII – Da VII - remuneração: o valor correspondente ao vencimento ou
salário, acrescido das vantagens pecuniárias a que o servidor
Promoção; Seção IX – Da faça jus, previstas em lei.
Substituição. 6.3. Capítulo IV –
Disposições Finais: artigos 54 SEÇÃO II
Do Ingresso
a 56.
Artigo 4º - O ingresso nos cargos e funções-atividades
constantes dos Sub anexos 2 e 3 dos Anexos I e II desta lei
LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, DE 17 DE DEZEMBRO DE complementar far-se-á no padrão inicial da respectiva classe,
200812 mediante concurso público de provas ou de provas e títulos,
obedecidos os seguintes requisitos mínimos:
Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários para I - para as classes de nível intermediário: certificado de
os servidores das classes que especifica. conclusão do ensino médio ou equivalente;
II - para as classes de nível universitário: diploma de
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: graduação em curso de nível superior.
§ 1º - Os editais fixarão os requisitos específicos, de acordo
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu com a área de atuação, para cada concurso público.
promulgo a seguinte lei complementar: § 2º - As atribuições básicas das classes de que trata este
artigo são as fixadas no Anexo III desta lei complementar.
CAPÍTULO I
Disposição Preliminar Artigo 5º - Os cargos em comissão e as funções-atividades em
confiança obedecerão aos requisitos mínimos de escolaridade e
Artigo 1º - Fica instituído, na forma desta lei complementar, experiência profissional fixados no Anexo IV desta lei
Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários aplicável aos complementar.
servidores das Secretarias de Estado, da Procuradoria Geral do
Estado e das Autarquias, titulares de cargos e ocupantes de Artigo 6º - Os cargos e as funções-atividades de supervisão,
funções-atividades expressamente indicados nos Anexos I e II. chefia e encarregatura indicados no Sub anexo 4 dos Anexos I e
CAPÍTULO II II serão providos ou preenchidas, privativamente, por servidores
Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários públicos estaduais titulares de cargos efetivos ou ocupantes de
funções-atividades de natureza permanente.
SEÇÃO I Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput” deste
Disposições Gerais artigo, os cargos de Chefe de Cerimonial e Chefe de Gabinete
identificados no Sub anexo 4 do Anexo I e os cargos e funções-
Artigo 2º - O Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, atividades de Chefe de Gabinete de Autarquia identificados no
de que trata esta lei complementar, organiza as classes que o Sub anexo 4 do Anexo II desta lei complementar.
integram, tendo em vista a complexidade das atribuições, os
graus diferenciados de formação, de responsabilidade e de SEÇÃO III
experiência profissional requeridos, bem como as demais Do Estágio Probatório
condições e requisitos específicos exigíveis para seu exercício,
compreendendo: Artigo 7º - Nos 3 (três) primeiros anos de efetivo exercício
I - a identificação, agregação e alteração de nomenclatura nos cargos das classes a que se refere o artigo 4º desta lei
de cargos e funções-atividades e suas respectivas atribuições, na complementar, que se caracteriza como estágio probatório, o
forma indicada nos Anexos I a III; servidor será submetido à avaliação especial de desempenho,
II - o estabelecimento de um sistema retribuitório que verificando-se a sua aptidão e capacidade para o exercício das
estrutura os vencimentos e salários de acordo com o nível de

12Disponível em: http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/index.htm - Acesso


em 15/08/2018

Noções de Administração Pública 60


APOSTILAS OPÇÃO

atribuições inerentes ao cargo que ocupa, por intermédio dos Artigo 10 - O servidor confirmado no cargo de provimento
seguintes critérios: efetivo fará jus à progressão automática do grau “A” para o grau
I - assiduidade; “B” da respectiva referência da classe a que pertença,
II - disciplina; independentemente do limite estabelecido no artigo 23 desta lei
III - capacidade de iniciativa; complementar.
IV - produtividade;
V - responsabilidade. SEÇÃO IV
§ 1º - O período de estágio probatório será acompanhado Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
por Comissão Especial de Avaliação de Desempenho constituída Pecuniárias
para este fim, em conjunto com o órgão setorial de recursos
humanos e as chefias imediata e mediata, que deverão: Artigo 11 - Os cargos e as funções-atividades abrangidos por
1 - propiciar condições para a adaptação do servidor ao esta lei complementar serão exercidos em Jornada Completa de
ambiente de trabalho; Trabalho, caracterizada pela exigência da prestação de 40
2 - orientar o servidor no desempenho de suas atribuições; (quarenta) horas semanais de trabalho.
3 - verificar o grau de adaptação ao cargo e a necessidade Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput” deste
de submeter o servidor a programa de treinamento. artigo, os cargos e as funções-atividades cujos ocupantes
§ 2º - a avaliação será promovida semestralmente pelo estejam sujeitos a Jornada Comum de Trabalho, caracterizada
órgão setorial de recursos humanos, com base em critérios pela exigência da prestação de 30 (trinta) horas semanais de
estabelecidos em decreto.” (NR); trabalho.

Artigo 8º - Decorridos 30 (trinta) meses do período de Artigo 12 - Os vencimentos ou salários dos servidores
estágio probatório, o responsável pelo órgão setorial de recursos abrangidos pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários,
humanos encaminhará à Comissão Especial de Avaliação de de que trata esta lei complementar, ficam fixados de acordo com
Desempenho, no prazo de 30 (trinta) dias, relatório as Escalas de Vencimentos a seguir mencionadas:
circunstanciado sobre a conduta e o desempenho profissional do I - Escala de Vencimentos - Nível Elementar, constituída de 1
servidor, com proposta fundamentada de confirmação no cargo (uma) referência e 10 (dez) graus;
ou exoneração. II - Escala de Vencimentos - Nível Intermediário, constituída
§ 1º - A Comissão Especial de Avaliação de Desempenho de 3 (três) referências e 10 (dez) graus;
poderá solicitar informações complementares para referendar III - Escala de Vencimentos - Nível Universitário, composta
a proposta de que trata o “caput” deste artigo. de 2 (duas) Estruturas de Vencimentos, sendo a Estrutura I
§ 2º - No caso de ter sido proposta a exoneração, a Comissão constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus, e a Estrutura
Especial de Avaliação de Desempenho abrirá prazo de 10 (dez) II constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus;
dias para o exercício do direito de defesa do interessado, e (Incisos II e III com redação dada pela Lei Complementar nº
decidirá pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 1.250, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
§ 3º - A Comissão Especial de Avaliação de Desempenho 01/08/2014)
encaminhará ao Titular do órgão ou entidade, para decisão IV - Escala de Vencimentos - Comissão, constituída de 18
final, proposta de confirmação no cargo ou de exoneração do (dezoito) referências.
servidor.
§ 4º - Os atos decorrentes do cumprimento do período de Artigo 13 - As Escalas de Vencimentos a que se refere o artigo
estágio probatório deverão ser publicados pela autoridade 12 desta lei complementar são constituídas de tabelas,
competente, na seguinte conformidade: (Redação dada pela Lei aplicáveis aos cargos e funções-atividades, de acordo com a
Complementar nº 1.199, de 22 de maio de 2013). jornada de trabalho a que estejam sujeitos os seus ocupantes, na
1 - os de exoneração do cargo, até o primeiro dia útil seguinte conformidade:
subsequente ao encerramento do estágio probatório; I - Tabela I, para os sujeitos à Jornada Completa de Trabalho;
2 - os de confirmação no cargo, até 45 (quarenta e cinco) II - Tabela II, para os sujeitos à Jornada Comum de Trabalho.
dias úteis após o término do estágio.
Artigo 14 - A remuneração dos servidores abrangidos pelo
Artigo 9º - Durante o período de estágio probatório, o Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, de que trata esta
servidor não poderá ser afastado ou licenciado do seu cargo, lei complementar, compreende, além dos vencimentos e salários
exceto: de que trata o artigo 12, as seguintes vantagens pecuniárias:
I - nas hipóteses previstas nos artigos 69, 72, 75 e 181, incisos I - adicional por tempo de serviço de que trata o artigo 129
I a V, VII e VIII, da Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968; da Constituição do Estado, que será calculado na base de 5%
II - para participação em curso específico de formação (cinco por cento) sobre o valor do vencimento ou salário, por
decorrente de aprovação em concurso público para outro cargo quinquênio de prestação de serviço, observado o disposto no
na Administração Pública Estadual; inciso XVI do artigo 115 da mesma Constituição;
III - quando nomeado ou designado para o exercício de cargo II - sexta-parte;
em comissão ou função em confiança no âmbito do órgão ou III - gratificação “pro labore” a que se referem os artigos 16
entidade em que estiver lotado; a 19 desta lei complementar;
IV - quando nomeado para o exercício de cargo em comissão IV - décimo-terceiro salário;
em órgão diverso da sua lotação de origem; V - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
V - nas hipóteses previstas nos artigos 65 e 66 da Lei nº VI - ajuda de custo;
10.261, de 28 de outubro de 1968, somente quando nomeado ou VII - diárias;
designado para o exercício de cargo em comissão ou função em VIII - gratificações e outras vantagens pecuniárias previstas
confiança. em lei.
Parágrafo único - Fica suspensa, para efeito de estágio
probatório, a contagem de tempo dos períodos de afastamentos
referidos neste artigo, excetuadas as hipóteses previstas em seu
inciso III, bem como nos artigos 69 e 75 da Lei nº 10.261, de 28
de outubro de 1968;

Noções de Administração Pública 61


APOSTILAS OPÇÃO

[...] XIII – ausente em virtude de consulta ou sessão de


tratamento de saúde, nos termos da Lei Complementar nº 1.041,
SEÇÃO VII de 14 de abril de 2008.
Da Progressão
Artigo 27 - Os demais critérios relativos à progressão serão
Artigo 22 - Progressão é a passagem do servidor de um grau estabelecidos em decreto.
para outro imediatamente superior dentro de uma mesma
referência da respectiva classe. SEÇÃO VIII
Da Promoção
Artigo 23 - A progressão será realizada anualmente,
mediante processo de avaliação de desempenho, obedecido o Artigo 28 – Promoção é a passagem do servidor de uma
limite de até 20% (vinte por cento) do total de servidores referência para outra superior da respectiva classe, mantido o
titulares de cargos ou ocupantes de funções-atividades grau de enquadramento, devido à aquisição de competências
integrantes de cada classe de nível elementar, nível adicionais às exigidas para ingresso no cargo de que é titular ou
intermediário e nível universitário prevista nesta lei função atividade de que é ocupante.(Redação dada pela Lei
complementar, no âmbito de cada órgão ou entidade. Complementar n° 1.250, de 3 de julho de 2014).

Artigo 24 - Poderão participar do processo de progressão, os Artigo 29 – A promoção permitirá a elevação de referência,
servidores que tenham: dos servidores integrantes das seguintes classes: (Redação dada
I - cumprido o interstício mínimo de 2 (dois) anos de efetivo pela Lei Complementar n° 1.250, de 3 de julho de 2014).
exercício, no padrão da classe em que seu cargo ou função- I – Escala de Vencimentos - Nível Intermediário:
atividade estiver enquadrado; a) Oficial Administrativo;
II - o desempenho avaliado anualmente, por meio de b) Oficial Operacional;
procedimentos e critérios estabelecidos em decreto. c) Oficial Sociocultural;
Parágrafo único - O cômputo do interstício a que se refere o II – Escala de Vencimentos - Nível Universitário – Estrutura
inciso I deste artigo terá início a partir do cumprimento do I e Estrutura II:
estágio probatório de 3 (três) anos de efetivo exercício. a) Analista Administrativo;
b) Analista de Tecnologia;
Artigo 25 - Observado o limite estabelecido no artigo 23 c) Analista Sociocultural;
desta lei complementar, somente poderão ser beneficiados com d) Executivo Público.
a progressão os servidores que tiverem obtido resultados finais Parágrafo único – A elevação de referência para os
positivos no processo anual de avaliação de desempenho. integrantes das classes a que se refere este artigo dar-se-á:
1 - de 1 para 2;
Artigo 26 – Para efeito do disposto no inciso I do artigo 24 2 - de 1 para 3;
desta lei complementar serão considerados efetivo exercício os 3 - de 2 para 3.
seguintes afastamentos: (Redação dada pela Lei Complementar
n° 1.250, de 3 de julho de 2014) Artigo 30 - São requisitos para fins de promoção: (Redação
I – nomeado para cargo em comissão ou designado, nos dada pela Lei Complementar n° 1.250, de 3 de julho de 2014)
termos da legislação trabalhista, para exercício de função- I – ser declarado estável após 3 (três) anos de efetivo
atividade em confiança; exercício;
II – designado para função retribuída mediante gratificação II – contar, no mínimo, 5 (cinco) anos de efetivo exercício no
“pro labore”, a que se referem os artigos 16 a 18 desta lei mesmo cargo ou função-atividade pertencente às classes
complementar; identificadas no artigo 29 desta lei complementar;
III – designado para função de serviço público retribuída III – ser aprovado em avaliação teórica ou prática para
mediante “pro labore”, nos termos do artigo 28 da Lei nº 10.168, aferir a aquisição de competências necessárias ao exercício de
de 10 de julho de 1968; suas funções na referência superior;
IV – designado como substituto ou para responder por cargo IV – possuir:
vago de comando; a) diploma de graduação em curso de nível superior, para os
V – afastado nos termos dos artigos 65 e 66 da Lei nº 10.261, integrantes das classes referidas no inciso I, do artigo 29 desta
de 28 de outubro de 1968, sem prejuízo de vencimentos, junto a lei complementar, quando da promoção para a referência 3;
órgãos da Administração Direta ou Autárquica do Estado; b) pós-graduação “stricto” ou “lato sensu”, para os
VI – afastado nos termos dos artigos 67, 78, 79 e 80 da Lei nº integrantes das classes referidas no inciso II, do artigo 29 desta
10.261, de 28 de outubro de 1968; lei complementar, quando da promoção para a referência 3.
VII – afastado nos termos do inciso I do artigo 15, da Lei nº
500, de 13 de novembro de 1974, desde que sem prejuízo dos Artigo 31 - Os cursos a que se referem as alíneas “a” e “b” do
vencimentos, junto a órgãos da Administração Direta e inciso III do artigo 30 desta lei complementar e os demais
Autárquica do Estado; critérios relativos ao processo de promoção serão estabelecidos
VIII – afastado nos termos dos artigos 16 e 17 da Lei nº 500, em decreto.
de 13 de novembro de 1974;
IX – afastado, sem prejuízo dos vencimentos ou salários, SEÇÃO IX
para participação em cursos, congressos ou demais certames Da Substituição
afetos à respectiva área de atuação, pelo prazo máximo de 90
(noventa) dias; Artigo 32 - Para os servidores abrangidos por esta lei
X – afastado nos termos do §1º do artigo 125 da Constituição complementar poderá haver a substituição de que tratam os
do Estado de São Paulo; artigos 80 a 83 da Lei Complementar nº 180, de 12 de maio de
XI – afastado nos termos da Lei Complementar nº 367, de 14 1978, para os cargos de coordenação, direção, chefia, supervisão
de dezembro de 1984, alterada pela Lei Complementar nº 1.054, e encarregatura, constantes da Escala de Vencimentos -
de 7 de julho de 2008; Comissão.
XII – licenciado para tratamento de saúde, no limite de 45 § 1º - Se o período de substituição for igual ou superior a 15
(quarenta e cinco) dias por ano; (quinze) dias, o servidor fará jus à diferença entre o valor do

Noções de Administração Pública 62


APOSTILAS OPÇÃO

padrão ou da referência em que estiver enquadrado o cargo de Questões


que é titular ou a função-atividade de que é ocupante, acrescido
da Gratificação Executiva, de que trata o inciso I do artigo 38 01. Para fins de aplicação do Plano Geral de Cargos,
desta lei complementar, dos adicionais por tempo de serviço e Vencimentos e Salários, considera-se:
da sexta-parte, se for o caso, e do valor da referência do cargo (A) salário: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga
em comissão acrescido das mesmas vantagens, proporcional aos mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício do cargo;
dias substituídos. (B) - referência: o conjunto de cargos e funções-atividades
§ 2º - O disposto neste artigo aplica-se, também, às hipóteses de mesma natureza e igual denominação;
de designação para funções de serviço público retribuídas (C) grau: valor do vencimento ou salário dentro da
mediante “pro labore” de que trata o artigo 28 da Lei nº 10.168, referência;
de 10 de julho de 1968, e para as funções previstas nos artigos (D) vencimento: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga
16 e 17 desta lei complementar. mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício da função-
§ 3º - Na hipótese de substituição em funções-atividades em atividade.
confiança, no âmbito das Autarquias, aplica-se, no que couber, o
disposto neste artigo. 02. Julgue o item subsequente:
§ 4º - Os servidores integrantes de classes pertencentes a Os cargos em comissão e as funções-atividades em
outros sistemas retribuitórios que venham a exercer a confiança obedecerão aos requisitos mínimos de escolaridade
substituição em cargos abrangidos por este Plano, receberão o e experiência profissional fixados no Anexo IV desta lei
pagamento dessa substituição de acordo com critérios de complementar.
cálculo a serem estabelecidos em decreto.
( ) Certo ( ) Errado
[...]
CAPÍTULO IV 03. A remuneração dos servidores abrangidos pelo Plano
Disposições Finais Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, de que trata esta lei
complementar, compreende, além dos vencimentos e salários
[...] de que trata o artigo 12, as seguintes vantagens pecuniárias:

Artigo 54 - Poderá ser convertida em pecúnia, mediante I- gratificação “pro labore” a que se referem os artigos 16 a
requerimento, uma parcela de 30 (trinta) dias de licença-prêmio 19 desta lei complementar;
aos integrantes dos Quadros das Secretarias de Estado, da II - décimo-terceiro salário;
Procuradoria Geral do Estado e das Autarquias, regidos por esta III - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
lei complementar, que se encontrem em efetivo exercício nas IV - ajuda de custo;
unidades desses órgãos e entidades.
§ 1º - Os 60 (sessenta) dias de licença-prêmio restantes, do Agora assinale qual alternativa está correta:
período aquisitivo considerado, somente poderão ser usufruídos (A) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas;
em ano diverso daquele em que o beneficiário recebeu a (B) Todas as alternativas estão corretas;
indenização, observado o disposto no artigo 213 da Lei nº (C) Apenas as alternativas I e IV estão corretas;
10.261, de 28 de outubro de 1968, com a redação dada pela Lei (D) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.
Complementar nº 1048, de 10 de junho de 2008.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos servidores dos 04. Julgue o item subsequente:
Quadros das Secretarias de Economia e Planejamento e da
Fazenda regidos por esta lei complementar. Progressão é a passagem do servidor da referência 1 para
a referência 2 de sua respectiva classe, devido à aquisição de
Artigo 55 - O pagamento da indenização de que trata o competências adicionais às exigidas para ingresso no cargo de
artigo 54 restringir-se-á às licenças-prêmio cujos períodos que é titular ou função-atividade de que é ocupante.
aquisitivos se completem a partir da data da vigência desta lei ( ) Certo ( ) Errado
complementar e observará o seguinte:
I - será efetivado no 5º dia útil do mês de aniversário do 05. A progressão será realizada anualmente, mediante
requerente; processo de avaliação de desempenho, obedecido o limite de
II - corresponderá ao valor da remuneração do servidor no até __________ do total de servidores titulares de cargos ou
mês-referência de que trata o inciso anterior. ocupantes de funções-atividades integrantes de cada classe de
nível elementar, nível intermediário e nível universitário
Artigo 56 - O servidor de que trata o artigo 54 desta lei prevista nesta lei complementar, no âmbito de cada órgão ou
complementar que optar pela conversão em pecúnia, de 30 entidade.
(trinta) dias de licença-prêmio, deverá apresentar requerimento (A) 20% (vinte por cento)
no prazo de 3 (três) meses antes do mês do seu aniversário. (B) 30% (trinta por cento)
§ 1º - O órgão setorial ou sub setorial de recursos humanos (C) 25% (vinte e cinco por cento)
competente deverá instruir o requerimento com: (D) 15% (quinze por cento)
1 - informações relativas à publicação do ato de concessão
da licença-prêmio e ao período aquisitivo; Gabarito
2 - declaração de não-fruição de parcela de licença-prêmio 01.C / 02.Certo / 03.B / 04.Errado / 05.A
no ano considerado, relativa ao mesmo período aquisitivo.
§ 2º - Caberá à autoridade competente decidir sobre o
deferimento do pedido, com observância:
1 - da necessidade do serviço;
2 - da assiduidade e da ausência de penas disciplinares, no
período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do
requerimento do servidor.

[...]

Noções de Administração Pública 63


APOSTILAS OPÇÃO

II - documento: unidade de registro de informações,


qualquer que seja o suporte ou formato;
7. LEI FEDERAL Nº III - informação sigilosa: aquela submetida
12.527/11 – Lei de Acesso à temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
Informação; imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
natural identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 201113 à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
art. 5o, no inciso II do §3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da destinação ou controle da informação;
Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras autorizados;
providências. VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso indivíduo, equipamento ou sistema;
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VIII - integridade: qualidade da informação não modificada,
inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
CAPÍTULO I IX - primariedade: qualidade da informação coletada na
DISPOSIÇÕES GERAIS fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
modificações.
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à
com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso informação, que será franqueada, mediante procedimentos
XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem
216 da Constituição Federal. de fácil compreensão.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta CAPÍTULO II
dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis,
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, assegurar a:
Distrito Federal e Municípios. I - gestão transparente da informação, propiciando amplo
acesso a ela e sua divulgação;
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às II - proteção da informação, garantindo-se sua
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para disponibilidade, autenticidade e integridade; e
realização de ações de interesse público, recursos públicos III - proteção da informação sigilosa e da informação
diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade,
contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, integridade e eventual restrição de acesso.
ajustes ou outros instrumentos congêneres.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei
entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos compreende, entre outros, os direitos de obter:
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas. acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
obtida a informação almejada;
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a II - informação contida em registros ou documentos,
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
devem ser executados em conformidade com os princípios recolhidos ou não a arquivos públicos;
básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: III - informação produzida ou custodiada por pessoa física
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus
como exceção; órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
II - divulgação de informações de interesse público, IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
independentemente de solicitações; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e
tecnologia da informação; serviços;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de VI - informação pertinente à administração do patrimônio
transparência na administração pública; público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos
V - desenvolvimento do controle social da administração administrativos; e
pública. VII - informação relativa:
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
utilizados para produção e transmissão de conhecimento, bem como metas e indicadores propostos;
contidos em qualquer meio, suporte ou formato; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e
tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e

13 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-


2014/2011/lei/l12527.htm - Acesso em 15/08/2018.

Noções de Administração Pública 64


APOSTILAS OPÇÃO

externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado
anteriores. comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não entidade detentora do sítio; e
compreende as informações referentes a projetos de pesquisa e VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de
não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com julho de 2008.
ocultação da parte sob sigilo. § 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil)
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de
decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução
do ato decisório respectivo. orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no
§ 4oA negativa de acesso às informações objeto de pedido art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei
formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando de Responsabilidade Fiscal).
não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas
disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado
§ 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá mediante:
o interessado requerer à autoridade competente a imediata I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos
abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da e entidades do poder público, em local com condições
respectiva documentação. apropriadas para:
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no informações;
prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas
que comprovem sua alegação. respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, informações; e
independentemente de requerimentos, a divulgação em local de II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo
fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de à participação popular ou a outras formas de divulgação.
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, CAPÍTULO III
deverão constar, no mínimo: DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
I - registro das competências e estrutura organizacional, Seção I
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de Do Pedido de Acesso
atendimento ao público;
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
recursos financeiros; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o
III - registros das despesas; desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, a identificação do requerente e a especificação da informação
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos requerida.
os contratos celebrados; § 1o Para o acesso a informações de interesse público, a
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, identificação do requerente não pode conter exigências que
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e inviabilizem a solicitação.
VI - Respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. § 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio
entidades públicas deverão utilizar todos os meios e de seus sítios oficiais na internet.
instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a § 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores determinantes da solicitação de informações de interesse
(internet). público.
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o conceder o acesso imediato à informação disponível.
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em § 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
linguagem de fácil compreensão; disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais I - comunicar a data, local e modo para se realizar a
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
informações; II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas parcial, do acesso pretendido; ou
externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for
máquina; do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou,
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade,
estruturação da informação; cientificando o interessado da remessa de seu pedido de
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações informação.
disponíveis para acesso; § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será
acesso; cientificado o requerente.
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das
informações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão

Noções de Administração Pública 65


APOSTILAS OPÇÃO

ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio superior àquela que exarou a decisão impugnada, que
requerente possa pesquisar a informação de que necessitar. deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de § 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou
ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e entidade que adote as providências necessárias para dar
condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe cumprimento ao disposto nesta Lei.
indicada a autoridade competente para sua apreciação. § 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral
§ 5o A informação armazenada em formato digital será da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente. Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35.
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de
meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por desclassificação de informação protocolado em órgão da
escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou administração pública federal, poderá o requerente recorrer ao
reproduzir a referida informação, procedimento esse que Ministro de Estado da área, sem prejuízo das competências da
desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previstas no art.
fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor 35, e do disposto no art. 16.
de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos. § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, no
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.
ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
do custo dos serviços e dos materiais utilizados. objeto a desclassificação de informação secreta ou
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação
previstos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe de Informações prevista no art. 35.
permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família,
declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983. Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões
denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto de
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, regulamentação própria dos Poderes Legislativo e Judiciário e
deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que do Ministério Público, em seus respectivos âmbitos, assegurado
esta confere com o original. ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser informado
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, sobre o andamento de seu pedido.
o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por outro Art. 19. (VETADO).
meio que não ponha em risco a conservação do documento § 1o (VETADO).
original. § 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público
informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. que, em grau de recurso, negarem acesso a informações de
interesse público.
Seção II
Dos Recursos Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei no
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações este Capítulo.
ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado
interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a CAPÍTULO IV
contar da sua ciência. DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade Seção I
hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, Disposições Gerais
que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá fundamentais.
recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
prazo de 5 (cinco) dias se: sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades
negado; públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou
parcialmente classificada como sigilosa não indicar a Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de
quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; segredo industrial decorrentes da exploração direta de
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou
estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros público.
procedimentos previstos nesta Lei.
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à
apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente

Noções de Administração Pública 66


APOSTILAS OPÇÃO

Seção II credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das


Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.
de Sigilo § 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de
informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso,
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a transmissão e divulgação não autorizados.
integridade do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências
as relações internacionais do País, ou as que tenham sido necessárias para que o pessoal a elas subordinado
fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos hierarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
internacionais; procedimentos de segurança para tratamento de informações
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da sigilosas.
população; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que,
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar
econômica ou monetária do País; atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações providências necessárias para que seus empregados, prepostos
estratégicos das Forças Armadas; ou representantes observem as medidas e procedimentos de
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e segurança das informações resultantes da aplicação desta Lei.
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico Seção IV
nacional; Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas Desclassificação
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a da administração pública federal é de competência:
prevenção ou repressão de infrações. (Regulamento)
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades a) Presidente da República;
públicas, observado o seu teor e em razão de sua b) Vice-Presidente da República;
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou prerrogativas;
reservada. d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, e
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
data de sua produção e são os seguintes: no exterior;
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I,
II - secreta: 15 (quinze) anos; e dos titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e
III - reservada: 5 (cinco) anos. sociedades de economia mista; e
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e incisos I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e
reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. acordo com regulamentação específica de cada órgão ou
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá entidade, observado o disposto nesta Lei.
ser estabelecida como termo final de restrição de acesso a § 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser
do transcurso do prazo máximo de classificação. delegada pela autoridade responsável a agente público,
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, § 2o A classificação de informação no grau de sigilo
automaticamente, de acesso público. ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do
§ 5o Para a classificação da informação em determinado inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de
grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da Estado, no prazo previsto em regulamento.
informação e utilizado o critério menos restritivo possível, § 3o A autoridade ou outro agente público que classificar
considerados: informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de
do Estado; e Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que regulamento.
defina seu termo final.
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de
Seção III sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas mínimo, os seguintes elementos:
I - assunto sobre o qual versa a informação;
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação II - fundamento da classificação, observados os critérios
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, estabelecidos no art. 24;
assegurando a sua proteção. III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que previstos no art. 24; e
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente IV - identificação da autoridade que a classificou.

Noções de Administração Pública 67


APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida com o intuito de prejudicar processo de apuração de
no mesmo grau de sigilo da informação classificada. irregularidades em que o titular das informações estiver
envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela fatos históricos de maior relevância.
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos tratamento de informação pessoal.
previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou
à redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24. CAPÍTULO V
(Regulamento) DAS RESPONSABILIDADES
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá
considerar as peculiaridades das informações produzidas no Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam
exterior por autoridades ou agentes públicos. responsabilidade do agente público ou militar:
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou
possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou
da informação. imprecisa;
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
informação, o novo prazo de restrição manterá como termo inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
inicial a data da sua produção. informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha
acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribuições
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade de cargo, emprego ou função pública;
publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
destinado à veiculação de dados e informações administrativas, acesso à informação;
nos termos de regulamento: IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
últimos 12 (doze) meses; V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por
com identificação para referência futura; si ou por outrem;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em
informações genéricas sobre os solicitantes. prejuízo de terceiros; e
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
publicação prevista no caput para consulta pública em suas concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
sedes. parte de agentes do Estado.
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão
sigilo e dos fundamentos da classificação. consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
Seção V Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo os
Das Informações Pessoais critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei
como crime ou contravenção penal; ou
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro
feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que
privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os
garantias individuais. critérios nela estabelecidos.
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: agente público responder, também, por improbidade
I - terão seu acesso restrito, independentemente de administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de
classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará
pessoa a que elas se referirem. sujeita às seguintes sanções:
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata I - advertência;
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. II - multa;
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será III - rescisão do vínculo com o poder público;
exigido quando as informações forem necessárias: IV - suspensão temporária de participar em licitação e
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa impedimento de contratar com a administração pública por
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e prazo não superior a 2 (dois) anos; e
exclusivamente para o tratamento médico; V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de a administração pública, até que seja promovida a reabilitação
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
vedada a identificação da pessoa a que as informações se § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
referirem; aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de
III - ao cumprimento de ordem judicial; defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10
IV - à defesa de direitos humanos; ou (dez) dias.
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada

Noções de Administração Pública 68


APOSTILAS OPÇÃO

órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o sem prejuízo das atribuições do Ministério das Relações
prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. Exteriores e dos demais órgãos competentes.
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição,
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou organização e funcionamento do NSC.
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de
vista. novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou
jurídica, constante de registro ou banco de dados de entidades
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem governamentais ou de caráter público.
diretamente pelos danos causados em decorrência da
divulgação não autorizada ou utilização indevida de Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à
informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a reavaliação das informações classificadas como ultrassecretas e
apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. inicial de vigência desta Lei.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a condições previstos nesta Lei.
informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento § 2o No âmbito da administração pública federal, a
indevido. reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
CAPÍTULO VI observados os termos desta Lei.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
previsto no caput, será mantida a classificação da informação
Art. 35. (VETADO). nos termos da legislação precedente.
§ 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de § 4o As informações classificadas como secretas e
Informações, que decidirá, no âmbito da administração pública ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
federal, sobre o tratamento e a classificação de informações consideradas, automaticamente, de acesso público.
sigilosas e terá competência para:
I - requisitar da autoridade que classificar informação como Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da
integral da informação; administração pública federal direta e indireta designará
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou autoridade que lhe seja diretamente subordinada para, no
secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
interessada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos atribuições:
desta Lei; e I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada a informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta
como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o Lei;
seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e
soberania nacional ou à integridade do território nacional ou apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
grave risco às relações internacionais do País, observado o III - recomendar as medidas indispensáveis à
prazo previsto no § 1o do art. 24. implementação e ao aperfeiçoamento das normas e
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única procedimentos necessários ao correto cumprimento do disposto
renovação. nesta Lei; e
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao
deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de documentos
ultrassecretos ou secretos. Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista administração pública federal responsável:
de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3 o I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de
implicará a desclassificação automática das informações. fomento à cultura da transparência na administração pública e
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, organização conscientização do direito fundamental de acesso à informação;
e funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos para seus desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na
integrantes e demais disposições desta Lei. (Regulamento) administração pública;
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de administração pública federal, concentrando e consolidando a
tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
recomendações constantes desses instrumentos. IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
relatório anual com informações atinentes à implementação
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança desta Lei.
Institucional da Presidência da República, o Núcleo de
Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos: Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta
(Regulamento) Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento sua publicação.
de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades
para tratamento de informações sigilosas; e Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais “Art. 116. .....
com os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
tratado, acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando

Noções de Administração Pública 69


APOSTILAS OPÇÃO

houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de e criou mecanismos que possibilitam, a qualquer pessoa, física
outra autoridade competente para apuração; ou jurídica, sem necessidade de apresentar motivo, o
recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.”
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990, (Disponível em http://www.acessoainformacao.gov.br/assuntos/conheca-
seu-direito/a-lei-de-acesso-a-informacao.)
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
Em relação à Lei de Acesso à Informação, assinale a
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
alternativa INCORRETA.
civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade
(A) O Estado deverá controlar o acesso e a divulgação de
superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a
informações sigilosas produzidas por seus órgãos.
outra autoridade competente para apuração de informação
(B) O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
(C) As informações pessoais terão seu acesso restrito pelo
emprego ou função pública.”
prazo máximo de sessenta e cinco anos a partir de sua
produção.
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos
(D) A classificação de informação em qualquer grau de
Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais
sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá a
estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente
identificação da autoridade que a classificou.
quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II do Capítulo III.
Art. 46. Revogam-se:
04. (SEDF - Técnico de Gestão Educacional - Apoio
I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
Administrativo – CESPE/2017) Com base na Lei n.º
II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
12.527/2011 - Lei de Acesso à Informação —, julgue o próximo
item.
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
Cidadão que solicite informações de interesse público deve
após a data de sua publicação.
esclarecer a finalidade para a qual pretenda utilizar as
informações requeridas.
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência e
( ) Certo
123o da República.
( ) Errado
DILMA ROUSSEFF
05. (SEJUDH – MT - Advogado – IBADE/2017) Os
procedimentos previstos na Lei n° 12.527/2011, a qual regula
Questões
o Acesso a Informações, destinam-se a assegurar o direito
fundamental de acesso à informação e devem ser executados
01. (SAAE de Barra Bonita – SP - Procurador Jurídico -
em conformidade com os princípios básicos da Administração
Instituto Excelência/2017) De acordo com a Lei 12.527, de
Pública e com as seguintes diretrizes:
18 de novembro de 2011 podemos dizer que o acesso às
(A) desenvolvimento do controle social da Administração
informações públicas será assegurada mediante:
Pública.
(A) Realização de audiências ou consultas públicas,
(B) utilização de meios de comunicação complexos e
incentivo à participação popular ou a outras formas de
modernos pela tecnologia da informação.
divulgação.
(C) divulgação de informações de interesse público,
(B) Realização de audiências e participação de entidades
quando houver presença de solicitações.
públicas que irá conceder o acesso imediato à informação
(D) observância do sigilo como preceito geral.
disponível.
(E) proteção da informação, garantindo-se sua
(C) Realização de audiências e informações de
disponibilidade, autenticidade e integridade.
conhecimento para toda população.
(D) Nenhuma das alternativas.
Gabarito
01. A / 02. A / 03. C / 04. Errado / 05. A
02. (IF-PE - Arquivista – IF-PE/2017) Indique a
afirmativa INCORRETA, segundo a Lei 12.527 de 18 de
novembro de 2011.
(A) A informação armazenada em formato digital será 8. DECRETO nº 58.052/12 –
fornecida nesse mesmo formato. Regulamenta a Lei nº
(B) Os órgãos e entidades do poder público devem
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
12.527/11, que regula o
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. acesso a informações, e dá
(C) São vedadas quaisquer exigências relativas aos providências correlatas.
motivos determinantes da solicitação de informações de
interesse público.
(D) É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão DECRETO Nº 58.052, DE 16 DE MAIO DE 201214
de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
(E) No caso de indeferimento de acesso a informações ou Regulamenta a Lei federal n° 12.527, de 18 de novembro de
as razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor 2011, que regula o acesso a informações, e dá providências
recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da correlatas.
sua ciência.
GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Paulo, no
03. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário – uso de suas atribuições legais,
Arquivologia- CONSUPLAN/2017) “A Lei nº 12.527/2011
regulamenta o direito constitucional de acesso às informações Considerando que é dever do Poder Público promover a
públicas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso às

14 Disponível em: 256cfb00501469/0d8cf8dcbd4ef45f83257a010046ef75?OpenDocument - acesso


http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/5fb5269ed17b47ab83 em 15.08.2018.

Noções de Administração Pública 70


APOSTILAS OPÇÃO

informações neles contidas, de acordo com o § 2º do artigo 216 III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade
da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei federal nº 8.159, competente, de grau de sigilo a documentos, dados e
de 8 de janeiro de 1991; informações;
IV - credencial de segurança: autorização por escrito
Considerando que cabe ao Estado definir, em legislação concedida por autoridade competente, que habilita o agente
própria, regras específicas para o cumprimento das público estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego
determinações previstas na Lei federal nº 12.527, de 18 de ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados e
novembro de 2011, que regula o acesso a informações; informações sigilosas;
V - criptografia: processo de escrita à base de métodos
Considerando as disposições das Leis estaduais nº 10.177, de lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma que
30 de dezembro de 1998, que regula o processo administrativo somente os usuários autorizados possam reestabelecer sua
e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que dispõe sobre proteção e forma original;
defesa do usuário de serviços públicos, e dos Decretos estaduais VI - custódia: responsabilidade pela guarda de documentos,
nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, que institui o Sistema de dados e informações;
Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, nº 44.074, de 1º de VII - dado público: sequência de símbolos ou valores,
julho de 1999, que regulamenta a composição e estabelece a representado em algum meio, produzido ou sob a guarda
competência das Ouvidorias, nº 54.276, de 27 de abril de 2009, governamental, em decorrência de um processo natural ou
que reorganiza a Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação
Civil, nº 55.479, de 25 de fevereiro de 2010, que institui na Casa específica;
Civil o Comitê Gestor do Sistema Informatizado Unificado de VIII - desclassificação: supressão da classificação de sigilo
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc, por ato da autoridade competente ou decurso de prazo,
alterado pelo de nº 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº 55.559, tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informações
de 12 de março de 2010, que institui o Portal do Governo Aberto sigilosas;
SP e nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, que reorganiza a IX - documentos de arquivo: todos os registros de
Corregedoria Geral da Administração e institui o Sistema informação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou
Estadual de Controladoria; e óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e
entidades da Administração Pública Estadual, no exercício de
Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo suas funções e atividades;
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janeiro de X - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
autorizados;
Decreta: XI - documento: unidade de registro de informações,
qualquer que seja o suporte ou formato;
CAPÍTULO I XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos
Disposições Gerais operações técnicas referentes à sua produção, classificação,
avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
Artigo 1º - Este decreto define procedimentos a serem assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos;
observados pelos órgãos e entidades da Administração Pública XIII - informação: dados, processados ou não, que podem ser
Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que utilizados para produção e transmissão de conhecimento,
recebam recursos públicos estaduais para a realização de contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
atividades de interesse público, à vista das normas gerais XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
estabelecidas na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de natural identificada ou identificável;
2011. XV - informação sigilosa: aquela submetida
temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
Artigo 2º - O direito fundamental de acesso a documentos, imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
dados e informações será assegurado mediante: XVI - integridade: qualidade da informação não modificada,
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
como exceção; XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau de
II - implementação da política estadual de arquivos e gestão sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua condição de
de documentos; acesso irrestrito, após sua desclassificação;
III - divulgação de informações de interesse público, XVIII - metadados: são informações estruturadas e
independentemente de solicitações; codificadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender,
IV - utilização de meios de comunicação viabilizados pela preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tempo e
tecnologia da informação; referem-se a:
V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência a) identificação e contexto documental (identificador único,
na administração pública; instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, código de
VI - desenvolvimento do controle social da administração classificação, tipologia documental, temporalidade, destinação,
pública. versão, documentos relacionados, idioma e indexação);
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre
Artigo 3º - Para os efeitos deste decreto, consideram-se as criptografia, assinatura digital e outras marcas digitais);
seguintes definições: c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho de
I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produzidos, arquivo, dependências de hardware e software, tipos de mídias,
recebidos e acumulados por órgãos públicos, autarquias, algoritmos de compressão) e localização física do documento;
fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, empresas XIX - primariedade: qualidade da informação coletada na
públicas, sociedades de economia mista, entidades privadas fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
encarregadas da gestão de serviços públicos e organizações modificações;
sociais, no exercício de suas funções e atividades; XX - reclassificação: alteração, pela autoridade competente,
II - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido da classificação de sigilo de documentos, dados e informações;
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas e
indivíduo, equipamento ou sistema; pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autoridades

Noções de Administração Pública 71


APOSTILAS OPÇÃO

máximas de órgãos e entidades, de documentos, dados e apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e
informações classificadas, no período, como sigilosas ou encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado para
pessoais, com identificação para referência futura; aprovação, antes de sua oficialização.
XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele prestado a
presença física do cidadão, principal beneficiário ou interessado Artigo 7º - Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da
no serviço; Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações ao
XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele prestado Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste decreto,
remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos de diretamente subordinados aos seus titulares, em local com
comunicação; condições apropriadas, infraestrutura tecnológica e equipe
XXIV - tabela de documentos, dados e informações sigilosas capacitada para:
e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados e I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na sede e
informações com quaisquer restrição de acesso, com a indicação nas unidades subordinadas, prestando orientação ao público
do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas promovidos sobre os direitos do requerente, o funcionamento do Serviço de
pelas Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, e Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de documentos, bem
publicada pelas autoridades máximas dos órgãos e entidades; como sobre os serviços prestados pelas respectivas unidades do
XXV - tratamento da informação: conjunto de ações órgão ou entidade;
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, II - protocolar documentos e requerimentos de acesso a
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, informações, bem como encaminhar os pedidos de informação
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, aos setores produtores ou detentores de documentos, dados e
destinação ou controle da informação. informações;
III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos
CAPÍTULO II setores produtores ou detentores de documentos, dados e
Do Acesso a Documentos, Dados e Informações informações, previstos no artigo 15 deste decreto;
IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de
SEÇÃO I documentos, dados e informações sob custódia do respectivo
Disposições Gerais órgão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre
o local onde encontrá-los.
Artigo 4º - É dever dos órgãos e entidades da Administração § 1º - As autoridades máximas dos órgãos e entidades da
Pública Estadual: Administração Pública Estadual deverão designar, no prazo de
I - promover a gestão transparente de documentos, dados e 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de Informações
informações, assegurando sua disponibilidade, autenticidade e ao Cidadão - SIC.
integridade, para garantir o pleno direito de acesso; § 2º - Para o pleno desempenho de suas atribuições, os
II - divulgar documentos, dados e informações de interesse Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão:
coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente de 1. manter intercâmbio permanente com os serviços de
solicitações; protocolo e arquivo;
III - proteger os documentos, dados e informações sigilosas 2. buscar informações junto aos gestores de sistemas
e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o menos informatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios
restritivo possível. institucionais;
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, instituídas
SEÇÃO II pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e
Da Gestão de Documentos, Dados e Informações organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999.
§ 3º - Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC,
Artigo 5º - A Unidade do Arquivo Público do Estado, na independentemente do meio utilizado, deverão ser identificados
condição de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de com ampla visibilidade.
São Paulo - SAESP, é a responsável pela formulação e
implementação da política estadual de arquivos e gestão de Artigo 8º - A Casa Civil deverá providenciar a contratação
documentos, a que se refere o artigo 2º, inciso II deste decreto, e de serviços para o desenvolvimento de "Sistema Integrado de
deverá propor normas, procedimentos e requisitos técnicos Informações ao Cidadão", capaz de interoperar com o SPdoc, a
complementares, visando o tratamento da informação. ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus respectivos
Parágrafo único - Integram a política estadual de arquivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
e gestão de documentos:
1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e entidades; Artigo 9º - A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa
2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - Civil, deverá adotar as providências necessárias para a
CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto; organização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão
3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arquivística - CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de 2009,
de Documentos e Informações – SP.doc; com a finalidade de:
4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de
Informações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e entidades;
Artigo 6º - Para garantir efetividade à política de arquivos II - realizar a consolidação e sistematização de dados a que
e gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administração se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elaboração de
Pública Estadual deverão: estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis de
I - providenciar a elaboração de planos de classificação e usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
tabelas de temporalidade de documentos de suas atividades-fim, Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Cidadão -
a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a 18 e 19 a 23, SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central de Atendimento
do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004; ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos atendimentos
II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema prestados.
Informatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documentos
e Informações - SPdoc. Artigo 10 - O acesso aos documentos, dados e informações
Parágrafo único - As propostas de planos de classificação e compreende, entre outros, os direitos de obter:
de tabelas de temporalidade de documentos deverão ser

Noções de Administração Pública 72


APOSTILAS OPÇÃO

I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de § 3º - As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -


acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrado ou CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou 9 (nove)
obtido o documento, dado ou informação almejada; membros, designados pela autoridade máxima do órgão ou
II - dado ou informação contida em registros ou documentos, entidade.
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
recolhidos ou não a arquivos públicos; Artigo 12 - São atribuições das Comissões de Avaliação de
III - documento, dado ou informação produzida ou Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas para as
custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo nos Decretos
qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto
vínculo já tenha cessado; de 2004:
IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e I - orientar a gestão transparente dos documentos, dados e
atualizada; informações do órgão ou entidade, visando assegurar o amplo
V - documento, dado ou informação sobre atividades acesso e divulgação;
exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade do
política, organização e serviços; Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema de Arquivos
VI - documento, dado ou informação pertinente à do Estado de São Paulo - SAESP, visando à identificação e
administração o patrimônio público, utilização de recursos elaboração de tabela de documentos, dados e informações
públicos, licitação, contratos administrativos; sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade;
VII - documento, dado ou informação relativa: III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou entidade
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos a tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem como as
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, normas e procedimentos visando à proteção de documentos,
bem como metas e indicadores propostos; dados e informações sigilosas e pessoais, para oitiva do órgão
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e jurídico e posterior publicação;
tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplicação
externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios dos critérios de restrição de acesso constantes das tabelas de
anteriores. documentos, dados e informações sigilosas e pessoais;
§ 1º - O acesso aos documentos, dados e informações V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado a
previsto no "caput" deste artigo não compreende as informações publicação de tabela de documentos, dados e informações
referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para
ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da consolidação de dados, padronização de critérios e realização
sociedade e do Estado. de estudos técnicos na área;
§ 2º - Quando não for autorizado acesso integral ao VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade a
documento, dado ou informação por ser ela parcialmente renovação, alteração de prazos, reclassificação ou
sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de desclassificação de documentos, dados e informações sigilosas;
certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição de
§ 3º - O direito de acesso aos documentos, aos dados ou às acesso aos documentos, dados ou informações pessoais;
informações neles contidas utilizados como fundamento da VIII - atuar como instância consultiva da autoridade
tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com máxima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre os
a edição do ato decisório respectivo. recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a
§ 4º - A negativa de acesso aos documentos, dados e documentos, dados e informações não atendidas ou indeferidas,
informações objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste decreto;
referidas no artigo 1º deste decreto, quando não fundamentada, IX - informar à autoridade máxima do órgão ou entidade a
sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do previsão de necessidades orçamentárias, bem como encaminhar
artigo 32 da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. relatórios periódicos sobre o andamento dos trabalhos.
§ 5º - Informado do extravio da informação solicitada, Parágrafo único - Para o perfeito cumprimento de suas
poderá o interessado requerer à autoridade competente a atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
imediata instauração de apuração preliminar para investigar o CADA poderão convocar servidores que possam contribuir com
desaparecimento da respectiva documentação. seus conhecimentos e experiências, bem como constituir
§ 6º - Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o subcomissões e grupos de trabalho.
responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas Artigo 13 - À Unidade do Arquivo Público do Estado, órgão
que comprovem sua alegação. central do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP,
SEÇÃO III responsável por propor a política de acesso aos documentos
Das Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso públicos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do Decreto nº
22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá o reexame, a qualquer
Artigo 11 - As Comissões de Avaliação de Documentos de tempo, das tabelas de documentos, dados e informações sigilosas
Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de abril e pessoais dos órgãos e entidades da Administração Pública
de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituídas nos Estadual.
órgãos e entidades da Administração Pública Estadual,
passarão a ser denominadas Comissões de Avaliação de SEÇÃO IV
Documentos e Acesso - CADA. Do Pedido
§ 1º - As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da autoridade Artigo 14 - O pedido de informações deverá ser apresentado
máxima do órgão ou entidade. ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
§ 2º - As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a
CADA serão integradas por servidores de nível superior das identificação do interessado (nome, número de documento e
áreas jurídica, de administração geral, de administração endereço) e a especificação da informação requerida.
financeira, de arquivo e protocolo, de tecnologia da informação
e por representantes das áreas específicas da documentação a
ser analisada.

Noções de Administração Pública 73


APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 15 - O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10
órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas (dez) dias a contar de sua ciência.
deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis. Parágrafo único - O recurso será dirigido à apreciação de
§ 1º - Na impossibilidade de conceder o acesso imediato, o pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à que
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade, exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar, após
em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá: eventual consulta à Comissão de Avaliação de Documentos e
1. comunicar a data, local e modo para se realizar a Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto,
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias.
2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; Artigo 20 - Negado o acesso ao documento, dado e
3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for do informação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, Estadual, o interessado poderá recorrer, no prazo de 10 (dez)
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando dias, à Ouvidoria Geral do Estado, da Secretaria de Governo, que
o interessado da remessa de seu pedido de informação. deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:”; (Redação dada pelo
§ 2º - O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser Decreto 61.175/15)
prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa I - o acesso ao documento, dado ou informação não
expressa, da qual será cientificado o interessado. classificada como sigilosa for negado;
§ 3º - Sem prejuízo da segurança e da proteção das II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado ou
informações e do cumprimento da legislação aplicável, o Serviço informação, total ou parcialmente classificada como sigilosa,
de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade poderá não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente
oferecer meios para que o próprio interessado possa pesquisar a superior a quem possa ser dirigido o pedido de acesso ou
informação de que necessitar. desclassificação;
§ 4º - Quando não for autorizado o acesso por se tratar de III - os procedimentos de classificação de sigilo estabelecidos
informação total ou parcialmente sigilosa, o interessado deverá na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, não
ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e tiverem sido observados;
condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros
indicada a autoridade competente para sua apreciação. procedimentos revistos na Lei federal nº 12.527, de 18 de
§ 5º - A informação armazenada em formato digital será novembro de 2011.
fornecida nesse formato, caso haja anuência do interessado. § 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
§ 6º - Caso a informação solicitada esteja disponível ao dirigido à Ouvidoria Geral do Estado depois de submetido à
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
meio de acesso universal, serão informados ao interessado, por superior àquela que exarou a decisão impugnada, nos termos do
escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou parágrafo único do artigo 19 deste decreto. (Redação dada pelo
reproduzir a referida informação, procedimento esse que Decreto 61.175/15)
desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu § 2º - Verificada a procedência das razões do recurso, a
fornecimento direto, salvo se o interessado declarar não dispor Ouvidoria Geral do Estado determinará ao órgão ou entidade
de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos. que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao
disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
Artigo 16 - O serviço de busca e fornecimento da informação neste decreto. (Redação dada pelo Decreto 61.175/15)
é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos
pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que Artigo 21 - Negado o acesso ao documento, dado ou
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao informação pela Ouvidoria Geral do Estado, o requerente
ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados, a poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência,
ser fixado em ato normativo pelo Chefe do Executivo. interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação,
Parágrafo único - Estará isento de ressarcir os custos de que trata o artigo 76 deste decreto. (Redação dada pelo
previstos no "caput" deste artigo todo aquele cuja situação Decreto 61.175/15)
econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento Artigo 22 - Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei federal nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de que
7.115, de 29 de agosto de 1983. trata este Capítulo.

Artigo 17 - Quando se tratar de acesso à informação contida CAPÍTULO III


em documento cuja manipulação possa prejudicar sua Da Divulgação de Documentos, Dados e Informações
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com
certificação de que esta confere com o original. Artigo 23 - É dever dos órgãos e entidades da Administração
Parágrafo único - Na impossibilidade de obtenção de Pública Estadual promover, independentemente de
cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito
Grupo Técnico supervisão de servidor público, a reprodução seja de suas competências, de documentos, dados e informações de
feita por outro meio que não ponha em risco a conservação do interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
documento original. § 1º - Na divulgação das informações a que se refere o
"caput" deste artigo, deverão constar, no mínimo:
Artigo 18 - É direito do interessado obter o inteiro teor de 1. registro das competências e estrutura organizacional,
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
atendimento ao público;
SEÇÃO V 2. registros de quaisquer repasses ou transferências de
Dos Recursos recursos financeiros;
3. registros de receitas e despesas;
Artigo 19 - No caso de indeferimento de acesso aos 4. informações concernentes a procedimentos licitatórios,
documentos, dados e informações ou às razões da negativa do inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos
acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o os contratos celebrados;
5. relatórios, estudos e pesquisas;

Noções de Administração Pública 74


APOSTILAS OPÇÃO

6. dados gerais para o acompanhamento da execução VII - existência ou não de sistema de consulta à base de
orçamentária, de programas, ações, projetos e obras de órgãos dados e sua linguagem de programação;
e entidades; VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base de dados.
7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. § 1º - Os órgãos e entidades da Administração Pública
§ 2º - Para o cumprimento do disposto no "caput" deste Estadual deverão indicar o setor responsável pelo fornecimento
artigo, os órgãos e entidades estaduais deverão utilizar todos os e atualização permanente de dados e informações que compõem
meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo o "Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Administração
obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de Pública do Estado de São Paulo - CSBD".
computadores (internet). § 2º - O desenvolvimento do "Catálogo de Sistemas e Bases
§ 3º - Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão de Dados da Administração Pública do Estado de São Paulo -
atender, entre outros, aos seguintes requisitos: CSBD", coleta de informações, manutenção e atualização
1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o permanente ficará a cargo da Fundação Sistema Estadual de
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em Análise de Dados - SEADE.
linguagem de fácil compreensão; § 3º - O “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”, bem
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como como as bases de dados da Administração Pública Estadual
planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; deverão estar disponíveis no Portal Governo Aberto SP e no
3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos Portal da Transparência Estadual, nos termos da legislação
em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; pertinente, com todos os elementos necessários para permitir
4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para sua utilização por terceiros, como a arquitetura da base e o
estruturação da informação; dicionário de dados. (Redação dada pelo Decreto 61.175/15)
5. garantir a autenticidade e a integridade das informações
disponíveis para acesso; CAPÍTULO IV
6. manter atualizadas as informações disponíveis para Das Restrições de Acesso a Documentos, Dados e
acesso; Informações
7. indicar local e instruções que permitam ao interessado SEÇÃO I
comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou Disposições Gerais
entidade detentora do sítio;
8. adotar as medidas necessárias para garantir a Artigo 27 - São consideradas passíveis de restrição de
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos acesso, no âmbito da Administração Pública Estadual, duas
termos do artigo 17 da Lei federal nº 10.098, de 19 de dezembro categorias de documentos, dados e informações:
de 2000, artigo 9° da Convenção sobre os Direitos das Pessoas I - Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à
com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
de julho de 2008, e da Lei estadual n° 12.907, de 15 de abril de para a segurança da sociedade e do Estado;
2008. II - Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural
identificada ou identificável, relativas à intimidade, vida
Artigo 24 - Os documentos que contenham informações que privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e
se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior deverão garantias individuais.
estar cadastrados no Sistema Informatizado Unificado de Parágrafo único - Cabe aos órgãos e entidades da
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc. Administração Pública Estadual, por meio de suas respectivas
Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, a que
Artigo 25 - A autoridade máxima de cada órgão ou entidade se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, promover os estudos
estadual publicará, anualmente, em sítio próprio, bem como no necessários à elaboração de tabela com a identificação de
Portal da Transparência e do Governo Aberto: documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, visando
I - rol de documentos, dados e informações que tenham sido assegurar a sua proteção.
desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses;
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, Artigo 28 - Não poderá ser negado acesso à informação
com identificação para referência futura; necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos fundamentais.
de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como Parágrafo único - Os documentos, dados e informações que
informações genéricas sobre os solicitantes. versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administração humanos praticada por agentes públicos ou a mando de
Pública Estadual deverão manter exemplar da publicação autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de
prevista no "caput" deste artigo para consulta pública em suas acesso.
sedes, bem como o extrato com o rol de documentos, dados e
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de Artigo 29 - O disposto neste decreto não exclui as demais
sigilo e dos fundamentos da classificação. hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses
de segredo industrial decorrentes da exploração direta de
Artigo 26 - Os órgãos e entidades da Administração Pública atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou
Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias, para entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder
compor o "Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da público.
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD", as
seguintes informações: SEÇÃO II
I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de dados; Da Classificação, Reclassificação e Desclassificação de
II - metadados; Documentos, Dados e Informações Sigilosas
III - dicionário de dados com detalhamento de conteúdo;
IV - arquitetura da base de dados; Artigo 30 - São considerados imprescindíveis à segurança
V - periodicidade de atualização; da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação
VI - software da base de dados; de sigilo, os documentos, dados e informações cuja divulgação
ou acesso irrestrito possam:

Noções de Administração Pública 75


APOSTILAS OPÇÃO

I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a no artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso à
integridade do território nacional; informação pessoal;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
as relações internacionais do País, ou as que tenham sido dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos previstos no artigo 31 deste decreto, bem como a indicação do
internacionais; prazo mínimo de restrição de acesso à informação pessoal;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da d) identificação da autoridade que a classificou,
população; reclassificou ou desclassificou.
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, Parágrafo único - O prazo de restrição de acesso contar-se-
econômica ou monetária do País; á da data da produção do documento, dado ou informação.
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
estratégicos das Forças Armadas; Artigo 33 - A classificação de sigilo de documentos, dados e
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e informações no âmbito da Administração Pública Estadual,
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a Direta e Indireta, a que se refere o inciso II do artigo 32 deste
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico decreto, é de competência das seguintes autoridades: (Redação
nacional; dada pelo Decreto nº 61.559/2015)
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas I - Governador do Estado;
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; II - Vice-Governador do Estado;
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de III - Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado.
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a § 1º - É vedada a delegação da competência estabelecida
prevenção ou repressão de infrações. neste artigo.
§ 2º - A decisão da autoridade prevista no inciso III deste
Artigo 31 - Os documentos, dados e informações sigilosas artigo que classificar documentos, dados e informações nos
em poder de órgãos e entidades da Administração Pública graus de sigilo reservado, secreto e ultrassecreto, deverá ser
Estadual, observado o seu teor e em razão de sua ratificada pela Comissão Estadual de Acesso à Informação.
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado,
poderão ser classificados nos seguintes graus: Artigo 34 - A classificação de documentos, dados e
I - ultrassecreto; informações será reavaliada pela autoridade classificadora ou
II - secreto; por autoridade hierarquicamente superior, mediante
III - reservado. provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em
§ 1º - Os prazos máximos de restrição de acesso aos regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução do
documentos, dados e informações, conforme a classificação prazo de sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
prevista no "caput" e incisos deste artigo, vigoram a partir da § 1º - O regulamento a que se refere o "caput" deste artigo
data de sua produção e são os seguintes: deverá considerar as peculiaridades das informações
1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos; produzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos.
2. secreto: até 15 (quinze) anos; § 2º - Na reavaliação a que se refere o "caput" deste artigo
3. reservado: até 5 (cinco) anos. deverão ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e
§ 2º - Os documentos, dados e informações que puderem a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação
colocar em risco a segurança do Governador e Vice-Governador da informação.
do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as) serão classificados § 3º - Na hipótese de redução do prazo de sigilo da
como reservados e ficarão sob sigilo até o término do mandato informação, o novo prazo de restrição manterá como termo
em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. inicial a data da sua produção.
§ 3º - Alternativamente aos prazos previstos no § 1º deste
artigo, poderá ser estabelecida como termo final de restrição de SEÇÃO III
acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este Da Proteção de Documentos, Dados e Informações
ocorra antes do transcurso do prazo máximo de classificação. Pessoais
§ 4º - Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
evento que defina o seu termo final, o documento, dado ou Artigo 35 - O tratamento de documentos, dados e
informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público. informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com
§ 5º - Para a classificação do documento, dado ou respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das
informação em determinado grau de sigilo, deverá ser pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
observado o interesse público da informação, e utilizado o § 1º - Os documentos, dados e informações pessoais, a que se
critério menos restritivo possível, considerados: refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e
1. a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e imagem:
do Estado; 1. terão seu acesso restrito, independentemente de
2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a
defina seu termo final. contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
Artigo 32 - A classificação de sigilo de documentos, dados e 2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
informações no âmbito da Administração Pública Estadual terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da
deverá ser realizada mediante: pessoa a que elas se referirem.
I – (Revogado pelo Decreto nº 61.836/2016) § 2º - Aquele que obtiver acesso às informações de que trata
II - análise do caso concreto pela autoridade responsável ou este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
agente público competente, e formalização da decisão de § 3º - O consentimento referido no item 2 do § 1º deste artigo
classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, bem não será exigido quando as informações forem necessárias:
como de restrição de acesso à informação pessoal, que conterá, 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
no mínimo, os seguintes elementos: estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e
a) assunto sobre o qual versa a informação; exclusivamente para o tratamento médico;
b) fundamento da classificação, reclassificação ou 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
desclassificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo

Noções de Administração Pública 76


APOSTILAS OPÇÃO

vedada a identificação da pessoa a que as informações se III - no envelope externo não constará qualquer indicação
referirem; do grau de sigilo ou do teor do documento;
3. ao cumprimento de ordem judicial; IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido
4. à defesa de direitos humanos; mediante relação de remessa, que indicará, necessariamente,
5. à proteção do interesse público e geral preponderante. remetente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo do
§ 4º - A restrição de acesso aos documentos, dados e documento;
informações relativos à vida privada, honra e imagem de pessoa V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser
não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de observadas as prescrições referentes à criptografia.
apuração de irregularidades em que o titular das informações
estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a Artigo 41 - A expedição, tramitação e entrega de documento
recuperação de fatos históricos de maior relevância. ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoalmente, por
§ 5º - Os documentos, dados e informações identificados agente público credenciado, sendo vedada a sua postagem.
como pessoais somente poderão ser fornecidos pessoalmente, Parágrafo único - A comunicação de informação de
com a identificação do interessado. natureza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a
prescrita no "caput" deste artigo, só será permitida
SEÇÃO IV excepcionalmente e em casos extremos, que requeiram
Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados e tramitação e solução imediatas, em atendimento ao princípio da
Informações Sigilosos oportunidade e considerados os interesses da segurança da
sociedade e do Estado, utilizando-se o adequado meio de
Artigo 36 - É dever da Administração Pública Estadual criptografia.
controlar o acesso e a divulgação de documentos, dados e
informações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e entidades, Artigo 42 - A expedição de documento reservado poderá ser
assegurando a sua proteção contra perda, alteração indevida, feita mediante serviço postal, com opção de registro,
acesso, transmissão e divulgação não autorizados. mensageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou,
§ 1º - O acesso, a divulgação e o tratamento de documentos, quando for o caso, mala diplomática.
dados e informações classificados como sigilosos ficarão Parágrafo único - A comunicação dos documentos de que
restritos a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que
sejam devidamente credenciadas na forma dos artigos 62 a 65 sejam usados recursos de criptografia compatíveis com o grau
deste decreto, sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos 51 a 56
autorizados por lei. deste decreto.
§ 2º - O acesso aos documentos, dados e informações
classificados como sigilosos ou identificados como pessoais, cria Artigo 43 - Cabe aos agentes públicos credenciados
a obrigação para aquele que as obteve de resguardar restrição responsáveis pelo recebimento de documentos sigilosos:
de acesso. I - verificar a integridade na correspondência recebida e
registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade,
Artigo 37 - As autoridades públicas adotarão as dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao
providências necessárias para que o pessoal a elas subordinado destinatário, o qual informará imediatamente ao remetente;
hierarquicamente conheça as normas e observe as medidas e II - proceder ao registro do documento e ao controle de sua
procedimentos de segurança para tratamento de documentos, tramitação.
dados e informações sigilosos e pessoais.
Parágrafo único - A pessoa física ou entidade privada que, Artigo 44 - O envelope interno só será aberto pelo
em razão de qualquer vínculo com o poder público executar destinatário, seu representante autorizado ou autoridade
atividades de tratamento de documentos, dados e informações competente hierarquicamente superior, observados os
sigilosos e pessoais adotará as providências necessárias para requisitos do artigo 62 deste decreto.
que seus empregados, prepostos ou representantes observem as
medidas e procedimentos de segurança das informações Artigo 45 - O destinatário de documento sigiloso
resultantes da aplicação deste decreto. comunicará imediatamente ao remetente qualquer indício de
violação ou adulteração do documento.
Artigo 38 - O acesso a documentos, dados e informações
sigilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, Artigo 46 - Os documentos, dados e informações sigilosos
custodiados para fins de instrução de procedimento, processo serão mantidos em condições especiais de segurança, na forma
administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado para do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado do Parágrafo único - Para a guarda de documentos secretos e
respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura que
ofereça segurança equivalente ou superior.
SUBSEÇÃO I
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e Artigo 47 - Os agentes públicos responsáveis pela guarda ou
Guarda custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem ou
Artigo 39 - A produção, manuseio, consulta, transmissão, transferência de responsabilidade.
manutenção e guarda de documentos, dados e informações
sigilosos observarão medidas especiais de segurança. SUBSEÇÃO II
Da Marcação
Artigo 40 - Os documentos sigilosos em sua expedição e
tramitação obedecerão às seguintes prescrições: Artigo 48 - O grau de sigilo será indicado em todas as
I - deverão ser registrados no momento de sua produção, páginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo
prioritariamente em sistema informatizado de gestão produtor do documento, dado ou informação, após classificação,
arquivística de documentos; ou pelo agente classificador que juntar a ele documento ou
II - serão acondicionados em envelopes duplos; informação com alguma restrição de acesso.

Noções de Administração Pública 77


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - Os documentos, dados ou informações cujas partes IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à autoridade


contenham diferentes níveis de restrição de acesso devem competente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, à
receber diferentes marcações, mas no seu todo, será tratado nos inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à legitimidade e
termos de seu grau de sigilo mais elevado. à disponibilidade de documentos, dados e informações sigilosos
§ 2º - A marcação será feita em local que não comprometa a criptografados;
leitura e compreensão do conteúdo do documento e em local que V - identificação e registro de indícios de violação ou
possibilite sua reprodução em eventuais cópias. interceptação ou de irregularidades na transmissão ou
§ 3º - As páginas serão numeradas seguidamente, devendo a recebimento de documentos, dados e informações
juntada ser precedida de termo próprio consignando o número criptografados.
total de folhas acrescidas ao documento. § 1º - A autoridade máxima do órgão ou entidade da
§ 4º - A marcação deverá ser necessariamente datada. Administração Pública Estadual responsável pela custódia de
documentos, dados e informações sigilosos e detentor de
Artigo 49 - A marcação em extratos de documentos, material criptográfico designará um agente público responsável
esboços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, pela segurança criptográfica, devidamente credenciado, que
negativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá ao deverá observar os procedimentos previstos no "caput" deste
prescrito no artigo 48 deste decreto. artigo.
§ 1º - Em fotografias e reproduções de negativos sem § 2º - O agente público referido no § 1º deste artigo deverá
legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas providenciar as condições de segurança necessárias ao
respectivas embalagens. resguardo do sigilo de documentos, dados e informações
§ 2º - Em filmes cinematográficos, negativos em rolos durante sua produção, tramitação e guarda, em suporte
contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo serão magnético ou óptico, bem como a segurança dos equipamentos
indicados nas imagens de abertura e de encerramento de cada e sistemas utilizados.
rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e exibirá a § 3º - As cópias de segurança de documentos, dados e
classificação do conteúdo. informações sigilosos deverão ser criptografados, observadas as
§ 3º - Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digitais, disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas
de que trata esta seção, que não apresentem condições para a Artigo 55 - Os equipamentos e sistemas utilizados para a
indicação do grau de sigilo, serão guardados em embalagens produção e guarda de documentos, dados e informações
que exibam a classificação correspondente à classificação do sigilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de dados
conteúdo. desde que possuam sistemas de proteção e segurança
adequados, nos termos das normas gerais baixadas pelo Comitê
Artigo 50 - A marcação da reclassificação e da de Qualidade da Gestão Pública - CQGP.
desclassificação de documentos, dados ou informações sigilosos
obedecerá às mesmas regras da marcação da classificação. Artigo 56 - Cabe ao órgão responsável pela criptografia de
Parágrafo único - Havendo mais de uma marcação, documentos, dados e informações sigilosos providenciar a sua
prevalecerá a mais recente. descriptação após a sua desclassificação.

SUBSEÇÃO III SUBSEÇÃO IV


Da Criptografia Da Preservação e Eliminação

Artigo 51 - Fica autorizado o uso de código, cifra ou sistema Artigo 57 - Aplicam-se aos documentos, dados e
de criptografia no âmbito da Administração Pública Estadual e informações sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na
das instituições de caráter público para assegurar o sigilo de Tabela de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio,
documentos, dados e informações. oficializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de 2004, e
nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das Atividades-
Artigo 52 - Para circularem fora de área ou instalação Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da Administração
sigilosa, os documentos, dados e informações sigilosos, Pública Estadual, ressalvado o disposto no artigo 59 deste
produzidos em suporte magnético ou óptico, deverão decreto.
necessariamente estar criptografados.
Artigo 58 - Os documentos, dados e informações sigilosos
Artigo 53 - A aquisição e uso de aplicativos de criptografia considerados de guarda permanente, nos termos dos Decretos nº
no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-ão às 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto de 2004, somente
normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da Gestão poderão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Público do Estado
Pública - CQGP. após a sua desclassificação.
Parágrafo único - Os programas, aplicativos, sistemas e Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no "caput"
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e deste artigo, os documentos de guarda permanente de órgãos ou
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de entidades extintos ou que cessaram suas atividades, em
conformidade. conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei federal nº 8.159, de 8
de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do Decreto nº 48.897,
Artigo 54 - Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas de 27 de agosto de 2004.
e equipamentos de criptografia todas as medidas de segurança
previstas neste decreto para os documentos, dados e Artigo 59 - Decorridos os prazos previstos nas tabelas de
informações sigilosos e também os seguintes procedimentos: temporalidade de documentos, os documentos, dados e
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade de informações sigilosos de guarda temporária somente poderão
assegurar uma perfeita execução das operações criptográficas; ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua
II - elaboração de inventários completos e atualizados do desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às informações
material de criptografia existente; neles contidas.
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a cada
destinatário, quando necessário; Artigo 60 - A eliminação de documentos dados ou
informações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não

Noções de Administração Pública 78


APOSTILAS OPÇÃO

possuam valor permanente deve ser feita, por método que § 1º - A reprodução do todo ou de parte de documentos,
sobrescreva as informações armazenadas, após sua dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de sigilo dos
desclassificação. documentos, dados e informações originais.
Parágrafo único - Se não estiver ao alcance do órgão a § 2º - A reprodução e autenticação de cópias de documentos,
eliminação que se refere o "caput" deste artigo, deverá ser dados e informações sigilosos serão realizadas por agentes
providenciada a destruição física dos dispositivos de públicos credenciados.
armazenamento. § 3º - Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos
que não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão das
SUBSEÇÃO V restrições legais ou do seu estado de conservação.
Da Publicidade de Atos Administrativos § 4º - A reprodução de documentos, dados e informações
pessoais que possam comprometer a intimidade, a vida privada,
Artigo 61 - A publicação de atos administrativos referentes a honra ou a imagem de terceiros poderá ocorrer desde que haja
a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser autorização nos termos item 2 do § 1º do artigo 35 deste decreto.
efetuada mediante extratos, com autorização da autoridade
classificadora ou hierarquicamente superior. Artigo 67 - O responsável pela preparação ou reprodução
§ 1º - Os extratos referidos no "caput" deste artigo limitar- de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação de
se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à sua ementa, provas ou qualquer outro recurso, que possam dar origem à
redigidos por agente público credenciado, de modo a não cópia não autorizada do todo ou parte.
comprometer o sigilo.
§ 2º - A publicação de atos administrativos que trate de Artigo 68 - Sempre que a preparação, impressão ou, se for o
documentos, dados e informações sigilosos para sua divulgação caso, reprodução de documentos, dados e informações sigilosos
ou execução dependerá de autorização da autoridade forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas gráficas,
classificadora ou autoridade competente hierarquicamente ou similares, essa operação deverá ser acompanhada por agente
superior. público credenciado, que será responsável pela garantia do
sigilo durante a confecção do documento.
SUBSEÇÃO VI
Da Credencial de Segurança SUBSEÇÃO VIII
Da Gestão de Contratos
Artigo 62 - O credenciamento e a necessidade de conhecer
são condições indispensáveis para que o agente público estadual Artigo 69 - O contrato cuja execução implique o acesso por
no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou atividade parte da contratada a documentos, dados ou informações
tenha acesso a documentos, dados e informações sigilosos sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos:
equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de segurança. I - assinatura de termo de compromisso de manutenção de
sigilo;
Artigo 63 - As credenciais de segurança referentes aos graus II - o contrato conterá cláusulas prevendo:
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classificadas a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao
nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. objeto contratado, bem como à sua execução;
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de
Artigo 64 - A credencial de segurança referente à segurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a
informação pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será manutenção do sigilo de documentos, dados e informações aos
identificada como personalíssima. quais teve acesso;
c) identificação, para fins de concessão de credencial de
Artigo 65 - A emissão da credencial de segurança compete segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão
às autoridades máximas de órgãos e entidades da acesso a documentos, dados e informações sigilosos.
Administração Pública Estadual, podendo ser objeto de
delegação. Artigo 70 - Os órgãos contratantes da Administração
§ 1º - A credencial de segurança será concedida mediante Pública Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas
termo de compromisso de preservação de sigilo, pelo qual os necessárias à proteção dos documentos, dados e informações de
agentes públicos responsabilizam-se por não revelarem ou natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorrentes
divulgarem documentos, dados ou informações sigilosos dos da execução do contrato.
quais tiverem conhecimento direta ou indiretamente no
exercício de cargo, função ou emprego público. CAPÍTULO V
§ 2º - Para a concessão de credencial de segurança serão Das Responsabilidades
avaliados, por meio de investigação, os requisitos profissionais,
funcionais e pessoais dos propostos. Artigo 71 - Constituem condutas ilícitas que ensejam
§ 3º - A validade da credencial de segurança poderá ser responsabilidade do agente público:
limitada no tempo e no espaço. I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informações
§ 4º - O compromisso referido no "caput" deste artigo requeridas nos termos deste decreto, retardar deliberadamente
persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que tiveram o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma
acesso. incorreta, incompleta ou imprecisa;
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
SUBSEÇÃO VII inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
Da Reprodução e Autenticação documento, dado ou informação que se encontre sob sua guarda
ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício
Artigo 66 - Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC dos das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
órgãos e entidades da Administração Pública Estadual III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
fornecerão, desde que haja autorização expressa das acesso a documento, dado e informação;
autoridades classificadoras ou das autoridades IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
hierarquicamente superiores, reprodução total ou parcial de acesso indevido ao documento, dado e informação sigilosos ou
documentos, dados e informações sigilosos. pessoal;

Noções de Administração Pública 79


APOSTILAS OPÇÃO

V - impor sigilo a documento, dado e informação para obter CAPÍTULO VI


proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato Disposições Finais
ilegal cometido por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente Artigo 76 - O tratamento de documento, dado ou
documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar a si ou informação sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; internacionais atenderá às normas e recomendações constantes
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos desses instrumentos.
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
parte de agentes do Estado. Artigo 77 - Aplica-se, no que couber, a Lei federal nº 9.507,
§ 1º - Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa,
e do devido processo legal, as condutas descritas no "caput" física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de
deste artigo serão apuradas e punidas na forma da legislação entidades governamentais ou de caráter público.
em vigor.
§ 2º - Pelas condutas descritas no "caput" deste artigo, Artigo 78 - Cabe à Secretaria de Governo: (Redação dada
poderá o agente público responder, também, por improbidade pelo Decreto 61.175/15)
administrativa, conforme o disposto na Lei federal nº 8.429, de I - realizar campanha de abrangência estadual de fomento
2 de junho de 1992. à cultura da transparência na Administração Pública Estadual
e conscientização do direito fundamental de acesso à
Artigo 72 - O agente público que tiver acesso a documentos, informação;
dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é II - promover treinamento de agentes públicos no que se
responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à
sanções administrativas, civis e penais previstas na legislação, transparência na Administração Pública Estadual;
em caso de eventual divulgação não autorizada. III - formular e implementar política de segurança da
informação, em consonância com as diretrizes da política
Artigo 73 - Os agentes responsáveis pela custódia de estadual de arquivos e gestão de documentos;
documentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas IV - propor e promover a regulamentação do
referentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu credenciamento de segurança de pessoas físicas, empresas,
código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais. órgãos e entidades da Administração Pública Estadual para
tratamento de informações sigilosas e pessoais.
Artigo 74 - A pessoa física ou entidade privada que detiver
documentos, dados e informações em virtude de vínculo de Artigo 79 - A Ouvidoria Geral do Estado, será responsável
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar o pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº 12.527, de 18 de
disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e novembro de 2011, e deste decreto no âmbito da Administração
neste decreto estará sujeita às seguintes sanções: Pública Estadual, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
I - advertência; controle interno. (Redação dada pelo Decreto 61.175/15)
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público; Artigo 80 - Este decreto e suas disposições transitórias
IV - suspensão temporária de participar em licitação e entram em vigor na data de sua publicação.
impedimento de contratar com a Administração Pública
Estadual por prazo não superior a 2 (dois) anos; DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
a Administração Pública Estadual, até que seja promovida a Artigo 1º - Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover os
penalidade. estudos necessários à criação, composição, organização e
§ 1º - As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Informação.
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado
o direito de defesa do interessado, no respectivo processo, no Parágrafo único - O Presidente do Comitê de Qualidade da
prazo de 10 (dez) dias. Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os
§ 2º - A reabilitação referida no inciso V deste artigo será membros integrantes do Grupo Técnico.
autorizada somente quando o interessado efetivar o
ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e Artigo 2º - Os órgãos e entidades da Administração Pública
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos,
§ 3º - A aplicação da sanção prevista no inciso V deste artigo dados e informações classificados como ultrassecretos e secretos
é de competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no vigência da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de § 1º - A restrição de acesso a documentos, dados e
vista. informações, em razão da reavaliação prevista no "caput" deste
artigo, deverá observar os prazos e condições previstos na Lei
Artigo 75 - Os órgãos e entidades estaduais respondem federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
diretamente pelos danos causados em decorrência da § 2º - No âmbito da administração pública estadual, a
divulgação não autorizada ou utilização indevida de reavaliação prevista no "caput" deste artigo poderá ser revista,
documentos, dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à
a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou Informação, observados os termos da Lei federal nº 12.527, de
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. 18 de novembro de 2011, e deste decreto.
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à pessoa § 3º - Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de previsto no "caput" deste artigo, será mantida a classificação
qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais, tenha dos documentos, dados e informações nos termos da legislação
acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou pessoal e precedente.
a submeta a tratamento indevido. § 4º - Os documentos, dados e informações classificados
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo

Noções de Administração Pública 80


APOSTILAS OPÇÃO

previsto no "caput" deste artigo serão considerados, 03. (SEFAZ-SP - Agente Fiscal de Rendas - Gestão
automaticamente, de acesso público. Tributária - FCC) De acordo com as disposições do Decreto
Estadual nº 58.052, de 16 de maio de 2012, que regulamenta a
Artigo 3º - No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigência Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, o acesso do
deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou entidade cidadão aos documentos, dados e informações dos órgãos e
da Administração Pública Estadual designará subordinado entidades da Administração Pública Estadual NÃO
para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as compreende
seguintes atribuições: (A) informações referentes a projetos de pesquisa e
I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como as imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
demais providências necessárias à instalação e funcionamento (B) informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e
dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que se refere o entidades quanto à sua política, organização e serviços.
artigo 7º deste decreto; (C) dado ou informação relativo a acompanhamento e
II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso resultados de programas, projetos e ações dos órgãos e
a documentos, dados ou informações, de forma eficiente e entidades públicas, no que diz respeito a metas e indicadores
adequada aos objetivos da Lei federal nº 12.527, de 18 de propostos.
novembro de 2011, e deste decreto; (D) dados ou informações utilizados como fundamento da
III - orientar e monitorar a implementação do disposto na tomada de decisão de ato administrativo discricionário
Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e neste editado pelos órgãos e entidades.
decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu (E) informações relacionadas, indiretamente, com o
cumprimento; interesse do requerente, a critério da Comissão de Avaliação
IV - recomendar as medidas indispensáveis à implementação de Documentos e Acesso - CADA.
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários
ao correto cumprimento do disposto neste decreto; 04. (PC-SP - Oficial Administrativo - VUNESP) Nos
termos do Decreto n.º 58.052/2012, do Estado de São Paulo,
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a são consideradas passíveis de restrição de acesso, no âmbito
atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes à da Administração Pública Estadual, duas categorias de
salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos e documentos, dados e informações, quais sejam:
pessoais. (A) médicos e militares
(B) disponíveis e privados.
Artigo 4º - As Comissões de Avaliação de Documentos e (C) sigilosos e pessoais.
Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do (D) particulares e privados.
órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no prazo de (E) particulares e privados.
30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições previstas
no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste decreto. 05. (PC-SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial -
VUNESP) Os documentos, dados e informações sigilosas em
Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012 poder de órgãos e entidades da Administração Pública
GERALDO ALCKMIN Estadual, observado o seu teor e em razão de sua
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado,
Questões poderão ser classificados, nos termos do Decreto n.º
58.052/2012, nos seguintes graus:
01. (Polícia Civil/SP – Auxiliar de Papiloscopista (A) ultrassecreto, secreto e reservado.
Policial - VUNESP) Os documentos, dados e informações (B) ostensivo, secreto e reservado.
sigilosas em poder de órgãos e entidades da Administração (C) secreto, reservado e urgente
Pública Estadual, observado o seu teor e em razão de sua (D) normal, reservado e ostensivo.
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, (E) reservado, secreto e normal.
poderão ser classificados, nos termos do Decreto n.º
58.052/2012, nos seguintes graus: Gabarito
(A) Ultrassecreto, secreto e reservado 01. A. / 02. C. / 03. A. / 04. C. / 05. A.
(B) Ostensivo, secreto e reservado
(C) Secreto, reservado e urgente
(D) Normal, reservado e ostensivo
(E) Reservado, secreto e normal. Anotações
02. (SEDUC-SP - Analista de Tecnologia da Informação
- VUNESP) De acordo com os ditames do Decreto n.º
58.052/2012 de São Paulo, o pedido de informação, por
qualquer meio legítimo que contenha a identificação do
interessado, deverá ser apresentado.
(A) ao Chefe do Executivo.
(B) à Central de Atendimento ao Cidadão – CAC.
(C) ao Serviço de Informações ao Cidadão – SIC
(D) às Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso –
CADA.
(E) ao Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo –
SAESP.

Noções de Administração Pública 81


APOSTILAS OPÇÃO

Noções de Administração Pública 82


NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
APOSTILAS OPÇÃO

MS-Windows 10: conceito


de pastas, diretórios, arquivos
e atalhos, área de trabalho,
área de transferência, Está vendo uma seta à direita de um aplicativo na imagem
manipulação de arquivos e seguinte?
pastas, uso dos menus, Selecione-a para ver as tarefas ou itens específicos do
aplicativo.
programas e aplicativos,
interação com o conjunto de
aplicativos MS-Office 2010.

WINDOWS 101

O Windows 10 está repleto de novos recursos e melhorias,


unindo a interface clássica do Windows 7 com o design
diferente do Windows 8.

Menu Iniciar
Para bloquear o computador ou sair dele, mudar para
O menu Iniciar é o portal de entrada para programas, outra conta ou alterar a imagem da conta selecione seu nome
pastas e configurações do computador. na parte superior do Menu Iniciar.
Ao selecionar o botão Iniciar na barra de tarefas, você
encontrará os acessos mais recentes no lado esquerdo, uma
lista de todos os aplicativos e atalhos para outros locais no
computador, como Explorador de Arquivos e Configurações.
De um lado ele possui uma lista de locais, aplicativos
instalados e documentos, e do outro lado, ficam os blocos
dinâmicos (live tiles), onde são exibidos ícones de programas,
informações de clima, notícias e dados de softwares. Além de
atalhos para contatos e websites prediletos.

Se você quiser sair de perto do computador por um


instante, o botão de energia fica na parte inferior do Menu
Iniciar para que você possa colocar o computador no modo de
suspensão, reiniciá-lo ou desligá-lo totalmente.
Se você quiser fazer outras alterações na aparência do
Menu Iniciar, acesse Configurações, selecione o botão Iniciar e
selecione para alterar quais aplicativos e pastas aparecem no
Menu Iniciar.

O menu do sistema pode ser personalizado: os blocos


podem ser rearranjados e redimensionados, e tudo pode ser
fixado e desafixado do Menu Iniciar, permitindo que o mesmo
fique cheio de informações, de acordo com as necessidades do
usuário.
O Menu Iniciar também pode ser expandido de forma que
fique como uma janela maximizada. Exemplo figura abaixo:

1 Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br

Noções Básicas de Informática 1


APOSTILAS OPÇÃO

Fixação de aplicativos Se você deseja apenas redimensionar um pouco o Menu


Fixe aplicativos no Menu Iniciar para ver atualizações Iniciar para torná-lo mais alto ou mais largo, selecione a borda
dinâmicas do que está acontecendo ao seu redor, como novos superior ou lateral e arraste-a.
e-mails, seu próximo compromisso ou a previsão do tempo no
fim de semana. Quando você fixa um aplicativo, ele é Como pesquisar aplicativos e programas
adicionado ao Menu Iniciar como um novo bloco. Selecione o botão Iniciar e, em seguida, selecione todos os
aplicativos no canto inferior esquerdo.
Procedimentos: Para manter a rolagem no mínimo, vá para uma parte
- Selecione o botão Iniciar e, em seguida, selecione todos os específica da lista. Selecione um dos divisores de seção e
aplicativos . escolha a letra com a qual o nome do aplicativo começa.
- Pressione e segure o aplicativo (ou clique nele com botão
direito) que você deseja fixar.
- Selecione Fixar na Tela Inicial.

- Depois que você fixar um novo aplicativo, redimensione-


o, pressione e segure-o (ou clique com botão direito) no bloco
LEMBRE-SE: se você ainda não conseguir encontrar o que
do aplicativo, selecione Redimensionar e escolha o tamanho de
está procurando, use a pesquisa! Use a caixa de pesquisa na
bloco desejado.
barra de tarefas ou pressione a tecla do logotipo do Windows
Dica: Arraste e solte aplicativos da lista mais usados ou
em seu teclado e comece a digitar.
de todos os aplicativos para fixá-los no Menu Iniciar como
blocos.
Para baixar aplicativos, músicas e outros
Agrupe aplicativos
Depois de fixar um aplicativo, mova-o para um grupo.
Para criar um novo grupo de blocos, mova o bloco de um
aplicativo para cima ou para baixo até aparecer um divisor de
grupo e solte o bloco. Mova aplicativos para dentro ou para
fora do grupo da maneira que quiser.

A Loja é centralizada para músicas, vídeos, jogos e


aplicativos.

Para nomear seu novo grupo, selecione o espaço aberto Microsoft Edge
acima do novo grupo e digite um nome.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer
Veja o Menu Iniciar em tela inteira: anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em
Para exibir o Menu Iniciar em tela inteira e ver tudo em páginas da Web. Use a lista de leitura para salvar seus
uma única exibição, selecione o botão Iniciar, e ative Usar artigos favoritos para mais tarde lê-los no modo de leitura .
Iniciar em tela inteira. Focalize guias abertas para visualizá-las e leve seus
favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o
Microsoft Edge em outro dispositivo.

Noções Básicas de Informática 2


APOSTILAS OPÇÃO

O Microsoft Edge não é o único aplicativo em que você pode Layout limpo
escrever. Use a caneta eletrônica, o dedo ou o mouse para
escrever em todos os lugares onde antes você digitava. Ou Para um layout limpo e simples, selecione Modo de Leitura
simplesmente rabisque no OneNote. na barra de endereços para trazer tudo o que você está
lendo para frente e para o centro.
Você pode até mesmo alterar o estilo do Modo de Leitura e
o tamanho da fonte conforme seu humor.

Selecione Mais > Configurações

Use a caneta para escrever com sua tela touch ou


mouse, realce , ou digite uma anotação e compartilhe-a

Hub
Pense no Hub como o local onde o Microsoft Edge mantém
os itens que você coleta na Web. Selecione Hub para exibir
seus favoritos, a lista de leitura, o histórico de navegação e os
downloads atuais.

Procurando seus favoritos?


No Hub, escolha Favoritos e selecione Importar
1. Caneta 2. Marca-texto 3. Borracha 4. Adicione uma nota digitada 5. Clipe
Favoritos.
Lista de leitura
Pesquisa mais rápida na barra de endereços
A lista de leitura no Microsoft Edge oferece um local para
Você não precisa acessar um site para procurar imagens de
salvar artigos ou outro conteúdo que você queira ler mais
pinguins, por exemplo. Economize tempo e energia digitando
tarde. Você verá sua lista de leitura em todos os seus
sua pesquisa na prática e conveniente barra de endereços. No
dispositivos Windows 10 quando entrar com uma conta da
mesmo instante, você receberá sugestões de pesquisa,
Microsoft.
resultados da Internet e seu histórico de navegação.
No Microsoft Edge, basta selecionar, adicionar aos
favoritos ou à lista de leitura

> Lista de leitura > Adicionar

Quando você estiver pronto para ler, selecione

Windows Hello

Se estiver disponível em seu dispositivo, o Windows


Hello mudará o modo de entrar no sistema, ele usa seu rosto
ou impressão digital ao invés de uma senha. Vá
até Configurações:

> Contas > Opções de entrada para configurá-lo

Noções Básicas de Informática 3


APOSTILAS OPÇÃO

Pesquisar
Use a barra de tarefas para pesquisar em seu computador
e na Web para encontrar ajuda, aplicativos, arquivos,
configurações, o que você quiser.
Use a caixa de pesquisa, digite o que você está procurando
na barra de tarefas. Você receberá sugestões e respostas para
suas dúvidas e resultados de pesquisa de seu computador e da
Internet.

Fotos
O aplicativo Fotos reúne todas as suas fotos e vídeos em
um único local. De seu telefone, computador e OneDrive. Em
seguida, ele organiza suas memórias em álbuns para você
aproveitar e compartilhar.

Observação:
Os resultados da pesquisa na Web não estão disponíveis na
caixa de pesquisa em todos os países/regiões, mas estão
disponíveis por meio do Bing no seu navegador da Web.

Aplicativo Fotos aprimorado e outros

Crie seus próprios álbuns de fotos ou curta belos álbuns


que o aplicativo Fotos Avançado cria para você. Também é
Pesquisar meu conteúdo
mais fácil encontrar essas fotos, com formas melhores de
Depois de digitar um termo de pesquisa, selecione Meu
navegar pelas pastas de fotos e suas subpastas do seu disco
Conteúdo para encontrar resultados para arquivos,
rígido, de uma unidade externa ou do OneDrive. E, se você tiver
aplicativos, configurações, fotos, vídeos e músicas em seu
imagens em ação em seu telefone Windows, compartilhe-as
computador e no OneDrive.
por e-mail e nas mídias sociais.
Procure ajuda com o Windows 10
Multitarefas
Marque a caixa de seleção e digite uma palavra-chave ou
uma pergunta, e você encontrará ajuda da Microsoft.

Encontre rápido
Se você não sabe onde encontrar uma configuração ou um
recurso, há uma grande chance de que uma única palavra
mostrará o caminho para você.
Por exemplo, digite suspensão e você será direcionado
para a página de configurações, onde poderá alterar as
configurações de suspensão do computador.
Ou digite desinstalar para encontrar a página de
configurações, onde você pode exibir ou desinstalar
aplicativos.
Deslize a borda compartilhada de aplicativos da área de
trabalho ajustados para onde quiser, redimensionando com
facilidade ambos os aplicativos com um movimento, assim
como no modo tablet.

Noções Básicas de Informática 4


APOSTILAS OPÇÃO

Configure contas
Se você pretende compartilhar seu computador com
outras pessoas, considere adicionar contas para elas, assim
cada usuário terá um espaço pessoal, com arquivos separados,
favoritos do navegador e uma área de trabalho própria.

Adicionar uma conta


Selecione o botão Iniciar e, em seguida,
selecione Configurações > Contas > Sua conta.
Selecione Família e outros usuários (ou Other users, se você
estiver usando o Windows 10 Enterprise).
Em Other users, selecione Adicionar outra pessoa a este PC.

Respostas rápidas
Para algumas das perguntas mais frequentes sobre o
Windows, há uma resposta pronta. Basta digitar uma
pergunta, por exemplo: Como faço para excluir meu histórico
de navegação ou como usar várias áreas de trabalho no
Windows 10. Se a pessoa que você estiver adicionando tiver uma conta
Não consegue encontrar uma resposta em seu da Microsoft, digite o endereço de e-mail, selecione Avançar e
computador? Concluir. Depois que a pessoa entrar, os e-mails, as fotos, os
Selecione um resultado da Web para encontrar uma arquivos e as configurações online estarão aguardando por ela.
resposta do Bing, ou receba mais ajuda online Se a pessoa que você estiver adicionando não tiver uma
em windows.microsoft.com/support. conta da Microsoft, selecione Entrar sem uma conta da
Microsoft (tudo bem se estiver escrito "não recomendado")
Entre com uma conta da Microsoft e Conta local. Defina o nome de usuário, a senha temporária e
a dica de senha, e selecione Avançar > Concluir.
Você já usou o Outlook.com, o Hotmail, o Office 365,
OneDrive, o Skype, o Xbox ou o Windows? Configure sua família
O endereço de e-mail e a senha que você usa para qualquer O recurso Família permite adicionar com rapidez membros
um desses serviços é sua conta da Microsoft. Se não usou, é da família a cada computador Windows 10 que você entrar
fácil criar uma conta de e-mail gratuita em Outlook.com e com sua conta da Microsoft.
torná-la sua nova conta da Microsoft. O recurso Família também ajuda com que os adultos
Sua conta da Microsoft oferece acesso a aplicativos e jogos mantenham as crianças mais seguras online. Podem ver
da Windows Store e permite que você veja suas configurações relatórios das atividades online das crianças, limitar o tempo
e outras coisas em vários dispositivos Windows 10. de utilização de seus dispositivos Windows 10, definir limites
inteligentes nos gastos das crianças e assegurar que elas não
Como entrar vejam sites, aplicativos ou jogos inadequados.
Selecione o botão Iniciar e, em seguida, Se você usou a Proteção para a Família em uma versão
selecione Configurações > Contas > Sua conta. anterior do Windows, precisará adicionar membros de sua
Selecione Entrar com uma conta da Microsoft. família novamente para que as configurações das crianças
Siga as instruções para mudar para uma conta da sejam aplicadas aos dispositivos Windows 10.
Microsoft. Talvez seja necessário verificar sua identidade Os adultos na família podem gerenciar as configurações da
inserindo um código de confirmação. Sua conta local será família online em account.microsoft.com/family, e as
alterada para sua conta da Microsoft. alterações serão aplicadas a qualquer dispositivo Windows 10
Na próxima vez que você entrar no Windows, use o nome no qual a criança entrar.
e a senha da sua conta da Microsoft. Os aplicativos e arquivos Para configurar um computador para as pessoas que já
não serão afetados. estão em sua família Microsoft, selecione o botão Iniciar e, em
seguida, selecione Configurações > Contas > Família e
outros usuários. Selecione as contas para adicioná-las ao
computador. Na primeira vez que eles entrarem, será
necessário inserir a senha da conta da Microsoft.

Adicionar uma pessoa à sua família


1. Em seu computador Windows 10, selecione o botão
Iniciar e, em seguida, selecione Configurações > Contas >
Família e outros usuários. É preciso estar conectado ao
Windows com uma conta da Microsoft.
2. Selecione Adicionar um membro da família.
3. Selecione Adicionar uma criança ou Adicionar um
adulto.
4. Digite o endereço de e-mail da pessoa para enviar um
convite para participar. Se ela não tiver um endereço de e-mail,

Noções Básicas de Informática 5


APOSTILAS OPÇÃO

selecione: “A pessoa que desejo convidar não tem um endereço Quando você adiciona uma conta a um aplicativo, o outro
de e-mail” e siga as instruções para configurar uma nova conta. aplicativo se conecta automaticamente a ela. Alterne entre os
5. Depois que ela aceitar o convite por e-mail, peça para dois selecionando os ícones E-mail e Calendário no lado
que ela entre no Windows 10 usando o mesmo endereço de e- inferior esquerdo da janela.
mail para o qual você enviou o convite.

Exclua uma conta a qualquer momento


acessando Configurações > Contas e, em seguida, escolha a
conta que deseja excluir.
Se você tiver entrado no computador com uma conta da
Microsoft, essa conta será adicionada automaticamente aos
aplicativos E-mail e Calendário e não poderá ser excluída. Mas
você pode remover quaisquer outras adicionadas por conta
própria.
Se você tiver mais dúvidas sobre como usar os aplicativos,
Gerenciar configurações da família incluindo informações de solução de problemas ou se estiver
Depois que você adiciona uma criança à sua família no tendo problemas ao adicionar uma conta, encontre respostas
Windows, veja aqui como gerenciar suas atividades. acessando Configurações > Ajuda > Abrir Ajuda.
1. Acesse account.microsoft.com/family e entre com sua
conta da Microsoft. Meus contatos
2. Selecione a criança cujas configurações você deseja Quando você adicionar uma conta, por meio dos
gerenciar a partir da lista de filhos em sua família. Se seus aplicativos E-mail e Calendário ou outros aplicativos de mídia
filhos também usam a Proteção para a Família em versões mais social, os contatos associados a essas contas aparecerão no
antigas do Windows ou a Família em telefones Windows aplicativo Pessoas. Encontre-o digitando Pessoas na caixa de
antigos, você os verá listados por dispositivo. pesquisa na barra de tarefas.
3. Escolha o que ativar ou mudar na conta do filho:
- Atividade recente permite ver quais sites elas estão Mude a imagem da sua conta
visitando, quais aplicativos e jogos estão usando e quanto
tempo estão passando nos dispositivos. Selecione o botão Iniciar, selecione a imagem da conta e
- Navegação na Web permite que você escolha os sites que selecione Alterar configurações de conta.
a criança pode ou não pode ver.
- Aplicativos e jogos permite que você limite os aplicativos
e jogos que a criança pode baixar da Windows Store. Também
permite desbloquear qualquer aplicativo ou jogo bloqueado
anteriormente.
- Tempo de tela permite definir o período máximo que as
crianças podem passar nos dispositivos.

Configure o e-mail e o calendário

O Windows 10 tem aplicativos E-mail e Calendário nativos.


Encontre-os selecionando o botão Iniciar ou digite e-mail ou
calendário na caixa de pesquisa na barra de tarefas. Na tela Configurações, em Sua foto, selecione Procurar.

Adicionando contas de e-mail e calendários


Se esta for a primeira vez que você abre um dos aplicativos,
você verá a página inicial. Siga as instruções para configurar
sua conta.
Caso contrário, no aplicativo E-mail ou Calendário,
selecione Configurações na parte inferior esquerda.
Vá para Contas > Adicionar conta, escolha o tipo da sua
conta e siga as instruções. Localize a imagem que você deseja usar, selecione-a e, em
O e-mail e o calendário começam a ser sincronizados assim seguida, selecione Escolher imagem.
que a conta é configurada. O Windows memoriza as três últimas imagens usadas,
portanto você pode facilmente alternar para uma favorita
Algumas outras coisas úteis que você pode querer saber: recente.
você pode voltar as configurações para adicionar mais contas, Se você preferir uma nova imagem para a conta,
mas não é necessário adicionar a mesma conta duas vezes. selecione Câmera.

Noções Básicas de Informática 6


APOSTILAS OPÇÃO

Proteja seu computador Se isso não funcionar e você estiver usando uma conexão
com fio, certifique-se de que as duas pontas do cabo Ethernet
O Windows 10 está mais seguro e protegido graças ao estejam conectadas firmemente ao computador e ao roteador
Windows Defender e ao Firewall do Windows. ou modem.
Quando você inicia o Windows 10 pela primeira vez, o
Windows Defender está ativado e trabalhando para proteger Se você estiver tendo problemas para se conectar à rede
seu computador procurando por software mal-intencionado. Wi-Fi:
Ele será desativado automaticamente se instalar outro - Verifique se o Wi-Fi está ativado. Selecione o botão Iniciar
aplicativo de antivírus. e selecione Configurações > Rede e Internet > Wi-Fi para
O Windows Defender usa proteção em tempo real para verificar. Se uma rede que você espera ver aparecer na lista,
examinar tudo que baixa ou executa em seu computador, selecione a rede > Conectar.
desativando a proteção em tempo real temporariamente se for - Verifique se o comutador Wi-Fi físico em seu notebook
necessário. está ativado (uma luz indicadora geralmente acende quando
Selecione o botão Iniciar e escolha Configurações > ele está ligado).
Atualização e segurança > Windows Defender. - Selecione o botão Iniciar ,
selecione Configurações > Rede e Internet > Modo avião e
desative o modo avião se ele estiver ativado.
- Aproxime-se do roteador ou do ponto de acesso.

Se nenhuma dessas alternativas funcionar, reinicie o


roteador Wi-Fi.

Outra forma de conexão seria de rede celular: selecione o


botão Iniciar , selecione Configurações > Rede e Internet e
veja se Celular aparece na lista de configurações.

Para examinar arquivos ou pastas específicos, selecione-os


e clique com botão direito (ou pressione e segure) e
escolha Examinar com o Windows Defender.
Se o Windows Defender encontrar algum item mal-
intencionado, ele irá fornecer uma notificação no aplicativo e
recomendar o que você deve fazer em seguida para manter seu
computador seguro.
O Firewall do Windows filtra informações que chegam ao
seu computador da Internet e bloqueia programas
potencialmente prejudiciais. Para desativá-lo, vá para a caixa
de pesquisa e digite firewall. Em seguida, selecione Windows
Firewall > Ativar ou desativar o Firewall do Windows. Sobre a rede Wi-Fi em casa
Verifique se o roteador está configurado para transmitir o
Fique online nome da rede:
Conecte o PC ao roteador usando um cabo Ethernet.
Para se conectar a uma rede Wi-Fi, selecione o ícone Abra seu navegador da Web e digite o endereço IP do
roteador sem fio. (Por exemplo, 192.168.1.1 ou 172.16.0.0 —
de Rede ( ou ) na barra de tarefas.
consulte a documentação do roteador para localizar o
Selecione a rede Wi-Fi à qual deseja se > Conectar, digite a
endereço IP padrão.)
senha e siga as instruções. Este ícone aparecerá na barra de Entre com seu nome de usuário e senha e, em seguida,
tarefas. verifique se uma opção chamada Habilitar transmissão de
SSID, Transmissão de SSID sem fio, ou algo semelhante, está
ativada.

Conecte-se a uma impressora

Para conectar-se a uma impressora via a uma rede,


selecione o botão Iniciar e, em seguida,
selecione Configurações >Dispositivos > Adicionar uma
impressora ou scanner.
Escolha a opção desejada e selecione Adicionar dispositivo.

Se o Wi-Fi não estiver disponível, ou se você quiser a


garantia de uma conexão com fio, o cabo Ethernet está aí para
isso. Basta conectar seu computador ao roteador ou modem e
prossiga com suas tarefas.
Deixe o Windows tentar ajudar você a corrigir o problema.
Na caixa de pesquisa da barra de tarefas, digite Solução de
problemas de rede e selecione Identificar e reparar problemas
de rede.

Noções Básicas de Informática 7


APOSTILAS OPÇÃO

Se a impressora for conectada ao computador por um cabo, Selecione o botão Iniciar > Todos os aplicativos > Vídeo
basta conectá-la, sua impressora se conectará do Skype.
automaticamente e seu computador baixará os drivers Selecione alguém em seu histórico de chamadas ou
corretos. Em seguida, inicie a impressão.
selecione Catálogo Telefônico > escolher um contato
Conecte-se a dispositivos Bluetooth > Vídeo do Skype.
Aproveite o encontro.
Graças ao Bluetooth, você pode usar todos os tipos de Quando terminar de falar, selecione Encerrar chamada
dispositivos sem fio com seu computador: fones de ouvido, para desligar.
alto-falantes, telefones, monitores de atividades físicas
Bluetooth.
Inicie o emparelhamento do dispositivo Bluetooth com seu
computador. A maneira como você faz isso depende do tipo de
dispositivo Bluetooth que estiver usando.

Como conectar um fone de ouvido, alto-falante ou outro


dispositivo de áudio Bluetooth

Ligue o dispositivo de áudio Bluetooth e torne-o


detectável. Para atender a uma chamada de vídeo do Skype,
A maneira de torná-lo detectável depende do dispositivo. selecione Vídeo . Se você quiser conversar sem vídeo,
Verifique o dispositivo ou visite o site do fabricante para saber
selecione Áudio .
como.
Ative o Bluetooth em seu computador, se ainda não o fez.
Explorador de Arquivos.
Para fazer isso, na barra de tarefas, selecione Central de Ações
> Bluetooth. Para utilizar o explorador de arquivos, abra-o a partir da
Na Central de Ações, selecione Conectar > o nome do barra de tarefas ou do menu Iniciar, ou pressionando a tecla
dispositivo.
do logotipo do Windows

Siga as demais instruções que possam aparecer. Caso


contrário, você está conectado.
O dispositivo Bluetooth e o computador serão conectados Veja algumas mudanças importantes:
automaticamente sempre que os dois estiverem dentro da O OneDrive agora faz parte do Explorador de Arquivos.
área de alcance um do outro e com Bluetooth ativado. Para ver uma rápida cartilha sobre como ele funciona no
Windows 10, confira OneDrive em seu computador.
Como conectar um teclado, mouse ou outro dispositivo Quando o Explorador de Arquivos for aberto, você entrará
Bluetooth: no Acesso rápido, as pastas usadas com frequência e os
Ligue o dispositivo Bluetooth e torne-o detectável. arquivos usados recentemente ficam listados ali, assim você
Selecione o botão Iniciar e, em seguida, não precisa procurar por eles uma série de pastas para
selecione Configurações > Dispositivos > Bluetooth. encontrá-los. Você também pode fixar suas pastas favoritas ao
Ative o Bluetooth > selecione o dispositivo > Emparelhar. Acesso rápido para mantê-las à mão.
Siga as demais instruções que aparecerem.

Envie uma mensagem:


Tem algo a dizer? Envie uma mensagem instantânea do
Skype do aplicativo Mensagens.
Em Iniciar , selecione Mensagens e depois Nova
Insira um contato do Skype, digite sua mensagem e
selecione Enviar .

Faça uma chamada de vídeo do Skype


O Windows 10 tem chamada com vídeo do Skype
integrada, o que significa que você pode fazer chamadas com
vídeo do Skype gratuitas para familiares e amigos sem instalar
outro aplicativo. É um jeito fácil de ter contato com um amigo.
Taxas de conexão com a Internet podem ser aplicáveis. Agora, você pode usar aplicativos para compartilhar
arquivos e fotos diretamente do Explorador de Arquivos.

Noções Básicas de Informática 8


APOSTILAS OPÇÃO

Selecione os arquivos que deseja compartilhar, acesse a guia A versão em seu computador está fora de sincronia.
Compartilhar, selecione o botão Compartilhar e, em seguida, Para descobrir o motivo, vá para o lado direito da barra de
escolha um aplicativo. Para saber mais sobre as opções de tarefas, clique com o botão direito do mouse (ou pressione e
compartilhamento, confira Compartilhar arquivos no
segure) no ícone OneDrive e selecione Exibir problemas de
Explorador de Arquivos.
sincronização.
Se você está migrando do Windows 7, veja algumas
Backup dos seus arquivos
diferenças mais:
Meu computador agora é chamado This PC e ele não
Sempre é bom ter um backup. Mantenha cópias dos seus
aparecerá na área de trabalho por padrão.
arquivos em outra unidade no caso de algo acontecer com os
Da mesma forma, bibliotecas não aparecerão no
originais.
Explorador de Arquivos, a menos que você quiser. Para
adicioná-las ao painel esquerdo, selecione a guia Exibição >
Configure seu backup
Painel de navegação > Mostrar bibliotecas.
Selecione o botão Iniciar,
selecione Configurações > Atualização e
segurança > Backup > Adicionar uma unidade e escolha um
local de rede ou uma unidade externa para seus backups.

OneDrive no seu computador

OneDrive é o armazenamento online gratuito que vem com


sua conta da Microsoft. Pronto. A cada hora, faremos backup de tudo em sua pasta
do usuário (C:\Users\nome de usuário). Para alterar os
As noções básicas arquivos para backup ou a frequência do backup, vá para Mais
Para salvar um documento com o qual você está opções.
trabalhando no OneDrive, selecione uma pasta do OneDrive na
lista de locais de salvamento. Para mover arquivos para o Restaure seus arquivos
OneDrive, abra o Explorador de Arquivos e arraste-os para Se você sentir falta de uma pasta ou um arquivo
uma pasta do OneDrive. importante, aqui está como recuperá-los:
Procure Restaurar arquivos na barra de tarefas e
selecione Restaurar arquivos com Histórico de Arquivos.
Procure o arquivo de que você precisa e use as setas para
ver todas as suas versões.
Quando encontrar a versão desejada, selecione o
botão Restaurar para salvá-la em seu local original. Para salvá-
la em um local diferente, clique com botão direito (ou
pressione e segure) no botão Restaurar, selecione Restaurar
em e escolha um novo local

Uma nova aparência para as configurações


As Configurações sofreram uma transformação — e
tiraram o "PC" do nome.
Não é necessário o acesso à Internet
Os arquivos que você salva no OneDrive estão disponíveis
online em OneDrive.com e offline em seu computador. Isso
significa que você pode usá-los a qualquer momento, mesmo
quando não estiver conectado à Internet. Quando você se
reconectar, o OneDrive atualizará as versões online com as
alterações feitas offline.
Os arquivos offline são práticos quando você está sem uma
rede Wi-Fi, mas eles também ocupam espaço no seu
computador. Se você estiver com pouco espaço de
armazenamento, veja aqui como manter menos arquivos do
OneDrive offline:
Acesse Configurações selecionando o botão Iniciar e
Permaneça sincronizado depois selecionando Configurações. A partir daí, navegue pelas
Ícones do Explorador de Arquivos mostram o status da categorias ou use a pesquisa para encontrar o que você está
sincronização de seus arquivos e pastas offline. procurando, incluindo opções avançadas no Painel de
Está sincronizado com a versão online. Controle.
Está entrando em sincronia. A maioria dos aplicativos tem suas próprias configurações
— procure por este ícone no aplicativo.

Noções Básicas de Informática 9


APOSTILAS OPÇÃO

Personalize sua tela de bloqueio


Para ajustar sua tela de bloqueio de acordo com sua
preferência, selecione o botão Iniciar ícone Iniciar e
Configurações > Personalização > Tela de bloqueio.
Experimente mudar a tela de fundo para uma foto favorita ou
apresentação de slides, ou escolha qualquer combinação de
notificações de status detalhadas e rápidas para mostrar a
você eventos futuros do calendário, atualizações de redes
sociais e outras notificações de aplicativo e do sistema.

Atalhos de teclado

Gestos para telas touch oferecem novas possibilidades,


mas os atalhos de teclado ainda não desapareceram. Na
verdade, adicionamos alguns novos para ajudar você a
aproveitar ao máximo o Windows.
Novos atalhos de teclado para aplicativos e áreas de
trabalho
- Adicionar uma área de trabalho: tecla do logotipo do
Windows + Ctrl + D
- Mover um aplicativo para um monitor à direita: tecla do
Aprenda a usar temas
logotipo do Windows + Shift + Seta para a direita
Selecione o botão Iniciar e, em seguida,
- Mover um aplicativo para um monitor à esquerda: tecla do
selecione Configurações > Personalização > Temas >
logotipo do Windows + Shift + Seta para a esquerda
Configurações de tema. Em seguida, escolha um tema padrão
- Mostrar todos os aplicativos abertos e exibir áreas de
ou selecione Obter mais temas online para baixar temas novos
trabalho adicionais que você criou: tecla do logotipo do
que apresentam criaturas bonitas, recordações de férias e
Windows + Tab
outras opções alegres.
- Alternar entre áreas de trabalho que você criou à direita:
tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Seta para a direita
- Alternar entre áreas de trabalho que você criou à esquerda:
tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Seta para a esquerda
- Fechar a área de trabalho em uso: tecla do logotipo do
Windows + Ctrl + F4

Resolução da tela

Resolução de tela se refere à clareza com que textos e


imagens são exibidos na tela. Em resoluções mais altas, como
1600 x 1200 pixels, os itens parecem mais nítidos. Também
parecem menores, para que mais itens possam caber na tela.
Mude as cores e a tela de fundo da área de trabalho
Em resoluções mais baixas, como 800 x 600 pixels, cabem
Selecione o botão Iniciar e, em seguida,
menos itens na tela, mas eles parecem maiores.
selecione Configurações > Personalização para escolher uma
A resolução que você pode usar depende das resoluções a
imagem digna de enfeitar a tela de fundo da sua área de
que seu monitor oferece suporte. Os monitores CRT
trabalho e para alterar a cor de destaque de Iniciar, da barra
normalmente têm resolução de 800 × 600 ou 1024 × 768 pixels
de tarefas e de outros itens. A janela de visualização oferece
e funcionam bem em resoluções diferentes. Monitores LCD
uma prévia das suas mudanças conforme elas acontecem.
(também chamados de monitores de tela plana) e telas de
Em Tela de fundo, selecione uma imagem, uma cor sólida
laptop geralmente oferecem suporte a resoluções mais altas e
ou crie uma apresentação de slides de imagens.
funcionam melhor em uma resolução específica.
Quanto maior o monitor, normalmente maior é a resolução
a que ele oferece suporte. Poder ou não aumentar a resolução
da tela depende do tamanho e da capacidade do monitor e do
tipo de placa de vídeo instalada.

Acessórios do sistema operacional

Dentre os acessórios do sistema operacional Windows 10,


destaca-se possibilidades de edição de textos, imagens,
calculadora e ferramentas de acessibilidades.

Acessando os acessórios do Windows


No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você
localizará na ordem alfabética.

Em Cores, deixe o Windows puxar uma cor de destaque da


sua tela de fundo, ou selecione a cor que desejar.

Noções Básicas de Informática 10


APOSTILAS OPÇÃO

Calculadora no Windows 10
O aplicativo Calculadora para Windows 10 é uma versão
touch da calculadora da área de trabalho nas versões
anteriores do Windows e funciona em dispositivos móveis e de
desktop.
Você pode abrir várias calculadoras ao mesmo tempo em
janelas redimensionáveis na área de trabalho e alternar entre
os modos Padrão, Científica, Programador, Cálculo de data e
Conversor.
Para começar, selecione o botão Iniciar e, em seguida,
selecione Calculadora na lista de aplicativos.
Bloco de Notas
O Bloco de Notas consiste em um editor de textos simples,
onde não podemos realizar formatações em nosso texto, como
negritar um trecho ou adicionar alguma imagem.
Pela é útil para para tomar notas ou salvar conversas em
chats.
Também funciona para editar programas de computador,
como códigos em HTML, ASP, PHP, etc.

Use o modo Padrão para cálculos básicos, Científica para


cálculos avançados, Programador para código binário, Cálculo
de data para trabalhar com datas e Conversor para conversão
de unidades de medida.
Para alternar entre os modos, selecione o botão Menu .
Quando você alterna, o cálculo atual é apagado, mas Histórico
e Memória são salvos.

Filmes e TV
Filmes e programas de TV Microsoft traz os filmes e os
Alarmes e Relógio programas de TV em HD mais recentes para o seu dispositivo
Com ele você pode: Windows 10. Alugue e compre novos sucessos de bilheteria e
- Comparar horários ao redor do mundo no Relógio clássicos favoritos ou acompanhe os episódios de ontem à
Internacional; noite de programas de TV. Filmes e programas de TV também
- Fixar um relógio, timer ou cronômetro a Iniciar para oferece HD instantâneo e acesso rápido à sua coleção de
agilizar o acesso; vídeos.
- Registrar voltas e parciais com o cronômetro;
- Usar o aplicativo em uma janela menor na área de Fotos
trabalho; O aplicativo Fotos no Windows 10 usa a mágica do
- Usar alarmes, mesmo quando a tela estiver bloqueada ou OneDrive para colocar toda a sua coleção de fotos ao seu
o som estiver com a opção mudo ativada, e escolher sons alcance — não apenas fotos e vídeos do computador, mas
diferentes para cada alarme. também de seu telefone e outros dispositivos.
Você receberá uma notificação quando um alarme ou timer Selecione o botão Iniciar e, em seguida,
for acionado em seu computador, mesmo se o aplicativo selecione Fotos para ver o modo de exibição Coleção.
estiver fechado ou o computador estiver bloqueado.
Certifique-se de manter o volume do alto o suficiente para
ouvir o alarme ou timer.
Se o computador entrar em suspensão, talvez os alarmes e
timers não funcionem. Somente os notebooks e tablets mais
recente com um recurso chamado InstantGo podem despertar
do modo de suspensão para soar um alarme ou timer. E até
mesmo com o InstantGo, o dispositivo poderá não despertar se
não estiver ligado na tomada.

O modo de exibição Coleção é organizado por data, com


suas fotos mais recentes no início. Para ver suas fotos e
vídeos organizados em álbuns ou em pastas,
selecione Álbuns ou Pastas na barra de navegação superior.

Noções Básicas de Informática 11


APOSTILAS OPÇÃO

Editar ou criar um álbum WORDPAD


Você não precisa fazer nada para aproveitar seus novos
álbuns, mas pode editá-los para adicionar alguns toques de WordPad é um programa de edição de texto que pode ser
acabamento ou criar seus próprios álbuns. usado para criar e editar documentos. Diferente do Bloco de
Selecione o botão Iniciar e, em seguida, selecione Fotos. Notas, os documentos do WordPad podem incluir formatação
Selecione Álbuns, escolha o álbum que você quer e complexa e elementos gráficos e é possível vincular ou
selecione Editar . Ou, para começar a criar um novo álbum, incorporar objetos, como imagens ou outros documentos.
selecione Novo álbum , escolha as fotos que você deseja
incluir e selecione Concluído .
Siga um destes procedimentos:
Digite para inserir um novo título.
Selecione Adicionar ou remover fotos, escolha aquelas que
você quer e selecione Concluído.
Para alterar a foto exibida como capa, selecione Alterar
capa, escolha uma foto e selecione Concluído.
Reveja o álbum e selecione Salvar .
- Criar, abrir e salvar documentos
Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em
WordPad.
Use os seguintes comandos para criar, abrir ou salvar
documentos:
Para / Faça isto
Criar um novo documento / Clique no botão do menu
WordPad e em Novo.
Abrir um documento / Clique no botão do menu
WordPad e clique em Abrir.
Compartilhe sua história Salvar um documento / Clique no botão do menu
Para compartilhar um link em uma mensagem ou WordPad e clique em Salvar.
aplicativo sem enviar um anexo enorme, Salvar um documento com um nome ou um formato
selecione Compartilhar este álbum. Se ele já não estiver salvo novo / Clique no botão do menu WordPad, aponte para Salvar
no OneDrive, o sistema solicitará que você o carregue como e clique no formato em que o documento será salvo.
primeiro. O aplicativo o avisará quando ele estiver pronto e,
em seguida, você poderá escolher um aplicativo com o qual Observação:
compartilhar ou copiar um link em uma mensagem. O WordPad pode ser usado para abrir e salvar documentos
Para transformar seu álbum em uma história interessante de texto (.txt), arquivos rich text (.rtf), documentos do Word
e interativa em minutos, selecione Contar sua história com (.docx) e documentos OpenDocument Text (.odt). Documentos
Sway. Depois que o álbum é carregado para o Sway, você pode em outros formatos são abertos como documentos com texto
brincar com o layout, adicionar palavras, animação e outros não criptografado e podem não ser exibidos conforme o
efeitos divertidos e compartilhar seu Sway online. esperado.
Para ver e editar o álbum de seus outros dispositivos sem
compartilhá-lo, selecione Carregar. Ele estará pronto para ir - Agilize seu trabalho no WordPad
para o OneDrive se você optar por compartilhá-lo mais tarde. Existe uma maneira rápida de facilitar o acesso aos
comandos mais usados do WordPad: coloque-os na Barra de
Loja Ferramentas de Acesso Rápido, acima da faixa de opções.
A Loja no Windows 10 tem milhares de aplicativos e jogos Para adicionar um comando do WordPad à Barra de
gratuitos de todos os tipos, para que você baixe e jogue Ferramentas de Acesso Rápido, clique com o botão direito do
imediatamente. mouse em um botão ou um comando e clique em Adicionar à
Selecione Loja na barra de tarefas ou selecione Iniciar e na Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
lista de aplicativos, selecione Loja.
Na Loja, selecione Aplicativos ou Jogos. - Formatar documentos
Na página de aplicativos ou jogos, encontre Aplicativos Formatação refere-se à aparência do texto no documento e
Populares Gratuitos ou Jogos Populares Gratuitos e selecione à forma como ele está organizado. Você pode usar a faixa de
Mostrar tudo na outra extremidade da linha. opções, localizada logo abaixo da barra de título para alterar
facilmente a formatação do documento. Por exemplo, você
Ferramenta de Captura pode escolher entre muitas fontes e tamanhos de fonte
diferentes, assim como pode aplicar praticamente qualquer
cor que queira ao seu texto. Também é fácil alterar o
alinhamento do documento.
Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique
em WordPad.
Depois de obter uma captura, ela é automaticamente Use os seguintes comandos para alterar a formatação do
copiada para a Área de Transferência e para a janela de documento:
marcação. Na janela de marcação, é possível anotar, salvar ou A / Faça isto
compartilhar a captura. Os procedimentos a seguir explicam Alterar a aparência do texto no documento / Selecione
como usar a Ferramenta de Captura. o texto a ser alterado e use os botões na guia Início do grupo
Para obter uma captura clique na seta ao lado do botão Fonte. Para obter informações sobre a função de cada botão,
Novo passe o mouse sobre o botão para obter uma descrição.

Noções Básicas de Informática 12


APOSTILAS OPÇÃO

Alterar o alinhamento do texto no documento / opções na parte superior da janela. A ilustração a seguir
Selecione o texto a ser alterado e use os botões na guia Início mostra as diferentes partes da janela do Paint:
do grupo Parágrafo. Para obter informações sobre a função de
cada botão, passe o mouse sobre o botão para obter uma
descrição.

- Inserir datas e imagens em documentos


Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em
WordPad.
Use os seguintes comandos para inserir a data atual ou
uma imagem:
A / Faça isto
Inserir a data atual / Na guia Início, no grupo Inserir,
clique em Data e hora.
Clique no formato desejado e em OK.
Inserir uma imagem / Na guia Início, no grupo Inserir,
clique em Imagem.
A janela do Paint.
Localize a imagem que deseja inserir e clique em Abrir.
Inserir um desenho / Na guia Início, no grupo Inserir,
- Trabalhando com ferramentas
clique em Desenho do Paint.
A faixa de opções do Paint inclui diversas ferramentas de
Crie o desenho que deseja inserir e escolha Paint.
desenho úteis. Você pode usá-las para criar desenhos à mão
livre e adicionar várias formas às imagens.
- Exibir documentos
Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de
- Desenhar uma linha
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em
Algumas ferramentas e formas, como o Lápis, o Pincel, a
WordPad.
Linha e a Curva, permitem criar variadas linhas retas, curvas e
Para ampliar e reduzir um documento, você também pode
sinuosas. O que você desenha é determinado pela maneira
clicar nos botões Ampliar ou Reduzir no controle
como você move o mouse ao desenhar. É possível usar a
deslizante Zoom, no canto inferior direito da janela, para
ferramenta Linha para desenhar uma linha reta, por exemplo.
aumentar ou diminuir o nível de zoom.
1. Na guia Início, no grupo Formas, clique na Linha.
2. No grupo Cores, clique em Cor 1 e depois na cor a ser
usada.
3. Para desenhar, arraste o ponteiro pela área de desenho.
Controle deslizante de zoom.

- Alterar margens da página - Desenhar uma linha sinuosa


Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de Seus desenhos não precisam ser compostos apenas de
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em linhas retas. O Lápis e os Pincéis podem ser usados para criar
WordPad. formas livres completamente aleatórias.
Clique no botão do menu WordPad, em Configurar página e 1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na
selecione as opções desejadas. ferramenta Lápis.
2. No grupo Cores, clique em Cor 1 e depois na cor a ser
- Imprimir documentos usada.
Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de 3. Para desenhar, arraste o ponteiro pela área de desenho
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em e faça uma linha sinuosa.
WordPad.
Clique no botão do menu WordPad, em Imprimir e Observação:
selecione as opções desejadas. Se quiser criar uma linha com aparência diferente, use um
dos Pincéis.
Observação:
Você pode usar Visualizar impressão para ver a aparência - Desenhar uma forma
do documento antes de imprimi-lo. Para usar Visualizar O Paint permite desenhar diversas formas diferentes. Por
impressão, clique no botão do menu WordPad, aponte exemplo, você pode desenhar formas já definidas, como
para Imprimir e clique em Visualizar impressão. Depois de retângulos, círculos, quadrados, triângulos e setas. Mas
visualizar o documento, clique em Fechar visualização de também é possível criar formas personalizadas usando a
impressão. ferramenta Polígono para desenhar um polígono, que é uma
forma que pode ter um número infinito de lados.
PAINT 1. Na guia Início, no grupo Formas, clique em uma forma
pronta, como no Retângulo.
O Paint é um recurso do Windows que pode ser usado para 2. Para adicionar uma forma pronta, arraste o ponteiro
desenhar, colorir ou editar imagens. Você pode usar o Paint pela área de desenho para criar a forma.
como um bloco de desenho digital para criar imagens simples, 3. Para alterar o estilo do contorno, no grupo Formas,
projetos criativos ou adicionar texto e designs a outras clique em Contorno e clique em um dos estilos de contorno.
imagens, como aquelas obtidas com sua câmera digital. Caso não queira que sua forma tenha um contorno, clique
em Sem contorno.
- As partes do Paint 4. No grupo Cores, clique em Cor 1 e em uma cor a ser
Ao iniciar o Paint, você verá uma janela vazia. As usada no contorno.
ferramentas de desenho e pintura estão localizadas na faixa de 5. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser
usada no preenchimento da forma.

Noções Básicas de Informática 13


APOSTILAS OPÇÃO

6. Para alterar o estilo do preenchimento, no grupo 02. (MPE/RS - Agente Administrativo - MPE/RS/2016).
Formas, clique em Preenchimento e em um dos estilos de Assinale a alternativa correta relativa ao Windows Defender
preenchimento. presente no Sistema Operacional Windows 10.
Caso não queira que sua forma tenha um preenchimento, (A) O Windows Defender somente verifica a presença de
clique em Sem preenchimento. malwares quando a proteção em tempo real está ativada.
(B) O Windows Defender é um aplicativo para definição
- Adicionar texto das regras de firewall de conexões de rede.
Você pode adicionar texto à sua imagem. A ferramenta (C) As definições de spyware aplicadas ao Windows
Texto permite que você adicione uma mensagem ou um título Defender são atualizadas apenas de forma manual.
simples. (D) O Windows Defender verifica as senhas de usuários,
1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na emitindo avisos relativos a senhas fracas.
ferramenta Texto. (E) O Windows Defender é desativado se for instalado um
2. Arraste o ponteiro na área de desenho onde você deseja aplicativo antivírus.
adicionar texto.
3. Em Ferramentas de Texto, na guia Texto, clique no tipo, 03. (Pref. de Goiânia/GO - Assistente Administrativo
tamanho e estilo de fonte no grupo Fonte. Educacional - CS-UFG/2016). Que forma de exibição de
ícones NÃO está presente no explorador de arquivos do
Sistema Operacional Windows 10?
(A) Lista.
(B) Personalizados.
(C) Detalhes.
(D) Blocos.
O grupo Fonte.

04. (Pref. de Bom Jesus/PI - Psicólogo - COPESE-


4. No grupo Cores, clique em Cor 1 e depois em uma cor.
UFPI/2016). O Windows possui um antivírus gratuito
Essa será a cor do texto.
denominado:
5. Digite o texto a ser adicionado.
(A) Painel de controle.
(B) Gerenciador de tarefas.
- Apagar parte da imagem
(C) Windows Defender.
Se você cometer um erro ou simplesmente precisar alterar
(D) Aero Antivírus.
parte de uma imagem, use a borracha. Por padrão, a borracha
(E) Desfragmentador de discos.
altera para branco qualquer área que você apagar, mas é
possível alterar a cor dela. Por exemplo, se você definir a cor
Gabarito
do segundo plano como amarelo, qualquer item apagado se
01. E\02. E\03. B\04. C
tornará amarelo.
1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na
ferramenta Borracha.
2. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser MSWord 2010: estrutura
usada para apagar. Para apagar com branco, não é preciso
selecionar uma cor. básica dos documentos,
3. Arraste o ponteiro sobre a área que deseja apagar. edição e formatação de textos,
cabeçalhos, parágrafos, fontes,
- Salvando uma imagem
Salve a imagem com frequência para evitar que você perca colunas, marcadores
acidentalmente seu trabalho. Para salvar, clique no botão simbólicos e numéricos,
Paint e depois em Salvar. Serão salvas todas as alterações tabelas, impressão, controle
feitas na imagem desde a última vez em que ela foi salva.
Ao salvar uma nova imagem pela primeira vez, você de quebras e numeração de
precisará dar um nome de arquivo a ela. Siga estas etapas: páginas, legendas, índices,
1. Clique no botão Paint e depois em Salvar. inserção de objetos, campos
2. Na caixa Salvar como tipo, selecione o formato de
arquivo desejado. predefinidos, caixas de texto.
3. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome do arquivo e
clique em Salvar.
WORD 2010 2
Questões

01. (BAHIAGÁS - Técnico de Processos Tecnológicos -


IESES/2016). Considere um computador rodando o MS-
Windows em português na versão 10. Qual o utilitário nativo é
utilizado para configurar discos e partições?
(A) Cfdisk.
(B) MBR/GPT.
(C) O Windows não possui utilitário com esta
funcionalidade.
(D) Gerenciador de partição (GParted).
(E) Gerenciamento de disco.

2Partes do texto extraído do site https://support.office.com/pt-br/


article/Tarefas-b%C3%A1sicas-no-Word-2010-eeff6556-2d15-47d2a04a-
7ed74e99a484?ui=pt-BR&rs=pt-BR&ad=BR

Noções Básicas de Informática 14


APOSTILAS OPÇÃO

Tela inicial Word ser toda exibida na tela a barra se torna visível para que seja
1-Barra de ferramentas de acesso rápido: Permite acessar possível percorrer o documento na horizontal.
opções do Word de forma ágil. Ao clicar na seta ao lado direito 11-Local de edição do documento: É onde o documento é
desta barra é possível personalizá-la, adicionando atalhos criado, no Word é possível inserir texto, imagens, formas,
conforme sua necessidade. gráficos...
1.1- Salvar: Permite gravar o documento no computador, 12-Abas de opções de formatação do documento: Através
se for a primeira vez a será iniciada a tela de salvar como, para das opções disponíveis em cada aba é possível formatar o
que você nomeie o arquivo e escolha o local onde o mesmo será documento, existem sete abas que estão visíveis o tempo todo
armazenado. Caso o documento já tenha sido salvo esta opção no Word:
apenas grava as alterações. O atalho usado para salvar é CTRL Abas com opções para formatação de textos do Word.
+ B. Página inicial: Opções de formatação do texto.
1.2- Desfazer: Desfaz a última ação realizada, por exemplo: Inserir: Opções para inserção de imagens, gráficos,
se você apagou algo sem querer é possível recuperar símbolos, caixas de texto, tabelas...
desfazendo a ação por meio deste atalho ou através do atalho Layout da Página: Opções de formatação de página e
CTRL + Z. Note na imagem acima que o item 1.2 está colorido organização dos objetos do documento.
e o item 1.3 está sem cor, quando o item está colorido significa Referências: Opções para configuração de sumário,
que é possível usar este atalho, quando não está colorido a legenda, citações...
função está desabilitada é não é possível usá-la. A seta ao lado Correspondências: Opções para configuração de mala
da opção permite selecionar qual ação deve ser desfeita. direta.
1.3- Refazer: Repete uma ação executada recentemente, Revisão: Opções de revisão de texto, idioma, proteção e
quando o atalho desfazer é acionado é possível acionar o botão bloqueio do arquivo...
refazer para deixar o documento como antes. O atalho da Exibição: Opções de configuração de exibição do
opção refazer é CTRL + R. documento.
1.4- Personalizar barra de ferramentas de acesso rápido: 14- Menu arquivo: acessa opções de manipulação de
Permite adicionar atalhos na barra de ferramentas de acesso documentos
rápido. As opções de manipulação de documentos do Word 2010
2-Título do documento: Local onde é exibido o nome e o estão localizadas no menu “Arquivo”
tipo do arquivo.
3-Botões de controle de janela: Permite minimizar,
maximizar ou fechar o documento.

Botões minimizar, maximizar e fechar.

2.1-Minimizar: Reduz a janela a um botão na barra de


tarefas.
2.2-Maximizar: Amplia a janela até ocupar toda a área de
trabalho, ao clicar novamente o tamanho da janela retornara
Localização do menu “Arquivo”
ao tamanho original.
2.3-Fecha a janela atual. Caso o arquivo tenha sido alterado
e não salvo uma caixa de diálogo será exibida para lembrar o
usuário de salvar o arquivo.
3-Ajuda: Permite acesso a ajuda do office, que pode ser
acessada através do botão F1. É possível consultar as dúvidas
digitando o assunto na caixa de pesquisa e clicar em pesquisar,
a ajuda pode ser localizada Online (abre o site da Microsoft
através do navegador padrão do computador) ou Offline
(pesquisa nos arquivos de ajuda que são instalados junto com
o Word 2010).
4-Barra de rolagem vertical: Permite navegar entre as
páginas do documento, através das setas ou da barra.
5-Zoom: Permite ampliar ou reduzir o tamanho da área de
visualização do documento, aumentar ou diminuir o zoom não
interfere na impressão para aumentar o tamanho da letra de
um texto devemos aumentar o tamanho da fonte.
6-Modo de exibição de texto: Permite selecionar diferentes
modos de visualização do documento.
7-Idioma: Permite selecionar o idioma padrão do
documento, o idioma selecionar afeta como o corretor Itens do menu “Arquivo”
ortográfico irá funcionar.
8-Contador de palavras: Conta o número de palavras em Novo
uma seleção ou no texto todo. Ao selecionar a opção “Novo”, serão demonstrados os
9-Número de página do documento: Permite visualizar o modelos disponíveis para a criação de um novo arquivo, que
número de páginas que o documento tem e em qual página o pode ser um documento em branco ou um modelo do Word,
usuário está no momento. Clicando neste item é possível que permite criar um tipo específico de documento, como um
acessar a opção ir para que permite localizar páginas. plano de negócios ou um currículo.
10-Barra de rolagem horizontal: Quando o tamanho da
janela é reduzido ou o zoom é aumentado e a página não pode

Noções Básicas de Informática 15


APOSTILAS OPÇÃO

Salvar Tamanho do Papel – Seleciona tamanhos de papel padrão


O Word 2010 oferece duas opções para guardar um para impressão como, por exemplo, A3, A4, Ofício, é possível
arquivo, essas opções são “Salvar” e “Salvar como”. Cada uma incluir um tamanho personalizado se necessário.
delas tem uma função diferente, a opção “salvar” deve ser Configurações de Margem de Impressão – Essas
utilizada quando o documento utilizado já foi salvo pelo menos configurações podem ser feitas previamente a impressão ou se
uma vez, o que permite que ao fecharmos o arquivo tudo o que o usuário preferir é possível inseri-las no momento da
foi alterado no mesmo não seja perdido. A opção “Salvar como” impressão.
é utilizada quando há a necessidade de salvar uma cópia do Quantidade por página – Esta opção cria miniaturas de
arquivo com um nome diferente, para que as alterações páginas onde é possível que sejam impressas várias páginas
realizadas não fiquem gravadas no arquivo original. por folha, se o papel utilizado for o papel A4, é possível
imprimir até 16 páginas por folha.
Imprimir
Permite que seja realizada a impressão do documento, Proteger com senha
selecionando o número de cópias a impressora e configurar as Ao selecionar a opção informações no menu “Arquivo”
opções de impressão. você pode proteger o documento. As opções de proteção são:

Opções de proteção de um documento

A aparência. Clique em Configurações para selecionar


quais estilos são permitidos. Restrições de edição: você
controla como o arquivo pode ser editado ou pode desativar a
edição. Clique em Exceções ou Mais usuários para controlar
quem pode editar. Aplicar proteção. Clique em Sim, Aplicar
Proteção para selecionar a proteção de senha ou a
autenticação do usuário.
Tela de configuração de impressão do Word2010 - Adicionar uma assinatura digital: As assinaturas digitais
autenticam informações digitais, como documentos,
Impressora – neste item o usuário escolhe a impressora mensagens de e-mail e macros, usando a criptografia do
para o envio do documento a ser impresso. computador.
Propriedades da impressora – o usuário define as
configurações da impressora, exemplo: Se na impressão será Propriedades
utilizado somente o cartucho de tinta preto. Ainda na opção informações é possível visualizar as
Configurações – permite que o usuário configure as propriedades do documento.
páginas a serem impressas, como por exemplo, impressão As propriedades de um documento são detalhes de um
total do documento, imprimir apenas páginas pares ou arquivo que o descrevem ou identificam. As propriedades
ímpares, imprimir um trecho do texto selecionado ou páginas incluem detalhes como título, nome do autor, assunto e
intercaladas. palavras chave que identificam o tópico ou o conteúdo do
Páginas: permite definir quais páginas serão impressa, se documento.
forem páginas intercaladas essas devem ser separadas por
vírgula (por exemplo, para impressão das páginas 1 e 5, ficaria Estrutura básica dos documentos
1,5) ou então para impressão de intervalos, ou seja, para Os Editores de texto, assim como é o Microsoft Word 2010,
impressão das páginas de 2 a 6 ficaria 2-6, é possível imprimir são programas de computadores elaborados para edição e
páginas intercaladas e intervalos um exemplo seria 2,5,6-9 formatação de textos, essas formatações são em cabeçalhos e
nesse caso serão impressas as páginas, 2, 5, 6, 7, 8 e 9. rodapés, fontes, parágrafos, tabelas, trabalhos com textos em
Imprimir em um lado: permite-nos selecionar se a colunas, numerações de páginas, referências como índices,
impressão irá ocorrer somente de um lado, ou dos dois lados notas de rodapé e inserção de objetos.
da página. Seu formato de gravação é DOCX e os documentos além das
Agrupado: é a opção onde definimos como a impressora características básicas citadas acima possuem a seguinte
vai agrupar as páginas impressas, por exemplo: Em um estrutura:
documento onde temos três páginas e queremos que sejam • Cabeçalho;
impressas três cópias do mesmo, ao utilizar o modo agrupado • Rodapé;
a impressora irá imprimir todas as páginas da primeira cópia, • Seção;
em seguida todas as páginas da segunda cópia e em seguida • Parágrafos;
todas as páginas da terceira cópia. Se for selecionada a opção • Linhas;
desagrupado a impressão seria primeiro as 3 páginas nº 1, em • Paginas;
seguida as 3 páginas nº 2 e depois as 3 páginas nº 3. • Números de Páginas;
Orientação da Página – Permite que as páginas sejam • Margens;
impressas em configurações e paisagem ou retrato.

Noções Básicas de Informática 16


APOSTILAS OPÇÃO

Abaixo, seguem alguns exemplos, mas ao longo de nossa


apostila veremos esses itens detalhados:

Grupo de opções para formatação de fonte

Nome da Fonte: Os nomes das fontes estão relacionados


diretamente com seus estilos, por padrão o Word 2010 o Word
sugere a utilização das fontes Calibri e Cambria, também existe
uma área onde ficam armazenas as fontes que foram usadas
recentemente, como no exemplo a seguir:
Tamanho da Fonte: ao lado da caixa onde fica definido o
nome da fonte utilizada temos a caixa de seleção dos tamanhos
das fontes, exemplo: 8, 9, 10, 11 e assim por diante, se
necessário, o usuário também pode digitar um valor numérico
nesta caixa e pressionar a tecla Enter para fixar o tamanho
desejado, ainda podemos utilizar os ícones aumentar ou
diminuir o tamanho do texto. Há a possibilidade de utilizar
também as teclas de atalho (Ctrl + Shift + >) para aumentar o
Aba página inicial
tamanho da fonte ou (Ctrl + Shift + <) para diminuir o tamanho
A aba página inicial permite que você adicione texto,
da fonte.
formate a fonte e o parágrafo, configure estilos de formatação
e permite localizar substituir ou selecionar determinadas
partes do texto.

Área de transferência
Auxilia nos procedimentos de Copiar, Recortar, Colar e na
utilização do pincel de formatação. Legenda dos atalhos para fonte

Maiúsculas e Minúsculas: Altera todo o texto selecionado


de acordo com as opções a seguir:

Opções da Área de Transferência

Colar: Permite adicionar ao documento uma imagem ou


texto copiado do navegador de internet, de uma planilha do
Excel, de uma apresentação do Power Point ou mesmo do Opções do menu Maiúsculas e Minúsculas
próprio Word.
A tecla de atalho utilizada é a combinação (CTRL + V) Limpar Formatação: Limpa toda a formatação do texto.
Recortar: Remove a seleção, adicionando-a na área de Deixando-o com a formatação do estilo Normal.
transferência, para que o conteúdo seja colado em outro local,
seja ele no mesmo documento ou em outro. A tecla de atalho
utilizada é a combinação (CTRL + X)
Copiar: Copia a seleção, adicionando-a na área de
transferência, para que o conteúdo seja colado em outro local,
seja ele no mesmo documento ou em outro. A tecla de atalho Ícone da opção usada para limpar formatação
utilizada é a combinação (CTRL + C)
Pincel de Formatação: Permite que a formatação de um Negrito: Torna o traço da escrita mais grosso que o comum.
texto por exemplo, seja copiada, ao visualizar determinada Pode ser aplicado ao selecionar um texto ou palavra e clicar no
formatação você pode selecioná-la, clicar no pincel de atalho do grupo de opções fonte ou usando a combinação (Ctrl
formatação, neste momento o cursor do mouse vai ficar no + N). Ex:
formato de um pincel, agora todo o texto que você selecionar Itálico: Deixa a fonte levemente inclinada à direita. Pode
receberá a mesma formatação da seleção que foi feita ser aplicado ao selecionar um texto ou palavra e clicar no
anteriormente. A tecla de atalho utilizada é a combinação atalho do grupo de opções fonte ou usando a combinação (Ctrl
(CTRL + Shift + C) para copiar e (CTRL + Shift + V) para colar. + I). Ex:
Sublinhado: Sublinha o texto, frase ou palavra selecionada,
Fonte inserindo uma linha abaixo da mesma. Pode ser aplicado ao
As fontes são definidas a partir de seu estilo, tipo e selecionar um texto ou palavra e clicar no atalho do grupo de
tamanho, o Word, trabalha com as chamadas fontes True Type opções fonte ou usando a combinação (Ctrl + S). Ex:
gravadas sob o formato .ttf, o local de armazenamento das Tachado: Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
fontes é no diretório Fonts dentro da pasta Windows, essas Ex:
não ficam só disponíveis para o Word, mas sim para todos os Exemplo de texto tachado.
programas do computador. Subscrito: Cria letras ou números pequenos abaixo do
Na barra de ferramentas padrão da aba página inicial do texto.
Word, estão disponíveis em forma de ícones todas as opções Tem como atalho a combinação de teclas (Ctrl + =). Ex:
para formatações de texto, como veremos a seguir: H2O

Noções Básicas de Informática 17


APOSTILAS OPÇÃO

Sobrescrito: Cria letras ou números pequenos acima do 2010, são programas de computadores elaborados para
texto. Tem como atalho a combinação de teclas (Ctrl + Shift + edição e formatação de textos.
+) . Ex :
158 Exemplo do uso de borda inferior e superior, a esquerda e
Efeitos de texto: Permite adicionar efeitos ao texto como a direita.
sombra, reflexo ou brilho. Ao clicar na seta ao lado do atalho
de efeitos temos algumas opções disponíveis para aplicar no Aba inserir
texto selecionado. As ferramentas dessa área são utilizadas para inserção de
Cor do Realce do texto: Faz com que o texto selecionado objetos nas páginas do documentos, estas, são divididas pelas
fique como se tivesse sido selecionado por um marcador de seguintes categorias:
texto. Página – Insere ao documento objetos como folha de rosto,
Exemplo de texto com realce página em branco ou quebra de página (envia o texto ou cursor
Cor da fonte: Muda a cor do texto selecionado. Podemos para a próxima página).
escolher uma cor sugerida ou clicar em mais cores para Tabelas – Cria no documento tabelas com o número de
visualizar mais opções de cores, ou ainda utilizar a opção colunas e linhas especificado pelo usuário, nesse MENU,
gradiente que permite escolher uma combinação de cor para a também são disponibilizadas ferramentas como “desenhar
fonte. tabela” (permite que o usuário fique livre para desenhar sua
Formatação de Parágrafos, são utilizadas para alinhar o tabela), “Planilha do Excel” (importa uma planilha do Excel
texto, criar recuos e espaçamentos entre parágrafos, conforme para dentro do Documento do Word) e “Tabelas Rápidas” (Cria
a necessidade do usuário. modelos de tabelas pré-definidos como calendários, matrizes,
Texto alinhado à Esquerda – Alinha todo o texto etc.).
selecionado a esquerda da página. No Word 2010, sempre que inserimos algum objeto que
Texto Centralizado – Centraliza o texto no meio da possua configurações adicionais, ou seja que não estão
página. disponíveis nos sete menus iniciais, submenus são adicionados
Texto alinhado a Direita – Faz com que o texto para auxiliar na formatação do objeto, quando inserimos uma
selecionado fique alinhado a direita da página. tabela por exemplo, as abas Design e Layout ficam disponíveis,
Texto alinhado Justificado – Alinha todo o texto de forma pois são abas que só aparecem quando estamos formatando
justificada, ou seja, o texto selecionado fica alinhado uma tabela.
perfeitamente tanto a esquerda, quanto a direita.
Marcadores e Numeração - é uma ferramenta
fundamental para elaboração de textos seja um texto
profissional, doméstico ou acadêmico. O Word disponibiliza
três tipos de marcadores que são:
Marcadores (são exibidos em forma de símbolos)
Numeração (são exibidos em forma de números e até
mesmo letas)
Lista de vários Níveis (são exibidos níveis para o
marcador exemplo, 1.1 ou 2.1.3) Ferramentas de Tabela aba Design
Espaçamento 1-Opção ferramentas de tabela, traz as abas Design e
Texto Formatado Layout que são usadas para a formatação de tabelas.
utilizado
2-Aba Design: Permite configurar cores, estilos de borda e
MICROSOFT WORD 2010
sombreamento de uma tabela.
Espaçamento de 1,0 pt
3-Aba Layout: Permite configurar a disposição do texto ou
Os Editores de texto, assim como é
imagem dentro da tabela, configurar o tamanho das colunas e
o Microsoft Word 2010, são
linhas e trabalhar com os dados da tabela.
programas de computadores 1,0 pt
elaborados para edição e
formatação de textos.
MICROSOFT WORD 2010
Espaçamento de 1,5 pt
Os Editores de texto, assim como é Aba Layout
o
Microsoft Word 2010, são Obs: Quando estamos trabalhando com tabelas e
programas de computadores desejamos apagar os dados que estão dentro dela usamos a
1,5 pt tecla “Delete”, a tecla Backspace é usada quando desejamos
elaborados para edição e
formatação de textos. excluir linhas, colunas ou a tabela.
MICROSOFT WORD 2010 Ilustrações – Permite a inserção de Imagens (arquivos de
Espaçamento de 2,0 pt imagens do computador), ClipArt (arquivos de mídia, como
Os Editores de texto, assim como é ilustrações, fotografias, sons, animações ou filmes, que são
o Microsoft Word 2010, são fornecidos no Microsoft Office), Formas (Formas
programas de computadores 2,0 pt geométricas), SmartArts (Diagramas), Gráficos (Importa do
elaborados para edição e Excel gráficos para ilustração de dados), Instantaneo(insere
formatação de textos. uma imagem de um programa que esteja minimizado na barra
de tarefas).
Ao inserir uma imagem temos acesso as opções de
Sombreamento nos parágrafos – Realça todo o
formatação de imagem, que vem através de uma nova aba.
parágrafo, diferenciando do item Cor do Realce do Texto.
Através dela é possivel fazer ajustes na imagem, definir estilos,
Bordas – as bordas inferiores são utilizadas para criar
organizar ela no texto e definir seu tamanho.
linhas em volta do texto selecionado, basta selecionar o texto
desejado e escolher as bordas desejadas:

Os Editores de texto, assim como é o Microsoft Word

Noções Básicas de Informática 18


APOSTILAS OPÇÃO

Ferramentas de Imagem: Aba Formatar

Ao inserir formas também temos acesso a uma nova aba


Formatar que faz parte da opção ferramentas de Desenho.
Onde é possível escolher outras formas, colorir, definir textos Tamanho – Permite que o usuário escolher um tamanho
para as formas, organiza-la no documento e configurar seu de papel para o documento, assim como em todas as outras
tamanho. configurações existem tamanhos padrões, mas é possível
Link – Utilizado para criar ligações com alguma página da personaliza-los.
WEB ou para ativar algum cliente de e-mail ativo no Colunas – divide o texto da página em uma ou mais
computador. colunas. Essa opção é muito utilizada para diagramações de
Também podemos criar uma referência cruzada, ela livros, apostilas, revistas, etc.
permite criar vínculos com outras partes do mesmo Quebra de Página – Adiciona Página, seção ou quebras de
documento. Por exemplo, você pode usar uma referência coluna ao documento.
cruzada para criar vínculo com uma imagem que aparece em
algum lugar no documento. A referência cruzada aparece como Aba referências
um link que leva o leitor até o item referenciado. A aba de Referencias possui um amplo conjunto de
ferramentas a serem utilizadas no documento, como por
Cabeçalho e Rodapé – Edita o cabeçalho e o rodapé do exemplo, índices, notas de rodapé, legendas, etc.
documento, aplicando sua configuração a todas as páginas. Sumário – Ferramenta para elaboração do Índice principal
Sendo que o cabeçalho está localizado na parte de cima do do documento, este pode ser criado a partir de Estilos pré-
documento e o rodapé na parte de baixo, conforme estabelecidos ou por meio de inserção de itens manualmente.
demonstrado na imagem localizada no item estrutura básica Nota de Rodapé – Utilizada para referenciar algo do texto
dos documentos. no rodapé da página, essas são numeradas automaticamente.
Número de Página – Insere uma sequência numérica às Notas de Fim – Semelhante a Nota de Rodapé, porém não
páginas, sendo no cabeçalho ou no rodapé e na esquerda ou aparece no rodapé e sim no final do texto.
direita. Citação Bibliográfica – Permite que sejam inseridas
Textos – Caixa de Texto (insere uma caixa de texto informações como autor, título, ano, cidade e editora na
préformatada), Partes Rápidas (insere trechos de textos citação.
reutilizáveis configurados pelo usuário), WordArt (inclui um Legenda – Utilizada para criar legendas de tabelas e
texto decorativo ao documento) e Letras Capitular (cria uma figuras, pode ser utilizado como índice de ilustrações e tabelas.
letra maiúscula grande no início do parágrafo). Índice - É uma lista de palavras encontradas no
Campos pré-definidos (Linha de Assinatura e Data e documento, juntamente com o número das página em que as
Hora) – A Linha de Assinatura insere um campo automático palavras aparecem.
que necessita de prévia configuração com a especificação para
uma pessoa assinar o documento, caso o usuário possua uma REVISÃO
assinatura digital, então poderá utilizá-la, o campo Data e Hora A guia revisão nos traz ferramentas de ortografia e
insere em diversos formatos a data e/ou hora do computador. gramática, Contador de palavras, Comentários e etc. Todas as
Símbolos – utilizado para inserção de fórmulas funcionalidades desta guia servem para a realização uma
matemáticas (já existentes no computador ou criadas pelo revisão geral no documento com a finalidade de realizar
usuário) ou símbolos não disponíveis no teclado. buscas de erros no texto.
Layout da Página A opção de Ortografia e gramatica serve para auxiliar a
Nessa área ficam dispostas as opções de formatações correção do documento, onde é possível corrigir palavras
gerais de Layout da página ou do documento a ser trabalhado, escritas de forma errada ou corrigir a forma como
como configurações de margens, orientações da página, determinados símbolos foram inseridos.
colunas e tamanhos:
Margens – permite que o usuário atribua configure as
margens superior, inferior, direita e esquerda da página, o
Word 2010 já traz em sua configuração padrão margens
préconfiguradas, porém, mas é possível incluir suas próprias
configurações, clicando em “Margens Personalizadas”.
Orientação – Altera o layout da página para retrato ou
paisagem.

Verificação ortográfica e gramatical

Noções Básicas de Informática 19


APOSTILAS OPÇÃO

O Word identifica erros de ortografia e gramatica através


Insere um elemento externo (como uma
de sublinhados, o sublinhado vermelho abaixo de uma palavra CTRL + K
imagem) no texto.
no Word indica possíveis erros de ortografia, é uma palavra
não reconhecida, onde o usuário pode optar por corrigi-la ou CTRL + Z Desfaz as últimas ações.
adicionar esta palavra ao dicionário. Basta clicar com o botão Transforma todas as letras do texto
direito do mouse sobre a palavra para ver as sugestões. Faz CTRL +
selecionado em maiúsculas ou desfaz a
parte das opções de ortografia e gramática a sugestão de SHIFT + A
operação.
escrita da pala, que na imagem abaixo sugere que a palavra
seja escrita com letra maiúscula, podemos ignora o aviso do Transforma todas as letras do texto
CTRL +
Word, assim o sublinhado desaparece desta palavra, podemos selecionado em minúsculas (caixa baixa)
SHIFT + K
ignorar tudo, para que não apareça o sublinhado todo o ou desfaz a operação;
documento onde a palavra está escrita ou adicionar ao SHIFT + F1 Revela qual é a formatação do texto atual.
dicionário para que a palavra não seja reconhecida como
errada novamente em nenhum documento do Word escrito CTRL + G;
Alinha o parágrafo, respectivamente, à
neste computador, porém o usuário deve tomar cuidado pois CTRL + Q;
direita, à esquerda, central e de forma
ao adicionar uma palavra escrita de forma errado no CTRL + E;
justificada.
dicionário a correção ortográfica não irá sugerir correção para CTRL + J
a mesma em nenhum momento. CTRL + 1; Define o espaçamento entre linhas em
CTRL + 2; espaço simples, duplo ou 1,5,
CTRL +5 respectivamente.
CTRL +
Aumenta ou diminui o zoom do texto na
ROLAGEM
tela.
DO MOUSE
ALT + CTRL Divide a janela de exibição do documento
+S em duas.
CTRL + V + Cola o texto da área de transferência sem
CTRL + T formatação da origem.
CTRL + SHIFT Aumenta ou diminui a fonte de um texto
+ < ou > selecionado;
Opções de correção ortográfica.
CTRL +
Aplica as marcações de itens (bullets).
O sublinhado verde abaixo de uma palavra indica possíveis SHIFT + L
erros gramaticais. CTRL+
Copia o estilo do texto;
SHIFT + C
F4 Repete a última ação.
Abre a caixa de inserção. Permite
adicionar páginas em branco, paginação,
F5
comentários e notas de rodapé, entre
outros.
CTRL +
Vai para o início ou para o fim do
Home; CTRL
documento.
+ End

Opções par correção gramatical. Aplicar uma senha a um documento


Você pode proteger um documento usando uma senha
Obs: Tanto o sublinhado vermelho quanto o verde não irão para evitar acesso não autorizado.
aparecer em uma impressão, essas marcas só são visíveis no Clique na guia Arquivo.
computador. Clique em Informação.
Clique em Proteger Documento e em Criptografar com
COMENTÁRIOS: Permite que um comentário seja Senha.
adicionado em uma seleção. Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
clique em OK.

OBSERVAÇÃO - As senhas diferenciam maiúsculas de


minúsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK está desativada
quando digitar uma senha pela primeira vez.
Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não poderá
recuperar os seus dados.
Exemplo de texto com comentário.
PRINCIPAIS TECLAS DE ATALHO DO WORD Ativar ou desativar o controle de alterações
Você pode personalizar a barra de status para adicionar
CTRL + Insere uma quebra de página (pulando um indicador que avise quando o controle de alterações está
ENTER para a seguinte). ativado ou não. Quando o recurso Controlar Alterações está
CTRL + D (ou ativado, você pode ver todas as alterações feitas em um
Abre a tela de formatação de fontes.
ALT + K)

Noções Básicas de Informática 20


APOSTILAS OPÇÃO

documento. Quando estiver desativado, você pode fazer


alterações em um documento sem marcar o que mudou.
Ativar o controle de alterações
Na guia Revisão, no grupo Controle, clique na imagem de
Controlar Alterações.
Para adicionar um indicador de controle de alterações na
barra de status, clique com o botão direito do mouse na barra
de status e clique em Controlar Alterações. Clique no indicador
Controlar Alterações na barra de status para ativar ou
desativar o controle de alterações.

OBSERVAÇÃO - Se o comando Controlar Alterações


estiver indisponível, pode ser necessário desativar a proteção (A)O documento contém 1 página e está formatado com 2
do documento. Na guia Revisar, no grupo Proteger, clique em colunas.
Restringir Edição e clique em Parar Proteção, na parte inferior (B)A primeira página está sendo exibida em modo de
do painel de tarefas Proteger Documento (pode ser necessário impressão e a segunda página, em modo de layout web.
saber a senha do documento). (C)O documento contém 2 páginas, sendo a primeira em
Desativar o controle de alterações orientação paisagem e a segunda, em orientação retrato.
Quando você desativa o controle de alterações, pode (D)O documento contém 1 página, sendo que o primeiro
revisar o documento sem marcar as alterações. A desativação quadro é dedicado a anotações do autor do texto.
do recurso Controle de Alterações não remove as alterações já (E)O documento está 40% preenchido.
controladas.
IMPORTANTE - Para remover alterações controladas, use 04. (Banco do Brasil – Escriturário – FCC/2011)
os comandos Aceitar e Rejeitar na guia Revisar, no grupo Comparando-se o Word com o Writer,
Alterações. (A) apenas o Word possui o menu Tabela.
Na guia Revisão, no grupo Controle, clique na imagem de (B)apenas o Word possui o menu Ferramentas.
Controlar Alterações. (C)nenhum dos dois possui o menu Tabela.
Para adicionar um indicador de controle de alterações na (D)apenas o Word possui os menus Ferramentas e Tabela.
barra de status, clique com o botão direito do mouse na barra (E) ambos possuem os menus Ferramentas e Tabela.
de status e clique em Controlar Alterações. Clique no indicador
Controlar Alterações na barra de status para ativar ou 05. (NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Advogado –
desativar o controle de alterações. FCC/2011) No Microsoft Word e no BrOffice Writer, alinhar,
centralizar e justificar são opções de
Questões (A) organização de desenhos.
(B)ajustamento de células em planilhas.
01. No Microsoft Word 2010, em sua configuração padrão, (C)formatação de texto.
as configurações de parágrafo e estilo são encontradas na guia: (D)ajustamento de slides para exibição.
(A)Inserir. (E) aumento e diminuição de recuo.
(B)Layout da Página.
(C)Página Inicial. Respostas
(D) Exibição. 01. C./02. B.\03. C.\ 04. E.\ 05. C.
(E) Revisão.

02. (Prefeitura de Trindade - GO - Monitor de Educação MS-Excel 2010: estrutura


Infantil - FUNRIO/2016). A questão, a seguir, refere-se ao
software Microsof Word 2010, instalação padrão em
básica das planilhas, conceitos
português. Considere os seguintes padrões de digitação de de células, linhas, colunas,
palavras: pastas e gráficos, elaboração
de tabelas e gráficos, uso de
fórmulas, funções e macros,
impressão, inserção de
objetos, campos predefinidos,
controle de quebras e
Para alterar a digitação de uma palavra do padrão I para o numeração de páginas,
padrão II e, em seguida, para o padrão III, é necessário obtenção de dados externos,
selecionar a palavra e acionar, duas vezes seguidas, o seguinte
conjunto de teclas: classificação de dados.
(A)CTRL + F2
(B)SHIFT + F3
(C)CTRL + TAB EXCEL 2010
(D)CTRL + ALT + A
(E)CTRL + Caps Lock Excel é um programa de planilhas do sistema Microsoft
Office, desenvolvido para formatar pastas de trabalho (um
03. Assinale a alternativa correta, sobre o documento a conjunto de planilhas) para analisar dados e tomar decisões de
seguir, criado no Microsoft Word 2010, em sua configuração negócios mais bem informadas3.
original, com o cursor posicionado na segunda página.

3 Base - Introdução ao Excel 2010 - https://support.office.com/pt- br/article/Introdução-ao-Excel-2010-d8708ff8-2fbd-4d1e-8bbb-5de3556210f7

Noções Básicas de Informática 21


APOSTILAS OPÇÃO

A indicação do Excel é para pessoas e empresas que A interseção de uma linha com uma coluna forma uma
desejam manter controles contábeis, orçamentos, controles de célula, sempre que a célula estiver exibida com uma borda
cobranças e vendas, fluxo de caixa, relatórios, planejamentos, destacada em negrito, significa que essa célula está ativa, ou
acompanhamentos gerais (pontos eletrônicos, estoques, seja, selecionada para inserção de dados, como apresentado
clientes, etc.), calendários, e muito mais. abaixo.

• Apresentação Básica do Excel

A tela inicial do Excel é composta por várias ferramentas,


ao longo deste capítulo abordaremos cada uma dessas
ferramentas e seus respectivos atalhos.
A célula ativa é B1

É importante ressaltar que as células das planilhas do


Excel são indicadas pelo chamado endereçamento da célula,
ele é formado pela letra(s) da coluna seguido do número da
linha, o endereçamento da célula está ilustrado abaixo.

Indicação de endereçamento da célula D6

Em muitos casos, existe também a possibilidade do usuário


Tela Inicial do Microsoft Excel trabalhar com um intervalo de células, isso quer dizer que será
selecionada uma região da planilha a ser trabalhada, calculada
• Estrutura geral das planilhas ou modificada, sua representação é dada a partir do
endereçamento da primeira célula seguido de dois pontos (:) e
As planilhas do Excel são formadas por três conceitos o endereço da última célula, na imagem a seguir, temos uma
básicos linha, coluna e célula. ilustração de seleção do intervalo A1:C3
Abaixo, podemos visualizar que ao lado esquerdo da figura
existe uma sequência numérica, que vai de 1 a 1.048.576,
então, cada um desses números representa uma linha da
planilha:

Intervalo de células A1: C3

• Pasta de Trabalho do Excel

Para criar uma nova pasta de trabalho, no Excel


seguiremos os passos a seguir:
Linhas de uma Planilha do Excel 1 – Clique no MENU Arquivo em seguida clique em Novo,
como no exemplo abaixo:
As colunas ficam dispostas na parte superior e sempre 2 – Selecione um dos Modelos Disponíveis desejados, como
estarão indicadas por letras (A, B, C, D... X, Y, Z, AA, AB, AC...) estamos criando uma Nova Pasta de Trabalho em Branco,
que vão de A até XFD, isso corresponde a 16.384 colunas, como selecionaremos tal documento como mostra na ilustração a
segue abaixo na ilustração: seguir:
Nota: Além da Pasta de Trabalho em Branco, o Microsoft
Excel 2010 traz vários outros modelos de documentos prontos
como:
Controles de alunos, cartão de ponto, calendários, folhas de
despesas, controles de finanças (individual, acadêmico,
familiar, doméstico, empresarial e pequenas empresas),
Colunas de uma Planilha do Excel controles de faltas (funcionário, alunos, etc), folhas de
orçamentos, balanços, calendários, etc.
As células são as unidades de uma planilha dedicadas à Abaixo seguem alguns exemplos de modelos disponíveis,
inserção e armazenamento de dados, como mostram na ainda é válido lembrar que ao adentrar em cada diretórios
imagem abaixo. disponível nos “Modelos prontos do Office” temos disponíveis
dezenas de modelos.
Ao criar uma nova pasta de trabalho são inseridas por
padrão três planilhas do Excel, estas planilhas estão
localizadas na parte inferior esquerdo como mostra a figura
seguinte.

Célula A1

Noções Básicas de Informática 22


APOSTILAS OPÇÃO

• Elaboração das Planilhas

A elaboração de Planilha de dados é dada a partir de


valores armazenados nas células, estes dados poderão ser
Planilhas de uma Pasta do Trabalho do Excel utilizados em dois formatos, numéricos e textuais. O Excel
aceita dois tipos de dados em sua planilha que são
Para manipular informações dessas planilhas, basta clicar denominados constantes e variáveis (fórmulas).
com o “botão direito” do mouse sobre a planilha desejada e
escolher a opção desejada: • Valores Constantes

São os tipos de dados inseridos diretamente nas células,


eles podem ser inseridos nos formatos: numérico, data e hora
e textos, lembrando que esses valores nunca serão obtidos
através de cálculos na célula ou provenientes de vínculos de
outras planilhas.

• Valores Variáveis (Fórmulas)

Estes valores são obtidos através de formulas ou vínculos


e são alterados quando outros valores da planilha são
modificados.
Sempre que iniciar uma formula do Excel utilize o sinal de
igual “=” vejamos na ilustração abaixo a inserção desses
Propriedades das Planilhas valores:

Vejamos a função de cada item deste MENU:


- Inserir – Insere uma Nova Planilha a pasta de trabalho;
- Excluir - Remove a Planilha selecionada da pasta de
trabalho;
- Renomear – Ao clicar nessa opção o campo do nome da
planilha fica em estado de alteração, proporcionando ao
usuário a alteração do nome da Planilha selecionada;
- Mover ou Copiar – Possibilita ao usuário a Copia da
Planilha Selecionada para uma nova planilha, ou até mesmo o
usuário pode mover a planilha selecionada a outra pasta de
trabalho:
- Exibir Código – Abre o Editor de Visual Basic do Excel e
Macros;
- Proteger Planilha – Este MENU, tem um papel
fundamental para a segurança da planilha eletrônica, ao
selecioná-lo o usuário pode restringir informações como por
exemplo, alterar um determinado valor, ou impossibilitar que Exemplos de Constantes e Variáveis (Fórmulas)
algum dado seja excluído, para utilizar esta proteção basta
selecionar quais informações o usuário que não possui a senha • Preenchimento automático de dados
pode ter acesso, incluir a senha e pressionar o botão “OK”, se
necessário for alterar alguma configuração bloqueada, basta
clicar com o botão direito do mouse sobre a planilha protegida
e escolher a opção “Desproteger Planilha” digite a senha de
acesso que imediatamente a planilha entra em modo de edição,
para protegê-la novamente, repita o procedimento de O Excel disponibiliza uma ferramenta de preenchimento
proteção da mesma. automático de dados chamada “Alça de Preenchimento” sua
- Cor da Guia – Ao selecionar esta opção, o usuário tem a localização é no canto inferior direito da célula ativa. Seu
possibilidade de inserir cores nas abas indicativas das funcionamento é simples, o Excel identifica os valores
planilhas como mostra o exemplo abaixo: digitados, caso seja coincidente, ao clicar sobre a alça e arrastá-
- Ocultar – Oculta a planilha selecionada, para reverter a la os valores vão auto completados seguindo sua sequencia.
opção, clique novamente sobre as planilhas e selecione a opção São aceitos para números, letras, datas, etc. Para utilizá-lo
reexibir. selecione uma fileira desejada clique sobre a alça de
Quando se faz necessário inserir mais planilhas dentro da preenchimento, segura e arraste, como no exemplo abaixo:
pasta de trabalho, basta clicar no botão Inserir planilhas, ou
utilize as teclas de atalho Shift + F11 que um nova planilha será
inserida, veja no exemplo abaixo:

Inserindo nova Planilha Entrada de dados iniciais a serem auto completados.

Várias Planilhas Inseridas Veja outro exemplo, quando a alça de preenchimento é


utilizada para números, é criada uma sequencia numérica
comparada ao intervalo do numero anterior, se temos 2
números em uma coluna, por exemplo, 1 na célula B1 e 2 na
Noções Básicas de Informática 23
APOSTILAS OPÇÃO

célula B2 sua continuação será 3, 4, 5 e assim por diante, na ícone copiar como mostra a figura abaixo:
figura abaixo temos 2 ilustração, sendo uma sequencial e outra - Pincel de formatação – Copia a formatação de uma célula
com intervalos de de 3 em 3. selecionada de um local para aplica-lo em outro, sua
representação é pelo ícone:
- Colar – Uma particularidade das ferramentas do Excel
está em sua opção Colar, nela o usuário encontra várias
funções, lembrando que para que este item funcione, é
necessário que exista algum conteúdo previamente recortado
ou copiado na área de transferência, veremos cada uma delas:
Além do ícone Colar, temos outra opção que se assemelha
aos ícones, “Colar Especial”, sua diferença é pequena, note que
a tela que não possui ícones e traz algumas funções extras, ela
esta disponível no MENU colar – Colar Especial, ou então clique
• Observações do auto preenchimento com o botão direito do mouse sobre a célula desejada e
selecione a opção Colar Especial, selecione a opção desejada e
O auto preenchimento ocorre quando: clique no botão “Ok”, tais procedimentos farão a exibição da
- No caso de existir apenas um número então o mesmo é janela a seguir:
copiado, como um texto;
- Se existem dois números ou mais, o Excel cria a
sequencia;
- Para as opções de meses, datas, dias da semana e texto
com números, basta inserir apenas um item que iniciará uma
sequencia ao selecionar a célula e puxar a alça.

Mesclas e Centralizar Células – esta ferramenta é


utilizada para unir uma ou mais células transformando as
linhas e/ou colunas selecionadas em apenas uma. Caso haja
valores em todas as células selecionadas, apenas o primeiro
valor será mantido na célula mesclada.

• Observações do Item Mesclar e Centralizar


Colar Especial
- Mesclar e Centralizar – Une as células selecionadas a uma
célula maior e centraliza o conteúdo na nova célula. Este
Colar
recurso geralmente é utilizado para criar rótulos que ocupam
várias colunas.
- Tudo: Cola todo o conteúdo e a formatação das células dos
- Mesclar através – Mesclar cada linha das células
dados copiados.
selecionadas em uma célula maior.
- Formula: Cola somente as fórmulas dos dados copiados
- Mesclar Células – Mesclar as células selecionada em uma
conforme inseridas na barra de fórmulas.
única célula, essa função não mante o conteúdo centralizado.
- Valores: Cola somente os valores dos dados copiados
- Desfazer Mesclagem – Dividir a célula unida em várias
conforme exibidos nas células.
células novas, ou seja, as células voltam a sua posição inicial.
- Formatos: Cola a formatação da célula dos dados
copiados.
• Barra de Ferramentas Padrão
- Comentários: Cola somente os comentários anexados à
célula copiada.
Na figura abaixo temos a apresentação da barra de
- Validação: Cola regras de validação de dados das células
ferramentas do Excel 2010, serão apresentados os botões com
copiadas para a área de colagem.
suas respectivas funções, todos divididos por suas regiões.
- Todos usando tema da origem: Cola todo o conteúdo na
Existem grandes semelhanças entre a Aba MENU Iniciar do
formatação do tema do documento que é aplicado aos dados
EXCEL com a do Microsoft Word.
copiados.
- Tudo, exceto bordas: Cola todo o conteúdo e a formatação
das células aplicados à célula copiada, exceto bordas.
- Larguras da coluna: Cola a largura de uma coluna copiada
ou intervalo de colunas em outra coluna ou intervalo de
Barra de Ferramentas Principal colunas.
- Fórmulas e formatos de números: Cola somente fórmulas
Área de Transferência e todas as opções de formatação de número das células
copiadas.
- Recortar – Indicado pelo ícone, sua função é recortar o - Valores e formatos de números: Cola somente valores e
conteúdo selecionado e disponibilizá-lo na área de todas as opções de formatação de número das células
transferência, sua teclas de atalho são CTRL+X. copiadas.
- Copiar – No Excel, existem duas formas de copiar
conteúdos, uma delas é a cópia convencional (também dada Operação - Especifica qual operação matemática, se houver,
pela tecla de atalho CRTL+C) da área selecionada, deixando o você deseja aplicar aos dados copiados4
conteúdo disponível na Área de Transferência, a outra opção é
Copiar como imagem, esse processo faz com que o objeto - Nenhuma: Especifica que nenhuma operação matemática
selecionado, mesmo que seja numérico ou texto, vá para a Área será aplicada aos dados copiados.
de Transferência como imagem ambos estão indicado pelo

4 Fonte: Colar Especial ao copiar do Excel - http://office.microsoft.com/pt- br/help/colar-especial-ao-copiar-do-excel-HP010096693.aspx

Noções Básicas de Informática 24


APOSTILAS OPÇÃO

- Adição: Especifica que os dados copiados serão


adicionados aos dados na célula de destino ou no intervalo das
células.
- Subtração: Especifica que os dados copiados serão
subtraídos dos dados na célula de destino ou no intervalo das
células.
- Multiplicação: Especifica que os dados copiados serão
multiplicados com os dados na célula de destino ou no Casas decimais e Separador de Milhares
intervalo das células. Três funções que completam as formatações de números
- Divisão: Especifica que os dados copiados serão divididos são separadores de milhares e aumentar e diminuir casas
pelos dados na célula de destino ou no intervalo das células. decimais.
- Ignorar em Branco: Evita substituir valores na sua área de
colagem quando houver células em branco na área de cópia
quando você selecionar essa caixa de seleção.
- Transpor: Altera colunas de dados copiados para linhas e
vice-versa quando você selecionar essa caixa de seleção.
- Colar Vínculo: Vincula os dados colados na planilha ativa
aos dados copiados.

Formatações Separadores de milhares e aumentar e diminuir casas decimais.

Possibilita ao usuário escolher como os dados inseridos Uma característica do Separador de Milhares é sua
nas células serão exibidos, o valor inserido permanece com seu formatação, quando selecionada a formatação da célula é
conteúdo original, mas sua apresentação é diferenciada. As alterada pra Contábil e mesmo que a formatação já esteja
formatações de números do Excel ficam disponíveis na Barra posicionada em Contábil, o símbolo moeda é removido.
de Ferramentas, área Números, ou então pode ser acionada
através das teclas de atalho CRTL + 1, aba Números.

Formatações de Números e Textos

Sempre que um dado é inserido no Excel, o mesmo possui


a formatação Geral, sem formato específico, a seguir alguns Separador de Milhares
exemplos:
Já os ícones para acréscimo e decréscimo de casas
decimais, mantem a formatação original, acrescentando ou
diminuindo as casa decimais conforme solicitado, cada clique
sobre o ícone adiciona ou remove uma casa.
Veja que no exemplo abaixo, existem valores que
originalmente possuem três casas decimais, porém, quando
sua formatação esta para duas ou menos casas decimais ocorre
um arredondamento para do valor para mais, o mesmo
acontece com a função ARRED que veremos a seguir no tópico
Fórmulas.

Exemplos de Formatações

Note que algumas formações são parecidas, porém, sua


exibição é diferenciada, é o caso das formatações Número e
Moeda, ambos possuem o símbolo R$, porém o alinhamento da
moeda o símbolo acompanha o valor, já no contábil o
alinhamento é justificado e o símbolo fica alinhado a esquerda.
É importante ressaltar que ao utilizar a formatação o
numero original será multiplicado por 100.

Acréscimo de decréscimo de casas decimais

• Gráficos
Um gráfico é uma representação visual de seus dados.
Usando elementos como colunas (em um gráfico de colunas)
ou linhas (em um gráfico de linhas), um gráfico exibe uma série
de dados numéricos em um formato gráfico5.

5 Criar gráficos com seus dados em uma planilha - https://support.office.com/pt- br/article/In%C3%ADcio-r%C3%A1pido-crie-gr%C3%A1ficos-com-seus-dados-

Noções Básicas de Informática 25


APOSTILAS OPÇÃO

O Excel, disponibiliza os gráficos em diversos formatos,


facilitando a interpretação dos dados relacionados. Os tipos de
gráficos disponíveis estão contido na aba Inserir da Barra de
Ferramentas:

Tipos de Gráficos

Operadores de Comparações

Função de Soma
• Fórmulas e Funções

As formulas e funções do Excel são equações pré-dispostas


para resolução de cálculos, mesmo que complexos, antes de
iniciarmos vejamos os operadores aceitos:

Outros Operadores

Fórmulas são semelhantes a expressões matemáticas onde


o usuário cria a composição da fórmula utilizando operadores
Operadores Aritméticos aritméticos, por exemplo:

Exemplos de operadores

Operadores de comparação As Funções são palavras pré-definidas que efetuam


cálculos a partir de valores fornecidos nas células do Excel, os
cálculos podem ser obtidos a partir da solicitação da palavra

45af7d1b-4a45-4355-9698-01126488e689

Noções Básicas de Informática 26


APOSTILAS OPÇÃO

de Função aplicado aos endereçamentos das células ou até


mesmo valores constantes, como por exemplo:

Exemplos de Funções MÉDIA – Obtém a média entre os valores selecionados,


exemplo:
Como já citado anteriormente, qualquer calculo do Excel =MÉDIA(B1:B4) – O valor da média é apresentado a partir
deve ser iniciado pelo sinal de igual “=” seguindo da função ou da soma entre os valores B1 e B4 dividido por 4. Essa função
operação. Acima todos os cálculos foram feitos a partir de vai verificar a quantidade de valores, soma-los e efetua a
constantes, agora veremos como são feitos cálculos a partir de divisão pela quantidade de valores dispostos no intervalo.
endereçamentos de células, nas imagens abaixo é possível ver
como a planilha foi criada, em seguida a descrição da função MAIOR – Retorna o maior valor k-ésimo (O k-ésimo
que gera o resultado em cada uma das linha e em seguida o corresponde à grandeza de um valor, por exemplo, no
exemplo de fórmula utilizada em cada uma das linhas de conjunto numérico: 1, 2, 7, 8 e 13, o segundo maior valor do
resultado: conjunto 8, logo, o k-ésimo é 2, por equivaler ao segundo, já o
terceiro maior valor é o 7, seu k-ésimo então é 3, e assim por
diante.) de um conjunto de dados, ou seja, seleciona um valor
de acordo com a sua posição relativa.
=MAIOR(G17:G21;4) – O valor retornado será o 4 maior da
matriz selecionada, em nosso caso, o quarto maior valor é 2.
Dados

Descrição da função e resultado das operações realizadas na linha

MENOR – o menor valor k-ésimo do conjunto, por exemplo:


=MENOR(G17:G21;3) – Retornará o 3º menor número do
conjunto selecionado, como no exemplo abaixo o numero
retornado será o 7.

Exemplo da fórmula utilizada

Funções – vejamos a seguir as principais funções para


cálculos do Excel.
SOMA – Efetua a soma todos os números que você
especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um Observações para MAIOR e MENOR: Ambas as funções
intervalo, uma referencia da célula, uma matriz, uma podem ser aplicadas para grandes intervalos, caso a grandeza
constante, uma formula ou o resultado de outra função. Por solicitada seja repetida dentro da matriz o número a ser
exemplo, SOMA(A1:A5) soma todos os números contidos nas exibido será mantido, por exemplo, veja a figura abaixo:
células de A1 a A5. Um outro exemplo: SOMA(A1, A3, A5) soma A fórmula =MAIOR(C2:E4;3) deve exibir o terceiro maior
os números contidos nas células A1, A3 e A5.6 numero da matriz, sendo que o primeiro é 9, o segundo o 7,
veja que ele se repete nas células D2 e E4, nesse caso o terceiro
Exemplos: 7 é preservado e exibido.
MÁXIMO – Obtém o maior número da matriz selecionada.
=MÁXIMO(G17:G21) – O valor exibido será o maior da área
selecionada, no exemplo abaixo o retornado será o 76.

6 Ajuda do Excel - http://office.microsoft.com/pt-br/excel-help/funcoes-do-excel- por-categoria-HP010342656.aspx

Noções Básicas de Informática 27


APOSTILAS OPÇÃO

Obs: Se a função de concatenação for utilizada para


MÍNIMO – Obtém o menor número da matriz selecionada.
números ela continua unindo os mesmos, ou seja, se solicitar
=MIN(G17:G21) – O valor exibido será o menor da área
para concatenas 2 com 3 o resultado será 23, pois esta não é
selecionada, no exemplo abaixo o retornado será o 12.
uma função de cálculo, mas sim de união de valores.

• Classificação e Filtros de Dados


SE – Além de ser conhecida como Função SE, outras
nomenclaturas são atribuídas a essa função, como função de A Ferramenta “Classificar e Filtrar” é de grande
comparação e função condicional. Utilizada para retornar importância para a classificação e analise dos dados, ela
valores a partir de comparações de valores, com retornos de permite que os dados sejam classificados por ordem alfabética
valores verdadeiros e falsos. Atenção, pois essa é uma (A a Z ou Z a A), numérica (ordem crescente e decrescente)
das funções mais solicitadas em avaliações relacionadas a datas e horas (das mais antigas para as mais atuais), ainda é
Excel. Sua estrutura nunca é modificada, sua forma geral é permitido que sejam classificados listas por formatos
=SE(teste, verdadeiro, falso), veja no exemplo abaixo a (exemplo nomes grandes, médios e pequenos), cor da fonte ou
fórmula esta verificando “se o valor contido na célula D2 é célula e ícones de célula.
menor que 6”, a resposta foi Aprovado, pois, o valor é maior O Item de Menu Classificar e Filtrar fica disponível na Barra
que 6, sendo assim a condição é considerada como falsa: de Ferramentas padrão do Excel, para utilizá-lo basta
selecionar a mostra de dados (linha ou coluna) a ser
classificada, seja ela em formato de texto, numérico, datas e
horas, clique sobre o botão Classificar e Filtrar e selecione
para ordem crescente ou e utilize o botão para ordem
decrescente, no exemplo a seguir a Coluna selecionada
(Computadores) deve ser organizada de forma crescente, de
CONT.NUM – Retorna a quantidade de células com valores
acordo com seu número de computadores:
de um determinado intervalo.
=CONT.NÚM(E3:E10) – Em nosso exemplo, retornará a
quantidade de idades do intervalo E3 até E10, veja no exemplo
abaixo que não foi inserido valor algum para a idade do Aluno
5, portanto, o mesmo não entrou na contagem:

Note que a coluna seleciona para a classificação foi a


Computadores, mas, todas as outras células acompanharam a
solicitação de classificação:

Existe outra possibilidade de classificação, que é a


CONCATENAR – Significa unir, ligar, juntar então a função
CONCATENAR faz a junção dos valores, abaixo temos as
colunas nomes e sobrenomes, vejamos um exemplo para
concatenar o nome “Alexandre” com o Sobrenome “Santos”,
para isso utilizaremos =CONCATENAR(B4;C4).

Noções Básicas de Informática 28


APOSTILAS OPÇÃO

para a Área de Transferência e CTRL+V ainda cola da Área de


Transferência.
A maioria dos antigos atalhos de menu ALT+ ainda
funciona também. No entanto, você precisa conhecer o atalho
completo da memória - não existem lembretes de tela sobre
que teclas pressionar. Por exemplo, tente pressionar ALT e
pressione uma das teclas do menu anterior E (Editar), V
(Visualizar), I (Inserir), e assim por diante. A caixa aparece
dizendo que você está usando uma tecla de acesso com uma
versão anterior do Microsoft Office. Se você souber toda a
sequência de teclas, vá em frente e inicie o comando. Se você
não souber a sequência, pressione ESC e use o símbolo de Dica
de Tela.
Como ilustrado na figura acima, o usuário fica livre para
selecionar os valores desejados com as melhores formas de Questões
ordenações.
01. (FUNDUNESP - Técnico Administrativo- VUNESP).
• Configuração de página e impressão Observe o ícone a seguir, retirado do MS-Excel 2010, em sua
configuração padrão.
Vejamos as opções de impressão do Excel 2010. Nesta área,
podemos determinar o número de cópias, as propriedades da
impressora, quais planilhas serão impressas e como será o Assinale a alternativa que contém o nome do ícone.
agrupamento das páginas durante a impressão, se a orientação (A) Escala.
do papel será retrato ou paisagem, se o papel será A4 ou outro, (B) Diminuir Casas Decimais.
configuramos as margens e o dimensionamento da planilha. (C) Porcentagem.
(D) Separador de Milhares.
(E) Aumentar Casas Decimais.

02. A figura a seguir apresenta uma tabela extraída do


Excel 2010, em sua configuração padrão:

Assinale a alternativa que contém a fórmula que, quando


inserida na célula B5, resulta no mesmo valor apresentado na
figura.
(A) =SOMA(B1:B4)
• Atalhos de teclado no Excel 2010 (B) =SOMA(B2:B4)
(C) =SOMA(B2:D6)
Acesso do teclado à faixa fita (E) =SOMA(B2:C4)
Se você for iniciante na faixa, as informações nesta seção (D) =SOMA(B2:D2)
podem ajudar você a entender o modelo de atalho do teclado
da faixa. A faixa oferece novos atalhos, chamados Dicas de 03. (CBTU-METROREC - Analista de Gestão –
TeclaPara exibir as Dicas de Tecla apareçam, pressione ALT. Advogado- CONSULPLAN) Considere a planilha produzida
com a ferramenta Microsoft Office Excel 2007 (configuração
padrão).

Para exibir uma guia sobre a fixa, pressione a tecla para a


guia, por exemplo, pressione a letra N para a Inserir ou M para
a guia Fórmulas. Isso faz com que todas as marcas de Dica de De acordo com as informações apresentadas, marque V
Tecla para os botões da guia apareçam. Em seguida, pressione para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a tecla para o comando desejado. ( ) Se na célula A7 for aplicada a fórmula =SOMA(B4:E4),
o resultado será 210.
• Os meu atalhos antigos ainda funcionarão? ( ) Para obter a média dos valores no ano de 2003, pode-
se inserir a fórmula =MÉDIA(D2:D6) na célula B7.
Atalhos de teclado que começam com CTRL continuarão ( ) Se na célula C7 for inserida a fórmula
funcionando no Excel 2010. Por exemplo, CTRL+C ainda copia =MÁXIMO(B5;D5;C6;D6), o resultado será 800.

Noções Básicas de Informática 29


APOSTILAS OPÇÃO

( ) Ao aplicar na célula D7 a função (C) célula B4 e a B5 passaram, ambas, a conter o valor 5, e


=SE(B3>E6;”NÃO”;”SIM”), o resultado obtido será “NÃO”. a célula B2 e a B3 permaneceram inalteradas.
(D) conteúdo das células não sofreu qualquer alteração.
A sequência está correta em (E) conteúdo das células B2 e B3 foi movido para as células
(A) V, V, V, F B4 e B5, respectivamente, e as células B2 e B3 passaram a ficar
(B) V, V, F, V vazias.
(C) F, F, F, V
(D) F, V, F, F Respostas
(E) N.D.A 01. D\02. B\03. D\04. D\05. A

04. (PRODEST-ES - Analista Organizacional - Área


Administrativa- VUNESP) Observe as planilhas do MS-Excel
2010, a seguir, na sua configuração padrão. As planilhas
MS-PowerPoint 2010:
apresentam a mesma tabela em dois momentos: antes e depois estrutura básica das
da classificação de dados no intervalo de células A9:D15. apresentações, conceitos de
slides, anotações, régua, guias,
cabeçalhos e rodapés, noções
de edição e formatação de
apresentações, inserção de
objetos, numeração de
páginas, botões de ação,
Antes da classificação.
animação e transição entre
slides.

POWERPOINT – 2010

O PowerPoint um programa utilizado na criação, edição e


Após a classificação. exibição de apresentações gráficas e slides. Com este
aplicativo, é possível criar de forma rápida e prática
Considerando que a ordem utilizada foi “do maior para o apresentações dinâmicas, essenciais em diversas situações
menor valor”, assinale a alternativa que contém as colunas como reuniões corporativas, palestras, convenções, cursos,
utilizadas na classificação. aulas e eventos diversos, cujo objetivo é informar de maneira
(A) Valor e Frete. prática e dinâmica sobre um determinado tema.
(B) Frete e Valor. Um slide ou apresentação gráfica é uma sequência de
(C) Valor e Qtde. quadros, que incorpora recursos como textos, imagens, sons, e
(D) Frete e Qtde. vídeos, e são animados de diferentes maneiras.
(E) Qtde e Frete. Na versão 2010, o PowerPoint mantém a interface
apresentada na versão 2007, onde os menus foram
05. (Banco da Amazônia - Técnico Científico - Medicina substituídos pela “faixa de opções”, com diversas guias, onde
do Trabalho- CESGRANRIO) Ao editar uma planilha no MS são encontrados mais facilmente os comandos necessários
Excel, o usuário inseriu os valores 2 e 5 nas células B2 e B3. Em para a criação e edição das apresentações. Uma das mudanças
seguida, selecionou essas duas células, obtendo o resultado desta versão foi a substituição do ícone do Windows, que ficava
ilustrado na Figura abaixo: no canto superior esquerdo no PowerPoint 2007, pela guia
Arquivo. A guia Arquivo dá acesso a uma área completamente
nova, chamada de Backstage, que facilita a execução de tarefas
como salvar, imprimir e compartilhar documentos. Na área de
impressão, por exemplo, o backstage exibe a prévia do
documento em uma grande área e, conforme ajustes são feitos
pelo usuário, está prévia muda. Esse recurso facilita bastante
na hora de imprimir, pois a visualização do documento fica na
mesma tela que as opções de impressão e não é necessário
navegar por menus auxiliares.
Logo depois, o usuário puxou o canto inferior direito da
Conhecendo a área de trabalho do powerpoint
área selecionada - marcado pelo ponto -, segurando o mouse
Ao abrirmos o PowerPoint, uma apresentação é criada
com o botão da esquerda apertado, esticando a área até a
automaticamente, como a demonstra a figura 5. Destacamos, a
célula B5 (inclusive).
seguir, as quatro principais áreas de uma apresentação
powerpoint:
Ao soltar o botão do mouse, ocorreu que a(o)
(A) célula B4 passou a conter o valor 8, a célula B5 passou
a conter o valor 11, e as células B2 e B3 permaneceram
inalteradas.
(B célula B4 passou a conter o valor 2, a célula B5 pas- u a
conter o valor 5, e as células B2 e B3 permaneceram
inalteradas

Noções Básicas de Informática 30


APOSTILAS OPÇÃO

As principais áreas exibidas na janela do Powerpoint.

1. Painel Slide é a área maior no centro da tela. Os slides


serão criados ou editados diretamente nesse espaço. Caixa de listagem da Barra de Ferramentas de Acesso
2. Os espaços reservados são as caixas com as bordas Rápido
pontilhadas dentro do Painel Slide. São locais destinados à
digitação dos textos, mas que também podem conter imagens, Barra de Título – Mostra o título e a versão do programa,
gráficos, tabelas, vídeos, etc. Necessariamente estes espaços assim como o nome do documento (arquivo) que sendo
não precisam ser utilizados, podendo ser apagados para trabalhado no momento.
utilização de todo o espaço do Painel Slide quando houver
necessidade.
3. O painel Miniaturas exibe miniaturas dos slides de sua
apresentação, possibilitando uma navegação mais simples Barra de títulos
entre eles, além de possibilitar uma identificação mais rápida
de um determinado quadro que compõe a apresentação. Na Controles da janela – Controla as ações da janela, como
guia Tópicos, localizada logo acima do Painel Miniatura, é Minimizar, Maximizar (ficar do tamanho da tela), e Fechar a
possível visualizar, alterar e formatar os textos dos slides de janela.
forma rápida e eficaz. Essa guia é bastante útil quando há a
necessidade de salvar o conteúdo da apresentação para um
documento Word, por exemplo.
4. O Painel Anotações é o local onde você digita
observações, lembretes, dicas etc. Este recurso irá auxiliar a
pessoa que irá conduzir a apresentação.
Controle das Janelas
Na imagem a seguir, iremos descrever as demais áreas
visualizadas na janela inicial do PowerPoint, e a seguir
Botão Ajuda – Acessa a ajuda do Office.
analisaremos cada uma delas.
Faixa de opções – Local onde onde estão os principais
comandos do PowerPoint, separados por guias: Arquivo,
Página Inicial, Inserir, Design, Transições, Animações,
Apresentação de Slides, Revisão e Exibição.

Faixa de opções

Réguas – As réguas horizontais e verticais são usadas para


medir e posicionar objetos na apresentação. Ela só é
Funções disponíveis na Área de trabalho do PowerPoint
visualizada no modo de exibição Normal.
Caso a régua não esteja sendo visualizada, clique na guia
Menu Controles – Ao clicar neste ícone, aparecerão Exibição e ative a caixa de verificação Régua, no grupo Mostrar.
funções como Restaurar, Minimizar e Fechar.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido – Facilita a


execução de ações mais utilizadas ou que são repetitivas na
criação ou edição de uma apresentação. Por padrão, as funções
que são exibidas nesta barra são as seguintes: Salvar, Desfazer
e Refazer. É possível personalizar estas opções clicando na
caixa de listagem como é mostrado na figura.

Noções Básicas de Informática 31


APOSTILAS OPÇÃO

Obtendo ajuda
Você precisa de ajuda? É só clicar no botão Ajuda,
localizado no canto superior direito, ou pressionar a tecla F1.

Faixa de opções
A faixa de opções mostra os comandos mais utilizados
agrupados por temas, para que você não precise procurá-los
em vários menus, assim facilitando o trabalho.
Há três componentes básicos na faixa de opções. É bom
Guia Exibição, destaque para o grupo Mostrar, item Régua Além disso, saber como cada um se chama para compreender como utilizá-
quando você movimenta os controles deslizantes existentes na régua, o texto lo.
selecionado reorganiza-se dinamicamente no novo espaçamento. 1 - Guias – Há nove guias básicas na parte superior. Cada
uma representa uma área de atividade e, em cada uma delas,
Barras de rolagem – Permite a você navegar pela os comandos são reunidos por grupos. Por exemplo, a guia
apresentação, uma vez que a página é maior que a tela, Página Inicial contém todos os comandos que você utiliza com
clicando com o mouse sobre as setas, ou arrastando o botão de mais frequência e os botões Recortar, Copiar e Colar, que estão
rolagem no grupo Área de transferência.
Abaixo da barra de rolagem, existem botões para tornar 2 - Grupos – Cada guia tem vários grupos que mostram os
essa navegação mais rápida: Slide anterior e Próximo slide. itens relacionados em conjunto.
3 - Comandos – Um comando é um botão, uma caixa para
Barra de Status – Localizada na margem inferior esquerda inserir informações ou um menu.
da tela, mostra informações sobre a apresentação, tais como
slide atual, total de slides e tema utilizado. Confira, a seguir, cada uma das guias, seus grupos e
Comandos:

Barra de Status Guia arquivo


A guia Arquivo permite acessar comando como abrir,
Modos de exibição – Frequentemente, é preciso alterar a s a l v a r , salvar como, fechar, sair entre outros. Observe na
visualização da apresentação do PowerPoint. Para isso, figura abaixo:
utilizamos as opções de exibição que se encontram à direita da
barra de status:

Modos de exibição

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição,


no qual você cria e edita a apresentação. Nesse modo de
exibição, também são visualizados os painéis Miniaturas e
Anotações.
O modo de exibição Classificação de Slides mostra os slides
em forma de miniaturas, lado a lado. Nesse modo de exibição,
organizar a sequência de slides à medida que você cria a
apresentação fica bem mais fácil.
Nesse modo, também é possível adicionar seções e
classificar os slides em diferentes categorias.
O Modo de Exibição Leitura normalmente é utilizado para O comando Salvar (CTRL+B) permite salvar as alterações
exibir uma apresentação em uma janela com controles simples feitas em um arquivo existente. Caso seja a primeira vez que o
que facilitem sua revisão, pois um menu com comandos mais arquivo esteja sendo salvo ou estiver sendo visualizado no
utilizados – Próximo, Anterior, Visualização de Impressão e modo somente de leitura, abrirá a caixa de diálogo salvar
Imprimir, entre outros – fica disponível no canto inferior como. O comando Salvar como permite criar o novo arquivo
direito da janela, ao lado dos botões dos modos de exibição. em edição, ou seja, dar um nome para o arquivo, escolher o local
O modo de exibição de Apresentação de Slides é utilizado que será salvo e o formato. Por padrão o PowerPoint 2010
para exibir a apresentação ao público alvo, pois gráficos, sugere PPTX ou PPSX, porém pode ser salvo nos formatos PDF,
filmes, efeitos animados e efeitos de transição são visualizados PPT,
em tempo real. PPS e ODP (Office Impressa) entre outros formatos.
Para sair desse modo de exibição basta pressionar a tecla No item Abrir, carrega uma janela que permite localizar e
ESC. abrir/criar um arquivo existente. A pasta sugerida para iniciar
Zoom – Aumenta ou diminui a visualização do painel slide. a busca do arquivo é a pasta Meus Documentos e os arquivos
Há três formas de utilizar esse controle: exibidos são os arquivos compatíveis com o PowerPoint, este
1. Clicar sobre o valor da porcentagem de zoom atual para tipo de filtro facilita a tentativa de localização do arquivo
abrir a caixa de diálogo Zoom e escolher o valor desejado. desejado.
2. Clicar sobre os botões Reduzir ou Ampliar que reduzirá O comando Fechar fecha a apresentação atual/ativo e o
ou ampliará o zoom de 10 em 10%. comando Sair fecha todos os documentos abertos e encerra o
3. Clicar no botão Zoom e arrastá-lo até a posição desejada. programa.
Ajustar Slide à Janela atual – Reajusta o slide à janela O comando Informações dá detalhes sobre o arquivo –
depois de se alterar o zoom. estatísticas – e acesso rápido à opções de compartilhamento,
proteção e compatibilidade – em relação às versões anteriores.
O comando Recente exibe uma lista dos arquivos
executados pelo programa. Imediatamente à esquerda temos

Noções Básicas de Informática 32


APOSTILAS OPÇÃO

a lista de itens recentes que por padrão oferece uma lista dos Grupo slides
25 últimos arquivos abertos (configurável no comando Novo Slide: Cria um novo slide abaixo do slide selecionado.
opções). Temos a possibilidade de fixar ( ) qualquer um dos Pelo recurso do botão permite mudar o layout do
arquivos para sempre ser exibido na lista de Documentos slide –
recentes ( ). No item Novo temos acesso a opções que Slide com título e subtítulo, com imagens, gráficos, vídeos
permite abrir uma nova Apresentação em branco, escolher etc.
entre os modelos de Layout: Permite mudar o formato do slide. Ex: Slides com
Arquivos oferecidos pelo Microsoft PowerPoint 2010. Figuras, tabelas, gráficos e etc.
Ao abrir uma apresentação no Microsoft Office PowerPoint Redefinir: Permite voltar às configurações padrão de
2010 criados no Microsoft Office PowerPoint 2003, no posição, tamanho e formatação de espaços reservados ao slide.
PowerPoint 2002 ou no PowerPoint 2000, o Modo de Seção: Permite organizar os slides por seções.
compatibilidade é ativado e você vê Modo de Tipo de Fonte: Permite alterar o tipo de fonte. Uma das
compatibilidade na barra de título da janela do documento. O novidades da versão 2007 é que as mudanças ocorrem
Modo de compatibilidade garante que nenhum recurso novo simultaneamente, permitindo a escolha da fonte sem aplicar o
ou aperfeiçoado no Office PowerPoint 2007 esteja disponível efeito.
quando estiver trabalhando com um documento, de modo que Tamanho de Fonte: Permite aumentar ou diminuir o
os usuários que estiverem usando versões mais antigas do tamanho da fonte no padrão oferecido. Utilizando as teclas de
PowerPoint tenham recursos de edição completos. atalho CTRL+SHIFT+< e CTRL+ SHIFT+> é possível,
A Faixa de Opções no PowerPoint. Cada programa tem uma respectivamente, diminuir e aumentar o tamanho da fonte
Faixa de Opções diferente, mas os seus elementos são os obedecendo ao padrão oferecido. Já, a combinação de teclas
mesmos: guias, grupos e comandos. CTRL+ [e CTRL+] permitem, respectivamente, diminuir e
O comando Imprimir: Exibe as opções de configuração: aumentar o tamanho da fonte ponto a ponto.
Salvar e Enviar: Permitem, respectivamente, aumentar e diminuir o
tamanho da fonte.
Nova distribuição dos recursos: Limpar Formatação: Limpa toda formatação do texto ou
Existem três elementos principais na Faixa de Opções: objeto selecionado, deixando o texto ou objeto na formatação
- As guias situam-se na parte superior da Faixa de Opções. padrão.
Cada uma delas representa uma área de atividade. Negrito (CTRL+N ou CTRL+SHIFT+N): Aplica o efeito de
- Os grupos são conjuntos de comandos relacionados texto negrito ao texto selecionado. Dica: Não é necessário
exibidos juntos nas guias. Os grupos reúnem todos o s selecionar texto para aplicar formatação, o cursor, ou ponto de
comandos de que você provavelmente p r e c i s a r á p a r a um inserção deve estar localizado entre a palavra.
tipo de tarefa. Itálico (CTRL+I ou CTRL+SHIFT+I): Aplica o efeito de texto
- Os comandos são organizados em grupos. Um comando itálico ao texto selecionado.
pode ser um botão, um menu ou uma caixa na qual você digita Sublinhado (CTRL+S ou CTRL+SHIFT+S): Aplica o efeito
informações. de texto sublinhado. Podemos alterar o tipo e a cor do
A Faixa de Opções se adaptará de acordo com o que você sublinhado clicando na pequena seta ao lado do botão.
está fazendo, para mostrar os comandos de que provavelmente Tachado: Aplica o efeito de texto tachado no texto
precisará para a tarefa em questão. Por exemplo, se você selecionado. Ex. Palavras de um texto.
estiver trabalhando com uma tabela no PowerPoint, a Faixa de Sombra: Aplica efeito de sombreamento no texto
Opções mostrará os comandos de que você precisa para selecionado.
trabalhar com tabelas. De outro modo, esses comandos não Espaçamento entre caracteres: Amplia ou reduz o
serão visíveis. espaçamento entre os caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas (SHIFT+F3): Permite alternar
Outros recurso que tornam os programas baseados na entre os recursos: Primeira letra da sentença em maiúsculas,
Faixa de Opções fáceis de usar é a Barra de Ferramentas de Todas em Maiúsculas, todas em minúsculas, A Primeira Letra
Acesso Rápido, localizada na barra de título. De Cada Palavra Em Maiúscula e iNVERTER (Maius/Minus).
Cor de Fonte: Permite alterar a cor de fonte do texto
Guia início - grupo área de transferência: selecionado.
Recortar (CTRL+X): Move o conteúdo selecionado para a Fonte (CTRL+D): Permite alterar a formatação do texto
Área de Transferência. O termo excluir, retirar ou apagar pode selecionado. Observe as figuras abaixo:
ser utilizado para representar a ação do recortar.
Copiar (CTRL+C): Duplica a seleção para a Área de Grupo parágrafo
Transferência.
Colar (CTRL+V): Insere o último item enviado para a Área Marcadores: Permite inserir marcas aos parágrafos ou a
de transferência no local onde estiver o cursor, ou ponto de uma lista.
inserção. Colar Especial (CTRL+ALT+V): Permite colar um Numeração: Permite numerar os parágrafos e criar
texto ou objeto, já enviado para a Área de transferência, sem subníveis.
formatação, Formatar marcadores e numeração: Permite alterar a
Ou no formato RTF e até mesmo no formato HTML. maneira como os parágrafos serão numerados ou marcados.
Pincel (CTRL+SHIFT+C – cópia e CTRL+SHIFT+V - cola): Diminuir Recuo: Diminui o recuo deslocando o parágrafo
Copia a formatação de um texto ou objeto selecionado e o à esquerda.
aplica a um texto ou objeto clicado. Para manter este comando Aumentar Recuo: Aumenta o recuo deslocando o
ativado devemos dar um clique duplo e para desativar este parágrafo à direita.
recurso podemos pressionar a tecla ESC ou clicar novamente Alinhamento à esquerda (CTRL+Q ou CTRL+F): Alinha o
no botão Pincel. parágrafo à esquerda.
Área de transferência do Office (CTRL+CC): Exibe o Alinhamento centralizado (CTRL+E): Centraliza o
Painel de tarefa ―Área de transferência. Mantém até 24 parágrafo. Alinhamento à direta: Alinha o parágrafo à direita.
itens recortados e/ou copiados. Alinhamento justificado (CTRL+J): Justifica o texto.
Espaçamento entre linhas: Aumenta ou diminui o espaço
existente entre as linhas de um parágrafo. Espaçamento

Noções Básicas de Informática 33


APOSTILAS OPÇÃO

padrão entre linhas é o múltiplo ou 1,15. Clip-art: Abre o painel de tarefas que permite inserir, no
Direção do texto: Permite alterar a orientação do texto documento em edição, clip-arts.
para vertical, empilhado, ou girá-la para a direção desejada. Instantâneo: Permite inserir uma imagem de qualquer
Alinhar Texto: Permite alterar a maneira como o texto é programa que não esteja minimizado na barra de tarefas.
alinhado na caixa de texto. Clique em Recorte de tela para inserir uma imagem de
Converter em Elemento Gráfico SmartArt: Permite qualquer parte da tela.
converter um texto em um elemento gráfico SmartArt para Álbum de Fotografias: Permite criar uma nova
comunicar informações visualmente. Os elementos gráficos apresentação com base em um conjunto de imagens. Cada
Sarar variam desde lista gráficas e diagramas de processos até imagem será colocada em um slide individual.
gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e
organogramas. Grupo ilustrações
Colunas: Permite dividir o texto em colunas. Formas: Permite inserir formas no documento em edição.
Parágrafo: Permite alterar a formatação do par ágrafo Observem as figuras abaixo:
selecionado. Observe as figuras abaixo: Sarar: É uma representação visual de suas informações
que você pode criar com rapidez e facilidade, escolhendo entre
Obs.: Caso deseje alterar a formatação padrão do vários layouts diferentes, para comunicar suas mensagens ou
PowerPoint 2007, altere para a formatação do parágrafo ideias com eficiência.
desejada e clique no botão “Padrão...”, localizado no canto
inferior da janela.

Grupo Desenho
Autoformas: Permite inserir caixas de texto e formas
prontas como retângulos, setas, linhas, símbolos de
fluxograma e textos explicativos.
Organizar: Permite organizar objetos no slide alterando a
ordem, a posição e a rotação. Permite agrupar vários objetos
de modo que sejam tratados como um único objeto.
Estilos rápidos: Permite escolher um estilo visual para a
Forma ou linha.
Preenchimento da forma: Permite preencher a forma
selecionada com uma cor sólida, gradação, imagem ou textura. Gráfico: Permite inserir um gráfico a partir de uma
Contorno da forma: Permite especificar a cor, a largura e planilha do Excel incorporada no documento Word. Se o
o estilo de linha do contorno da forma selecionada. documento estiver no modo de compatibilidade o gráfico será
Efeitos da forma: Permite aplicar um efeito visual à forma gerado pela ferramenta Microsoft Graph. No caso de um
selecionada, como sombra, brilho, reflexo ou rotação 3D. gráfico que esteja vinculado a uma pasta de trabalho à qual
você tem acesso, é possível especificar que ele verifique
Grupo edição automaticamente se há alterações na pasta de trabalho
Localizar (CTRL+L), Substituir (CTRL+U) e Substituir vinculada sempre que o gráfico for aberto.
fonte:
Grupo links
Hiperlink: Permite inserir um hiperlink (ponteiro ou
ancora) no documento em edição. Um hiperlink permite abrir
páginas da Internet, endereços de e-mails, direcionar para
programas e outros arquivos do computador, além de
direcionar para qualquer parte do documento. Trabalhando
com o recurso Indicador fica fácil criar links que, ao serem
executados, direcionam para a parte do documento indicada.
Ação: Permite adicionar uma ação ao objeto selecionado
para especificar o que deve acontecer quando você clicar nele
ou passar o mouse sobre ele.
Selecionar:
- Selecionar tudo: Seleciona todos os elementos da
Grupo texto
apresentação.
Caixa de Texto: Permite inserir uma caixa de texto, Pré-
- Selecionar objetos: Mudar para o cursor de seleção a fim
Formatadas, no documento em edição.
de poder selecionar e movimentar tinta e outros objetos no
Cabeçalho e rodapé: Permite editar o cabeçalho ou
documento
rodapé do documento. As informações do cabeçalho ou rodapé
- Painel de Seleção: Exibe o Painel de Seleção para ajudar a
serão exibidas na parte superior ou inferior de cada página
selecionar objetos individuais e para alterar a ordem e a
impressa.
visibilidade desses objetos.
WordArt: Permite inserir um texto decorativo a partir de
Formatações e estilos pré-definidos.
Guia inserir - grupo tabelas:
Data e Hora: Permite inserir Data e Hora no local onde
Tabela: Permite inserir uma tabela. Sugere uma tabela de
estiver o cursor. Oferece alguns formatos de datas e horas Pré-
10 colunas com 8 linhas. É possível, através deste comando,
definidas.
desenhar a tabela. O recurso permite também a inserção de
Número do slide: Permite inserir o número do slide na
uma planilha do Excel, além de fornecer algumas tabelas já
posição real dentro da apresentação.
formatas.
Objetos: Permite inserir um objeto no documento em
edição. Gráficos, Imagens, Slides, Documentos, Arquivos em
Grupo imagens
geral entre outros.
Imagem: Permite inserir, no documento em edição, uma
imagem ou foto do arquivo. Abre uma caixa de diálogo que
exibe a pasta Minhas imagens.

Noções Básicas de Informática 34


APOSTILAS OPÇÃO

Grupo símbolo Guia animações - grupo visualização


Equação: Abre o editor de equações. Permite inserir Visualizar: Permite visualizar as animações aplicadas ao
matemáticas ou desenvolver suas próprias equações usando slide atual.
uma biblioteca de símbolos matemáticos.
Grupo animação
Animar: Permite atribuir animações aos objetos
selecionados no slide. Podem ser atribuídos aos textos,
imagens, tabelas e outros objetos.
Opções de efeito: Permite alterar uma variação da
animação selecionada. As variações permitem alterar
propriedades de um efeito de animação, como a direção ou cor.
Símbolo: Insere símbolos que não constam no teclado,
como símbolos de copyright, símbolo de marca registrada, Grupo animação avançada
marcas de parágrafo e caracteres Unicode. Adicionar Animação: Permite escolher um efeito de
animação para adicionar aos objetos selecionados.
©€£≦™±≠≤≥÷×∞≧αβπΩ ∑ Painel de Animação: Abre o Painel de Tarefas Animação
Personalizada em objetos individuais no slide.
Grupo mídia Disparar: Permite definir uma condição especial para uma
Vídeo: Permite inserir um vídeo na apresentação. animação. É possível definir a animação para iniciar depois de
Áudio: Permite inserir um arquivo de áudio na clicar em uma forma ou quando a reprodução da mídia
apresentação. alcançar um indicador.
Pincel de Animação: Permite copiar a animação aplicada
Guia design - grupo configurar página a um texto ou objeto e aplica-la a outro objeto selecionado.
Configurar Página: Abre a caixa de diálogo Configurar
Página que permite definir as dimensões do slide, modos de Grupo intervalo
orientação e configurações de Anotações, folhetos e tópicos. Intervalo de Tempo da animação: Permite escolher
Orientação do Slide: Permite mudar o modo de quando uma animação iniciará a execução.
orientação do slide (Retrato e Paisagem). Duração: Permite definir um tempo para a animação.
Atraso: Permite definir quanto tempo a animação será
Grupo temas executada após algum tempo determinado.
Design do Slide: Permite mudar, a partir de modelos, o Reordenar Animação: Permite definir se a animação será
design geral dos slides. executada Antes ou Depois de um tempo determinado.
Cores: Permite mudar o esquema de cores da
apresentação. Guia apresentação de slides
Fontes: Permite mudar o esquema de fontes da Grupo iniciar apresentações de slides
apresentação. Padrão: Calibri para títulos e corpo. Do começo: Inicia a apresentação a partir do primeiro
Efeitos: Permite alterar o esquema de efeitos da slide.
apresentação. Do Slide atual: Iniciar a apresentação a partir do slide
atual.
Grupo plano de fundo Transmitir Apresentação de Slides: Permite transmitir
Estilos de Plano de Fundo: Permite escolher o Plano de a apresentação para visualizadores remotos que possam
fundo para este tema. assisti- lá em um navegador da Web.
Ocultar Gráficos de Plano de Fundo: Exibe ou oculta os Apresentação de Slides Personalizada: Permite criar ou
gráficos de plano de fundo para o tema selecionado. executar uma apresentação de slides personalizada. Uma
Guia Transições - Grupo Visualização apresentação de slide personalizada exibirá somente os slides
Visualizar: Permite visualizar a transição aplicada ao slide selecionados. Esse recurso permite que você tenha vários
atual. conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de
slides de 30 minutos e outra de 60 minutos) na mesma
Grupo transição para este slide apresentação.
Esquema de transição: Permite escolher um efeito
especial a ser aplicado durante a transição entre os slides Grupo configurar
anterior e atual Configurar Apresentação de Slides: Abre a caixa de
Opções de efeito: Permite alterar uma variação da diálogo Configurar Apresentação que permite alterar as
transição selecionada. As variações permitem alterar configurações avançadas como, por exemplo, o modo
propriedades de um efeito de transição, como a direção ou quiosque.
cor. Ocultar Slide: Permite ocultar o slide atual.
Testar Intervalos: Permite iniciar uma apresentação de
Grupo intervalo slides em tela inteira na qual é possível testar a apresentação.
Som de Transição: Permite selecionar um som a ser O período de tempo gasto em cada slide é registrado e permite
tocado durante a transição entre os slides anterior e atual. salvar esses intervalos para executar a apresentação
Velocidade da Transição: Permite escolher a velocidade automaticamente no futuro.
da transição entre os slides anterior e atual. Gravar Apresentação de Slides: Gravar uma trilha de
Aplicar a Todos: Permite definir a transição entre todos narração usando o microfone conectado ao computador. A
os slides da apresentação de modo que corresponda à narração pode ser executada junto com a apresentação de
transição configurada para o slide atual. slides em tela inteira. Permite gravar gestos do apontador laser
Avançar Slide: ou intervalos de slide e animação para reprodução durante a
- Ao clicar com o mouse: Permite definir a mudança de um apresentação de slides.
slide para outro ao clicar o mouse. Executar Narrações: Permite reproduzir narrações de
- Após: Permite definir um tempo específico para a áudio e gestos de apontador laser durante a apresentação de
mudança de um slide para outro. slides. É possível gravar narrações e gestos usando Gravar

Noções Básicas de Informática 35


APOSTILAS OPÇÃO

Apresentações de Slides. ENTER para retornar ao documento.


Usar Intervalos: Permite reproduzir intervalos do slide e Alternar janelas: Permite alternar entre as janelas
da animação durante a apresentação de slides. abertas.
Mostrar Controles de Mídia: Permite exibir os controles
de reprodução ao mover o ponteiro do mouse sobre clipes de Grupo macros
áudio e vídeo durante a apresentação do slide. Exibir Macros (ALT+F8): Exibe a lista de macros, na qual
você pode executar, criar ou excluir uma macro.
Guia revisão - grupo revisão de texto
Verificar Ortografia (F7): Inicia a verificação ortográfica Usar atalhos de teclado para criar uma apresentação
na apresentação. As informações desta seção podem ajudar você a entender
Pesquisar (ALT+CLIQUE): Abre o painel de tarefas o modelo de atalho de teclado da faixa de opções. A faixa de
Pesquisar para fazer uma pesquisa em materiais de opções do PowerPoint vem com novos atalhos, chamados
referências como dicionários, enciclopédias e serviços de Dicas de Tecla.
traduções. Para mostrar os rótulos de Dica de Tecla da faixa de opções,
Dicionário de Sinônimos: Sugere outras palavras com pressione Alt.
significado semelhante ao da palavra selecionada. Para exibir uma guia na faixa de opções, pressione a tecla
da guia — por exemplo, pressione F para abrir a guia Arquivo;
Grupo comentários H para abrir a guia Página Inicial; N para abrir a guia Inserir e
Mostrar Marcações: Exibe ou oculta os comentários ou assim por diante.
marcações atribuídas à apresentação.
Novo comentário: Permite adicionar um comentário ao
trecho selecionado.
Editar comentário: Permite editar um comentário.
Excluir Comentário: Permite excluir um comentário. É
possível apagar todas as marcações atribuídas à apresentação
pelos recursos do botão.
Anterior: Navega para o comentário anterior.
Próximo: Navega para o próximo comentário.
Todos os rótulos de Dica de Tecla dos recursos da guia
Guia exibição aparecerão, portanto, basta pressionar a tecla do recurso
Grupo modos de exibição de apresentação desejado.
Normal: Exibe a apresentação no modo normal.
Classificação de Slides: Permitir exibir a apresentação no Questões
modo de classificação de slides para facilitar a reorganização
dos slides. 1. (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II - Adaptada)
Anotações: Permite exibir a página de anotações para No PowerPoint 2010, a inserção de um novo comentário pode
editar as anotações do orador como ficarão quando forem
ser feita na guia
impressas.
(A) Geral.
Modo de Exibição de Leitura: Permite exibir a
(B) Inserir.
apresentação como uma apresentação de slides que cabe na
(C) Animações.
janela.
(D) Apresentação de slides.
(E) Revisão.
Grupo modos de exibição
Slide Mestre: Permite abrir o modo de exibição de slide 2. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
mestre para alterar o design e o layout dos slides mestres. VUNESP/2015). No MSPowerPoint 2010, um usuário deseja
Folheto Mestre: Permite abrir o modo de exibição efetuar a verificação da ortografia do conteúdo presente em
de folheto mestre para alterar o design e o layout dos folhetos seus slides. Uma das formas para realizar tal tarefa é acessar o
impressos. botão Verificar Ortografia, que, na configuração padrão do MS-
Anotações Mestras: Permite abrir o modo anotações PowerPoint 2010, é acessível por meio da aba
mestras. (A) Exibição
(B) Revisão.
Grupo mostrar/ocultar
(C) Inserir.
Régua: Exibe ou oculta as réguas, usadas para medir e
(D) Início.
alinhar objetos no documento.
(E) Animações.
Linhas de Grade (SHIFT+F9): Exibe ou oculta as linhas de
grade que podem ser usadas para alinhar os objetos do 3. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
documento. VUNESP/2015). No MS-PowerPoint 2010, a finalidade da
Guias: Permite exibir guias de desenho ajustáveis às quais função Ocultar Slide, acionável por meio do botão de mesmo
seja possível alinhar objetos no slide. nome, é fazer com que o slide selecionado
(A) tenha bloqueadas tentativas de alteração de seu
Grupo janela conteúdo.
Nova Janela: Permite abrir uma nova janela com uma (B) seja designado como o último a ser exibido na
exibição do documento atual. apresentação de slides.
Organizar todas: Permite organizar as janelas abertas no
(C) tenha sua resolução reduzida até o mínimo suportado
programa lado a lado na tela.
pelo computador em uso.
Em cascata: Permite organizar as janelas abertas no
(D) não seja exibido no modo de apresentação de slides.
programa em cascata na tela.
(E) tenha sua velocidade de transição entre slides fixada no
Mover Divisão: Permite mover os divisores que separam
valor médio.
as diversões seções da janela. Depois de clicar neste botão, use
as teclas de direção para movimentar os divisores e pressione

Noções Básicas de Informática 36


APOSTILAS OPÇÃO

4. (Prefeitura de Suzano – SP - Auxiliar de Atividades Endereços de Correio Eletrônico7


Escolares – VUNESP/2015). Na apresentação 1 do MS-
PowerPoint 2010, em sua configuração original, um slide foi Um endereço de correio eletrônico, como um endereço
recortado para ser colado na apresentação 2. A opção, postal, possui todos os dados de identificação necessários para
encontrada no grupo Área de Transferência da guia Página enviar uma mensagem a alguém. Ele é composto de uma parte
Inicial, permite colar o slide citado na apresentação 2 relacionada ao destinatário da mensagem (o que vem antes do
(A) como um slide mestre. caractere @ e de uma parte relacionada com a localização do
(B) como uma imagem destinatário, o que vem após o caractere @.
(C) como um folheto.
(D) mantendo a formatação original. Criação de um endereço eletrônico:
(E) usando o tema do destino Formato: nomedousuário@nomedodomínio
Exemplo: [email protected]
5. (Prefeitura de Suzano – SP - Agente Escolar –
VUNESP/2015). Um usuário, editando uma apresentação por Assim como você possui o seu endereço residencial, você
meio do MS-PowerPoint 2010, em sua configuração padrão, também terá seu endereço eletrônico.
deseja aplicar uma formatação em várias partes de vários O símbolo @ é lido como "arroba" em português e "at" em
slides. Para maior produtividade, escolhe repetir as ações de inglês.
alteração de tamanho de fonte usando um atalho por teclado Aconselhamos, para reduzir a possibilidade de homônimos
que permite repetir a ação anterior. (nomes de usuário em duplicidade), formar o nome de usuário
Assinale a alternativa que contém o atalho por teclado que com prenome.sobrenome. O nome do domínio é fornecido pelo
permite, no MS-PowerPoint 2010, repetir a ação anterior, provedor de acesso à Internet.
conforme o enunciado.
(A) F1 Atividades do correio eletrônico
(B) F2
(C) F3 - Pedir arquivos;
(D) F4 - Solicitar informações;
(E) F5 - Mandar mensagens;
- Fazer leitura de informações;
Respostas - Fazer download de arquivos, etc.
1. E\2. B.\3. D \04. D\5. D
Como enviar mensagens no e-Mail

Cada programa de e-Mail possui uma maneira própria de


Correio Eletrônico: uso de encaminhar as mensagens e o usuário deve verificar suas
correio eletrônico, preparo e orientações e regulamentos. Para que o e-Mail seja enviado é
envio de mensagens, anexação importante preencher os seguintes dados:
- To: É o endereço para qual será enviada a mensagem;
de arquivos. - Cc: Vem do inglês Carbon Copy (cópia carbonada). Nesse
espaço você coloca o endereço de uma pessoa que receberá
uma cópia do e-Mail;
CORREIO ELETRÔNICO - Bcc: Vem do inglês Blind Carbon Copy (cópia cega).
Utilizado quando o usuário deseja encaminhar um e-Mail e
O correio eletrônico (e-Mail) é o serviço básico de anexa um destinatário que não deve aparecer na mensagem
comunicação na rede. Ele é muito rápido, envia e recebe para as outras pessoas;
mensagens em questão de minutos. - Subject: É o assunto de sua mensagem e pode ou não ser
Enviar dados via correio eletrônico é muito fácil. Tudo o preenchido.
que você precisa é ter acesso a rede, dispor de um programa
de correio eletrônico e conhecer o endereço da pessoa com Clientes de e-Mail
quem deseja se comunicar.
São serviços de redes de computadores desenvolvidos São softwares (programas de computador) que
para a composição, envio, recebimento e gerenciamento de possibilitam que os usuários de computador redijam,
mensagens eletrônicas (e-Mails), essas mensagens são personalizem, armazenem e gerenciem mensagens,
trafegadas pela rede através de protocolos, como POP, IMAP e proporciona acesso a servidores de envio e recebimento de e-
SMTP. O protocolo POP (Post Office Protocol) é utilizado para Mail. Dentre os vários clientes de e-Mail disponíveis no
efetuar acesso remoto a uma caixa de correio eletrônico e a mercado os principais são:
transferência para o computador (software de cliente de e-
Mail) então a manipulação das mensagens (alteração, - Outlook Express: Desenvolvido pela empresa Microsoft,
exclusão, armazenamento) é feita no computador que recebeu este software é leve e eficaz utilizado para gerenciamento de
as mensagens, o protocolo IMAP (Internet Message Access contatos, composição, envio e recebimento de e-Mail e
Protocol) permite que leitura e manipulação de mensagens do acompanha alguns programas da empresa como Internet
servidor sem que haja a transferência dessas mensagens para Explorer (a partir da versão 4) e sistemas operacionais
o computador, SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é Windows nas versões 98, ME, 2000 e XP.
utilizado apenas para o envio de mensagem a outros O Windows Mail e Outlook Express foram descontinuados
servidores de e-Mail. no Windows 78 e a nova aplicação de e-Mail é o Windows Live
Mail. Então, antes de instalar o Windows 7 é recomendado
exportar suas mensagens, contatos e configurações de conta

7http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_web2/parada_01/para_saber_mais 8https://support.microsoft.com/pt-br/help/977838

/sobrecorreio.htm

Noções Básicas de Informática 37


APOSTILAS OPÇÃO

para facilitar a importação no Windows Live Mail após instalar qualquer computador, tablet ou telefone conectado. Siga as
o Windows 7. etapas abaixo e o complemento Mail Migration transferirá seus
- Windows Live Mail: Também produzido pela Microsoft, é e-Mails e contatos do Outlook Express.
um software baseado no Outlook Express com aprimoramentos
como a capacidade de litura de RSS e ATOM (formatos de Windows Live Mail
leitura e escrita de informações na Web) e requer para seu Com o Windows Live Mail é possível gerenciar várias contas
funcionamento a instalação do Internet Explorer 7 ou superior de e-Mail, calendários e seus contatos mesmo quando estiver
também utilizado para gerenciamento de contatos, off-line.
composição, envio e recebimento de e-Mail. Para adicionar suas contas de e-Mail ao Windows Live Mail.
- Microsoft Outlook: É um software integrado ao Microsoft Basta digitar o endereço de e-Mail e a senha e, em seguida,
Office, diferente do Outlook Express ou Live Mail voltados seguir algumas etapas. Após suas contas de e-Mail serem
apenas ao gerenciamento de contatos, composição, envio e adicionadas, organize suas conversas.
recebimento de mensagens, o MS Outlook disponibiliza um
completo calendário com agenda de compromissos, seu Questões
gerenciador de contatos é mais completo que as versões Live
e Express e possui campos de tarefas com simulador de post- 01. (TRE/AC - Técnico Judiciário - FCC) O Correio
it (pequenos papeis coloridos autoadesivos). eletrônico tem como objetivo principal:
- Mozilla Thunderbird: É um software muito parecido com (A) Serviço de criação de documentos e geração banco de
o MS Outlook, porém é desenvolvido pela empresa Mozilla dados.
Foundation, criadora do Mozilla Firefox. (B) Serviço de gerenciamento de correspondências
eletrônicas e planilhas de Cálculo.
Funcionamento dos Clientes de E-Mail (C) Serviço de endereçamento de sites e geração de Banco
O cliente de e-Mail envia uma solicitação ao servidor de e- de Dados.
Mail de seu provedor (ISP), para esta requisição é utilizado o (D) Serviço de gerenciamento de documentos e criação de
protocolo SMTP, o Servidor envia a mensagem através da planilhas de cálculo.
internet para outro servidor que contém a caixa postal do (E) Serviço de entrega e recebimento de mensagens
destinatário, então é feito o download das mensagens para o eletrônicas.
cliente de e-Mail realizando o processo inverso, mas agora
utilizando o protocolo POP. 02. (CEPS/UFPA - Assistente Administrativo - UFPA)
São aplicativos de correio eletrônico:
(A) Mozilla Firefox, Windows Explorer.
(B) Microsoft Excel, Google Chrome.
(C) Eudora, Microsoft powerpoint.
(D) Mozilla Thunderbird, Microsoft Outlook Express.
(E) Netscape Communicator, MS Access.

03. (UFR/RJ - Auxiliar em Administração - UFR/RJ)


Correio eletrônico ou e-Mail é o mesmo que um(a)
(A) link para envio de mensagens.
(B) home page particular para recebimento e exclusão de
mensagens.
(C) endereço eletrônico particular na rede para envio e
recebimento de mensagens.
(D) site individual para conectar a internet e receber
mensagens.
WebMail (E) browser para conectar a internet e enviar mensagens.
Têm a mesma função dos clientes de e-Mail que ficam
instalados no computador, mas ficam armazenados 04. (FCC - Técnico Judiciário - TER/RN) Em relação a
diretamente em servidores de e-Mail e seu acesso é via correio eletrônico, é correto afirmar:
browser (navegador de internet), dentre os principais Web (A) Endereços de correio eletrônico no padrão
Mails gratuitos temos GMail, HotMail, Yahoo, Bol e Ig, todos [email protected], estão restritos a destinatários do
seguros, eficazes e rápidos, possuem grandes espaços para território brasileiro, apenas.
armazenamentos de mensagens, mas daremos uma atenção (B) Exceto o campo assunto, cada campo de cabeçalho do
especial a dois deles: correio eletrônico tem seu tamanho máximo limitado a dez
GMail: Fornecido pela empresa Google, além das funções caracteres.
básicas de envio e recebimento de e-Mail, existem agenda de (C) O web Mail é um aplicativo que permite o envio e a
compromissos e tarefas, mensageiro, drive virtual, também recepção de mensagens de correio eletrônico, desde que não
existe integração a todas as ferramentas providas pela Google. exista anexos nessas mensagens.
HotMail ou Live: Semelhante ao GMail, mas não (D) Todo programa de correio eletrônico disponibiliza
disponibiliza a integração com as ferramentas do Google. funcionalidades que permitem encaminhar uma mensagem
recebida a um ou a vários endereços de correio eletrônico.
Outlook.com9 (E) Todo programa de correio eletrônico possui
O Outlook.com é um serviço de e-Mail pessoal gratuito mecanismos que detectam e bloqueiam mensagens infectadas
baseado na Web que é fácil de usar. Ele tem muitos dos por vírus de computador.
mesmos excelentes recursos do Outlook Express, juntamente
com alguns novos. Você pode manter o seu endereço de e-Mail Gabarito
atual, enviar fotos e arquivos por e-Mail e manter a sua caixa 01. E \ 02. D \ 03. C \ 04. D
de entrada em ordem. Você também pode ver seus e-Mails em

9 http://windows.microsoft.com/pt-br/windows/outlook-express#tabs=windows-
7

Noções Básicas de Informática 38


APOSTILAS OPÇÃO

Dial Modem
Internet: Navegação na
A famosa internet discada foi praticamente o pontapé
Internet, conceitos de URL, inicial da rede no Brasil. Apesar de ainda ser utilizada, não é
links, sites, busca e impressão mais tão popular quanto foi no início dos anos 2000. Cabo
de páginas. Já ouvimos falar de TV a cabo, certo? Algumas empresas
decidiram aliar a ela o acesso à internet. Com isso, uma linha
telefônica não era mais pré-requisito para se conectar, o que
deu mais liberdade ao usuário.
INTERNET10
Conexões sem fio (wireless)

Com a correria do dia a dia, ficar preso a um desktop para


acessar a internet é algo fora de questão. Os notebooks
trouxeram mais mobilidade e abriram as portas para as
conexões que dispensam a utilização de fios e cabos. A internet
wireless mostrou que a internet está em qualquer lugar.

Wi-Fi
Fonte: http://www.pngmart.com/image/26486
Esse tipo de conexão, antes exclusiva dos laptops, tornou-
se tão popular que vários outros equipamentos passaram a
A internet é um meio de comunicação muito importante, adotá-la. É o caso de celulares, smartphones e até mesmo
onde o conjunto de várias redes interligadas proporcionam alguns computadores domésticos, que adicionaram um
que computadores possam se comunicar através dos adaptador wireless para captar o sinal.
protocolos.
Rádio
TCP/IP
A conexão via rádio é bastante útil devido ao seu longo
Com a internet podemos utilizar serviços como Web (a alcance, o que favorece quem mora em cidades onde o sinal
parte multimídia da rede), correios eletrônicos, redes sociais, telefônico ou via cabo não alcança. O único problema é que,
fazer transferência de arquivos, etc. para obter o máximo da conexão, o sinal deve chegar à torre
sem encontrar nenhum tipo de barreira, e até mesmo chuvas
• Word Wide Web podem desestabilizá-la.
A Word Wide Web (rede de alcance mundial) é também • A moda da internet de bolso
conhecida como Web ou WWW. O serviço WWW surgiu em
1989 como um integrador de informações, onde a grande Os usuários de telefones celulares sempre desejaram
maioria das informações disponíveis na Internet podem ser conectar-se à internet através de seus aparelhos móveis. Hoje
acessadas de forma simples e consistente. A forma padrão das em dia podemos conferir e-mails ou saber das novidades
informações do WWW é o hipertexto, o que permite a online em qualquer lugar através de algumas das conexões
interligação entre diferentes documentos que possivelmente existentes citadas a baixo.
estão localizados em diferentes servidores. O hipertexto é
codificado com a linguagem HTML (Hypertext Markup WAP
Language), que é a linguagem interpretada pelo o que
chamamos de browsers exemplo de um browser é o Internet A primeira grande tentativa de integrar os aparelhos
Explorer. celulares à internet. A conexão WAP era uma espécie de
adaptação da web, já que só podia acessar páginas feitas
• Conectando-se com a Internet especialmente para este tipo de conexão.
Para se conectar a internet é necessário um aparelho 3G
qualquer (computador, celular, vídeo games) que possua um
dispositivo que permita a comunicação, seja ela sem fio ou não. Funciona de maneira semelhante à conexão a rádio e os
Vale lembrar que a internet deu seus primeiros passos a partir sinais são enviados praticamente pelas mesmas torres que
de cabos e fios e com o passar do tempo surgiram as conexões enviam o sinal de telefonia para o aparelho, o que significa um
sem fio. amplo raio de alcance.
Com um aparelho que possua o dispositivo de
comunicação em mãos temos que escolher o tipo de conexão • Navegando na Internet com um Browser (navegador)
mais apropriada, abaixo segue algumas das conexões mais
utilizadas: Para podermos navegar na Internet é necessário um
software navegador (browser) como o Internet Explorer,
Conexões que necessitam de fios (cabos) Mozilla Firefox ou Google Chrome. (Estes são uns dos mais
conhecidos, embora existam diversos navegadores).
A internet deu seus primeiros passos a partir de cabos e Podemos começar nossa navegação diretamente digitando
fios. Apesar de soar como algo bastante antiquado, esses tipos o endereço a ser acessado no browser e apertando ENTER no
de conexões ainda são amplamente utilizados, principalmente teclado ou clicando no botão IR.
devido à alta velocidade obtida por alguns.

10
Fonte: http://www.inf.pucpcaldas.br/extensao/cereadd/
apostilas/internet_final.pdf

Noções Básicas de Informática 39


APOSTILAS OPÇÃO

• Páginas Favoritas e Histórico mesma foi bem sucedida pelo computador receptor. Caso
contrário volta a enviar essa informação. A mesma circula pela
Se você utiliza a Internet constantemente, possivelmente rede em forma de fragmentosdesignados por datagrams e que
gostaria de ter um mecanismo fácil e simples para guardar as contém um cabeçalho. Esse cabeçalho contém informação
páginas que mais acessa. O menu Favoritos proporciona esta como a porta de origem e a porta de destino da informação, o
funcionalidade. Esta opção funciona como um caminho ACK, entre outra informação, de modo a manter a circulação
permanente de acesso à lista de todos os sites favoritos, além de dados estável e credível.
de mantê-los organizados. UDP (User Datagram Protocol) – O UDP é um protocolo de
A história de todos os sites visitados também é mantida no transporte de informação, mas não é tão fiável com o TCP. O
seu navegador (browser). UDP não estabelece uma sessão de ligação em que os pacotes
Você pode abrir a pasta histórico e visualizar a lista de sites contêm um cabecalho. Simplesmente faz a ligação e envia os
visitados no dia ou até mesmo na semana ou no mês. dados, o que o torna mais rápido mas menos eficiente.
Essas duas funções do navegador podem ser manipuladas ARP (Address Resolution Protocol) é o ARP estabelece uma
pelo usuário podemos adicionar ou excluir uma página a ligação entre o endereço físico da placa de rede e o endereço
favoritos e também podemos excluir nosso histórico caso seja de IP. A placa de rede de um PC contém uma tabela onde faz a
necessário. ligação entre os endereços físicos e lógicos dos computadores
presentes na rede. Quando um PC quer comunicar com outro,
• Endereços na Internet vai verificar nessa tabela se o computador está presente na
rede. Se estiver, envia os dados e o tráfego na rede é diminuído,
Todos os endereços da Internet seguem uma norma caso contrário envia um sinal designado por pedido ARP para
estabelecida pelo InterNic, órgão americano pertencente a determinar o seu endereço.
ISOC (Internet Society). No Brasil a responsabilidade pelo IP (Internet Protocol) – É responsável por estabelecer o
registro de domínios (endereços) na rede Internet é do Comitê contacto entre os computadores emissores e receptores de
Gestor Internet Brasil (GC). maneira a qual a informação não se perca na rede. Juntamente
com o TCP é o protocolo mais importante de todos este
Exemplo de endereço: http://www.google.com.br Onde: conjunto.
http:// - O Hyper Text Transfer Protocol, o protocolo ICMP (Internet Control Message Protocol) – O ICMP
padrão que permite que os computadores se comuniquem. O trabalha em conjunto com o IP e serve para enviar mensagens
http:// é inserido pelo browser, portanto não é necessário para responder a pacotes de informação que não foram
digitá-lo. entregues correctamente. Desta forma é enviada uma
www – padrão para a Internet gráfica. mensagem ICMP e volta a ser enviado o pacote de informação
google– geralmente é o nome da empresa cadastrada junto não recebido.
ao Comitê Gestor. IGMP (Internet Group Management Protocol) – Este
com – indica que a empresa é comercial. Algumas protocolo é responsável pela gestão de informação que circula
categorias de domínios existentes são: pela Internet e Intranet através do protocolo TCP/IP.
Gov.br - Entidades governamentais
Org.br - Entidades não-governamentais • Portais/Sites
Com.br - Entidades comerciais
Mil.br - Entidades militares Net.br - Empresas de Uma das melhores maneiras de se “ambientar” na Internet
telecomunicações é através de sites chamados de Portais. A definição de Portal
Edu.br - Entidades de ensino superior surgiu pelo fato de estes sites possuírem informações variadas
.br - Sites no Brasil .jp - Sites no Japão que permitem ao internauta procurar e estar por dentro de
novidades já que os portais oferecem uma grande quantidade
• Protocolos para Internet11 de notícias e são atualizados com freqüência. Exemplo de
alguns dos portais mais conhecidos no Brasil:
HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) – É o protocolo www.uol.com.br www.globo.com www.terra.com.br
utilizado para controlar a comunicação entre o servidor de www.ig.com.br
Internet e o browser. Quando se abre uma página da Internet,
vemos texto, imagens, links ou outros serviços associados à • Mecanismos de busca na internet
Internet ou a uma Intranet. O HTTP é o responsável por
redirecionar os serviços quando selecionamos alguma das Há mais informações na Web do que se possa imaginar. O
opções da página web. segredo é encontrar exatamente o que se quer.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Como o nome
indica, este protocolo serve para efetuar a transferência de e- • Mecanismos de busca
mails entre os servidores. O servidor de e-mail utiliza o POP ou
IMAP para enviar as mensagens de e-mail aos utilizadores. Mecanismos de Busca são sites de informações sobre as
FTP (File Transfer Protocol) – Este protocolo permite páginas da internet e podemos utilizar esses mecanismos para
transferência de dados ou ficheiros entre computadores, encontrar palavras, textos, sites, diretórios, servidores de
mesmo com sistemas operativos diferentes como o Linux e o arquivos, etc. Com essas ferramentas, encontrar informações
Windows. O FTP é também um comando que permite ligação na Internet torna-se uma tarefa bem simples.
de um cliente a um servidor FTP de forma a transferir dados Mas como posso encontrar o que eu quero?
via Internet ou Intranet. Utilizando algumas ferramentas de pesquisa disponíveis
SNMP (Simple Network Management Protocol) – É um na internet podemos associar o que procuramos com
protocolo de comunicação que permite recolher informação informações disponíveis na rede mundial (internet) fazendo
sobre todos os componentes que estão na rede como switches, uma espécie de filtro de informações.
routers, bridges e os computadores ligados em rede. Alguns dos mecanismos de busca atuais mais populares:
TCP (Transfer Control Protocol) – O TCP permite dar Yahoo http://cade.search.yahoo.com/
segurança à transferência de informações e verificar se a Uol http://busca.uol.com.br/

11
Fonte: http://faqinformatica.com/quais-sao-os-protocolos-do- tcpip/

Noções Básicas de Informática 40


APOSTILAS OPÇÃO

IG http://busca.igbusca.com.br/ elas criando grupos com o objetivo de se relacionar


Google http://www.google.com.br/ virtualmente através das redes sociais.

• Correio Eletrônico Existem várias redes sociais, algumas das mais populares
hoje em dia são:
Facebook http://www.facebook.com
Twitter http://twitter.com
Instagram https://www.instagram.com/

Para fazer parte de umas dessa redes sociais basta se


O correio eletrônico é uma das maravilhas da internet, com cadastrar criando uma conta no site da rede e se interagir.
ele podemos enviar e receber documentos. Seu crescimento
repentino na internet se deve a velocidade de se enviar e • Grupos, fórum, chat e wiki12
receber textos, imagens e qualquer tipo de documento de um
computador para outro independentemente do local onde se Agora iremos conhecer a criação de grupos e os três
encontram os computadores. recursos do Moodle que potencializam a discussão e a
construção do conhecimento, e que podem ser explorados no
- E-mail ambiente de experimentação. São eles:
Para que possamos fazer o uso do correio eletrônico é
necessário um endereço na rede mundial denominado Grupos
endereço de e-mail.
A estrutura de um e-mail é É possível desenvolver trabalhos separando os alunos por
seunome@nomedoseuprovedor. com.br onde: diferentes grupos e, se necessário, permitir o
seunome = identificação do e-mail, geralmente usamos algo acompanhamento e as orientações do tutor aos seus
relacionado a nosso nome ou empresa. Nomedoseuprovedor = respectivos grupos, viabilizando uma maior interatividade e
é o serviço do correio eletrônico escolhido (Gmail, Hotmail, proximidade entre as pessoas. A opção de criação de grupos no
Yahoo, bol, etc). Moodle possibilita a organização dos cursistas em pequenos
grupos para o desenvolvimento de atividades no curso, ou
- Caixa de entrada mesmo para a divisão dos grupos por tutor.
A caixa de entrada é o diretório onde encontramos todos Para criar grupos dentro de um curso, basta clicar em
os e-mails recebidos, através da caixa de entrada podemos “Grupos”, no bloco “Administração” e você será redirecionado
visualizar quem enviou o e-mail e qual o seu conteúdo seja ele para uma tela que contém dois quadros, e os botões
um texto ou um arquivo qualquer. necessários para você editar esses grupos.
Para adicionar um grupo, digite o nome do grupo e clique
- Escrever e-mail em “Criar grupo”. Após isso, o novo grupo já aparecerá na
Clicando no botão “escrever e-mail” podemos enviar um e- relação do quadro Grupos.
mail (mensagem) a qualquer pessoa que também possua uma O primeiro quadro mostra todos os grupos existentes no
conta de e-mail seja essa conta do Gmail, Hotmail, Yahoo, Bol curso.
entre outras. Selecionando em adicionar ou remover pessoas, abrirá
uma tela com duas colunas, uma coluna informa os nomes das
- Anexando um arquivo pessoas que já fazem parte do grupo e outra os potenciais
Podemos anexar qualquer tipo de arquivo a mensagem membros. Entre as duas colunas há setas - uma para direita e
enviada, desde que não ultrapasse o tamanho permitido. outra para a esquerda - que possibilitarão adicionar ou
remover membros. Selecionando um aluno de uma das
- Contatos colunas e clicando na seta desejada, o aluno será adicionado ou
É onde você pode visualizar e também adicionar novos removido do grupo.
contatos de e-mail seja um conhecido um amigo ou até mesmo O Fórum - O fórum é uma interface assíncrona, que
um contato de negócio. possibilita a interação e discussão entre os participantes do
curso sobre determinado assunto. As mensagens são
- Serviço de correio eletrônico estruturadas de forma hierárquica, apresentando os assuntos
Correio eletrônico, ou simplesmente e-mail, é um dos em destaque. Apesar dessa hierarquia, o fórum traz o potencial
serviços da Internet mais conhecidos e amplamente utilizados. do meio digital, por permitir dinâmicas hipertextos e
Hoje em dia é muito comum que uma pessoa possua um e-mail agregação de várias mídias
para contatos pessoais e profissionais. Uma das principais
vantagens do surgimento do serviço de mensagem eletrônica • Tipos de Fórum
é a possibilidade de enviar mensagens a quem você desejar,
sem pagar nada pelo serviço. Por exemplo, é possível trocar Esse recurso oferece a opção de configurá-lo de acordo
mensagens com professores de outras instituições de ensino, com as necessidades de cada professor na elaboração de seu
a quilômetros de distância, enviar mensagens aos amigos curso; dessa forma é possível escolher entre os seguintes tipos
distantes e resolver pendências profissionais, tudo via correio de fórum no Moodle:
eletrônico. Cada usuário inicia apenas UM NOVO tópico - Essa opção
permite que cada participante possa abrir apenas um novo
• Redes Sociais tópico, no entanto, todos podem responder livremente, sem
limites de quantidade;
As redes sociais são relações entre os indivíduos na Fórum Geral - Permite que os participantes do curso
comunicação por meio de computadores e da internet. O que possam inserir tantos tópicos quantos desejarem;
também pode ser chamado de interação social, cujo objetivo é Fórum P e R (Pergunta e Resposta) - Permite ao professor
buscar conectar pessoas e proporcionar a comunicação entre elaborar questionamentos no fórum para discussão. Porém, o

12
Fonte: http://www.moodle.ufba.br/mod/resource/view. php?id=33426

Noções Básicas de Informática 41


APOSTILAS OPÇÃO

aluno somente consegue visualizar as respostas dos outros curso trabalhem juntos, acrescentando ou alterando seu
participantes a partir do momento que este posta a sua própria conteúdo. As versões anteriores não são excluídas, podendo
resposta; ser recuperadas. Numa Wiki pode-se inserir novas páginas ou
Fórum de uma única discussão - Com esse fórum, o tópico novos hiperlinks. Trazemos um exemplo desse recurso na
aparece em uma única página, este tipo de fórum é página principal.
recomendado para organizar discussões com foco em um tema
único e preciso. Possibilidades
Como inserir um fórum no curso Desenvolvimento de projetos, concepção de livros,
Para a criação de um novo fórum no ambiente Moodle, Trabalhos em grupos, produção de qualquer tipo de texto
basta clicar em ‘Adicionar atividade’, selecionar ‘fórum’ e colaborativo.
configurar conforme as necessidades do curso. Para criar um wiki basta clicar na opção ‘acrescentar
O fórum do Moodle permite também a configuração de atividade’, no tópico onde desejamos acrescentar o recurso e
ações a serem executadas pelos participantes do curso. Outra selecionar ‘wiki’. Lembramos que o botão ‘Ativar Edição’ deve
particularidade do Moodle é o recebimento ou não das estar acionado.
mensagens postadas no fórum via e-mail pessoal. Cabe a cada
equipe de trabalho definir se os alunos serão ou não • Transferência de arquivos13
assinantes.
A definição de tipos de grupo é uma outra ação importante Para transferir dados deve existir uma conexão de dados
possibilitada pelo Moodle, pois permite escolher de que entre portas apropriadas e deve ser feita uma escolha de
maneira os usuários utilizam o fórum. São basicamente três parâmetros de transferência. Os processos Cliente-DTP e
formatos: Servidor-DTP possuem portas com valores default que devem
Nenhum grupo: não há separação em grupos; ser suportadas por todas as versões de FTP. Entretanto, o
Grupos separados: membros de grupos iguais interagem cliente pode alterar o valor de tais portas.
entre si mas não com membros de outros grupos; Logo que inicia a transferência de dados, o gerenciamento
Grupos visíveis: eles não interagem mas podem ver as da conexão de transferência de dados passa a ser
mensagens de outros grupos. responsabilidade do servidor; salvo uma transferência sem
erros e em que os dados estão indo do cliente para o servidor.
Como inserir um novo tópico de Discussão Nesse caso, em vez de enviar um End of File, torna-se
No fórum, é possível que tanto os professores quanto os responsabilidade do cliente fechar a conexão para indicar o
alunos possam adicionar tópicos para as discussões. Para criar fim de arquivo.
um novo tópico no Moodle, basta clicar em “acrescentar um Acrescentando às definições existentes do FTP, pode-se
novo tópico”. Em seguida você poderá adicionar uma definir - também, o modo de transferência dos arquivos, de
mensagem relativa ao tema do fórum e para finalizar, clique forma a otimizar e melhorar a transferência dos dados. O modo
em “enviar mensagem para o fórum”. De imediato surge o de transmissão pode ser por fluxo contínuo, modo blocado e
registro da intervenção efetuada. modo comprimido.
O FTP não se preocupa com a perda ou a adulteração de
• Chat bits durante a transferência, pois é atribuição do TCP -
protocolo do nível de transporte, mas provê mecanismos para
Também conhecido como bate–papo, traz como principal um eventual reinício da transferência quando ela for
característica a comunicação síncrona, ou seja, a possibilidade interrompida por problemas externos ao sistema (como uma
de podermos interagir no mesmo momento, enviando e falha na alimentação elétrica).
recebendo mensagens de forma imediata. Uma opção Este procedimento de reinício só está disponível nos
interessante do chat do Moodle é a de separarmos, ou não, por modos de transferência que permitem inserir controles no
grupo os participantes, e de podermos ‘salvar as sessões meio do fluxo de dados (modo de transferência blocado e
encerradas’. Quando ativamos essa função, o Moodle comprimido).
automaticamente registra a conversa e é possível
disponibilizá-la para todos os participantes do curso. Questões
Trazemos um exemplo de chat na página principal.
01. (CEP 28 - Assistente Administrativo – IBFC/2015).
- Possibilidades A Intranet possui características técnicas próprias que a
Interação, por proporcionar o esclarecimento de dúvidas, diferenciam quanto a Internet. Uma dessas características
discussões e criação de vínculos; técnicas que a distingue é o fato da Intranet ser:
Definição de tópicos para a discussão; (A)desenvolvida com base no protocolo TCP/IP.
Armazenamento das discussões para posterior leitura dos (B)a única que possui Grupos de Discussão.
alunos que não participaram da seção; (C)a única que possui banda larga.
Dinâmica colaborativa onde todos podem contribuir com a (D)privada e não pública
discussão em tempo real.
Para criar um chat basta clicar na opção ‘acrescentar 02. (UEG - Assistente de Gestão Administrativa – Geral
atividade’, no tópico onde desejamos acrescentar o recurso, – FUNIVERSA/2015). Assinale a alternativa em que são
selecionar ‘chat’ e configurar conforme as necessidades do apresentados apenas nomes de sítios de busca e pesquisa na
curso, colocando nome, data e uma descrição objetiva. Internet.
Lembramos que o botão ‘Ativar Edição’ deve estar acionado. (A)Linux e Facebook
(B)Google e Gmail
• WIKI (C) Internet Explorer e Mozilla Firefox
(D)BrOffice e Bing
Um recurso assíncrono colaborativo que possibilita a (E) Google e Yahoo!
construção coletiva de diferentes tipos de textos, por vários
autores. A Wiki do Moodle permite que os participantes de um

13
Fonte: http://penta.ufrgs.br/rc952/trab1/ftp3.html

Noções Básicas de Informática 42


APOSTILAS OPÇÃO

03. (SSP-AM - Assistente Operacional – FGV/2015). A páginas que tenham palavras que casem com a palavra-chave.
Wikipédia, um famoso site da Internet, fornece o endereço: Diferentemente dos diretórios por assunto, nas máquinas de
https://secure.wikimedia.org/wikipedia/pt/wi busca todo o processo é feito de forma automática, o que
ki/Página_ principal para acessar e editar o conteúdo dos sites. possibilita a abrangência de uma parcela muito maior da Web.
O uso do prefixo “https:” significa que a comunicação com o Enquanto um diretório de busca grande como o Yahoo!
site é feita de forma: (http://www.yahoo.com.br/) tem 2 milhões de páginas da
(A)anônima; Web categorizadas, máquinas de busca como o Google
(B) segura; (http://www.google.com/) conseguem abranger 1.5 bilhões
(C)compactada; de páginas da Web (UC Berkeley).
(D)prioritária; Assim como na máquina de busca, na meta máquina de
(E)somente leitura. busca o usuário também entra com uma ou mais palavras-
chave e a máquina retorna páginas que tenham palavras que
04. (MPCM - Técnico em Informática – casem com a palavra-chave, porém o que difere a máquina de
Desenvolvimento – CETAP/2015). A velocidade de busca da meta máquina de busca é como a procura pelas
transmissão dos atuais links de acesso a Internet em banda páginas é feita internamente. Na primeira existe um banco de
larga e usualmente medida em: dados indexado pelas palavras encontradas nas diversas
(A)Mbits/s; que significa “Megabits porsegundo”. páginas, enquanto na última não existe esse banco de dados,
(B)MBytes/s; que significa “Megabytes porsegundo”. sendo utilizadas para a procura outras máquinas de busca.
(C) Mbits/s; que significa “Megabytes por segundo”.
(D) MBytes/s; que significa “Megabits porsegundo”. Máquina de busca genérica
(E) GBytes; que significa “Gigabytes por segundo”.
Existe uma gama enorme de máquinas de busca, cada qual
05. (DPE-MT - Assistente Administrativo – FGV/2015). com sua forma diferente de fazer o serviço de busca, porém
A ferramenta da Internet que consiste em criar uma abstração todas executam as seguintes tarefas básicas:
do terminal, permitindo ao usuário a criação de uma conexão - Percorrem a Internet. Devido ao volume de informação
com o computador remoto sem conhecer as suas existente na mesma, cada máquina de busca só consegue
características, possibilitando o envio de comandos e percorrer uma parte da Internet.
instruções de maneira interativa, é denominada - Mantêm um índice das palavras encontradas nos diversos
(A) Telecommunications Networks. site, com a URL dos mesmos e outras informações pertinentes.
(B) File Transfer Protocol. - Permitem aos usuários procurar por palavras ou
(C) Trivial File Transfer. combinações encontradas no seu índice.
(D)Domain Name System. Apesar de todas as máquinas de busca cumprirem essas
(E)Dynamic Host Configuration. três tarefas, o que difere umas das outras é o modo como a
tarefa é executada. É por isso que uma mesma busca em
Respostas máquinas de busca diferentes normalmente produz resultados
01. D\02. E\03. B\04. A\05. A diferentes.
A seguir será apresentada uma descrição mais detalhada
FERRAMENTAS DE BUSCA14 de como são executadas as tarefas acima.

A Internet se transformou em um vasto repositório de Percorrendo a Internet


informações. Podemos encontrar sites sobre qualquer
assunto, de futebol a religião. O difícil, porém é conseguir Para que uma máquina de busca possa dizer onde um
encontrar a informação certa no momento desejado. Desta documento HTML está, ela deve antes de tudo achar o mesmo.
forma, para auxiliar na busca de conteúdo dentro da Internet Para fazer o serviço de “varrer” as páginas da Internet, a
foram criadas as ferramentas de busca. máquina de busca emprega um tipo especial de agente de
As ferramentas de busca são sites especiais da Web que software, chamado spider ou crawler.
têm por função ajudar as pessoas na busca por informação Esse tipo de agente tem por função percorrer páginas da
armazenada em outros sites. Elas têm um papel importante Web obtendo informações relevantes para a formação e
dentro do ambiente da WWW. Mais de um em cada quatro expansão do banco de dados interno da máquina de busca
usuários da Internet nos Estados Unidos, algo em torno de 33 (índice de páginas). Além de percorrer páginas da Web que
milhões de pessoas, fazem buscas em máquinas de busca em não estejam no banco de dados interno para a expansão deste,
um dia típico (Pew). eles periodicamente voltam a páginas antigas para verificar se
As ferramentas de busca podem ser divididas da seguinte ainda estão ativas ou ficaram obsoletas.
forma (UC Berkeley): Os pontos de início usuais desse tipo de agente são as
- Diretórios por assunto. páginas mais populares da Web. A partir dessas páginas ele vai
- Máquinas de busca. percorrendo outras, conforme a estratégia de varredura do
- Meta máquinas de busca. mesmo. Para cada página o agente monta uma lista de palavras
e outras informações pertinentes. Por exemplo, o agente do
Os diretórios são organizados em hierarquias de assuntos. Google (http://www.google.com/) também leva em
São produzidos de forma manual, e por isto abrangem uma consideração a localização da palavra dentro da página como
parte muito pequena da Web. O mais conhecido dos diretórios uma informação relevante.
é o Yahoo! (http://www.yahoo.com.br/) com Apesar de esse processo ser executado em todas as
aproximadamente 2 milhões de páginas categorizadas (UC máquinas de busca, ele pode variar nos seguintes aspectos:
Berkeley). Esse tipo de ferramenta de busca não será visto - Escopo do agente de busca – Todas as máquinas de busca
aqui. cobrem uma parte diferente da Web.
A máquina de busca é uma ferramenta onde o usuário - Profundidade do agente – Uma vez entrando em um site,
entra com uma ou mais palavras-chave e a máquina retorna cada agente pode ter uma restrição de profundidade diferente.

14 Fonte: http://www2.dbd.puc-

rio.br/pergamum/tesesabertas/0024134_02_cap_03.pdf

Noções Básicas de Informática 43


APOSTILAS OPÇÃO

- Frequência de atualização – O agente retorna ao site para palavras entre “ ” são tratadas como frases que devem estar
verificar se houve alguma alteração relevante no mesmo. presentes no documento).
Apesar de a maioria dos spiders das máquinas de busca - A forma de determinar a relevância das páginas que
varrerem somente o documento HTML, que não fornece compõem a resposta ao usuário – Cada máquina utiliza uma
nenhuma descrição formal sobre a que o documento técnica diferente para descobrir a relevância de cada página
realmente diz respeito, algumas dessas máquinas de busca que casa com a pesquisa requerida. Uma técnica comumente
possuem também a capacidade de interpretar meta tags utilizada para determinar a relevância do documento é a
(Raggett et al., 1999a) colocadas dentro da página. associação de um peso à página devido à frequência /
Meta tags permitem ao dono do documento especificar localização da palavra procurada dentro da mesma. Técnicas
palavras-chave e conceitos com os quais o documento está mais avançadas podem ser utilizadas. Por exemplo, o Google
relacionado, de maneira que o mesmo seja indexado de forma (http://www.google.com/) utiliza uma técnica chamada
mais eficiente. Isso pode ser útil, especialmente em casos em PageRankTM. Nessa técnica leva-se em consideração na
que as palavras no documento podem ter duplo sentido. Com formação do peso de relevância de cada página a quantidade
a utilização dessas tags o dono do documento pode guiar a de links de outras páginas que apontam para ela.
máquina de busca na escolha de qual dos possíveis A figura 8 apresenta um diagrama de uma máquina de
significados é o correto. busca genérica.
Atualmente a utilização dessas meta tags pode ser
encarada como a única forma de descrição formal dentro da
página HTML. Apesar de ser uma descrição formal, a
capacidade das meta tags (Raggett et al., 1999a) em
representar o conteúdo da página é extremamente pobre em
comparação com a capacidade da descrição formal de uma
ontologia.
Após esse primeiro momento em que os spiders recolhem
informações de um conjunto de páginas, passa-se para um
segundo momento em que essas são organizadas de modo a
facilitar a sua procura.

Mantendo um índice

Uma vez que os spiders retornaram informações sobre as


páginas, a máquina de busca deve armazenar essas
informações de modo a utilizá-las para responder posteriores
perguntas dos usuários. Esse processo chama-se indexação.
Esse processo pode variar de uma máquina de busca para
outra da seguinte forma: Todos os 3 passos acima citados podem ser feitos de forma
- Características da indexação – Caso a indexação seja feita independente pela máquina de busca, pois enquanto os
de forma automática, ela pode variar em sua sofisticação de agentes estão recolhendo novas informações na Internet, há
forma a melhorar a precisão da resposta. Documentos podem páginas já percorridas sendo indexadas para o banco de dados,
ser indexados por frequência de palavras e frases, pode-se e ao mesmo tempo a máquina de busca está respondendo a
atribuir pesos para as posições onde aparecem as palavras pedidos dos usuários.
(por ex.: uma palavra no título da página tem maior peso que
uma palavra no texto), ou até por uma análise mais detalhada Meta máquina de busca
do documento (Invention Machine Corp., 2000). A utilização
das meta tags supracitadas também podem ser usadas nessa Outro tipo de ferramenta de busca na Internet é a meta
fase. máquina de busca. Do ponto de vista do usuário ela tem a
- Velocidade de indexação – O processo de indexação mesma interface da máquina de busca convencional, porém
consome tempo. Por exemplo, o Altavista ela difere do modo como a busca é executada dentro da
(www.altavista.com.br) demora em média 6 semanas até uma ferramenta.
URL achada pelo spider ser listada em sua base de dados Essa ferramenta não possui qualquer banco de dados
indexada e, portanto, ser passível de ser encontrada (Müller, próprio com Web sites indexados. Para responder uma busca,
1999). ela utiliza diversas máquinas de busca convencionais
Ao final desse processo teremos uma base de dados existentes.
indexada com as informações dos diversos sites percorridos O funcionamento da meta máquina pode ser dividido em 2
pelos spiders na Web. passos principais a serem executados pela mesma:
- Enviar a busca do usuário às máquinas de busca
Construindo a busca convencionais – Uma vez que o usuário entra com o pedido de
busca, este é enviado para várias máquinas de busca
Após os passos anteriores, a máquina de busca é capaz de convencionais. Nesse passo é necessário que sejam feitas
receber pedidos de busca. Quando um pedido é requerido, a conversões entre o pedido de busca feito na sintaxe da meta
máquina de busca procura no índice entradas que casem com máquina para a sintaxe da máquina convencional onde será
o pedido de busca e ordena as respostas pelo o que acredita executada realmente a busca. Por exemplo, se a sintaxe da
ser mais relevante. meta máquina para E lógico for “+” e de uma máquina
A forma de execução dessa tarefa dentro de uma máquina convencional for “AND”, recebendo a busca “futebol + Brasil”
de busca pode variar nos seguintes aspectos: esta deve ser convertida para “futebol AND Brasil” a fim de ser
- Flexibilidade de formulação da questão pesquisada – A enviada a essa máquina de busca convencional.
questão a ser pesquisada pode ser desde uma só palavra a até - Integrar as respostas das diversas máquinas de busca
uma combinação de palavras. Para fazer essa combinação um convencionais – Após a execução das buscas nas diversas
ou mais operadores lógicos podem ser utilizados. Entre os máquinas convencionais, a meta máquina precisa integrar as
operadores mais utilizados nós temos: AND, OR, NOT, “ ” (as diversas respostas retornadas por estas. Para isso são
utilizados conversores específicos para cada resposta
Noções Básicas de Informática 44
APOSTILAS OPÇÃO

proveniente de uma máquina convencional diferente. Esses de busca voltada para pesquisas em um nicho específico da
conversores são também chamados de wrappers. Web.
A implementação do wrapper é a principal dificuldade na Eles são agentes que buscam em vários vendedores on-line
implementação desse tipo de ferramenta. Isso porque para informações sobre preços e outros atributos de bens de
cada uma das máquinas convencionais há um wrapper consumo e serviços de forma a facilitar a comparação de
diferente. Caso a máquina de busca convencional mude o atributos na hora da decisão de compra. Os shopbots têm uma
layout HTML de sua resposta, todo o wrapper desta terá que precisão muito maior que uma máquina de busca genérica,
ser refeito. pois estão concentrados em um nicho especifico da Web (lojas
Outro problema que dificulta a implementação dos virtuais de um determinado produto).
conversores é que cada um desses tem que converter a Eles conseguem uma extensa cobertura de produtos em
resposta em uma resposta canônica padrão da meta máquina poucos segundos, cobertura essa muito maior que um
de busca para que seja feita a integração das respostas. Como comprador humano paciente e determinado poderia alcançar,
ele está lidando com um documento HTML que é estruturado mesmos após horas de busca manual.
orientado a layout a extração da informação relevante fica Através do uso desse tipo de ferramenta consegue-se
muito vinculada ao layout do HTML da resposta. estabelecer uma interface muito mais amigável entre usuário
Apesar de existirem técnicas que diminuem um pouco o e máquina para a execução da tarefa de comparação de preços
problema da implementação dos wrappers (Kushmerick et al., e atributos de produtos que são vendidos pela Web.
1997), esses ainda apresentam grandes dificuldades. Pesquisa realizada por R. B. Doorenbos, O. Etzioni, e D. S.
A figura 9 ilustra o funcionamento de uma meta máquina Weld (Doorenbos et al., 1997) mostra que, através da
de busca genérica. utilização dessa ferramenta, o tempo gasto para realizar a
tarefa de pesquisar o melhor preço de um produto é muito
menor do que através da comparação site a site.
Podemos dividir os shopbot em 3 categorias diferentes
conforme os serviços prestados (Fensel, 2001):
- Agentes de compra passivos que procuram informações
de produtos baseados no pedido explícito do usuário.
Podemos citar como exemplo o Miner
(http://www.miner.com.br) que foi desenvolvido pela UFMG.
- Agentes de compra ativos que tentam antecipar os
desejos do usuário propondo sugestões. Eles procuram por
produtos que podem ser de interesse do usuário tendo por
base um perfil do mesmo.
- Agentes de compra que tentam antecipar os desejos do
usuário não somente levando em consideração o mesmo, mas
também levando em consideração outros usuários.
Para exemplificar o funcionamento de um agente de
compra passivo, considere um shopbot especializado no
domínio de comparação de livros. Nesta ferramenta o usuário
inicia a busca determinando as características do livro que
procura. Diferentemente das máquinas de busca e das meta
máquinas que possuem um campo único e genérico para a
Meta máquina de busca genérica. busca, nos shopbots há um conjunto de campos para indicar as
características específicas do produto. No caso de livro
Um detalhe interessante desse tipo de arquitetura é que há características como título, ISBN, autor e preço são possíveis
um retardo maior na resposta para o usuário do que na busca campos de procura. Após receber o pedido, o shopbot percorre
direta em uma máquina convencional. Isto acontece, pois além um conjunto predefinido de lojas online fazendo o pedido de
de esperar o resultado de várias pesquisas em máquinas de busca do livro com as características requisitadas. Após
busca distintas, ainda há a tarefa de converter e integrar as receber a resposta de cada loja on-line, é feita a integração das
respostas em uma única para o usuário. respostas de cada loja em uma única resposta que é
apresentada ao usuário.
Softbots A figura 10 ilustra o funcionamento do shopbot passivo
acima explicado.
Softbots (robôs de software) são agentes inteligentes que
usam ferramentas de software e serviços como representantes
de pessoas (Etzioni, 1996). Em muitos casos os softbots
utilizam-se das mesmas ferramentas que um usuário humano
pode utilizar, por exemplo, ferramentas para enviar e-mail,
máquinas de busca, etc.
Meta máquinas de busca podem ser vistas como estando
dentro dessa categoria, pois fazem uso de máquinas de busca
como representantes do usuário (ao invés do usuário ter que
ir a cada máquina de busca a meta máquina faz esse serviço
por ele).
Um outro tipo de softbot é o shopbot que será visto logo
abaixo.
Podemos ver pela descrição acima que o agente de compra
Shopbots passivo tem uma arquitetura muito parecida com a meta
máquina de busca, porém algumas diferenças importantes
Shopbot (Fensel, 2001; Doorenbos et al., 1997; Etzioni, existem:
1996), ou agente de compra, é um tipo especial de ferramenta

Noções Básicas de Informática 45


APOSTILAS OPÇÃO

- Enquanto a meta máquina de busca tem como domínio documento da forma indicada pelas marcações HTML.
todas as páginas da Web, o shopbot tem como domínio lojas Normalmente essa apresentação é feita de forma gráfica.
on-line. O browser sabe somente fazer a apresentação do
- Enquanto o wrapper da meta máquina de busca tem que documento. Todas as informações presentes no documento
converter uma lista de sites retornada por cada uma das que não sejam marcações HTML não são entendidas pelo
máquinas de busca em uma lista canônica padrão, o wrapper mesmo.
do shopbot tem que converter a descrição de um produto Pelo fato de ser uma linguagem de apresentação, o
retornada por cada uma das lojas on-line. Como a quantidade documento HTML é somente compreensível por seres
e a complexidade semântica dos atributos da descrição de um humanos, pois a HTML foi desenvolvida para ter estes como
produto é maior que a complexidade de uma lista de sites, o seus principais consumidores.
wrapper do shopbot tende a ser mais complexo que o da meta Dessa forma, a criação de agentes de software que utilizam
máquina de busca. informação proveniente desse tipo de documento esbarra em
Diferentemente do agente de compra passivo, o agente de dois problemas:
compra ativo pode buscar por informações de produtos que - Apesar de a informação contida no documento ter uma
podem ser do interesse do seu usuário. Para executar esse tipo estrutura intrínseca, esta não é utilizada na estruturação do
de serviço é necessário que ele tenha o conhecimento sobre as documento. Dessa forma para um agente de software se todos
preferências do usuário. A arquitetura mostrada na figura 10 os documentos têm uma mesma estrutura e esta estrutura
também é válida para esse tipo de agente, sendo somente nada tem a ver com a estrutura da informação nela contida, é
diferente a capacidade do mediador. O mediador deve ter uma como se o documento não tivesse estrutura.
implementação mais complexa, porém os wrappers - Dado um documento HTML qualquer, um agente de
continuam sendo os mesmos. software não tem a menor idéia da semântica da informação
nele contida. Por exemplo, considere que dois documentos
Wrappers e a Web HTML descrevam CDs do Roberto Carlos. Nesses dois
documentos o nome do cantor está descrito de forma diferente
Os shopbots, assim como todas as ferramentas de busca (por ex.: cantor e interprete). Mesmo que o agente consiga de
que lidam com conversores (wrappers), têm limitações devido alguma forma obter a estrutura do documento ele não
às características impostas pelo ambiente Web. Essas conseguirá entender que o termo cantor é exatamente a
limitações têm forte relação com a linguagem HTML, que é a mesma coisa que o termo interprete para o contexto de CDs.
linguagem utilizada neste ambiente. A figura 11 apresenta Para poder extrair informação útil de um documento
como essas ferramentas estão organizadas na Web ( Etzioni, HTML, os agentes de software têm que utilizar conversores
1996). (wrappers) específicos para cada tipo de documento.
As técnicas atuais para extração de informação de
documentos HTML utilizadas pelos wrappers (Kushmerick et
al., 1997) estão fortemente vinculadas ao layout do documento
para obtenção da informação. Qualquer mudança neste layout
exige que a forma de extração tenha que ser revista.
Outro problema cada vez mais enfrentado pelos wrappers
na hora da extração da informação é que nem sempre ela está
em HTML. Apesar de o documento HTML não ter estrutura e
nem informação semântica associadas, através da utilização de
certas heurísticas, como por exemplo, Wrapper Induction
(Kushmerick et al., 1997), é possível conseguir extrair a
estrutura da informação. Se a mesma informação fosse
fornecida através de uma imagem ou som embutido no
Níveis de organização da informação na Web. documento HTML, a extração desta seria muito mais difícil de
ser realizada.
Para publicar informação com o fim de ter uma
A questão de informações embutidas em imagens era um
distribuição global, é necessário utilizar uma linguagem
problema relativamente pequeno no início da Web. Isto
universal, um tipo de língua mãe que todos os computadores
acontecia devido às pequenas taxas de transmissão entre
tem o potencial entender. A língua para publicação de
servidores e usuários existentes na época, que tornava
documentos usada pela Web é o HTML (Hyper Text Markup
proibitiva a inclusão de muitas imagens e recurso extras no
Language) (Raggett et al., 1999b).
site, pois este perderia capacidade de interatividade com o
O HTML tem as seguintes características principais:
usuário. Dessa forma poucos eram os sites, e no nosso caso as
- Permite publicação de documentos com título, texto,
lojas on-line, que utilizavam esse tipo de recurso para passar
tabelas, listas, fotos, etc.
informações. A tendência porém é que isso não venha a ser um
- Recupera informação via links.
grande impeditivo no futuro devido ao aumento das taxas de
- Permite criação de formulários que possibilitam a
transmissão dentre servidor e usuário.
realização de transações com serviços remotos. Por exemplo,
Devido às dificuldades supracitadas para o
possibilita a compra de produtos, busca por informação, etc.
desenvolvimento de agentes que utilizam documentos HTML,
- Permite incluir video-clips, som, e outras aplicações
é que devemos utilizar uma outra abordagem para descrever
diretamente nos documentos.
informações para serem consumidas por agentes de software.
Um mesmo documento HTML deve poder ser visualizado
Conforme visto acima dois requisitos são fundamentais:
igualmente em duas máquinas diferentes, em sistemas
- Fornecer informações em um formato estruturado.
operacionais diferentes, e em browsers diferentes. A idéia
- Fornecer uma descrição formal da semântica da
central da linguagem HTML é que ela possa ser uma linguagem
informação.
universal.
Os dois requisitos acima são preenchidos com o uso de
A HTML foi inventada essencialmente para ser uma
ontologias.
linguagem de apresentação. Documentos escritos em HTML
foram idealizados para serem interpretados pelos browsers.
Estes têm por função apresentar a informação presente no

Noções Básicas de Informática 46


APOSTILAS OPÇÃO

Questões

01. (PGE-BA – Assistente de Procuradoria – FCC/2013)


Se um funcionário necessitar fazer uma busca especial usando
uma frase exata (ex. "concursos públicos em 2013"), um
idioma específico (ex. "português") e, ainda, que a busca traga
como resultado somente links de um determinado tipo de
arquivo (ex. "PDF"), ele deve clicar no ícone específico de
opções e, na janela que abrir, deverá escolher
(A) Busca configurada.
(B) Configurações da pesquisa.
(C) Histórico da internet.
(D) Ajuda avançada.
(E) Pesquisa avançada.

02. (PC-RO – Médico Legista – FUNCAB/2012) Ano:


2012Banca: Órgão: Prova:

São sites que utilizam mecanismos de busca e pesquisa de


informações na web:
(A) shockwave, ask, yahoo e hot bot.
(B) google, yahoo, hot bot e shockwave.
(C) yahoo, ask, hot bot e google.
(D) hot bot, shockwave, google e ask.
(E) ask, google, yahoo e shockwave.

Gabarito

01. E.\ 02 C

Anotações

Noções Básicas de Informática 47


APOSTILAS OPÇÃO

Noções Básicas de Informática 48

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